Alonzo King Conheça a companhia e leia a entrevista realizada com o coreográfo.
Eduardo Srur Conheça a Intervenção Urbana “As margens do rio Pinheiro” do artista.
Cultura Racional Conheça a cultura Racional e o livro que deu base a essa filosofia
9 13549876150127
00110
2014 Nº1 NOVEMBRO R$12,00 ISSN 1678958-X
Agnes Cecile
A artista Italiana, que criou seu próprio estilo de pintura, abusa da maestria ao utilizar aquarela sobre tela e desperta sentimentos fantásticos em seus observadores.
EM CADA GERAÇÃO NASCE UMA CRIATURA DE LUZ E UMA CRIATURA DAS TREVAS
guia
03
instantâneas
04
acontece
06
inefável
10
panorama
14
atração
16
ruptura
20
ilustrada
22
vitrine
30
cosmovisão
34
erudita
36
fragmentos
6 16 22 30 Revista Escape Diretora de Arte: Marilia Rodrigues mariliaeeerodrigues@hotmail.com Editora de Imagem: Maria de Fátima mariadonasc.santos@hotmail.com Designer: Matheus Moreira matth.moreira@hotmail.com
2
revista escape
instantâneas
© ABS-CBN Foundation - Faizza Tanggol
sistema de tratamento ecologico recupera rios poluidos e cria jardins flutuantes
© ABS-CBN Foundation - Faizza Tanggol
© ABS-CBN Foundation - Faizza Tanggol
E se fosse possível recuperar rios poluídos gastando pouco dinheiro? Essa é a ambição do sistema de tratamento de água ecológico que pode ser instalado em rios, canais e lagos contaminados. Criado pela empresa escocesa Biomatrix Water, a tecnologia já despoluiu o canal Paco, da cidade de Manila, nas Filipinas. Além de melhorar a qualidade da água e aumentar a biodiversidade aquática, o sistema revitalizou a paisagem do canal filipino, que antes era destino final de lixo e esgoto. Isso porque usa “jardins flutuantes”, que são ilhas artificiais, de aproximadamente 110 m², cobertas por plantas aquáticas capazes de filtrar poluentes. O sistema ainda tem outra vantagem: o custo da despoluição é menor do que a metade do que gastam estações de tratamento de águas residuais convencionais, segundo a empresa. Isso é possível graças à integração e ativação do ambiente fluvial circundante. O processo de descontaminação também dependeu de outros dois fatores: de obras de infraestrutura para evitar o despejo de resíduos no local e da instalação de um reator capaz de adicionar ar à água e introduzir no ecossistema uma bactéria que se alimenta de poluentes.
revista escape
3
© Instituto Tomie Otake
acontece
exposição de salvador dalí estreia em são paulo
Insituto Tomie Ohtake AV. Faria Lima, 201 São Paulo - SP (11) 2245-1900
4
revista escape
Mais de um milhão de visitantes estão sendo esperados na exposição de Salvador Dalí em São Paulo, número superior aos recordes anteriores de Paris, Madri e Rio de Janeiro. A exposição traz obras do período mais importante do artista, o surrealismo. Estão lá 24 pinturas, 135 gravuras, 16 fotos e 39 documentos disponibilizados pelos dois maiores acervos do artista. A exposição fica em cartaz de 19 de outubro de 2014 a 11 de janeiro de 2015 no Instituto Tomie Ohtake,O espaço abre de terça a domingo, das 11h às 20h, sendo que o último horário para entrada na exposição é às 18h.
