Revista Tarsila

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TARSILA MODA BELEZA



A revista da mulher moderna À medida que avançamos na luta contra preconceitos como a homofobia e o machismo, somos obrigados a nos deparar com atrocidades proferidas a todo o momento. Até parece que a cada passo em que a sociedade progride, caminha dez para trás. No meio desse fogo cruzado, nós, mulheres, somos obrigadas, ainda que no século XXI, a conviver com ofensas diárias, transformadas na forma de “elogios” pelas ruas e em grande parte do que temos lido pelas grandes mídias. A Tarsila nasceu desse con-

texto, nas mãos de mulheres e homens que, cansados, encontraram na escrita uma forma de tentar melhorar esse cenário que nos é imposto. Tarsila foi feita com muito amor, exclusivamente para mulheres modernas, independentes, fortes, guerreiras e empoderadas. Onde a quebra de estereótipos é nossa estrela guia. Nessa edição você irá se deparar com aplicativos para facilitar a sua vida, reutilização de roupas e brechós, moda para extremos, feminismo e muito mais!

Reportagem: Bárbara Costa, Lucas Alonso, Fabiane Carrijo Guilherme Costa, Guilherme Quinato Michelle Albuquerque, Priscila Belasco Rafael Rodrigues, Thaís Daniel Diagramação: Priscila Belasco Supervisão: Mauro de Souza Ventura Pedro Santoro Zambon Liliane Ito Capa: Luís Paulo Ribeiro Endereço: Av. Eng. Luiz Edmundo Carrijo Couto, 14-01. Bairro: Vargem Limpa. Cep: 17033-360 - Bauru, SP.

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Fevereiro de 2016 • ano I • Nº 1

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9 #Feed 10 Aplicativos facilitadors de vida 11 De capinha protetora a phone case 12 O que há por trás da selfie? 14 Seu look novo, de novo! 18 Influência digital: a moeda de

42 A arte que incomoda 46 Minhas roupas, minhas escolhas 50 Viver é envelhecer 52 Perfil: Magá Moura

troca das blogueiras

22 D.I.Y - Do it yourself

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26 Moda é para todos? 29 Uma vida fora do P 31 Tamanho é documento sim! 36 Moda filha do sol do Equador

56 Maquiagem TRANSforma 67 Cabelos curtos e grandes histórias 70 Bom, bonito e barato

74 Distúrbios alimentares: quando a vaidade vira doença

78 Por pernas livres no verão! 82 Adiós, química!

(14) 3298-0054

84 Música 85 Cinema 86 O 2016 das séries! 88 Já acabou, Jéssica? 90 Apimentadas 91 A intimidade de cada signo

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Tecnologia

#Feed

Descubra um pouco mais sobre as notícias mais comentadas esse mês na nossa seção feed e veja as novidades da internet que não saem da boca do povo, ou melhor, das páginas iniciais das redes sociais.

Michelle Albuquerque

1# Diferentona: Só você não conhece esse meme? Sabe aqueles típicos comentários que vemos na internet: “só eu não gosto de carnaval?” ou “só eu que prefiro o frio ao calor?”. Uma página que ironiza esse tipo de comentário fez sucesso na internet no início de 2016. Atualmente, a página possui mais de 1,1 milhão de seguidores no Facebook e 28,2 mil seguidores no Twitter. A internauta Marcela Rezende contou para a Tarsila sua opinião de porque o meme está fazendo muito sucesso: “Dar uma de “diferentona” geralmente está associado a uma necessidade de auto-afirmação. Parece quando alguém fala algo como “só eu conheço essa banda?” é uma tentativa de mostrar para os outros o quão único e exclusivo e “detentor de cultura” ele é por exemplo.” Mas defende o lado diferentona que todo mundo tem: “Quando alguém vem com esse papo costuma ser um saco, mas tudo bem, né? todo mundo dá uma de diferentona de vez em quando!”.

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Dar uma de ‘diferentona’ geralmente está associado a uma necessidade de auto-afirmação

2# É a vez das criaças dominarem os horários nobres da TV aberta As crianças dominaram o horário nobre das terças-feiras em 2015 com o Masterchef Junior, causando muita discussão acerca de polêmicas passando por muitos comentários positivos, memes divertidos, regados a muita emoção até os episódios finais que deu a Lorenzo Ravioli, de 13 anos, o título de Masterchef Junior. Em 2016, as tardes de domingo são dominadas pelos participantes mirins do The Voice Kids Brasil, apresentado pela Rede Globo e já

tornou-se o programa preferido para comentar nas redes sociais. Crianças dos quatro cantos do Brasil estão cantando e encantando milhões de brasileiros! 3# Carnaval? Cancelado! Em 2016 o carnaval organizado geralmente por secretarias de cultura em várias cidades do interior do país está cancelado. Isso mesmo! A crise financeira do país cancelou ou diminuiu drasticamente a verba destinada às festividades carnavalescas de várias cidades, como São Carlos, no interior de São Paulo, Diamantina, em Minas Gerais e até a capital Belo Horizonte. Mas essa redução tem um lado positivo: o dinheiro que seria destinado para as festas nos centros ou avenidas principais será investido em educação, saúde, em especial relacionada ao combate à dengue e ao zika virus e à reconstrução de locais destruídos pelas chuvas.

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Aplicativos facilitadores de vida Confira a seleção que fizemos de aplicativos para facilitar a sua vida na hora de criar seu visual

De capinha protetora à phone case Um produto utilitário também é sinônimo de moda Thais Daniel

PS Dept Para os ligados em moda e que procuram um conselho profissional, o PS dept funciona como um estilista particular 24 horas por dia, 7 dias por semana. Você pode pesquisar no aplicativo por apenas uma única peça ou por um conjunto que caia bem em determinada ocasião. O aplicativo tem parceria com algumas marcas famosas como Chloe, Stella McCartney e Derek Lam, e você pode fazer compras direto por ele: https://itunes.apple.com/us/app/ ps-dept.-your-personalshopper/id536957427?mt=8 Spring O aplicativo se parece com o Instagram e tem parceria com mais de 80 marcas de moda, possibilitando navegar por roupas e acessórios e fazer compras com apenas alguns toques. Ele ainda salva as informações de cartão de crédito e tamanho e endereço, para que a compra possa ser feita ainda mais rapidamente, além de eventualmen-

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te oferecer parcerias exclusivas, você amou mas não sabe onde como já fez no passado com comprar, esse aplicativo ajuuma loja exclusiva da Beyoncé: da os usuários a “caçar” roupas, acessórios, calçados e outros. Os https://itunes.apple.com/us/app/ membros ajudam uns aos outros spring-shop-800+-brands.a encontrarem onde comprar free/id899156093?mt=8 certos produtos, postando links diretos para lojas online ou danStylect do dicas de modelos alternativos: Chamado de “Tinder dos sapatos”, o Stylect te ajuda a encon- https://itunes.apple.com/us/ trar os calçados que você sempre app/the-hunt-style-shopping/ sonhou. Com marcas que vão id676471286?mt=8 de Christian Loubotin à Nike, você pode navegar por mais Polyvore de 50.000 modelos diferentes. Se você sempre tem aqueles Você pode filtrar os resultados momentos “eu não tenho nada de busca por cor, preço ou esti- para vestir”, esse aplicativo é lo, criar listas de desejos e tam- para você. O Polyvore oferece bém fazer compras direto por ele: uma fonte ilimitada de inspiração e permite ao usuário criar https://itunes.apple.com/us/ “colagens” de vários produtos app/stylect-find-your-perfect/ que combinam, além de naveid740871893?mt=8 gar pelas colagens criadas por outros usuários. As buscas poThe Hunt dem ser filtradas por cor, tamaQuer saber de onde aque- nho, estilo, marca, loja e outros: la blogger de moda tirou aquele visual da foto que ela postou no https://itunes.apple.com/us/app/ Instagram? Se você alguma vez polyvore-personalized- fashion/ viu uma foto de um visual que id499978982?mt=8

Assim que surgiram os telefones celulares, logo foi lançado a capa protetora para o celular. Lembram daquelas capinhas dos anos 1990 em que tinha um botão na parte de cima e você prendia no cinto, estilo uma pochete? Se você não usou uma dessas, eu tenho certeza que lembra do seu pai com uma daquelas! Nessa época as capinhas eram utilizadas exclusivamente para proteger o celular. Hoje, a indústria da moda conseguiu transformar o produto em um acessório fashion, que cada vez mais ganha seu espaço no mercado. Foi assim que as cases foram ganhando estampas, desenhos e formas diferentes. Especificamente no Brasil, em todas as chamadas novela das nove da Rede Globo tem algum personagem que vira febre no país e tudo o que ela usa se torna um ícone da moda naquele determinado período. E em 2015 isso não foi diferente. Mas o que chamou a atenção foi que a inspiração na personagem Atena, interpretada pela atriz Giovana Antonelli em “A Regra do Jogo”, foi muito além das roupas e das maquiagens. O que se tornou o hit do ano foram suas capinhas para celular usadas

Foto: Reprodução/ mundocapas.com.br

Guilherme Costa

nos episódios da novela. Em cada um deles, ela aparece com cada phone case diferente: estampadas, com spikes, com brilhos... A maior prova de que a moda desse acessório veio para ficar no mundo inteiro foi quando as grandes marcas mundialmente conhecidas também entraram para esse ramo industrial. Começou com a Louis Vuitton, sendo a primeira grife a confeccionar capinhas para Iphones. Após a marca francesa, não parou mais de surgir cases de grifes: Gucci, Calvin Klein, Dior, Chanel... Para entendermos melhor essa febre pelos famosos “protetores de celular” conversamos com algumas leitoras que aderiram a ideia: Assumidamente amante das capinhas, Ana Carolina Sodelli

não mede esforços para estar na moda. “Amo comprar capinhas. Compro até várias no mesmo dia: tenho desde as mais baratas até as que tive que economizar muito para comprá-­ las”. Nathália Fontes diz que: “Sempre fui apaixonada pelas novidades, principalmente no mundo da moda. Porém, como adoro decoração, prefiro comprar as capinhas mais simples e personalizá­ las com meu estilo próprio”. “Adoro todos os tipos de assessórios para celular e tablets. Porém, a maioria de meu acervo foi conquistada comprando na China (quando ainda, o dólar estava mais em conta) [...] pela internet é possível comprar capinhas que no Brasil são caríssimas, por um preço bem mais em conta”, diz Suellen Alcântara.

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O que há por trás da selfie? A autopromoção por meio da imagem pode trazer mais prejuízo do que se imagina Guilherme Quinato Viajar para um lugar nunca visitado, rever amigos de longa data, sair para um barzinho ou simplesmente acordar com o rosto amassado: tudo tem se tornado um motivo para tirar uma selfie, nome dado às fotos que as pessoas tiram de si mesmas. Até o início dos anos 2000, a fotografia tinha basicamente o intuito de registrar momentos importantes ou integrar trabalhos artísticos. As grandes máquinas fotográficas continham filmes que só poderiam ser revelados nos locais especializados, a não ser que você tivesse um mini estúdio em casa. No momento

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da foto não era possível ver se esta ou aquela saiu boa, tremida, com um bom enquadramento. Se você tem 18 anos, talvez nem saiba de que tipo de máquina fotográfica estou falando. Pensando em termos domésticos, amadores, a relação entre fotógrafo e fotografia começou a mudar com o surgimento das máquinas digitais. Você tira uma foto e ela aparece no seu visor. Dois cliques e a foto é apagada, mais dois cliques e você tira uma nova foto. Um cabo usb e você passa a foto para o computador. Se ela fosse parar na internet, provavelmente seria

no seu Orkut ou no seu Flogão (aquela rede social que seus amigos “ressuscitam” para mostrar como todos eram feios em 2007). Os anos se passaram e qualquer modelo novo de celular tem câmeras que tiram fotos em alta resolução. E tem, também, câmera frontal. A câmera frontal é a prova de que a tecnologia já aceitou e absorveu a demanda do “eu” de sair na foto. Não haveria problemas com essa demanda se ela não dominasse a vida de muitas pessoas. Postar selfies diariamente nas redes sociais é normal, mas não deveria. Segundo Pamela Rutledge, diretora de Psicologia e Mídia do Centro de Investigação em Boston (Massachusetts) “os ‘selfies’, muito frequentemente têm o poder de desencadear a busca excessiva de atenção e de dependência social, indicativas da baixa autoestima e do narcisismo pessoal”. Vivemos em uma sociedade onde o culto à imagem é muito forte. A maioria das referências de beleza que possuímos, que vemos todos os dias nos filmes, nas novelas, nas passarelas, é muito difícil de alcançar. Se você tem a cor errada, o tipo de pele errado, o cabelo errado, o manequim errado (e provavelmente você tem), você está excluída do padrão de beleza. Mas é errado pra quem? Quem deveria decidir o que é bonito e o que é feio?

As tais selfies que vemos diariamente nas redes costumam mostrar pessoas tentando ao máximo se enquadrar nesses padrões, buscando cada vez mais atenção e “likes”. Esseane O’neill, uma australiana de 19 anos, tinha cerca de 700 mil seguidores no instagram. Um dia, ela decidiu mostrar o que havia por trás de suas belas fotos e tornou-se uma ativista social. Numa foto na praia, por exemplo, diz a legenda: “Para essa foto, eu mal me alimentei por uma semana. Eu comprei este biquíni apenas para essa foto. Eu posei por horas até a foto sair perfeita. Não

seja enganada pelas redes sociais”. É cruel ficar uma semana sem se alimentar, gastar tempo e dinheiro para simplesmente bater uma foto. Para mostrar a milhares de desconhecidos, que nada sabem de sua vida e que não se importam com ela, como você é bonita e descolada. E tudo isso aos 19 anos, quando provavelmente há muitas coisas mais importantes a se fazer na vida. É preciso olhar a moda com mais cuidado, as referências de beleza, balancear o que é realmente importante e o que é apenas exibicionismo, narcisismo ou carência.

Foto: Reprodução/ mirror.co.uk

Essena O’neill em uma de suas fotos montadas para ganhar “likes”

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Economia

Seu look novo, de novo!

Foto: Reprodução/ Social Bauru

Associando muito estilo, preços amigos e sustentabilidade a moda vintage chegou para ficar Fabiane Carrijo Quem nunca quis uma roupa diferente para aquela festa bacana no fim de semana e acabou pedindo emprestado para a mãe, irmã ou amiga? Ou quem nunca ficou super feliz ao reencontrar aquela peça antiga, que ficou escondida no guarda-roupas da sua avó durante anos e de repente, páá, vira a peça must have da estação no melhor estilo retrô? Ainda tem aquele look que você investiu uma grana, já levou pra passear algumas vezes, curtiu, postou no Instagram, mas já enjoou e sabe que não vai mais usar. Todas es-

sas situações são cada vez mais comuns em uma sociedade que consome tanto quanto a nossa e a solução para essas questões pode estar mais perto do que se imagina na sua cidade, ou, até mesmo online através de aplicativos e sites cada vez mais sofisticados. Popular na Europa e nos Estados Unidos há algumas décadas, o conceito de brechó e garage sale foi considerado no Brasil, durante muito tempo, um segmento inferior e de baixa qualidade para a compra e venda de roupas e acessórios. Hoje, em

tempos de dólar em alta e preços cada vez mais salgados, a ideia foi reformulada por alguns pioneiros do mercado da moda nacional e a iniciativa recentemente passou a ser considerada “cool” entre jovens que desejam comprar produtos de qualidade por um preço amigo. Além de economizar e terem acesso a roupas exclusivas, a ideia ainda vai ao encontro aos conceitos de consumo sustentável que começam a ganhar força.

