Portfolio de BD / HQ / COMICS

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THAISCOMICS portfolio picotado

Foi um menino chamado Ziraldo que me convidou, eu então adolescente, para trabalhar com banda desenhada em seu estúdio. Comecei como roteirista na estreia do 1º Manual do Menino Maluquinho. Desde então escrevi e decupei várias histórias para os projetos do estúdio Zappin e o atual Megatério, onde Miguel Mendes comanda as produções do cartunista Ziraldo. Dentre elas as histórias da revista do Sítio do Picapau Amarelo, para a Rede Globo.

Nos anos 90 publiquei uma página na revista da EDIOURO, Gatinhas e Gatões, e online a convite do portal Clube do Hardware –então o primeiro e maior voltado para profissionais das redes cibernautas. No mesmo período criei as artes e mascote Mouse a primeira publicação brasileira sobre o universo virtual, a Internet. br, também da grande EDIOURO/RJ.

Enquanto isso fazia tiras Odete a Vingadora para um zine online no Canadá.

Antes que a década de 90 acabasse, criei a Fanzine Grimoire onde publiquei autores diversos, e levantei para debate e divulgação assuntos de interesse tais como Direitos Autorais dos artistas da BD, mercado e formação profissional. Esta experiência culminou no lançamento do Álbum Grimoire na Bienal Internacional de Quadrinhos, a publicação nacional de maior sucesso de vendas no evento, atrás apenas de Sandman.

Atuei no corpo editorial da revolucionária Revista Vírus Planetário cuja gestão online dividi com minha atuação na Revista Periquitas, dirigida pela Crau da Ilha, uma de nossas mais importantes e primordiais cartunistas. Aproveitei para trazer de volta meus trabalhos no Zine Grimoire Online.

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Moebius, Ziraldo e eu: umamoroso!triângulo

Em 2017 travei contato com a produção da FLUP – Festa Literária Internacional das Periferias, e começou com o álbum Cidade de Deus 50 anos uma parceria criativa que segue forte incluindo criações minhas como a FLUPZINE, feira oficina de fanzines e GEQ, Grupo de Estudos de Quadrinhos.

A partir de 2014 passei a colaborar como defensora de direitos humanos, em atuação voluntária como comunicadora e uma das diretoras do Instituto de Defensores de Direitos Humanos, o DDH, entidade independente financiada por juristas e ativistas de direitos humanos. Um grupo de jovens advogados que podem ser vistos acompanhando manifestações, ações policiais e campanhas de advocacy na garantia dos direitos cidadãos, especialmente a populações nas favelas e periferias. A entidade foi criada por advogados da comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados para furar o bloqueio que cercou a investigação de uma chacina envolvendo setores corruptos da polícia na favelas.

Projeto Infanticidade – ideia surgida enquanto eu fazia acompanhamento de uma manifestação que denunciava o assassinato de uma criança por parte de um policial durante uma operação de combate ao tráfico de drogas. Destina-se a explicitar a dor e perda das famílias cujas crianças são vítimas de eventos assim, que infelizmente são recorrentes nas favelas e periferias das cidades brasileiras. São retratos das pequenas vítimas junto a fatos de sua história, local e data de sua perda. Um painel com a montagem destas imagens, com o título Colecionáveis simulando um álbum de figurinhas, venceu o prêmio da Artigo 19 – denunciando que o Estado prossegue com

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desdém “colecionando” mortes de crianças como quem coleciona figurinhas de futebol. Uma mostra com as imagens ampliadas se apresentou na Biblioteca Central do Rio de Janeiro, na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Brazilian Black-Art em diversas capitais do sul do país, e parte dos painéis foi doado a Cité du Mot, na França.

Envolvi-me completamente no uso das bandas desenhadas, memes e artes visuais como comunicadoras de direitos humanos. Histórias em Quadrinhos por Direitos é um projeto em andamento da IFRRJ e Open Society. Após envolver-me na campanha pela eleição da colega de DDH Marielle Franco, ajudei na produção de mateiriais de seu gabinete, já eleita.Após seu assassinato por milicianos, ex-policiais, prossegui junto a campanha da Vereadora Renata Queiroz, importante sucessora que já atuava coletivamente na mandata de Marielle.

Em paralelo ao trabalho de comunicadora e institucional no DDH, eu me apresentava em SLAMs de poesia, eventos culturais nas favelas e de coletivos por direitos. Ali, além de articular parcerias, subia no palco para desenhar os retratos dos poetas, militantes, músicos e professores produzindo o ATO RETRATO , um tipo de poema-grafia, que mais tarde viria a compor parte de minha residência artística na Cité du Mot na França.

Fui convidada pelo SESC e SESI –instituições de ensino profissionalizante e estruturação social, para palestras e oficinas em diversas cidades brasileiras. Também fiz exposições e recebi colegas para palestras, como foi com o querido Nelson Dona, a falar sobre a Festa de Amadora no festival Palavra Líquida. Uma Poderosa Facção foi publicada na revista do SESC, apresentando os coletivos culturais cariocas.

Ingressei nesse período na Universidade

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Na organização de eventos culturais na FLUP, SESC, FNLIJ (Fund. Nac. do Livro) e AEILIAssociação de Autores.

das Quebradas, cuja admissão é feita após avaliação criteriosa da produção e entrevista com especialistas da UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro, e no LABIC, Laboratório de Mídias Criativas, onde formei redes com outros coletivos e tive treinamento em tecnologia de comunicação.