© Anthony d’Offay
ron mueck leva suas esculturas hiper-realistas à pinacoteca Um dos artistas mais comentados no mundo, cujas obras já foram insistentemente curtidas e compartilhadas em redes sociais e admiradas por quem pode vê-las ao vivo, Mueck apresenta à São Paulo as nove esculturas que já foram vistas por 230 mil pessoas no MAM do Rio de Janeiro. A partir do dia 20 de novembro, a Pinacoteca de São Paulo abre as portas ao público, que terá a chance de ver os gigantes hiper-realistas do artista australiano Ron Mueck. A mostra deve ficar em cartaz até 22 de fevereiro de 2015. Os ingressos custam até R$ 6. A origem de seu trabalho remete ao fantástico universo do cinema, o que talvez justifique o imediato fascínio que suas obras conseguem atingir nos mais diferentes nichos da cultura pós-moderna. Fabricando marionetas e bonecos para a televisão e para o cinema, ele reuniu técnicas para iniciar suas reproduções hiper-realistas quase perfeitas de fisionomias humanas. Pinacoteca do Estado de São Paulo Praça da Luz, 2 - Luz, São Paulo - SP (11) 3324-1000
Wild Man
revista escape
5
inefável
© RJ Muna
BALLET
ALONZO KING LINES
6
revista escape
© RJ Muna
ALONZO KING LINES BALLET Alonzo King LINES Ballet é uma companhia de balé contemporâneo célebre que foi guiado desde 1982 pela visão artística única de Alonzo King, fundador e coreográfo. Com a colaboração de compositores notáveis, músicos e artistas plásticos de todo o mundo, Alonzo King cria obras que se baseiam em um conjunto diversificado de tradições culturais profundamente enraizadas, imbuindo balé clássico com novo potencial expressivo. Alonzo King entende o balé como uma ciência - fundada em princípios universais, geométricos de energia e evolução - e continua a desenvolver uma nova linguagem do movimento a partir de suas formas e técnicas clássicas. O estilo visionário de Alonzo King, toma forma através dos extraordinários Bailarinos da Lines Ballet e é conhecida por conectar o público a um profundo senso de humanidade compartilhada. Alonzo King tem sido considerado um coreógrafo visionário, que está alterando a
forma como olhamos para o balé. King considera suas obras “estruturas de pensamento”’criadas pela manipulação de energias que existem na matéria por meio de leis, que regem as formas e direções do movimento de tudo o que existe. Alonzo King recebeu vários prêmios de prestígio, incluindo Dance Masters of America, President Award e o primeiro Barney Choreographic Prize da White Bird Dance, que recebeu em julho de 2013 e abril de 2013, respectivamente. Em outubro de 2012, o San Francisco Museum & Historical Society nomeou Alonzo King de “San Francisco Treasure” em reconhecimento das contribuições significativas que ele fez para a história de San Francisco ao longo dos últimos 30 anos. Confira a entrevista feita com o Alonzo King para a revista na página seguinte onde ele conta sobre a companhia, seus bailarinos e um pouco sobre ele mesmo e o seu processo de criação.
revista escape
7
© RJ Muna
inefável
Como você se envolveu com o balé? Minha mãe era uma dançarina amadora e quando estava na faculdade se juntou a um grupo de dança… então quando eu era menor ela me mostrava algumas coisas. Eu amava como ela se movia; ela se movia lindamente. O modo como ela manipulava o tempo parecia muito mágico para mim. Eu podia assisti-la por muito tempo, então eu admiro isso, bem, eu admiro muitas coisas nela. Então quando ela começou a me ensinar, eu amei. Era uma forma de intimidade entre nós dois, e eu nunca esquecerei isso. Como você veio a San Francisco e fundou sua companhia? Eu estive trabalhando em New York e na Europa por anos, e eu cresci em Santa Barbara, então eu comecei a sentir falta da costa oeste, das montanhas, o oceano, e mais do que isso comecei a sentir falta do horizonte. Então eu voltei para um local em que eu sabia que a dança era muita ativa e robusta .
