Cenografia para Dança: Samuel Beckett

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Cenografia para Dança: Samuel Beckett


Trabalho de Conclus찾o de Curso Design Aluna: Teresa Cristina Cidreiro Martins Orientadora: Luciana Nunes Melendres Co-orientador: Emilliano Alves de Freitas Nogueira Universidade Federal de Uberl창ndia Uberl창ndia - 2014


AaZ A todos que estiveram comigo nessa jornada incrĂ­vel que ĂŠ a Vida


1. Objetivo 1.1. Objetivo Geral 1.2. Objetivo Especifico 2. Justificativa 3. Me leve de volta... 4. Espaço Tridimensional 4.1. A Cenografia 4.2. Linha do Tempo 4.3. A Dança 4.4. Ao Infinito..... E além! 4.4.1. Linha do Horizonte 4.4.2. O Escolhido 5. Analisando uma Obra 5.1. Ocupando o Teatro 5.1.1. Tatyana (2011) 5.1.2. Nó (2005) 5.2. Ocupando o Espaço 5.2.1. Descabido 5.2.2. Ponto de Vista 5.2.3. Inspirações 6. Preparativos do Cenário 6.1. Samuel Bechett 6.2. A Intérprete 6.3. Plano Coreográfico 6.4. O Lugar 6.4.1 O Pavilhão 7. O Cenário 7.1. O Projeto 7.2. Making Off 7.3. O Cenário e sua Bailarina 8. Referências 8.1. Referências Bibliográficos 8.2. Referências Web 8.3. Referências Iconográficas

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Sumário


1. Objetivo 1.1 Objetivo Geral Projeto cenográfico para uma apresentação de dança.

1.2 Objetivo Específico Projetar um espaço cenográfico para uma apresentação de dança baseada em uma peça teatral escrita por Samuel Beckett: ‘‘Dias Felizes’’.

2. Justificativa Percebe-se que no âmbito municipal de Uberlândia e região há uma carência de profissionais na área de cenografia. Logo, esse trabalho foi realizado para incentivar aos futuros profissionais do curso de Design à aprofundar seus conhecimentos nesta área que, ao longo do tempo, vem ganhando destaque e ampliando suas fronteiras nas cidades brasileira Ademais, esse projeto também foi desenvolvido à partir do interesse e curiosidade da aluna pelo campo cenográfico, para enriquecer seus conhecimentos e explorar novas possibilidades intelectuais.

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3. Me leve de volta...

Dos nove aos quinze anos estudei sapateado, o que acarretou minha paixão pela dança e consecutivamente pelo teatro. Uma vez na faculdade descobri que a cenografia seria minha área de interesse profissional. Como é possível constatar em alguns textos sobre a história da dança - entre eles o livro de Maribel Portinari, ‘‘Historia da Dança’’ (1989) - a dança surgiu através de rituais de povos primitivos. Com o passar do tempo estes ritos foram tomando certa forma e se transformando em pantomima, posteriormente passaram a adquirir ritmo. Forma e ritmo juntos constituíram a dança. A dança permite ao público a apropriação imaginativa de sua coreografia. Essa característica, junto com a criatividade sem limite dos movimentos e da composição cenográfica será de fundamental importância para o trabalho. A proposta de construção de um projeto cenográfico para uma apresentação de dança, surge do desejo de unir movimentos de dança com o espaço cênico. Assim, resultando nesse projeto final de curso.

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4. Espaço Tridimensional 4.1. A Cenografia 3

‘‘O palco é o espaço da ação dos atores, e cenografia é a arte de organizar plasticamente esse espaço e de dominar seus aspectos em todos os tipos de representação: dramática, lírica ou coreográfica.’’(NERO, 2009, p.87) Uma cadeira posta no meio do palco. Uma réplica de uma floresta no estúdio de filmagem. Um corredor cheio de luzes. Um fundo verde. É possível reduzir esse conjunto de vistas e acessórios a uma simples palavra: cenografia! Em sua definição contemporânea a cenografia abrange atualmente todo o processo de criação e construção do evento estético-espacial e da imagem cênica. Logo, o cenógrafo utilizase de elementos como cores, luzes, formas, linhas e volumes, para solucionar as necessidades do evento. No entanto, até o advento da modernidade, era apenas considerada uma decoração para a dramaturgia. (URSSI, 2006) Cenografia é uma palavra de origem grega, Skenegraphein, que significava pintura na fachada da skené - tenda usada pelos atores para trocar seus figurinos. No geral, o desenho desses painéis eram pintadas com paisagens, vistas arquitetônicas ou urbanas. (NERO, 2009) Através dos séculos, a cenografia foi se expandindo para várias áreas além dos palcos teatrais. E para exemplificar essa diversidade e abrangência, o cenógrafo e professor José Manuel Castanheira, no ano de 2010, elaborou um mapa dessas áreas para o curso de Cenografia da Universidade Técnica de Lisboa, hoje inativo.

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4.2. Linha do Tempo Durante a primeira etapa deste Trabalho de Conclusão de Curso, foi realizada uma extensa pesquisa sobre a história da cenografia. Para melhor apreensão da lista cronológica de eventos, foi construído uma linha do tempo da história cenográfica com seus principais tópicos.

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_Igreja Católica - Encenações Religiosas e Místicas _Espaço Cênico - Interior da Igreja _Falta de Espaço - Transferência para a Frente da Igreja _Tablados cênicos (60 metros de comprimento) _Palco em áreas livres _Truques Técnico _Palco Múltiplo _Carros (Vagões)

Idade Média

LINHA CENO GRÁFICA

Século VIII a.C Séculos V/XV

Século VIII a.C. até 2014

_Cenário Fixo _Elementos Móveis _Periactos _Deus ex-machina _Pinakes em Chassi _Temas: Comédia e Tragédia

Antiguidade Clássica

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_Retomada (aspectos cenográficos) à Antiguidade Clássica _Desuso dos Espetáculos Religiosos _Volta do Teatro como Atividade Independente. _Uso de telões e pequenos elementos tridimensionais em madeira. _Centro do palco livre _Perspectivas Centrais _Paisagens Urbanas e/ou Campestres _Apresentadas em salões de Palácios Reais _Criação dos Edifícios Teatrais

Renascimento Italiano

1558-1603 Século XIV/XVI

_ Inglaterra. Reinado da Rainha Elizabeth I _Cenário Fixo (Plano de Fundo) _Elementos Cênicos _‘‘Cenário Falado’’ _Platéia ao Ar Livre

Teatro Elisabetano

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Barroco

_Cenários Tridimensionais _Perspectivas - Dois Pontos de Fuga _Grande uso de Maquinaria Cênica _Ilusionismo (Luz Artificial) _Novos Elementos para o Palco Italiano (Coxia/Urdimento)

Século Fin.XIX / Ini.XX Século XVI /XVIII

_Adolphe Appia _Eward Gordon Craig _Luz Elétrica _Movimento das Formas _Cenários Simbólicos _Espaço Cênico Abstrato e Geométrico

Teatro Moderno

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Século XX

_Fotografia/Vídeo/Luz _Máquinas (Revolução Industrial) _Influência das correntes de Pensamento _Expressionismo _Futurismo _Construtivismo Russo _Bauhaus Alemã

Década de 1960 - ‘‘2014’’ Século XX

Contemporâneo _Pop Art/ Dody Art/ Videoarte/ Performance... _Aplicação das atuais descobertas Tecnológicas (materiais e técnicas de construção) nos Cenários _Possibilidade de novas Manobras Cenográficas _Cenários que melhor auxiliam no enredo e na encenação. _Simbolismo e Lúdico

