TCC arqurbuvv Arquitetura em contêineres: proposta de um centro gastronômico sustentável

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ARQUITETURA EM CONTEINÊRES PROPOSTA DE UM COMPLEXO GASTRONÔMICO

SUSTENTÁVEL EM VILA VELHA - ES

THAIS VIANA ARAUJO | UVV - 2018

1


UNIVERSIDADE DE VILA VELHA

THAIS VIANA ARAUJO

ARQUITETURA EM CONTÊINERES: PROPOSTA DE UM COMPLEXO GASTRONÔMICO SUSTENTÁVEL EM VILA VELHA - ES

Trabalho de conclusão de curso apresentado para o Curso de graduação em arquitetura e urbanismo, da Universidade de Vila Velha, ES.

Orientadora: Prof. Érica Coelho Pagel

VILA VELHA 2018



AGRADECIMENTOS Primeiramente, a minha gratidão a Deus por todas as oportunidades dadas e o meu fortalecimento diário. Aos meus pais pelo incentivo, preocupação e esforços para a realização dessa etapa da minha vida.

Ao meu namorado, pelo apoio, companheirismo e compreensão. A minha orientadora pela paciência e disposição de sempre ajudar. A todos que passaram em minha vida durante essa caminhada, mestres e colegas, que contribuiram e marcaram ela de alguma forma.


“Arquitetura é o jogo sábio, correto e magnífico dos volumes dispostos sob a luz.” Le Corbusier


RESUMO O presente trabalho consiste em uma proposta projetual de um complexo gastrômico em contêiner que atenda as demandas sustentáveis, sendo um equipamento que dynamize o espaço público, possuindo uma arquitetura promotora do conceito de integração das pessoas atravéz dos ambientes. O local escolhido para a implantação do complex é no bairro de Itapuã, em Vila Velha, devido sua crescente vocação para o Mercado gastronômico e sua boa localização. A metodologia adotada para o desenvolvimento do projeto envolveu a fase conceitual com

pesquisas aplicadas aos conceitos de contêineres marítimos, sustentabilidade e conplexos gastronômicos, seguindo pela fase de desenvolvimento do projeto. Com resultado, foi possivel a produção de um projeto que busca trazer vitalidade a um

terreno sem uso. Palavras-Chave: Contêiner, Complexo gastronômico, Sustentabilidade


LISTA DE FIGURAS

Figura 19 – Fotos do terreno

47

Figura 20 – Mapa de estrutura viária

47

Figura 21 – Mapa de usos e ocupaçào do solo

47

Figura 22 – Rosa dos ventos da cidade de Vila Velha - ES

49

Figura 23 – Mapa de condicionantes ambientais

49

Figura 24 - Fachada complex o gastronônimo

53

Figura 25 – Implantação

54

Figura 26 -- Fachada complex o gastronônimo

55

Figura 27 - Praça central.