8
revista escape
Quais tipos de traços você procura quando contrata um bailarino ou procura por um? Bom, tudo é um baseado em uma esfera, tudo. Núcleo, radiação, elétrons, prótons, os planetas, as galáxias, tudo isto é esférico, e a mesma coisa é o corpo, você manipula ele para ir de um círculo até uma linha tênue. E todas as coisas que você ilustra são partes de um processo de desenvolvimento da estrutura de um movimento. As pessoas dançam o seu inconsciente, então são destemidos, são generosos, são amáveis, são conscientes, assumem riscos. Todas essas coisas que gostamos em pessoal heroicas são as coisas que eu procuro eu bailarinos porque estes são seres humanos, afinal. É imprescindível que quem as pessoas são sejam as mesmas que você assiste se movimentar, então se eles são entregues, se são brilhantes, isto será obvio. E o mesmo acontece se for o oposto. Se eles são egoístas, se são convencidos, se são medrosos – tudo isto é aparente. Humildade é uma bela coisa para se ver em movimento. Sinceramente é raro de se ver, mas lindo quando mostrado. Como você acha inspiração para suas coreográfias? A inspiração está ao redor de nós o tempo todo. Acho que a primeira parte em que precisamos começar é a gratidão. A gratidão de acordar de manhã e respirar, e perceber que eu sou uma das raras pessoas entre as 6 bilhões de pessoas no planeta que escolheu fazer este trabalho, e eu estou realmente fazendo isso. Estar completo de gratidão abre muitas portas para você, e então que você está trabalhando e está feliz por o estar fazendo. E então as coisas acontecem. ■
As fotos desta seção pertencem ao museum Peter Freeman, ind
panorama
Connection (head) - 1967 Cotton
werksatz de franz erhard walter 10 revista escape
Plinth, four areas - 1969 Cotton
werksatz Werksatz - trata-se de 58 peças constituídas de indivíduos únicos ou múltiplos realizando ações prescritas com elementos esculturais feitas de pano do artista influente alemão, cujo trabalho pioneiro atravessa escultura minimalista, arte conceptual, pintura abstrata, e desempenho ao mesmo tempo, postulando questões fundamentais sobre a ideia convencional da obra de arte como um imutável. A obra de Franz Erhard Walther, considera por críticos diferente de outros daquele momento por ir contracultura predominante do final dos anos 60, evitando materiais e cenários conectados ao ambiente do dia-adia. Seu abstrato, escultura pano geométricas, fotografado sob a direção do artista fora-de-portas no cenário natural, mas
sem características de um campo coberto de grama, conjurado, um mundo abstrato atemporal em que se poderia imaginar uma conexão com ritual antigo ou até mesmo a não estratégias -referencial do neoplasticismo e minimalismo.
opposite and laterally, space circuit - 1976
revista escape
11
panorama Os campos planos, sem feições acentuadas de grama ou feno que Walther escolheu como cenário transmitir espécie de alheamento mítico que lembra as paisagens metafísicas nos filmes contemporâneos de Ingmar Bergman e Michelangelo Antonioni. Em muitas das fotografias, os artistas são fotografados de cima com a ajuda de uma escada de altura ou andaime, atribuindo para o espectador, assim como o fotógrafo, um ponto de vista aéreo magistral sobre a ação abaixo.
kruz verbindungsform - 1967
head to head- 1967
Reproduzida como avalanche em preto e branco em revistas de vanguarda da época, veio de sua série épica “Werksatz”, executado entre 1963 e 1969. As peças constituídas de indivíduos únicos ou múltiplos realizando ações prescritas com elementos esculturais feitas de pano. O uso do alto contraste em preto-e-branco para as fotos mostra austeridade anti-sensual e grit existencial também. ■
monographie praxis cologne - 1972
12 revista escape
© Jan Curik
atração
fantasia relativa a realidade Valerie e sua Semana de Deslumbramentos (Valerie a týden divu), é um filme que desempenha o papel de extensão visual de uma contínua alternância entre sonho e realidade, entre a fantasia de Valerie (Jaroslava Schallerová) e sua vida, o que o torna uma espécie de fábula onírica com nuances de terror. Os acontecimentos sucedem-se de uma maneira caótica e atemporal, quase separados uns dos outros, Estamos em plena Nová Vlna, a Nouvelle Vague tchecoslovaca. Valerie, é inspirado no romance homônimo, do compatriota Vítezslav Nezval inicialmente publicado em 1945. A história relata a transposição de uma realidade que, através dos olhos de uma menina, é remodelada a partir de sua mente instável, vítima das mudanças da idade. Desta forma, o sentido do filme está em transformar a consciência deste fato em uma interpretação, deixando-
14 revista escape
se levar pelo contínuo fluxo de imagens e sonhos, sem opor-lhes nenhuma resistência ou tentando entender onde está a verdade ou a ilusão. O contínuo ataque à instituição eclesiástica toca em temáticas muito atuais como a pedofilia dentro da Igreja e o extremo fanatismo religioso que leva os habitantes de uma cidade a condenar à fogueira um garota devido as mentiras de um padre insano: são especialmente nessas sequências que os tons pueris e suaves da fotografia tornamse mais sombrios, acentuando a leveza que permeia, não somente quase a totalidade do filme, mas também as cenas difusas de erotismo incestuoso, tornando ainda mais direta a provocação à Igreja, cujo líder é representado pelo símbolo do mal por excelência: o bispo vampiro, homenagem visual ao Conde Orlok de Nosferatu de Murnau.
