Modos de morar: habitação estudantil em Sertãozinho

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A V L I S E HAIRIN

R A R O M E D S O D MO

H A B IT A Ç Ã O E S T U D A N T IL E M S E R T Ã O Z IN H O RIB EIR ÃO PR ET O 201 5



CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA

THAIRINE SILVA

MODOS DE MORAR: HABITAÇÃO ESTUDANTIL EM SERTÃOZINHO

RIBEIRÃO PRETO 2015

Caderno de projeto apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda para o cumprimento das exigências parciais para obtenção do título de bacharel em Arquitetura e Urbanismo sob a orientação do Prof. Ms. André Luis Avezum.



AGRADECIMENTOS

Devo agradecer primeiramente a Deus, por ter guiado minhas escolhas, me dado forças nos momentos de dúvida, desanimo e desespero, e por ter me proporcionado saúde e coragem para enfrentar todos os desafios encontrados nesse período. Agradeço a minha mãe Cristina e ao meu pai Elias por sempre me incentivar nos estudos, por todos os esforços feitos durante essa trajetória e pela compreensão e paciência com o meu humor nas semanas de provas, entregas e fim de semestres. Ao meu irmão Douglas e todos os familiares, que de diversas formas me apoiaram e contribuíram com as minhas conquistas no decorrer de todo o curso. A minha amiga multifunção Gabriela, que principalmente nessa etapa final foi minha psicóloga, motivadora, orientadora e acompanhante de banca, obrigada por toda a paciência e apoio. E a todas as minhas amigas que acompanharam as peripécias, desesperos e desabafos de uma estudante de arquitetura. As amizades que construí ao longo desses cinco anos, pelos momentos e aprendizados compartilhados, em especial a Meyg, minha dupla dinâmica, amiga, mãe e mulher que tive o privilégio de conviver durante todo o curso, obrigada por todos os conselhos e cuidados, aprendi, cresci e amadureci muito através da nossa amizade. Aos profissionais do meu trabalho, que sempre estavam dispostos a ajudar e tiveram um papel essencial na minha formação profissional, obrigada por todas as experiências e aprendizados. Ao meu professor e orientador André Avezum, que compartilhou de todo o seu conhecimento e me acompanhou nessa etapa final. A todo o corpo docente do Centro Universitário Moura Lacerda, que contribuiu no meu desenvolvimento acadêmico, profissional e pessoal, em especial ao eterno professor Chiquinho, pela motivação oferecida através do seu amor pela arquitetura e pela arte de lecionar e a professora Tânia pela atenção e motivação apresentadas na participação do desenvolvimento do presente trabalho. E a todos, que de alguma forma participaram e contribuíram para a conclusão dessa etapa da minha vida, muito obrigada!



“Bem mais do que planejar uma construção ou dividir espaços para sua melhor ocupação, a Arquitetura fascina, intriga e, muitas vezes, revolta as pessoas envolvidas pelas paredes. Isso porque ela não é apenas uma habilidade prática para solucionar os espaços habitáveis, mas encarna valores“. Carlos A. C. Lemos


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Sumário

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INTRODUÇÃO.......................................................11 FUNDAMENTOS TEÓRICOS................................12 Habitação mínima . ...............................................................12 Habitação estudantil.............................................................12 Relação indivíduo-ambiente...................................................12 Propostas de uso e organização espacial..................................13 Flexibilidade e Polivalência....................................................14

ÁREA DE INTERVENÇÃO...................................15

Localização da área de intervenção.........................................16 Terreno............................................................................18 O terreno como rua.............................................................18 Topografia.........................................................................19 Legislação.........................................................................19 Ventos e insolação..............................................................20 Mobiliário..........................................................................20 Vegetação.........................................................................20 Ocupação do solo................................................................21 Gabarito............................................................................21 Uso do solo.......................................................................22 Fluxo viário........................................................................22

REFERÊNCIAS PROJETUAIS.............................23

Alojamento Estudantil Ciudade del Saber..................................23 Basket Apartaments - Paris...................................................25 Moradia Estudantil UNIFESP - campus Osasco..........................27 Diretrizes projetuais.............................................................28 Organograma.....................................................................28 Fluxograma........................................................................28

O PROJETO.....................................................30 Memorial Justificativo..........................................................30 Desenhos técnicos.............................................................32 Perspectivas.....................................................................42

CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................44 BIBLIOGRAFIA.....................................................45



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INTRODUÇÃO

dade não possui nenhuma estrutura voltada para esse público que nela reside, e, também, para a futura demanda esperada. O presente trabalho, portanto, vai abordar os fatores e características que envolvem o estudante e a habitação estudantil para o desenvolvimento e obtenção da proposta projetual, para isso, o mesmo foi dividido em quatro capítulos. O primeiro capítulo se refere aos fundamentos teóricos, onde vão ser abordados fundamentos para conhecimento do universo estudante/moradia, além de conceitos para desenvolvimento da proposta projetual. A área de intervenção é abordada no segundo capítulo, onde todo o levantamento do entorno é analisado, além da abordagem da legislação e características do terreno. O terceiro capítulo apresenta as referencias projetuais de habitações estudantis, onde estrutura, materialidade e soluções projetuais são analisadas. O projeto é apresentado no quarto e ultimo capítulo, através das plantas, cortes, elevações e perspectivas.