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4.3. A Dança A dança é uma arte milenar que surgiu junto com os primórdios do teatro. Assim, podemos constatar que na dança identifica-se influências culturais, influências essas dos países onde são dançadas e de onde são originados os ritmos - sucessão de tempos fortes e fracos que se alternam com intervalos regulares na natureza e nas artes (DICIONÁRIO AURÉLIO). Vemos através da história que a dança esteve sintonizada ao ritmo, onde os ‘‘movimentos e gestos só obteriam um efeito mágico ou encantatório quando executados dentro de certas regras e medidas, não necessariamente regulares ou aparentes, mas que os tornavam um conjunto homogêneo e fluente no tempo’’ (MENDES, 1987. pag.5). Podemos afirmar que isso foi se transformando durante a história até os dias atuais, com o advento e desenvolvimento da Dança Contemporânea. ‘‘A arte contemporânea, seja qual arte for, assim é qualificada quando ela foi gerida, quando ela está muito contaminada com questões do pensamento contemporâneo e com os problemas atuais e glocais intrínsecos da arte.(...) E, talvez, o seu recurso mais forte para tanto é que a arte contemporânea, no geral, se dá na rejeição do uso de vocabulário prévio, ou seja, ela não se subordina ao que lhe antecedeu e, possivelmente, contesta, em algum nível, as tradições e o status que, mesmo que isso se restrinja à técnica exercida. Por conseguinte, a dança contemporânea só existe no singular como conceito estético e momento histórico.’’(MOUREAL, 2013, s/p) 22

A Dança Contemporânea, de acordo com Rosana Van Langendonck (2010), deve seu inicio com o coreógrafo e bailarino Merce Cunningham, a parti da década de 1940 e se consolidando na de 1960. Destacando que o coreógrafo tenha se posicionado ‘‘contra a permanência de modelos acadêmicos na dança moderna. Em sua maioria, tais modelos ainda respeitam uma regra narrativa e temática’’ (pag.149) O resultado é uma dança que implementa alguns movimentos ícones do balé clássico (movimentos de braços, pernas e saltos), da dança moderna (torções, rotação de tronco, contrações) e muito da criatividade, que conta com novas formas de deslocar-se pelo espaço. (ANDRADE, 2011)

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Apesar do projeto, fruto deste trabalho, estar sendo realizado para a Dança Contemporânea, existem vários ritmos e estilos de danças, que podem ser classificados em três critérios: (COMO SE DANÇA, 2009). - Quanto ao modo de dançar: Solo (coreografia de solista no balé ou sapateado); Dupla (tango, salsa, valsa, forró); Grupo (danças de roda). - Quanto a origem: Folclórica (catira, carimbó, reisado); Histórica (sarabanda, bourré, gavota); Cerimonial (danças rituais indianas); Étnica (danças tradicionais de países ou regiões). - Quanto a finalidade: Erótica (can can, striptease); Cênica ou performática (balé, dança do ventre, sapateado); Social (dança de salão, axé); Religiosa (dança sufi). 23 Desses critérios que agrupam modalidades quase que infinitas de ritmos e estilos de dança, citamos algumas como exemplo: Chamamé Ciranda

Bhangra

Frevo

Tango

Forró Merengue

Quickstep Maxixe

Kizomba Pagode

Contemporânea Verde Gaio

Carimbó

Samba Hip hop Mambo Dança das fitas Bolero

Balé

Dança do ventre Capoeira

Zouk

Valsa

Funk

Sapateado Soltinho

Lambada Salsa

Flamenco Jazz Catira Dança do dragão Verde-gaio Burlesca

Rumba

Reggae

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4.4. Ao Infinito..... E além! 4.4.1. Linha do Horizonte

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Teatros, casas, galpões, praças, parques, universidades, prédios, shoppings, hospitais e prefeituras, em uso ou não, abertos ou fechados, todos são espaços para uma possível apresentação de dança. A dança contemporânea, como também outros estilos de baile, não utilizam apenas do espaço teatral para sua realização e performance. Há apresentações que ocorrem nos mais variados locais, onde o espaço cênico não se confina apenas ao redor de quatro paredes como nos teatros, ele se expande ao infinito e agrega elementos que o palco não permitiria devido às suas limitações espaciais e de público. A interferência dos elementos naturais como a chuva, ventos, a luminosidade do dia, sua intensidade, nuances de cor, a natureza e os componentes dos espaços urbanos criam novas possibilidades de enquadramento da imagem, novas formas de se montar e interagir com uma cena. Neste caminho, podemos usar as paredes das construções para criar planos de encenação, as plantações como elementos cênicos, os lagos como um novo componente da coreografia. Por vezes, apenas o espaço por si só já se torna cenografia para determinadas apresentações de dança. Dependerá apenas das intenções do cenógrafo para aquela encenação.

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Assim, podemos ressaltar que esses espaços possibilitam e favorecem colocar o público em diferentes disposições e situações. Esse fator viabiliza que a platéia seja locada e se aproprie de sítios para se aproveitar da visualização do espetáculo, possibilitar uma interação entre o palco e a platéia, tanto visual quanto física, criando e reforçando um sentido de imersão. Logo, podemos fazer apresentações que incluam todas as classes sociais, já que estamos tratando de espaços públicos - onde não se faz necessário cobrar altos valores de ingressos, assim podendo dar mais valor a essa arte, sendo que ela estará acessível a todos.

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4.4.2. O Escolhido Para esse projeto definiu-se, com relação a primeira etapa, que o lugar para a apresentação de dança deve ter as seguintes características: ser um local abandonado - um espaço degradado, destruído, que remeta ao esquecimento - mas que ao mesmo esteja em um espaço ao ar livre que contraste com a ideia de liberdade e prisão. Desde modo foi pesquisado na cidade de Uberlândia lugares com essas características, chegando a pontos como o Parque do Sabiá, o Bairro Fundinho e seu perímetro, e a Universidade Federal de Uberlândia. Assim, as particularidades destes locais serão exploradas no item 6.4

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5. Analisando uma Obra 5.1. Ocupando o Teatro Um dos espaços ocupados pela dança é o edifícios teatral. As apresentações que nele ocorrem são diversas, a exemplo temos as apresentações da ‘‘Companhia de Dança Deborah Colker’’. Deborah Colker é uma das coreógrafas mais conhecidas do Brasil. Não se preocupa apenas com o conteúdo de seus movimentos, de igual modo se preocupa em relacionar esses movimentos com a cenografia. Para isso ela tem uma parceria de anos como o cenógrafo, Gringo Cardia. Para análise, serão usadas dois espetáculos, criadas para a companhia: ''Tatyana'' (2011) e ''Nó'' (2005). 5.1.1. Tatyana (2011) ‘‘A parceria com Deborah Colker também é única. Nossa forma de trabalhar é bastante particular. Primeiro, eu crio o cenário e, em cima dele, ela monta a coreografia. Por isso, aparece tão perfeito em cena. É um ano de trabalho diário, ajustando as peças, os tamanhos, os movimentos, para que cenário e bailarino se tornem uma coisa só, mostrando essa intimidade corporal e cênica.’’ (GRINGO GARDIA PARA BOCHICHI, s/p) O espetáculo foi criado baseado na obra“Evguêni Oniéguin”, um romance em versos, publicado em 1832 por Aleksandr Púchkin. Ele gira em torna de uma das personagens principais, Tatyana, menina introspectiva que morava no campo, com um hábito compulsivo de leitura de livros. Uma personagem solitária, mas não é triste, até conhecer um homem, que a rejeita amorosamente. Podemos observar que no primeiro ato temos uma árvore, construída em estrutura metálica, com 6,5 metros de altura, e revestida em madeira, localizando-se no eixo central do palco, mais afastada para a rotunda¹ para que os bailarinos tenham uma maior área para se movimentarem. Essa árvore está representando o lugar onde os personagens vivem, o campo. E evidente que essa árvore possui articulações, para que se mova no decorrer da peça, ¹ROTUNDA: Pano de fundo, normalmente feito em flanela, feltro ou veludo, usualmente em linha reta, ao fundo do palco, delimitando o espaço cênico em sua profundidade.