55

Figura 28 -- Setorização

56

Figura 29 - Espaços externos

57

Figura 30 - Passarela metálica

57

Figura 31 - Volumetria

58

Figura 32 - Placa de concreto drenante

59

Figura 33 - Sistema de proteção

60

Figura 34 - Pergolado e espaço de contemplação

60

Figura 30 - Sistema de captação de águas

61

Figura 1 – McLean e seu primeiro caminhão

14

Figura 2 – McLean na empresa de contêineres

15

Figura 3 – Habitação de contêineres Future Shack

16

Figura 4 – Contêineres City II

17

Figura 5 – Primeira casa em contêineres da arquiteta Livia Ferrano

18

Figura 6 – Casa em contêiner projetada pelo arquiteto Daniel Corbas

18

Figura 8 – Ciclo de vida de uma edificação

27

Figura 8 – Flambagem de um contêiner após remoção da lateral

28

Figura 9a – Planta baixa pavimento térreo do Quo Contêiner Center

38

Figura 9b – Planta baixa primeiro pavimento do Quo Contêiner Center

38

Figura 9c – Planta baixa último pavimento do Quo Contêiner Center

39

Figura 10a – Entrada do Quo Contêiner Center

39

Figura 10b – Aberturas pra iluminação natural e áreas verdes

39

Figura 11a – Terraço aberto e telhado verde

40

Figura 11b – Cobertura de tecido tensionado

40

Figura 12 – Telhado verde e posicionamento dos paineis solares

40

Figura 13a – Planta baixa do pavimento térreo do Common Ground

41

Figura 13b – Planta baixa do primeiro pavimento do Common Ground

41

Figura 13c – Planta baixa do segundo pavimento do Common Ground

42

Figura 14a – Empreendimento Common Ground

42

Figura 14b – Vista do interior do edifício de conexão

42

Quadro 1 – Tipos e dimensões de contêineres

22

Figura 15 – Interior da Street Market

43

Quadro 2 – Conforto térmico de contêiner com isolamento interno

29

Figura 16 – Terraço no segundo pavimento da Common Ground

43

Quadro 3 – Conforto térmico de contêiner com isolamento externo

30

Figura 17a – Fachada da rua principal do Common Ground

44

Quadro 4 – Quadro de Coeficiente de Aproveitamento do Terreno

50

Figura 17b – Fachada da rua principal do Common Ground

44

Quadro 5 – Quadro de número de vagas

51

Figura 17c – Fachada aberta do Commom Ground

44

Quadro 6 – Programa de necessidades

52

Figura 18 – Localização de Vila Velha

47

LISTA DE QUADROS


SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO

10

1.1 OBJETIVO

12

2.2 METODOLOGIA

12

3 COMPLEXO GASTRONÔMICO 3.1 ESTUDO DE CASO

37 38

3.1.1 Quo contêiner

38

3.1.2 Common group

41

2 CONTÊINER MARÍTIMO

13

2.1 BREVE HITÓRICO

14

2.2 USO DO CONTÊINER NA ARQUITETURA

15

4.1 LOCAL DE IMPLANTAÇÃO

46

2.2.1 No mundo

16

4.2 DIRETRIZES PROJETUAIS

51

2.2.2 No Brasil

17

4.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES

52

4.4 PARTIDO

53

19

4.5 IMPLANTÇÃO

54

2.3.1 Modulação e pré fabricação

19

4.6 SETORIZAÇÃO

56

2.3.2 Principios da sustentabilidade

24

4.7 VOLUMETRIA

58

2.3.3 Adaptação

26

4.8 SISTEMA CONSTRUTIVO

59

2.3.4 Materiais

28

2.3.5 Conforto térmico

29

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

62

2.3.6 Conforto acústico

32

2.3.7 Velocidade e baixo custo

33

REFERÊNCIAS

64

PERSPECTIVAS

69

ANEXOS

78

2.3 REUTILIZAÇÃO DO CONTÊINER MARÍTIMO X SUSTENTABILIDADE

2.4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DO CONTÊINER

34

4 O PROJETO

45


IN TRO DU ÇÃO

1.1 2.2

OBJETIVO METODOLOGIA


1 INTRODUÇÃO

hia de transporte rodoviário, em 1956, teve a ideia de criar um contêiner, como uma embalagem que poderia carregar algumas dezenas de toneladas por

A palavra contêiner vem do verbo em inglês to contain que significa

vez. Com os contêineres prontos, padronizados, empilháveis, e de fácil

“conter”, “acomodar” (CAMBRIDGE, 2018). Um contêiner é um recipiente,

carregamento e descarregamento, McLean teve a ideia de adaptar navios

produzido em metal, fabricado para suportar ventos, fortes chuvas e outra in-

para o transporte de contêineres. Devido ao crescimento desse modo de

tempéries, assim como servir de acondicionamento e transporte de cargas

transporte, em 1968, a Organização Marítima Internacional publicou normas

em uma longa distância, seja por navios ou trens, mesmo empilhados em

ISO para contêineres, padronizando as especificações e dimensões utilizadas

uma grande quantidade um sobre o outro. Entretanto o contêiner é um item

hoje (PETROLINA, 2015).

