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PÁGINA
PÁGINA 06 25 A 31 DE JULHO DE 2021
Campos Fotos: Carlos Grevi
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Bispo Diocesano | Dom Roberto Ferrería Paz minimiza divisão na Igreja Dom Rifan | Líder da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
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Igreja dividida pela língua e por ritos
Ala tradicionalista católica de Campos reage a orientações do Papa Francisco em suprimir missas em Latim em liturgia
Ocinei Trindade
Desde a sua fundação, a Igreja Católica enfrenta conflitos. Um dos mais recentes envolve decisão do Papa Francisco que busca integrar fiéis e padronizar ritos litúrgicos. Para tanto, decidiu minimizar o uso do Latim em cerimônias, preferindo o idioma local. Porém, caberia ao bispo de cada diocese autorizar o uso da língua histórica e tradicional, defendida sobretudo por católicos ultraconservadores ou tradicionalistas contrários ao Vaticano. Campos dos Goytacazes já foi palco de ruptura entre católicos em 1981. Muitos rejeitaram as mudanças propostas pelo papado da época. A decisão do Papa Francisco em reprimir a missa em Latim foi divulgada no último dia 16, revertendo uma das decisões do Papa Bento XVI. Muitos católicos tradicionalistas consideraram a medida um ataque à antiga liturgia. As restrições de Francisco seriam para conter a divisão na Igreja promovida por católicos que se opõem ao Concílio Vaticano II. A cidade de Campos imprime um pouco do divisionismo católico. Além da Diocese de Campos, há a Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, e a ala mais radical chamados de tradicionalistas. De acordo com o bispo da Diocese de Campos, Dom Roberto Ferrería Paz, o Papa Francisco restringiu o rito latino extraordinário para manter a unidade. “Nós não podemos sob a alegação de que queremos rezar um rito, desconhecer o que foi a reforma do Concílio Vaticano II. Este foi uma nova primavera, um Pentecostes da Igreja Católica. A inculturação da fé não se limita a uma língua, ao vernáculo. É também uma linguagem simbólica, a participação do povo; é também o acesso da mulher. São várias questões que o Concílio do Vaticano trouxe, entre elas a descentralização da Igreja, a importância do bispo diocesano, o laicato. O rito extraordinário defendido de uma forma ideológica, que é em si o missal extraordinário de 1962 não tem nada de equivocado naquele momento. Eles estão fazendo um uso ideológico, justamente do missal de 1962, para opor-se ao Vaticano II e as reformas trazidas por esse Concílio de renovação profunda da Igreja, da
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Mudança | Papa Francisco decidiu minimizar o uso do Latim em cerimônias, preferindo o idioma local para integrar fiéis e patronizar os ritos
pastoral”, disse. Para o bispo Dom Fernando Rifan, líder da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, o Papa Francisco tratou do assunto da liturgia romana, antes da Reforma de 1970. “Para promover a concórdia e a paz na Igreja, a paz litúrgica, os Papas João Paulo II e Bento XVI regulamentaram a faculdade de se usar o missal antigo, chamado de tradicional, editado pelo Papa João XXIII em 1962. Eles queriam facilitar a comunhão eclesial àqueles católicos que eram apegados a essas formas litúrgicas anteriores”. Fernando Rifan disse que a principal modificação promovida por Francisco é a entrega ao bispo de cada Diocese a competência para autorizar o uso do missal romano antigo em cada região. “Claro que nós católicos acatamos a orientação do Papa Francisco. Porém, esta intervenção foi provocada pelos abusos de muitos chamados tradicionalistas que não observaram aquilo que o Papa Bento XVI queria, a missa de forma como comunhão da Igreja. Passaram a atacar o Papa, o Concílio”, comentou.
