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Apresentação
Sou Thais Linhares, nascida do Rio de Janeiro numa madrugada primaveril de 1970. Criadora de BDs, vídeos e livros. Produtora de eventos culturais e exposições de artes. Defensora de direitos humanos. Apaixonada pelas pessoas e suas histórias. Saltimbanca de bagagem com pincéis, caderno de viagem e o desejo apaixonado de se perder para encontrar a chance das coisas novas.
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Selecionei para esta galeria meus trabalhos favoritos e mais significativos para minha jronada como artísta e pesquisadora.
Bem-vinda, bem-vindo!
ProjetoHQuebradas: As Sarauzeiras Oníricas no Sarau Estação 67.
Álbum gráfico que conta as aventuras de três poetas faveladas, minhas amigas, que foi meu produto de conclusão do Mestrado em Mídias Criativas Digitais na ECOUFRJ. A direita uma das páginas mostra a poeta Lindacy descendo de sua casa na favela da Rocinha. Aqui nesta, vemos três painéis cada um com um estilo artístico diferente desenvolvido especialmente para contar os trechos em flashback das memórias das poetas. Do topo seguindo em sentido do relógio: Maria Inez - estilo cartoon Betty Boop, Yolanda Soares - estilo mangá e Lindacy Fidélis, estilo xilogravura de literatura de cordel. Veja em aqui o vídeo de apresentação do projeto HQuebradas produzido por meus compadres da Mídia Ninja
2020
ProjetoHQuebradas: La Charité des Favelas.
Em 2019 ao saber que fora selecionada para a residência artística da ACCR na Cité du Mot em Charité Sur Loire – França, levei comigo as palavras das poetas faveladas para produzir um diálogo de afetos junto a três mulheres emblemáticas da pequena cidade repleta de artes e história. E em 2020, tendo a arte como ponte, Lindacy encontrou-se com Eva, Yolanda trocou ideias com Patrícia e Maria Inez se descobriu em Claire. E, com elas, Charité confraternizou-se com as favelas cariocas.
Veja aqui os timelapses de um dos paineis do álbum de BD bilíngue Charité das Favelas desenvolvido durante a residência.
Trabalhei em iniciativas diversas de educação em direitos humanos junto a instituições e coletivos populares. E em 2021 algumas das BD desenvolvidas foram publicadas com versões também em espanhol e inglês na revista Quadrinhos por Direitos. Os roteiros são da professora e defensora de direitos humanos Pâmella Passos. Realização: IFRJ, Produção: GPTEC – Grupo de Pesquisa em Tecnologia, Educação e Cultura. Apoio: Front Line Defenders. Editora Mórula, Rio de Janeiro.
À esquerda a capa da publicação, ao lado uma das páginas e abaixo o retrato de nossa colega de instituto e amiga querida Marielle Franco. Assassinada em uma emboscada pela milícia Escritório do Crime. O crime que abalou o país e teve repercussões internacionais, permanece sem solução mesmo após cinco anos.
Veja aqui o clip animado que fiz em sua homenagem.
Monstrographia é um livro infantojuvenil onde assino tanto o texto quanto as artes e o projeto gráfico que simula um álbum de família onde as fotos trazem criaturas do riquíssimo folclore das três Américas.
Conta-nos a aventura de gêmeos em busca de pistas sobre o passado misterioso de sua família e a descoberta de uma antiga máquina fotográfica que tem o poder de capturar as “visagens” , que é como são chamados os monstros mitológicos das matas e caminhos destes continentes. Veja à sua esquerda um lobisomem frustrado ao tentar brincar de pegar com a bola, e veja aqui umas destas visagens sendo criadas em direto –mas não precisa ter medo, ok?
Este livro tem me rendido um retorno maravilhoso que incluiu palestras e convites para apresentá-lo nas escolas de todo o Brasil. Aqui também assino o texto, as artes e o projeto gráfico que simula um manifesto político, para apresentar boas ideias que tem como base direitos humanos e importantes lideranças históricas. Veja aqui um vídeo onde falo sobre a elaboração do livro Princesas em GREVE!
2017
Cidade de Deus 50 anos: Pães Doces. Flup, Rio de Janeiro.