com tempo de vida útil limitado para as empresas, tornando-se após isso um

A utilização dos contêineres na arquitetura, passou a ser uma forma

objeto sem destino, um material que não é biodegradável e que se acumula,

de promover a redução dos impactos ambientais ocasionados pelo acúmulo

portanto na natureza, surgindo uma necessidade de dar um destino sustentá-

desses materiais descartados, passando a unir conceitos de sustentabilidade,

vel para tais peças (PEREIRA, 2015).

economia e velocidade construtiva, respeitando as definições propostas no

Antigamente, o transporte de produtos era feito sem padronização, a

relatório de Bruntland, que é um documento intitulado Nosso Futuro Comum,

partir da revolução industrial ocorreu consolidação dos transportes ferroviários,

que foi elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desen-

entretanto a transferência da carga dos navios para os trens ainda era feita à

volvimento em 1987 e as normas ISO que gerem a construção sustentável

mão. Vendo esse problema, Malcon McLean, que era dono de uma compan-

moderna (ARAÚJO, 2016).


Suas adaptações para a transformação do contêiner em arquitetura

ta Containers e a Ferraro Contêiner Habitat. Além da arquitetura em contêiner

de qualidade são indispensáveis em relação ao conforto térmico e acústico.

residencial, outras formas de arquitetura têm ganhado espaço, como a con-

As adaptações para um contêiner envolvem o acabamento interno nas

strução de escritórios, lojas, escolas e espaços de lazer.

paredes que pode ser de madeira ou drywall, que são os mais escolhidos,

Atualmente a demanda por empreendimentos de lazer é significante,

além de outros acabamentos que contribuem para o conforto térmico das edif-

podendo ser notavelmente visto através do crescimento e da popularização

icações como a lã de vidro, lã de rocha ou fibras vegetais. Os acabamentos

dos shoppings centers, uma das formas de empreendimento de lazer mais

externos também contribuem para o conforto térmico, como o uso de chapas

utilizadas no pais (MELLO, 2018).

de materiais isolantes nas paredes. Deve-se dar atenção a adaptações que

Sendo notória a propensão das cidades a criação de espaços espe-

envolvam corte do contêiner, verificando se não ocorrerá um processo de

cializados em lazer, pensa-se sobre a tendência do lazer gastronômico, onde

flambagem devido a retirada de parte da sustentação do contêiner

Lohmann e Netto (2008) trouxeram atenção ao fato de que atualmente os lo-

(AZEVEDO; COSTA; ROCHA, 2016).

cais feitos para gastronomia não são apenas locais para ser servido comidas

Em diversos países do mundo, a arquitetura em contêiner já está

e bebidas, mas sim um local de encontro entre pessoas, de socialização,

consolidada, porém no Brasil, esse ramo está se incorporando aos poucos

“para verem e serem vistas”, assim os centros gastronômicos se tornaram

devido ainda existir uma vinculação do contêiner como apenas um meio de

locais atrativos para a população.

transporte, entretanto podemos notar um crescimento dessa forma de con-

No Espírito Santo, encontra-se a cidade de Vila Velha, uma região

strução com o surgimento de empresas especializadas no ramo, como a Del-

afortunada de belezas naturais, grande parte de sua extensão é margeada

11


pela orla, onde suas atividades principais são desenvolvidas próximas ao mar,

1.2 METODOLOGIA

contribuindo para a posse do título consolidado de cidade turística, o que a torna propicia para a criação de empreendimentos voltados para a exploração do lazer sendo um deles a gastronomia. Atualmente a cidade não conta com nenhum centro especializado em gastronomia, apenas três shopping centers que possuem praças de alimentação e alguns eventos periódicos voltados para a gastronomia, abrindo assim a oportunidade da criação de um empreendimento que a cidade ainda não possui.

