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ARTE | CIDADE | ARQUITETURA | GASTRONOMIA | GENTE | LIFESTYLE

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TEGRA INCORPORADORA MARKETING Bruno Nuciatelli Flávia Schmidt Luciana Ferreira Freitas Renata Fogagnolo Mauricio Condomínio WT Morumbi Avenida das Nações Unidas, 14.261 - ala B 14° e 15° andares - Vila Gertrudes, São Paulo/SP 04794-000 Tels: (11) 3127.9200 PROJETO EDITORIAL

www.studiolemon.com.br Rua Patizal, 38 CEP 05433-040 Tel (11) 2893 - 0199 São Paulo - SP DIRETOR EXECUTIVO Chico Volponi cvolponi@studiolemon.com.br DIRETOR DE CRIAÇÃO Cesar Rodrigues cesar@studiolemon.com.br EDITOR Luiz Claudio Rodrigues luizclaudio@studiolemon.com.br PROJETO GRÁFICO Lemon Comunicação & Conteúdo DESIGN Pedro Enrike Carlos REVISÃO Claudio Eduardo Nogueira Ramos FINALIZAÇÃO Adrino Gastor FOTOS | CRÉDITOS UNSPLASH.COM Pág.64 Ben Breitenstein | Pág.65 Markus Spike, Drew Graham Pág.79 Jez Timms | Pág.80 Vitchakorn Koonyosving Pág.81 Ash Edmonds, Helen Thomas, Annie Spratt, John Formander, Sara Dubler e Soul Van Pág.82 Jannifer Pallian | Pág.83 Louis Hansel

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A VIDA É SONHO Materializar sonhos pode ser um exercício que pode levar a vida toda, etapa por etapa, até chegar no ponto ideal. Mas antes de chegarmos no sonho é preciso atravessar, algumas vezes com tropeços, o território da imaginação, da fantasia e até do devaneio. E é nesse lugar que transita a arte. Uma área ocupada por emoções, expressões, ideias, percepções, estilos e estéticas. Com esses ingredientes, a arte cria beleza, mas também provocação. Seja como for, a dificuldade de definir o que seja arte é quando ela chega o mais próximo possível de quebrar sistemas e códigos estabelecidos. Quando avança esses limites, a arte atinge seu propósito e cria novos paradigmas, revela um mundo novo, cheio de possibilidades. Talvez seja por isso que tenha sido tão atacada nos últimos tempos. Estamos falando de arte porque para esta edição da TEGRA IN preparamos uma reportagem especial sobre os 100 anos da Bauhaus, a escola de arte alemã, surgida em 1919, que inventou toda a arquitetura e o design que conhecemos. Seu estilo vanguardista e revolucionário moldou cidades e objetos. Deu cara e personalidade para o século 20. E até o momento em que vivemos nada a superou. Seu conceito de modernidade ainda gira por todo o mundo. Além da Bauhaus, a edição revela que as feiras de arte não acontecem somente na Europa, Estados Unidos e em São Paulo. O restante da América Latina também contribui para o circuito internacional das artes. Aqui, destacamos a ARTBO que acontece todos os anos em Bogotá, na Colômbia. Neste ano, a feira tem a participação de 75 galerias, de 18 países, que irão exibir mais de 3 mil obras. A feira é uma ótima oportunidade para conhecer de perto os mais expressivos grafites de talentos locais e internacionais na cidade. Para quem não sabe, Bogotá é a vitrine mais cult da street art no mundo. Nas páginas a seguir, nesta mesma seara, também destacamos o trabalho do arquiteto e designer Guilherme Torres, uma estrela em ascensão no design contemporâneo. E como a cidade é um assunto que muito nos interessa, fomos descobrir porque os coworkings são as novas formas de trabalhar nos centros urbanos. Outro destaque do nosso conteúdo está na seção Tecnologia, que aborda o impacto da tecnologia 5G, e, com ela, a conexão completa da Inteligência Artificial, do Big Data e do IoT. Quem sabe essa evolução leve a vida para um novo patamar de ideias e imaginação e, mais uma vez, mude todos os paradigmas do mundo como fez a Bauhaus, dessa vez em um nível muito mais elevado e rápido. Como diria o poeta espanhol Calderon de la Barca, ‘A Vida é Sonho” e tudo pode acontecer. JUNHO 2019

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ÍNDICE

ANO 02 NÚMERO 03

LIFESTYLE 08. Ponte aérea | fábricas de ideias 12. Cult | polaroid urbana 16. História | 100 anos da bauhaus 30. Viagem | artbo 38. Living | refúgio urbano 44. Urbe | casa saudável 50. Wish list | claudia albertini 52. Design | guilherme torres 60. Moda| tufi duek CIDADE 64. Tecnologia | revolução digital 68. Work | todo mundo junto GASTRONOMIA 74. Gourmet | doces bárbaros 78. Comer & Beber | gin revival INSTITUCIONAL 84. Sustentabilidade | construção sustentável 86. Entrega | hall de entrada Capa: A instalação ‘Rainbow’, feita com fios de LED pelo designer australiano Flynn Talbot, apresentada na edição de 2018 da Bienal de Design de Londres Foto: Mark Cocksedge.

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LIFESTYLE Ponte Aérea

FÁBRICAS DE IDEIAS O surgimento de dois novos polos de cultura criados pela iniciativa privada no Rio e São Paulo

FOTOS: Cortesia Casa Firjan | Paula Johas • Cortesia Farol Santander | Carol Gherardi

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À esquerda, com arquitetura art déco, o edifício Altino Arantes que já foi sede do Banespa e atualmente recebe as instalações do Farol Santander, no centro de São Paulo. Aqui, fotos do Bar do Cofre SubAstor instalado no subsolo do edifício

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ssim como as principais metrópoles do mundo, Rio e São Paulo têm uma vida cultural intensa. E não faltam novidades nessa agitação permanente. Desde o ano passado, as duas cidades contam com dois polos culturais inusitados: o Farol Santander, no centro da capital paulista; e a Casa Firjan, em Botafogo, zona sul da capital fluminense. Com pouco mais de um ano desde a sua abertura, o Farol Santander já contabiliza 300 mil visitantes que foram ver de perto suas exposições de vanguarda e descobrir novas experiências, como uma pista de skate no 21º andar e um loft de 335 m2, que pode ser reservado para uma hospedagem através do Airbnb. Quem deu uma nova vida para o edifício Altino Arantes, antiga sede do banco Banespa, foi o banco espanhol Santander que restaurou seus interiores em estilo art déco. “Quando inauguramos o Farol Santander, tínhamos a ambição de ser uma referência para a cidade de São Paulo. Estamos no caminho certo: recebemos o reconhecimento do público e da crítica às nossas exposições. Agora queremos ir além, para sermos agente indutor de um retorno das pessoas à região central da metrópole”, afirma Patrícia Audi, vice-presidente executiva de Comunicação do Santander. Neste ano, a gastronomia ganha força como um dos eixos temáticos do Farol, com a inauguração de três andares dedicados ao tema. Os primeiros a entrarem em funcionamento foram o Bar do Cofre Sub Astor – um dos bares brasileiros mais conectados com as tendências da coquetelaria internacional – e o Boteco do 28, um restaurante inspirado nos lugares que servem tapas espanholas, um costume secular na Espanha. O último a ser aberto, o Restaurante do 29, tem ambiente sofisticado para receber 130 pessoas. O foco na gastronomia se completa com o LAB do 31, uma escola gastronômica para aulas e eventos, com 19 bancadas e equipamentos da Electrolux.

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LIFESTYLE Ponte Aérea

Aberta no segundo semestre de 2018, a Casa Firjan é um centro de inovação e empreendedorismo da FIRJAN (Federação das Indústrias do Rio de Janeiro). O espaço oferece uma programação anual de palestras e atividades culturais, laboratórios de tendências FabLab e cursos alinhados às novas exigências do mercado de trabalho. O objetivo da Casa é o de ser um espaço para a reflexão, criação e entrega de soluções para os desafios da nova economia. O gerente da Casa Firjan, Gabriel Pinto, ressalta a relevância do empreendimento como um espaço dedicado a acompanhar o ritmo cada vez mais acelerado das transformações na sociedade, marcadas por tecnologias disruptivas e novas formas de aprender, consumir e empreender. “Os ciclos de conhecimento demoravam 100 anos para ser renovados no passado, período que diminuiu para dez anos com a chegada da internet nos anos 2000 e que tende a ser reduzido a 12 horas com a consolidação da Internet das Coisas, que permite que todos os objetos de uso diário de uma pessoa estejam conectados a máquinas e computadores”, explica Gabriel. Com esse conteúdo, os dois polos de cultura são verdadeiras arenas contemporâneas focadas em experiências inéditas para os visitantes.

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À esquerda, o prédio de arquitetura contemporânea, desenhado pelo estúdio Lompreta Nolte Arquitetos, é um dos espaços do hub de empreendedorismo da Casa Firjan, em Botafogo, zona sul carioca. Abaixo, o outro edifício do complexo: o restaurado Palacete Linneo de Paula Machado, construção neoclássica erguida em 1906 pela família Guinle e ambiente interno com par de esculturas

Farol Santander farolsantander.com.br

Casa Firjan

firjan.com.br/casafirjan

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LIFESTYLE Cult

POLAROID URBANA Um giro pelo que acontece na cena cultural do Brasil e do mundo

America Today Com a intenção de oferecer uma visão abrangente da arte americana hoje, a 79ª edição da Bienal do Whitney Museum, em Nova York, apresenta obras de alguns dos artistas emergentes que atualmente ganham os holofotes no circuito contemporâneo. Entre eles, Nicole Eisenman, Korakrit Arunanondchai, Elle Perez, Paul Mpagi Sepuya e Martine Syms. A curadoria da Bienal é da dupla Rujeko Hockley e Jane Panetta. Ao todo são 75 artistas participantes, a grande maioria com menos de 40 anos de idade. “Ficamos impressionados com as profundas dificuldades do nosso momento atual e as maneiras pelas quais tantos artistas que encontramos estão lutando e enfrentando menos oportunidades de apresentar publicamente o seu trabalho”, afirma Jane Panetta para explicar o recorte dessa safra de artistas que compreende 75% da mostra. O programa da Bienal inclui uma seleção de filmes – com a participação da veterana Barbara Hammer, pioneira do cinema experimental americano – e eventos de performance. Whitney Biennial 2019. Até 22/09. whitney.org

A escultura ‘The General’ (2018), da artista Nicole Eisenman, feita em bronze, aço inox, tinta e tecido Rujeko Hockley e Jane Panetta, curadoras da Bienal 2019 do Whitney Museum/Foto: Scott Rudd Whitney Museum of American Art., em Nova York

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Arte Eletrônica

MULHERES Dentro do eixo temático proposto para 2019 e composta por duas seções que dialogam entre si, o MASP apresenta a exposição ‘Histórias das Mulheres, Histórias Feministas’. Em Mulheres, a mostra inclui obras de diversos territórios, estilos e gêneros pictóricos, do século 16 ao final do século 19, com retratos, naturezas-mortas e paisagens, além de cenas históricas e religiosas. Como contraponto, Feministas reúne artistas de diferentes nacionalidades que trabalham no século 21 em torno das ideias de feminismo com obras de diferentes linguagens. À frente da curadoria estão Lilia Schwarcz, Isabelle Rjeille e Mariana Leme.

