Por Thaís Barcellos Fotos Divulgação
“ dança de salão Siga os passos da
RITMOS COMO SAMBA DE GAFIEIRA, TANGO E BOLERO DIVERTEM, AJUDAM NA INTERAÇÃO COM OUTRAS PESSOAS E TRABALHAM CORPO E MENTE
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o início do século XIX, surgiram na Europa as danças de casais, como a valsa e a mazurca. Chegando ao Brasil, os ritmos tomaram uma nova forma, dando vez ao soltinho, forró, samba de gafieira, tango, bolero e salsa. E esses ritmos, chamados popularmente de danças de salão, cativam adeptos entre homens ou mulheres de diferentes idades, que possuem em comum a vontade de dançar e libertar o corpo e a mente. De acordo com o diretor da Academia Baiana de Dança de Salão, Pedro França, como toda a atividade física, as danças de salão trazem muitos benefícios para a saúde, como a melhora do condicionamento físico, da postura e do equilíbrio, desen-
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volvendo agilidade, ritmo e percepção de espaço. “A dança de salão permite uma melhora na autoestima e a quebra de diversos bloqueios psicológicos. Possibilita convívio e aumento do rol de relações sociais, contribuindo, inclusive, para a melhoria de doenças e alívio de tensões. Além disso, é uma excelente aliada na redução do estresse, já que as aulas geralmente acontecem em um clima agradável de tranquilidade e descontração. Dessa forma as pessoas se divertem, melhoram o condicionamento físico e se sentem mais dispostas e felizes”. Muitos pensam que para fazer dança de salão tem de ser um “pé de valsa”, mas não chega a isso. Pedro explica que várias pessoas que acham que não possuem noções de ritmo procuram a academia. “Nós aconselhamos e chamamos a atenção dos alunos para que eles comecem a acompanhar e buscar dentro de si mesmos onde está o pulso da música”. A dança de salão atrai jovens de 14 anos até pessoas mais maduras, com 80 ou mais. Na ABDS, grande parte dos alunos está na faixa dos 30 aos 50, em sua maioria mulheres. Nas aulas não são passadas coreografias para decorar. “Nós trabalhamos de forma bem sistemática, bem didática, apresentando estruturas que a pessoa pode utilizar em qualquer dança. Claro que algumas são mais agitadas e outras mais lentas. Mas a pessoa aprende e leva aquilo para fora da sala de aula”, explica Pedro. Além disso, a dança não é apenas uma atividade que se faz com o objetivo de modelar o corpo e perder uns quilinhos. As pessoas se envolvem com a atividade e a incluem na sua rotina como se fosse um encontro com amigos. “Nós já casamos dezenas de casais aqui na academia. A dança é muito prazerosa e as pessoas solteiras que se conhecem aqui saem para dançar e acabam engatando um relacionamento”.
A dança de salão permite uma melhora na autoestima e a quebra de diversos bloqueios psicológicos. Possibilita convívio e aumento do rol de relações sociais, contribuindo, inclusive, para a melhoria de doenças e alívio de tensões
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Milagre da dança A pedagoga Mariluce sempre foi apaixonada por dança, especialmente o tango. Quando uma amiga a levou para um baile, ela decidiu matricular-se e começou a dançar. “Eu fiquei encantada com o que vi, pessoas de todas as idades dançando, inclusive um casal com 84 anos, dançando tango. Voltei para casa com a ideia fixa de me matricular no tango, mesmo sem ter noção alguma de dança”. Depois de seis meses tendo aulas, Mariluce começou a sentir dores no pé esquerdo e teve de operá-lo duas vezes devido a um problema congênito. “Fui a vários médicos e foi diagnosticado que eu estava com os tendões comprometidos, mas minha paixão pelo tango era maior que isso”. Apesar do problema, a pedagoga intercalava as aulas de tango com a fisioterapia e mesmo com o pé dolorido, participou de um festival, dançou tango e recebeu muitos aplausos. Há seis meses, Mariluce iniciou as aulas na ABDS e percebeu que o pé não estava mais doendo. “Por incrível que pareça, quando comecei as aulas aqui, eu não saia mais com o pé doendo, eu saio daqui bem, costumo dizer que é o milagre da dança”. Homem também dança Para a dança de salão é necessário que haja um condutor da dama. O contador Ronilson, 48, pratica dança de salão há cinco anos. “Desde pequeno eu gostava muito de dança, mas não tinha técnica, então decidi vir para cá [ABDS], para aprender a dançar de forma mais elaborada”. Ronilson afirma que sente o corpo mais leve, não se sente mais estressado e se mantém mais tranquilo. “Tem músicas que deixam a gente flutuando, parece que estamos em outro lugar, um lugar fantástico, como se não fosse real. Eu gosto muito do bolero, por ser uma dança apaixonante. Sou muito romântico”.