Vintage A internet teve um papel fundamental na transformação do velho brechó, sendo o grande suporte contemporâneo para o compartilhamento de ideias entre os jovens. Se na rua, o investimento no espaço físico privilegiado poderia ser o ponto chave para ganhar as consumidoras, como em shopping centers ou nas ruas de comércio mais badaladas, a internet se tornou um território mais democrático para todos os gostos. A compra e venda na rede já não era novidade e, aos poucos, a venda online das grandes marcas e das lojas de departamento

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passou a dividir espaço com grupos de desapego entre amigas nas redes sociais e até mesmo plataformas especializadas no segmento, como sites e aplicativos. Nesse grupinho virtual, algumas iniciativas vem chamando a atenção já há algum tempo, como é o caso do Enjoei.com. O blog, que se tornou aplicativo de compra e venda de produtos, permite que usuários comercializem produtos de que “já enjoaram” através de anúncios bem descontraídos em um layout bem simples e divertido. O software é gratuito, mas cobra comissões de quem vende seus itens. Nele você

pode montar seu próprio perfil de vendas e compras, seguir suas “lojinhas” preferidas, curtir e enviar mensagens para outros usuários e assim garantir peças exclusivas, no melhor conforto do seu lar. Tanto o pagamento quanto a entrega do produto são feitos através da empresa. O aplicativo ficou tão famoso que hoje reúne lojinhas de blogueiras e fashionistas famosas como Thassia Naves, Camila Coutinho, Julia Petit e Victoria Ceridono- Um luxo, né?! As fãs nunca estiveram tão perto de seus itens desejo. Nathália Simões, 28, já comprou e já vendeu utilizando o

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aplicativo e aprovou a ferramenta. Ela explica que descobriu o site enjoei.com há pouco mais de um ano, quando resolveu se desapegar de algumas peças de seu guarda-roupa. A moça encontrou um anúncio do site no Facebook e resolveu conferir o aplicativo e criou sua própria lojinha. “Coloquei algumas fotos. As fotos passam por uma avaliação, tive um pouco de dificuldade em criar fotos atrativas para a venda dos meus produtos, mas entendo a proposta do site em manter

uma estética semelhante entre os vendedores”, relatou Nathália. Em relação as compras ela diz ter ficado muito satisfeita, os produtos estavam em ótimas condições e as vendedoras, outras usuárias do site, foram muito atenciosas. “Até o momento eu fiz apenas uma venda, recebi algumas propostas, inclusive aceitei algumas mas a venda não se concretizou”, disse. O aplicativo, assim como a maioria dos serviços online, passa a ser uma ferramenta para diminuir dis-

tâncias entre vendedores e compradores, que passam a ter uma cartela muito maior de busca para os itens que procura, com uma boa margem de interatividade e liberdade de negociação. Entretanto, apesar de satisfeita, Nathália ressalva a ideia que ainda pode ser a grande questão da compra online: “ Eu recomento o aplicativo, mas assumo que prefiro as lojas físicas, nada supera o amor a primeira vista.

Foto: Reprodução/ Social Bauru

A fashion girl caprichou em cada detalhe do seu Vintage Shop. Além das roupas cada detalhe da decoração da loja remete à determinada época e estilo. Assim fica fácil se inspirar, né?!

Cadê o provador? Buscando atender esse novo mercado e pessoas como a Nathália, o número de lojas de artigos usados com faturamento anual até R$ 3,6 milhões cresceu 210% nos últimos cinco anos, no Brasil, revelam os dados do Sebrae. Os números em alta se estendem das principais capitais brasileiras para o interior do

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país, como foi o caso da empresária fashionista Michelle Svicero, que com apenas vinte e dois anos possui sua própria loja física em Bauru, interior de São Paulo. O Vintage Shop By Mi Svicero vem fazendo a cabeça das meninas da cidade que, por não terem tantas opções de lojas como nos grandes centros, acabavam tendo que gastar muito para manter o guar-

da-roupas atualizado ou ficam dependentes dos aplicativos que, apesar de simpáticos, perdem no aspecto sensorial da compra. Foi dessa forma que Michelle conquistou seu primeiro negócio, que deu início a sua loja. A jovem empresária fez um ping-pong com a TARSILA sobre como surgiu a ideia da loja que serve como referência no segmento:

CADÊ O PROVADOR? Buscando atender esse novo mercado e pessoas como a Nathália, o número de lojas de artigos usados com faturamento anual até R$ 3,6 milhões cresceu 210% nos últimos cinco anos, no Brasil, revelam os dados do Sebrae. Os números em alta se estendem das principais capitais brasileiras para o interior do país, como foi o caso da empresária fashionista Michelle Svicero, que com apenas vinte e dois anos possui sua própria loja física em Bauru, interior de São Paulo. O Vintage Shop By Mi Svicero vem fazendo a cabeça das meninas da cidade que, por não terem tantas opções de lojas como nos grandes centros, acabavam tendo que gastar muito para manter o guarda-roupas atualizado ou ficam dependentes dos aplicativos que, apesar de simpáticos, perdem no aspecto sensorial da compra. Foi dessa forma que Michelle conquistou seu primeiro negócio, que deu início a sua loja. A jovem empresária fez um ping-pong com a TARSILA sobre como surgiu a ideia da loja que serve como referência no segmento:

TARSILA: Como você vislumbrou o brechó como uma boa opção de negócio? Michelle: Eu possuía um blog que abordava os temas de moda, estilo e beleza. Sempre postava looks do dia e composições que eu montava com peças de brechó mixadas com peças novas. Certo dia, uma das leitoras perguntou se eu venderia para ela a saia que usava na foto. Eu tive um start naquele momento de como poderia transformar isso em um negócio, difundindo o consumo sustentável no qual acreditava para outras pessoas. Fiz a primeira venda assim, entreguei na casa dela e me desfiz da saia. Depois iniciei as vendas através da criação de uma loja virtual, e ao analisar a necessidade das clientes em experimentar as roupas, abri a loja física. Paralelamente a isso, fui em busca de conhecimento em moda, administração e marketing, através de workshops e curso superior em Design de moda. T: Quais as vantagens dessa modalidade? M: Sempre acreditei que cada indivíduo é único, assim, seu vestuário, deve ser o reflexo da sua alma, de suas preferências e experiências carregadas pela vida, transparecendo o interior humano repleto de particularidades. Além da exclusividade e valor acessível, a questão da sustentabilidade é um ponto forte. Cada peça, necessita de tempo, energia, matéria prima, mão de

obra e dinheiro para ser produzida. Se conseguíssemos reduzir o consumo de roupas pelo menos pela metade, metade seminovas e metade novas, já seria uma enorme economia desses recursos, colaborar com o planeta é uma de nossas missões. T: Como você começou e quais foram as dificuldades? M: A palavra “brechó” carrega um sentido pejorativo adquirido culturalmente pela a maioria das pessoas no Brasil. Logo, vem a cabeça um ambiente empoeirado, sujo, desorganizado, com uma quantidade exacerbada de produtos. A do Vintage shop, é mudar esse conceito das pessoas, oferecendo as clientes um ambiente tão agradável como o de uma boutique. Todas as peças são higienizadas, o local é organizado e com produtos selecionados, de qualidade e etiquetados. Assim fica prazeroso encontrar peças exclusivas por um preço acessível. T: Qual sua relação com a internet dentro desse contexto? M: Nosso objetivo é estar em contato direto com o público-alvo, atingi-lo não só de forma comercial, mas com informação e conteúdos do seu interesse, criar relacionamento. O marketing da empresa é feito somente via redes sociais, não há anuncio em jornais, revistas entre outros, sendo assim, toda a clientela provém do relacionamento criado via internet e do tradicional boca a boca.

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Foto: Reprodução/ Shutter Stock

Claro que nem tudo são flores nesse novo mercado. Em setembro do ano passado, o Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) emitiu uma nota de advertência a nomes badalados do segmento, reforçando a diferença entre publicidade e marketing de conteúdo. O documento pedia para que as Influencers deixassem claro os posts que tivessem a primeira finalidade. Desde então, é comum ver títulos e hashtags como a palavra “PUBLI”,

Influência Digital: A moeda das blogueiras! Eles não estão na televisão, não fazem novela e nem música pop, mas possuem uma legião de seguidores e fãs pelo mundo todo. Fabiane Carrijo

Os chamados blogueiros recentemente trocaram de nome: Digital Influencers é como se denominam. A popularidade na internet é medida por influência de quantas curtidas, seguidores e visualizações cada um possui. A busca e o consequente sucesso ocorre de acordo com a temática e o conteúdo produzido por cada pessoa. Com qualidade e inovação, pessoas estão conquistando seu espaço como influenciadores online e assim, realizando parcerias com empresas do segmento específico e

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sites de moda e beleza vem ganhando cada vez mais espaço. O consumo online vem crescendo cada vez mais no Brasil. Além da facilidade de compra e entrega de mercadorias, como resultado da expansão da internet, boa parte da propagação desse mercado hoje se dá através da presença dos famosos das redes. O modelo de negócio para a influência digital é baseado na venda de espaço publicitário associado ao conteúdo do blog, site ou redes sociais de determinada personalidade, que pode ser

um texto, uma foto ou um vídeo publicado nas redes, dando destaque ao produto anunciante. Nomes mais prestigiados, que acumulam alguns milhões de seguidores, como Thássia Naves, Gabriela Pugliesi e Camila Coutinho podem faturar até 100.000 reais por mês com sugestões de cosméticos, lojas, restaurantes, hotéis, serviços - A lista é praticamente interminável e se estende a tudo que possa se encaixar no life style das garotas, e que o público, claro, possa querer consumir.

servindo como indicativo para o conteúdo publicitário. A musa fitness Gabriela Pugliesi, por exemplo, ganhou o apelido de Publiesi devido ao grande número de anúncios em suas páginas. Influenciadores no mundo da moda e comportamento! A ideia dos blogs partiu da ideia de cada individuo poder dividir um pouco de sua opinião e do seu dia a dia nas redes, e se diferencia da publicidade pois

QUANTO CUSTA, MOÇA? produção do seu conteúdo para o site. “Acho que isso é um diferencial para os anunciantes que acabam percebendo isso e entram em contato. Geralmente eles me encontram procurando mídia local e entram em contato por e-mail para fecharmos parcerias”, diz. Ela destaca que alguns parceiros fazem com que as curtidas e visualizações aumentem, mas o trabalho conjunto com a divulgação em seu site, relacionado a moda e comportamento, é maior. Jô defende também que é imprescindível os post patrocinados estarem sinalizados para identificação do leitor. “Eu sempre fui muito correta com anunciantes e

seu conteúdo dá a seus seguidores aquela dica amiga, em off, que outro meio supostamente não teria tamanha liberdade. Assim, qualquer um hoje pode criar seu próprio espaço na rede. Jô Nascimento, 34 anos, é designer gráfico e blogueira no “Princesas Modernas” há XX anos, é uma influenciadora na cidade de Bauru e contou um pouco sobre o começo do contato dela com as empresas parceiras. Para ela ter parceiros que são a cara do blog fizeram toda a diferença na Foto: Phoster/ Fabiane Carrijo

com meus leitores também. Nenhum conteúdo patrocinado entra no ar sem estar devidamente sinalizado, acho que isso é extremamente importante”, destaca. MÍDIA KIT: É necessário atrair as parcerias! Conteúdo original, de qualidade e que está sempre na moda, chama a atenção de anunciantes, mas é necessário que o produtor de conteúdo possua uma forma de medir quantitativamente os resultados do alcance e satisfação no qual ele vai investir. Jô conta um pouco como funciona com o Princesas Modernas, que possui um mídia kit sempre atu-

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Foto: Reprodução/ Princesas Modernas

alizado com a informações de acesso e valores publicitários. A blogueira reforça: Acredito que todos que trabalham nessa área deveriam ter um mídia kit, pois traz credibilidade para o blog!” Não há dúvida que o digital faz parte da vida das pessoas e os blogueiros, por sua vez, se tornam responsáveis por produzir informação de forma rápida e clara. Ao produzir seu conteúdo, Jô compartilha com a Tarsila uma super dica de sucesso: “Faça um bom trabalho e seja honesto que você irá se destacar. Não adianta tentar enganar o leitor que ele mesmo pode ser um futuro parceiro. Sou bem transparente no que faço e isso só tem me trazido bons frutos!”. Partiu, youtube! Outra rede poderosa para o compartilhamento de conteúdo para os digital influencers é o Youtube. Nathália tem 22 anos, nas-ceu em São Francisco, nos Estados Unidos, mas viveu quase toda sua vida em Bauru, interior de São Paulo, onde hoje cursa arquitetura e tem um estágio na área. A diferença de Nathália para uma garota comum? Nenhuma, exceto seu canal no Youtube, Nathália Nk, com mais de 50 mil inscritos! Como uma menina do interior passou a ter tanta influência digital? Bem, esse não era o plano da garota. Há pouco mais de um ano, Nathália publicou seu primeiro vídeo com a tag “O que tem na minha bolsa, ainda bem envergonhada ao se ver na frente da câmera. Ela não divulgou o canal em suas redes sociais e contou apenas para duas amigas sobre sua nova atividade, ou hobby, como ela mesma gosta de chamar. O vídeo bombou na internet e em pouco tempo a garota já possuía milhares de seguidores.

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Jô Nascimento- Designer gráfico, formada pela Universidade Estadual Paulista, Jô Nascimento era do tipo jeans e tênis antes de se encontrar escrevendo sobre moda. A fashion girl acredita que um batom colorido pode sim melhorar o dia de qualquer uma

O conteúdo dos vídeos são dicas de beleza e decoração para o público feminino, de 17 a 22 anos. Nathália acredita que a chave do sucesso desse novo setor está na credibilidade dos reviews feitos pelos bloggers ou vloggers, que não podem deixar seu público na mão apenas para fazer a publicidade de produtos que não funcionam de verdade. A D.I revela: “Já recusei PUBLIs que não tinham nada a ver com a minha proposta, como empresas de vídeo-game, assim como de produtos duvidosos. Em geral a negociação com bons produtos é bem tranquila”

Os planos para o futuro? Continuar se divertindo ao gerar conteúdo para web. Nathália pretende continuar investindo no canal, mas sem o compromisso de fazer disso seu ambiente de dedicação exclusiva, deixando tudo fluir mais naturalmente.

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D.I.Y - Do it yourself Decoração de quarto

Decoração de roupa

Transformando o guarda-roupa Você vai precisar de:

Você vai precisar de: Thais Daniel Valor: fita adesiva – R$ 2,55 (unidade) // compasso – R$ 5,10 // cartolina – R$ 0,40 (unidade) // tesoura – R$ 6,60 Total: R$ 14,65

Passo 1 – desenhe, com o compasso, várias bolinhas na cartolina (a quantidade depende do tamanho do local que irá decorar). Eu decidi fazer de quatro cores diferentes e de dois tamanhos: metade (20 bolinhas de cada cor) com raio de 2,5cm e metade com raio de 2cm.