Para a elaboração do trabalho, foram adotados os seguintes procedimentos metodológicos: 1. Pesquisa bibliográfica sobre contêineres, modulação, sustentabilidade, benefícios da reutilização dos contêineres, adaptações

necessárias e os materiais; 2. Levantamento de dados e estudo sobre o conforto térmico e acústico das edificações em contêiner;

1.1 OBJETIVO

3. Estudo de casos de espaços gastronômicos em contêineres; 4. Estruturação das diretrizes projetuais através do estudo de casos;

O presente trabalho tem por objetivo o desenvolvimento projetual de 5. Desenvolvimento do projeto. um Complexo Gastronômico sustentável em contêineres marítimos, na cidade de Vila Velha/ES. Pretende-se com isso incentivar a aplicação de técnicas e soluções arquitetônicas que propiciem o conforto ambiental, a sustentabilidade, a viabilidade e o custo-benefício de empreendimentos utilizando contêineres.

12


2.1 2.2

CON TÊI NER MARÍTIMO

BREVE HITÓRICO USO DO CONTÊINER NA ARQUITETURA

2.2.1 2.2.2

2.3

No mundo No Brasil

REUTILIZAÇÃO DO CONTÊINER

MARÍTIMO X SUSTENTABILIDADE

2.3.1 2.3.2 2.3.3 2.3.4 2.3.5 2.3.6 2.3.7

2.4

Modulação e pré fabricação Principios da sustentabilidade Adaptação Materiais Conforto térmico Conforto acústico Velocidade e baixo custo

VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DO CONTÊINER


grande espaço. Foi a partir desse momento que surgiu a busca para encon2.1 BREVE HISTÓRICO

trar um equipamento que suprisse essa necessidade (FELLER, 2014).

Em grande parte da história humana, o transporte dos mais variados

Em 1956, Malcon McLean, um americano dono da empresa

tipos de produtos era feito sem padronização e organização. Os produtos

McLean Trucking Co., uma companhia de transporte rodoviário criada na dé-

eram mantidos em armazéns, que ficavam no porto, até algum dos barcos

cada de 30, e que em 1955 já era a segunda maior dos EUA, constatou que

estivesse disponível, e quando acontecia, os produtos eram transportados à

os carregamentos e descarregamentos manuais das cargas demoravam

mão para o navio. A partir da revolução industrial, a produção de bens de con-

muito tempo e percebeu que quanto mais tempo parado, menos dinheiro ele

sumo cresceu descontroladamente e ocorreu consolidação dos transportes

ganhava, já que o negócio dele estava totalmente ligado ao tempo de trabalho

ferroviários, entretanto a transferência da carga dos navios para os trens ainda

(Figura 1a). A partir desse momento, McLean teve a ideia de criar uma em-

era feita à mão (PETROLINA, 2015).

balagem padrão, um contêiner, que poderia carregar algumas dezenas de

Durante séculos está foi a única maneira de se transportar grandes quantidades de produtos, em meados de 1950 foram encontrados equi-

toneladas por vez (PETROLINA, 2015).

Figura 1 – McLean e seu primeiro caminhão.

pamentos que conseguiram suprir essas circunstâncias, facilitando e homogeneizando o formato da carga, como exemplo, tonéis, pallets e sacas de grãos. No entanto, o espaço era a coisa mais importante para o transporte, pois quanto mais espaço, mais mercadoria, e esses equipamentos ocupavam um Fonte: Pacific (2017). 14


Como a legislação dos EUA não permitia a um transportador rodo-

Com isso toda a história do transporte, logística, navegação, desloca-

viário ter uma empresa de navegação, ele vendeu sua empresa de transporte

mento de mercadorias, armazenagem, tempo e custo mudou, tornando a es-

rodoviário a McLean Trucking Co. e montou uma empresa de transporte ma-

trutura da navegação e dos demais transportes mais fáceis. Apenas em 1968

rítimo, chamada Pan-Atlantic, e mais tarde alterada para Sea-Land Service,

foram publicadas pela Organização Marítima Internacional as normas ISO

Inc. (Figura 2). Assim, com os contêineres prontos, padronizados,

para contêineres, que incluem as especificações, dimensões e padrões utiliza-

empilháveis, e de fácil carregamento e descarregamento, McLean teve a ideia

das hoje. Entretanto, existe como ressalva alguns países onde as dimensões

de adaptar navios para o transporte de contêineres, surgindo o primeiro navio

ASA, criadas em 1958, ainda sejam aceitas (CARBONARI, 2015).

adaptado para contêiner, que teve sua primeira viagem em 1956 2.2 USO DO CONTÊINER NA ARQUITETURA

(PETROLINA, 2015).