O presente trabalho tem como objeto de estudo o projeto de uma habitação estudantil em Sertãozinho. Atualmente, a busca por um curso superior é cada vez mais comum, devido aos benefícios que esta qualificação traz para a vida profissional do indivíduo. Portanto, nos últimos anos o número de pessoas que ingressaram em uma universidade aumentou, e na busca por um curso conceituado ou gratuito, no caso das universidades públicas, os estudantes acabam tendo que se deslocar de suas cidades para estudar. De acordo com a 1ª pesquisa Fonaprace, 34,79% dos estudantes se deslocam de seu contexto familiar ao ingressarem na universidade, necessitando de moradia e apoio efetivo (DECRETO nº 7.234, 2010, p. 09). A demanda por moradias estudantis aumentou, principalmente nos grandes polos universitários, com isso, para dar suporte às Universidades Federais de Ensino Superior, foi criado o Plano Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) que tem como objetivo geral “promover o acesso, a permanência e a conclusão de curso dos estudantes das IFES, na perspectiva da inclusão social e democratização do ensino”(DECRETO nº 7.234, 2010, p.14). Esse universo da habitação estudantil envolve fatores sociais e econômicos, que chegam a ganhar grandes proporções e importância, dependendo da cidade em que a universidade é implantada. Na cidade de Sertãozinho, o IFSP (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo) oferece cursos técnicos e de graduação. Atualmente, o campus está sendo ampliado e novos cursos de graduação vão ser implantados conforme Plano de Desenvolvimento da Instituição. O processo seletivo para os cursos de graduação é feito através do SISU (Sistema de Seleção Unificada), que é um sistema informatizado, gerenciado pelo Ministério da Educação (MEC), pelo qual as instituições de ensino superior disponibilizam vagas para participantes do ENEM. Esse processo de seleção contribui para o aumento de vagas ocupadas por estudantes de outras cidades. Sertãozinho também conta com um campus da ETEC (Escola Técnica Estadual) que oferece cursos de tecnólogos voltados para a área industrial, atraindo estudantes de cidades vizinhas também. Devido a esses fatores, esta cidade vem recebendo cada vez mais estudantes residentes de outros municípios e estados, surgindo assim a necessidade de habitações direcionadas a este público especifico. Sendo esta situação recente, a ci-

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1.FUNDAMENTOS TEÓRICOS

relacionado ao espaço mínimo que satisfaça todas as necessidades do morador em questão, ou seja, proporcionar ao estudante a condição de se apropriar da habitação estudantil de maneira que a mesma se torne um lar, colaborando no desenvolvimento acadêmico.

Habitação mínima

Habitação estudantil

A habitação mínima surgiu de uma utopia modernista que buscava proporcionar uma moradia de qualidade dimensionada para o homem moderno, de forma a atender suas necessidades vitais com o menor custo possível, possibilitado pela produção em série. No período moderno o quadro da revolução industrial juntamente ao êxodo rural criou um panorama em que a habitação era construída tendo por base as medidas mínimas de habitabilidade e assim deveria satisfazer às necessidades mínimas do homem. Neste ponto as necessidades do ser humano foram consideradas iguais e, portanto padronizadas, como podem ser vistos nas casas em série e no mobiliário produzido durante este período. Desta forma, a arquitetura da época foi estruturada de forma a ser funcional e racional, não considerando variações de comportamento, necessidades ou preferencias dos moradores (Fonseca, 2011). Atualmente são frequentes as discussões sobre o que constitui uma habitação satisfatória em termos de qualidade, assim o conceito de mínimo torna-se algo muito relativo nos dias atuais, quando os grupos domésticos são cada vez mais diversificados, ou seja, o mínimo necessário para uma família nuclear é diferente do mínimo satisfatório para um grupo de estudantes. Fonseca (2011) defende que a qualidade residencial pode ser resumida como a adequação da habitação às necessidades dos moradores, ou seja, a resposta às várias necessidades do homem, desde necessidades básicas, às necessidades econômicas, sociais e culturais. Na materialização arquitetônica a aplicação do conceito de mínimo acabou se distorcendo, devido a crescente especulação imobiliária, resultando cada vez mais em uma necessidade pelo menor custo, sem necessariamente uma devida qualidade. Entretanto, a habitação também deve ser vista além do simples espaço físico que ocupa, sendo o conjunto dos conceitos “casa”, quanto a espaço, e “moradia”, quanto lugar (lar), em que casa representa o espaço físico, com função principal de abrigar; e a moradia é definida quando os desejos e necessidades dos indivíduos são espacializados na casa, criando uma dimensão simbólica para o lugar (Goettems, 2012). Conclui-se que o conceito de habitação mínima deve estar

A habitação estudantil é classificada no grupo doméstico de coabitação sem vínculo conjugal ou de parentesco, ou seja, aqueles baseados em afinidades pessoais como no caso dos universitários: “consideramos que este é um dos grupos domésticos com maior influência na concepção de novos espaços de habitação, dado o suposto grau de independência entre seus membros e a diversidade de suas exigências” (Tramontano 1993, p.9). É crescente a busca por uma arquitetura adequada a esse grupo doméstico, visto que em sua maioria ele ocupa espaços projetados para a família nuclear, o que abre um grande campo de pesquisa voltado para o redesenho do espaço domestico (Tramontano,1993). Um edifício projetado a partir das reais necessidades do estudante poderá proporcionar diversas vantagens no período acadêmico, que automaticamente influenciará na sua formação social. Através das informações que os colegas de quarto compartilham, o estudante amplia o seu campo de conhecimento, tornando a experiência de viver em uma habitação estudantil muito agregadora. Experiência esta que ocorrerá de forma satisfatória se o ambiente proporcionar o convício social, a territorialidade, privacidade e identidade com o lugar (Goettems, 2012). A importância da habitação estudantil portanto surge da necessidade de não somente oferecer o suporte físico, conforto e bem-estar aos moradores, como também o suporte psicológico, garantindo a socialização e tornando o espaço habitado em um lar (Goettems, 2012).

Relação indivíduo-ambiente A arquitetura deve proporcionar ao indivíduo qualidades para além do espaço físico. Para isso, devem-se levar em consideração as particularidades do indivíduo ou grupo a quem se destinará tal projeto. O projeto de uma habitação estudantil deve atender às individualidades dos estudantes em relação ao uso da moradia, para que a mesma possa atender de forma satisfatória tais necessidades (Goettems, 2012).