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possibilitando uma interação ainda maior entre o cenário e os bailarinos, já que para que ocorra o deslocamento é necessário o esforço deles. Também se observa que nessa árvore, possuímos livros presos em seus ramos, como se fossem seus frutos, remetendo ao hábito compulsivo de leitura da personagem. E por remeter ao fruto, podemos deduzir que isso seria a fonte de vida da personagem. 26

Primeiro Ato: Imagens representativas de como e a estrutura cenográfica da árvore. 27

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No segundo ato o que era físico se transforma em virtual. Temos nessa sequência a divisão do palco em três telas de shark's teeth - uma tela transparente com pequenos furos, que permite uma melhor visualização do que esta atrás - que vão descendo no decorrer da encenação, onde são projetadas linhas que acompanham os movimentos das personagens.

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Através da iluminação inserida nessas telas e entre elas, temos a impressão de profundidade, do que se pode ver ou não e de existir diferentes ambientes num só espaço, onde se brinca com a realidade, já que em determinado momento da encenação temos a impressão que um dos bailarinos está acima do solo. Mas ao pesquisar sobre esse cenário, percebemos que na verdade, a bailarina está sobre um praticável acima do solo, e que por causa de sua cor preta e da iluminação, não dá para ver. 29

Segundo Ato: Tela Shark's Teeth interagindo com os bailarinos. 30

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5.1.1. Nó (2005) ‘‘Bailarinos amarrados com cordas, corpos que se aprisionam e se libertam, movimentos inspirados em um cavalo, dançarinos entrelaçados, uma mulher presa pelos cabelos. Em seu sétimo espetáculo, “Nó”, a coreográfa Deborah Colker transfor ma em dança um tema demasiado humano: o desejo.’’(COLKER, s/p) Em Nó, no primeiro ato, temos um cenário que depende totalmente dos movimentos dos bailarinos para que tome forma, onde se encontram 120 cordas, que estão amaradas nos urdimentos² do teatro, de diferentes espessuras e cores (uma na cor palha e outra na vermelha), que vão sendo liberadas durante o espetáculo. Além dessas cordas centrais, temos as avulsas em vermelha - cor que representa a paixão, o poder e também a raiva - para complementar as amarras da coreografia, ressaltando que a corda também e um instrumento de dominação. Isso para simbolizar as relações humanas, onde buscamos através desses relacionamentos, os nós, a satisfação de nossos prazeres e desejos. No segundo ato temos a mudança das cordas que prendem, para uma caixa de vidro, que tornam os desejos proibidos e intocáveis. Essa caixa de vidro, com estrutura de alumínio e policarbonato, possui 3,1 x 2,5 metros. Em seu entorno, podemos ver que o piso do palco e o plano de fundo foram delineados com duas cores, o branco e o vermelho, sendo que, onde se encontra a caixa está o branco, local que os bailarinos se movimentam, e logo depois, temos a transferência para o vermelho, o local proibido, que seria usado apenas na entrada e saída das intérpretes. 33

Segundo Ato: Plano de Vidro

Primeiro Ato: Cordas

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¹URDIMENTO: Armação de madeira ou ferro, construída ao longo do teto do palco, para permitir o funcionamento de máquinas e dispositivos cênicos.

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5.2. Ocupando o Espaço A dança não so se limita ao Edifício Teatral convencional, ela também se espalha pelos espaços da cidade e do campo, como já foi dito nesse trabalho. A fim de exemplificar o que foi previamente dito, selecionamos alguns exemplos como análise de caso no que diz respeito à diversificada ocupação. 5.2.1. Descabido (2012) - Núcleo Cinematográfico de Dança O Núcleo Cinematográfico de Dança é uma companhia de dança contemporânea independente concebida na parceria entre Mariana Sucupira e Maristela Estrela, em 2002, no Estúdio Nova Dança - SP. Essa parceria nasceu de um grupo de estudos sobre criação com interesse em investigar a relação entre as linguagens do cinema e da dança. Em 2012, início às apresentações do espetáculo ‘‘Descabido’’ ‘‘O que você faz quando se sente fora do lugar? Quando seu corpo parece não ter cabimento? Duas mulheres usam uma estante como plataforma de escalada, tentando, nos nichos das prateleiras, moldar ou enquadrar seus corpos como quadros de cinema. Explora diversas possibilidades e cria uma dimensão não gravitacional, dando a impressão de que o piso está na parede/estante, causando um efeito cinematográfico. Descabido é uma cena autônoma do trabalho "EXperimentações cinematográficas...", que é transformada e adaptada ao entorno onde é apresentada.’(CINEDANÇA, s/p) 34

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Cenário esse que, aparentemente planejado e construído em MDF, possui formas geométricas quadradas e retangulares que montam uma estante de módulos. Por serem módulos que não se encaixam uns nos outros, apenas se apoiam, permitem que esse cenário se transforme durante a apresentação, p r o p i c i a n d o d ive r s a s p o s s i b i l i d a d e s d e movimentos e performance. Junto a isso, temos a pintura desses módulos em tom de cinza que remete ao concreto. Isso se deve pelo fato de querer dar a impressão de que o piso pode ser modificado e ganhar o plano vertical, reinventando a estante e a transformando em escada. Ademais, é intenção criar um plano cinematográficos em que os corpos dos bailarinos se moldam entre os nichos vazios das prateleiras. Essa referência ao cinema se deve ao fato da companhia ter matrizes poéticas que ‘‘são motivadas e desenvolvidas pela fisicalidade e imagem do movimento apoiadas sobre uma abordagem estética do cinema.’’ (CINEDANÇA, s/p) Com isso, percebemos que por não possuir uma frontalidade espacial, teremos quatro planos de visão, já que a traseiro do cenário ficara exposta ao publico, instigando a curiosidade do espectador, ja que ele tera que se deslocar de sua posição durante a apresentação se quiser ter uma visão completa da sequência de movimentos.

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5.2.2. Ponto de Vista - Uai Q Dança Cia Uai Q Dança Cia, foi criada em 1990 sob a direção da bailarina Fernanda Bevilaqua na cidade de Uberlândia, Minas Gerais. Tem como sede de trabalho o Palco de Arte, um teatro para 100 pessoas, anexo ao Studio Uai Q Dança. Em um de seus projetos temos o ‘‘Ponto de Vista’’ de 2012. ‘‘A performance foi criada a partir de uma questão comum às integrantes da Cia que é : Do lugar onde você está, de onde seus pés tocam o chão, como é que você enxerga, sente e percebe os objetos do mundo?... Como essa mesma questão veio à tona para a Cia em 2012, escolheu-se o título “Ponto de Vista” para um estudo que prioriza o olhar, memória, sensação e percepção que venham do universo da rua, dos objetos e matérias que compõem a cidade, sua arquitetura e as pessoas que a habitam.’’(UAI Q DANÇA, s/p) A intenção principal desse objeto cenário é poder se integra por completo com o espaço, possibilitando as bailarinas se locomoverem por completo com ele. O desenho do banco, executado em MDF cru, possibilita que ele seja manipulado facilmente devido à sua leveza, e resistente o bastante para aguentar uma pessoa sentada ou em pé. Por possuir dois tipos de abertura em sua base, uma maior e uma menor, o cenógrafo cria a correlação que remete aos diferentes pontos de vista que podemos ter da paisagem ao nosso redor - uma vez que os bailarinos utilizam as aberturas para colocar as cabeças e interagir. Desses quatro bancos, três são do ponto de vista aberto e um de ponto de vista fechado. O objeto da cenografia, o banco, ainda possui um assento ondulado, representando a vida humana que percorre caminhos irregulares, com obstáculos, surpresas e outros fatores de desvio e mudança.

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A pintura de cada banco é diferente uma da outra. Por ser uma apresentação que demonstrá os diferentes pontos de vistas, essa pintura pode ter sido feita pela bailarina que iria o usufruir, colocando seu ponto de vista do espaço em sua volta, no próprio banco. A apresentação conta com uma caixa de som portátil, já que é dotada de música de fundo. Essa caixa de som é manipulada ao longo da apresentação e acompanha os movimentos de baile dos bailarinos. Pelo fato do cenário ser um banco, ele per mite facilidade na sua deslocação, possibilitando diversas interação com o espaço e o publico.