O início da transformação dos contêineres para a construção civil foi Figura 2 – McLean em sua empresa de contêineres

através dos projetos de habitação, que ocorreram devido a necessidade de abrigos temporários, rápidos, ágeis e de fácil manipulação, por situações como guerras, furacões, terremotos e outros grandes desastres causados pela natureza ou pelo ser humano (ROSA et al., 2017). Nas primeiras vezes em que foi utilizado como habitação, os contêi-

Fonte: Pacific (2017).

neres não recebiam nenhum tipo de tratamento ou adaptações para se tor15


narem confortáveis, não havia proteção acústica ou térmica, instalações elétri-

refugiados, com variedade de necessidades como enchentes, incêndios,

cas ou hidráulicas. Dessa forma, a imagem inicial da arquitetura em contêiner

terremotos ou desastres naturais similares, alojamentos temporários, hab-

passou a ser associada com uma arquitetura de baixa qualidade, entretanto

itação do terceiro mundo, habitação remota e assim por diante, feita a partir de

atualmente estão surgindo novas soluções, modificando assim a visão a re-

um contêiner de remessa pré-fabricado e reutilizado. Sendo supereficientes e

speito dessa arquitetura.

simples, movidas a energia solar, com um telhado em forma de guarda sol para reduzir a carga de calor e pernas telescópicas para a fixação da estrutura

2.2.1 No mundo

A grande mudança para o uso de contêineres como abrigos surgiu em 23 de novembro de 1987 nos Estados Unidos, quando Phillip C. Clark cri-

sem necessidade de modificações no terreno, podendo ser armazenadas e facilmente transportadas em todo o mundo e totalmente construídas em 24

horas (GODSELL, 2001).

ou uma patente que tinha a descrição como "Método para converter um ou

mais contêineres de aço em um prédio habitável em um canteiro de obras e

Figura 3 – Habitação de contêineres Future Shack.

seu produto", liberada em 8 de agosto de 1989. Nela possuem diagramas e informações que lançam bases para muitas ideias atuais de arquitetura de contêineres (CLARK, 1987). Anteriormente, em 1985, o arquiteto australiano Sean Godsell, havia projetado a Future Shack (Figura 3), que era uma unidade habitacional para Fonte: Godsell (2001). 16


Em seguida, nos anos 2000 na Inglaterra, na antiga região portuária

portações realizadas da Ásia, assim os contêineres passaram a ser utilizados

de Docklands, surgiram as Container City I e II (Figura 4), que eram uma

para outros fins como edifícios residenciais, hotéis, escolas, abrigos, pavilhões

junção de vários contêineres com vários formatos, a fase I com 15 contêiner-

de exposições (GUEDES, BUERO, 2015).

es, encaixados flexivelmente, criando uma construção modular, com uma ligação por uma passarela entre a Container City I e II.

Nos tempos atuais, as construções em contêiner passaram a ser tendência em todo mundo, sendo destacadas os usos em ampliações de edifícios, construções em contêineres combinados com outros materiais, os

Figura 4 – Container City II.

contêineres em cobertura e em espaços interiores, obras comercias, residências unifamiliares e multifamiliares e eventos (CARBONARI, 2015).

2.2.2 No Brasil

A primeira casa contêiner no Brasil foi idealizada pela arquiteta Lívia Ferrano, que em 2009, descobriu o conceito de casa-contêiner utilizado na Fonte: Containeres City (2001).