Mais uma vez o Centro Cultural FIESP sedia a edição anual do FILE (Festival Internacional de Linguagem Eletrônica). Considerado o melhor festival de arte e tecnologia no Brasil e com instalações interativas das mais diversas vertentes da arte digital, o evento apresenta performances, projetos de realidade virtual e aumentada, objetos digitais, jogos, animação eletrônica, arte sonora, robótica, software art e novas interfaces, entre outras atrações. CENTRO CULTURAL FIESP. Festival Internacional de Linguagem Eletrônica. Junho e Julho. centroculturalfiesp.com.br

MASP. Histórias das Mulheres, Histórias Feministas. De 23/08 a 17/11. masp.org.br

Tela ‘Interiores do Studio de Abel de Pujol’ (1812), da artista Adrienne Marie Louise, óleo sobre tela da coleção do Museu Marmottan Monet emprestada para a exposição ‘História das Mulheres, Histórias Feministas’ e fachada do MASP na avenida Paulista/Foto: Ilana Bessler

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LIFESTYLE Cult

O edifício neoclássico Somerset House, no centro de Londres, mais uma vez irá sediar a Bienal de Design de Londres em 2020

Hot Spot A terceira edição da Bienal de Design de Londres irá hospedar o melhor do design internacional contemporâneo na capital do Reino Unido. Sob o tema ‘Ressonância’ e com a curadoria do designer britânico Es Devlin, a mostra irá apresentar a produção de mais de 50 países, cidades e territórios. “Vivemos em uma era de hiper-ressonância que tem consequências estimulantes e devastadoras. Cada ideia que geramos tem o poder de atingir uma massa de público digital jamais vista pelas gerações anteriores”, afirma o curador, que acredita que os designers têm o poder de influenciar e surpreender o público a fazer mudanças e construir um futuro mais sustentável. London Design Biennale. De 8 a 27 de setembro de 2020. londondesignbiennale.com

Armazém Com a curadoria de Pedro Nery, a Pinacoteca faz uma grande retrospectiva do artista baiano Marcos Reis Peixoto, mais conhecido como Marepe. A exposição irá apresentar um conjunto de 50 obras que representam todas as fases de sua carreira, iniciada na década de 1990. “Em suas esculturas, Marepe se vale com frequência do empilhamento de objetos de uso cotidiano alterados em sua escala. Desse dado inusitado, provém muito do estranhamento que seu trabalho causa no observador, que reconhece, por outro lado, certo humor na escolha dos objetos e na maneira de arranjá-los como peça escultórica”, afirma a Pinacoteca. A retrospectiva marca a primeira exposição institucional do artista em São Paulo e pretende oferecer uma visão abrangente de sua trajetória. PINACOTECA. Marepe. De 27/07 a 28/11. pinacoteca.org.br 14

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A nova sede do Museu de Arqueologia do Sul de Tirol, desenhada pelo estúdio Snøhetta, tira partido do verde e da paisagem da montanha Virgl, em Bozano, no norte da Itália

Nova Casa Para Otzi O escritório de arquitetura norueguês Snøhetta apresentou a proposta para o novo bairro de museus em Bolzano, no norte da Itália. O lugar para sediar o novo polo de cultura da cidade é a montanha Virgl e irá acomodar o Museu de Arqueologia do Sul de Tirol e o Museu Municipal de Bolzano. Entre as instalações, um lugar especial para a exposição permanente do homem do gelo Otzi, a múmia glacial de 5.300 anos de idade, uma relíquia arqueológica. A montanha Virgl tem importância histórica e cultural por ser uma região que ainda guarda vestígios da pré-história e do império romano. O complexo cultural conta com a estrutura

planejada do teleférico de Bolzano, no topo da montanha, região que estava inacessível há quase 40 anos. Com essa infraestrutura e a vista para a paisagem, o bairro será um novo marco para a cidade e um espaço público para turistas e moradores. “O novo bairro dos museus criará uma síntese da cidade e da natureza, da história e do futuro, da construção e da paisagem, da cultura, lazer e conhecimento”, diz Kjetil Traedal Thorsen, arquiteto do Snøhetta. O novo bairro ainda não tem data para sua inauguração. South Tyrol Museum of Archeology iceman.it

Multimídia Nascida em Munique, criada em São Paulo e vivendo atualmente em Nova York, a artista multimídia Janaína Tschäpe apresenta uma nova série de trabalhos na Galeria Fortes, D’Aloia e Gabriel, na capital paulista. Mutante a cada temporada, a artista traz em seu trabalho mais recente amplas pinceladas, formas biomórficas e marcas gestuais. GALERIA FORTES, D’ALOIA E GABRIEL. Janaína Tschäpe. De 03/08 a 21/09. fdag.com.br

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LIFESTYLE História

ZEITGEIST

MODERNO Vanguardista, revolucionária e influente até os dias de hoje, a escola Bauhaus completa 100 anos de história POR: Luiz Claudio Rodrigues | FOTOS: Cortesia Bauhaus Museum Weimar

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m ícone internacional nas artes e no design que até hoje repercute na produção de artistas, designers e arquitetos do mundo inteiro. Estamos falando da escola Bauhaus criada por Walter Gropius na cidade de Weimar, na Alemanha, que este ano completa os 100 anos do seu surgimento. Com diversas comemorações mundo afora, os festejos de aniversário pontuam por toda Europa e Américas. Na Alemanha, o Bauhaus Museum Weimar – inaugurado em abril – está com uma exposição em cartaz que reúne a mais antiga coleção de projetos que saíram da lendária escola modernista alemã. Em setembro é a vez do Bauhaus Museum, em Dessau, apresentar o desenvolvimento de peças artísticas criadas na década de 1920. A exposição chama-se ‘Versuchsstätte Bauhaus’ (Banco de Ensaios Bauhaus) e o visitante conhecerá em detalhes a história dos clássicos da escola, com a exibição de protótipos e desenhos. A mostra ‘Bauhaus Imaginista’ – que já foi apresentada no Brasil entre outubro do ano passado e janeiro deste ano no SESC Pompeia, na capital paulista – finaliza sua turnê internacional em Berlim, na Haus der Kulturen der Welt (Casa das Culturas do Mundo). A mostra explora os intercâmbios transculturais entre os diversos movimentos globais de reforma que enxergavam na arte um agente de mudança social. Mas o legado da Bauhaus vai além das mostras comemorativas. Além do novo museu, a cidade de Weimar abriga a Bauhaus-Universität, uma das instituições de ensino mais internacionais da Alemanha, com mais de 4 mil alunos de 70 países. À esquerda, o lendário Walter Gropius, o visionário arquiteto criador da Bauhaus. Nesta página, no alto, o novíssimo Bauhaus Museum Weimar, inaugurado neste ano; e acima, detalhe de um dos seus espaços expositivos

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LIFESTYLE História

A cidade de Dessau abrigou a segunda sede da Bauhaus a partir de 1926. Nessa fase, a escola ganhou novas instalações em edifícios modernos desenhados por Walter Gropius. Desde 1996, os edifícios da Bauhaus em Weimar e Dessau são Patrimônio Mundial da Humanidade. Gropius criou a escola com a ideia de que os artistas e artesãos trabalhassem juntos e aprendessem uns com os outros. Para isso, a Bauhaus mantinha oficinas de pintura, marcenaria e tecelagem. Outro detalhe que revela a intenção de Gropius em unir a arte e a tecnologia pode ser percebido no trabalho colaborativo que a Bauhaus desenvolveu em parceria com a indústria na elaboração de projetos de design, durante a década de 1920. Estudantes e professores desenvolveram objetos de formas simples, fácil manuseio e baixo custo, formato ideal para a produção em série. Atualmente a Bauhaus-Universität não desenvolve mais objetos para a indústria, mas investiga o que as novas tecnologias significam para a sociedade. Neste ano, a Universidade promove uma série de palestras e colóquios para analisar quais ideias da Bauhaus podem ser transferidas para a era digital. “Nos deparamos com a grande questão do que a digitalização está fazendo com o design, mas também com a sociedade e seu comportamento social”, pontua Nathalie Singer, vice-presidente da Bauhaus-Universität. O legado da emblemática escola modernista também faz parte do programa da Fundação Bauhaus Dessau. A instituição promove workshops e programas de pós-graduação em cooperação com a Universidade de Ciências Aplicadas de Anhalt e a Universidade Humboldt, de Berlim. Recentemente um dos focos da Fundação é a curadoria local realizada através de um dos seus órgãos, a Academia Bauhaus. “A partir do legado da Bauhaus tentamos criar ligações com o presente e incorporar objetos de nossa própria coleção à ciência do design”, afirma Regina Bittner, diretora da Academia.

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À esquerda, a primeira sede da escola Bauhaus na cidade de Weimar e o escritório de Walter Gropius na instituição, que se mantém intacto. Aqui, em sentido horário, a sede da Bauhaus em Dessau, desenhada por Gropius a partir do conceito funcionalista e moderno; o arquiteto Ludwig Mies van der Rohe, um dos professores da Bauhaus e, mais tarde, criador do ‘international style’ da arquitetura moderna; a Farnsworth House, criada por Mies em 1951, nos Estados Unidos; e o Pavilhão Alemão na Feira Mundial de 1929 em Barcelona, projetada por Mies; marco da arquitetura moderna com panos de vidro e paredes revestidas de mármore. No detalhe do pavilhão, o espelho d’água com a escultura ‘Alba’, do artista Georg Kolbe

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LIFESTYLE Histรณria


Desenhada por Georg Muche e executada por Adolf Meyer e Walter Gropius, a Haus am Horn, em Weimar, ĂŠ considerada a primeira casa funcional planejada pela Bauhaus em 1923. Nos interiores, todos os acabamentos e mobiliĂĄrio foram produzidos durante as aulas e oficinas da escola


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LIFESTYLE História

A história da Bauhaus começou na Alemanha, mas atravessou o Atlântico um pouco antes da Segunda Guerra Mundial, quando boa parte da elite cultural europeia foi buscar refúgio nos Estados Unidos. Entre os que cruzaram o oceano, Walter Gropius e Mies van der Rohe revolucionaram a arquitetura a partir da América. Gropius, ao lado do arquiteto Konrad Ludwig Wachsmann, impulsionou a industrialização da construção nas décadas de 1940 e 1950 nos Estados Unidos, com sistemas construtivos padronizados e produção em massa. Para Bittner, as ideias e produtos da Bauhaus se mantêm em evidência na atualidade graças à percepção de que, num mundo globalizado, é necessário lidar de forma diferente com recursos naturais. “Não se pode mais produzir e consumir como se fez até agora. Essa experiência de crise já houve na década de 1920. Naquele momento, a Bauhaus foi à procura de soluções sobre como viver no cotidiano modificado pela industrialização, humanizando-o”, recorda Bittner ao fazer um paralelo entre o presente e cem anos atrás. O otimismo que os pioneiros da Bauhaus aplicaram na humanização do cotidiano é um exemplo que permanece até os dias de hoje.

A forma segue a função

A Bauhaus foi a vanguarda do Modernismo nas artes, no design e na arquitetura. Fundada por Walter Gropius em 1919, a escola – subsidiada pela República de Weimar – em seus primórdios combinava arquitetura, artesanato e uma academia de artes em seu escopo pedagógico. A base de toda a estética bauhauseana está no conceito da funcionalidade racional dos objetos e espaços habitáveis. A máxima ‘a forma segue a função’ – do arquiteto modernista Louis Sullivan – traduz o espírito da escola ao posicionar, de forma contundente, o desprezo pelo ornamento e o estabelecimento da forma como resultado da funcionalidade. 22

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À esquerda, em sentido horário, o designer Marcel Breuer e duas peças icônicas criadas por ele: a cadeira Wassily e o conjunto de mesas de tubo de aço; e o berço Peter Keler. Nesta página, a designer Marianne Brandt, autora de utensílios emblemáticos da Bauhaus. Entre elas, as luminárias de mesa de aço polido, o serviço de chá e café com bules, chaleiras, açucareiros e bandejas; e o Table Clock, relógio criado em 1930

Uma ideia que havia surgido na primeira década do século 20 com Adolf Loos – autor do livro ‘Ornamento e Crime’, onde o arquiteto faz a defesa da honestidade da forma – e que foi cristalizada pela Bauhaus com a abstração das formas geométricas simples e o uso de cores primárias, na busca permanente do essencial, em tudo o que imaginava e produzia com seus alunos. Aliar o conceito das vanguardas artísticas ao design de objetos já era um consenso nos primeiros anos do século 20, mas a Bauhaus elevou esse padrão ao conferir o status de obra de arte ao design. Mas com um diferencial importante: uma arte não elitista, com reprodução seriada, em escala industrial, porque acreditavam que os objetos são elementos de educação estética da sociedade. JUNHO 2019

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LIFESTYLE História

Além de Gropius, a Bauhaus teve entre seus professores nomes que se tornaram cânones do século 20: Mies van der Rohe, um dos principais arquitetos do modernismo, famoso por criar o ‘international style’ apoiado no conceito de ‘menos é mais’; os artistas Wassily Kandinsky, pioneiro do abstracionismo; e Paul Klee, expoente do expressionismo; e os designers Josef Albers, Marcel Breuer e Lászlo Maholy-Nagy, que ficou famoso como fotógrafo na posteridade. Apoiada pela República de Weimar, a Bauhaus desenvolveu projetos para a construção de casas populares de baixo custo para a cidade homônima que lhe deu um teto. Com a mudança de governo, a Bauhaus muda-se para Dessau em 1926 e mais tarde para Berlim em 1932, onde um ano depois tem suas atividades encerradas pelo regime nazista. Os nazistas se opuseram à Bauhaus desde o seu surgimento por desaprovarem o estilo modernista. Mesmo com o seu fim, a Bauhaus manteve-se influente após o seu desaparecimento, em especial nos Estados Unidos (para onde Gropius e van der Rohe imigraram), além de Israel e Brasil. A Cidade Branca, de Tel Aviv, em Israel, é um dos maiores espólios de arquitetura Bauhaus. No Brasil, a cidade de Brasília – desenhada por Lúcio Costa e com arquitetura de Oscar Niemeyer – foi projetada em 1957 sob as tendências moderna e funcionalista que se originaram na famosa escola alemã. Por essas e por outras, a Bauhaus se mantém influente até os dias de hoje. 24

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À esquerda, em sentido horário, a poltrona Barbican e o tapete Goldrosa, ambos desenhados por Josef Albers; e a cadeira Barcelona, criação de Mies van der Rohe em parceria com a designer LiIly Reich. Nesta página, o casal Anni e Josef Albers. Em sentido horário, as tapeçarias Hochbauter, de Albers; as amostras de padronagens desenvolvidas pela artista têxtil Benita Koche-Otte, também autora do conjunto de tapeçarias quadriculadas em seda; e as tramas elaboradas por Anni Albers

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LIFESTYLE Histรณria

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À esquerda, em sentido horário, obras de Wassily Kandinsky: ‘An die see und an die sonne’ (1922), ‘Oben und links’ (1925) e ‘Dominan Curve (1936). Nesta página, em sentido horário, ‘Castle and Sun’, de Paul Klee, 1928; ‘Study for Homage to the Square’, de Josef Albers, 1964; ‘Yellow Circle”, de Laszlo Moholy Nagy, 1921; tapeçaria ‘Geometric’, de Benita KocheOtte, 1940; e ‘El mensajero del otoño’, de Paul Klee, 1922

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LIFESTYLE História

Nesta página, em sentido horário, a influência da Bauhaus ao longo da história: o Palácio da Alvorada, em Brasília; uma série de ‘carrés’ da marca francesa Hermès inspirada na obra de Josef Albers; e a ‘Cidade Branca’, em Tel Aviv, Israel. À direita, duas tapeçarias criadas pela artista têxtil Anni Albers. Uma delas serviu de inspiração para o estilista Paul Smith criar uma estampa para sua coleção de suéteres.