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5.2.3. Inspirações de Ocupação do Espaço Assim, temos alguns exemplos de danças com cenário que serviram como inspiração: 45

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Balões Vermelhos|Balões - Cia Etra de Dança Contemporânea ‘‘Balões vermelhos: Imagine um jardim geométrico em que, em vez de flores, brotassem balões vermelhos. Assim é o cenário Balões Vermelhos... Dezenas de bexigas flutuam pouco acima do solo, suspensas pelo gás hélio e dispostas com precisão em linhas e colunas, formando um tabuleiro, que ganha vida com o movimento dos seis bailarinos, influenciados pelos balões, a instalação remete: o vermelho do sangue e da morte, as bexigas das festas de criança, a geometria da cena, etc. Balões: Balões é uma intervenção que surgiu das inquietações, descontrações e intervalos de ensaio do elenco do espetáculo Balões Vermelhos. Buscando ocupar espaços, a proposta traz à tona a curiosidade do espectador participante. Ele é parte do trabalho na medida em que as ações dos artistas se desenvolvem em relação aos seus comandos. Balões é um convite ao lúdico, à integração e ao ser criança.’’(FÓRUM DE DANÇA DE SANTOS, s/p)

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A Study of Who - Heather Eddington ‘‘A peça teatral Study of Who, uma colaboração entre o diretor Heather Eddington e a poeta Anna Mae Selby, é um espetáculo de dança íntimo que mostra os cinco estágios do luto. Com certeza um tema pesado. Para ajudá-la a representar essa experiência humana elementar, Eddington procurou os designers de luz interdisciplinares na Nocte, que retornaram com uma proposta ousada: Encher o palco com 30 Candeeiros artesanais pantog ráficos para ser vir como cenário, estabelecendo um ambiente, e respondendo dinamicamente à atriz ao longo da peça, como uma espécie de coro grego da luz.’’ (FASTCODESIGN, s/p - Tradução José Martins)

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6. Preparativos do Cenário 6.1. Samuel Bechett A ideia inicial para o projeto de conclusão de curso foi fazer uma cenografia para a dança, onde se criticaria as imposições que a sociedade impõe perante os indivíduos. De modo que, uma das primeiras pessoas que veio à cabeça foi o dramaturgo e escritor, Samuel Bechett. Portanto, depois de pesquisas realizadas sobre o autor e a leitura de algumas de suas peças, foi decidido que a cenografia seria uma de suas historias, onde a dramaturgia de diálogos se transformaria em movimentos. Posto isso, para entender melhor sobre o que as peças falam se deve entender a época em que o escritor viveu. 51

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‘‘TEATRO DO ABSURDO é uma expressão cunhada pelo crítico inglês Martin Esslin (1918 - 2002) no fim da década de 1950 para abarcar peças que, surgidas no pós-Segunda Guerra Mundial, tratam da atmosfera de desolação, solidão e incomunicabilidade do homem moderno por meio de alguns traços estilísticos e temas que divergem radicalmente da dramaturgia tradicional realista.’’ (ITAUCULTURA, s/p)

Samuel Bechett nasceu em 1906 em Dublin, Irlanda. No ano de 1927. Graduou-se em Literatura Moderna no Trinity College de Dublin, se especializando em Italiano e Francês. Por cauda disso, foi lecionar em Paris, conhecendo e se tornando amigo de outro grande escritor da época, James Joyce, que o influenciou fortemente e fazendo do país sua segunda casa. Escreveu poucos textos antes da Segunda Guerra Mundial começar, mais foi depois dela que suas historias começaram a ganhar notoriedade, por ser um dos precursores do Teatro do Absurdo, com a peça ‘‘Esperando Godot’’ (1949) Serviu de inspiração para muitos escritores posteriormente. Considerado por muitos uns dos últimos escritores modernistas, mais também podendo ser um dos primeiros pós-modernistas (WOOK, s/p) Pela sua contribuição a literatura, que durante sua vida escreveu poemas e textos em prosa, como romances, novelas, contos e ensaios, além de textos para o teatro, o cinema, o rádio e a televisão, ganhou em 1969, o Nobel de Literatura, que atribuiu esse premio a ele ‘‘pela sua escrita, que - em novas formas para o romance e drama - na destituição do homem moderno adquire sua elevação. '' (NOBEL, s/p) Morreu em 1989, decorrente de um enfisema pulmonar, contra o qual já lutava havia três anos.

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6.2. A Intérprete A fim de materializar esse projeto e dar vida ao importante processo interdisciplinar da composição do cenário, que envolve variados profissionais de diversas especialidades, buscamos a colaboração de uma bailarina interessada em participar na realização do projeto - que passa a se aproximar das experiências cotidianas do ofício. Contamos com a participação da bailarina, estudante do Curso de Dança da Universidade Federal de Uberlândia, Gabriela Paes. Iniciamos sua apresentação através de um breve questionário: Quando começou seu interesse pela dança? Interesso-me pela dança desde pequena, mas só comecei a dançar efetivamente aos 10 anos, quando iniciei meus estudos de Dança no Núcleo de Estudos da Dança, em Uberlândia. Porque torna ela sua profissão? Já que está graduando nessa área? Aos 13 anos, comecei a fazer aulas na escola de danças Uai Q Dança, e lá entrei em contato com alguns princípios da Dança Contemporânea, que me interessaram muito. Também passei a escrever e ler alguns textos críticos sobre dança e descobri muitas aberturas neste campo artístico, que me levaram à graduação. A dança tornou-se minha profissão pelo seu caráter questionador e por eu acreditar na importância de fortalecer o entendimento das artes como uma área de formação profissional. O que mais a motiva? Discutir questões sociais e culturais, assim como refletir sobre modos criativos de tratar essas problemáticas são aspectos que me motivam muito nesta profissão. Quais suas Inspirações? Artisticamente, os brasileiros Cláudia Müller, André Masseno e Jorge Alencar são minhas grandes inspirações, assim como a espanhola La Ribot. Pessoalmente, meus pais e minha professora de dança Fernanda Bevilaqua, que me incentivaram a cursar a graduação.

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Quando te apresentamos a proposta para participar deste trabalho de graduação, o que te levou a aceitar? O tema se alinha à sua produção artística? Receber o convite de trabalhar em conjunto nesta pesquisa foi um grande presente para mim neste semestre, dado o meu interesse em buscar maneiras de ampliar o diálogo e a interlocução entre diferentes áreas de criação. Por isso, acredito que o tema se alinha à minha produção artística em vários aspectos. Primeiramente, a obra de Beckett é um marco dentro das narrativas teatrais e poder discuti-la criticamente, partindo das perspectivas da Dança e do Design, é uma oportunidade única de trabalho. Em segundo lugar, acredito na solidez desta proposta e na importância de descobrir e acompanhar os processos criativos dentro de outras linguagens. (respondi curtinho pra caber no seu caderno. Por mim, eu daria um montão de motivos. hahaha)

Uma vez que o cenário será destinado à uma bailarina em específico, iniciamos tirando as medidas corporais da intérprete a fim de que o mobiliário seja ergonômicamente apropriado para ela. O processo de criação do cenário envolveu discussões junto com a artista e busca respeitar suas limitações e características físicas, valorizar sua habilidades e dialogar com sua linha de trabalho. a. ALTURA: 165cm b. CINTURA: 82cm c. PESCOÇO: 35cm d. ALTURA LATERAL: 107cm e. ALTURA PÉ/JOELHO: 45cm f. ALTURA JOELHO/PESCOÇO: 102cm