Europa e nos Estados Unidos, e decidiu aplica-lo em um projeto de conclusão de curso, tornando o primeiro projeto do gênero no Brasil (Figura 4). Atraindo

Em 2005 nos Estados Unidos, havia um acúmulo de cerca de 700 mil contêineres desativados nos portos devido ao desequilíbrio entre as im-

a atenção por sua obra que associavam design e a sustentabilidade, utilizando técnicas para a diminuição do impacto ambiental, como o uso de painéis 17


de energia solar, armazenamento de água de chuva e sistema de tratamento

além da velocidade em que a edificação fica pronta (GREENPEOPLE, 2011).

de resíduos (XAVIER, 2015).

Observando as vantagens desse novo ramo da arquitetura, Corbas fundou em 2012 a primeira empresa especializada em projetos de arquitetura em

Figura 5 – Primeira casa em contêiner da arquiteta Lívia Ferrano.

contêineres marítimos, a Contêiner Box, e mais tarde, a Contêiner Lab, especializada em cursos de projetos em contêineres.

Figura 6 – Casa em contêiner projetada pelo arquiteto Danilo Corbas.

Fonte: Xavier (2016).

Em seguida, em 2011, essa forma de projetar foi colocada em prática pelo arquiteto Daniel Corbas, que projetou a própria residência de 2 pavi-

Fonte: ArchDaily (2016).

mentos em São Paulo (Figura 6). Utilizando 4 contêineres de 40 pés, que

Apesar de ser recente a utilização de contêineres na arquitetura no

foram modificados no próprio local, o arquiteto projetou sua residência com

Brasil, atualmente esse tipo de construção vem apresentando crescimento,

196m². Buscando a sustentabilidade, a obra em contêineres possui uma sig-

assim passaram a existir outros arquitetos e outras empresas especializadas

nificável redução do material de descarte do que uma obra convencional,

18


nesse ramo, como a Delta Contêineres, em Curitiba, Paraná e a Ferraro

residências, lojas, escritórios e escolas, e possibilitando a composição de

Contêiner Habitat em Florianópolis, Santa Catarina.

diferentes técnicas construtivas, como a combinação com outras estruturas, realizadas desde o inicio do projeto, ou como uma extensão da construção

2.3 REUTILIZAÇÃO DO CONTÊINER MARÍTIMO X SUSTENTABILIDADE

Utilizados pelas empresas como recipientes para transporte de inúmeros materiais, os contêineres possuem uma vida útil de cerca de 10

existente. Devido sua modelação, a construção e montagem é facilidade comparada a uma construção tradicional.

2.3.1 Modulação e pré-fabricação

anos (OCCHI; ALMEIDA; ROMANINI, 2015). Após esse período de uso, a sua manutenção passa a ter um custo muito alto, tornando a compra de um

A Organização Marítima Internacional (International Maritime Organi-

novo contêiner mais viável para as empresas. Após essa compra, os contêi-

zation) entre 1968 e 1970, publicou normas ISO para contêineres com objeti-

neres antigos são despejados e até abandonados, assim gerando entulhos,

vo de os tornar padronizados e permitir a melhoria do carregamento, trans-

algumas vezes até na natureza. As construções em contêineres, passam as-

porte e descarga de mercadorias nos portos, economizando tempo e recur-

sim a ser uma forma de reaproveitamento desses contêineres, uma solução

sos (CARBONARI, 2015).

de construção sustentável.

O contêiner passou a ser uma estrutura em forma de uma caixa me-

A geometria e a volumetria de um contêiner, que segue o padrão

tálica, com a base de aço e com seu revestimento em aço corten com perfis

ISO de um prisma retangular com seis faces, possibilita a reutilização dos

especiais padronizados e paredes portantes. O tipo de aço utilizado o torna

contêineres em diferentes projetos, transformando-se em abrigos temporários,

resistente a diversos a intempéries, como frio e calor excessivos, chuvas in19


tensas, maresia, fogo e roedores, assim como as vedações em silicone o impedem de afundar no mar (PEREIRA, 2015). Quanto à capacidade estrutural dos contêineres, é demonstrada como sendo altamente elevada, tendo como os seus cantos os principais pontos

Atualmente, os contêineres são encontrados diversos tamanhos e tipos, sendo cada um escolhido de acordo com a necessidade da carga. Eles são divididos em dry box, open top, tank, high cube, flat rak, reefer e o plata-

form (Quadro 01).