© Jan Curik
A verdadeira complexidade encontrada em Valerie e sua Semana de Deslumbramentos está no profundo e obscuro simbolismo que permeia todo o filme, emprestado dos vários anos de evolução da psicanálise, sempre presente no cinema surrealista da segunda metade do século XX. A construção mítica e fantástica do universo de Valerie, a porta de entrada para a idade adulta, é acompanhada pelo desejo e pelas pulsões de uma jovem que está descobrindo o próprio corpo. Seu pai era um bispo que, após um sombrio sermão na igreja apresenta-se para a filha através da imagem monstruosa de um vampiro/padre; através de um buraco na porta de uma passagem secreta na masmorra de um palácio, cena em que a garota é obrigada pelo pai a observar a avó excitada,
implorando para que seu amante a castigue. Se seu pai é ora genitor, ora carrasco/ monstro/vampiro, e se Orlik, seu irmao (Petr Kopriva) é ora amante, ora irmão reencontrado, a avó, Elsa (Helena Anyzova). No entanto, dentro dessas fantasias, as certezas não existem. E é assim que, não obstante o que é dito, não se consegue jamais encontrar uma prova concreta de que o bispo/vampiro seja o pai de Valerie ou que Orlík seja seu irmão. O filme precisa também ser enquadrado de uma forma mais profunda e contextualizada na matriz histórico-cultural que o viu nascer: eram os anos de ocupação soviética na Tchecoslovaquia. Seu tema e seu erotismo constituem um protesto contra as restrições estabelecidas pelo regime em relação à liberdade de expressão, que se tornaram ainda mais rigorosas após os fatos ocorridos em 1968. Com a ocupação soviética, a extinta Tchecoslováquia tornou-se um país fortemente industrializado, assim o ambiente rural torna-se uma metáfora da inocência perdida. E, no entanto, é justamente esta monstruosidade, esta ambientação fabulosa de terror que coloca Valerie e sua Semana de Deslumbramentos na categoria de obras de oposição ao Regime. Com a sua batalha pela sobrevivência contra as forças obscuras dos vampiros, Valerie quase parece combater todas as formas de opressão e submissão que devastaram o século XX, tornando-se uma metáfora de uma Tchecoslováquia a procura da liberdade e de uma identidade própria, de uma Tchecoslováquia na luta contra os monstros que lhe sugam o sangue durante toda a segunda metade do século passado: sejam eles chamados vampiros, Hitler, Stalin ou Brejnev. ■ 73 min / Direção: Jaromil Jires / Roteiro: Jaromil Jires, Ester Krumbachová (baseado na obra de Víezslav Nezval) / Produção: Jirí Becka / 1970
revista escape
15
Š Emiliano Capozol
ruptura
16 revista escape
intervenção artística no rio pinheiros de eduardo srur
revista escape
17
© Emiliano Capozol
ruptura
as margens do rio pinheiros
O artista Eduardo Srur, é destaque em intervenções urbanas, sua mais nova intervenção “As Margens do Rio Pinheiros” - traz peças que irão ocupar margens, córregos e pontes para a intervenção visa promover a conscientização das pessoas, a formação do olhar e chamar a atenção da sociedade para a necessidade de recuperação da bacia hidrográfica do rio Pinheiros.As três intervenções urbanas trazem; - Trampolim, com manequins realistas que remetem ao tempo em que era possível nadar no rio, nas pontes da Cidade Universitária, Morumbi, Engenheiro Roberto Zuccolo e Eusébio Matoso - Portal, dois pórticos enfeitados com restos de esculturas e adereços utilizados em desfiles de escolas de samba, na foz dos córregos Uberaba e Jaguaré - Hora da Onça Beber Água, com animais infláveis gigantes, em frente à estação de trem Pinheiros, uma alusão a um dos animais símbolos da fauna brasileira, que corre risco de extinção. A ideia das obras, segundo o artista, é chamar a atenção para o problema da poluição nos rios que cortam a capital paulista. A intervenção mostra o cidadão paulistano observando a sujeira e inutilidade que infeliz-