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5.3. Plano Coreográfico Inicialmente esse projeto foi realizado para duas peças de teatros escritas pelo Samuel Beckett, mas depois de diversas conversas e apontamentos de prós e contras, foi decido que para a realização e melhor desenvolvimento de tal, apenas uma das peças seria necessária. Para isso, foi escolhida a peça teatral de Beckett intitulada "Happy Days" - Dias Felizes escrita em 1960, que será o plano coreográfico e cenográfico, que será seguido no projeto. A seguir realizamos um breve resumo da obra:

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"Happy Days" é a história da personagem Winnie, uma mulher de meia idade enterrada até a cintura numa pequena elevação em um campo de ervas queimadas. Nesse ambiente existem várias outras elevações e, entre uma delas, encontra-se o seu indiferente marido Willie que ao contrário da esposa não está enterrado. Não se explica o motivo dos personagens estarem nessa situação, ou como eles chegaram até lá. A única informação transmitida é que a história acontece depois de uma guerra que culminou no sumiço das pessoas. A personagem possui apenas dois objetos para passar o tempo: à esquerda sua ampla bolsa preta que guardar alguns de seus objetos pessoais e à direita a sua sombrinha que a protege do sol escaldante. N o p r i m e i r o a t o o b s e r va m o s a personagem dormindo, apoiada em seu buraco. Uma campainha toca para acordá-la e não para até que a personagem o faça. Assim que ela acorda se inicia um monólogo sobre como o seu dia é feliz, mas logo percebe-se que ela não está

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realmente satisfeita com a sua condição e a protagonista busca se agarrar aos objetos que estão ao seu alcance, no caso a bolsa e a sombrinha. Observamos, também, que o tédio transmitido por Winnie se transforma em um grande receio de perder todos e tudo ao seu redor. Com o presente medo de abandono, a personagem passa a achar que precisa mudar a sua situação; no entanto, não faz nada de prático para que isso aconteça e passa a repetir os seus mesmos movimentos dia após dia. A mesma campainha do início do ato volta a tocar agora no final, indicando que é hora de Winnie dormir, como se o som da máquina ou o desejo de outra pessoa a estivessem controlando - fato que não é explicado ao longo da história. No segundo ato o cenário continua o mesmo, mas a personagem agora encontra-se enterrada até o pescoço e seus olhos são os únicos que se movem. O marido não aparece mais. Esse fato faz com que ela se questione e crie suposições do tipo: "Willie teria fugido? Morrido?". Nesse ato a personagem se mostra mais cansada do que no primeiro, visto que a campainha passa a tocar várias vezes para mantêla acordada. Isso reflete em suas falas, Winnie passa a refletir sobre sua obediência à campainha e sua condição imutável. O texto se finaliza com o aparecimento do seu marido, livre, com boas vestimentas e de pé, representando uma liberdade que a personagem não tem e nunca poderá ter.

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‘‘E quando aquela campainha toca (Pausa) dói como uma navalha. (Pausa) Um formão. (Pausa) É impossível deixar de a ouvir. (Pausa) Quantas vezes não tenho eu dito... (Pausa)... digo eu: quantas vezes não tenho eu dito: faz-te surda, não ligues à campainha, Winnie, dorme e acorda, dorme e acorda quando te apetecer, abre e fecha os olhos quando te apetecer ou como achares mais vantajoso para ti. (Pausa) Abre e fecha os olhos, Winnie, abre e fecha os olhos, ao menos isso...(Pausa) Mas não. (Sorriso) Agora não. (Sorriso mais aberto) Não, não (Fim do sorriso. Pausa)’’ (BECKETT, 1973. pag. 75-76). 34


6.4. O Lugar Iniciamos uma investigação sobre possíveis lugares para a implantação do cenário.

Local: Casa ao lado do posto de combustível Tio Patinhas, com grande fluxo de pessoas em sua volta. Espaço sem uso, possui uma espécie de vitrine possibilitando interações entre interior e exterior.

Local: Obra que foi interrompida a anos. Bem no centro da cidade, com ótima localização e um fluxo grande de pessoas, possibilitando uma maior divulgação da apresentação

Local: Casa não conservada pelos donos na Rua Augusto César, ao lado do estabelecimento "Açaí da Terra". Interior estilo galpão com ótima localização, em uma rua de alto fluxo com um ponto de ônibus bem na porta.

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Local: Ponte natural, passagem criada entre dois lagos, perto do Zoológico. A ponte serviria de palco e um espaço de plateia poderia ser construído de variadas formas devido à boa visibilidade e amplitude de espaço.

Local: Casa de máquinas, em frente à pista de caminhada, perto do Playground. Possui um declive que encontra um pequeno lago. Com troncos caídos que poderiam servir de banco para a plateia, o palco poderia ser a cobertura da casa de máquinas e o acesso à energia elétrica seria facilitado.

Local: Espaço de lazer ao lado do principal lago do Parque, sentido Noroeste. Possui pontes e nascentes de água em vários pontos, além de um alto fluxo de pedestres.

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Local: Pavilhão Itinerante Concurso Culturarte 2009 localizado no Campus Santa Mônica da UFU. Três blocos que foram feitos para expor projetos ou apresentações do lado do R.U. Devido ao não uso, e a má c o n s e r va ç ã o d o e s p a ç o e s t á degradado e destruído.

Local: Vão da biblioteca da UFU Campus Santa Mônica. Possui um ar de mistério e silêncio, espaço frequentado por muitas pessoas e que apresenta um espelho d´água em desuso que poderia servir para intervenções de conceito enterrado ou semi-enterrado.

Local: Espaço aberto no bloco do curso de Dança da UFU. Espaço com uma pequena arquibancada em frente a um jardim - espaço natural.

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6.4.1. O Pavilhão O Pavilhão Itinerante_Circuito Culturarte, foi construído com o intuito de solucionar o proposto no edital do Concurso Culturarte de 2009, que determinava o ‘‘anteprojeto de pavilhão para utilização em eventos de artes visuais e híbridos, dança, música e teatro a ser implantado junto ao Restaurante Universitário do Campus Santa Mônica da Universidade Federal de Uberlândia’’ (EDITAL). A equipe ganhadora do concurso foi composta pelos seguintes alunos: Elisa A. Ribeiro, Guilherme S. Graciano, Kauê F. Paiva, Mairla L. Melo e Tayana Borges. No ano de 2011, os pavilhões terminaram de ser construídos e foram inaugurados com a apresentação dos trabalhos ganhadores do evento Culturarte daquele mesmo ano. Depois disso, o uso desses pavilhões foi diminuindo ao longo do tempo, até o momento em que nenhum deles passou a ser utilizado. Logo, os pavilhões foram sofrendo com a falta de manutenção, mal uso, vandalismo e ação das intempéries que vem degradando o espaço. Foto da Inauguração 72

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Foto Atual 73

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Atual Situação do Pavilhão 74-84

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Contactamos os autores do projeto para que tivéssemos acesso ao mesmo - e demais peças gráficas dos pavilhões, afim de entender suas dimensões e demais características. No entanto, nos foi informado que durante o processo de construção os pavilhões foram modificados e o resultado da construção possui alterações que divergem do projeto original. É importante ressaltar que as principais dimensões foram mantidas e seguem o plano original (altura, largura e profundidade), mesmo assim, suas grandezas foram conferidas in loco e realmente seguem o projeto. Uma plataforma de apresentação foi acrescentada ao espaço e sua medida aferida. Assim, esse local foi escolhido por ‘‘ser um local abandonado - um espaço degradado, destruído, que remeta ao esquecimento - mas que ao mesmo esteja em um espaço ao ar livre que contraste com a ideia de liberdade e prisão.’’ (vide pág.17). Como vemos, este local possui todos os pré-requisitos que foram colocados durante a discussão sobre o projeto. Além disso, por ser um local dentro do ambiente universitário, a viabilização do aval para a apresentação é facilitada, outro fator que também foi crucial para a escolha.