Passo 1 – corte as pernas da calça (não se preocupe em cortar perfeito, pois a barra irá desfiar e os defeitinhos irão desaparecer) renda em um dos lados. Eu cortei o short “torto”, em formato de V (com a lateral menor), para colocar a renda em um dos lados. Dica 1: de preferência, utilize um short de molde; utilize régua; sempre corte um pouco a menos do que quer (se ficar grande, é só cortar mais; se cortar acima do esperado, não tem volta...)

Valor: calça comprada em brechó – R$ 8,50 // renda – R$ 8,50 (metro) // spikes – R$ 18,00 (caixa com 30 unidades) // tesoura – R$ 6,60

Passo 2 – desfie a barra. Utilize lâmina de barbear, tesoura, pinça, lixa...

Passo 2 – corte em torno das bolinhas em formato de quadrados.

Passo 3 – cole as fitas coloridas atrás dos quadrados (não precisa ser perfeito!!).

Passo 3 – faça cortes em um dos bolsos e desfie­os.

Passo 4– pregue a renda de um dos lados do short. Eu costurei, com linha e agulha, mas você pode pregá-­la da maneira que achar melhor Passo 4 – corte as bolinhas.

Passo 5: Eu colei com as próprias fitas coloridas, mas você pode colar da maneira que achar melhor. Dica: essa decoração vale também para móveis, como guarda-roupas, por exemplo!

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Passo 5 – aplique os spikes no outro lado do short. Utilize a tesoura ou a pinça e muita atenção para não se machucar!

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Moda

Quanto tempo você demora para se vestir? Média de cinco minutos? Sete, talvez, se a calça jeans acabou de ser lavada, certo? Imagine agora que esse hábito tão cotidiano pode ser uma dificuldade para algumas pessoas e é importante que a moda preste atenção a isso

Bárbara Costa

As pessoas com deficiência (PcDs), na maioria das vezes, são excluídas na alta costura. Não é comum vermos nas passarelas modelos cegas ou com mobilidade reduzida por exemplo. No entanto, essas pessoas também possuem gostos, autoestima e preocupam-se com a aparência. No Brasil, são cerca de 45,6 milhões de pessoas com deficiência, de acordo com o censo de 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Pesquisa). Assim, está mais do que na hora de a moda pensar nas PcDs também como público-alvo. A empresa Somos Todos Nós, pioneira no ramo da moda inclusiva, faz pesquisas desde 2011 com pessoas com deficiência para colher as demandas em relação às roupas. De acordo com a instituição, algumas PcDs chegam a

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levar duas horas para conseguir se vestir sozinhas. Eduardo Marques é universitário e é cadeirante, de acordo com ele, algumas alterações nas roupas tradicionais já seriam suficientes: “Talvez o uso das roupas de alta costura sejam um problema devido aos seus comprimentos, porém, com algumas adaptações em sua confecção, pode ser resolvido”. Além disso, ele acredita que seria interessante estilistas especializados em moda inclusiva: “Acharia de grande utilidade, afinal, seria importante ter alguém que se importe com nossas vestimentas”. Essa realidade com estilistas que se preocupam com a causa da acessibilidade já é possível: Drika Valério é designer, técnica em moda e CEO da empresa Somos Todos Nós. Já no seu Trabalho de Conclusão de Curso em

2011, começou a trabalhar com esse tema, o que fez com que ela ganhasse vários prêmios durante sua carreira, como o 1º Lugar no 4º Concurso de Moda Inclusiva – São Paulo 11/2012. Concursos como esses fazem com que jovens estilistas criem um novo olhar sobre o papel social da própria profissão. Um exemplo dessa forma de estímulo é o Concurso “Moda Inclusiva”, que já está em sua sétima edição neste ano. Ele é realizado pela Secretaria do Estado de São Paulo dos Direitos da Pessoa com Deficiência e foi o primeiro a ser realizado no Brasil. Drika Valério gosta de trabalhar de uma forma com que as peças possam ser úteis para todos; a ideia não é fazer uma roupa específica para pessoas com deficiência, é criar algo acessível e inclusivo: “Para uma peça se tornar acessível, é necessário adaptá-la de acordo com a necessidade do usuário, neste caso eu sugiro projetar a peça já para ser inclusiva, pois se todas as peças já viessem com esse pensamento, não seria necessário adaptá-las”, explica. A peça que mais causa problemas entre as PcDs é a calça jeans: “É a campeã de reclamações, quase impossível de vestir para uma pessoa na cadeira de rodas”, aponta a designer.

Foto: Arquivo pessoal Drika Valério

Moda é para todos?

Drika Valério sempre organiza desfiles para divulgar o seu trabalho

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A soluçãoencontrada foi a criação da Calça Jeans Inclusiva Adaptada STN: contém o mínimo de costuras para não incomodar quem fica sentado o dia inteiro, possui o fecho com velcro para facilitar a vestimenta, tem abertura total na parte da frente, além de dar conforto para aqueles que necessitam usar fraldas, pois contém forro impermeável. Ariani Queiroz é membro efetiva do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (COMUDE) de Bauru (SP) e sempre desfila como modelo para o projeto de Drika. Ariani é cadeirante e acredita que ações como os desfiles podem emponderar a autoestima da pessoa com deficiência: “Foi muito emocio-

nante, eu desfilei pela primeira vez na REATECH/2013, é uma feira anual voltada para tecnologias que melhoram a vida da pessoa com deficiência, imagina gente do estado e Brasil todo, foi muito gratificante. Acredito que ações como essa, além de elevar a autoestima da pessoa com deficiência, faz com que a sociedade passe a ter outro olhar sobre nós, pessoas com deficiência”. Iniciativas como essas ainda são pontuais e a moda tradicional de passarelas precisa ampliar a sua área de atuação e conceito de público. Para Ariani, ainda é preciso muita luta por parte das PcDs: “Na alta costura não tem espaço para as pessoas com deficiência, não se preocu-

Uma vida fora A luta de quem está acima do peso vai muito além da balança

pam não, assim como em praticamente todos seguimentos da sociedade. Nós pessoas com deficiência ainda precisamos lutar muito para ter nosso espaço garantido na sociedade, tudo ainda é muito difícil”. No entanto, ela mantém o pensamento positivo e apoia mudanças como a que a moda inclusiva proporciona. Para ela, é com “ações de reconhecimento e respeito, que o preconceito deixará de existir!!!”. Foto: Arquivo pessoal Drika Valério

Rafael Rodrigues Gordofobia. Vá se acostumando com esse termo, que promete se tornar “tendência” nos próximos anos, ganhando cada vez mais as manchetes da luta pela quebra de preconceitos ao lado da homofobia. Isso porque os gordos se cansaram de sofrer calados.

Se você quer se vestir como as tops das passarelas, emagreça

Apesar de durante todo o século XX o padrão de beleza vigente ter sido o tipo físico magro, foi apenas durante a década de 90, quando a constatação do aumento de peso médio da população gerou um verdadeiro pânico nas pessoas: “os gordos são vistos como pessoas ganaciosas, sem autocontrole, desorganizadas e até grotescas,” afirma socióloga australiana Deborah Lupton em seu livro Fat (“Gordo”, sem lançamento no Brasil). Deborah é professora na Universidade de Sidney, e pesquisa os efei-

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tos da gordofobia na sociedade. Afinal, o que pode explicar que pessoas ataquem desconhecidos pelo simples fato de serem gordas - e ainda achando que as estão fazendo um favor? O caso mais famoso desse tipo de ataque aconteceu em 2013, envolvendo a atriz Melissa McCarthy e o crítico de cinema Rex Reed. Escrevendo à época para o New York Observer a resenha do filme “Uma Ladra Sem Limites”, Reed não se contenta apenas em criticar o filme, mas ofende diretamente a protagonista dele, chamando-a de “hipopótamo fêmea” e dizendo que a carreira da moça era “uma prova de como ser gordo e sem graça com tremendo sucesso.” E isso falando justamente de Melissa McCarthy, atriz que nem um ao antes havia levado um Emmy por sua atuação na série “Mike & Molly” e indicada ao Oscar por “Missão Madrinha de Casamento”. Ou seja, não importa que você seja uma das maiores comediantes da nova geração - o que importa é que você é gorda, e isso é errado. Uma batalha longe de ganha O tipo de abordagem sutil que a maior parte da mídia utiliza ao tratar do assunto gordura é ainda pior do que o insulto

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direto. Isso é fácil de notar em qualquer pesquisa rápida sobre o assunto: existem listas e mais listas de “dicas de como alguém plus size [o equivalente à “afrodescendente” para as pessoa gordas] deve se vestir”, onde sempre é possível encontrar dicas como “esconda imperfeições do seu corpo”, “não use roupas justas e que marque”, “escolha panos largos”; de modo subliminar, tudo o que essas listas dizem é “se você quer se vestir como as tops das passarelas, emagreça”. E mesmo publicações mais alternativas e ligadas a movimentos sociais acabam por vezes sendo gordofóbicas. Um exemplo claro disso é o Catraca Livre. O site foi criado como uma alternativa ao jornalismo de cultura tradicional e tem como slogan “comunicar para empoderar”, mas que diariamente traz “histórias

de superação” de pessoas gordas que emagreceram e que agoram levam uma “vida feliz e normal”. Isso acaba reforçando aspectos sociais negativos ligados à obesidade, e mostra que mesmo uma publicação que se diz com um discurso de “empoderamento” e que defende bandeiras de inclusão pode ter um discurso preconceituoso. E tudo isso por apenas uma coisa: audiência. Segundo Pedro Zambarda, jornalista do site Diário do Centro do Mundo: “Infelizmente, coisas babacas vendem”.

Infelizmente, coisas babacas vendem

O PAÍS FORA DOS PADRÕES Quem defende que essa história de que “padrão de beleza” não passa de “mimimi” e que as pessoas se preocupam com a gordura apenas pela questão da saúde é porque não conhece a história da Ilha de Tonga. A gordura é tão importante no pequeno país do Pacífico que nem mesmo o fato de ter se tornado um problema de saúde pública faz com que a população pare de engordar. A pequena ilha engordou tanto nos últimos anos que 40% de sua população sofre de diabetes, além de ver a expectativa de vida média ter diminuído em 9 anos na última década.

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A passos de tartaruga Por mais que ainda haja uma espécie de pânico generalizado sobre a gordura corporal, a existência do “gordo” é uma realidade que não deve mudar tão cedo: dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) mostram que a população mundial tem engordado a cada ano. Só no Brasil, 54% da população está acima do peso, segundo dados de 2014. Apesar disso, essa elevação do peso médio da população não se reflete nas vitrines das chamadas lojas de fast fashion - as grandes redes varejistas de roupas, como C&A, Riachuelo e Marisa. Contrariando a lógica capitalista de “a oferta obedece a demanda”, o mundo fast fashion ainda ignora abertamente o aumento dos manequins da população, trazendo ainda uma grande opção de roupas apenas para tamanhos “magros”. E, mesmo as redes que possuem uma seção de “tamanhos especiais” não as colocam em todas as lojas, isso quando não relega essa seção a vestidos de cores e cortes sem graça, que servem apenas para cobrir, sem nenhuma função de embelezamento.Apesar de toda a força, a luta contra a gordofobia continua, com novos blogs e vozes utilizando a internet para proliferar o discurso de que a questão da gordura vai além de uma preocupação com a saúde; um anti-discurso que pede apenas uma coisa: que cada um cuide da própria vida.

Tamanho é documento SIM! As dificuldades de quem está no “extremo” da moda Rafael Rodrigues

Fazer compras em lojas de fast fashion – as grandes redes vendedoras de roupas como Marisa, C&A, Renner e tantas outras – é sempre um pesadelo para qualquer pessoa que não se encaixa no chamado “padrão de beleza vigente”. Mas isso se torna ainda mais difícil quando se é uma pessoa que possui alguma parte do corpo “fora de proporção”.

Com 1,60m e pouco mais de 70kg, Juliana Nascimento sofre mais do que o normal na hora de encontrar uma roupa por causa do tamanho de seus seios. A estudante de 21 anos sofre para encontrar sutiãs de número 54 e, mesmo quando encontra, nem sempre fica satisfeita: “[o sutiã] fica grande nas costas, nas alças... algum problema sempre vai ter”.

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também conta que passou certa dificuldade durante o ano em que passou nos Estados Unidos. Apesar de a oferta de lojas e modelos ser bem maior do que por aqui, ainda assim não era possível encontrar esses sapatos em qualquer loja de shopping, ficando restrito praticamente às compras pela internet - e, claro, os problemas de ter que comprar um sapato sem saber se ele é realmente tão confortável quanto parece. Apesar disso, as coisas tem melhorado: “Há uns dois anos atrás, mais ou menos, era um pouco mais difícil. Não tinha em nenhuma loja de departamento mesmo. Agora já consigo encontrar na Marisa. Eles tem uma coleção de roupas que se chama “especial para você”, só com números maiores”. Mas mesmo que as coisas estejam melhores do que há alguns anos, ainda falta muito para que pessoas como o Alexandre e a Juliana possam sentir o gostinho de sair pra passear no shopping e voltar com uma roupa nova ao invés de uma nova dor-de-cabeça.

Alexandre Amaral

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Foto: AP Photo/Dave Einsel

Já para Alexandre Amaral o problema é um pouco mais embaixo – mais precisamente nos pés. Com mais de dois metros de altura, o estudante de engenharia elétrica também possui inúmeros problemas para encontrar sapatos que lhe sirvam: “É muito difícil encontrar sapatos aqui no Brasil. Já morei em Belo Horizonte, Bauru e Campo Grande mas eu só tive facilidade de achar sapatos do meu tamanho em São Paulo, e mesmo assim é um tamanho difícil de achar.” Alexandre calça sapatos número 48 - seis números acima da numeração facilmente encontrada para o público masculino, já que as lojas costumam possuir apenas até o número 42. E, assim como Juliana, Alexandre costuma não ficar também muito feliz quando finalmente consegue achar algo do seu tamanho, já que as lojas que vendem esses calçados não possuem tantos modelos para se escolher - e isso vale tanto para lojas físicas quanto para aquelas que atuam somente pela internet. E isso não é um problema exclusivo do Brasil: Alexandre

Mesmo entre os gigantes da NBA, o chinês Yao Ming é uma exceção. Com 2,29m o pivô do Houston Rockets passava a maior parte do tempo do vestiário sentado, já que em muitos ginásios ele era mais alto do que a altura do teto. O físico fora de série que o fazia se destacar também foi o responsável por sua aposentadoria precoce do esporte aos 31 anos


Entrevista Alexandre Amaral Tarsila: É difícil encontrar sapatos do seu tamanho no Brasil? Alexandre: É muito difícil encontrar sapatos aqui no Brasil. Já morei em Belo Horizonte, Bauru e Campo Grande mas eu só tive facilidade de achar sapatos do meu tamanho em São Paulo, e mesmo assim é um tamanho difícil de achar. Tem em lojas especializadas, só que são poucos modelos, não tem tanta variedade. Mas para mim sempre foi assim. Desde que meus pés começaram a ficar grandes, sempre tive dificuldade em achar tênis. Em Campo Grande onde moro atualmente, por coincidência, tem apenas 1 loja especializada em tamanhos grandes. T: E em outros países? A: Durante o intercâmbio que fiz nos Estados Unidos foi muito mais fácil, porque encontrava tudo online na Amazon. Quando eu ia em lojas em shopping ou outlets era mais difícil achar. Tinha um ou outro modelo do meu tamanho, que era o 15 (48 no Brasil). Mas comprando pela internet era sempre melhor porque eu podia experimentar, devolver, pegar outro tamanho, então tinha mui-

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ta informação e muita variedade. Quando eu voltei do intercâmbio tinha uma mala só para os tênis que comprei. Trouxe 12 pares de tênis comigo para o Brasil. T: Há algo que facilita sua vida na hora de comprar sapatos? A: Se tem alguma coisa que facilita, são as lojas virtuais. Tem umas 2 ou 3 empresas, a maioria de São Paulo, que vendem tênis nesse tamanho. Em relação a roupa eu nunca tive problema para comprar. Às vezes uma calça ou outra fica um pouco mais curta. Mas tênis e sapato sempre foram o que me dá mais trabalho. Por exemplo, para comprar um sapato social tinha que pedir para uma tia minha de São Paulo comprar e colocar no correio, porque antigamente não tinha tanto comercio virtual. Melhorou bastante hoje em dia, mas ainda ruim. É bem fraco ainda se comparar com os Estados Unidos, onde as pessoas geralmente são maiores e o comércio virtual dá de mil a zero no nosso.


