Saúde
Por Thaís Barcellos Fotos Divulgação
Principais tratamentos para a dor pélvica crônica: >> Medicamentos orais aAnti-inflamatórios não esteroides; aAnticoncepcionais orais; aAntibióticos, em caso de doença inflamatória pélvica;
Sentir dor não é ‘coisa de mulher’
>> Fisioterapia aOs exercícios são feitos para alívio da dor e tensão da pelve, fazendo com que diminua a pressão no músculo pélvico e focando os músculos da vagina, dos quadris, coxas e região lombar baixa.
Esqueça a crença antiga que diz que cólicas e dores pélvicas são normais e, na dúvida, sempre busque orientação de um ginecologista da sua confiança
>>Intervenção cirúrgica aA cirurgia é recomendada para mulheres que estão com desordens como miomas ou adenomiose, doença uterina caracterizada pela presença de glândulas e tecido endometrial dentro do miométrio, a camada mais grossa do útero, podendo levar a hipertrofia das fibras musculares no local. A cirurgia não é uma boa escolha para mulheres que ainda pensam em engravidar.
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ólica, inchaço e desconforto na região pélvica são sintomas que grande parte das mulheres já sentiram em algum momento da vida, mas que de normais não têm nada. Automedicar-se não é o ideal para sanar essas dores, e sim procurar por uma avaliação médica, não deixando a dor chegar ao estágio crônico. De acordo com a ginecologista Ionara Barcelos, é considerada dor pélvica crônica quando a mulher apresenta o sintoma por mais de seis meses. “Como toda dor, essa tem várias características, como o tempo de duração, fatores desencadeantes, de piora e de melhora, entre outros. Em relação à dor pélvica é ainda muito importante estabe-
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lecer sua correlação com a fase do ciclo menstrual, relação sexual, hábitos intestinais, associação com infecções (urinárias, por exemplo) e possíveis dores osteomusculares (desvios de coluna)”, enumera a especialista. Outrasituação que pode causar a dor crônica é a presença de doenças ginecológicas, gastrointestinais e sistêmicas. A dor crônica acomete cerca de 20% das mulheres e também pode surgir devido à doença inflamatória pélvica crônica, que é uma infecção causada por organismos transmitidos sexualmente. Mulheres que possuem fibromialgia, hérnia de disco e doenças do sistema musculoesquelético também são propensas à dor crônica da pelve.
>> Outros métodos aAcupuntura; aEstimulação nervosa; aInjeção de anestesia local nos pontos dolorosos.
Dra. Ionara explica que essa dor se torna frequente na idade reprodutiva das mulheres e é fundamental investigar para definir um diagnóstico, pois a endometriose, por exemplo,é responsável por 33% das causas de dor pélvica crônica. Mas, nem toda dor pélvica crônica é endometriose, como muita gente pensa. Para ter certezaé necessária a avaliação de um profissional. Diagnóstico Toda mulher deve estar atenta à periodicidade da dor que sente e saber diferenciar a dor da cólica menstrual da dor crônica da pelve. Mas, como é possível saber essa diferença? “Um bom parâmetro é a dor tipo cólica, que incomodava apenas por um dia no período menstrual e que passa a durar mais dias ou aumenta de intensidade; ou a dor que começa a incomodar também fora do período menstrual ou durante a relação sexual. Portanto, o aumento da intensidade da dor ou sentir dor em momentos em que não sentia antes são um sinal de alerta”, explica a ginecologista.
Consequências e tratamento Dores em geral trazem sintomas desagradáveis para o corpo e segundo a ginecologista Ionara Barcelos, o objetivo na investigação médica é buscar e tratar as causas do desconforto, que podem ser desde a dor miofascial (nos músculos), até uma cistite intersticial (que tem sintomas semelhantes à infecção urinária) ou uma endometriose, doença caracterizada pela presença de endotélio (tecido que reveste a parte interna do útero) em outros órgãos, o que leva a inflamações frequentes.
Automedicar-se não é o ideal para sanar dores pélvicas, e sim procurar por uma avaliação médica, não deixando a dor chegar ao estágio crônico
“Além da história clínica da paciente e de um exame físico detalhado, às vezes é necessária a realização de videolaparoscopia diagnóstica”, acrescenta a médica. O tratamento, continua, irá depender da causa da dor crônica e deverá ser multiprofissional, sendo indicadas abordagens psicoterápicas, fisioterápicas e farmacológicas, a depender de cada caso. l
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