Igreja dividida
Para os leigos, é difícil compreender uma cidade como Campos ter dois bispos católicos. Para Roberto Ferrería Paz, a Diocese conta com um apenas, ele mesmo. “Quem cuida da Diocese e do território é um só: eu. Dom Fernando Rifan, um amigo, um irmão, é bispo nomeado pelo Papa para uma circunscrição e uma administração pessoal. Ele tem jurisdição apenas sobre essas pessoas que pertencem a esse rito, e que querem permanecer nele. São duas circunscrições diferentes. Eu tenho jurisdição sobre eles também. Não são iguais os dois bispos. A Diocese de Campos é uma só. Claro que há certa confusão, por serem dois bispos. Explicar isso para as pessoas é difícil, pois o cisma ainda é muito recente, foi de 1981 a 2000. Houve a paz aqui com a criação da Administração Apostólica São João Maria Vianney. Foi a saída para a crise”, disse Dom Roberto. Fernando Rifan menciona Roberto Ferrería Paz. “Ele é nosso Bispo Diocesano. Procuramos conviver em paz com os irmãos, sem preconceitos e discriminações injustos em relação a cristãos de outras denominações também. Minha relação com o bispo é de perfeita comunhão, como católicos da mesma Igreja, em relação de paz e amizade, e mútua colaboração. A convivência pacífica e mútua colaboração entre as duas alas da Igreja Católica são exemplo para todo mundo, Igreja e sociedade”, resume Rifan. Entretanto, é sabido que os católi-
Edinalda Almeida | Professora José Fernando| Dr. em Sociologia Fabio Py| Doutor em Teologia
cos tradicionalistas mais radicais não aprovam maior proximidade com moderados e progressistas. O uso do Latim em rituais litúrgicos é apenas um fator que divide os adeptos da fé católica. Para o sociólogo e doutor em Teologia, Fábio Py, o Latim é uma língua litúrgica e processual nos documentos da Igreja. “Ela serve para certos momentos específicos, mas vem perdendo força. Tem havido a utilização dos vernáculos particulares. Nesse caso, no Brasil, o Português. Mesmo que se tenha em alguns momentos o uso do Latim, vem-se apelando e indicando as traduções. Por isso a tentativa de Francisco de se garantir as línguas faladas. Há uma dificuldade, já que o Latim foi encerrado há séculos como língua falada”, comenta. Para o historiador e doutor em Sociologia, José Fernando Rodrigues, Campos é um dos últimos redutos fortes dos católicos tradicionalistas no Brasil. “Toda essa divisão dentro da Igreja Católica demonstra a preocupação de questões internas e endógenas. Seja pela liturgia, seja pela prática da fé ou pela questão dogmática. Isto faz com que a Igreja Católica não atue onde está a pobreza e as populações mais humildes; onde não tem Igrejas em algumas comunidades, não tem 'a palavra da fé'. Nessas horas, o mundo evangélico neopentecostal consegue atuar com muito mais velocidade, com mais competência. Quando se olha só os próprios botões, esquece-se de 'sair da casa'”, avalia. De acordo com os dois estudiosos, o divisionismo católico demonstra falta de unidade. “É uma raridade ver numa cidade dois bispos. Isto ocasionou basicamente por causa dos tradicionalistas. Afirmaram o uso da batina, da vulgata, de certos rituais mais antigos. As antigas elites campistas, as aristocracias rurais se transformaram em lideranças urbanas, identificadas com o passado do Brasil”, diz Fábio Py. José Fernando especula sobre o futuro da insituição. “O Brasil é cada vez mais evangélico. O divisionismo dos bispos em Campos é um problema. Trata-se de uma fissura, de uma cisão. Vejo que cada vez mais esses grupos conservadores vão querer se isolar”, considera. O bispo da Diocese de Campos, Dom Roberto Ferrería Paz, é mais otimista. “Eu não diria que estamos em crise. Há conflitos, sim. A Igreja Católica teve cismas muito mais sérios. Precisamos de cristãos definidos. Claro, não intolerantes nem rígidos, inflexíveis, intransigentes, mas firmes e fortes na fé. Eu não sou contrário ao Latim. O rito extraordinário agora tem mais restrições. Não foi proibido. Francisco nos propõe ser uma Igreja missionária, servidora, misericordiosa, capaz de sonhar com um futuro diferente, inclusiva para toda humanidade”, afirma.