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Projeto técnico disponibilizado pelos autores 86

pavilhão itinerante_circuito culturarte

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Instalações elétricas e hidráulicas

universidade federal de uberlândia

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pavilh찾o itinerante_circuito culturarte

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DETALHES

universidade federal de uberl창ndia

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7. O Cenário 7.1. O Projeto Como lemos no resumo da história escolhida para a execução desse projeto, `Happy Days` (vide pág. XX), a personagem Winnie encontra-se enterrada em uma elevação que, a partir de aqui, intitulamos de morro. Assim, para a criação do cenário foi trabalhada a ideia de um morro que se movimentasse no espaço - já que na história esse elemento engole a personagem durante os atos. 88-90 Uma vez que o espaço da apresentação se encontra no meio acadêmico, uma questão correlata ao texto de Beckett relacionada ao ambiente foi colocada: No que as pessoas estão enterradas? No caso, alunos, professores e técnicos. A resposta para essa questão foi dada co mo : Livro s, b uro cra cia , documentos. Com isso, o cenário que envolve a bailarina seria essencialmente um morro, um morro de livros, onde ela estaria presa pela cintura e, no decorrer da perfor mance, ele a deixaria soterrada. Conseguintemente, vários modelos e ideias foram sendo desenvolvidas até que se chegasse em um ideal para a construção e realização da apresentação de dança. Alguns Croquis iniciais do projeto.

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ideia 01

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Primeiras ideias no SketchUp e ideia ďŹ nal.

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O cenário possui as seguintes características: uma Estrutura para apoiar a Elevação - que será fixada em um Cinto, preso na cintura da bailarina - em que estarão os Livros. A estrutura foi inicialmente pensada de forma que ela alcançasse o formato de um morro, adotou-se a forma geométrica do triângulo que permitiu usar o lado da diagonal para alcançar o efeito. Além de uma estrutura de forma circular com a função de apoiar os pés da bailarina e auxiliar o travamento inferior das peças triangulares, e uma peça em círculo, vazada, ao redor da cintura da bailarina fixada por um cinto que auxilia o travamento superior das peças triangulares. A implantação dessa conformação estrutural será em um local fechado nas laterais e de pouca dimensão, apenas a parte da frente receberá os triângulos, totalizando nove peças. A parte de trás será vazada para possibilitar o acesso da bailarina e depois preenchida com fitas zebradas. O projeto será executado em

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madeira tipo compensado, por ser um material leve, de fácil manuseio e corte. Por possuir propriedades que não permitem o aparecimento de rachaduras, o encolhimento, a torção e, principalmente, por possuir alto nível de resistência, o material dura por mais tempo, resiste às atividades, testes, e foi escolhido. O desenho da estrutura foi baseado no desenho de treliças planas muito utilizadas na estruturação de telhados. É um sistema com montagem triangular de peças em linha reta, ele trabalha redistribuindo forças ao longo do comprimento de seus variados elementos - devido à essa característica, possui componentes de desenho mais esbeltos e leves. O revestimento das estruturas treliçadas foi pensado de modo que pudesse compor for mas maleáveis que se deslocassem no espaço com facilidade. A ideia é que o revestimento venha a compor variados livros de páginas abertas e completem o fechamento do morro criado. Assim, foi bolado um sistema de placas de compensado, unidas por um pedaço de couro parafusado, para servir de apoio para os livros abertos. Esses braços móveis compostos por livros serão apenas apoiados nas treliças, no entanto, em sua extremidade superior possui uma fixação em cordas na cintura da bailarina e que resultarão em um cinto. O ajuste do cinto poderá ser feito e irá resultar em um truque aplicado no segundo ato. No segundo ato a intérprete é e n g o l i d a fi s i c a m e n t e p e l o m o r r o, anteriormente a esse fato ela se encontrava de pé, agora ela se senta em um banco e eleva as peças prezas ao cinto até o seu pescoço, ficando entalada.

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Todo o compensado utilizado na criação do projeto não sofreu modificação externa, com pintura ou verniz, por exemplo, ele foi lixado e apresenta a aparência natural cru. Essa escolha foi feita buscando a representação real do material, sujeito a fraquezas e desgastes diários, sem proteções, buscando uma relação com os temas abordados por Beckett que envolvem as fraquezas humanas e a crítica da realidade frágil da sociedade descrita por meio de suas metáforas. O sistema da elevação também foi pensando de um modo em que comportasse a carga dos livros que darão volume ao morro. Para isso foram confeccionadas tábuas pensadas em dimensões apropriadas para apoiar cada livro. Com isso, temos parafusos não totalmente parafusados na extremidade

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superior de cada tabua para que se possa amarrar arrames galvanizados que estarão presos nos espirais dos livros. Para o segundo ato, onde a personagem está enterrada até a cabeça, teremos por detrás da bailarina um banquinho para que ela possa se sentar, assim ao se agachar, a Elevação irá se movimentar para cima fazendo com que a intérprete seja enterrada até o pescoço. A altura desse banquinho foi decidida na hora do ensaio seguindo a ergonometria da bailarina Gabriela, para que a elevação não encobrisse a sua cabeça. Já as fitas zebradas foram adicionadas à composição do cenário a fim de simbolizar tudo aquilo que a sociedade reprime. Isso porque elas representam o isolamento de áreas, não só de locais que ofereçam algum tipo de perigo, mas também do controle de acesso de pessoas. Portanto essas fitas estarão colocadas de modo que bloquem a aproximação do público ao local da apresentação, sendo presas nas laterais, frente e traseira do cenário junto com a estrutura do Pavilhão. Assim, compomos a ideia do cenário que demonstra todo esse mundo criado por Beckett interligado de maneira complementar aos movimentos da bailarina.

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Esquemas da implementação das fitas.

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7.2. Making Off Com o projeto finalizado foram tomados os primeiros passos visando a construção do cenário, o primeiro deles envolveu a compra de materiais para a confecção e montagem. Assim, abaixo foi desenvolvido um memorial descritivo dos materiais:

Espiral ((72 unid)) - R$ 72,00 - RB Digital Arame Galvanizado ((72 unid/20mm - 30cmx72uni = 2,2m)) - R$ -13,90 Fita Zebrada/Isolante ((1/2uni)) - R$8,90 -

Total

Chapa de Compensado ((3 uni)) - R$234,00 - Madeiranit Dobradiças Couro Pernas Baixo - Parte fornecido pelo LAMOP Cinto parte comprada 14mm ((vários)) Parafusos 16mm ((72uni)) Base livros - fornecido pelo LAMOP 30mm ((09uni)) Pernas estrutura parte cima - fornecido pelo LAMOP Arruela ((450 uni)) - R$32,50 - Eletro Geraes L em Metal ((09 uni)) - R$5,40 - Eletro Geraes Cola Branca ((Cascorez 1Tubo)) - fornecido pelo LAMOP Couro ((1mx1m)) - fornecido pelo LAMOP Corda ((5metros)) - R$3,00 - Eletro Geraes Parafuso em Gancho ((9uni)) - R$1,00 - Pascol Ferragens Pano ((2,5mx1,5m)) - R$3,00 - Miramontes Elástica ((1m))| Gancho de Bolsa ((9uni)) |Casa ((9uni/tam.2)) - R$13,80 -Ronaju Couro e Plástico Livros/Xerox/Folhas ((14.400 unid)) - Doações de Amigos e Conhecidos -

R$ 387,50

LMAOP é o Laboratório de Modelos e Protótipos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e Design, que destina-se à execução de representações tridimensionais de modelos que sirvam como base e auxílio de aulas teóricas e práticas do dois cursos. Logo, foi combinado com o técnico do laboratório, Fábio Reis de Souza, dias e horários para que o projeto tomasse vida. Assim, em seguida, relato em tópicos a experiência de montagem.