de apoio de carga, o que concede uma variação do empilhamento vertical

O dry box é um contêiner básico, que pode também ser chamado de

entre três a oito andares (SLAWIK; BERGMANN; BUCHMEIER; TINNEY,

dry van. Possui portas ventiladas no final e ou estar equipado com uma porta

2010). Além disto, o piso dos contêineres suporta até quatro vezes o seu pe-

lateral para carga e descarga, e são utilizados geralmente para cargas que

so, sua resistência é semelhante à de um pavimento de concreto (300 kg/m²),

não necessitam de um controle ambiental. Ele pode ser utilizado para o trans-

ele é constituído de madeira aglomerada e selado internamente com silicone

porte de cargas secas, como roupas, móveis, carros, entre outros. Existem

(FOSSOUX; CHEVRIOT, 2013).

algumas versões em que há ventilação elétrica feita por ventiladores com

Um contêiner é dotado de dispositivos de segurança previstos por legislações nacionais e convenções internacionais. São fabricados em vários

defletores encaixados, para prevenir a entrada de água. Esse modelo de contêiner é o mais utilizado em canteiros de obras.

tamanhos, entretanto existem dois tipos mais comuns, os de 20 e 40 pés de

O contêiner open top trata-se de um modelo usado para transporte

comprimento. A altura e a largura dos contêineres também são padronizadas,

de itens pesados, onde o carregamento ou descarregamento através das por-

geralmente respeitando a medida de 2,59m e 2,44m respectivamente, entre-

tas finais e laterais não é possível, assim suas laterais são fechadas e o teto é

tanto existem variações de acordo com o estilo.

aberto com alguns painéis removíveis, tendo uma cobertura de lona.

20


Tank é um contêiner cisterna, voltado para o armazenamento e

por meio de conexões elétricas ou geradores à gasolina ou diesel. É usado

transporte de líquidos. É geralmente composto por uma cisterna que é supor-

primariamente para o transporte de itens alimentícios ou outros artigos que

tada por um paralelepípedo de vigas metálicas, cujas dimensões equivalem

requerem temperatura controlada do ambiente.

às de um dry box. Existe uma variante desse modelo chamada flexi-tank, que permite que se fixe um depósito flexível de polietileno.

O contêiner plataform são contêineres com prateleiras retas, removíveis ou não, disponíveis em vários modelos e tamanhos, e um piso mais

High cube são contêineres semelhantes aos dry box, porém são

reforçado entre todos os contêineres. São usadas para carregar cargas com

mais altos, possuem 2,89 metros, mostrando contraste com os contêineres,

excessos que as impedem de caber em contêineres convencionais, tanto no

que têm uma altura máxima de 2,59 metros. Devido sua altura ser maior, es-

comprimento, como na largura quanto na altura, como madeiras, ma-

se tipo de contêiner é o mais utilizado para fazer modificações para o uso dos

quinários, veículos e produtos de moinho.

contêineres na arquitetura.

Os contêineres mais utilizados atualmente para construções são os

O contêiner flat rak é o modelo destinado a cargas atípicas, como

high cube de 20’, 6 metros, e 40’, 12 metros, devido ao pé-direito interno mais

automóveis ou animais vivos, pois não possui as paredes laterais e, em al-

alto de 2,69m, que os torna adequado para as construções. Inicialmente os

guns casos, não possui também as frontais e posteriores. Os contêineres

projetos eram realizados com apenas um módulo de contêiner, entretanto,

reefer são refrigerados e isolantes, eles são equipados com um sistema em-

com a evolução nos processos de adaptação, passaram a ser construídos

butido de refrigeração ou calefação, com versões ventiladas ou não-

edificações com volumes além das dimensões padrões do contêiner, com a

ventiladas, além de termostato, o que permite a conservação de frio ou calor

21


intenção de possibilitar maior eficiência no uso do espaço interno (CARBONARI, 2015). Quadro 01 – Tipos e dimensões de contêineres.