Latim em questão
Há mais de 40 anos a professora Edinalda Maria Almeida dedica-se aos estudos e ao ensino do Latim. Em meio à crise da instituição católica, ela defende a língua de todas as maneiras, dentro e fora da liturgia. “O Latim só pode ser considerado ‘língua morta’ do ponto de vista do status da língua, porque o estudo continua vivo em Cursos de Letras, Filosofia, Direito, entre outros. A importância do estudo do Latim funda-se na relevância histórica dessa língua que foi o veículo de quase toda a nossa cultura tradicional”, considera. Segundo a pesquisadora, ao se dedicar ao estudo do Latim, “é possível se conectar, de uma forma única, com os maiores conceitos e aprendizados da humanidade. É poder ler as prosas de Cícero, os diários de Júlio César e até mesmo as teorias de Isaac Newton no original”, destaca. Apesar de não ser católica, ela admira os ritos católicos em Latim. “Gosto mesmo sendo o rito celebrado em Latim Eclesiástico. É possível compreender, principalmente, os cânticos, sem falar no quase absoluto e admirável silêncio. Mesmo admirando, creio que, na língua do povo, sem dúvidas, há maior participação e aproximação entre a Igreja e seus fiéis, em qualquer doutrina, possibilitando o exercício da eterna novidade do Evangelho: o Amor”, conclui.
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Ex-prefeito de Niterói
Rodrigo Neves No tabuleiro para o governo do RJ
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Prefeito de dois mandatos consecutivos, ele elegeu o sucessor no 1º turno e saiu com 85% de aprovação
Aloysio Balbi
Ele foi prefeito de Niterói por dois mandatos consecutivos e mudou a fotogenia da antiga capital do Estado. Rodrigo Neves, que deixou a Prefeitura de Niterói com 85% de aprovação e elegeu seu sucessor no primeiro turno, é candidato natural do PDT ao Governo do Rio de Janeiro, embora respeitando os ritos, se coloque discretamente como pré-candidato. Com apenas 45 anos, o sociólogo formado pela Universidade Federal Fluminense (UFF) é um político bem avaliado, habilidoso e de diálogo. No início de julho esteve em Campos e, tendo ao seu lado o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, ficou difícil esconder que ele tem cara de candidato, cheiro de candidato e ideias de candidato. Muitas destas ideias ele já as expõe com a prudência e discrição que o período exige. Se mostra um defensor intransigente do projeto dos Cieps e exibe um leque de projetos que mudaram o perfil de Niterói, hoje uma cidade com índices sociais comparados, por exemplo, aos de Curitiba e de outras capitais. Rodrigo Neves afirma que a governança do Estado do Rio de Janeiro é o maior desafio entre todas as capitais brasileiras, elencando os principais problemas e as possíveis soluções.
O senhor na primeira quinzena de julho esteve em Campos e deixou claro que é pré-candidato ao Governo do Estado do Rio. Ganhar a eleição já é um desafio, governar é outro mais difícil ainda. O que te move neste sentido?
É uma caminhada natural. Aos 45 anos eu já fui vereador, secretário de estado, prefeito em dois mandatos consecutivos, com aprovação de 85% da população e fiz meu sucessor no primeiro turno. Obviamente, no meu partido e no tabuleiro da política fluminense meu nome é observado, e humildemente, creio, acho que estou credenciado para disputar a eleição e governar o Rio. Mas ainda não me coloco como candidato porque considero como virtude republicana esperar a convenção do partido, travar conversações com companheiros de outros partidos. Minha base política é o diálogo, sou trabalhista democrático disposto a conversar com todos, como, por exemplo, os chamados conservadores lúcidos.
A candidatura do senhor é bem previsível. Em caso de vitória, como perguntado anteriormente, o senhor vai encarar uma pedreira. Como vai ser isso?