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Propostas de uso e organização espacial

Segundo Goettems (2012), todos os sentidos são utilizados para o indivíduo experimentar o meio em que se insere, criando assim, dados a partir dessa percepção com o espaço e desenvolvendo através disso a relação do usuário com o lugar. A partir disso ele define algumas relações estabelecidas entre o usuário e o espaço que são ligadas ao comportamento humano e suas necessidades, exemplificando as mesmas com alguns elementos arquitetônicos: 1. Estabelecer o Interior/Exterior: refere-se a interioridade e exterioridade ou a visibilidade e a invisibilidade, essa dimensão está relacionada com o estabelecimento de fronteiras (visíveis ou invisíveis) e pode ser observada no fenômeno de territorialidade, manifesta-se, principalmente, através de elementos como muros, portas, cercas, soleiras e marcas no chão; 2. Relação de Visibilidade: dimensão na qual onde o indivíduo possui o controle da exposição, podendo ser visível ou oculto; está relacionada aos fenômenos de privacidade e identidade. O primeiro refere-se à regulação de acesso a informações da pessoa ou do grupo de pessoas ao qual o indivíduo pertence. A ele, estão relacionados às aberturas, equipamentos, quantidade e disposição dos espaços. Já a identidade revela-se na expressão de valores pessoais ou do grupo e a ela estão relacionados elementos como acabamentos, dimensionamentos, adornos, etc. 3. Sentido de Apropriação: relaciona-se a dimensão de viver no espaço, de ordenação, conexão e conforto. Se expressa pelo fenômeno de ambiência, ou seja, através da qualidade dos espaços e da cultura dos indivíduos. Pode ser identificado através de elementos como cores, instalações, texturas, conforto (sensação psicofísica), etc.(Goettems 2012, p.47). A relação estudante e ambiente é bem abrangente, segundo Goettems (2012, p.45) “o espaço é composto também pela relação que o indivíduo tem com ele, pela significação que cada um dá a um determinado lugar, ou seja, a relação entre o sujeito e o objeto”. Assim, quando se observa um local pertencente a alguém deve ser possível reconhecer seus valores e sonhos. Esta característica denominada de personalização é inerente do ser humano que procura definir o território, construindo o espaço como extensão deles mesmos (Brasileiro e Duarte,2004). Portanto, deve-se interpretar a moradia estudantil como algo que vai além do simples espaço de abrigo e convivência dos universitários, para que os projetos direcionados a esse público busque atender aos diversos requisitos, devido ao conhecimento da importância que a habitação exerce sobre esse período em que o indivíduo busca sua formação acadêmica.

Tramontano (1993), usa de seis componentes comuns dos programas arquitetônicos para criar novas configurações possíveis para os espaços, e não necessariamente cômodos limitados a cada uma das atividades desenvolvidas dentro da habitação. A divisão é feita por espaços de: convívio, repouso e isolamento, higiene, preparação de alimentos, trabalho em casa e estocagem. Os espaços destinados ao convívio entre os moradores de uma mesma habitação têm assumido contornos mais nítidos a medida que cresce o desejo de privacidade dentro do grupo familiar. A separação entre comer-estar e receber será contestada pelos arquitetos modernos que agruparão todas essas funções na zona diurna da moradia, regida pela bipartição dia/noite. A noção de convívio passa hoje por mudanças profundas. O convívio entre as pessoas não depende mais de um espaço com esta finalidade especifica e, a rigor, nem mesmo de um espaço físico diante das novas possibilidades oferecidas pelas tecnologias da informação e comunicação. Porém, mesmo com os novos hábitos adquiridos atualmente pelo avanço da tecnologia, o espaço de convívio não deve perder a sua importância, o ser humano é sociável e precisa se relacionar. O espaço especifico de convívio pode ser também o articulador de todos os demais espaço, mediando inclusive a relação entre esfera privada e pública. Em relação ao locus do repouso e isolamento, a desierarquização dos espaços domésticos parece corresponder a comportamentos cada vez mais individuais. Essa característica se torna importante no espaço voltado para repouso e isolamento, porém, não deve ser referencia para os lugares de possível convívio. O espaço de higiene abandona gradativamente seu caráter de espaço de serviço, simples local de realização de tarefas pessoais incontornáveis, para tornar-se um lugar de prazer. O relaxamento e o exercício físico inserem-se em uma tendência de cuidados com a saúde e com o corpo. A maneira como os diversos membros do grupo domestico encaram a higiene pessoal tem se modificado. O espaço de preparação de alimentos foi um dos que sofreu maiores modificações no decurso da história da habitação. A alteração de comportamentos, ditada também pelo gradual empobrecimento da população do país, esboça uma tendência cada vez mais nítida: a redução da área da cozinha convencional e a supressão progressiva dos seus anexos. Em alguns casos a cozinha ganha agora o status de espaço de convívio.

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A volta do trabalho ao espaço doméstico é hoje uma realidade que tem suas justificativas em fatos diversos, entre elas o desenvolvimento e a acessibilidade de novos meios de telecomunicação interativos que requalificam o espaço dos escritórios centrais, transformados no lugar privilegiado do convívio e da troca de informações entre os funcionários, ao mesmo tempo que possibilitam a transferência do trabalho individual para a esfera privada. A estocagem pode estar localizada em qualquer espaço da habitação atualmente, pois ela foi associada ao mobiliário, podendo esses mobiliários serem responsáveis pela divisão de espaços inclusive. Em conclusão, todos esses componentes devem ser articulados, já não se trata de buscar satisfação das necessidades universais do homem através de um único modelo de habitação, cientificamente concebido, capaz de atende-las. Mas frente à crescente diversidade de estilos de vida e à sua alternância ao longo da vida do individuo ou de um mesmo grupo, uma alternativa seria, com certeza, a de procurar sistemas espaciais, construtivos, etc, que se revelem igualmente capazes de assumir configurações diversas.

as opções de flexibilidade. Ele toma como preferencia o termo da polivalência definido por “uma forma que preste a diversos usos sem que ela própria tenha de sofrer mudanças, de maneira que uma flexibilidade mínima possa produzir uma solução ótima” (Hertzberger, 1999, p. 147), podendo assim a polivalência ser compreendida como uma característica de flexibilidade. Enquanto a flexibilidade parte da possibilidade de transformação do espaço para um uso diferente, a polivalência dita que um mesmo espaço ofereça uma forma diferente de uso, ambos os conceitos são válido na busca por uma arquitetura adequada ao usuário. Partindo do principio de que uma habitação estudantil abriga diversos perfis de estudantes, e que após um ciclo novos estudantes abrigarão os mesmos dormitórios os conceitos de flexibilidade e polivalência são essenciais na concepção do projeto, devido a grande variedade de necessidades que deverão ser atendidas neste tipo de habitação.