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Dia 01 . Cortar as fitas da base . Desenho do círculo superior na tábua

DIA 01

Dia 02 . Corte do círculo superior . Recorte dos encaixes da estrutura . Desenho do círculo chão na tábua . Corte do círculo chão . Lixar círculos Dia 03 . Lixar fitas da base . Cortes das fitas em dimensões utilizadas no projeto . Montagem das fitas formando o triângulo Dia 04 . Corte das Placas . Lixar Placas . Corte do couro Dia 05 . Montagem das dobradiças de couro . Solucionar problemas na dobradiça Dia 06 . Solucionar problemas na dobradiça . Montagem das dobradiças de couro Dia 07 . Terminar montagem das dobradiças . Visita da orientadora e bailarina . Parafusar o encaixe dos livros . Montagem do Morro Dia 08 . Levar o cenário para a casa da aluna

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DIA 02

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DIA 03 - ESTRUTURA PRONTA

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Como é possível notar, tivemos vários problemas com a dobradição idealizada que fixa as placas porque ela começou a rasgar em alguns pontos. O couro, mesmo rasgando, é um material flexível que possibilita o movimento das placas, necessário para o projeto, ele foi mantido e dessa vez fixado em mais pontos, reforçando o local da dobra do material. Caso necessário, admitiu-se uma reserva de couro para substituição quando necessário. O transporte das peças de toda a composição foi dimensionada para caber na caçamba de uma caminhonete, sem a necessidade de serem completamente desmontadas. Consideramos o desmembramento total para quando a apresentação ocorrer em outras cidades, por segurança. De posse de uma parafusadeira elétrica é possível compor os encaixes, aqueles que não são feitos no sistema de união por parafusos são encaixados por pressão. PROBLEMAS NA DOBRADIÇA

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DIA 07

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FOLHAS

Com o intuito de arrecadas as folhas de papel para a confecção dos livros, foi realizada uma campanha na rede social Facebook, na página própria da aluna, para a captação de material. Ademais, as folhas de papel foram captadas em gráficas e uma caixa de papelão com um aviso explicativo foi colocada na Sala 24h no Bloco I, na UFU - Campus Santa Mônica; para aumentar ainda mais a rede de doadores, resultando no cumprimento do objetivo.

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CINTO

Para confeccionar o cinto que será preso na cintura da aluna e que irá conectar a estrutura ao seu corpo, foi marcado um encontro com a bailarina na residência da aluna, onde a mãe desta iria costurar e tirar todas as medidas necessárias para que ele ficasse confeccionado corretamente, e não ficasse solto em alguma parte.

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7.3. O Cenário e sua Bailarina Com a finalização do cenário se iniciou os ensaios para a apresentação. Inicialmente eles aconteceram na residência da aluna - por possuir espaço para a experimentação, testes, armazenamento das peças e pela facilidade de encontro e menor deslocamento entre a bailarina e a aluna. Uma semana antes da data marcada da apresentação foram feitos ensaios in loco e os ajustes finais para que o espetáculo tome vida.

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Este trabalho se realizou em conjunto, uma vez que entendemos que a atividade cenográfica envolve variadas áreas do conhecimento e espacialidades. Realizamos uma parceria com a bailarina Gabriela que compôs a coreografia do baile o opinou à respeito do cenário verificando sua viabilidade, peso para manuseio e apoio, possibilidade de interação entre o entorno e linguagem da apresentação. Incluímos aqui o registro da parceria travada entre a bailarina e coorientador Emilliano Freitas que completam o projeto indicando o caminho do design do figurino que deveria ser preto, combinar com o entorno proposto de fitas zebradas de segurança e ainda transmitir elegância, uma vez que o texto de Beckett trata de uma mulher com posses, bens materiais. Para a iluminação, foi solicitada a assessoria do aluno do curso de Teatro da UFU Diego Nobre que desenvolve trabalhos e estudos na área. Diego desenvolveu o esquema de iluminação da apresentação e a instalação dos equipamentos, levando em consideração o horário (17:45h) e o tema. Já a música para a apresentação, sua escolha, ficou a cargo da bailarina Gabriela que indicou a faixa ‘‘Music for pieces of wood’’ de Steve Reiche, e a adaptou para a performance. 138

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Finalizando, em anexo se encontra o CD deste trabalho com um vídeo explicando o processo de construção do cenário, o resultado e o projeto técnico. Incluímos também o cartaz convidando para a apresentação de dança performática da bailarina Gabriela.

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8. Referências 8.1. Referencias Biográficas *ANDRADE, Beatriz. A Dança Contemporânea no Tempo. São Paulo, 2011 *BECKETT, Samuel. Dias Felizes. 2ed - Editora Estampa - Lisboa, 1989. 88p. *MANTOVANI, Ana. Cenografia - São Paulo: Ática, 1989. 96 p. *MATE, Alezandre, LANGENDONCK, Rosana Van. Teatro e dança: repertórios para a educação. São Paulo, 2010 *MENDES, Miriam Garcia.A Dança. São Paulo: Ática, 1987 *MOTTA, Gilson. O Espaço da Tragédia. São Paulo, 2011, Cap. 3: A Cenografia Pós-Moderna *NERO, Cyro Del. Cenografia: Uma breve visita - São Paulo: Claridade, 2008. 96 p. _____. Máquina para os Deuses: Anotações de um cenógrafo e o discurso da cenografia - São Paulo SENAC São Paulo, 2009. 384 p. *URSSI, Nelson José, A Linguagem Cenográfica - São Paulo - Universidade de São Paulo - 2006

8.2. Referencias Web *BULCÃO, Heloisa Lyra; KOSOVSKI, Ligia; SÁ, Luiz Henrique. Notas de aula da disciplina Cenografia I. Disponível em: cenografiaum.wordpress.com/ (Acesso em 15 de Janeiro de 2014) *BOCHICHI, Regiane. Gringo Cardia trabalha com a alma e lápis em projetos multidisciplinares Disponível em: movimentohotspot.com/noticias/gringo-cardia-trabalha-com-a-alma-e-lapisem-projetos-multidisciplinares/ (Acesso em 22 de Janeiro de 2014) *MORATELLI, Valmir. Deborah Colker: 'Ainda vou ser uma carnavalesca’ Disponível em: ultimosegundo.ig.com.br/cultura/deborah-colker/n1596980910494.html (Acesso em 22 de Janeiro de 2014)

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*COLKER, Deborah. Espetáculo. Disponível em: www.ciadeborahcolker.com.br/ (Acesso em 22 de Janeiro de 2014) *COMO SE DANÇA. Definição de Dança e Tipos de Dança Disponível em: comosedanca.blogspot.com.br/2009/03/definicao-de-danca-e-tipos-dedanca.html (Acessado em 14 de Fevereiro de 2014) *ARTHUR MOREAU. Louppe em Português: Resenha da obra poética da Dança Contemporânea Disponível em: http://idanca.net/louppe-em-portugues-resenha-da-obra-poetica-da-dancacontemporanea/ (Acessado em 14 de Fevereiro de 2014) *WOOK. Home > Autores > Samuel Beckett Disponível em: http://www.wook.pt/authors/detail/id/23701 (Acessado em 16 de Fevereiro de 2014) *NOBEL. Nobel Prizes and Laureates Disponível em: www.nobelprize.org/nobel_prizes/literature/laureates/1969/index.html (Acessado em 16 de Fevereiro de 2014) *UAI Q DANÇA CIA Disponível em: danceuai.blogspot.com.br/ (Acessado em 15 de Junho de 2014) *FÓRUM DE DANÇA DE SANTOS Disponível em: forumdedancasantos.wordpress.com/category/cia-etra-de-dancacontemporanea/ (Acessado em 17 de Junho de 2014) *FASTCODESIGN Disponível em: http://www.fastcodesign.com/1671460/ (Acessado em 17 de Junho de 2014)