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Mesmo com o seu fim em 1933, a Bauhaus influenciou todo o Modernismo do século 20 até a atualidade

Retrato da designer Benita Koche-Otte feito pela fotógrafa Gertrud Arndt

Mulheres da Bauhaus

A Bauhaus foi uma das primeiras escolas da Europa a aceitar mulheres em seu quadro de alunos. Com elas, houve um movimento de artesãs modernas que contribuíram ativamente com a instituição. Entre elas,Anni Albers (mulher de Josef Albers), que experimentou novos caminhos na tecelagem e, mais tarde nos Estados Unidos, comandou um estúdio que colaborava com a Knoll, entre outras empresas de design e mobiliário. Marianne Brandt talvez seja o nome mais conhecido entre todas por ter assinado algumas das peças mais icônicas da Bauhaus feitas em metal: a luminária Kandem 702, o conjunto de café MT50-55a e seu mítico bule MT49. A arte têxtil de Benita Koch-Otte tornouse conhecida por sua arte que evoluiu, anos após anos, por uma permanente pesquisa em técnicas inovadoras de tecelagem. Além desse trio, vale destacar a colaboração de Gunta Stolzl, Otti Berger, Elsa Franke, Lucia Moholy, Ise Gropius, Judit Kárász, Gertrud Arndt, Margarete Heymann, Lou ScheperBerkenkamp, Alma Siedhoff-Buscher e Lilly Reich, co-autora – junto com Mies van der Rohe – da cadeira Barcelona.

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LIFESTYLE Viagem

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ARTS Da arte contemporânea ao grafite, Bogotá reúne o melhor da cultura local na ARTBO e nos murais coloridos por toda a cidade FOTOS: Cortesia ARTBO | Museu Oro e Museu Botero

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uem disse que o circuito internacional de arte vive só de Armory Show (NY), Art Basel (Basel, Miami e Hong Kong), Arco (Madri) e Révélations Grand Palais (Paris)? Entre tantas outras na Europa e Estados Unidos. E, na América Latina, não há somente a SP Arte, na capital paulista. A América de língua espanhola também organiza feiras de arte que atraem galeristas, artistas e marchands do mundo inteiro. Entre as mais famosas temos a Art BA, em Buenos Aires; Ch.ACO, em Santiago do Chile; Arte Lima, no Peru, e a ARTBO, em Bogotá, capital da Colômbia. Esta última, a que mais evoluiu nos últimos quinze anos desde a sua criação em 2004. Para a edição deste ano – de 19 a 22 de setembro próximos – serão exibidas mais de 3 mil obras de arte, com a participação de 75 galerias e 18 países. Na edição do ano passado da ARTBO participaram galeristas dos Estados Unidos, Alemanha, França, Dinamarca, Inglaterra, Espanha e Turquia. E entre diversos países da América Latina, o Brasil compareceu com as galerias paulistanas Luisa Strina, Vermelho e Eduardo Fernandes e a carioca Porta Vilaseca. A ARTBO foi criada pela Câmara de Comércio de Bogotá e sua primeira edição reuniu somente 29 galerias. Por quatro dias, a feira oferece uma das vitrines culturais mais importantes das artes na Colômbia e se torna o eixo central do circuito artístico durante o mês de setembro em Bogotá.

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Grafite assinado por um dos mestres da street art em Bogotá: o lendário DJLu


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LIFESTYLE Viagem

Em sentido horário, algumas das obras expostas na feira ARTBO; na edição do ano passado, escultura do artista Pedro Gómes, representado pela galeria Egana Zilberman, da Turquia; os espaços expositivos da feira colombiana na Corferias; escultura ‘Desplaziamento no 158, do artista plástico Pedro Ruiz, que já participou com outras obras em edições passadas na ARTBO; escultura do artista brasileiro Marcelo Moschetta, da Galeria Vermelho; pintura da artista mexicana Ana Segovia, representada pela Galeria Karen Huber; as telas ‘Circulo Branco’ e “Sem título’, ambas do artista Jorge Riveros da Galeria Leon Tovar, dos Estados Unidos

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evento acontece na Corferias, o principal espaço de feiras e eventos da Colômbia. Nos últimos anos, a capital colombiana tem-se esforçado – através do poder público e da iniciativa privada – em se tornar uma referência em arte e fonte acadêmica. Bogotá concentra dezenas de campi universitários, galerias de arte, museus e artistas de rua, em especial, os grafiteiros, com sua arte de cores expressivas que elevaram o grafite como um movimento cultural importante na cidade. Uma visita à ARTBO serve como uma boa desculpa para conhecer melhor todas as atrações culturais da cidade. O grafite até pouco tempo atrás era considerado crime e com constantes perseguições até 2011, quando cessou a intolerância após uma tragédia. Naquele ano, o artista Diego Felipe Becerra, de apenas 16 anos, foi perseguido e morto pela polícia por estar pintando um Gato Félix em um muro da cidade. Com a mobilização popular diante do assassinato, os grafites foram regulamentados como atividade cultural. Hoje, a arte urbana marca a paisagem de Bogotá e é um dos traços característicos da cidade. Estima-se que existam aproximadamente 5 mil murais na capital. 32

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A arte urbana marca a paisagem de Bogotá e é um dos traços característicos da cidade.

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Em sentido horário, o casario colorido característico no bairro La Candelaria, no centro histórico de Bogotá, a região que reúne o maior número de grafites na cidade; grafites de DJLu; a arquitetura neoclássica do centro histórico da cidade; grafite de irmãos gêmeos de autoria desconhecida; e mural pichado com retrato do ex-presidente Álvaro Uribe

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e acordo com críticos locais, a capacidade de experimentar diversos estilos faz a cidade pulsar com talentos nativos e internacionais, interessados em apresentar sua street art a fim de ter alguma projeção em escala global. Muitas pinturas valorizam a história indígena, outros têm forte teor político. Os grafites mais cultuados de Bogotá estão no centro histórico e podem ser vistos por tours oficiais ou particulares, feitos a pé, que percorrem diversos becos e vielas. As excursões têm o objetivo de mostrar a visão sobre os diferentes artistas de rua que trabalham ou já atuaram em Bogotá, além de explicar a política e as histórias por trás das artes. Entre os grafiteiros mais importantes da cena de arte urbana na cidade estão o espanhol Pez – que tem como marca característica em seus trabalhos um peixe sorrindo – que já teve obras expostas em diversas galerias de arte; Guache, que foca em desenhos indígenas com cores marcantes que misturam a tradição com a diversidade; e DJLu, conhecido pelo uso de metralhadoras, como uma crítica aberta ao sistema. Boa parte da street art de Bogotá está no bairro La Candelaria. Além dos grafites, os visitantes podem conhecer sua arquitetura barroca, a Catedral de Bogotá, a Plaza Simón Bolivar, o casario colorido e o horizonte com o Monteserrate. JUNHO 2019

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LIFESTYLE Viagem

Em sentido horário, vista área de Bogotá ao anoitecer; o lobby central do Museu do Oro; a pintura ‘Niño con um pajaro, do mestre Fernando Botero; sala de exposição do Museu Botero; espaço expositivo do Museu do Oro e a Catedral Metropolitana na Plaza Simón Bolivar, no centro de Bogotá

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Museus

Entre os 58 museus de Bogotá, dois se destacam: o Museu do Oro e o Museu Botero. O primeiro é considerado um dos maiores museus de ouro do mundo. Seu acervo é formado por peças pré-colombianas, ligadas aos costumes cotidianos da Civilização Tiahuanaco, que se tornou parte do império Inca. O Museu Botero reúne parte do acervo do grande artista colombiano Fernando Botero. Instalado em um casarão em estilo colonial na La Candelaria, o museu é mantido pelo Banco da República da Colômbia. Sua coleção é composta por 123 obras do artista e outras 85 obras de arte internacional, do século 19 à arte contemporânea.

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LIFESTYLE Living

O MELHOR DE DOIS MUNDOS O conceito de viver em apartamentos com todo o conforto de uma casa

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Neste apartamento em São Paulo – planejado pela arquiteta Denise Barretto –, o espaçoso living reúne peças de mobiliário que fazem parte da história da família. As sacadas de vidro transparente valorizam a iluminação natural do espaço, enquanto os arranjos de flores, as almofadas com estampas vibrantes e os tapetes completam o sentimento de aconchego e bem-estar no espaço Foto: Romulo Fialdini

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razer a atmosfera de casa para apartamentos em grandes centros urbanos é o desejo de uma boa parcela de moradores e um desafio para arquitetos e designers de interiores. A busca por segurança nas cidades aumentou a procura por apartamentos espaçosos, geralmente em condomínios que oferecem áreas de lazer com piscina, quadras esportivas e áreas verdes. De acordo com a arquiteta Karina Korn, os apartamentos podem ganhar o aconchego tradicional de uma casa com o uso de alguns elementos. “Podemos trazer peças que são usuais em uma casa como plantas, móveis agradáveis e varandas com churrasqueira e forno de pizza criando espaços gourmet para reunir a família”. Para ela, algumas mudanças na planta original podem fazer toda a diferença para o apartamento conquistar uma atmosfera de casa. “A sala de estar pode estar anexada ao terraço, retirando-se a porta que divide os espaços, fazendo um ambiente amplo, com a sensação de casa”, ensina Karina. JUNHO 2019

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Acima, detalhes do living planejado por Denise Barretto: o espaço foi trabalhado em duas alas, uma voltada ao home theater e a outra para o estar principal Fotos: Romulo Fialdini

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Expert em planejar apartamentos com essa linguagem, a arquiteta Denise Barretto tirou partido do mobiliário, que faz parte do acervo dos moradores, para criar o sentimento de familiaridade para o apartamento de 320m2 no Itaim Bibi, em São Paulo, planejado para uma empresária, mãe de dois filhos adolescentes. “O living foi trabalhado em duas alas, uma voltada ao home theater e outra para o estar principal. Uma das faces do cubo, ao centro do ambiente, abriga a estante da sala de TV e outra é destinada à lareira”, conta a arquiteta. No principal espaço de confraternização entre os moradores e os amigos, o sofá e dois jogos de poltronas se articulam. A composição sofisticada ganha cor e alegria com os arranjos de flores, a coleção de cerâmicas assinadas pelo designer Jonathan Adler e as almofadas com estampas vibrantes. A sobreposição dos tapetes, em lã e seda, também acende o ambiente. “Neste apartamento, dispomos os móveis de forma mais espaçosa e acrescentamos peças complementares para valorizar e ampliar cada espaço”, comenta Denise. A diferença também se faz notar com os panos de vidro que enchem o estar de luz natural, as soluções de marcenaria e os tons naturais nos revestimentos que tornam o espaço aconchegante e descompromissado.


Planejado pela arquiteta Carina Korman, esse loft no Jardim Paulistano, na capital paulista, ganhou adaptações para criar o clima de casa: as paredes de tijolinho aparente foram pintadas de branco, uma parcela do mobiliário ganhou as cores favoritas da moradora, cozinha integrada ao living, e o mezanino, aberto para o estar, acomoda a suíte Fotos: JP Image

Mesmo que a arquitetura de um apartamento tenha um estilo marcante é possível fazer adaptações para obter semelhança com uma casa. É o caso, em particular, de um loft, de 110m2, no Jardim Paulistano, na capital paulista. Nele, a estética industrial ganhou alterações pontuais na planta do imóvel. Projetado pela arquiteta Carina Korman, os interiores receberam uma paleta de tons cinza e branco e algumas pinceladas de verde menta para a composição com a cor rosa, a tonalidade favorita da moradora. Nas paredes, os tijolinhos foram pintados de branco para clarear os ambientes. No mezanino, Carina uniu dois dormitórios para criar uma suíte. “O espaço mais amplo possibilitou incluir um grande mural de fotos, outro pedido da moradora, que sonhava com um cantinho reservado para as recordações”, revela a arquiteta.

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Em Porto Alegre, este apartamento decorado pela arquiteta Carolina Kreling faz uma combinação colorida de tecidos e texturas nos estofados. Grande parte do mobiliário já pertencia à família e, segundo a arquiteta, detalhe marcante que trouxe personalidade e familiaridade aos ambientes Fotos: Claudio Fonseca

Em Porto Alegre, no bairro Bela Vista, a arquiteta Carolina Kreling transformou literalmente o amplo apartamento de 270m2 em uma casa. “Os clientes solicitaram um apartamento bem colorido e confortável. Queriam um espaço cheio de vida. Selecionei uma combinação muito especial de tecidos e texturas para quebrar a monotonia e tivemos o cuidado de usar materiais resistentes por causa das crianças”, relata Carolina. Todo o mobiliário usado na decoração pertence ao acervo da família. O estilo retrô das peças trouxe bastante personalidade na ambientação, como a mesa de jantar com lustre, o aparador próximo à mesa de jantar e o sofá com tecido azul listrado, próximo ao vidro da sacada. Para que o apartamento tenha o perfil de uma casa, Carolina Kreling recomenda iluminação natural, móveis confortáveis e itens de toque delicado, como cortinas e tapetes.