Flexibilidade e Polivalência O termo flexibilidade se encontra cada vez mais presente nas discussões voltadas à arquitetura contemporânea, sendo inúmeras as definições e caracterizações dadas a esse termo. Basicamente o conceito engloba a associação de movimento e mudança levando a possibilidade de constante mudança física do espaço (Esteves, 2013). Digiacomo (2004) aponta que a flexibilidade na habitação é uma resposta projetual a mudanças constantes e rápidas, característica da sociedade contemporânea. Devido a isso, a arquitetura idealizada e construída deve ser considerada apenas como um ponto de partida para que os futuros usuários possam modificar os seus próprios espaços. A flexibilidade, portanto é essencial na busca por se atender às diversas e diferentes necessidades criadas pela formação dos novos grupos domésticos, com isso conceitos e maneiras de se projetar devem ser repensados. “A noção de “cômodo” é ultrapassada e a flexibilidade de uso do espaço interno da habitação depende apenas da mobilidade e da variedade de seus equipamentos” (Tramontano , 1993, p.19). Hertzberger em seu livro “Lições de Arquitetura” (1999) aborda uma visão sobre a flexibilidade, em que o edifício se torna algo sem identidade e sem partido quando se abrange muito

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2. ÁREA DE INTERVENÇÃO Centro

A área de intervenção localiza-se na cidade de Sertãozinho, no bairro Jardim Eldorado, com uma distância de 2,3 quilometros do centro da cidade, distância esta relativamente pequena, ou seja, favoravél aos estudantes que vierem a ocupar a habitação estudantil.

Jardim Eldorado Trajeto Jardim Eldorado - Centro 1-Malha urbana(fonte:prefeitura sertãozinho)

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Localização da área de intervenção

O terreno escolhido fica localizado na rua José Rao bairro Jardim Eldorado – Sertãozinho SP. A escolha deu-se pela proximidade à nova guarita do IFSP, que será transferida da rua Américo Ambrósio para a rua José Rao devido à ampliação do campus e também por questão de segurança já que a rua Américo Ambrósio é deserta e sem saída. O terreno tem uma localização privilegiada aos estudantes, pois é próximo ao campus, em um bairro residencial com todo o apoio de mercado, padaria, farmácia, academia, ponto de ônibus e outros equipamentos existentes ao longo da Av. João Pignata.

3-Nova guarita já construida, ao lado caixa d’agua do bairro (foto por Silva, Thairine)

2-Imagem aérea (fonte:googlemaps) Atual guarita IFSP

Nova guarita IFSP

Centro esportivo

Área de ampliação do IFSP 4-Atual guarita na rua sem saída Américo Ambrósio (foto por Silva, Thairine)

Área de intervenção

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6-Foto interna do novo prédio do campus IFSP (foto por: Silva, Thairine) 5-Implantação prédios IFSP (fonte: IFSP) Atual guarita IFSP Nova guarita IFSP Área de ampliação do IFSP

A ampliação do campus já está em fase de acabamento. O novo prédio é composto por três andares, dos quais o térreo se destinará à parte administrativa do instituto, o segundo pavimento receberá as salas de aula e o terceiro pavimento será ocupado pelos professores, com salas coletivas e tambem individuais para a cordenadoria de cada curso. A previsão do término da obra é para junho de 2015, mas provavelmente só vão utilizar o prédio no início das aulas de 2016, pois ainda vai se abrir licitação para todo o mobiliário. A demanda por laboratórios no instituto é grande, pois além dos cursos de graduação também se tem os cursos técnicos, com isso, as atuais salas de aulas serão adaptadas para se tornarem laboratórios após a mudança das salas de aulas para o novo prédio. O pátio/refeitório do primeiro prédio irá se tornar um restaurante após ocupação da ampliação, com isso, os alunos da habitação estudantil poderão contar com o apoio desse restaurante caso necessário.

7-Foto do refeitório localizado no primeiro prédio da IFSP (foto por: Silva, Thairine)

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Terreno

9-Foto do terreno, frente para a rua José Rao (foto por: Silva, Thairine)

O terreno como rua

O terreno adquire uma característica de “rua” por atravessar a quadra, proporcionando o acesso por ambas as ruas, devido a isso a implantação da habitação esudantil deve garantir a escala do pedestre, o uso público e coletivo, o projeto deverá ser desenvolvido de forma que o estudante não se aproprie apenas do seu dormitório, mas sim, do ambiente como um todo, garantindo assim a preservação do mesmo.

8-Desenho quadra terreno(por: Silva, Thairine)

O terreno tem uma frente para a rua José Rao, e outra para a rua Moacyr Tognon. Os edifícios vizinhos são todos residenciais, exceto na esquina da Av. João Pignata com a rua José Rao, onde se encontra uma padaria. 10-Foto do terreno, frente para a rua Moacyr Tognon (foto por: Silva, Thairine)

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Topografia

A área total do terreno é de 2 363,13m², podendo ter como ocupação máxima até 80% dessa área. O coeficiente de aproveitamento máximo é de 1,5, com o direito da outorga esse coeficiente pode ser até 5. A permeabilidade mínima do terreno deve ser de 3%, e o gabarito máximo permitido nenesse zoneamento é de 8 pavimentos. Para edifícios até 2 pavimentos: o recuo frontal deve ser de 0 ou 3 metros, podendo encostar no fundo e tendo no mínimo recuo de um lado com 1,50 metros. Edifícios de 2 até 4 pavimentos: devem ter recuo frontal de 4 metros, no fundo recuo de 2 metros e recuo lateral dos dois lados de 1,5 metros. Para edifícios acima de 4 pavimentos o recuo frontal deverá ser de 5 metros, no fundo de 3 metros e lateral de ambos os lados medindo 2 metros.

