Ecos da Terra Livre- Notas Ecológicas 2

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ECOS DA TERRA LIVRE NOTAS ECOLÓGICAS 2, 10 de dezembro de 2018

1- Eco-Escolas e herbicidas Triste, muito triste constatar que o Programa Eco-escolas serve para muito pouco. Uma escola integrada naquele programa devia ser exemplar na redução de resíduos, na poupança de energia e água, no tratamento adequado dos espaços verdes, sem podas inestéticas e desadequadas de árvores, etc., etc. Mas como se não bastasse o pouco que se faz para mudar a vida da comunidade de toda a escola, assiste-se serenamente ao envenenamento tanto do recinto escolar como das suas imediações em silêncio. Temos conhecimento no passado de uso de herbicidas no interior da Escola Secundária das Laranjeiras e na Escola Básica Integrada dos Ginetes. A foto abaixo ilustra o uso de herbicida no exterior desta última escola, quando os alunos estavam por perto.

Saiba mais sobre a campanha Autarquias sem Glifosato/Herbicidas aqui: https://www.quercus.pt/campanhas/campanhas/autarquias-sem-glifosato-herbicida


2- Um novo estatuto para os animais? Desafios à sistematicidade da ciência jurídica Depois de em 2011 se ter inscrito na licenciatura em Direito com o objetivo de introduzir, no mundo académico, a discussão sobre os direitos dos animais, Jorge Ribeiro defendeu uma dissertação de mestrado, sobre o assunto. Sobre o caso de Barrancos pode-se ler o seguinte:

“Trata-se de um caso que envergonha a nossa classe política, bem como alguns dos nossos juristas e, consequentemente, o nosso Direito ….. E, quando seria de esperar o sancionamento deste comportamento por parte das autoridades governativas e do sistema jurisdicional português, o que sucedeu foi precisamente o inverso. A constante violação da lei acabou por ser premiada ,…. Menezes Cordeiro foi um dos muitos críticos desta decisão, afirmando que “não faz qualquer sentido apelar à “cultura” ou ao “progressivismo” para legitimar atos de barbárie e isso, para mais, quando se deixa morrer a verdadeira cultura de Barrancos, a começar pelo seu dialeto: o barranquenho.” Vale a pena uma leitura atenta da dissertação aqui: http://hdl.handle.net/10216/117042

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3- Rui Pedro Fonseca e “A vaca que não ri”

No livro de Pedro Fonseca, doutor pela Universidad del País Vasco (Espanha) e investigador integrado no Centro de Investigação de Estudos em Sociologia – Instituto Universitário de Lisboa, é dada visibilidade a algumas das práticas exploratórias e violentas a que os animais estão sujeitos na agropecuária em Portugal, comparando-as com casos paradigmáticos de representações culturais que evocam os animais, a carne e o leite bovino.”

O livro A vaca que não ri, animais, carne e leite bovino na cultura dominante” foi editado pela “Livros Horizonte” e pode ser encontrado nas boas livrarias. Receamos que nunca chegará aos Açores. Mais textos de Rui Pedro Fonseca aqui: https://iscteiul.academia.edu/RuiPedroFonseca?fbclid=IwAR0ErPThhkIBjGBB0GKh48XIj0o42Rr 6djAVjc1XwVsTobcFPw3wSHU72Kc

4- As mentiras da Incineração e dos seus defensores Enquanto políticos menores continuam a querer queimar o futuro, depois de estragarem o presente, aqui vai a ligação para um relatório que merece uma reflexão: http://www.noburn.org/incinerators-in-trouble/


5- Podas Desnecessárias Quase todos os anos com a aproximação da Primavera, ou mesmo em pleno Inverno, nas várias ilhas dos Açores, assiste-se a um autêntico massacre promovido pelas mais diversas entidades oficiais, sobretudo por alguns departamentos do Governo Regional dos Açores e por autarquias locais. São as impropriamente chamadas podas radicais que são sempre justificadas em nome da segurança de pessoas e bens. Entre nós, é sobretudo nas bermas das estradas que, em nome da pretensa segurança, que deve ser garantida a todos os utilizadores, são cometidos verdadeiros abusos que consistem no corte de ramos saudáveis ou mesmo na retirada de toda a copa. Esquecem-se, os responsáveis pelas podas que uma árvore saudável e bem escolhida para um determinado lugar não tem necessidade de ser podada, sendo mais do que suficiente a eliminação de ramos mortos e de outros que pela sua inserção são mais vulneráveis à queda. Se é verdade que se podem fazer podas por razões de saúde das árvores, como para travar um ataque de parasitas, ou por razões estéticas, também não deixa de ser verdade que, como escreveu Emmanuel Michau: “O homem não pode ter para com um ser vivo a mesma atitude que tem face aos materiais inertes. A gestão das árvores não se deve fazer com menosprezo da sua saúde e da sua estética”. Penso que é no mínimo uma autêntica falta de sensibilidade o decapitar árvores a torto e a direito como se tem visto em algumas das nossas estradas. Contudo, se as malfadadas podas ou mais propriamente decapitações são feitas em locais onde se deviam estar a formar jovens, como são as escolas, considero-as um verdadeiro crime, sobretudo quando os responsáveis forem os próprios professores. Depois de tantos protestos, depois de algumas formações que se têm realizado, não é compreensível que, ano após ano, e por mais promessas que têm sido feitas de rever posições e comportamentos, se continuem a cometer os mesmos erros. Teimosia, memória curta, ausência de bom gosto ou incompetência? T. Braga (Terra Nostra, nº 607, 29 de Março de 2013, p.19)

A TODOS OS LEITORES UM BOM SOLSTÍCIO DE INVERNO


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