Trabalhando dentro da produção da FLUP, o Festival Internacional de Literatura da Periferias, colaborei dentre outras ações, coletando os testemunhos memoriais dos moradores fundadores do bairro Cidade de Deus, para fazermos um grande álbum em banda desenhada comemorativo dos 50 anos do lugar que nasceu como conjunto habitacional ainda durante o regime militar. Uma de nossas depoentes, Valéria Barbosa, chamou minha atenção em especial, e fiz sua história, cujo título Pães Doces foi sugestão do criador e produtor do festival, o jornalista e escritor Júlio Ludemir. Veja aqui a Valéria em testemunho da história da liderança e guia espiritual Dona Benta.
A FLUP ganhou o London Book Fair International Excellence Awards como melhor Festival Literário de 2016.
Além de ajudar filmando e organizando os testemunhais para as autorias das BD, fiz vídeo clips animados, projetos de coletâneas dos escritores e poetas revelados, oficinas de artes e mesas de debate em direitos humanos no Festival.
2014/18 – Rafael, na Revista Vírus, Editora Malungo e no DDH, o Instituto de Defensores de Direitos Humanos.
2019 – COLECIONÁVEIS. Premiada pelo Artigo 19
“COLECIONÁVEIS” é uma galeria de arte que conta as histórias das crianças executadas pela força policial como um “dano colateral” na “guerra às drogas”. Também exposta na Biblioteca Central do Rio de Janeiro e enviado a Cité du Mot na França em forma de grandes painéis individuais. Contrapõe a prática do Estado neoliberal de subverter valores e prioridades. Impõem o terror às comunidades sob pretexto de combater o crime do tráfico paralelo de entorpecentes – e então vidas de crianças são descartadas como figurinhas em um álbum de crueldades. Veja aqui em Hamelin este projeto com mais detalhes e veja também aqui um miniclip que fiz sob o mesmo tema para abertura de debates na FLUP.
Na página anterior a BD onde se expõe ao público o caso de Rafael Braga, únido detido durante protestos de rua que em 2013 inundaram as ruas das capitais brasileiras. Rafael não estava se manifestando, era morador de rua, analfabeto, que recolhia objetos para reciclagem. Foi usado como “exemplo” para intimidar protestos – e lhe foram plantadas provas e imputados crimes dos quais sequer tinha noção. Para saber mais sobre este caso que foi acompanhado de perto por nós no DDH, veja aqui. Como comunicadora do DDH produzi relatórios, vídeos e atos com coletivos no auxílio ao Gabriel. Atualmente Gabriel está livre e mora com sua mãe.
História inspirada em minha então vizinha a travesti Wany, e em Cristina, menina vendedora de limões nas ruas do bairro onde moravam meus pais. Ficou em 5º lugar como melhor BD na II Bienal Internacional de Histórias em Quadrinhos do Rio de Janeiro em 1994. Desenhada com tinta china a bico de pena sobre papel couché.
2019 – Pai contra mãe. PPGCOM-ECO UFRJ/ 2022.
Feita em parceria com meu colega Raphael Pinheiro para um projeto da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro – ECO UFRJ do professor Octávio Aragão dentro do mestrado de criação de conteúdos para mídias digitais. Tratam-se de 12 bandas desenhadas a partir de contos curtos do mestre da literatura brasileira Machado de Assis. O desafio foi desenvolvê-las “mudas”, ou seja, sem o recurso de balões de diálogo. Foram disponibilizadas no portal da faculdade aqui.
Esta BD baseada no conto Pai contra Mãe trata do conflito de um jovem homem que vai ser pai e precisa de dinheiro para sua nova família. Para tanto ele sacrifica uma jovem mulher escravizada caçando-a retornando-a às crueldades de seu “dono” mesmo ela estando em estado de gravidez avançada.
Para traduzir o conto literário para uma versão sem balões, incorporei elementos de pesquisa histórica que não estavam no texto, como o quilombo da Penha (conhecido ponto histórico), a casa de Machado de Assis e cartazes reais onde se oferecia recompensas pelos escravos fugitivos.
Em um bar chamado Revelascio, Lilith, a mãe dos demônios, nos brinda com sua versão do que foi a verdadeira narrativa do livro do Gênesis.
Questões dogmáticas que determinam a supremacia do patriarcado são destroçadas enquanto seus comandados armam o complô para derrubar Lúcifer do trono e colocar Lilith como líder libertadora.
Arte de forte teor libertário e roteiros a desafiador violências estruturais.
2023 – Concha & Pérola (projeto de álbum gráfico em andamento).