Moda filha do sol do Equador Conheça a evolução e as atuais influências do setor da moda no Estado do Piauí

Michelle Albuquerque

No Piauí, a moda vem ganhando espaço nos últimos anos através de personalidades influentes na internet como a estilista Andressa Leão e o surgimento de eventos relacionados à moda, beleza e comportamento que estão movimentando o mercado na capital Teresina. Yuri Ribeiro tem 24 anos, é jornalista de moda do portal “O Dia” e conta um pouco sobre a dificuldade de lidar com moda no Estado e como fez para driblar os lados negativos, destacando que o seu olhar para a moda sempre se pautou para matérias que fugiam do óbvio, e isso foi fundamental para que ela conquistasse espaço dentro dos veículos que já passou. “Através do meu trabalho como jornalista, procuro desconstruir muitos dos pensamentos pré-estabelecidos que as pessoas tem sobre moda. Procuro apresenta-la de maneira séria, responsável e sustentável”, ressalta Yuri. Falar sobre moda é construir conteúdo mais especializado e Yuri busca tornar a linguagem acessível e para facilitar a com-

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preensão de ambos - ele e o público - por esse motivo decidiu estudar e se dedicar a esse mundo. Cursando atualmente Design de Moda na Uninovafapi em Teresina, tem ótimas expectativas para o mercado de moda piauiense. O Piauí é expressivo em relação à produção de moda, mas poderia ser mais. Mudanças no cenário da moda local foram sentidas em meados dos anos 2000 com as chegadas das escolas de moda – faculdades com ensino superior e cursos técnicos. Para completar o panorama, Yuri destaca : “Hoje, com uma nova estrutura de mercado, vários fatores continuam a impulsionar a moda local. A mídia, que agora abre mais espaço para o assunto; os designers que criam e conquistam público, e ainda formadores de opinião como blogueiras e jornalistas, que abrem discussões sobre o assunto. É toda uma engrenagem que está se estruturando e funcionando muito bem!”

INTERNET: O boom de informação e dicas de moda Mayra Yascara Carvalho, 21 anos, designer de moda e proprietária da loja online YAY Store destaca a peça chave para que os piauienses se interessassem cada vez mais por moda nos últimos anos: a internet! Anteriormente, telenovelas e programas de grande audiência eram os grandes responsáveis em ditar moda nessa região nordestina. O boom dos blogueiros de moda trouxe informações para pessoas leigas do mundo da moda, tanto nacional como internacional, interessando mais pessoas sobre o tema. Sobre o mercado consumidor Mayra conta que “Sendo influenciadas a consumirem as tendências com uma rotatividade maior sendo ela de classe A, B, C ou D e asssim movimentando todo o mercado!”.

É toda uma engrenagem que está se estruturando e funcionando muito bem!

Porém o horário nobre dos grandes canais de televisão ainda ditam a moda popular e movimentam o comércio da população C e D, afirma a designer de moda, e completa “É fundamental para movimentar o mercado, pois as tendências mundiais são lançadas a cada 6 meses. Já as tendências lançadas diariamente ou semanalmente atingem o público de classes B a D que são peças chave para o mercado, pois gostam de consumir o que está na moda!”.

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TOP 10 Nossos consultores dão dicas de moda e beleza que nunca saem de moda e para ficar de olho em 2016, de acordo com o clima caloroso e pelo piauiense não abrir mão do conforto. Confira as dicas exclusivas para a Tarsila!

T-shirts e vestidos em tecidos leves: seja livre. O conforto nunca sairá da moda! E os vestidinhos com cortes simples e tecidos leves também não. Invista em estampas fofinhas e divertidas para usar no dia a dia.

Cropped: para driblar o calor! Tendência que chegou para ficar nos últimos anos, o cropped é a saída para um dia de muito calor, além de ser super confortável, ela pode montar looks mais elaborados.

Nunca sai de moda! Proteja-se do sol “Dica de beleza indispensável para os piauienses” destaca Yuri.

Foto: Reprodução/ Instagram.com/yurii_ribeiro

Adepto de um estilo descontraído, confortável e divertido, Yuri mostra os seus looks no Instagram e no Facebook!

Jeans: detonado ou bordado, é sempre um coringa. Além de utilizar protetor solar, o uso de bonés e óculos complementam a proteção do rosto.

Estilo boho: despojado e confortável. “Com uma pegada mais regional, com enfoque em usar muito croché nos biquínis, blusas, vestidos e acessórios.” indica Mayra Yascara.

Fotos: Reprodução/Instagram.com/gabifpinho

Empreendedorismo no setor fashion Na faculdade, Mayra percebeu que o que gostava mesmo era de ver uma pessoa usando uma peça criada por ela e era incrível ver as pessoas ficarem lindas em uma roupa idealizada para elas: “Essa sensação é mágica! Enfim, o que eu gosto mesmo é de criar, seja ela uma peça de roupa ou a divulgação dessa peça de roupa. E na minha vida profissional eu aplico as duas coisas simultaneamente” completa a designer. Recentemente ela abriu uma loja online, a YAY Store, e a relação com os clientes é a melhor possível. Iniciativas como a de Mayra vem crescendo no Estado do Piauí, pois o consumo de roupas, calçados e acessórios têm sido itens cada vez maior em todo mundo e por lá não seriadiferente. Eventos de moda tem se tornado frequentes e cada vez maiores, como: o Teresina Trend, Piauí Moda House e Piauí Center Moda Experience. E esse crescimento é só o começo. Vida longa ao setor fashion em uma das capitais filhas do Sol do Equador!

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Fique de olho! Técnicas Artesanais “Ganham evidência e irão ganhar ainda mais o mercado. Acabamentos manuais, tecidos tramados e feitos a partir de processos tradicionais, estarão em alta.” - Yuri Ribeiro.

Estilo Romântico “Com muitos laços e estampas florais e também devemos apostar nas listras porque ela voltaram com tudo.” - Mayra Yascara.

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“All Jeans” “Continua para esse ano, e ganhará novas versões. O denim poderá aparecer com novas lavagens e em novas texturas, propiciando novos acabamentos no corpo.” - Yuri Ribeiro.

“Gender Bender” ou “Agênero” “Consiste basicamente em propor à roupa a mistura dos gêneros masculino e feminino. O resultado são peças que passeiam pelos dois universos e que ajudam a compor um visual andrógeno ou comum tanto a homens, como mulheres.” - Yuri Ribeiro.

Com que cor eu vou? Tons pasteis e cítricos. “Os tons pasteis voltaram, e com eles também teremos os marrons, laranjas, pink, tons cítricos e flúor.” - Mayra Yascara.


Desenho feito por Xoil, tatuador francês que inspira o trabalho de Beto Galassi

De acordo com o Guiness Book, o homem mais tatuado do mundo é um neozelandês de nome Lucky Diamond Rich, que tem 100% do corpo tatuado. Já pensou? O cara tem até a gengiva e as axilas preenchidas. Desde 2006, Lucky é dono do título de pessoa mais tatuada e parece que já passou mais de 1000 horas decorando o corpo em cerca de 250 estúdios de 17 países. Ser a pessoa mais tatuada do mundo era um sonho de infãncia de Diamond; bom, parece que ele conseguiu, não? Antes dele, Tom Leppard era o detentor do título, possuindo o corpo quase inteiramente pintado de leopardo, como sugere seu nome artístico. Observando esses dois casos, é até compreensível (embora não justifique nenhum tipo de preconceito) que algumas pessoas não gostem dessa arte tão antiga no mundo. Não há como precisar há quanto tempo e quais técnicas foram utilizadas na feitura da primeira tat-

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Foto: Reproduçao/ raultattoo.com

Priscila Belasco

que incomoda Foto: Facebook/ Paulo Vitor

A tatuagem conquista milhares de fãs pelo mundo, mas ainda há quem torça o nariz para essa prática milenar

A arte

Foto: Facebook/ Xoil, Needles Side Tattoo

Comportamento

too, mas estima-se que mais de 3.500 anos já se passaram desde que a primeira pele foi rabiscada. No Brasil, o primeiro tatuador profissional conhecido foi um dinamarquês chamado Knud Harald Lykke Gregersen, mais conhecido como Tattoo Lucky, que trouxe para a cidade de Santos a primeira máquina elétrica de fazer tatuagem, em 1959. O

dinamarquês era filho de Tattoo Jack, outro tatuador famoso nas décadas de 1930 e 1940. Sendo assim, tatuar-se não é uma moda dos tempos atuais, como alguns não muito fãs da arte gostam de proclamar, mas uma expressão artística antiga que já teve muitos objetivos, como para definir status social, punição (como os judeus marcados por núme-

ros no holocausto) ou até mesmo para mostrar laços de amor. Para entender um pouco esse universo, entrevistamos três profissionais do ramo: Beto Galassi, que também é publicitário, Raul Giglioli e Paulo Vitor, tatuadores que respondem a seguir sobre preconceito, escolha da profissão e gosto por tatuagens. Confira:

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T: Quando e por que resolveu virar um tatuador? Beto: Tenho uma amiga tatuadora e vi que ela não conseguia dar conta da agenda de trabalhos. Vi nisso uma oportunidade para satisfazer um desejo que já existia. Raul: Desde que me conheço por gente. Sempre desenhei e sempre gostei de tatuagem. Paulo: Por volta dos 20 anos, tive a curiosidade de saber como era tatuar; experimentei, me identifiquei e desde então me dedico a isso. T: As pessoas fazem comentários inconvenientes sobre sua profissão ou seus desenhos no corpo? B: Sim. Tenho uma tatuagem abstrata no braço e sempre falam que foi minha filha quem

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Raul

Paulo

desenhou. R: Sempre, mas para mim é indiferente. Dizem, por exemplo, que eu seria mais bonito se não tivesse tatuagem. P: Às vezes surgem comentários sobre os desenhos que carrego, talvez ainda seja um tabu para a sociedade de hoje.

faz mais seu estilo, portanto tem mercado para todo mundo. P: Apesar de ser um mercado um pouco incerto, a tatuagem vem proporcionado uma vida estável para os profissionais da área. Acredito que hoje o mercado esteja um pouco mais saturado do que antes.

T: Como é o mercado para um tatuador? B: Embora seja uma profissão sem nenhum órgão representativo, o mercado é abrangente e promissor, pois as gerações mais novas não têm esse preconceito com a tatuagem. R: Eu não costumo enxergar a tatuagem como mercado, acredito que procurar um tatuador seja como procurar uma banda para tocar na sua festa, você procura o que

T: O que você tem a dizer para quem tem preconceito? B: Futuramente, essa pessoa vai enxergar que as tatuagens são meros adornos que não mudam o caráter e a competência de quem as têm. R: Respeite P: Que procurem evoluir. Parar e pensar até quando uma tatuagem ou a cor da pele ou a opção sexual pode mudar a boa conduta e caráter de uma pessoa.

morceguinho na barriga? Tá mais pra libélula, ein?

Outro exemplo de intolerância foi sofrido por mim, quando tomei as dores por um comentário desrepeitoso de minha supervisora no trabalhoo em relação à tatuagem de minha mãe, um coração com as iniciais das filhas e da neta (o ápice da marginalidade, concordam?). Conversando por telefone, minha chefe se dirige à mim e pergunta: “Por que

sua mãe fez tatuagem, elá tá com depressão? Tá tomando algum remédio?”. Depois que a incredulidade da situação passou e eu pude passar o crachá para finalmente ser feliz fora da empresa, restou rir de pensamento tão pequeno e conservador que não respeitou a funcionária (que tem 4 tatuagens) nem a mãe da mesma, que não deve nenhum tipo de explicação e nem ficou sabendo da ofensa. Foto: Reproduçao/ raultattoo.com

Beto

Dentre os adepos da arte que já sofreram preconceito por simplesmente modificarem o corpo da maneira que mais lhe agradam sem precisar pedir a opinião e aprovação da sociedade está o estudante de Psicologia Caio Domingues, que tem duas tatuagens. Uma delas é o Deathbat (morcego da morte, em tradução livre), símbolo da banda norte-americana Avenged Sevenfold. Ele conta algumas “zoações” que já fizeram a respeito: “morceguinho na barriga? Tá mais pra libélula, ein?”, “cadeeiro”, “primeiro e único emprego depois dessas manchas aí, ein?”. Independente das bobagens que já ouviu, Caio não se arrepende de nenhum desenho e acredita que tatuar-se é uma forma de mostrar ao mundo o que você é e em que acredita.

Analisando a situação, rir realmente é a melhor saída nesses casos. Se nem caras extremamente tatuados como Lucky Diamond Rich e Tom Leppard conseguiram eliminar o quadro de preconceituosos, quem somos nós para lutar contra essa porcentagem que vem minguando? A saída para esses agressores verbais é a máxima que circula no mundo de hoje: “Aceita que dói menos”. Se tem todo o direito de não gostar de tatuagem e de não querer fazer nenhuma, mas desrespeitar a individualidade e recriminar alguém por gostar da arte não vai fazer com que o mundo elimine da história essa prática milenar que incomoda por conquistar cada vez mais apaixonados.

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Foto: Reprodução/magamoura.com

Minhas roupas, minhas escolhas Liberdade, feminismo, descontrução de padrões e moda conscientizadora é a nova palavra de ordem.