18 revista escape
mente tomaram conta dos rios metropolitanos de São Paulo. As obras serão iluminadas por sistema de captação de energia solar já instalado próximo às margens do rio a energia gerada é inserida na rede como compensação pelo que será gasto durante a montagem e na iluminação noturna das peças criadas por Srur. Srur quer levar suas criações para outros espaços do Rio Pinheiros e atingir muito mais pessoas na cidade com sua mensagem. “A arte desperta e traz oxigênio à mente, provoca e questiona sobre questões importantes da nossa sociedade”, Eduardo usa de suas obras em espaço público para chamar a atenção para questões ambientais e o cotidiano nas metrópoles, o tema poluição retratado em outras intervenções do artista. “Tem gente que pensa que são pessoas suicidas, mas suicida mesmo é o rio”, disse Eduardo Srur, autor da intervenção. Para o artista, o desconforto é necessário. “Tive respostas negativas, mas a arte tem que despertar a crítica e a reflexão. Sendo bom ou ruim, a arte desperta interpretações, não pode ser uma unanimidade”. ■
$
REVERTA SEU IMPOSTO EM CULTURA Até 6% do imposto devido pode ir direto para as mais importantes produções culturais do Brasil. A cultura do seu país ganha. Você ganha. partio.com.br
ilustrada
© Gracie Hagen
Para mostrar como uma pose e a expressão corporal podem influenciar o resultado de um retrato, a fotógrafa Gracie Hagen criou a série Ilussions of the Body
20 revista escape
© Gracie Hagen
A fotografa vem ganhando destaque atualmente criando uma composição onde duas fotos de um mesmo modelo em poses diferentes consegue m mudar suas características físicas expressivamente.
revista escape
21
Š Agnes Cecile
vitrine
22 revista escape
AGNES CECILE
A artista Italiana, que criou seu pr贸prio estilo de pintura, abusa da maestria ao utilizar aquarela sobre tela e desperta sentimentos fant谩sticos em seus observadores.
revista escape
23
vitrine
A ARTE DE AGNES Será que existe perfeição na arte? Durante um longo período da história humana ocidental a arte perfeita foi considerada toda aquela que conseguisse retratar a realidade da maneira mais fiel possível, esse momento ficou conhecido como o renascimento. A perfeição passava a existir quando se conseguia alcançar a beleza suprema nas telas, e era esse o principal objetivo da maioria dos pintores da época. Depois de tantos momentos históricos conturbados, onde a perfeição criada da realidade foi desconstruída inúmeras vezes – ou por guerras, injustiças, mentiras religiosas, egoísmos ou simplesmente pelo acesso do mundo a informação -, a arte transmutouse de maneiras múltiplas até que chegasse a arte liberta que temos hoje. Toda essa introdução é para falar da obra da artista Silvia Pelissero mais conhecida como Agnes Cecile. Essa artista Italiana, nascida em 1991, consegue mexer com tintas como ninguém. Começou estudando na escola de arte Italiana Giorgio De Chirico, mas abandonou o curso e decidiu estudar de maneira autônoma. Desenvolveu o seu próprio estilo de pintura com aquarela fazendo com que cada quadro seu, mexa de maneira intrigante com a imaginação de quem tem a oportunidade de apreciar suas obras. Nos dias de hoje, onde o compartilhamento de ideias é muito maior, pela existência de variados meios de comunicação, torna-se cada vez mais difícil encontrar obras verdadeiramente originais e que causem aquele impacto único.