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O bom uso do terraço gourmet dá o toque especial para quem não abre mão de viver em uma torre residencial, mas com detalhes que lembram o jeito especial de uma casa. Para obter esse resultado, a arquiteta Érica Salgueiro manteve o estilo clean e contemporâneo de um apartamento em um bairro nobre de São Paulo, mas aproveitou a varanda para criar um espaço despojado e relaxante “que remetesse aos quintais de casas”. Mesmo com todos os artifícios de estilo, materiais e revestimentos, devemos lembrar que o clima de casa depende da memória afetiva de cada família. Para isso, vale investir no resgate das boas lembranças de cada morador.

DICAS DOS ESPECIALISTAS

Em São Paulo, a varanda é integrada ao estar do apartamento. No décor, assinado pela arquiteta Érica Salgueiro, o despojamento reproduz a ideia dos “quintais das casas” Fotos: Evelyn Müller

Carina Korman

kormanarquitetos.com.br

Caroline Kreling

carolinekreling.com.br

Denise Barretto

denisebarretto.com.br

Érica Salgueiro

ericasalgueiro.com.br

Karina Korn

karinakorn.com.br

Imprimir o toque de casa nos apartamentos requer alguns itens fundamentais segundo arquitetos e designers. Veja aqui, uma lista básica do que é necessário para criar um mood mais do que especial. • Grandes aberturas para a integração de ambientes • Paredes com revestimentos que imitam tijolo aparente •Iluminação natural •Mobiliário despojado •Plantas e flores •Futons, redes e balanços •Objetos com memória afetiva •Pisos de madeira •Ladrilhos hidráulicos •Azulejos e pastilhas coloridas

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LIFESTYLE Urbe

VITAL Não basta ser sustentável, o conceito de casa saudável é o mais novo movimento na arquitetura

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ioarquitetura, ecodesign, casa ecológica. As nomenclaturas em torno do conceito de arquitetura verde se ampliam a cada novo passo da ciência. Desde o ano passado, a Escola TH Chan de Saúde Pública da Universidade de Harvard despertou ainda mais o interesse no assunto ao lançar o programa Healthy Buildings (Edifícios Saudáveis). O programa de estudos está sediado no 'Centro para o Clima, Saúde e Meio Ambiente Global', sob o comando do Dr. Joseph Allen, PhD em Saúde Pública. “O projeto Healthy Buildings foi idealizado para desenvolver pesquisas sobre como os ambientes construídos na atualidade impactam a saúde, produtividade e bem-estar das pessoas que os habitam a fim de jogar luz sobre como os futuros edifícios podem ajudar a ter uma vida mais saudável”, afirma Allen. O tema não é uma novidade, mas a criação do Healthy Buildings trouxe um novo impulso ao tema da saúde e bem-estar na arquitetura. Desde 2014, o International Well Building Institute trabalha com o primeiro sistema de classificação ao focar os impactos dos edifícios na saúde e bem-estar humanos: a certificação Well Building Standard.

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Desenhada pelo arquiteto Guilherme Torres, na capital paulista, essa residência tem ventilação cruzada, incluindo muxarabis de madeira cumaru no teto e vedações de vidro no pavimento térreo para aproveitar a luz natural e a vista que faz conexão permanente com a natureza. O pavimento superior tira partido de brise soleil de madeira, filtrando a luz e garantindo a ventilação Foto: Denilson Machado/MCA Estúdio


Para a arquiteta Maíra Macedo, gerente de Relações Institucionais e Governamentais do Green Building Council Brasil (renomada organização internacional, responsável pela certificação de sustentabilidade LEED), o conceito de casa saudável veio para somar os esforços das construções sustentáveis. “Quando o ambiente construído saudável prioriza as pessoas, ele é capaz de proporcionar melhora no conforto e bem-estar e isso reflete na saúde dos seus usuários. Está comprovado o aumento de produtividade em escritórios, de aprendizado nas escolas e também no aceleramento da evasão dos leitos hospitalares”, afirma a especialista do GBC Brasil. O Well Building Standard foi criado a partir de uma rigorosa pesquisa realizada em colaboração com médicos, cientistas e profissionais da indústria com foco na saúde e no bem-estar.

Os princípios de design biofílico se aplicam nessa espaçosa casa, na Califórnia, que tem uma árvore indoor

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Detalhe da casa em Londrina (PR), planejada pelo arquiteto Guilherme Torres. A farta iluminação natural, a integração dos espaços internos e externos e a simplicidade do paisagismo se aplicam ao conceito de design biofílico, ao estabelecer maior conexão da casa com a natureza. Foto: Rômulo Fialdini


De cima para baixo, os panos de vidro da casa em forma de loft definem o estilo de casa saudável; o uso da madeira nessa residência mantém o nível adequado de temperatura e umidade ao longo do dia; e o tradicional bangalô americano se moderniza com o vidro transparente como revestimento de parede

Os princípios básicos da construção saudável são o aproveitamento da iluminação natural e vista para o exterior, design biofílico (maior conexão com a natureza), qualidade do ar interno, projeto adequado de iluminação, conforto termoacústico, uso de materiais atóxicos, design ativo (incentivo ao exercício), ergonomia, qualidade da água, proteção contra radiações nocivas e manutenção saudável. Entre os tópicos da certificação do Well Building Institute, Maíra Macedo destaca a qualidade da água e do ar. “A realização de testes de potabilidade da água com o intuito de verificar a presença de bactérias, metais, cloro e outras substâncias ao lado da qualidade de ar com testes para verificar a presença de substâncias voláteis como formaldeídos e níveis de monóxido de carbono são fundamentais”, pontua a arquiteta. De acordo com ela, a relação da melhora dos edifícios para a vida de seus usuários se traduz na melhora de aprendizado em ambientes de escolas, aumento de produtividade no que tange aos ambientes de trabalho e aumento de vendas no varejo. “Edifícios são construídos para as pessoas que neles residem, trabalham, estudam ou passam momentos de lazer. Passamos cerca de 90% do nosso tempo dentro de ambientes construídos e por este motivo, eles exercem um impacto enorme em nosso bem-estar e saúde”, conclui Maíra. JUNHO 2019

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FUNDAMENTOS DA CASA SAUDÁVEL Iluminação Natural: Todos os espaços de habitação e trabalho devem ter iluminação natural em abundância e uma linha de visão direta com o exterior. Qualidade da Água: A água deve ser regularmente testada e mantida nos padrões nacionais de água potável, com um sistema de purificação de água para eliminar a contaminação. Barulho: A proteção contra ruídos externos e medidas para monitorar o ruído interno devem ser controladas. Umidade: As condições térmicas devem atender aos padrões de conforto e manter níveis consistentes de temperatura e umidade ao longo do dia.

Guilherme Torres

studioguilhermetorres.com Detalhe do projeto de arquitetura de Guilherme Torres para residência em São Paulo: o perfilado em lâminas de madeira contribui para a ventilação natural e a integração dos interiores com o jardim Foto: Denilson Machado/ MCA Estúdio.

Green Building Council Brasil gbcbrasil.org.br

Healthy Buildings forhealth.org

International Well Building Institute wellcertified.com


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TODO O CONFORTO E A LIBERDADE DE UMA CASA, COM A SEGURANÇA E A CONVENIÊNCIA DE UM APARTAMENTO.

Foto da fachada

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Rua Cotoxó, nº 1.290 Vendas:

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Realização e Construção:

Incorporadora responsável: Brookfield Cotoxó Empreendimentos Imobiliários Ltda., inscrita no CNPJ sob o nº 12.106.949/0001-50, com sede na cidade e estado de São Paulo, na Avenida Magalhães de Castro, nº 4.800, salas 11, 12, 21 e 22, Torre 3, Jardim Panorama. Projeto arquitetônico: Königsberger Vannucchi. Projeto paisagístico: Takeda. Projeto de decoração das áreas comuns: Claudia Albertini. Projeto aprovado conforme Alvará de Aprovação e Execução de Edificação Nova nº 2016/23312-00, de 01/11/2016. Memorial de Incorporação registrado sob o R. 03 da Matrícula nº 130.097, do 2º Oficial de Registro de Imóveis de São Paulo, datado de 01/12/2016. Todas as imagens e perspectivas aqui contidas são meramente ilustrativas. A tonalidade das cores, forma e textura pode sofrer alterações. Os acabamentos, quantidade de móveis, equipamentos e utensílios serão entregues conforme o Memorial Descritivo do empreendimento e projeto de decoração. Os móveis e utensílios são sugestões de decoração com dimensões comerciais e não fazem parte do contrato de aquisição da unidade. As medidas dos apartamentos são internas e de eixo a eixo. A vegetação exposta é meramente ilustrativa, apresenta o porte adulto de referência e será entregue de acordo com o projeto paisagístico, podendo apresentar diferenças de tamanho e porte. Intermediação: Tegra Vendas CRECI J2863-8. Material preliminar sujeito a alterações sem aviso prévio. *Inclusos 3,50m2 de depósito privativo.


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LIFESTYLE Wish List

LUXO Desenhada para a coleção Objets Nomades da Louis Vuitton, a cadeira de balanço Swing leva a assinatura da top designer espanhola Patricia Urquiola. br.louisvuitton.com/por-br/arte/the-objets-nomades

RELAX Com costuras que acentuam sua natureza gráfica e espírito contemporâneo, o sofá Freeman é um convite para o relaxamento. Criado pelo designer italiano Rodolfo Dordoni para a Minotti, o sofá é encontrado na sofisticada Atrium. atriumcollection.com.br

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CLAUDIA ALBERTINI

Com mais de vinte anos de experiência no mercado, a arquiteta Claudia Albertini tem uma atuação expressiva no segmento de incorporação imobiliária. Entre inúmeros projetos de apartamentos decorados, Claudia inclui alguns feitos especialmente para a Tegra: os residenciais Autoral, Brooklin Xpression e Pin Home Design, na capital paulista; e Grand Guanabara, em Campinas. Seu estilo reúne sofisticação, contemporaneidade e um toque diferenciado para cada projeto. “Lidamos com sonhos, ver meus clientes felizes é o que me motiva todos os dias”, afirma a arquiteta. Aqui, ela revela algumas de suas peças e lugares favoritos. claudiaalbertini.com.br


MIMO Fabricada pela alemã Classicon e com design de Sebastian Herkner, a Bell Table tem base de vidro e tampo de metal. A peça faz parte da estrelada coleção internacional da Casual Móveis. casualmoveis.com.br

LED Criada pelo designer alemão Daniel Becker, a luminária pendente Quasar – com estrutura de alumínio polido e lâmpada LED – faz parte da coleção Sparks da Archiproducts. archiproducts.com

SOFT Com base giratória e estofamento em fibra de poliéster, a cadeira Husk da B&B Italia tem design de Patricia Urquiola. No Brasil, é encontrada na Casual Móveis. casualmoveis.com.br

PELO MUNDO bar Sky Lounge | Amsterdam skyloungeamsterdam.com

restaurante 57 Lounge | Viena 57melia.com

hotel Sir ADAM | Amsterdam sirhotels.com/em/adam

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POR: Luiz Claudio Rodrigues FOTOS: Denilson Machado / Estúdio MCA CORTESIA: Studio Guilherme Torres

STAR QUALITY Dono de um estilo único, o designer Guilherme Torres se firma entre os melhores de sua geração

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A mesa Jet, ambientada em um dos projetos de design de interiores assinados por Guilherme Torres

ork it harder, better, faster”. Estas são as palavras que certamente servem de mantra para o designer Guilherme Torres. A inscrição – que significa trabalhe mais, melhor, mais rápido – está gravada na pele do seu braço esquerdo e foi emprestada de uma composição da dupla francesa de música eletrônica Daft Punk, duo que é um dos favoritos do designer e fonte de inspiração na vida e no trabalho. A tatuagem – uma das onze que cobrem a superfície do seu corpo – descreve com perfeição a ética e o compromisso com a qualidade do seu trabalho nas três frentes em que atua: design, arquitetura e interiores. Todas, garante ele, com a mesma simetria e importância em seu ofício, sem nenhum milímetro de diferença em sua preferência. “O que muda é a escala”, afirma. Na ativa desde 2001 e com escritórios em São Paulo e Nova York, Guilherme é paranaense, estudou Arquitetura em Londrina e iniciou sua carreira ainda na adolescência, como desenhista de um escritório de engenharia em Cianorte, sua cidade natal. Seu traçado contemporâneo, com notas minimalistas, volumes e a experimentação de materiais logo chamou a atenção da mídia especializada. Além dessas características, o trabalho de Guilherme é conhecido pela leveza e equilíbrio das formas. Qualidades que também não passaram despercebidas no mercado internacional. Em 2013, o designer ganhou os holofotes com a Mangue Groove, instalação de arte encomendada pela Swarovski exibida na Design Miami daquele ano e em 2017 foi listado entre os 100 melhores designers de interiores do mundo pelo Coveted Magazine. JUNHO 2019

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Sua criação em design ganha produção seriada através da Nos Furniture – empresa que criou em sociedade com a empresária Larissa Vanzo. Entre as peças mais recentes da companhia estão a Orbe Collection, desenvolvida a partir do arquétipo das cadeiras de três pés; a cadeira Wabi e a mesa Supernova. Entre os seus “clássicos” estão as mesas Fifties e Jet e o sofá Otto. No ano passado, o designer lançou a coleção de livros ‘Guilherme Torres Works – Stronger Collection’. Publicados pela editora Acácia Cultura, os três books saíram da prensa simultaneamente. A publicação – de mil páginas no total – faz um registro das duas décadas de carreira do profissional. A trilogia é composta pelos volumes ‘The Endless Book’, ‘Color Me’ e ‘Bad Ideas’. Os livros revelam a engenhosidade das estruturas de sua arquitetura, a diversidade de cores que estampam os projetos de interiores que levam sua assinatura e seu processo criativo. Para conhecer um pouco melhor o homem por trás do esteta refinado, Guilherme Torres concedeu uma entrevista exclusiva para a revista Tegra In. O leitor pode conferir nas páginas seguintes a sua íntegra.