Michelle Albuquerque

Sem dúvidas 2015 foi um ano em que muitos questionamentos foram levantados, em especial em prol do feminismo, é um movimento político, filosófico e social que defende a igualdade de direitos e respeito das mulheres na sociedade. A luta se fortaleceu de uma forma incrível e com discursos motivadores na mídia por artistas reconhecidas, como o projeto HeforShe da atriz Emma Watson na ONU. O feminismo vem tomando proporção em outras esferas importantes da vida da mulher, dentre elas a moda. Minhas roupas, minhas escolhas. Nossas roupas são nosso espelho para a sociedade. A moda é um mundo infindável de possibilidades no qual cada um de nós encontra um nicho onde nos encaixamos mais, porém pode nos reduzir a meros manequins dos produtos que consumimos. Os estereótipos permanecem, apesar de já terem acontecido muitas mudanças. Nossa geração está aprendendo a lidar com os preceitos feministas de alguns anos para cá, e com isso estamos assumindo uma postura e posições mais fortes perante a sociedade. O que é refletido tam-

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bém no nosso modo de se vestir. Magá Moura, 28 anos, é Cool Hunter e Relações Públicas especializada em moda e acredita que estamos cada vez mais livres, não só em relação à moda, mas para todas as escolhas. E com relação às campanhas de moda que buscam cada vez mais quebrar estigmas e conscientizar a sociedade Magá comenta “Antes tudo era apenas aceito como verdade maior, uma ditadura de conteúdos e posicionamentos. A moda não se posicionava como uma arte de militância também. A importância dos movimentos e desse debate de hoje, mesmo que muito maior online, muda a sociedade. Traz esperanças para as próximas gerações.” O time de blogueiras do blog de moda e beleza plus size MaGGníficas: Carolina Caran, 35 anos; Marcella Abboud, 26 anos e Marina Sena, 26 anos; compartilhou o ponto de vista com relação as campanhas ressaltam que gostam da iniciativa, mas acreditam que é preciso fazer muito mais e dão uma atenção especial que uma campanha desconstruída que não ajuda a desconstruir ainda é pouco. “O desejo ainda é o de

A baiana Magá Moura, com seu estilo irreverente e #girlpower, é seguida por mais de 90mil pessoas nas redes sociais

venda, o que não facilita o processo. As meninas de classe-média já tem um acesso maior a esse tipo de iniciativa, o ideal seria expandir de maneira mais justa, para os lugares onde a moda ainda significa um racismo e uma gordofobia desenfreados” completam. Conscientização é a palavra de ordem! Nossas consultoras, contaram tudo sobre o que realizam e pensam sobre moda conscien-

tizada e sustentável, que é uma pauta ligada a luta e movimentação das mulheres em busca de diminuir cada vez mais o consumismo desenfreado. “Eu nunca compro roupa, pelo meu trabalho ganho bastante coisa. Mas meu guarda roupa está em constante mudança, sempre tiro muitas peças para doar ou vender baratinho pras amigas” conta a CoolHunter Magá Moura. A moda conscientizada e sustentável preza por produ-

ções que não envolvam mão de obra escrava, e criações de produtos que não explorem recursos naturais de forma predatória e assim prejudicando nosso ecossistema. As blogueiras do MaGGníficas acreditam que essa seja uma nova perspectiva para o mundo da moda por ser um mercado em ascensão. Porém ainda estamos em busca de adaptar os armários e que as opções sejam acessíveis a todos.

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Foto: Reprodução/ Getty Images

Viver é envelhecer De alguma forma, os padrões de beleza e comportamento tornaram indesejável uma etapa natural da nossa jornada Lucas Alonso

O ciclo de vida humana é muito específico e admite pouquíssimas variações. Todo indivíduo, seja homem ou mulher, está fadado a nascer, crescer, reproduzir (ou não) e morrer. Diante da iminência da morte, contra a qual pouco ou quase nada podemos fazer, o envelhecimento acaba assumindo a função imaginária de sinal ou prenúncio do fim da vida. Por esse motivo, os primeiros indícios do avanço da idade, em muitos casos vêm acompanhados de um temor, medo ou fobia. E embora não tenha registro na CID-10 (Classificação Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde), esse tipo de comportamento

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tem nome: GERONTOFOBIA. E precisa ser estudado. A fundo. Para Diego Mansano Fernandes, doutorando em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem pela UNESP de Bauru, as pessoas estão ficando com medo de envelhecer porque o próprio processo de envelhecimento “está atrelado a consequências físicas, psicológicas e sociais muito custosas e temidas”. Se lidar com mudanças já não é uma tarefa fácil, quando essas mudanças estão diretamente relacionadas ao nosso próprio conceito de identidade, torna-se uma tarefa ainda mais difícil. “O envelhecimento é um processo que acontece desde o primeiro momento

em que o organismo interage com o mundo ao seu redor, ou seja, basta estar vivo para começar a envelhecer”, explica Diego. Sabemos então que, mesmo sendo um processo natural, o envelhecimento frequentemente é encarado como um problema a ser combatido e, principalmente para as mulheres, contra quem os padrões de beleza impostos pela mídia e pela própria sociedade pesam muito mais, qualquer sinal de idade aparente é quase sempre indesejado. Michelle Tognon tem 44 anos e portanto está longe de ser “classificada” como uma idosa, mas se sente bastante preocupada com o que o espelho vem mostrando nos últimos anos.

“Com o tempo eu fui notando que algumas marquinhas no meu rosto foram ficando mais visíveis. Na primeira oportunidade que tive, fui pesquisar cremes e outros produtos que prometem deixar a pele mais jovem. Eu sei que não dá pra acreditar em tudo o que eles prometem, mas não custa tentar!”, justifica Michelle. O caso de Michelle e de tantas outras mulheres que certamente se identificam com ela reflete uma tendência de mercado que tem mostrado grande potencial econômico. Luciana Lhamas é farmacêutica e professora do curso de Estética do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium de Lins e explica que os cosméticos têm uma história milenar: “Existem registros de que os povos egípcios já utilizavam extratos de determinadas plantas como cosméticos. A grande diferença para os dias de hoje é que esse tipo de tratamento deixou de ser um ‘luxo’ para ser quase uma necessidade diária de muitas mulheres”, argumenta Luciana. É claro que existem exceções. Ângela Chagas tem 59 anos, três filhos adultos e muita vitalidade. “Eu sei que eu não sou mais uma adolescente e tem algumas coisas que eu não tenho mais ‘pique’ pra fazer! Mas ter medo

de envelhecer? Jamais! Eu sou muito grata por tudo que eu já vivi e não seria certo ter vergonha de assumir quem eu sou!”, comenta ela entre muitas risadas.

Com o tempo eu fui notando que algumas marquinhas no meu rosto foram ficando mais visíveis

Infelizmente ainda existe um estereótipo na sociedade que faz com que o conceito de idoso remeta ao “velho”, ao “obsoleto”, ao “improdutivo”. Dessa concepção deturpada surgem muitos preconceitos que alimentam as noções de gerontofobia, acarretando consequências tanto para as gerações mais jovens como para os próprios idosos no âmbito psicológico. “Quanto menos valorização do potencial humano do idoso, menos atividade lhe é proporcionada. Quanto menos atividade lhe é proporcionada, menos possibilidade de viver uma vida produtiva e feliz ele tem. Quanto menos possibilidade de ser feliz e produtivo ele tem, mais se abre a porta para a dificulda-

de física e psicológica”, esclarece Diego, à luz de seus estudos sobre o comportamento humano. Luciana defende o ponto de vista da indústria farmacêutica no aspecto de proporcionar mais qualidade de vida ao seu público. “Diariamente, recebemos no balcão da farmácia pessoas que não querem somente melhorar a aparência. Elas não querem ‘deixar de envelhecer’, mas ‘envelhecer com qualidade’. É arriscado afirmar que esse é o intuito principal da indústria, mas no meu contato pessoa a pessoa, saber que o produto que eu desenvolvi ou viabilizei de alguma forma contribuiu para que alguém se sentisse melhor, é muito gratificante.” Como em tantas outras questões pertinentes às nossas relações interpessoais, o respeito e a empatia são palavras-chave que não podem ser esquecidas. O envelhecimento é apenas mais um estágio do desenvolvimento humano, onde quase sempre alcançamos o nosso maior nível de maturidade. Então se você tem algum tipo de problema em chegar a essa etapa, procure conhecer mais a si mesmo e, se necessário, consulte um especialista. Mesmo com tantos altos e baixos, dificuldades e obstáculos, a vida é um espetáculo muito belo para que nos lamentemos ao final da jornada!

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Michelle Albuquerque Foto:Reprodução/magamoura.com

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Foto:Reprodução/magamoura.com

Perfil: Magá Moura

Com 28 anos, a baiana Magá Moura é inspiração de moda e liberdade de expressão. Morando há 17 anos em São Paulo, ela é formada em Relações Públicas pela Faculdade Cásper Líbero, Coolhunter pelo IED – Istituto Europeo di Design e também cursou Fashion Marketing na London College of Fashion. Coolhunter é o pesquisador da sociedade, significa que Magá Moura é uma observadora, ela com o seu olhar consegue compreender e antecipar indícios de novos, hábitos, comportamento e manifestações culturais. Em seu site oficial, o Magá Moura – Life & Style, ela compartilha um pouco do seu cotidiano, estilo e inspirações. No seu canal no youtube, o magamagavilhas, ela compartilha segredos capilares valiosos. Dona de tranças incríveis e coloridas, ela ensina o que são seus BOX BRAIDS, como cuidar e realizar penteados maravilhosos. Ligada em moda conscientizada e sustentável e presença convidada em eventos fashion ao redor do mundo, Magá respondeu duas perguntas fashion para a Tarsila:

Tarsila: Quais são suas influências você tem na moda? Magá Moura: Tenho influência na minha verdade. Com muita modéstia, sou a minha maior influência. Sigo minhas vontades, o meu olhar faz as minhas inspirações, o meu gosto sobre as coisas, sou muito eu em todos os sentidos.

T: Conte para gente um momento bem fashion e de descontrução que você já teve. M.M: Foi ter ido na London Fashion Week e ter visto o quão maravilhoso é se vestir com personalidade e não porque alguém disse que você tem que usar verde porque é a cor da estação, lá é desconstrução total. Morei em Londres em 2012, me inspiro muito no lifestyle de lá para seguir com autenticidade.

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Muito mais do que um simples cosmético, uma construção de identidade

Foto: Luís Paulo Ribeiro

Beleza

Maquiagem TRANSforma

Bárbara Costa e Lucas Alonso

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Idade Média, por exemplo, com o esplendor econômico da Europa, a maquiagem se tornou um privilégio de reis, cortesãos e da nobreza em geral, mas naquela época eles se limitavam a usar o pó-de-arroz e pomadas coloridas para os lábios”, comenta Fabiana.

Talvez seja uma questão de gosto pessoal, mas eu não me sinto menos ‘eu’ quando estou maquiada

Os tempos mudaram e os padrões de beleza também. Hoje as tendências da maquiagem são ditadas em sua maioria pelo mundo da moda e disseminadas através de revistas, blogs, produções artísticas como filmes e no-

velas, tutoriais nas redes sociais e diversos outros meios. Na era do culto à beleza, há quem diga que tudo isso não passa de futilidade e vaidade exagerada. Mas só quem já se viu produzida diante do espelho, pode conhecer a sensação de empoderamento e autoestima que uma maquiagem bem feita é capaz de proporcionar. Karina Costa foi aluna do curso de Maquiagem no SENAC em Bauru. Para ela, aprender a maquiar, tanto os outros como a si própria, trouxe um sentido de autoafirmação que ela não possuía antes. “Talvez seja uma questão de gosto pessoal, mas eu não me sinto menos ‘eu’ quando estou maquiada. Eu sei que a beleza natural também tem que ser valorizada, mas eu me sinto muito melhor com uma make bonita, e pra mim, é só isso que importa!”, argumenta Karina. De fato, uma maquiagem bem produzida é capaz de mexer com a identidade de uma pessoa e também com o conceito que cada indivíduo tem de si próprio. “Quem trabalha com maquiagem pode perceber isso diariamente”,

diz Carol Cruz, maquiadora experiente da cidade de Penápolis, interior de São Paulo. Ela costuma trabalhar em parceria com Carlos Santana, fotógrafo renomado na cidade, na produção de books e ensaios de mulheres da cidade. “Às vezes temos alguma cliente muito tímida, com medo de fazer poses na frente da câmera. Mas quando você termina o processo de maquiagem e ela se enxerga com a make completa, parece que acontece um milagre. Muitas delas conseguem explorar mais a sua desenvoltura a até sua sensualidade, graças a um bom trabalho de maquiagem”, conta Carol. O cinema já conhece essa propriedade quase mágica da maquiagem há muito tempo. Muitos atores e atrizes já falaram sobre como a maquiagem os ajuda a “entrar” no personagem.

Foto: Luís Paulo Ribeiro

Embora a maquiagem faça sucesso entre quase todas as mulheres da atualidade, engana-se quem pensa que essa é uma característica da sociedade contemporânea. Registros históricos comprovam que o ato de aplicar produtos com efeito cosmético, de embelezamento ou de disfarce, é um costume milenar e pertencente às mais diversas culturas. No Egito Antigo, por exemplo, as descobertas arqueológicas demonstraram que há mais de 3000 anos antes de Cristo, homens e mulheres já utilizavam pigmentos pretos para sublinhar o contorno dos olhos e escurecer cílios e sobrancelhas. Inclusive os mortos eram maquiados, visto que os egípcios acreditavam na ressurreição e, portanto, zelavam pela aparência e conservação de seus corpos após a morte. A professora do curso de Cosmetologia e Estética da Universidade do Vale do Itajaí Fabiana Marin Thives explica que, historicamente, a maquiagem tinha a função de embelezamento e realce das características físicas, principalmente do rosto. “Na

O Coringa, de Heath Ledger, o Chapeleiro Maluco, de Johnny Depp, e o Cisne Negro, de Natalie Portman, por exemplo, são personagens icônicos que certamente não nos marcariam tanto sem o trabalho completo de caracterização através da maquiagem. Não é a toa que a própria Academia do Oscar, o maior prêmio da indústria mundial do cinema, premia desde 1982 os filmes que apresentam o melhor trabalho de maquiagem artística. Maquiador há três anos, o bauruense João DiCarvalho é um dos profissionais que sonha em entrar no universo da maquiagem artística, sendo reconhecido por diversos outros maquiadores do país. Um pouco resistente ao ramo da maquiagem no início, hoje ama a profissão: “Desde criança pegava as maquiagens das minhas irmãs e começava a maquiá-las, mas maquiar era uma

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Foto: Luís Paulo Ribeiro

coisa que eu não queria como profissão. Comecei a produzir ensaios e a gente não tinha dinheiro para contratar maquiador, pensei: ‘às vezes dou certo nisso’, aí comecei a maquiar e hoje não me vejo fazendo outra coisa”. Talentoso na criação e construção de personagens por meio da maquiagem, João divulga seu trabalho em redes sociais para alcançar seu maior objetivo: uma carreira como maquiador artístico, missão ainda mais complicada para quem está em uma cidade do interior de São Paulo: “Aqui em Bauru, esse tipo de maquiagem não é muito conhecido. O pessoal costuma achar que maquiagem artística é um cílio muito grande ou muita cor na maquiagem, mas é muito além disso”. Para alcançar o objetivo, João está investindo nas experiências, maquiando de segunda a segunda. É maquiador freelancer em três salões, atende em domicílio, trabalha com produção de moda, dá aulas em uma escola especializada na formação de profissionais de beleza e ainda dá cursos de automaquiagem. No ramo da maquiagem artística já pôde maquiar uma escola de samba e um bloco no carnaval de Bauru, além de ficar responsável pela make do curta-metragem “Vertentes”. Assim, João vai aos poucos se inserindo no mercado que tanto deseja: “Vou tentando divulgar minhas maquiagens para cinema e teatro, eu vou mandando, até dar certo” Maquiagem como símbolo de luta Muito mais do que um produto de beleza, a maquiagem pode estabelecer diversas relações com os consumidores, principalmente com as mulheres. Para elas, a maquiagem pode ser um auxílio para a autoestima, parte do dia-a-dia