24 revista escape
Agnes não só causa impacto, como considero sua obra de uma perfeição emotiva sem igual. Talvez, se houver perfeição na arte, esta pode ser alcançada somente pelo caminho das emoções expressadas de maneira livre, emoções que te levem para um mundo lúdico instigante, que te faça sentir algo diferente do sentido no cotidiano já que este está muito longe da perfeição. As pinceladas livres de Agnes, geralmente, retratam mulheres com olhares profundos, descrevem casais tentando a união, pintam até o infinito. Seus traços monocromáticos são intensos e os multicolor são fascinantes. Mas, nada melhor do que o olhar peculiar de cada um para dizer a opinião sobre sua obra.
Š Agnes Cecile
revista escape
25
Š Agnes Cecile
vitrine
26 revista escape
A artista está presente nas redes sociais como Facebook, com 214 mil curtidas até o fim dessa edição e Devianrt onde vende suas artes e divulga seu trabalho e no seu blog pessoal. Acesse o seu blog no endereço: agnes-cecile.tumblr.com. Para adquirir uma das obras da artista você precisa ser rápido já que a compra de suas peças são bem concorridas, porém com um preço acessivel, caso não consiga adquirir uma faça que nem nós da Escape e admire as mesmas através das telas digitais. ■
© Agnes Cecile
Desde criança, Agnes sempre se dedicou ao desenho e seu interesse por esse ramo só foi aumentando com o tempo, até que fez desse robby sua profissão. Seu processo de criação consiste em fazer anotações e skecthes em um caderno, e em seguida ir para telas. A pintora auto-didata, sabe fazer uso muito bem das cores sobrepostas e das pinceladas em suas telas. Além de nos mostrar as suas pinturas, a artista também tem um canal no youtube mostrando o seu processo, em speed paintings.
revista escape
27
melhor album de 2014 MIX gostei desde a primeira musica Jannet Houst A voz dos dois juntos ĂŠ
cosmovisĂŁo
Š Cultura Racional
cultura racional
30 revista escape
© Luaka Bop
tese da cultura racional Após a publicação do livro Universo em Desencanto em meados da década de 1930, o movimento transcendental ou filosófico Cultura Racional, persistiu nas décadas posteriores tendo grande visibilidade e adeptos a partir da tese estruturada construídas pela imunização racional. O livro apresenta o estudo sobre a descoberta do universo em desencanto e suas teses sobre a evolução do raciocino a partir do desenvolvimento da imaginação, está controlada pela energia magnética e o outro o desenvolvimento do pensamento controlado pela energia elétrica. Estas são as bases para explicação do mundo de onde saímos e que deu consequência a este em que vivemos e a importância de desenvolver o raciocínio. Universo em desencanto – uma de suas cosmologias É importante desenvolver o raciocínio – as três faces do ser humano. Toda pessoa tem sua direita, sua esquerda, e o raciocínio. Portanto, com a mesma pessoa, veja de quanto modos você tem
de se posicionar: tem de conviver com a pessoa procurando ver o lado direito dela, o lado bom, o lado amigo. E ao mesmo tempo tomar cuidado com ela, por saber que ao lado de toda direita, esconde-se uma esquerda pesada e feia. No entanto, mesmo que essa esquerda interfira no relacionamento, não deve esquecer da direita e sobretudo respeita-la, por saber que ali está também a divindade, o Deus, a centelha de Deus, o raciocínio. Embora esse raciocino esteja dormindo, é bom lembrar: chegará o dia dele acordar. E quando acontecer a pessoa saberá neutralizar sua esquerda, otimizando sua direita. É intuitivo sentir que todos tenham um lado bom e um lado ruim sem exceção. Esta é a razão da desconfiança que um ser nutre por outro. Quando a pessoa está afluída pela direita, é mais elétrica, positiva mais variante. Quando esta afluída pela esquerda é mais magnética; mente e engana, então seu inimigo é o pensamento e o amigo é apemas o raciocínio. Essa é a base da cultura racional.