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Em sentido horรกrio, a mesa Fifties, a poltrona Orbe, a mesa Jet e o sofรก Otto


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RETRATO: FELIPE ABE

EQUILÍBRIO, ZEN E PERFEIÇÃO Tegra In: Design, arquitetura e interiores. Você transita

muito bem entre essas três atividades, fale um pouco sobre sua experiência com cada uma delas. Guilherme Torres: A arquitetura possibilita um campo muito vasto. Uma vez que se domina o pensamento abstrato e o acresce de lógica, este entendimento pode ser aplicado em diversas áreas. Interiores, por exemplo, trata da ocupação da construção, pra mim é quase um pós-obra, apresentando soluções mais customizadas. O design, por outro lado, segue a mesma filosofia. O que muda é a escala. Tegra In: Seu trabalho na arquitetura e interiores é

caracterizado pelo traçado de linhas retas e, sobretudo, pela linguagem contemporânea no estilo. Quais são as suas influências no ato de criar? GT: O modernismo brasileiro dos anos 1950 e 1960 é riquíssimo. Mas foi um conhecimento que se perdeu. Repare que o país foi da vanguarda para o retrocesso numa velocidade vertiginosa. Procuro resgatar estes elementos tão típicos de nossa cultura, como o emprego de pilotis, muxarabis e cobogós, repaginados, claro. Infelizmente no Brasil, temos sempre o fator custo como determinante de projeto, por isso agregar inovação é algo extremamente desgastante. Por um lado, o cliente pode até comprar uma ideia, mas geralmente a engenharia apresenta uma certa letargia. Todo mundo só quer fazer mais do mesmo. Repare que isso é um karma latino. As arquiteturas chilena, paraguaia e portuguesa passam pelas mesmas dificuldades, mas, entretanto, considero as mais charmosas. Tegra In: Suas peças de design, em especial o mobiliário,

surpreendem pelos detalhes em relevo, com desenho geométrico e formas limpas que ganham vida com possíveis opções de revestimentos coloridos. Sua criação como designer passa o sentimento de leveza misturado com diversão. Suas peças transmitem e estimulam um ambiente alegre. Essa impressão é correta? GT: Não faço a menor ideia (risos). Nunca pensei no assunto, e se tentar responder esta questão não serei genuíno. Acredito que uma peça de design tem que pedir para nascer. Sou apenas um meio para que ela se manifeste e, claro, tudo muda com o tempo. Meus recentes projetos são um “turning point” das minhas peças de uma década atrás; mas não porque eu tenha ficado mais maduro. Nada disso. Móveis, como já diz o nome, são móveis. Podemos mudar, sem problemas. E gosto de um mundo colorido, em technicolor. JUNHO 2019

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Aqui, a poltrona Wabi. À direita, os três books da Stronger Collection: Bad Ideas,Color Me e The Endless Book


RETRATO: FELIPE ABE

Tegra In: Você se considera perfeccionista. Acredita na

perfeição absoluta? GT: Claro que acredito! Já tive a oportunidade de presenciar esta perfeição inúmeras vezes. Nem precisa ir muito além! Um copo de água pura, cheiro de terra molhada, pôr do sol, pão de queijo quentinho. Na minha mesa tem uma orquídea que todo dia me intriga por sua perfeição. Perfeccionismo, por outro lado, é uma forma de religião. Sou budista, e na filosofia oriental, tudo o que fazemos tem um sentido mais profundo. Por isso acredito que quando busco a harmonia num objeto externo, estou numa busca interior. Paro algumas vezes ao dia para refletir sobre isso. Tegra In: Observando com atenção seu trabalho, percebemos

o quanto ele tem de equilíbrio. Essa equalização racional de desenho, materiais e detalhes não deixa nenhum espaço para o improviso. Levando isso para sua vida pessoal, como é a sua casa no dia a dia? GT: Minha casa alterna períodos de perfeição com completo caos. A vida é assim, um fluxo de impermanência. Moro numa casa com quase 80 anos de idade, e por mais que já tenha feito um milhão de reparos, é um processo sem-fim – a cada chuva aparece uma goteira; se saio e deixo a porta do quarto aberta, quando volto o Bolt, meu cãozinho, já devorou o tapete… e por aí vai. O jardim um dia está lindo, em outra temporada morre. Mas dou permanente manutenção. E gosto dos períodos de desordem, porque reorganizo tudo de forma diferente. Sempre pensei em fazer um livro de interiores só com fotos da minha casa, tiradas nos mesmos ângulos. São diferentes modos de vida. Gosto de estar sempre em movimento. Tegra In: Como você avalia a casa contemporânea? O que as

pessoas querem na sua intimidade? GT: O ser humano é interessante justamente por causa de seus antagonismos. Ao mesmo tempo que todos falam sobre sustentabilidade, praticidade e economia, acredito que a casa ainda é e continuará a ser um instrumento de status. Cômodos grandes demais, com funções demais, materiais caros demais. O que procuro fazer sempre é apresentar soluções descomplicadas. Gosto de incentivar meus clientes a terem uma relação mais hedonista com seus objetos. No seguinte sentido: tenha um sofá lindo, e sente-se nele todos os dias. Tenha pratos lindos, e use-os no dia a dia. Não tenha nada “para visitas”. Ao contrário, divida o seu luxo pessoal com seus convidados. Luxo é dar o melhor para si, e oferecer a quem está a sua volta. Simples assim, e se algum dia alguém disser que eu fiz uma varanda gourmet, pode me internar. Tegra In: Quais caminhos irão tomar suas criações nas três

áreas que você atua? GT: Tenho impressão que a arquitetura vai morar comigo até a velhice, que os interiores ora casam e ora descasam, mas me darão netos lindos. E acho que o design sempre seguirá independente, ele não gosta de minha interferência. Guilherme Torres | studioguilhermetorres.com JUNHO 2019

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NEW ROMANTIC A Tufi Duek foi buscar inspiração no rock e no grunge da década de 1990 para dar o tom em sua coleção outono/inverno 2019. Para traduzir o conceito de “free spirit e new romantic” da coleção, a atriz Isis Valverde estrela a campanha da marca

FOTO: Fernando Tomaz | STYLING: Flavia Lafer | BELEZA: Henrique Martins

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rock e o grunge da década de 1990 são o cenário da coleção outono/inverno deste ano da Tufi Duek. A liberdade – sugerida pela icônica música ‘Freedom 90’ de George Michael – define o mood das peças. A sobreposição de coletes, saias midi e camisas oversized influenciam na construção da silhueta e trazem à tona o “free spirit e new romantic”, característicos do movimento grunge. Couro, xadrez e referências militares compõem a coleção. O primeiro ganha vida em releituras de jaquetas e calças bikers, enquanto o segundo aparece na versão tweed estampado sobre organza. As referências ao militarismo ficam por conta das opções de trench coats e estampa de camuflagem. A cartela de cores – predominantemente neutra – tem o cinza mescla, preto, off-white e azul-marinho. Tons de vermelho e amarelo aquecem a paleta, enquanto pontos de luz surgem com uso de metalizados em cobre e prata. O azul-marinho prussiano reforça a importância do denim como inspiração. Separada por grupo de estampas, a coleção é composta por 30 peças e apresenta cinco coordenados: Berlin: Com uma silhueta de cintura bem marcada e modelagem com influência militar e esportista em tons de preto, branco, khaki milk, prata, azul life, azul prussiano e amarelo dijon. A estampa gráfica e urbana desenha-

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da com toque artsy divide espaço com o paetê xadrez rebordado de miçangas; The Wall: O coordenado colorido e casual é uma referência às grades e fendas do muro de Berlim em desconstrução. Peças em circe new 100% seda elaboradas com amarrações constroem looks despojados e sofisticados em tons de preto, branco, amarelo dijon, azul azzure, verde vida e verde Sophia. O destaque fica com a mistura de jeans e alfaiataria na mesma peça; Freedom: O contraste do azul sky com o marrom serve como base. O off-white, bordô rubiberry e cinza mescla completam o coordenado estampado por flores leves e femininas feitas à mão em técnica de aquarela. Os zíperes estratégicos e a versatilidade das peças em couro transformam qualquer produção; Grunge: Construído de forma fotográfica, o tweed xadrez estampado sobre organza de seda traz o luxo ao grunge com textura e brilho sutil. A cartela de cores destaca o azul e o roxo alexandrita e é complementada pelo preto e off-white; e o Camuflage: Neste grupo, a inspiração foram os conflitos que levaram à queda do muro de Berlim. Um coordenado com influência esportiva, as peças como macacão de corredor em tafetá e jogging em moletom lurex, trazem sofisticação em conjunto com as cores vermelho escarlate, bege blanchett, cobre e cinza mescla.


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O rosto da coleção Outono / Inverno da Tufi Duek é o da atriz Isis Valverde, o primeiro trabalho que ela fez depois do nascimento do seu primeiro filho Rael, nascido em novembro do ano passado e fruto do seu casamento com o modelo André Resende. Isis foi modelo dos 15 aos 17 anos e, segundo ela, a sessão de fotos com o fotógrafo Fernando Tomaz “foi divertida”.

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CIDADE

Tecnologia

REVOLUÇÃO DIGITAL

O impacto da tecnologia 5G com a emersão da Inteligência Artificial, Internet das Coisas e do Big Data POR: Luiz Claudio Rodrigues


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s bastidores das indústrias de telecomunicação e tecnologia digital estão em polvorosa. O advento do 5G promete ser a grande revolução que irá separar definitivamente o mundo no qual vivemos hoje para uma era nunca antes vista na história. Com o 5G – a nova geração de internet banda larga que irá suceder o 4G em 2020 – entraremos em uma nova fase no mundo digital com a conexão simultânea das indústrias, serviços e das coisas (máquinas e eletrônicos). “O 5G é uma tecnologia de propósito geral, que não afeta somente um setor da economia, mas a humanidade como um todo”, afirma Rafael Steinheuser, presidente da Qualcomm para a América Latina, empresa fabricante de chips para dispositivos móveis. Os especialistas comparam a banda larga de quinta geração a outras inovações que mudaram para sempre as relações humanas como a imprensa de Gutenberg, a eletricidade e a corrida espacial que levou o homem à lua. Mudanças que lançaram novos paradigmas, mas nunca em uma escala global e simultânea. A evolução da tecnologia tem sido gradual e quase imperceptível à grande maioria da população. Primeiro os países foram conectados por cabos submarinos com o telégrafo no século 19. Mais tarde, as casas se ligaram umas às outras com a te-

lefonia fixa. Então, as pessoas se conectaram entre si, com o celular e a internet móvel. O 5G não irá causar impacto somente em nossos celulares ao aumentar de 20 a 100 vezes mais rápida a transmissão de dados, com downloads e uploads quase instantâneos. O potencial vai muito além dos smartphones. “Agora entramos na fase da conexão de tudo o que conhecemos”, afirma Tiago Machado, diretor de relações institucionais da Ericsson. Com as grandes velocidades de navegação haverá uma intensificação inédita na troca de dados. Tal qual uma fusão nuclear, o 5G é a energia que faltava para acionar integralmente o Big data (o maior banco de dados digitais do mundo), a Inteligência Artificial e a Internet das Coisas (o Iot como é internacionalmente conhecido). De acordo com os especialistas, o 5G será controlado pela Inteligência Artificial e será um grande cobertor digital onde tudo estará conectado e monitorado, desde câmeras de segurança no trânsito, maquinário industrial, sistemas bancários, transporte coletivo, eletrodomésticos, carros autônomos, meios de

pagamento e absolutamente tudo que tenha uma interface digital. Para Eduardo Ricotta, presidente da Ericsson América do Sul, o grande diferencial do 5G está na irrupção da indústria 4.0, associada à Internet das Coisas. “A digitalização será uma realidade em muito pouco tempo. Tudo vai mudar”, opina o executivo. A indústria 4.0 é o conceito que engloba as principais inovações tecnológicas no campo de automação, controle e tecnologia da informação, aplicadas aos processos de manufatura. “A partir de sistemas cyber-físicos, Internet das Coisas e internet dos serviços, os processos de produção tendem a se tornar cada vez mais eficientes, autônomos e customizáveis”, diz Cristiano Bertulucci Silveira, engenheiro e diretor da Citisystems. JUNHO 2019