O terreno pode ser considerado plano, pois tem um desnível total de 2 metros ao longo de sua extensão de 105,48m. Essa característica é favorável ao partido de garantir a escala do pedestre e o uso público na implantação do projeto. A frente da rua José Rao é a mais alta conforme níveis da planta abaixo.

11-Planta com curvas de nível e indicações de corte (por: Silva, Thairine)

12-Cortes topográficos do terreno (por: Silva, Thairine) 14-Recorte mapa zoneamento de Sertãozinho(por: Silva, Thairine)

13-Maquete eletrônica com topografia do terreno (por: Silva, Thairine)

Legislação

O terreno fica localizado na ZM2 (zona mista) de Sertãozinho, onde é permitida a implantação de edifícios residencias, comerciais e de prestação de serviço.

15-Planta do terreno com curvas de nível e possíveis recuos (por: Silva, Thairine)

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Ventos e insolação

16-Ilustração do sentido dos ventos e norte (por Silva, Thairine)

Vegetação

Sertãozinho assim como os municípos vizinhos é caracterizado pelo verão chuvoso e inverno seco. Ventos predominantemente no sentido de sudeste para noroeste. A partir da localização do norte e considerando frente para a rua José Rao, o sol da manhã baterá principalmente do lado direito do terreno, e o sol da tarde consequentemente, mais do lado esquedo,

No entorno não encontram-se áreas de grande volume vegetativo, porém a maioria das residências conta com árvores na calçada, o que da a aparência de uma área bem arborizada. Na frente do terreno voltada para a rua José Rao, existe uma área vazia com a presença de um volume vegetativo maior, mas ainda muito precário.

Mobiliário

19-Vegetação rua José Rao (foto por Silva, Thairine)

17-Ponto de ônibus, Av. João Pignata 18-Localização de orelhão, Av. João (foto por Silva, Thairine) Pignata (foto por Silva, Thairine)

21-Terreno vazio com vegetação, na rua José Rao (foto por Silva, Thairine)

O entorno conta com a presença de mobiliário, mas alguns não são tão presentes, como no caso das rampas em esquinas para os cadeirantes e orelhões públicos. Quanto aos equipamentos de trânsito a área em geral é bem sinalizada tanto horizontalmente quanto verticalmente, o que auxiliará os estudantes em se locomover. Existem diversos pontos de ônibus ao longo da Av. João Pignata, porém nem todos contam com a presença de um abrigo de espera.

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20-Vegetação na Av. João Pignata (foto por Silva, Thairine)


Ocupação do solo

Gabarito

22-Mapa com ocupação do entorno do terreno (por: Silva, Thairine)

24-Mapa com gabarito do entorno do terreno (por: Silva, Thairine)

Pode-se considerar o entorno uma área de grande ocupação, existindo porém alguns terrenos ainda vazios, na região superior ao terreno encontra-se poucas edificações devido ser um bairro novo.

Como ilustra o mapa, as edificações são em sua maioria térreas, contendo sobrados e somente duas edificações que possuem 3 e 4 pavimentos.

23-Foto aérea com ocupação do entorno (fonte: google earth)

25-Edifício multifamiliar com 4 pavi- 26-Salão para festas com 3 pavimentos (foto por: Silva, Thairine) mentos (foto por: Silva, Thairine)

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Uso do solo

Fluxo viário

27-Mapa com uso do entorno do terreno (por: Silva, Thairine)

28-Mapa com fluxo viário do entorno do terreno (por: Silva, Thairine)

O entorno é predominantemente de uso residencial, tendo como prestação de serviço salões para festas, auto mecânica e um hotel. Entre os edifícios destinados ao comércio, tem-se uma loja de roupa e uma padaria. Nos usos institucionais temos o IFSP, um centro de lazer, e a policia militar. A localização do campus da IFSP, juntamente com as características do bairro, colaborarão de maneira importante na adaptação do jovem que ocupará a habitação estudantil. Por o bairro ser bem ocupado, de carater residencial, com comércios típicos da escala da vizinhança, o estudante poderá se sentir mais seguro e não tão distante da convivencia em família.

As ruas do entorno são de caráter local, não apresentando grande fluxo além do comum a ruas residênciais, exceto a Av. João Pignata, que cruza todos os bairros dessa região, recebendo assim um fluxo maior, podendo então ser considerada uma via coletora.

29-Padaria esquina Av. João Pignata 30-Polícia militar Av. João Pignata(fonte: com Rua José Rao(fonte: google earth) google earth)

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3. REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Alojamento Estudantil Ciudade del Saber - Panamá SIC - Arquitetura

33-Planta primeiro pavimento (fonte: archdaily) Alojamentos Pátios formadoos entre os blocos Eixo de circulação horizontal e vertical, paralelo a rua

31-Fachada paralela a rua (fonte: archdaily)

Área 11 300,00m² Ano do projeto: 2008 Inauguração 2014 Em meio ao clima quente e úmido no Panamá, o projeto do alojamento estudantil prioriza diversas formas de ventilação cruzada e um partido sem frente ou fundo, que favorece o belo e extenso gramado. Enquanto os edifícios dos alojamentos são de concreto, a circulação que une todos os blocos é de estrutura metálica. Essas são características interessantes que contribuirão nas soluções projetuais no desenvolvimento do presente trabalho.

O térreo atende e sugere programas de uso comum e apoio aos alojamentos, como: estar, lavanderia, sala de leitura, café e pequeno auditório. No 1º e 2º pavimentos, elevados por pilotis encontram-se os alojamentos, copa e depósito; além de um espaço flexível, junto à edificação linear, dando suporte a pequenas reuniões e estar.