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ou também pode ser uma imposição estética, dependendo de como a mulher se sente em relação a esse cosmético. No entanto, o que não se imagina é que ela também pode ser ferramenta de luta a afirmação, como no caso da comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transsexuais). Para as mulheres transsexuais ou para as drags, a maquiagem tem um papel importante na construção de uma identidade que elas realmente se sintam bem e representadas. Maquiadas, essas pessoas resolvem enfrentar o preconceito de frente para poder também afirmar seu espaço em sociedade. O próprio João DiCarvalho que sonha com a carreira de maquiador artístico é homossexual e possui sua drag, no entanto, ele demorou um pouco para praticar a automaquiagem: “Comecei a me maquiar faz um ano. Nunca tinha surgido a ideia ‘vou fazer em mim’ até pelo medo do preconceito das pessoas”. Junto com a vontade de se maquiar, João sentiu a necessidade de criar uma segunda identidade, assim, ele criou a Paola, sua drag. A personagem é uma forma que ele encontrou para ser mais divertido e menos tímido ao falar com as pessoas: “A Paola é bem diferente do João, criei ela para sair um pouco de mim. Parece mágica, quando me desmonto, sou uma pessoa, quando me monto, sou diferente; parece que encarnou alguém ali”. A maquiagem é ferramenta crucial nesse processo de transformação e a Paola acaba incentivando também a criação e teste de makes novas: “Realmente a maquiagem faz parte da personalidade da pessoa. Às vezes a pessoa é de um jeito e ela quer se vestir como tal, aí ela usa a maquiagem e as cores da maquiagem para identificar isso”. Para

as mulheres trans, a maquiagem compõe a identidade, muitas vezes, da mesma forma que o nome social ou as roupas e portanto é algo intrínseco à forma como elas querem que a sociedade as veja. Giovanna Gery é mulher trans e, em seu caso, a maquiagem também tem importância por estar relacionada a sua vida profissional. Para a maquiadora, a make também pode ser considerada uma cultura: “As drags começaram a maquiar muito, aquela maquiagem extravagante, coisa que mulher não fazia. Então começou essa cultura LGBT das maquiagens ousadas”. Mary Jay é mulher trans e também está inserida no universo da moda por ser cabeleireira. Desde os 17 anos já se interessava pela automaquiagem, devido ao contato com o teatro. Hoje se maquia todos os dias e não sai de casa sem pelo menos uma base, um prime, pó compacto, blush e rímel. Para ela as makes são uma forma de esclarecer também o seu estilo: “A maquiagem serve para que a gente possa criar uma identidade, criar uma marca, para que as pessoas possam reconhecer o estilo próprio de cada uma”. Enxergar a maquiagem fora do seu lugar comum pode ser uma forma de empatia também com a luta de segmentos importantes da sociedade. Assim como o cosmético não pode ser enaltecido, tampouco pode ser condenado. Para o movimento LGBT, em especial as drags e as trans, a maquiagem tem o papel de estruturação de uma identidade. “É uma personagem diferente que nasce com a maquiagem. É importante porque faz bem para a autoestima, você fica muito mais bonita”, como realça Giovanna Gery.

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Cabelos curtos e grandes histórias Quando uma mulher resolve mudar o cabelo, não é só a sua aparência que está em jogo Lucas Alonso, Guilherme Costa e Guilherme Quinato

punks, entre outros. Em menor escala, o cabelo, penteado ou corte que utilizamos pode ser um reflexo da maneira como enxergamos a nós mesmos ou o mundo ao nosso redor. Pode parecer uma relação complexa, mas se torna uma reali-

dade na vida de muita gente, principalmente as mulheres. E foi justamente essa necessidade de se sentir retratada pelo próprio cabelo que motivou Yasmin Richarde a radicalizar o seu corte. Aos 15 anos, ela tinha longos cabelos castanhos e de repente Foto: Reprodução/ boorp.com

Cabelos falam. E falam muito. Grande parte da nossa identidade está representada no trato que damos aos cabelos. Às vezes eles funcionam como a marca registrada de uma geração, de uma classe social ou de um grupo definido, como no caso dos hippies,

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Foto: Reprodução/ segredosdesalao.com.br

surpreendeu todos: a jovem fez um corte bem curtinho e se tornou ruiva! “O que me motivou a cortar foi a necessidade de mudança, o tédio que eu já estava sentindo em ver o meu cabelo todos os dias da mesma forma. Tinturas comuns e cortes simples não me satisfaziam; fazer algo diferente era a única coisa que eu tinha em mente”, explica Yasmin, hoje com 21 anos. Folheando uma revista, Yasmin se deparou com um corte totalmente novo pra ela e resolveu arriscar. “Eu até sofri um certo preconceito. Me chamaram de ‘sapatão’, de ‘hominho’ e coisas do tipo, mas nunca deixei isso me abalar, porque eu havia gostado demais do corte em mim. Se fosse pra fazer novamente, faria sem nenhum peso na consciência”, conclui Yasmin. Para Aline Catelan, 23, a motivação para o corte foi a praticidade. “Meu cabelo sempre foi longo e eu tinha muita vontade de ter um cabelo que desse menos trabalho pra cuidar”, conta ela. Assim como para muitas outras mulheres, a inspiração veio de uma personagem da ficção. Para interpretar Isabel na novela Viver a Vida, exibida pela Rede Globo entre 2009 e 2010, a atriz Adriana Birolli se desfez das madeixas e adotou um visual mais moderno. Era o que faltava para a decisão de Aline. “Eu sofri um pouco de repreensão por parte das minhas amigas. Parece que elas gostavam do meu cabelo mais do que eu mesma. Mas com o tempo foi todo mundo se acostumando e hoje o meu cabelinho curto virou meu ponto de referência”,

comenta Aline. Para quem tem vontade de ousar, ela aconselha: “Se for pra se sentir bem consigo mesma, não se preocupe com o que as amigas vão achar, com o que sua mãe vai achar ou se o cabeleireiro não achou uma boa ideia: mete a tesoura!”, finaliza.

Não se preocupe com o que as amigas vão achar

Cabelos curtos e a solidariedade Há inúmeros motivos que podem levar as mulheres a cortar seus cabelos. A maioria envolve a estética e o bem-estar com o próprio visual. Estes não deixam de ser bons motivos, é claro, mas em alguns casos a motivação serve a uma mais nobre: a solidariedade. O tratamento mais comum para o câncer é a quimioterapia, um procedimento muito agressivo cujo principal efeito colateral é a queda de cabelos e pelos do corpo. Isso é especialmente problemático para as mulheres, já que os padrões de beleza e feminilidade geralmente estão associados a cabelos mais longos. Pensando em aliviar o sofrimento das mulheres com câncer, algumas ONGs e institutos tiveram a iniciativa de confeccionar e doar pe-

rucas para quem sofre da doença, principalmente para pessoas de classes econômicas mais baixas. Em Ouro Preto, por exemplo, existe uma campanha chamada Fios de Solidariedade, promovidas por cabeleireiros da cidade. Eles cortam gratuitamente o cabelo de quem tem o interesse em fazer a doação e, depois, encaminham os fios para a cidade de Viçosa, onde são transformados em peruca e doados para quem realmente necessita. Daniela Felix, estudante da Universidade Federal de Ouro Preto, doou seus cabelos para a campanha, inspirada por uma história dentro da própria família. “Acho que o que realmente abriu meus olhos para essa atitude foi o fato de que minha tia avó teve câncer demama e usou perucas por um tempo. Quando tomei conhecimento de uma campanha na região onde moro, decidi doar”. Ela conta que não foi uma decisão difícil, apesar de a campanha pedir que fossem doados no mínimo 12 centímetros de cabelo. “Doei 30 cm e fiquei com o cabelo na altura dos ombros. Após a doação deixei o local da campanha realmente feliz, porque sabia que havia feito algo bom, e que alguma mulher, de algum lugar

de Minas Gerais, também poderia sorrir ao se olhar no espelho com as madeixas ruivas que um dia foram minhas”, completa. A estudante diz ter vontade de continuar doando seu cabelo; todos os anos, se for possível. Ela ainda incentiva que outras mulheres façam o mesmo: “Minha tia avó usou perucas até seus cabelos crescerem novamente, e pude notar a diferença que isso fazia pro seu bem-estar, e até mesmo na sua força para dar continuidade ao tratamento”. Para Daniela, o grande problema é que perucas costumam ser caras e não são todas as mulheres que possuem dinheiro para comprar uma. “Dedicar cinco minutos do seu tempo para doar alguns fios de cabelo para quem precisa, pode parecer uma coisa boba, mas não é. Realmente pode fazer a diferença para alguém”, finaliza. Em situação parecida, Cristiane Manzano viveu uma história emocionante. Seu sobrinho, de 13 anos, foi diagnosticado com um tipo raro de câncer no estômago. Ao avaliar o seu quadro clínico, o médico responsável estimou que o tempo de vida restante de Luizinho, como o menino era carinhosamente conhecido, era de apenas sessenta

dias. “Eu o criei como um filho e quando ele foi internado no Hospital de Barretos para começar o tratamento, eu me enchi de esperança e senti que devia fazer algo em solidariedade a ele. Então, logo que ele começou a perder os cabelos, eu também raspei o meu. Foi uma decisão difícil mas eu percebi que isso ajudou o Luizinho a enfrentar o câncer”, conta Cristiane. Infelizmente, Luizinho não resistiu e faleceu em agosto de 2015. O cabelo de Cristiane ainda não cresceu totalmente, mas a sensação de ter ajudado de alguma forma, compensa todos os possíveis transtornos. “Eu sei que ele está em um bom lugar e não tem preço que pague a lembrança de ver ele sorrindo ao ver meu cabelo raspado. Foi um sacrifício simples e muito modesto, mas valeu a pena.” Em suma, o que importa na hora de decidir cortar o cabelo ou não, é a visão que você tem de si mesma. Seja por um simples desejo estético ou pra ajudar o próximo de alguma forma, o importante é que, ao se olhar no espelho, você possa estar contente com o que seus olhos veem e com o que o seu coração sente.

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Bom, bonito e barato! Essa sessão é a prova de que você pode cuidar muito bem da sua pele e comprar produtos de beleza de alta qualidade sem torrar as economias de todo santo mês Guilherme Costa eThais Daniel

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Saúde

Distúrbios alimentares:

quando a vaidade vira doença

Cada vez mais comum, a busca pelo corpo ideal por causar doenças e até a morte

Foto: Reprodução/ g1.com

Guilherme Costa e Guilherme Quinato

Nossa sociedade convive com padrões de beleza muito rigorosos. A busca pelo corpo ideal, magro ou repleto de músculos, leva muitas pessoas a adotar dietas e fazer exercícios que causam malefícios a saúde. “Passar do ponto” na busca da beleza pode gerar doenças como anorexia ou vigorexia, que em essência são opostas, mas causadas pelo mesmo motivo. Veja detalhadamente as causas, efeitos e tratamento delas. Vigorexia O que é: É uma obsessão pelo corpo musculoso, considerada um transtorno dismórfico corporal/alimentar caracterizado pela alteração da autoimagem. Causa: A Vigorexia tem causas de origem psicológica e genética. Geralmente as pessoas que sofrem desse transtorno têm dificuldade em se enquadrar nos padrões de beleza e procuram aceitação da sociedade através de um corpo exageradamente musculoso. Estar constantemente insatisfeito com o próprio corpo e por isso malhar em excesso pode fazer com que a pessoa dedique muito

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tempo à atividade física, podendo inclusive resultar em quadros depressivos. Por mais que seu corpo esteja cada vez mais musculoso, o doente sempre se enxerga como alguém magro. Segundo a nutricionista XXXXX, um agravante da doença é que ela é difícil de ser identificada. A busca pelo corpo perfeito é tão comum que os familiares e amigos têm dificuldade de perceber quando essa busca vira doença. XXX diz “gastar muito tempo com exercício físico, querer resultados rápidos, olhar-se no espelho com muita frequência, comparar-se com outros colegas, é pista que de há necessidade de um atendimento psicológico, muitas vezes acompanhada de medicamentos”. Tratamento: O tratamento da Vigorexia é multidisciplinar, com acompanhamento de nutricionista, endocrinologista, psiquiatra, psicólogo e ainda fisioterapeuta e ortopedista, no caso de haver lesões musculares ou articulares provocadas pelo excesso de treino. O objetivo do tratamento é fazer com a pessoa aceite o seu corpo da maneira como ele é.

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Foto: Reprodução/ nlcafe.hu

Anorexia O que é: É um transtorno alimentar de redução ou perda do apetite, que resulta em uma extrema magreza e consequentemente complicações para a saúde. Atinge principalmente a população jovem e feminina. Causa: A anorexia é causada por distúrbios psicológicos em que a pessoa afetada, mesmo sendo magra, se vê acima do peso e deseja emagrecer ainda mais, fazendo com que pare ou não consiga mais se alimentar, resultando em redução do peso corpóreo. A anorexia ocorre com frequência em adolescentes e resulta em sérias complicações para a saúde, como desnutrição, desidratação, infertilidade, queda de cabelo, queda da pressão arterial e problemas na visão, podendo até levar à morte se não for tratada à tempo.

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Tratamento: O tratamento da anorexia é multidisciplinar e envolve psicoterapia, mudança de hábitos alimentares e uso de medicamentos psiquiátricos para que a pessoa perca o medo extremo de engordar e procure adquirir hábitos saudáveis de controle do peso corporal. Segundo XXXX, o tratamento da anorexia é complicado porquê dificilmente a pessoa aceita ter anorexia. Normalmente a busca por ajuda médica acontece quando a pessoa desmaia com frequência, tem fraqueza e até perda de memória, mas quase nunca pela magreza. O desafio é fazer o anoréxico entender que está passando pela doença. Tanto a anorexia quanto a vigorexia são doenças graves e de tratamento complexo. Envolve uma equipe que conta com psicólogo, psiquiatra e nutricionista. Quanto antes a doença for identificada e o tratamento iniciado, mais chances o doente tem de se curar.

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Por pernas livres no verão! Um dos incômodos mais comuns no verão e que é pouco comentado é a lesão por atrito na parte interna das coxas. O problema acaba limitando as mulheres na hora de escolher o look e por isso merece atenção para ser solucionado

O Brasil está vivendo o auge do seu verão e, com ele, vem praia, piscina, bronzeado, calor e, como nem tudo são flores, vem também problemas de pele. Um dos maiores incômodos das mulheres mais gordinhas ou com pernas grossas é a lesão por atrito na parte interna das coxas. Com o calor, as mulheres passam a usar mais vestidos, saias ou shorts mais curtos. Assim, as coxas se atritam durante o movimento de andar e começam a formar pequenas “assaduras”, o que pode ser um empecilho para muitas mulheres aproveitarem as roupas da estação.