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CIDADE

Tecnologia

Indústria 4.0 De acordo com ele, isso significa um novo período no contexto das grandes revoluções industriais. “Com as fábricas inteligentes, diversas mudanças ocorrerão na forma como os produtos serão manufaturados, causando impacto em diversos setores”, completa o engenheiro. Com capacidade de operação em tempo real, o 5G disponibilizará dados de forma praticamente instantânea, permitindo a tomada de decisões em tempo real. O reverso da medalha é que nessa profusão de dados a privacidade pessoal pode se transformar em algo do passado. Nessa guerra entre Estados Unidos e a China pelo domínio da tecnologia 5G, o tema espionagem é o mais citado, desde informações de empresas a dados de usuários da internet. Seja qual for a potência que domine as tecnologias mais avançadas, o 5G será um divisor de águas paras as nações. As grandes empresas e os líderes governamentais vêm avançando no domínio de áreas de inteligência artificial e telecomunicações, com dados valiosos sobre o comportamento das pessoas. Ao que parece, no futuro todos os cidadãos serão transparentes e os Estados opacos. 66

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O termo indústria 4.0 se originou a partir de um projeto de estratégias do governo alemão voltadas à tecnologia. O termo foi usado pela primeira vez na Feira de Hannover em 2011. Em 2012, o grupo responsável pelo projeto, ministrado por Siegfried Dais (Robert Bosch GmbH) e Kagermann (Acatech), apresentou um relatório de recomendações para o governo federal alemão, a fim de planejar sua implantação. No ano seguinte, foi publicado na mesma feira um trabalho final sobre o desenvolvimento da indústria 4.0. Seu fundamento básico implica que conectando máquinas, sistemas e ativos, as empresas poderão criar redes inteligentes ao longo de toda a cadeia de valor que podem controlar os módulos da produção de forma autônoma. Ou seja, as fábricas inteligentes terão a capacidade e a autonomia para agendar manutenções, prever falhas nos processos e se adaptar aos requisitos e mudanças não planejadas na produção. (Por Citisystems)

5G no Brasil De acordo com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), o início dos leilões do 5G no Brasil irão acontecer no primeiro semestre de 2020. Segundo a edição mais recente da Mobile World Congress (realizada em fevereiro passado em Barcelona), a competição é global e envolve gigantes das telecomunicações como a Huawei (chinesa), Ericsson (sueca), Nokia (finlandesa) e as americanas Qualcomm e Intel.



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TODO MUNDO JUNTO

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Beto Magalhães bmagalhaes.com.br

Cris Paola

studiocrispaola.com.br

Cristiane Schiavoni cristianeschiavoni.com.br

Cubo

cubo.network

Marcelo Rosset

marcelorosset.com.br

PLUG plug.co

STATE state.is

À direita, os espaços compartilhados do Cubo, hub de conexão entre startups, empreendedores e grandes empresas, na capital paulista Foto: Celso Doni. Abaixo, perspectiva ilustrada do STATE, instalado em uma antiga fábrica metalúrgica, de 20 mil m2 na Vila Leopoldina, em São Paulo, com inauguração prevista para setembro deste ano


Como espaços plurais de compartilhamento de ideias e negócios, os coworkings se firmam como ambientes de inovação na cidade, enquanto os home offices se transformam em ambientes complementares para quem transita entre esses dois universos

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POR: Luiz Claudio Rodrigues

os últimos anos, as mudanças na economia têm alcançado reflexo imediato no comportamento das pessoas em todo mundo. Em especial, profissionais liberais, executivos e uma nova geração inserida na economia criativa. Todos empreendedores que buscam novas maneiras de morar e trabalhar na cidade. De um lado, o revival dos home offices. Do outro, as inovações dos coworkings. Dois espaços que se complementam fora dos tradicionais ambientes corporativos. A inspiração para o surgimento dos coworkings está diretamente relacionada aos espaços compartilhados de trabalho criados por jovens no Vale do Silício, na Califórnia, próximos das empresas de tecnologia, eletrônicos e informática. O sucesso desse novo tipo de espaço de trabalho ao reunir profissionais de diversas áreas em ambientes de atmosfera relaxada, construtivos e propícios à inovação estabeleceu um novo jeito das pessoas se relacionarem. Os encontros nos coworkings, em sua maioria informais, conectam pessoas sonhadoras e ambiciosas de diferentes áreas. Sem horários ou estações de trabalho determinados, os coworkings combinam características de liberdade, flexibilidade e cooperação. Esta última, um fator determinante para evitar o isolamento de quem faz trabalhos remotos em home offices. “Acredito que o coworking é um fenômeno natural que vem crescendo para atender as novas demandas das empresas e startups, as quais valorizam os serviços que um coworking oferece e

principalmente a flexibilidade de entrar e sair, crescer e diminuir, sem precisar investir em CAPEX (despesas de capital ou investimento em bens de capital) ou se comprometer com contratos de longo prazo. O compartilhamento de recursos já é uma realidade que o mundo vive e com os espaços de trabalho não deveria ser diferente. Coworking é um fenômeno que já provou suas vantagens e tem muito a crescer. Acredito que estamos no início da curva de crescimento”, avalia Jorge Pacheco, um dos pioneiros em coworking no Brasil, sócio fundador da rede de espaços PLUG, um dos fundadores do Cubo e atual CEO do STATE. Pelo pioneirismo, o Cubo – companhia de empreendedorismo do banco Itaú em parceria com o fundo Redpoint eVentures – desde a sua fundação em 2015 até os dias de hoje só tem evoluído. Atualmente, o Cubo é um hub de conexão entre startups, empreendedores, grandes empresas, investidores, universidade e comunidade para geração de negócios e conhecimento. As empresas trabalham em modelo de espaço compartilhado, mas passam por um processo de curadoria para participar do ecossistema do Cubo, diferente de um coworking tradicional. Em sua nova sede na Vila Olímpia, com uma área total de 20 mil metros quadrados, o local recebe mais de 2 mil pessoas diariamente para gerar negócios com as mais de 300 startups do seu portfólio. “Fomos muito bem-sucedidos na iniciativa, idealizada para ser o Vale do Silício do Brasil. JUNHO 2019

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O Cubo se transformou em referência ao redor do mundo em seus modelos de conexão e densidade”, afirma Ricardo Guerra, diretor-executivo do Itaú Unibanco. Uma das novidades do coworking é a criação de cinco verticais, todas identificadas como vocações de mercado, que passam a sustentar o seu estágio atual: Saúde, Comércio, Educação, Indústria e Fintech. Segundo Flavio Pripas, diretor do Cubo, a vocação do hub foi atingida muito rapidamente e o objetivo agora é gerar mais oportunidades de negócio e mais valor no mercado. “Potencializamos o desenvolvimento das startups do mercado e ajudamos as empresas parceiras a alcançarem a agilidade necessária para continuar evoluindo por meio da transformação digital. Demonstramos ao mercado o que significa abrir as portas para novas formas de trabalhar e o que é inovação na prática”, diz Pripas. O pioneirismo catalisou esforços similares de ícones de outros segmentos, como saúde e educação. “Esse grupo de empresas vai gerar ondas de muito impacto daqui para frente. Agora, vamos fazer outras duas ou três décadas nos próximos três anos”, comemora Anderson Thees, sócio da Redpoint. Outro hub – previsto para ser aberto em setembro deste ano – que está em vias de se tornar um novo point de negócios é o STATE. Instalado em uma antiga fábrica metalúrgica dos anos 1950, na Vila Leopoldina, área urbana estratégica para o futuro de São Paulo. O hub terá 20 mil metros quadrados e pretende ser um epicentro de inovação voltado para a indústria 4.0, in70

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dústria criativa e soluções urbanas. “O lugar nasce com o propósito de oferecer infraestrutura e formar uma forte comunidade composta por artistas, makers, startups e ambiciosas corporações para junto gerarem mudanças de impacto real na sociedade”, afirma Jorge Pacheco, co-fundador e CEO do STATE. O novo espaço será composto por grandes áreas para as empresas montarem seus centros de inovação e laboratórios de pesquisa e prototipagem, entre outros.

Arquitetura e Interiores

Flexibilidade, despojamento e informalidade. Essa parece ser a tríade por trás de todo coworking de sucesso. O arquiteto Beto Magalhães acumula uma série de projetos de coworkings na capital paulista e outros Estados. Para ele, a flexibilidade é fundamental para a organização do espaço. “A flexibilidade deve ser tanto construtiva quanto de linguagem. Os elementos mais despojados devem estar equilibrados com a sobriedade para que se possa atingir todo tipo de público. Além disso, os coworkings costumam sofrer alterações ao longo do tempo, portanto é preciso pensar um espaço que comporte essas mudanças sem perder as características”, ensina o arquiteto. Para ele, as pessoas inseridas em uma atmosfera de despojamento ficam mais à vontade, se sentem em casa. “Você quebra a barreira entre as pessoas e facilita a fluidez natural das relações e interações”, completa o arquiteto.

Perspectiva ilustrada do STATE revela a dimensão de suas instalações que promete contribuir para a reurbanização da Vila Leopoldina, na zona oeste de São Paulo. Os idealizadores do novo hub estimam que o espaço terá uma circulação diária de mais de 3 mil pessoas


No conforto de casa

Entre idas e vindas, o home office alternou momentos de euforia e depressão. Agora o home office passa por uma nova fase. Com os avanços da tecnologia digital, os home offices da atualidade são espaços complementares para quem trabalha em uma empresa convencional ou em coworkings. A conectividade trouxe o home office para uma nova dimensão nos dias de hoje. O modelo de trabalho oferece uma série de vantagens, mas existem alguns pontos a serem observados para quem adotou o trabalho remoto no ambiente do lar. A publicitária Michelle de Paula trabalha como produtora de conteúdo e consultora de marketing em casa há três anos. “Eu brinco que trabalho na nuvem. Posso trabalhar a qualquer hora e em qualquer lugar. Como os arquivos na nuvem podem ser acessados a qualquer instante, me sinto confortável em trabalhar dessa maneira. Hoje como empreendedora vejo que faz mais sentido ter mobilidade do que lugar físico. A maior parte do tempo, quando estou criando um projeto ou finalizando alguma entrega, estou em casa ou em espaços compartilhados”, afirma a publicitária. Michelle acredita permanecer mais focada quando está trabalhando em casa, sem dispersão ou distração com outros afazeres.

“Não é porque estou em casa que estou para a casa. Costumo estabelecer uma rotina. Trabalho normalmente oito horas por dia e nos fins de semana quando é conveniente, mas sempre com paradas pontuais para as refeições”, diz Michelle, que nos momentos em que não precisa estar full time em um projeto aproveita para ir a cafés ou espaços compartilhados abertos, como o Google Campus. “Gosto de ver gente e acho a troca extremamente importante”, revela. De acordo com o arquiteto Marcelo Rosset, o home office em alguns casos é tão valorizado quanto os espaços de convivência numa casa. “As pessoas acabam passando grande parte do seu dia neste ambiente. Em algumas residências, quando possível, destinamos um ambiente inteiro para eles. A ideia é que sejam confortáveis e se integrem com o visual da casa”, pontua o arquiteto. Outro detalhe importante é avaliar que tipo de escritório se quer em casa: um ambiente para trabalhar todos os dias ou para ser usado pontualmente, como um espaço de apoio para atividades fora do escritório. “Vale muito ter um espaço com a cara do dono. Se o ambiente for agradável, o rendimento de trabalho será ainda melhor”, ensina a arquiteta Cristiane Schiavoni.

Em sentido horário, três home offices planejados pelos arquitetos Marcelo Rosset (Foto: Marco Antônio), Cris Paola (Foto: Hamilton Pena) e Cristiane Schiavoni (Foto: Carlos Piratininga)

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Insider

Um dos pioneiros em coworking no Brasil, sócio fundador da rede de espaços PLUG e um dos fundadores do Cubo, o empreendedor Jorge Pacheco atualmente é sócio da Sangha Investments, boutique de investimentos em projetos de impacto e co-fundador do Dinamo, grupo de políticas públicas, focado em empreendedorismo e tecnologia. Antes de se tornar um empreendedor, Jorge trabalhou mais de dez anos no mercado financeiro desenvolvendo projetos de finanças estruturadas, private equity e turn around no Citibank, BCP Securities, TVP Latam e Mercatto Investimentos. Jorge é co-fundador e CEO da STATE, coworking associado ao projeto PIU Vila Leopoldina, liderado pelo Grupo Votorantim. O empreendedor concedeu uma entrevista exclusiva para a Tegra In para sabermos um pouco mais sobre o seu mais recente projeto. Tegra In: Quando foi dado o start para você atuar com

Tegra In: Quais segmentos de atividades profissionais são

coworkings? Jorge Pacheco: Quando iniciei meu projeto de coworking em 2011 era algo muito novo e tínhamos pouquíssimas referências. Na época, meus sócios e eu viajamos para os Estados Unidos, Europa e Ásia para visitar modelos de coworking e trazer inspiração. Mesmo nestes outros mercados, coworking ainda era algo iniciando e não havia nenhum grande player. Mesmo o WeWork ainda era pequeno e tinha apenas três unidades em Nova York. Iniciar um coworking no Brasil era uma aposta, mas acreditávamos no modelo, afinal, o mundo estava mudando e já podíamos prever a ascensão da economia compartilhada chegar também aos escritórios.

atraídas para os coworkings? Há um perfil genérico desses profissionais? Existe afinidade ou diversidade nesse convívio? JP: No início era comum ver em coworkings apenas profissionais autônomos, startups e pequenas agências digitais ou da indústria criativa. Com o tempo, isso se ampliou muito e hoje vemos uma grande diversidade de pessoas, empresas e negócios dentro de espaços de coworking. Entre todos, acredito que a presença que mais se vem destacando sejam as grandes corporações que cada vez mais têm alocado times de trabalho dentro desses espaços. As vantagens são muitas e vão desde redução de custos até a flexibilidade de uso. Podemos observar isso analisando as carteiras de clientes de grandes players como o WeWork ou IWG (Regus), nas quais mais de 40% hoje são ocupados por equipes de grandes e médias empresas. Sejam autônomos, startups ou grandes empresas, quem habita os espaços de coworking são pessoas diversas e o convívio diário delas cria afinidade e gera oportunidades para todos.