Sua observação está certa. O Rio de Janeiro vem sangrando há muitas décadas. Hoje tem uma dívida com a União que só faz crescer, e uma folha de pagamento de mais de 200 mil servidores na ativa. Os problemas sociais só crescem e se acentuam, e sei do que estou falando porque sou sociólogo com muita honra formado pela Universidade Federal Fluminense de Niterói. Sei que temos uma hipoteca social para pagar e essa é nossa principal dívida. O Estado do Rio de Janeiro é o maior desafio de governança entre todos os demais da federação.
E como começar a pagar essa hipoteca social?
Serão ações diversas, mas uma terá prioridade e se bem-sucedida resolverá dois problemas cruciais do Rio: segurança pública e educação. Estou falando dos Cieps que Leonel Brizola criou nos anos 80 com o professor Darcy Ribeiro, mas que foi abandonado pelos governos que se seguiram. Um projeto de educação revolucionário, de tempo integral, formando novas gerações de fluminenses. Educação de qualidade. Terá reflexo na segurança pública, porque as crianças não vão ficar nas ruas e estaremos formando gerações de cidadãos. Neste contexto, o Ciep também tem reflexos na saúde, porque os alunos terão acompanhamento médico e odontológico na própria escola. Gerações mais saudáveis se seguirão. Aliado a isso existem outros projetos que desenvolvemos em Niterói e serão ampliados para alcançar todo o Estado.
Foto: Silvana Rust
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Teremos candidatura própria no PDT e estamos fazendo política, a arte do diálogo. O Estado do Rio de Janeiro é o maior desafio de governança entre todos os demais da federação.
Um exemplo?
Na economia. Em Niterói criamos ferramentas para impulsionar a economia da cidade. Varremos todas as burocracias e incentivamos os microempreendedores. Na primeira etapa da pandemia, ainda no meu governo, evitamos que centenas e centenas de pequenas empresas fechassem, ajudando-as a pagar a folha de funcionários. É você enxergar a economia nos seus múltiplos aspectos. Gerar empregos, por exemplo, é uma forma de solucionar problemas diversos, desde a saúde até a segurança pública em uma visão ampla. O Estado do Rio sequer tem hoje Secretaria de Segurança Pública. Em Niterói, é óbvio que convivemos com esse problema, mas reduzimos muito os níveis. Queremos criar um ambiente diferente para o universo empresarial fluminense, tanto na região metropolitana quanto no interior. É possível fazer isso.
O senhor falou do interior. Em que grau ele está inserido neste quadro?
O Rio de Janeiro como Estado forte, passa pelo interior em tudo e só será forte se consumarmos efetivamente a fusão lá dos anos 70 que não se consolidou. O interior continuou sendo abandonado. O Estado sempre investiu muito pouco no interior. Enquanto isso, o interior que poderia estar gerando empregos no agronegócio em larga escala, continua exportando pessoas para a região metropolitana, intensificando os problemas sociais. Hoje temos expectativas melhores com o advento do Porto do Açu, com prospecções de grandes projetos na área do agronegócio, entre outros. Já estamos trabalhando com esse cenário, que permitirá que as pessoas não precisem mais deixar suas cidades para vir para a capital. Para isso temos que investir muito na Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf). Estive com o reitor da universidade e conversamos muito sobre isso. Fazer a Uenf crescer e influenciar no crescimento do interior é um ponto pacificado no nosso projeto de desenvolvimento desta região.
Niterói juntamente com Maricá surfaram na onda dos royalties do petróleo. Isso ajudou muito, não?
Em Niterói, sabendo que esse é um recurso finito, e vendo equívocos de outros municípios, criamos o Fundo Soberano, onde esse dinheiro passou a ser um grande lastro. Não podemos ficar dependentes dos royalties, que, como você sabe, está sub judice, e podemos perdê-los de uma hora para outra. Em Niterói focamos nas chamadas receitas próprias, e a forma mais fácil de aumentá-las é gerando empregos. Temos como fazer isso no Estado como um todo, principalmente discutindo definitivamente na esfera federal essa questão da guerra fiscal entre os estados da federação. O Rio é o segundo maior mercado consumidor do país, e equívocos fiscais fizeram com que nas últimas décadas fôssemos perdendo espaços na linha de produção. Muitas empresas migraram para estados vizinhos que oferecem vantagens fiscais. São centenas de produtos de outros estados pagando menos impostos do que quem produz aqui. Não podemos ser apenas um Estado consumidor. Temos que ser também um Estado produtor como sempre fomos na indústria naval, na siderurgia e em tantas outras áreas. Essa questão fiscal definitivamente terá que ser resolvida. Por causa da violência estamos encolhendo nossa indústria do turismo. Isso tudo é para reafirmar aquele desafio de governança.