Bárbara Costa

Dificilmente uso saias quando está calor, as coxas começam a raspar

Raíssa Sansaloni é uma das que sofrem com esse incômodo. De acordo com ela, o problema pode ter agravantes dependendo da situação: “Dificilmente uso saias quando está calor, as coxas começam a raspar e não

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consigo andar dez minutos sem machucar. Quando tem o plus do absorvente fica melhor ainda”, diz com ironia. Já Alessandra Soares sente que algumas regalias do verão acabam sendo impossíveis para ela: “Fica empipocado e a pele escurece. Fazer caminhada na praia só de biquíni é pedir pra sofrer depois. Uma vez coloquei uma saia jeans e andei o dia todo, quando voltei pra casa, não podia nem encostar”. De acordo a dermatologista Rita de Cássia Lopes, formada na Fundação Faculdade Regional de Medicina de São José do Rio Preto, esse incômodo é muito comum no verão, mas sempre tem como resolver: “Qualquer etapa tem como tratar ou pelo menos aliviar. Já peguei pacientes que às vezes tem lesões grandes e até nódulos nas coxas, que por ficar atritando demais, elas vão crescendo, então é comum ter que fazer cirurgia de algumas lesões”. A dermatologista apontou que existem inúmeras formas de tratamento e é importante fazer um acompanhamento médico: “Se tiver com foliculite, que é a inflamação, a gente trata com pomadas para desinflamar. Se não tiver inflamação e está só com as “assaduras”, a gente usa pomada igual de nenê, só com óxido de zinco. Se tiver feridas, pode colocar uma pomada com antibiótico, muitas vezes é um estimulante de cicatrização. Quando é só pro-

blema de cor, aí a gente realmente usa os despigmentantes”. A médica Rita também aconselha a evitar o sobrepeso: “A primeira providência que a gente faz é tentar diminuir a superfície de atrito. Então se a pessoa está com sobrepeso, a primeira coisa que a gente pede, realmente, é para tentar diminuir o peso, porque assim, a área de toque vai ser menor”. No entanto, esse não é o único fator desencadeador do incômodo. Essas lesões por atrito dependem de inúmeras outras questões além de coxas que se encostam, também depende do tipo de pele da pessoa, o quanto esta transpira e até da própria anatomia do corpo, já que o formato do quadril influencia na posição das pernas. Assim, o que importa é se sentir bem com seu próprio corpo e buscar a solução mais adequada para seu conforto.

Já peguei pacientes que às vezes tem lesões grandes e até nódulos nas coxas

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Foto: Reprodução/ pinupsdobrasil

Marília Cavalcante é outra mulher que também tem problemas com a pele nesta estação. Ela se sente muito bem com seu corpo, mas já deixou de usar saia e vestido devido às “assaduras” nas coxas, por isso, ela busca formas caseiras de amenizar o incômodo: “Shortinhos são as soluções, pelo menos para mim. Aqueles shortinhos tipo meia calça, só que mais forte, ajudam bastante”. Já Raíssa Sansaloni ainda não encontrou a melhor alternativa para aproveitar os looks do verão: “Colocar shorts por baixo esquenta, então quando está muito calor e eu tenho que andar bastante, eu deixo de usar saias. No geral, eu me acomodei mesmo”. A liberdade de ser e vestir o que quiser é algo que precisa ser priorizado, todas as mulheres tem Foto: Reprodução/ pinupsdo-

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que ter a oportunidade de usufruir a moda do verão da mesma forma. Por isso, aqui estão algumas dicas de soluções mais caseiras, rápidas, mas também improvisadas para as lesões por atrito nas coxas. Lembrando que o acompanhamento com uma dermatologista é sempre o mais indicado. Pomadas infantis: Elas são uma solução acessível e barata, possuem óxido de zinco e tratam as assaduras que formam na pele devido ao atrito. A pomada faz uma camada protetora sobre a pele e, assim, ajuda também a evitar lesões futuras. A pomada Hipoglós, por exemplo, associa vitamina A (na forma de retinol) e D a agentes emolientes e hidratantes. Já a versão Hipoglós Amêndoas substitui a vitamina D da fórmula tradicional pela vitamina E. A alteração auxilia no combate aos radicais livres formados principalmente por agressões externas, como poluição, radiação ultravioleta e o estresse oxidativo. Talcos infantis: O talco é uma boa opção para secar a pele e evitar o suor, assim ele faz com que a pele deslize. No entanto, dependendo da roupa, ele pode machucar, por isso, é melhor investir em talcos suaves como os infantis. O talco JOHNSON’S Baby, por exemplo, tem a textura leve e deixa a pele protegida contra umidade. Talco em gel: Para quem considerar que a pele pode se irritar com o talco em pó, também há a opção em gel. O Cutisanol, por

exemplo, costuma ser indicado por pediatras e é hidratante e antisséptico. Ajuda também a secar a pele e a protegê-la do atrito. O verão ainda exige outros cuidados Além das lesões por atrito, a exposição ao sol e o calor do verão também trazem outras preocupações em relação à pele, o maior órgão do corpo humano e, assim, merecedor de cuidados. De acordo com a dermatologista Rita de Cássia, a procura no consultório é alta nessa estação: “No verão, o que mais a gente tem, em primeiro lugar, são as queimaduras solares. O que aumenta também no calor são as micoses, infecções por bactérias e herpes”. Outra preocupação é o câncer de pele, pois no verão, a exposição ao sol se torna mais constante, principalmente pelo fato de as pessoas usarem roupas mais abertas. Entretanto, o câncer é resultado de fator acumulado, ou seja, alta incidência solar na pele durante toda a vida. Para que o verão não seja um grande rival das mulheres, Drª Rita deixou algumas dicas de cuidados: “Primeira coisa: use sempre protetor solar. As dobrinhas sempre tem que estar secando com toalhas, pode por um talquinho para ajudar, porque regiões muito úmidas pegam fungos mais fácil. Por fim, cuidado com locais públicos!”.

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Adiós, química! Conheça a técnica natural que está bombando na cabeça das mulheres Você conhece a técnica No e Low Pow que está fazendo a cabeça e a mente das brasileiras, em busca de um cabelo mais saudável, economia e auto-estima capilar? Michelle Albuquerque

Os cabelos sofrem agressões diárias: o sol, água do mar, poluição, umidade do ar por si só já enfraquecem nossas madeixas. E o uso frequente de técnicas de alisamento e produtos químicos intensificam esses processos e tornam as mulheres cada vez mais dependentes de produtos químicos para devolver brilho e saúde aos fios. Mas essa realidade está mudando! Engana-se quem pensa que apenas produtos importados e caros conseguem devolveraspectos naturais e saudáveis aos cabelos, às vezes uma receita caseira e barata é a melhor solução para os seus problemas. E milhares de mulheres já estão aderindo a técnicas naturais e descobrindo um mundo novo de cuidados capilares. Você conhece a técnica No e Low Poo? Leila Guimarães tem 33 anos, é empresária em uma loja de cosméticos naturais voltados para a técnica e é a criadora do grupo “No e Low Poo para iniciantes” do Facebook que conta com mais de 106mil participantes e adeptas da técnica. Os adeptos da técnica No e

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Low Poo utilizam shampoos suaves sem sulfato ou utilizam a técnica co-wash que consiste em lavar o cabelo sem shampoo, que tira a sujeira dos fios porém remove também os óleos naturais e os lipídios do mesmo. “Nós adeptos adotamos os nomes dos produtos para cada técnica e aqui no Brasil adaptamos muito para nossa realidade junto às empresas de cosméticos e variações de estrutura capilar e o tipo de água por região” explica Leila.

a ressecar com maior facilidade, sendo necessário passar por um período de adaptação e adequar suas necessidades e realidades dentro das rotinas de cada mulher. Leila criou o grupo, onde as mulheres conversam sobre produtos, dicas e dúvidas sobre a técnica buscando democratizar o conhecimento capilar que liberta as mulheres dos produtos químicos e de consequente imposições sociais sobre os cabelos naturais, em especiais os crespos, ao longo da vida “O que vivemos agora é uma vitória, uma liberdade nunca antes conquistada e pela primeira vez temos referências e exemplos que nos Diminuir o lembram do quanto podemos ser além dos padrões impostos.” consumo no Leila ressalta que utiliza progeral dutos naturais para cuidar do corpo de uma maneira geral: perfumes e desodorantes são livres de metais pesados, os batons sem chumbo e evita utilizar produtos com testes realizados Ambos são indicados para to- em animais. Até sua casa endos os tipos de cabelos, mas o No trou na mudança: “reduzi muiPoo em especial é mais indicado to do que era desnecessário e para cabelos crespos que tendem diminuí o consumo no geral”.


Foto: Divulgação

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Relaxa e goza

Música

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Cinema

O mundo da música, ao que tudo indica, também será bastante movimentado nesse ano de 2016 Thais Daniel

This is Acting – Sia A própria Sia divulgou que o álbum é composto por faixas que foram oferecidas a outros artistas, como Adele, Katy Perry, Beyoncè, e posteriormente foram rejeitadas. This is Acting, é um dos primeiros álbuns a serem lançado no ano de 2016 e apenas quatro dias antes de seu lançamento oficial, acabou caindo na web. Boys Don’t Cry - Frank Ocean Mais de três anos após seu tão aclamado álbum de estreia “Channel ORANGE”, o cantor de R&B dá indícios de que 2016 tem tudo para conhecer seu novo trabalho. A especulação é que Boys Don’t Cry saia em Julho, porém,

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o artista ainda não confirmou. O que se tem até o momento é uma parte da faixa Memrise, divulgada no final de 2014. Frank Ocean está trabalhando no álbum com Hit-Boy e Rodney Jerkins, que já produziu Michael Jackson.

The killers O vocalista Brandon Flowers declarou para a revista britânica NME em Novembro do ano passado que a banda norte-americana estava em processo de composição das letras para o quinto álbum. De acordo com o próprio vocalista, a banda deve produzir esse novo disco porque “o último [Battle Born] não é bom o suficiente e todos sabem”

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This Unruly Mess I’ve Made - Macklemore & Ryan Lewis O disco de estreia da dupla “The Heist” fez tanto sucesso, que “This Unruly Mess I’ve Made” é aguardado já há mais de um ano pelos fãs e tem data de lançamento para o final de Fevereiro. Um dos single já lançados é “White Privilege II”, uma continuação da música “White Privilege”, produzida em 2005. A letra dela trata de racismo, exploração da cultura negra e homicídio.

Thais Daniel

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ANTI – Rihanna Poucos dias após a artista divulgar em sua conta do Instagram que o oitavo álbum da sua carreira, que vinha sendo produzido há 3 anos, finalmente estava pronto, o aplicativo de músicas Tidal vazou seu mais novo álbum para a rede. Para a surpresa de todos, Rihanna não seguiu seu estilo que vinha produzindo ao longo de 2015. Anti veio para quebrar e revolucionar a carreira da cantora.

Nesse ano estamos recheados de boas histórias para ir conferir nos cinemas. Selecionamos alguns dos filmes mais aguardados e impossíveis de perder no primeiro semestre de 2016!

Os Dez Mandamentos – estreia 28 de janeiro O filme, que é uma adaptação da televisão para o cinema, conta a história bíblica da saga de Moisés, desde o seu nascimento até a chegada de seus fiéis à Terra Prometida. O filme seguiu o sucesso da novela, que foi exibida entre os meses de março a novembro do ano passado, e, antes mesmo da estreia, já foi considerado uma das maiores bilheterias da história do país: média de mais de 100 mil ingressos vendidos por dia antes da pré-estreia. O Regresso – estreia 04 de fevereiro O filme é inspirado em uma história real do século XIX. Hugh Glass (Leonardo DiCaprio) vai para o deserto americano com um grupo em busca de ganhar dinheiro caçando, porém, no meio do percurso é brutalmente atacado por um urso. Ele é tido como morto e é deixado pelo próprio parceiro John Fitzgerald (Tom

Hardy) e sua equipe. Em uma luta para sobreviver, Hugh Glass é movido pelo anseio de vingança. O Regresso é o principal indicado do Oscar 2016, com doze indicações, entre elas: Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Ator e Melhor Coadjuvante. De acordo com os cinéfilos, o tão esperado prêmio de melhor ator está mais perto do que nunca das mãos de Leonardo DiCaprio. X-men: Apocalipse – estreia 19 de maio A saga dos super-heróis de histórias em quadrinhos da Marvel leva milhões de fãs aos cinemas desde seu filme de estreia nas telonas: X-Men: O Filme. O “Apocalipse” se passa em 1983, uma década após o “Dias de Um Futuro Esquecido”. En Sabah Nur (Oscar Isaac), conhecido como Apocalipse, é o mutante mais velho e mais poderoso da história dos X-Men e estava adormecido há milhares de anos. No filme, ele ressurge e se junta com outros mutantes,

como Magneto (Michael Fassbender), para criar uma nova ordem mundial. Professor Xavier (James McAvoy) e Mística (Jennifer Lawrence) se juntam para formar uma equipe de jovens mutante para salvar a humanidade. Procurando Dory – 30 de junho Dory surgiu como um personagem no filme “Procurando Nemo” que fez tanto sucesso que a Pixar decidiu fazer um longa só para ela. A trama se passa cerca de seis meses após o primeiro filme e Dory, famosa por ter problemas de memória, agora está morando em um recife junto com Marlin, Nemo e outros peixes-palhaço. Porém, em um passeio escolar com Nemo, ela sente falta de saber quem é e de onde veio. Nessa nova aventura, Dory irá lidar com personagens importantes de seu passado.

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O 2016 DAS SÉRIES! Anotamos tudinho para você não perder nenhum detalhe das melhores séries do ano!

Fabiane Carrijo Depois de curada a ressaca do ano novo e ter as purpurinas do carnaval devidamente retiradas, eis que o ano de 2016 pode finalmente começar. Atividades cotidianas como procrastinar afazeres fundamentais podem finalmente ser retomadas, pois o novo calendário das nossas séries preferidas já está bem atualizado e cheio de novidades. Sneaky Pete: Criada por ninguém menos que David Shore (da série “House”) e Bryan Cranston (o Mr. White de “Breaking Bad”), Sneaky Pete é uma produção de drama e comédia,

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anunciada pela Amazon Studios. A série conta a história de um ex-detento chamado Marius (Giovanni Ribisi), que rouba a identidade de seu colega de cela depois de sair da prisão buscando fugir do seu passado. O novo “Pete” então se esconde de seus antigos desafetos ao começar a trabalhar com sua nova “família”.Como seu novo ofício, ele passa a usar todo seu charme e mente criminosa para capturar bandidos piores do que ele mesmo. No percurso ele descobre novos laços importantes em sua vida como a família e um até um possível envolvimento amoroso.