Tegra In: Os espaços de coworking costumam reunir

profissionais de diversas áreas. Ao compartilhar o mesmo ambiente de trabalho, essas pessoas se conectam pelo convívio. Essa conexão estimula a criatividade e a inovação? JP: Sem dúvida. A criatividade e a inovação não surgem do nada, e sim de influências e referências que vemos e absorvemos durante processos para solução de problemas. O ambiente de coworking e o convívio com outras pessoas, startups e negócios estimulam isso. Só de estar no mesmo ambiente já é um grande estímulo, no entanto, o valor pode ser ampliado no momento que as pessoas estão abertas para compartilhar seus projetos, objetivos e problemas. Quando isso acontece, novas ideias, aprendizados e surgimento de novos negócios acontecem até quando pessoas se esbarram na hora de tomar um café. 72

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Tegra In: Como você avalia a gestão operacional que você fez

no Cubo? Você participou de sua criação? Como foi essa experiência? JP: Quando o Itaú começou a desenvolver o projeto do Cubo veio falar com a PLUG para ajudarmos na gestão operacional do espaço. Até então, a PLUG era a principal referência de coworking no Brasil e, principalmente, de hub de startups, visto que já tínhamos uma agenda intensa de eventos, programas de


Perspectiva ilustrada com vista aérea do STATE, hub comandado por Jorge Pacheco

aceleração, hackathons, além de hospedarmos em nosso espaço iniciativas como a Associação Brasileira de Startups, Anjos do Brasil, Startup Farm e Tech Stars, entre outros. Nossa experiência no Cubo foi bastante rica, principalmente por participar desse projeto que foi um dos maiores responsáveis por estimular a aproximação de grandes empresas e startups no Brasil. O Cubo virou uma referência e graças a isso muitas empresas e pessoas passaram a saber o que era um coworking e até mesmo o que eram startups. Muitas ações foram feitas para estimular essa aproximação, entre elas uma intensa agenda de eventos. Nos primeiros três anos do Cubo chegávamos a fazer sete eventos por dia, esses sempre relacionados ao ecossistema de inovação, tecnologia e empreendedorismo.

iniciar um negócio lá do que no Brasil. Aqui, ainda predominam espaços de coworking “de bairro”, pequenos e administrados por empreendedores que muitas vezes têm atividades profissionais paralelas para gerar renda extra. A atividade de coworking pode parecer simples, mas requer grande disciplina operacional para poder proporcionar a melhor experiência aos seus residentes, além de requerer recursos para poder ofertar uma infraestrutura de ponta. Estes pontos são talvez a maior deficiência na maioria dos espaços de coworkings brasileiros e isso contribuiu para a grande ascensão de players estrangeiros, como o WeWork, por exemplo. Quando eles chegaram no Brasil, encontraram quase um oceano azul a ser desbravado devido ao pequeno número de espaços de coworking, ausência de grandes players, pouco pragmatismo de gestão e pouca infraestrutura nesses espaços locais.

Tegra In: Como foi criada a rede PLUG? JP: Em

2010-2011 havia o sonho de criar um hub para nos aproximar de empreendedores e startups e assim criarmos oportunidades para investir nelas. Sempre acreditei que mais vale conviver no dia a dia com empreendedores e ver eles trabalhando e se relacionando do que investir em apresentações de power point e planilhas com projeções. Assim, a PLUG surgiu com intenção de ser uma incubadora que pagaria seus custos fixos através de locação de posições de trabalho hospedando startups. Assim rodamos por um tempo e chegamos a investir em 5 startups. Com o tempo, vimos que haviam reais oportunidades de negócios imobiliários com coworking e decidimos focar para sermos os melhores operadores de coworking no mercado. A partir daí tivemos anos consecutivos com taxa de crescimento acima de 50% ao ano e abrimos diversas unidades tanto de espaços próprios como gerindo espaços de terceiros. Tivemos operações em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e também em Boston, nos Estados Unidos. Tegra In: Com o PLUG você acumula experiências nos

Estados Unidos e no Brasil. Quais são as diferenças e semelhanças da dinâmica no dia a dia nos dois países? Há um diferencial? JP: Sim, principalmente em relação à competitividade e ao profissionalismo na condução dos negócios. Sem dúvidas, operar um negócio de coworking nos Estados Unidos é muito mais competitivo que no Brasil e consequentemente muito mais difícil de se destacar lá. Ao mesmo tempo, é muito mais fácil levantar capital e

Tegra In: Atualmente você está envolvido com a criação do

STATE. Qual é a previsão para a data de sua abertura? JP: O STATE é o retrofit de uma antiga indústria metalúrgica. No futuro também pretendemos criar um hotel/co-living para hospedar pessoas do mundo todo que estejam desenvolvendo algum projeto no STATE. Pretendemos inaugurar a primeira fase do projeto em setembro deste ano. Tegra in: O espaço ocupado pelo STATE é um galpão antigo

revitalizado na Vila Leopoldina. Você afirma que o espaço irá contribuir na reurbanização de uma parte do bairro e também a mobilidade. Você pode detalhar como o STATE irá impactar o bairro quanto à reurbanização e à mobilidade? JP: Estimamos que mais de três mil pessoas irão circular no STATE diariamente, levando um fluxo de pessoas para uma região que está recém-iniciada em uma curva de desenvolvimento. Isso estimula novos empreendimentos, serviços e mobilidade local. O STATE também está associado ao projeto do PIU Vila Leopoldina, liderado pelo Grupo Votorantim, e que busca investir para reurbanizar uma área com mais de 300 mil metros quadrados no bairro. Faz parte do projeto, a criação de prédios de moradia popular, abertura de ruas, criação de praças, entre outros. Junto ao STATE também há a iniciativa da ARCA, um grande galpão transformado em espaço de eventos e que inaugurou em outubro do ano passado com o São Paulo Fashion Week. JUNHO 2019

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GASTRONOMIA Gourmet

DOCES

BÁRBAROS Massas úmidas de chocolate, caramelos com flor de sal, mel orgânico. Esses são alguns dos ingredientes selecionados pelo confeiteiro Stefan Behar preparar suas delícias. Com tanto esmero, em apenas três anos, seus doces se tornaram objetos do desejo de quem gosta do mix de sabor e estilo FOTOS: Marcelo Donatelli

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á seis anos, Stefan Behar abandonou a carreira de executivo de marketing em uma marca de luxo – a famosa Louis Vuitton – para fazer brigadeiros. Com uma panela, uma espátula e uma coleção de formas, o aprendiz de confeiteiro fazia doces para vender aos amigos e conhecidos. Com a clientela crescendo, a produção – antes de virar um negócio – somava 1.200 docinhos por semana. “Todo mundo achou uma loucura. Meus pais desaprovaram totalmente, mas sempre fui apaixonado por gastronomia, além de ser obcecado por papelaria e louças”, afirmou o confeiteiro para uma edição da revista Vogue, em 2017. Quando decidiu abandonar o trabalho de executivo, Stefan optou em fazer um ano sabático pela Europa para conhecer matérias-primas, equipamentos, embalagens e formas. Para aumentar a bagagem de conhecimento no métier, fez cursos na França, mas confessa que desenvolveu suas próprias receitas, com muitas tentativas e erros, mas sempre com as orientações de Paulete, cozinheira da família, para chegar ao ponto certo de cada receita. Depois de adquirir expertise em pâtisseries na França, Itália, Bélgica e Estados Unidos, Stefan retornou para casa e convenceu a mãe a investir em seu novo negócio, que prontamente lhe deu uma cozinha industrial de presente, com o que há de mais moderno e tecnológico. E foi assim que nasceu a Stefan Behar Sucré, em 2013.

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O bolo de mel da Stefan Behar SucrĂŠ: um dos favoritos da clientela


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GASTRONOMIA Gourmet


Os docinhos com design delicado da Stefan Behar Sucré e, à esquerda, o confeiteiro em frente à sua loja no Iguatemi Shopping

Stefan Behar aprendeu com a mãe a atenção aos detalhes, o sabor e a apresentação dos pratos. Lições que deram a marca registrada da sofisticação de sua fina confeitaria

O papel da mãe no sonho do filho foi além de uma simples investidora. Marcia Dabus Behar é conhecida pelo extremo bom gosto e pela elegância em receber bem nas ocasiões especiais. Marcia transmitiu ao filho a obsessão em receber bem, os cuidados com o detalhes, o sabor e a apresentação. Graças a essas lições, Stefan desenvolveu desenhos, formas e caixinhas exclusivas para sua loja. Os bolos são servidos em louças especialmente desenhadas para suas receitas, assim como as estampas de toile de jouy das embalagens das caixas. Stefan chegou a criar um estúdio para desenvolver todo o conceito de design por trás da marca. Mas o detalhe não está só na forma, o conteúdo é primordial para o seu sucesso. Os ovos usados na fabricação dos doces são orgânicos, assim como o mel, comprado de um pequeno produtor local. A

principal matéria-prima, o chocolate, é encomendado na França. Stefan divide os exigentes e fiéis clientes em duas categorias: o expert em chocolate e os que admiram uma apresentação especial dos produtos. Por conta desse requinte na apresentação, muitos clientes compram para presentear por causa das caixas e louças. Para seu ponto de venda no Iguatemi Shopping, Stefan não economizou na ambientação. A loja exibe balcão de mármore de Carrara, lustres de cristal e prateleiras com acabamento dourado. Entre os favoritos de sua fiel clientela estão a enorme barra de chocolate dourada com recheio de Nutella e o bolos de mel, maçã e de brigadeiro de pistache. Do refinado sabor de seus doces à apresentação sofisticada, a Stefan Behar Sucré está no topo das docerias de quem ama doces no Brasil e no mundo. @stefanbeharsucre

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GASTRONOMIA Comer & Beber

O revival de um

Clássico Sofisticado e com sabor marcante, o gin volta a ser a bebida da temporada

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ue o Gin Tônica, o Dry Martini e o Cosmopolitan são clássicos da coquetelaria internacional todo mundo sabe. Que são preparados com gin também. Mas porque uma bebida tão antiga de uns anos para cá se tornou a queridinha dos drinks mais pedidos nos bares da moda em São Paulo e no Rio? Sucesso ele sempre teve, mas nas décadas de 1990 e 2000 o gin ficou mais nas prateleiras do que nos balcões dos bares. Diz a lenda que o seu revival aconteceu por volta de 2007, quando alguns chefs de cozinha espanhóis, ao fechar a cozinha nos dias mais quentes, saboreavam uma grande taça de Gin Tônica para celebrar, junto com a equipe, mais um dia de missão cumprida. Com esse aval, em um pulo a bebida voltou a cair nas graças dos bartenders mais descolados de Madri, Ibiza e Barcelona. E, assim, o gin voltou a circular nas grandes rodas dos apreciadores de um bom drink e ganhou o mundo mais uma vez. Em São Paulo e no Rio de Janeiro, a bebida é a bola da vez. Na capital paulista, os aficionados gostam de se refrescar com seu teor alcoólico nos bares Picco, Caracol, Jiquitaia, Espaço Zebra, Caju (no hotel Four Seasons), Cofre SubAstor (no Farol Santander) e no Bar dos Arcos (no subsolo do Theatro Municipal). Por sua vez, os cariocas apaixonados por gin frequentam o bar do restaurante Oteque, além do Astor, Maguje e o Bar and Company. Todos com uma carta especial de drinks feitos com receitas exclusivas que combinam gin, outras bebidas e segredos que só os bartenders estrelados conseguem produzir. De acor-

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do com a consultora de bebidas Alessandra Forma, o mercado brasileiro está bastante receptivo ao gin. “Nos bares dedicados à bebida são encontrados mais de 40 rótulos de gin”, afirma a especialista. Fora os drinks clássicos feitos com a bebida, Alessandra destaca o sucesso do Negroni, que para ela é “uma tara paulistana”. Amado pelos hipsters, o Negroni nem de longe é moderno. O coquetel nasceu em 1919 em Florença, na Itália. Na época, havia o Americano preparado com bitter e vermute rosé. E, num belo dia, o conde Camilo Negroni pediu para adicionar dry gin no seu Americano. O Negroni dos dias recentes, que se tornou um must entre a rapaziada, é feito com a mistura de gin, vermute rosso e campari, finalizado com uma finíssima casca de laranja em sua borda. Nem só de Tanqueray, Bombay Sapphire e Hendrick’s gira o universo dos gin lovers. Empresários brasileiros passaram a investir na produção de gin nacional e a partir de 2016 os primeiros rótulos apareceram. Entre os mais conhecidos estão o Amázzoni, Loki, Arapuru, Virga, BEG e Ivy. Rótulos com safras apreciadas aqui e lá fora. Na premiação deste ano do World Gin Awards, em Londres, a marca Amázzoni – dos empresários Arturo Isola e Alexandre Massa – foi eleita como a melhor produtora artesanal de gin do mundo. E, como a alma de todo gin está no blend de botânicos usados em sua composição, a Amázzoni provavelmente levou um pouco do sabor brasileiro em seu destilado, certamente bem apreciado pelos jurados da premiação.