E o Porto do Açu cada vez mais ligado à área do petróleo. Como o senhor destaca seus reflexos na economia regional, principalmente em São João da Barra e Campos?
É o que podemos chamar de “joia da coroa”. Não tem que ter reflexos econômicos somente em Campos, mas em todo o Estado. Governos anteriores já tinham que ter pensado em uma solução de mobilidade entre Campos e São João da Barra. A situação hoje é crítica, e quando o Porto estiver operando com capacidade elevada, não teremos estradas. Resolver essa questão de mobilidade e se antecipar ao problema que já se mostra presente. Então essa seria uma das nossas prioridades. Você perguntou sobre royalties. Posso afirmar que cerca de 20 poços maduros de petróleo da Bacia de Campos estão sendo revitalizados para produzir mais pela iniciativa privada. Isso vai mexer com a economia e o Porto do Açu também está inserido neste contexto. É tudo ao mesmo tempo fazendo parte de um todo. Assim se faz um Estado forte como queremos. muita semelhança, a começar pelo número de habitantes quase iguais e com vocações próprias. Meu bisavô nasceu em Campos e foi um fundador do Asilo do Carmo. Meu pai também nasceu em Campos. E Campos tem uma tradição no trabalhismo com vultos como o médico Adão Pereira Nunes. Temos o ex-prefeito e ex-deputado federal Arnaldo Vianna, e o seu filho Caio, que queremos que nos represente na Câmara Federal. Conversei com as lideranças empresariais da cidade e vejo grandes afinidades nelas com os empresários de Niterói. Ainda destaco em Campos sua privilegiada localização estratégica.
Voltando à política, o senhor teve em um espaço de 10 dias encontros com o prefeito do Rio, Eduardo Paes. É um namoro político? Já começaram, digamos assim, as tratativas para 2020?
(rindo...) Realmente temos nos encontrado com mais frequência para tratar desses e de outros assuntos. Sou amigo do Eduardo e a sucessão ao Governo do Estado é uma pauta em comum. Aí eu retomo aquela máxima do “Diálogo”. Estamos conversando não só com o Eduardo Paes, mas com outros prefeitos de cidades fluminenses. Estamos fazendo política. Essa parte é complexa porque teremos eleições para a Presidência da República, Câmara e Senado. Juntar os pontos é algo que exige a arte de fazer política na essência de suas melhores práticas. Isso não significa que não poderemos ter mais de um palanque no PDT no cenário nacional. Neste tipo de contexto, acho ainda prematuro desenhar um cenário futuro. No Estado do Rio, como manda a tradição do PDT, teremos candidatura própria e estamos fazendo política, a arte do diálogo.
Tem conversado com prefeitos?
É a arte do diálogo. Mas, como fui prefeito por duas vezes, quero deixar claro uma coisa que acho de suma importância: se um dia for governador, todos os prefeitos, independentemente de alianças, serão tratados da mesma forma. Para mim essa é uma regra de ouro, algo muito republicano, virtude mesmo. Quem me conhece sabe que sou assim e esse não é um discurso de bom moço. É um discurso da política do bem.
Com nome confirmado na convenção, campanha autorizada pela Justiça Eleitoral, o senhor será sempre visto por aqui?
Sempre e estou fazendo isso antecipadamente, não em campanha propriamente dita. Conheço todos os municípios e preciso conhecê-los ainda mais sem dúvida alguma. Preciso também que as pessoas me conheçam. Então, essa é a primeira de uma série de vezes que você vai poder me entrevistar.