32-Foto térreo (fonte: archdaily)

34-Pátio interno (fonte: archdaily)

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35-Planta bloco apartamentos (fonte: archdaily) Quartos individuais com banheiro Banheiros Cozinha

Quartos duplos com banheiro 37-Dormitório (fonte: archdaily)

Quartos triplos sem banheiro

Nas duas faces, os 16 pavimentos somam 200 quartos aproximadamente. Os blocos estão orientados transversalmente em relação à rua, os apartamentos não se abrem para o pátio interno que está atrás, e sim para pequenos jardins formados entre os blocos.

36-Eixo de circulação (fonte: archdaily)

38-Ciculação vertical e pátio central(fonte: archdaily)

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Basket Apartaments - Paris - França Ofis Architects

O projeto está localizado em uma área estreita de grande comprimento, 11m de largura se estende aproximadamente por 200m de comprimento. É composto por dois volumes conectados por uma ponte estreita e um jardim na sua parte inferior. O edifício tem 11 andares, contando com 192 apartamentos, sendo: a área técnica no subsolo, as áreas de uso sociais no térreo e os apartamentos nos 9 andares superiores. A estrutura do edifício é de concreto armado.

39-Fachada(fonte: designboom)

41-Planta pavimento térreo (fonte: archtendencias)

40-Detalhe fechamento em estrutura metálica(fonte: designboom)

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42-Planta tipo 1 (fonte: designboom)

43-Planta tipo 2 (fonte: designboom)

Eixo de circulação vertical

Dormitórios

Espaço de correspondência

Área de convívio


Seu desenho é modular e racional. Os quartos são alinhados com a fachada leste e tem vista para a cidade e a torre Eiffel. Todos tem a mesma distribuição funcional para aperfeiçoar o projeto e o processo construtivo; uma entrada, sala de banho, roupeiro, cozinha, espaço de trabalho, uma cama e uma varanda com vista para a rua. As varandas que estão orientados aparentemente de forma aleatória, diversificam a expressão formal da fachada e rompe com a escala e proporções do edifício, uma solução interessante para quebrar a rigidez de uma implantação linear.

46-Imagem interna do dormitório(fonte: designboom)

44-Estrutura + eixos de circulação + módulos (fonte: designboom)

47-Entrada(fonte: designboom)

O edifício é energeticamente eficiente. As habitações possuem abundante iluminação natural e ventilação natural cruzada. Os corredores externos e as escadas de vidro também oferecem iluminação natural nas circulações e nos espaços sociais. O edifício apresenta um sistema de isolamento térmico de 20 cm nas paredes e nos pisos dos corredores e varandas para evitar a transferência térmica para o interior O telhado é coberto com 300m² de painéis fotovoltaicos que geram eletricidade para o consumo interno. A água da chuva é armazenada e reutilizada para regar os jardins e as áreas verdes do exterior.

45-Detalhe estrutura metálica(fonte: designboom)

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Moradia Estudantil UNIFESP - campus Osasco Pablo Emílio Robert Hereñú

48-perspectiva geral do projeto, lado mais alto(fonte: iabsp)

O programa como um todo se resolve em oito níveis, no entanto a altura dos segmentos se limita a uma variação entre térreo +2 e térreo +4 pavimentos. Essa situação facilita ainda a acessibilização plena do conjunto, que se realiza através dos dois elevadores, posicionados junto às portarias, e do sistema de rampas internas e externas. Nos trechos que configuram o perímetro de contato com os espaços públicos, os pontos de contato com o chão abrigam os programas de uso coletivo geral que melhor aproveitam a condição de duplo acesso (interno e externo). A distribuição dos núcleos de moradia e dos espaços de uso coletivo intermediário (estar e estudo) atende as quantidades solicitadas, mas seu posicionamento, aliado ao sistema de circulação interna, permite uma utilização flexível, que evita a configuração de unidades de vizinhança estáticas. A construção foi pensada a partir de uma lógica modular que propicia a adoção de níveis diversos de pré-fabricação e de pré-moldagem no canteiro, desde a estrutura aos fechamentos e elementos de mobiliário.

51-Tipologias de apartamentos(fonte: iabsp)

A variedade de tipologias de apartamentos contribui para a busca da satisfação de necessidades variadas e os espaços públicos com a relação interno e externo são importantes na identidade e apropriação do estudante com o ambiente.

49-Perspectiva geral do projeto, 50-Perspectiva da circulação(fonte: iabsp) lado mais baixo(fonte: iabsp)

52-Esquema de implantação conforme topografia(fonte: iabsp)

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DIRETRIZES PROJETUAIS

As seguintes diretrizes projetuais foram estabelecidas para auxiliar no processo de desenvolvimento do projeto: -Projetar um edifício de moradia estudantil de qualidade, atendendo às diferentes necessidades dos universitários, garantindo uma influencia positiva do espaço na formação social e acadêmica desse universitário. -Desenvolver um projeto otimizado, flexível e de materialidade apropriada. -Trabalhar uma implantação adequada ao terreno/entorno, garantindo a escala do pedestre e proporcionando assim um espaço de qualidade aos usuários. -Desenvolver um projeto que valorize as áreas de convívio, de uso mais publico e coletivo. -Projetar dormitórios com espaço e mobiliário que atenda às necessidades do universitário. A proposta cipal partido o o deselvolvimento la do pedestre,

Organograma

da habitação estudantil tem como prin“terreno como rua”, contribuindo com de um projeto que valorize a escaalém do convívio entre os estudantes.

Fluxograma

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4. O PROJETO

Bloco 1 – possui três pavimentos de habitação, com dormitórios triplos e um apartamento familiar por andar, contendo espaços de preparo de alimentos e higiene restritos a cada dois dormitórios, além de uma área de convívio/preparo de alimentos. Total de 21 dormitórios e 60 pessoas no bloco.