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GASTRONOMIA Comer & Beber

A alma do gin são os botânicos O zimbro é o ingrediente básico na destilação de todo gin. Conhecido internacionalmente como juniper berry, o zimbro é o fruto das árvores do gênero Juniperus, da família dos ciprestes. Ele e uma infinidade de botânicos – ao gosto de cada produtor – produzem uma diversidade de sabores para o gin. Os produtores costumam usar em suas destilações de gin espécies como anis, angélica, gengibre, cardamomo, semente de coentro, cascas de cítricos, erva-doce e por aí vai. Cada um com seu lote de botânicos combinados, desde que se tenha zimbro, faz o seu gin. E, nesse sentido, o céu é o limite. No caso do brasileiro Amázzoni, o blend de botânicos inclui maxixe, cascas de tangerina, limão siciliano, aroeira, cacau, castanha-do-pará, louro, semente de coentro e cipó-bravo. Essa diversidade de composições é que faz o gin ter diversos sabores em todo o mundo, cada um com um perfil aromático.

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TIPOS DE GIN Dutch Gin Também conhecido como Holland, Genever e Jenever. Esse tipo de gin é levemente aromático e é feito tradicionalmente com álcool de milho, centeio e cevada, em proporções idênticas. Dry Gin O tipo mais popular em todo o mundo. Produzido com álcool de grãos e tradicionalmente produzido na Inglaterra, com conteúdo alcoólico entre 40% e 50%, denominado London Dry ou English Dry. Como seu próprio nome diz, a bebida é mais seca. Gin seco O destilado contém até 6 gramas de açúcar por litro. Old Ton Gin Também conhecido como gin doce ou gin cordial. Nessa categoria, a bebida contém acima de 6 e até 15 gramas de açúcar por litro. Obs.: Pela legislação brasileira, a graduação alcoólica do gin obrigatoriamente oscila entre 35% e 45%, o que torna ilegal importar algumas variedades de London Dry acima desse teor alcoólico.

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GASTRONOMIA Comer & Beber

ESTILOS Clássico Seco e com sabor predominante do zimbro. Apresenta toques cítricos e picantes Cítrico O sabor tem notas de laranja, tangerina, limão e grapefruit Aromático Presença marcante de especiarias, com notas de canela, coentro, cardamomo e noz-moscada Herbal Sabor de ervas como tomilho, hortelã, alecrim e manjericão Floral Aromas de flores e frutos como a flor de uva verde, cassis, violeta e jasmim

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A ORIGEM

A primeira receita da bebida, criada no século 17 na Holanda, foi desenvolvida para ser um diurético para tratar doenças renais. O médico e químico alemão Franz de le Böe, depois de muitos testes, chegou à receita de álcool infusionado com zimbro e chamou a poção de jenever (zimbro em holandês). O medicamento não surtiu efeito, mas o sabor aromático da bebida conquistou muitos paladares. O gin somente alcançou popularidade na Inglaterra e ganhou mais qualidade em sua produção. Resumindo a história: foram os ingleses que desenvolveram as melhores formulações da bebida, na forma que a conhecemos nos dias de hoje, com aromas e sabores característicos. Fontes: Difford’s Guide|World Gin Awards|The Gin Bible|Gastrolândia


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INSTITUCIONAL Sustentabilidade

CONSTRUÇÃO

SUSTENTÁVEL A Tegra adota projetos de logística reversa para reciclar a maioria dos resíduos em seus canteiros de obras

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omo parte de seu compromisso com a sustentabilidade, a Tegra está sempre em busca de alternativas para a gestão de seus resíduos. Um dos seus principais focos é a questão da logística reversa, ou seja, o envio dos resíduos sólidos às empresas fornecedoras de materiais, para que elas os reaproveitem em seu ciclo de produção. Em 2018, a empresa padronizou – em seus canteiros de obra – projetos de logística reversa para os materiais com maior volume de geração, como restos de blocos de concreto e ensacados. Além desses materiais, a Tegra desenvolveu um projeto piloto para o reaproveitamento de latas de tintas vazias, gesso liso e drywall. O entulho cinza – composto por restos de concreto – representa mais de 60% dos resíduos gerados em obra. Para o seu rea-

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proveitamento foi necessária uma ação conjunta das áreas de Meio Ambiente, Suprimentos, Fornecedor e Obras da empresa para que o projeto ganhasse vida. Desde a sua implantação, a Tegra já contabiliza 525 toneladas de resíduos beneficiados e uma redução de 105 caçambas. Além do entulho cinza, o projeto de logística reversa também inclui o armazenamento de plásticos, papelão, PVC e outros resíduos sólidos em big bags de 1m3 que acompanham a execução dos serviços nos pavimentos, facilitando a logística interna da obra e mantendo as estações de trabalho sempre limpas. Quando os big bags estão cheios são enviados para empresas de aparas que transformam esses resíduos em matéria-prima para outros materiais. Em 2018, o volume gerado pelos big bags acumulou 3.680 m3, o equivalente a uma piscina olímpica.


VOLUNTARIADO Uma parceria com a Junior Achievement iniciada em 2018 tem engajado colaboradores de todas as áreas da Tegra em um projeto de voluntariado que os torna “mentores” de alunos do ensino público. A ideia é esclarecer dúvidas de carreira, a fim de contribuir para o direcionamento do futuro desses jovens. Apenas no primeiro ano, cinco unidades de ensino foram contempladas, em São Paulo e Rio de Janeiro, somando 596 alunos impactados e 68 voluntários da empresa. Em 2019 esses números continuarão crescendo.

À esquerda, obra do residencial PIN Home Design, em Pinheiros, na capital Paulista. Aqui, obra nos residenciais The Lake e The Garden, ambos em Alphaville

COMPENSAÇÃO DE CO2

As obras da Tegra contam com diversos mecanismos de controle sobre as emissões de CO2 e práticas que monitoram essa atuação, como auditorias internas sobre rotinas ambientais e operacionais nos canteiros. Por isso, um dos compromissos assumidos é entregar todas as obras em andamento com a compensação total da geração desse gás. “Em 2019, seguiremos aprimorando nossas práticas mais sustentáveis, que serão ampliadas para todo o ciclo do negócio e deverão envolver todos os nossos colaboradores. O propósito é contribuirmos cada vez mais com a transformação positiva das cidades onde atuamos, por meio de uma postura proativa nesse sentido”, reforça Patrícia Domingues, diretora geral de Construção da Tegra.

CANTEIRO MAIS LIMPO A Tegra mantém uma série de ações e iniciativas voltadas para uma produção mais limpa e menos impactante ao meio ambiente. Aqui, uma lista de itens que fazem parte do dia a dia nos canteiros de obras da Tegra. • Sistema de redução de consumo de água e medidores separados para área comum •Sistema de reúso de águas •Lava-rodas •Lava-bicas •Gestão de resíduos •Logística reversa de blocos •Logística reversa de gesso e drywall •Logística reversa de sacarias •Logística reversa de latas de tinta •Estacionamento para bicicletas •Projeto Toalha •Associação com entidades de ensino •Escola no canteiro

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TEGRA IN

INSTITUCIONAL Entrega

HALL DE ENTRADA

TEGRA | tegraincorporadora.com.br

Muitos clientes da Tegra começaram 2019 de vida nova, em empreendimentos com alma e personalidade, em diferentes bairros de São Paulo e Campinas. Veja nossas entregas. VIVA CITTÁ

SÃO PAULO Próximo ao Mercado Municipal e à Catedral da Sé, no centro da capital paulista, o residencial Viva Cittá tem apartamentos de 1, 2 e 3 dormitórios. FICHA TÉCNICA

Projeto de Arquitetura: Roberto Candusso Arquitetos Associados. Arquitetura de Interiores: Valéria Henriques. Paisagismo: Neusa Nakata. Área do terreno: 1.802,27 m2. Torres: 1. Pavimentos: 26. Unidades: 198. Elevadores: 3.

PRAÇA GAIVOTA

SÃO PAULO Em Moema, próximo ao Parque do Ibirapuera e ao lado de uma praça revitalizada, o Praça Gaivota oferece conforto e tranquilidade para a família. FICHA TÉCNICA

Projeto de Arquitetura: Königsberger Vannucci. Arquitetura de Interiores: Patrícia Anastassiadis. Paisagismo: Alex Hanazaki. Área do terreno: 2.133,60 m2. Torres: 1. Unidades: 38 (apenas duas por andar). Pavimentos: 20. Elevadores: 3.

AUTORAL

SÃO PAULO Em Perdizes, o Autoral alia a qualidade de vida de morar em um bairro tranquilo e a sustentabilidade de seu prédio, que mais parece uma obra de arte. FICHA TÉCNICA

Projeto de Arquitetura: Königsberger Vannucci. Design de interiores das áreas comuns: Claudia Albertini. Paisagismo: Takeda. Área do terreno: 6.578,88 m2. Torres: 3. Unidades: 108. Pavimentos: 8.

ALTO DA ABOLIÇÃO

CAMPINAS No bairro Ponte Preta, em Campinas, o residencial Alto da Abolição oferece opções de apartamentos de 2 e 3 dormitôrios, para todos os formatos de família. FICHA TÉCNICA

Projeto de Arquitetura: HMK – Hogan&Kitauchi Arquitetura. Arquitetura de Interiores: Christie Cornelio. Paisagismo: Verdi Salerno. Área do terreno: 4.984,54 m2. Torres: 1. Unidades/andar: 3 unidades no térreo, 8 unidades do 1º ao 22º andar e 4 unidades no 23º pavimento/cobertura. Pavimentos: 23. Elevadores: 2 sociais e 2 de serviço.

UNIQUENESS

CAMPINAS No Cambuí, um dos bairros mais nobres e charmosos de Campinas, o Uniqueness está numa região muito arborizada e cada vez mais desenvolvida. Por conta de sua infraestrutura completa, está entre os melhores bairros da cidade para se morar com muitas opções de mercados, lojas, restaurantes, bares, hotéis e teatros, muitos deles com funcionamento 24 horas. FICHA TÉCNICA

Projeto de Arquitetura: Luiz Eduardo Arquitetos. Paisagismo: Marcelo Novaes. Arquitetura de Interiores: Elaine Carvalho Arquitetura. Área do terreno: 3.186,00 m2. Torres: 1. Unidades: 58 86

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E M

O B R A S

PARA VIVER OU INVESTIR, A ESCOLHA CERTA ESTÁ EM UM DOS PONTOS MAIS NOBRES E DESEJADOS DE SÃO PAULO.

Perspectiva ilustrada do detalhe da fachada

2 dormitórios 70 m2 de personalidade

Air Lounge

Paisagismo assinado por Alex Hanazaki e decoração de Chris Silveira

ENDEREÇO DO EMPREENDIMENTO: ALAMEDA GABRIEL MONTEIRO DA SILVA, 77

3197-2990

Vendas:

Realização e Construção:

tegraincorporadora.com.br/gabell LANÇAMENTO GABELL JARDINS. Incorporadora responsável: TGSP 38 EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS LTDA, sociedade limitada com sede na Avenida das Nações Unidas, n° 14.261, Torre B, 14° andar, CEP 04794-000, São Paulo/SP, inscrita no CNPJ/MF sob o n° 26.334.108/0001-04. Projeto arquitetônico: LE Arquitetos. Projeto paisagístico: Alex Hanazaki. Projeto de arquitetura de interiores: Chris Silveira. Sua comercialização será realizada somente após o registro do Memorial de Incorporação no cartório 13º Ofício de Registro de Imóveis competente, sob a Matrícula 100.842. As informações constantes no Memorial de Incorporação e nos futuros instrumentos de compra e venda prevalecerão sobre as divulgadas neste material. Todas as imagens e perspectivas aqui contidas são meramente ilustrativas. A tonalidade das cores, forma e textura podem sofrer alterações. Os acabamentos, quantidade de móveis, equipamentos e utensílios serão entregues conforme o Memorial Descritivo do empreendimento e projeto de decoração. Os móveis e utensílios são sugestões de decoração com dimensões comerciais e não fazem parte do contrato de aquisição da unidade. As medidas dos apartamentos são internas e de face a face. A vegetação exposta é meramente ilustrativa, apresenta o porte adulto de referência e será entregue de acordo com o projeto paisagístico, podendo apresentar diferenças de tamanho e porte. Demais informações estarão à disposição no plantão de vendas. Material preliminar sujeito a alterações sem aviso prévio. Vendas: Tegra Vendas: 028638-J.



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