Na Quebradas comecei a evoluir novas produções e exposições. Vídeo-grafias, BD e memória, mapeamento de afetos urbanos e direitos LGBTQI+. Daí então levei meus anos de estudos e envolvimento com a riqueza cultural das periferias para dentro da universidade como projeto de mestrado.

Participei do projeto Machado de Assis em Banda Desenhada do professor Octavio Aragão, e produzi a semente de outro projeto, com o artigo científico que acaba de se desdobrar em material gráfico que concorre já como habilitado ao FOCA- Edital de Fomento da Cultura Carioca da SECULT-RJ.

Em 2020 fui selecionada pela Cité du Mot para desenvolver no vale do Loire um álbum de BD baseado em diálogos entre poetas do coletivo Sarauzeiras Oníricas (moradoras de favelas cariocas) e as mulheres de La Charité-sur -Loire. O álbum está pronto, produzido em versão digital sob nome La Charité das Favelas.

Ainda durante a pandemia me graduei no Mestrado com o ProjetoHQuebradas: As Sarauzeiras Oníricas no Sarau

Estação 67

Foi então que pintou convite da Noruega, para colorizar as banda desenhada do Leo Ribeiro, com relatos de sua aventura em viagem à Amazônia e de Portugal, da Editora Thotix, do brasileiro Hamilton Kabuna, para criar artes e roteiros para novo álbum da guerreira Valkíria, edições da Capa Comics. Também fui chamada para criar o projeto gráfico do primeiro RPG da guerreira. Tento a pretenção de, em meio às diversas manobras de

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ProjetoHQuebradas: As Sarauzeiras Oníricas no Sarau Estação 67

sobrevivências comuns a quem vive de suas artes, produzir uma webtoon Revelascio de mote erótico-fantasioso. BDs minhas foram publicadas na fanzine La Bouche du Monde, de NarbonneFR, premiada pelo festival de BD de Angoulême.

Em 2021, fui convidadda para a editoria da Tamanduá Comics, nova publicação da PUC, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro que publica lado a lado BD e pesquisa acadêmica de pesquisa em BD.

Para atender ao convite do Dario Chaves para participar da nova edição da Heavy Metal Brazil (fiz parte dos artistas publicados na edição original nos anos 90) mandei a BD de terror Café, sorvete e um cadáver, baseada nas memórias de infância da poeta sarauzeira Inez Mery Onírica.

No Consulado Geral da França coordenei as reuniões do Grupo de Estudos e me apresentei desenhando ao vivo e como palestrante.

Em 2022 o ProjetoHQuebradas: As Sarauzeiras Oníricas no Sarau Estação 67 foi escolhido para ser patrocinado pelo FOCA, lembrando que tenho ainda outro projeto já habilitado e aguardando resultado para o FOCA aberto no momento em que aqui vos escrevo!

Agora, em meu quarto em Felgueiras no norte de Portugal, estou finalizando as páginas do álbum das Sarauzeiras, para em março de 2022 fazer o lançamento da BD impressa em eventos diversos em meio aos saraus das poetas. Começando, é claro, pelo Sarau da Estação 67 em Nova Sepetiba, Rio de Janeiro – com financiamento da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro.

E sigo em frente...

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sereias

Flores de sal crescem nos jardins da África.

Yemanjá Xangô

Macho e branco é o punhal da ganãncia que as corta.

Arrancadas as suas pétalas, a sua palavra e a sua dignidade; flores e mulheres são confundidas com objetos, abatidas e vendidas como “a carne mais barata do mercado”.

“Não consigo respirar!”

Olá, menininho, qual é o seu nome?

Eduardo. E o seu?

Eu sou a Elizabete.

És miúdo demais pra já ter vindo aqui pra cima! Quantos anos tem, digo, tinha?

Arte de Thais Linhares

Dez anos. E tu, tia?

Há!!! Esse segredo morreu comigo!

NÃO...

Acolhidas no ventre de Yemanjá, renascidas no fogo de Xangô, elas se tornaram sereias. Debaixo do véu das ondas, elas enviam um chamado aos acorrentados.

Um canto que é mais forte que sua vida ou que sua morte, que niguém explica, mas que todos compreendem.

O canto das sereias é LIBERDADE.

...RESPIRAR!

O oceano é menor que uma lágrima para quem arranca vidas por ouro. E a marimba que entoa as dores sem fim das desterradas. ©

CONSIGO...

E este moço bonito que chegou com você? Ele também morreu no tiroteio?

Morri sim, mas sou apenas uma parte. “Uma parte”? Como assim???

Eu sou a PARTE HUMANA do policial que matou Eduardo.

Jesus...

A outra parte continua lá embaixo, sem alma, casca armada pelo Estado*.

* Em 2 de abril de 2015 Eduardo (e dona Elizabete) foi morto por um policial enquanto brincava na porta de casa. Foi durante uma operação militar de combate a traficantes de drogas no Morro do Alemão, Rio de Janeiro. O assassinato sistemático de inocentes e execução ilegal de traficantes por parte de policiais, são vistos como “um dano colateral” para os gestores da política de segurança Estadual. Chacinas de moradores de favelas por policiais corruptos é recorrente.

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Thais Linhares
2021 de

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