revista escape
31
© Luaka Bop
cosmovisão
O envolvimento do cantor, músico e compositor Tim Maia, com a Cultura Racional aconteceu por volta de 1974 depois dele ter lido o primeiro volume da obra de Manoel Jacintho Coelho, sumo sacerdote do Racional Superior. Tim Maia, um cara que já havia passado por de tudo um pouco, alcançou a chamada Imunização Racional. Compreendeu o sentido da vida, de onde viemos e para onde vamos. Sua música nada mais era agora do que um instrumento para divulgar a causa Racional. Começou a usar roupas brancas e a tentar influenciar todos a lerem o livro. O que faz dos dois volumes de Tim Maia Racional discos rarissimos não é, entretanto, a mensagem que o cantor divulga nas canções. Os álbuns são marcantes por trazerem um Tim Maia diferente daquele que o grande público conhecia. Tim não fumava, não cheirava e não bebia mais. A vida saudável permitiu que o cantor atingisse o máximo que sua voz podia render. Por acreditar na mensagem que transmitia, Tim cantava com paixão, dava o melhor de si por aquela causa e mocionava o publico.
32 revista escape
Algumas das musicas do álbuns racionais, ficaram marcadas entre os fãs e na história, como a clássica Imunização Racional, que traz nada menos do que o tradicional “Uh, uh, uh, que beleza”. Tim dá ainda uma de pastor americano cantando em inglês nas faixas “You Don’t Know What I Know” e “Rational Culture”. Tim e os músicos que o acompanham criaram um trabalho digno de um dos maiores nomes da história da música brasileira. Na faixa “Universo em Desencanto”, por exemplo, rolam quebras de tempo capazes de dar um nó na cabeça de qualquer um. Enfim, a qualidade musical do álbum é inquestionável. Após dois anos de dedicação e pregação das crenças da Cultura Racional nas ruas, nos morros e nos seus shows, Tim Maia acabou se desiludindo e abandonou o grupo. Recolheu os discos das prateleiras, tirou as músicas dessa fase de seu repertório e nunca mais tocou no assunto. Voltou também para as drogas e para a vida desregrada. ■
PIZZAS
p o r
MAIS RÁPIDAS! Consulte o regulamento e os restaurantes participanrtes pelo site www.pizzahutsp.com.br *O tempo de espera pode variar conforme processo de preparo, tipo de produto e quantidade. Preços sujeitos a mudança sem aviso prévio.
© Nicolás Rosenfeld
erudita
A ERVA DO DIABO Os livros de Carlos Castañeda são etnografia e alegoria. Suas obras consistem em doze livros autobiográficos, nos quais relata experiências que vivenciou sob a orientação do índio Dom Juan. Sua escrita nos conduz para um mundo que não é apenas diferente do nosso, mas também de uma ordem de realidade inteiramente diferente. A fim de alcança-lo ele teve o auxílio de mescalito, yerba del diablo e humito – peiote, datura e cogumelos. Mas esta não é uma simples narrativa de experiências alucinógenas, pois as sutis manipulações de Dom Juan conduzem o viajante enquanto suas interpretações dão significado aos fatos que nós, através do aprendiz de feiticeiro, temos a oportunidade de experimentar. Os antropólogos nos ensinam que o mundo tem definições diversas em diversos lugares. Não é só que os povos tenham costumes diferentes: não é só que os povos
34 revista escape
acreditem em deuses diferentes e esperem diferentes destinos após a morte. É, antes, que os mundos de povos diferentes têm formas diferentes. Dom Juan nos mostrou uns vislumbres do mundo de um feiticeiro yaqui, e como o vemos sob a influência de substancias alucinógenas, nós os captamos com uma realidade totalmente diversa daquelas outras fontes. Nisso reside a principal virtude desta obra. Castañeda afirma, com razão, que este mundo, com todas as suas diferenças de percepção, tem sua lógica interna. Ele procurou explicar isso a partir de suas experiências ricas e intensamente pessoais, em vez de examina-lo nos termos de nossa lógica. O fato de ele não conseguir nisso um êxito total deve-se a uma limitação que nossa cultura e nossa língua impõem sobre a percepção e não a sua limitação pessoal; no entanto, em seus esforços ele une para nós o mundo de um feiticeiro yaqui com o nosso,