Projeto pessoal de BD que aborda memórias matrilineares e violência contra mulheres decorrentes de isolamentos afetivos. Referências à religiosidade afro-brasileira e história do tráfico de escravizados através do Atlântico.
Acima, um dos estudos para caracterização de personagens. Página seguinte: orixá Iemanjá, arte da capa do álbum, cuja criação vê-se aqui.
Tenho algumas obras legais com meu amigo o escritor Rogério Andrade Barbosa. Esta foi especial pois abordou um tema que me encanta e que eu já estava estudando.
O livro lançado pela Editora do Brasil ganhou recentemente o 2º lugar no Prêmio Sylvia Orthof na categoria Literatura Infantil promovido pela Fundação Biblioteca Nacional.
Desenvolvi o projeto gráfico a pensar como uma BD, um livro e um filme. A narrativa avança sobre 3 faixas: no topo imagens focam numa informação mais didática. No meio o texto flui. No pé da página as personagens se movimentam para ver o contador que vai a cada “frame” traçando a areia para contar uma história. Veja aqui.
Minha mais recente parceria com o escritor Rogério Andrade Barbosa, também publicada pela Editora do Brasil. Desenvolvi o projeto gráfico que brinca com os rastros dos animais e atiça a curiosidade do jovem leitor e optei por um estilo dentre o da escola Tingatinga e o naïf brasileiro. Veja aqui.
Ilustrações feitas com guache seco sobre papel do livro infantojuvenil “O Outro Lado do Paraíso”, onde o jornalista Luiz Fernando Emediato conta sobre sua infância como filho de pai desaparecido na Ditadura Militar brasileira. A estética brinca com aspectos de dualismos religiosos (muitos dos quais permeiam o imaginário popular) que divide o mundo entre bem e mal e muitas vezes conduz à escolha de heróis com bases em discursos de força e não de direitos.
Em abril de 1964 os militares foram louvados nas ruas como libertadores, mas logo iriam se revelar os carcereiros que mantiveram o Brasil num regime autoritário que duraria 20 anos. Aqui eles são representados ao mesmo tempo por anjos que sequestram o pai de Luiz durante uma manifestação e os grandes cães infernais que atacam os populares. E por falar em Ditadura, veja aqui o miniclip que desenhei em homenagem ao nosso maior poeta de resistência à tal opressão, Aldir Blanc.
Performances públicas e seus projetos: nos SLAMs
Arte digital feita para promoção da poeta Neide Vieira, campeã do primeiro SLAM das Minas. Os slams são desafios poéticos feitos em espaços públicos onde a melhor poesia e performance ganha.
No SLAM das Minas no Rio de Janeiro, acompanhei as poetas fazendo seus retratos ao vivo durante a apresentação das artistas ao microfone. Retratos feitos com o tempo de no máximo dois minutos.
Abaixo a foto de Akira Kono onde apareço performando no Largo do Machado, praça carioca, durante SLAM.Postagem da produtora e uma das criadoras do SLAM das Minas. Yassu também é criadora e produtora do HaiKai Combat.
Com os slams subi em vários palcos. Na FLIP, Festa Literária Internacional de Paraty, na própria FLUP já citada, nos SESCs centros de cultura do Sistema Social do Comércio e no grande Rock’n Rio, numa noite memorável e potente. Acima eu performando, abaixo nosso time slammer com o produtor do palco FAVELA do festival de música Julio Ludemir (cabelos prateados) ao centro.
ATO RETRATO.
A dinâmica da performance de rua ATO-RETRATO engloba um diálogo ativo onde pergunto sobre como o retratado se sente em relação à política de seu país, seu lugar no mundo e aspirações para o futuro. Alguns se emocionam até as lágrimas, outros riem, todos saem fortalecidos pela atenção e registro gráfico de suas ideias.
Patrícia Muller acima, artista e editora de Charité-sur-Loire na França, sendo retratada na performance que aconteceu na residência artística que frutificou no álbum de BD La Charité das Favelas. Abaixo no morro do Lins, no Café com Arte comunitário que atende usuários de crack, retratados por mim e tornados poemas pelo poeta Guga Caldwel, durante nossa conversa terapêutica.
Realizei o ATO no pátio do Museu de Arte do Rio, nas escolas onde fui e numa versão musical chamada SAMBA RETRATO, onde o retratado elenca o samba que o representa como pessoa e me conta o porquê.