Memorial Justificativo

Para a elaboração do projeto foi levado em consideração a legislação do zoneamento em que o terreno se encontra (ZM2), os levantamentos da área e entorno, as informações relacionadas ao IFSP e todos os conceitos até então abordados. A característica do “terreno como rua” foi desenvolvida através da implantação, optou-se em deixar o acesso terreno/calçada o mais fácil possível, a topografia natural do terreno manteve-se, e foram criados patamares para a implantação dos serviços oferecidos no térreo, que são ligados por rampas com inclinações mínimas. Os blocos de habitação são suspensos pelos pilotis e blocos de serviços, tornando o térreo uma área de convívio e passeio público. O programa do térreo foi pensado através das necessidades dos estudantes, que consequentemente favorecerá a escala da vizinhança, o térréo portanto é composstou por: -duas salas de estudos que além dos moradores, os estudantes do IFSP também poderão utilizar; -duas áreas destinada a alimentação, que poderão ser lanchonete ou cantina apenas, já que o atual refeitório do instituto se tornará um restaurante, garantindo apoio aos moradores da habitação; -um ambiente destinado a uma lavanderia tercerizada como opção para os estudantes, pois cada conjunto de quartos já possui uma área de serviço; -salas comerciais para a implantação de serviços necessários no dia a dia do estudante, como mini-mercado papelaria, farmácia, horti-fruti, padaria, e etc; -banheiro feminino e masculino com cabines adaptadas para cadeirantes; -e uma sala destinada a administração do prédio, com função organizacional e informativa para quem acessar o edifício. O edifício também conta com um estacionamento subsolo, com vagas destinadas apenas a moradores. A composição dos blocos, juntamente com a disposição de sacadas, aberturas e materialidades proporcionaram movimento a volumetria do edifício. Os blocos de habitação contam com uma diversidade de modelos de dormitórios que juntamente com a ulização de mobiliários, auxiliará os estudantes a se adaptarem na sua nova habitação conforme suas necessidades.

Bloco 2 – possui dois pavimentos de habitação, com quartos individuais onde o espaço de higiene é compartilhado a cada dois quartos. Cada andar possui uma área para preparo de alimentos, uma sala de convívio e um apartamento duplo adaptado para cadeirantes. Total de 14 dormitórios e 16 pessoas no bloco.

Bloco 3 – possui dois pavimentos de habitação, com quartos duplos e triplos, com os espaços de higiene e preparo de alimentos compartilhados a cada dois quartos. Cada andar também possui um apartamento familiar, uma cozinha coletiva e uma sala de convívio. Total de 10 dormitórios e 24 pessoas no bloco.

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Com o térreo no nível das calçadas e o terreno praticamente plano a acessibilidade não se torna problema, já o acesso aos blocos de habitação será garantido através dos elevadores, todas as passarelas tem dimensão suficiente para o deslocamento de cadeira de rodas, e no bloco 2 encontra-se os dormitórios adaptados. O muro verde junto com as demais áreas de vegetação colaborarão no conforto ambiental e paisagem de todo o edifífio e entorno. Nos blocos 2 e 3 a cobertura será feita através de laje jardim, onde os moradores terão acesso a uma área agradável de convívio. Essa solução de cobertura colaborará no conforto térmico dos blocos, além de proporcionar uma vista interessante para os moradores do terceiro pavimento do bloco 1.

As aberturas foram dimensionadas de forma a garantir a ventilação e iluminação adequada para cada ambiente. Os quartos contarão com a ventilação cruzada entre porta e janela. Todas as aberturas ficaram alinhadas superiormente a 2.50m, as janelas que dão acesso aos corredores de circulação tem o peitoril alto, as portas tem altura de 2.50m, sendo sempre 2.10m de vão para passarem e 0.40m de janelas.

Detalhe laje jardim, utilizada na cobertura do bloco 2 e 3.

Ampliação dormitórios com ventilação cruzada.

No bloco 2 foi utilizado o sistema de brises para amenizar a incidência do sol da tarde em seus ambientes, a parte inferior será fixa, com função de guarda corpo quando aplicado nas sacadas e portas balcão e a parte superior móvel. Nos demais blocos também houve a utilização de brises, mas com a função de bloquear a visão direta da área de higiene. Detalhe laje impermeabilizada utilizada no bloco 1.

30


Sobre a materialidade, todos os blocos serão compostos por pilares, vigas e lajes de concreto armado, já a circulação que une os blocos será toda em estrutura metálica que será engastada nos blocos. As paredes internas do edifício serão de drywall, o que facilitará a opção de reformas de layouts internos caso necessário.As esquadrias e guarda-corpos serão de alumínio devido sua durabilidade e baixa manutenção. Os brises serão de madeira e o vidro será utilizado nas janelas e portas.

Blocos em concreto armado Circulação em estrutura metálica Eixo de circulação vertical

31


Desenhos técnicos

3.08

2.02

2.16

3.31

2.11

2.32

5.50

14.46

4.43

4.09

2.74

IMPLANTAÇÃO ESCALA 1:250

3.69

4.08

3.25

5.16

Tabela de áreas Terreno Subsolo Térreo Primeiro pav. Segundo pav. Terceiro pav. Total da construção Área livre Taxa de ocupação

32

2265,82m² 1169,40m² 745,66m² 958,85m² 950,24m² 605,73m² 4429,88m² 1520,16m² 32.90%


10

09

16

17

18

20

19

22

21

23

08

07

06

05

S

24

SUBSOLO ESCALA 1:200

04

1

25 26 -2.18m

15

02 14

13 12

1-Estacionamento

03

01

11

i=25%

0.82m

33


1.77m

i=4.57%

s

5

%

.08

i=2

1

7

3

7

0.98m

7

1

3

1.24m 0.98m

7

4

s

1.72m INCLINAÇÃO NATURAL DO TERRENO

33 8.

S

i=8.33%

S

i=4

i=

0.14m

.5

4%

S

1.59m

1.24m

7

%

7

2

INC

33

6

LIN

8.