Westworld: Considerada uma grande aposta da HBO para este ano, Westworld foi adaptada do filme de 1973 que levava o mesmo nome. Escrita e dirigida por Michael Crichton, autor dos livros que deram origem a Jurassic Park e Enigma de Andrômeda, a série ainda conta com nomes de peso como Ed Harris, Evan Rachel Wood, Rodrigo Santoro e Anthony Hopkins. Westworld é uma série de ficção científica e conta a história de um parque de diversões futurístico no qual os visitantes podem simular como era o dia a dia de épocas passadas, indo da antiguidade até o velho oeste. O problema acontece, claro, quando o parque tem uma pane e alguns turistas começam a ser perseguidos pelos robôs que operam por lá. Se o plot inicial parece ser aquele velho clichê de ficção científica, os efeitos divulgados no Teaser garantem a super produção HBO. Fuller house: O Netflix segue incansável! Outro sucesso da década de 90 que promete ganhar cara nova é a série Fuller House, remake da clássica “Full House”, sim, “Três é Demais” no nosso bom português. A ideia do seriado é mostrar, ao longo de 13 episódios, o que aconteceu com família Tanner depois de quase 20 anos. Mas, para a decepção dos fãs mais animados, a série não contará com a presença das irmãs Olsen (aaah!). Segundo informações de bastidores, a série chega a citar que a caçula da família estará morando em Nova York, trabalhando na criação de seu império da moda, em referência à vida real das garotas que cresceram (até demais), e hoje possuem duas linhas de roupas nos Estados Unidos: The Row e Elizabeth and James.


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Já acabou, Jéssica? Parceria entre Marvel e Netflix, Jessica Jones surpreende não pelo uso de super-heróis, mas por não precisar deles Rafael Rodrigues Que me desculpem os “nerds”, mas Jessica Jones é não apenas uma das melhores séries de 2015, mas também o melhor trabalho do selo Marvel. Disparado. Pode parecer estranho falar de algo inspirado em quadrinhos de super-heróis (normalmente baseado em clichês sobre clichês) como um dos melhores trabalhos audiovisuais produzidos no ano, mas é exatamente aí que Jessica Jones surpreende: apesar de receber o selo Marvel, ela não é uma série sobre super-heróis. Claro, eles existem. Afinal, estamos na mesma Nova York que foi destruída por alienígena em Os Vingadores, na mesma Hell’s Kitchen que recentemente ganhou como protetor um advogado cego que luta kung-fu. A própria Jessica e vários outros personagens da trama também possuem super-poderes. Mas é aí que está a grande diferença de Jessica Jones para todos os outros trabalhos da Marvel: possuir su-

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per-poderes, ser um super-herói, é de importância apenas secundária - às vezes até terciária - para a trama. Mais do que tudo, Jessica Jones é uma série sobre abusos. Mais do que dialogar com a galera que gosta de histórias de super-heróis (que em grande parte detestou a série), Jessica Jones fala diretamente com as mulheres que já sofreram com abusos (físicos ou psicológicos) e relacionamentos abusivos. Na série somos apresentados à Jessica, uma detetive particular alcoólatra incapaz de cultivar relacionamentos duradouros por conta de traumas de seu passado. Ela, que sempre preferiu fugir do que enfrentar o passado, acaba tendo que mudar de atitude quando Killgrave - a pessoa de quem ela passou o último ano de sua vida fugindo até mesmo da lembrança - volta para a cidade e começa a usar outras pessoas com o intuito de se aproximar dela. Porque é literalmente isso que ele faz (usar

pessoas), já que possui o poder de fazer com que qualquer um obedeça à seus comandos verbais. Killgrave é um perseguidor mesquinho e sem escrúpulos que acredita que tudo o que faz é “por amor”. Ele é uma criança mimada que acha que merece ter tudo aquilo que deseja, e vê Jessica não como uma pessoa, mas como um prêmio, um troféu que ele não consegue alcançar, e a série deixa essa atitude de “criança mimada” bem claro, não romantizando nem um pouco a situação. Ou ainda, quando achamos que a coisa será um pouco romantizada, a narrativa trata logo de quebrar essa ideia, deixando claro que Jessica é a vítima ali, e nada do que Killgrave faz com ela possui um mínimo de justificativa. A série usa a luta de Jessica contra Killgrave como uma metáfora da luta de superação da mulher contra o trauma de um relacionamento abusivo. Por causa do medo de Killgrave, Jessica

se afastou de todos seus amigos, e se viu incapaz de manter relacionamentos duradouros com qualquer pessoa. A partir do momento que decidiu enfrentar e se mostrar mais forte que a dor de seu passado, Jessica foi também aos poucos se “humanizando”. O caminho é tortuoso, mas aos poucos ela consegue retomar a vivência em sociedade, recuperando amizades antigas e criando novos laços de afeto. E, ao enfrentar de frente seu problema, acaba descobrindo que sua maior inimiga nesse processo era ela mesma - sua insegurança, principalmente - e que aquele que temia tanto já não exercia mais poder nenhum sobre ela. E, como era de se esperar, além do tema do abuso, a série também aborda muitos pontos a partir da ótica feminista. E isso é ótimo! Não só pelo fato de termos uma série em que tanto protagonista quanto showrunner são mulheres, mas pelo de não romantizar atitudes babacas dos homens. Porque Jessica Jones não é apenas sobre empoderamento feminino: é também sobre como homens são babacas. E isso não apenas no relacionamento com Killgrave; fora o grande vilão, que funciona como metáfora para os relacionamentos abusivos, temos também a presença constante do policial Will Simpson, que funciona na série como uma metáfora para o comportamento machista da so-

ciedade. Com o intuito de “proteger” Jessica, Will diversas vezes acaba atrapalhando a heroína, fazendo-a passar por sofrimentos e perigos que ela não precisaria enfrentar caso ele simplesmente aceitasse o fato de que Jessica sabe se cuidar sozinha e não precisa ser protegida. Apesar de ser apresentado inicialmente como um homem que entende a dor da garota e quer apenas ajudá-la, Will mostra a cada ação que a compreensão é apenas uma fachada, e o que realmente lhe importa é fazer as coisas de seu próprio modo, manipulando como quer as pessoas à sua volta - principalmente as mulheres, que claramente enxerga como “sexo frágil” e que “não sabem de nada”. E é por isso que Jessica Jones é, de longe, o melhor trabalho da Marvel - justamente por não ser nada parecido com qualquer outro trabalho da Marvel. Ponto para a produtora e a Netflix, que não só apostaram numa produção tão complexa e pesada como conseguiram provar que é possível, sim, tratar o tema dos super-heróis não apenas ignorando todos os clichês do gênero como, ainda, denunciando as relações abusivas (que muitas vezes são amplamente ignoradas) de nosso dia a dia. E, se você é uma daquelas pessoas que achou a série “sem sal”, você não entendeu nada do que estava acontecendo ali.

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Apimentadas Essa seção é dedicada totalmente a você, querida leitora!

Thas Daniel Você tem alguma história divertida, estranha ou que simplesmente queira compartilhar com a gente sobre suas aventuras sexuais? Compartilhe com a gente! Quem sabe na próxima edição não é a sua experiência que está por aqui?

na calcinha e fluidos contidos nela. Foram quase dois dias para que todos esses fiapinhos saíssem de mim” – Larissa, 29 anos.

* “A mais recente é eu ter quebrado o cotovelo transando no escuro por motivos de: camisinha neon. Cai da cama bêbada e é logico que acabou todo o cli* “Uma vez eu gozei gri- ma na hora” – Giovana, 19 anos. tando AI DIABOOOO ao invés de meu deus, nossa ou coi* “Eu estava transando com sas assim” – Mariana, 23 anos. uma cara que luta Jiu-Jitsu. Ele * “Estava de férias na casa da quis fazer graça e no meio da avó do meu namorado e, por se coisa toda ele foi me mostrar tratar de uma ‘casa de vó’, tudo um golpe. Me virou e eu caí em que conseguíamos eram rapi- cima do joelho dele. Quebrei a dinhas escondidas. Certa noite costela. Tive que falar que esele foi até meu quarto só com tava brincando de lutinha com o short do pijama para agilizar o meu irmão” – Talita, 32 anos. * “Semana passada estava o processo. Acontece que o tal shorts era novo e soltava mil com o boy e, não me pergunte bolinhas e fiapos azuis, notados como, ele deu um soco no meu por mim no dia seguinte em mi- nariz. Começou a sangrar hornhas roupas, na cama e pasme rores. No mesmo minuto a pizza

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chegou e o coitado não sabia se me socorria ou pegava a pizza. Detalhe: estou com uma cirurgia de desvio de septo marcada, tive que contar pro meu otorrino pra ver se não aconteceu nada de mais” – Bruna, 27 anos. * “Meu ex veio pela primeira vez na casa dos meus pais em outra cidade, veio passar um feriado. A gente teve a imbecil ideia de transar no banheiro enquanto todo mundo estava no andar debaixo. Como era uma rapidinha, acho que ele colocou sem eu estar muito lubrificada, e acabou rasgando o ‘freio’ do pênis dele. Jorrou sangue e a pressão dele caiu. Eu tenho pânico de sangue e não podia pedir ajuda. Foi bem tenso. Uns 15 dias depois a gente tentou de novo. Rasgou de novo. Foi um mês bem difícil...” – Luciana, 22 anos.

A intimidade de cada signo Os astros também podem ter influência sobre a vida sexual de cada signo. O mapa sexual pode revelar preferências, desempenho e ainda dar uma ajuda na relação a dois. Aprenda a interpretá-lo.

Bárbara Costa Para traçar o mapa sexual e obter esse autoconhecimento, é preciso calcular a posição dos astros por meio da data, hora e local de nascimento de cada pessoa. Vários sites fazem esse cálculo gratuitamente. No entanto, é preciso saber interpretar os resultados. A combinação entre os planetas Vênus e Marte é um dos principais fatores que interferem na composição da personalidade erótica de cada pessoa. Vênus é o planeta do amor e representa nossa capacidade de relacionamento e sedução, também influencia no conceito de beleza, sendo um astro que comanda a relação com o outro. Já Marte é conhecido como o planeta dos instintos, está ligado aos nossos impulsos, a nossa força e energia vital. Pode-se considerar que é um astro das paixões, porque também tem relação com aquilo que nos faz lutar e dar o sangue. No âmbito do sexo, Marte trata diretamente da libido, dos desejos e da energia acionada pelos sentidos sensoriais. Para entender o seu estilo de comportamento em relação a cada astro, é preciso ver no mapa sexual qual a posição de Vênus e Marte no momento

do seu nascimento, ou seja, em qual dos doze signos do zodíaco ele estava presente. Isso significa que o comportamento é relativo com as características dos signos que aparecem no mapa. Outro fator importante do mapa sexual são as Casas 5 e 8. As Casas Astrológicas são as doze áreas do mapa astral, cada uma é responsável por um setor da nossa vida em sociedade. A Casa 5 tem relação com o amor, namoro e prazer, sob a ótica da sexualidade está ligada ao flerte e ao que nos satisfaz. A Casa 8 tem influência sobre a transformação, a renovação, o oculto e também sobre o sexo, desejos e fantasias. Para entender seu estilo de comportamento em relação a cada Casa, o processo é o mesmo com o dos planetas: por meio do mapa astral (mais completo que o mapa sexual) é possível verificar qual astro está posicionado nela. Mesmo com o mapa sexual sendo algo muito pessoal, dependendo de vários fatores como foi apontado, é possível traçar um perfil básico da sexualidade de cada signo. De acordo com as ideias da astróloga Paula Pires, listamos aqui como

seduzir cada signo na hora H.

Áries (21/03 - 20/04) É um signo do elemento fogo e é aquele que possui mais energia do zodíaco, são ativos e vivazes. Também são muito mentais e por isso a zona erógena do ariano é a cabeça, como couro cabeludo e orelha. Estímulos nessas áreas como carícias com as unhas no cabelo podem provocar a energia ariana. Atração por: Escorpião e Virgem. Touro (21/04 - 21/05) Um signo de terra e por isso muito ligado com o físico e as experiências sensoriais. O pescoço e a nuca são as zonas erógenas por gostarem do tradicional e da segurança. Estímulos nesses locais despertam a força taurina. Atração por: Libra e Sagitário. Gêmeos (22/05 - 21/06) Assim como os outros signos de ar, é muito ligado à razão e à inteligência. Gêmeos é o signo da comunicação, então não adianta nada estimular a área erógena se você não tiver um bom papo.

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O geminiano gosta de estímuEscorpião (24/10 - 22/11) los nas costas e nos braços, mas Um signo de água já conheciuma fala nopé do ouvido também do por ser extremamente sexual, pode ser muito eficaz. Atração são sedutores e possuem força no por: Capricórnio e Escorpião. olhar. A zona erógena dos escorpianos são o próprio órgão sexual, por isso, capriche no desempenho Câncer (21/6 - 23/7) É um signo de água e o com as pessoas desse signo!Amais sentimental de todo o zo- tração por: Áries e Gêmeos. díaco, são considerados muito Sagitário (23/11 - 21/12) românticos. Por serem muito Do elemento fogo, o sagitasensíveis e ligados à emotividade, a área erógena é próxima ao riano adora o jogo da conquista, coração, como os seios nas mu- são muito alto astral e desapegalheres e o tórax nos homens. dos no amor. A parte interna das Atração por: Aquário e Sagitário. coxas pode ser uma área que desperte toda a energia positiva desse signoAtração por: Câncer e Touro Leão (24/7 - 23/8) Ativos como os outros sigCapricórnio (22/12 - 20/1) nos de fogo, o leonino é o que São muito fechados, raciopossui mais autoconfiança e nais e possuem fama pela sua que está fortemente ligado a seu próprio ego, assim, elogios frieza. É um signo do elemento são sempre bem-vindos. A área terra, então quando se sentem erógena desse signo é a colu- seguros em uma relação, consena, mas lembre-se, o leonino guem a abertura que precisam gosta de ter o domínio da Atra- para se expressar. A área erógena ção por: Peixes e Capricórnio. dos capricornianos é o joelho e costumam ser exigentes na cama. Atração por: Gêmeos e Leão. Virgem (24/8 - 23/9)

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Conhecidos como os certinhos, organizados e metódicos, os virginianos são do signo de terra. Para eles, a questão da higiene é muito importante, então pessoas cheirosas podem agradá-los. A área erógena é a mão, gostam tanto de ser estimulados nas mãos, como também com as mãos do outro. Atração por: Aquário e Áries.

Aquário (21/1 - 19/2) Amantes da liberdade, é o elemento ar em essência, considerados o signo mais mental de todo o zodíaco. No sexo gostam de ser dominadores e possuem sensibilidade nas coxas. Evite o ciúme com os aquarianos, eles odeiam cobranças! Atração por: Câncer e Virgem.

Libra (24/9 - 23/10) Do elemento ar, os librianos são muito ligados em estética e refinamento. Lembrando que o conceito de belo pode ser relativo ao gosto de cada pessoa. A área erógena de libra é a base da coluna e as nádegas. Atração por: Peixes e Touro.

Peixes (20/2 - 20/3) Românticos e sensíveis por serem do elemento água, possuem uma essência sonhadora. Em relação à sexualidade são muito carentes e gostam do companheirismo. Por isso com os piscianos aposte nas carícias e massagens, eles costumam ter sensibilidade nos pés. Atração por: Leão e Libra.



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