Saúde
Por Thaís Barcellos Fotos Divulgação
Fique atento, o bem-estar começa pela boca! E nem é só do que você come que estamos falando. Doenças nas gengivas e até uma simples cárie podem influenciar no surgimento de problemas sérios
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álito puro e sorriso saudável é o resultado de uma boa higiene bucal. Quando a saúde da boca não vai bem, as bactérias e os fungos dessa região podem se proliferar e atingir outros órgãos. Cuidar dos dentes e garantir um sorriso bonito não é apenas questão estética, e sim de saúde. De acordo com a American Dental Association (ADA), problemas bucais, como a doença crônica gengival, chamada periodontite, podem causar males no coração e nos pulmões. A halitose, por exemplo, é muito mais do que um simples mau cheiro na boca, é sinal ou sintoma de que algo no organismo está em desequilíbrio. O problema aflige, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 40% da população mundial. “Todos nós devemos ter consciência de que a saúde bucal faz parte da nossa saúde geral. Devemos sempre pensar em saúde de forma global. Por isso, o paciente deve ser conscientizado sobre a prática de hábitos saudáveis, como por exemplo, ter uma dieta balanceada, evitar álcool e fumo em excesso, ingerir bastante líquido, fazer uma adequada higiene bucal, realizar exames de saúde geral (check-up) anualmente, além de praticar atividades físicas com
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regularidade”, alerta a cirurgiã-dentista Safira Andrade. De acordo com a especialista, a boca é uma das partes do corpo mais contaminadas, pois possui inúmeras bactérias que convivem harmoniosamente, desde que haja higiene diária. “Quando isto não ocorre, problemas infecciosos começam a acontecer, como cáries, gengivite e periodontite, causados pela presença e crescimento de bactérias indesejadas, as quais podem migrar, via corrente sanguínea, para outras
Todos nós devemos ter consciência de que a saúde bucal faz parte da nossa saúde geral. Devemos sempre pensar em saúde de forma global
partes do corpo, comprometendo a saúde sistêmica do indivíduo”, acrescenta a Dra. Safira. Em 90% dos casos de mau hálito, a origem pode ser fisiológica, como o odor que a boca tem pela manhã ou por longos períodos em jejum. Mas segundo Safira Andrade, a má higiene oral pode causar a halitose através da baixa produção de saliva (hipossalivação), doenças da gengiva, próteses porosas, por problemas em vias aéreas (adenoides, rinites, sinusites, amidalite), estresse, tabagismo ou mesmo por doenças sistêmicas, dentre elas diabetes, problemas renais, hepáticos ou gástricos. “Na grande maioria dos casos, o mau hálito, ou halitose, tem origem na própria língua. Esta possui diversas papilas gustativas entre as quais se formam criptas, ou seja, saquinhos que retêm resíduos de alimentos, células epiteliais descamadas e placas bacterianas que começam a fermentar e a liberar odor de enxofre. Essa é uma das principais causas do mau hálito”. Muitas pessoas acreditam que a halitose vem do estômago e a dentista explica que é um dos maiores mitos com relação a este assunto. “Existem esfíncteres gastrintestinais que não permitem a passagem dos odores estomacais para o meio externo. Esfíncteres são válvulas que se fecham depois da passagem dos alimentos. Normalmente, o mau hálito pode ser atribuído ao estômago apenas em duas situações básicas: eructação gástrica, ou arroto, e no refluxo gastroesofágico, quando há uma deficiência no funcionamento da válvula que separa o esôfago do estômago”, explica. Esses casos podem causar uma alteração momentânea no hálito e o odor não é igual ao cheiro de enxofre presente na halitose crônica.
Na grande maioria dos casos, o mau hálito, ou halitose, tem origem na própria língua. Esta possui diversas papilas gustativas entre as quais se formam criptas, ou seja, saquinhos que retêm resíduos Diagnóstico e tratamento adequado
A cirurgiã-dentista explica que existem tratamentos que somente mascaram a halitose, como por exemplo, desodorizantes orais, pastilhas com odor forte (menta ou canela), sprays orais e antissépticos. “Esses tratamentos anulam o mau cheiro por outro que se sobrepõe, mais forte e agradável, mascarando o odor original por poucas horas.” Para se tratar a halitose, é fundamental um diagnóstico preciso sobre a origem do mau hálito a fim de se eliminarem as causas locais, para depois se chegar à investigação e a solução de possíveis causas sistêmicas. “Importante ressaltar que é impossível realizar um tratamento com sucesso sem um bom diagnóstico. Para que isto ocorra, o paciente deve procurar centros especializados no tratamento da halitose, onde possuem tecnologia apropriada e recursos para outros exames, quando necessário.” Após o diagnóstico, o tratamento ocorrerá com a cura da afecção que determina a produção de gases voláteis causadores do mau cheiro. “Ou seja, sendo a halitose um efeito, somente desaparecerá depois de eliminada a respectiva causa. Contudo, em certas situações, a causa não pode ser removida prontamente ou é irremovível (ex: halitose por neoplasia), nestes casos, lança-se mão de outros meios de combate”, esclarece Dra. Safira.
Alimentação equilibrada
Cuidar da alimentação também pode ajudar na redução e alívio do mau hálito. Consumir alimentos duros e fibrosos, ingerir bastante líquido – de preferência, água (média de 2 litros/dia) – e evitar fumo e álcool em excesso, ajudam. Alimentos que possuem odor carregado e enxofre em sua composição, como alho, cebola, picles, repolho, couve, brócolis, gorduras e frituras em geral, ou de ação estimulante como café, refrigerante tipo “cola”, achocolatados; aqueles alimentos ricos em proteínas como carne vermelha, leite e derivados podem intensificar o mau cheiro na boca de quem sofre com a halitose. Para evitar as demais doenças bucais que comprometem a saúde, visitar o dentista deve ser rotina semestral, para que todos os dentes e tecidos sejam avaliados. “A consulta é importante para detecção precoce de doenças bucais e para a orientação a respeito do tipo de escova, fio ou creme dental apropriado para cada paciente. A realização de limpeza profissional em consultório odontológico visa remover cálculos, fatores retentivos de placa bacteriana e fazer a aplicação de flúor tópico (importante na prevenção da cárie)”, adverte Safira Andrade. l
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