© Editora Bisord
o mundo na realidade não ordinária com o mundo da realidade ordinária. A importância primordial, de entrar em mundos outros que não os nossos, reside no fato de que essa experiência nos leva compreender, que o nosso próprio mundo é também um complexo cultural. Experimentando outros mundos, vemos o nosso como ele é e assim podemos também ver de relance como deve de fato ser o mundo verdadeiro, aquele entre o nosso próprio complexo cultural e outros. Daí a alegoria, bem como a etnografia. A sabedoria e poesia de Dom Juan e a habilidade e poesia de seu escriba nos dão uma visão de nós e da realidade. Como em todas as boas alegorias, que proporciona o entendimento pessoal, sem precisar de exegese.
A Erva do Diabo (The Teachings of Don Juan: A Yaqui Way of Knowledge), publicado em 1968.
curiosidades
As entrevistas de Carlos Castañeda com Dom Juan tiveram início quando Castañeda era estudante de antropologia na Universidade da Califórnia, em Los Angeles. A princípio as entrevistas eram apenas para estudos de sua tese de graduação. A Erva do Diabo, seu primeiro livro, acabou tornando-se um best-seller entre os jovens do movimento hippie e da contracultura, formaram-se legiões de admiradores que queriam, por conta própria, reviver as experiências descritas no livro. Também era bastante relevada no meio acadêmico, sobretudo porque, em seu princípio, tratavase de uma obra de cunho científico e despertara o interesse de jovens. Uma controvérsia formou-se em torno de sua figura tanto por parte de admiradores, que queriam encontrar Don Juan pessoalmente e de alguma forma fazer parte do processo de aprendizado, quanto de céticos, que queriam encontrar motivos para desacreditá-lo academicamente, argumentando que o testemunho fornecido em seus escritos era ficcional e apontando a escassez de fontes documentais sobre sua pesquisa de campo junto ao mestre indígena. Castañeda foi procurado pela polícia durante a ditadura militar e seus livros foram banidos de entrar no Brasil pelo Governo Federal por acreditarem que o livro dava incentivo aos jovens do movimento hippie ao uso de drogas, neste caso o cactus Peiote descrito no livro “A Erva do Diabo” Seu trabalho também tinha admiradores famosos como, Raul Seixas e Paulo Coelho. Nas músicas de Raul e livros de Paulo Coelho há inúmeras referências. Federico Felline queria filmar sua obra. Depak Choopra declarou que Castaneda é “um dos mais profundos e influentes pensadores deste século”.
revista escape
35
fragmentos
das abstrações das pulgas contornando as curvas de suas gorduras defeituosamente tantas belas tuas põe-se de pé envolto as fugas o desejo o torpor as explicações são inúteis se tens medo “tu tens medo” lia-se nas rugas e o pé não corre o riso não dente o sexo fugaz “...estais perdido” completa com vãos nas linhas destinadas ao presente o mundo rodando no eixo dos pescoços o bambolê nas mãos surdas tecendo o grosso bibelô de bariloche desintendido incomunicável o desejo! eu digo a válvula! a busca! la mer! cria foge crê não teme escolhe menina escape!
Poema de Gabriel Amorim dedicado à Revista Escape distopiaautofagica.blogspot.com.br
36 revista escape
© Snezana Pupovic
corpo de fuga
ONDE TEM CULTURA, TEM ESCAPE. Do pincel ao papel. Do movimento ao espetáculo. Do livro ao filme. Do pedido à intervençao. Da voz à religiao. Do poeta à poesia. Já nas bancas!