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8.4. Referencias Iconográficas Pag.6 - T1. Curiosidade (spaceandbeyond.tumblr.com/post/86930886582) Pag.7 - T2. Me leve de volta... (www.pinterest.com/pin/89157267598260911/) Pag.8 - T3. A Cenografia (imgur.com/NAo51) Pag.9 - T4. Mapa da Cenografia (PDF retirado do site da faculdade UTL - Faculdade de Arquitetura em Fevereiro de 2011, que atualmente não existe mas o link) Pag.10-13 - Imagens T05-21. Linha do Tempo *|Antiguidade Clássico ao Barroco| Desenhos em Preto e Branco (PDF’s do site cenografiaum.wordpress.com) *|Teatro Moderno| Primeira Imagem - Adolphe Appia: Espaces Rythmics (1909) (25.media.tumblr.com/tumblr_lsk69nXEKW1qbi5mho1_1280.jpg) Segunda Imagem - Hamlet: Edward Gordon Craig (1912) (http://www.pinterest.com/pin/553028029213232650/) *|Século XX| Primeira Imagem - ‘‘O Gabinete do Dr. Caligari’’ (1920) (punkbrega.com.br/wp-content/uploads/2008/03/Cubismo1.jpg) Segunda Imagem - ‘‘Le Chant du Rossignol’’ (1916-17) (chaudron.blogspot.com.br/2011/04/plastic-flora-fortunato-deperos-scenes.html) Terceira Imagem - ‘‘The Magnanimous Cuckold’’ (1922) (www.surrealism-plays.com/theatreimages.html) Quarta Imagem - ‘‘Reifentanz’’ 1930 (theredlist.fr/media/database/settings/performing-art/Theatre/1930/014_1930_theredlist.jpg) *|Contemporaneidade|Matilda The Musical de Rob Howell. (boneaubryanbrown.com/blog/wp-content/uploads/2013/10/MatildaNYBailey1383rS.jpg) Pag.14 - T22. A Dança (www.pinterest.com/pin/238268636508425621) Pag.15 - T23. Os Estilos (www.pinterest.com/pin/161777811585025336) Pag.16 - T24. O Campo (francis-flower.tumblr.com/post/87089288946) Pag.17 - T25. A Cidade (www.flickr.com/photos/ejpphoto/5703587575/) Pag.19/20 - Tatyana Primeiro Ato T26 (coolguide.com.br/wp-content/uploads/2011/07/colker1.jpg)

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T27 (relookage.files.wordpress.com/2011/04/tatyana-012.jpg) T28 (bangalocult.blogspot.com.br/2013/07/cia-de-danca-deborah-colker-apresenta.html) Segundo Ato T29 (renatofelix.files.wordpress.com/2011/09/tatyana-02.jpg) T30 (ciadeborahcolker.com.br/wp-br/wp-content/gallery/tatyana/deb0994press.jpg) T31 (br.pinterest.com/pin/250723904229857891/) Pag.21 - Nó T32 Primeiro Ato (hblog.com.br/2012/wp-content/uploads/2013/07/abei10.jpg) T33 Segundo Ato (Retiradas do vídeo: www.youtube.com/watch?v=V0R4nNfmvGk) Pag.22/23 - Descabido (2012) - Núcleo Cinematográfico de Dança T34 (www.cinedanca.com/#!descabido/cv5z) T35-38 (www.viradaculturalpaulista.org.br/fotos/confira-atracoes-de-diadema) Pag.24/25 - Ponto de Vista - Uai Q Dança Cia T39-44 (danceuai.blogspot.com.br/2012/04/dia-29-de-abril-de-2012-dia.html) Pag.26 - Balões Vermelhos|Balões - Cia Etra de Dança Contemporânea T45-47 (www.facebook.com/ciaetradedancacontemporanea) Pag.27 - A Study of Who - Heather Eddington T48-50 (www.fastcodesign.com/1671460/) Pag.28 - Samuel Bechett T51/52 (newyorker.com/online/blogs/photobooth/2013/12/a-reluctant-subjectportraits-of-samuel-beckett.html#slide_ss_0=1) Pag.30 - T53. Gabriela Paes (Disponibilizado pela estudante) Pag.31 - T54. Silhueta Mulher (http://www.pinterest.com/pin/435160382717658331/) Pag.32/33 - Dias Felizes T55 (renatofelix.files.wordpress.com/2011/09/tatyana-02.jpg) T56 (ciadeborahcolker.com.br/wp-br/wp-content/gallery/tatyana/deb0994press.jpg) T57 (br.pinterest.com/pin/250723904229857891/) T58 (br.pinterest.com/pin/250723904229857891/) Pag.34 - T59 Capa do Livro ‘‘Dias Felizes’’ versão Brasileira (PDF Livro) Pag.35-37 - T60/64/68. Print do Google Maps (05/06/2014) T61,62,63/65,66,67/69,70,71. (Imagens Própria - 19.05/ 27.05/ 06.06.2014) Pag.38 T72 Inauguração (au.pini.com.br/arquitetura-urbanismo/216/imagens/i323422.jpg) Pag.39/40 T73-84 Fotos atuais do Pavilhão (Imagens Próprias - 02.07.2014)

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Pag.41 T85 Plataforma (Imagem Própria - 02.07.2014) Pag.42-43 T86/87 Técnico (PDF’s fornecidos por Mairla L. Melo e Elisa A. Ribeiro) Pag.44 T88-90 Fotos Croquis (Imagem Própria - 29.07.2014) Pag.45 T91-96 Print dos Modelos do SketchUp (Mês de Agosto 2014) Pag.46-48 T97-103 Imagens Renderizadas do Projeto (Mês de Agosto 2014) Pag.49/50 T104-109 Croquis Esquemas Fitas (Mês de Agosto 2014) Pag.52-57- T110-130 Fotos da Montagem do Cenário no LAMOP (Imagem Própria Mês de Julho 2014) Pag.58- T131 Print da Pagina do Facebook (05.08.2014) T132 Foto do Cartaz na sala 24hora do Bloco I (Imagens Própria - 06.08.2014) Pag.59- T133/134 Fotos Confecção Vídeo (Imagens Própria - 10.08.2014) Pag.60- T135-137 Fotos dos Ensaios (Imagens Própria - Agosto 2014) Pag.61- T138 Iluminação (www.pinterest.com/pin/473229873317477561/) T139 Figurino (www.pinterest.com/pin/137641332335193131/) T140 Musica (www.pinterest.com/pin/437271445042326770/) Pag.62 T141 Imagem de Finalização do Caderno (Imagem Própria - 15.07.2014)

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Anexo CORES DO CADERNO O projeto em si, possui quatro cores, Bege (do compensado) Preto e Amarelo (da fita zebrada) e Vermelho (do pavilhão). Mas como são cores que não se complementam, elas não possuem harmonia entre si. Para isso, foi escolhida para o caderno uma palheta de cores suaves, que não contrastassem com as imagens e a escrita. A inspiração foi retirada de uma foto que retrata a natureza e que possui relação com o espaço onde a personagem está inserida na história. Palheta do cenário: Palheta do caderno:

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6 SEMANAS DEPOIS Como se percebe no tópico ‘‘Referencias Iconográficas’’ as fotos do Pavilhão foram tiradas no dia 02.07.2014, mas ao visitar o local no dia 14.08.2014 percebeu-se uma certa mudança no espaço do Pavilhão, ja que está acontecendo um reforma no local:

Assim, a apresentação contará com todos esses elementos existente no local e o cenário irá se adaptar ao atual espaço. Há também o fato de que ao se pedir permissão para a apresentação no Pavilhão, a DICUL (DIRES) - orgão da UFU que cuida do local - informou que os Pavilhões seriam reformados; no entanto, como foi pedido o local para a apresentação, esse fato seria adiado para depois do evento.

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MUDANÇAS Durante o ultimo ensaio antes da entrega do caderno, foi constatado que não seria possível a execução do segundo ato devido ao peso das elevações. Por isso, esse ato foi adaptado coreograficamente de modo que permanecesse as elevação no mesmo lugar do primeiro. Com consequência, não teremos o banquinho atrás da bailarina.

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