Forrozeira Desde 2009, a estudante de 24 anos América Bartilotti faz aulas de dança na ABDS e o seu ritmo favorito é o forró. “Eu adoro dançar e acho muito importante para a saúde. Quando a gente dança, sai mais alegre. Além de ser um ótimo exercício físico, é uma forma de terapia. Ela ajuda a transformar um dia ruim em um dia bom. Não é só apenas a técnica e o corpo, é a alma também. Eu sinto paixão pela dança”. l
Onde bailar em Salvador Apesar de Salvador ser uma cidade bem agitada, possui poucos lugares que ofereçam bailes. Mas alguns bares e casas de eventos possuem programação para amantes das danças de salão. Conheça alguns: 3 COLISEU DO FORRÓ - Av. Otávio Mangabeira - Patamares 3 LUGAR COMUM CASA DE SHOW Largo do Rosário - Barris
Conheça as danças de salão 3 SOLTINHO – É caracterizada pelos giros e alegria dos passos e pela improvisação. Ela não é um ritmo, e sim uma forma de dançar diversos ritmos como rock, tcha tcha tcha, discoteca e músicas animadas. Geralmente é dançada apenas segurando as mãos. No Rio de Janeiro, o soltinho começou a ser dançado a partir da década de 1980, e nos salões paulistanos a moda chegou na década de 1990, pegando carona no sucesso do samba de gafieira e bolero. 3 TANGO – Caracterizado pela proximidade dos dançarinos, o olhar intenso e a sensualidade, o tango surgiu nos bairros mais humildes da Argentina. No final do século XIX, Buenos Aires contava com mais de 200 casas de prostituição, que eram muito frequentadas pelo público masculino. Enquanto os clientes esperavam atendimento, bandas ficavam tocando músicas românticas. Com isso, apareceram grupos que traziam diferentes culturas musicais, como a havaneira cubana, a milonga espanhola e a candombe uruguaio, que deram origem ao tango argentino. Atualmente, a dança possui características próprias, como o ombro esquerdo que conduz o casal, que deve manter seu corpo inclinado; a movimentação das pernas e a dramaticidade durante os movimentos. 3 GAFIEIRA – De origem africana e ritmo forte, o samba se tornou um símbolo do Brasil. Já o samba de
gafieira derivou do maxixe, dança de casal do final do século XVIII e início do XIX, nas gafieiras e cabarés. A dança não era bem vista pela sociedade. Os homens de status iam a esses lugares atrás de mulheres e diversão e, a partir da década de 1930, o maxixe deu espaço ao samba de gafieira. A dança se espalhou a partir do Rio de Janeiro e atualmente é conhecida de forma requintada, sem deixar a malandragem encenada pelo bailarino e a sensualidade e molejo nos quadris da bailarina. 3 SALSA – Nascida na ilha de Cuba, na década de 1940, a salsa mescla vários ritmos. Sua musicalidade básica é a mistura de músicas caribenhas, como o mambo, o merengue e a rumba. Na década de 1950, a salsa chega ao auge em Cuba, com o aparecimento do músico Benny Moré, acompanhado pela Banda Gigante. Até hoje, ele é o ícone salseiro entre os adeptos deste estilo musical. Em 1980, a salsa se espalhou pelo México, Argentina e Europa e o merengue se tornava mais e mais popular em países como Porto Rico. Era o ritmo que embalava as discotecas de música latina. 3 BOLERO – Ritmo que mescla raízes espanholas com influências locais de vários países hispano-americanos, o bolero sofreu modificações, desenvolvendo temas mais românticos e de ritmo mais lento. O primeiro bolero surgiu na data de 1883, na voz do cubano José Sanchéz, e o mais famoso bolero mexicano é Bésame mucho, composto por Consuelo Velásquez. O ritmo é visto como uma dança romântica, que atrai muitos casais.
3 KANTARERÊ - Rua Antônio Manoel Galvão - Pituaçu 3 BAILE ABDS - Acontece em 22 de novembro na sede (R. Prof. Clóvis Veiga, 167 - Costa Azul) FESTIVAL - Anualmente, no teatro Casa do Comércio, acontece o Festival da ABDS, em que alunos e professores se apresentam em vários tipos de dança, como balé, dança do ventre, forró, lambada e tango, entre outros. A apresentação deste ano será em 21 de dezembro, às 21h. Para quem deseja assistir, os ingressos são vendidos na sede da academia, no Costa Azul. Telefone: (71) 3272-1213.
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