TÉRREO ESCALA 1:200

S

i=

s

%

s

ÃO

1.44m

1-Lanchonete 2-Sala Adm 3-Sala de estudo 4-Banheiro feminino 5-Banheiro masculino 6-Lavanderia 7-Salas comerciais

34

i=25%

NA

TU

RA

LD

OT

ER

RE

NO

D

0.82m


7

7

7 7 5 7 5

6

5

4

4

4

5

4 3

4

5

4

4

5

4

4

3

7

6 4

5

4

2

6

6

4

6

4.93m

1

6 1

4.93m

S

1

4

1º PAVIMENTO ESCALA 1:200

5

S

1 4

4.93m

5

4 7

6 4

2

5

4 7

1-Circulação 2-Espaço de 3-Espaço de 4-Espaço de 5-Espaço de 6-Espaço de 7-Sacadas

4 5

4 7

convívio convívio/preparo de alimento repouso higiene preparo de alimentos

35


7 7

6

5

4

4

6

3 6 8.08m

2

3

4

5

6

6

5

4

4

4

5

4

4 5

4

4

5

6 1

8.08m S

4

2º PAVIMENTO ESCALA 1:200

5

4

5 7

4

S

1 2

8.08m

4 7

5

4

6 4 7

1-Circulação 2-Espaço de 3-Espaço de 4-Espaço de 5-Espaço de 6-Espaço de 7-Sacadas

convívio convívio/preparo de alimento repouso higiene preparo de alimentos

36

5

4

5

4 4


7

7

7 7 5

4

5

4

5

4

4

4

5 4

3 4

11.73m

8

6

6 1

6

11.23m

i=8.33

%

11.23m

D

i=8.33

D

%

3º PAVIMENTO ESCALA 1:200

8

1-Circulação 2-Espaço de convívio 3-Espaço de convívio/preparo de alimento 4-Espaço de repouso 5-Espaço de higiene 6-Espaço de preparo de alimentos 7-Sacadas 8-Laje jardim

37

i=8.33

11.73m

%


COBERTURA ESCALA 1:200

38


2.50

1.70

1.70

2.50

3.80

ESCALA 1:200 CORTE BB

39 3.06

3.06

.80

.80

1.00

1.70

3.00

2.50

2.50

2.50

3.00

1.50

.80

3.00

2.50

2.10

2.50

2.10

2.50

3.00

2.10

2.50

3.00

2.50

2.85

0.00m

ESCALA 1:200

CORTE AA

14.38m

11.23m

8.08m

4.93m

1.72m

0.00m

0.98m

-2.18m

1.70

1.70

2.50

3.06

3.28 .80

.80

1.70

2.50

3.00

3.00

.80

1.70

2.50

3.00

3.00

.80

1.70

2.50

3.00

.80


ELEVAÇÃO 01 ESCALA 1:200

ELEVAÇÃO 03 ESCALA 1:200

40


ELEVAÇÃO 02 ESCALA 1:200

ELEVAÇÃO 04 ESCALA 1:200

41


Perspectivas

Fachada rua JosĂŠ Rao

Lateral externa bloco 1

Fachada rua Moacyr Tognon

Lateral externa do bloco 2, com bloco 3 ao fundo

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Lateral externa do bloco 3

Laje jardim do bloco 3

Blocos e circulação com frente para a rua Jose Rao

Ciculação vertical e área de convívio

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final do desenvolvimento do presente trabalho pode-se apresentar uma proposta projetual que atenda as diversas necessidades dos estudantes e valorize a convivência entre os mesmos, garantindo que os moradores se apropriem do espaço e criem a figura de lar para a habitação. A partir da abordagem da temática, pode-se esclarecer a importância e influência que a habitação estudantil exerce sobre o universitário e consequentemente sobre sua formação acadêmica e pessoal. Dessa forma a busca por ambientes próximos a realidade do dia-a-dia dos universitários esteve sempre presente no processo de desenvolvimento do projeto, além disso, o programa ainda foi além do espaço somente de habitação ao criar no térreo espaços de convívio e comércio, importantes na rotina estudantil. O presente trabalho espera contribuir com outras pesquisas e projetos relacionados à temática abordada, buscando cada vez mais desenvolver projetos que entendam a importância desse “modo de morar”.

Circulação e área de convívio bloco 3

Circulação e sala de convívio bloco 2

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BIBLIOGRAFIA

BRASILEIRO, A.B.H; DUARTE C.R.S. Alojamento dos estudantes da UFRJ: quartos iguais, espaços diferentes. Rio de Janeiro 2004 Cadernos do Proarq 8, programa de pós graduação em arquitetura. DECRETO Nº 7.234, DE 19 DE JULHO DE 2010. Plano nacional de assistência estudantil (PNAES) DIGIACOMO, M.C. Estratégias de projeto para a habitação social flexível. Florianópolis, 2004. ESTEVES, A.M.C. Flexibilidade em Arquitetura - Um contributo adicional para sustentabilidade do ambiente construído. Coimbra, 2013. FONSECA, N.M.R. Habitação mínima: o paradoxo entre a funcionalidade e o bem-estar. Coimbra, 2011. 2012.

GOETTEMS, R.F. Moradia estudantil da UFSC: um estudo sobre as relações entre o ambiente e os moradores. Florianópolis, HERTZBERGER, H. Lições de arquitetura. 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. TRAMONTANO, M. Habitação moderna: a construção de um conceito. São Carlos: EESC-USP, 1988. TRAMONTANO, M. Novos modos de vida, novos espaços de morar. São Carlos: EESC-USP, 1993. TRAMONTANO, M. Habitação Contemporânea: riscos preliminares. São Carlos: EESC-USP, 1993. Sites: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/15.089/5436 http://www.archdaily.com.br/br/759500/alojamento-estudantil-na-ciudad-del-saber-sic-arquitetura http://iabsp.org.br/pranchas_osasco_projeto-44.pdf http://archtendencias.com.br/arquitetura/basket-apartamentos-para-estudantes-ofis-architects#.VSl5FvDBN2A http://www.designboom.com/architecture/ofis-basket-apartments-in-paris/

45


THAIRINE SILVA

MODOS DE MORAR: HABITAÇÃO ESTUDANTIL EM SERTÃOZINHO

Orientador:

André Luis Avezum

Examinador 1: Nome:

Examinador 2: Nome:

Ribeirão Preto

/

/ 2015



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