Tipos de contêiner

Modelo

Tipo

Dry 20”

40”

Dimensões

Largura (m)

Comprimento (m)

Altura (m)

Externa

2,438

6,08

2,59

Interna

2,352

5,2

2,39

Porta

2,34

-

2,283

Externa

2,438

12,192

2,59

Interna

2,59

12,03

2,39

Porta

2,34

Externa

2,438

6,06

2,59

Externa

2,438

6,06

2,59

Interna

2,34

5,89

2,36

Porta

2,32

Externa

2,438

12,192

2,59

Interna

2,285

12,024

2,38

Porta

2,32

2,275

Tank 20”

Open top 20”

40”

2,25

2,25

Continua.

22


Quadro 01 – Tipos e dimensões de contêineres. Conclusão para última página do quadro.

High cube 20”

40” Flat Rak

20”

40” Reefer 20”

20” Plataform

20”

40”

Externa

2,438

6,06

2,891

Interna

2,345

5,89

2,695

Porta

2,34

Externa

2,438

12,192

2,896

Interna

2,352

12,03

2,695

Porta

2,34

Externa

2,438

6,06

2,59

Interna

2,352

5,89

2,31

Externa

2,438

12,192

2,59

Interna

2,41

12,02

1,955

Externa

2,438

6,06

2,59

Interna

2,285

5,45

2,26

Porta

2,32

Externa

2,438

12,192

2,59

Interna

2,285

11,57

2,25

Porta

2,29

Externa

2,438

6,06

Interna

2,413

6,02

Externa

2,438

12,192

Interna

2,285

12,15

2,585

2,585

2,25

2,265 0,226 0,626

Fonte: Adaptado de Logisticco (2016). 23


2.3.2 Princípios da sustentabilidade

O projeto arquitetônico sustentável tem por objetivo atender as exigências do usuário, gerando qualidade de vida para a geração atual e a geração futura, garantindo a preservação dos recursos naturais e do meio ambiente. O relatório de Bruntland, um documento intitulado Nosso Futuro Comum, que foi elaborado pela Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento em 1987, para propor, estudar e aprofundar propostas mundiais na área ambiental, denomina o desenvolvimento sustentável como:

Atualmente, a construção sustentável moderna deve atender as normas da ISO 15392 (2008), que são princípios gerais, a ISO 21930 (2007), que demonstra a declaração ambiental de produtos de construção, ISO 21929-1 (2011) que possui indicadores de sustentabilidade e a ISO 21931-1 (2010) que contém a estrutura para métodos avaliação de desempenho ambiental dos trabalhos de construção. Esses princípios norteiam o projeto para criar uma gestão da sustentabilidade e trazer soluções para problemas, harmoni-

zando clima, ambiente, tradição e cultura, dando resultado através da melhora da qualidade de vida, utilizando soluções que promovam conceitos como a

“Na sua essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, o direcionamento dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão em harmonia e reforçam o atual e futuro potencial para satisfazer as aspirações e necessidades humanas” (BRUNDTLAND, 1987).

conservação de energia, recursos, reciclagem de materiais e o aumento do ciclo de vida do edifício (ARAÚJO, 2016). Um edifício sustentável passa ser responsável pelos impactos gerados por ele em aspectos ambientais, econômicos e sustentáveis, durante toda a seu ciclo de vida útil (Figura 7), começando no processo de fabricação dos materiais utilizados em sua construção, sua vida e o seu desmonte, com-

24


pletando assim todo o ciclo de vida da edificação, onde insumos causam im-

melhor, alguns desses passos envolvem o planejamento do ciclo de vida da

pactos desde escala local até global, através da contribuição para a poluição e

edificação, tornando-a longa, econômica e com um resíduo zero quando sua

aquecimento global por exemplo (ZAMBRANO, 2008).

vida chegar ao fim. Inicialmente trazendo atenção ao uso de materiais que não iram comprometer o meio ambiente, com sua fabricação sendo consid-

Figura 7 – Ciclo de vida útil de uma edificação

erada responsável e contribuam para o processo de ecoeficiência. Também é importante o aproveitamento de recursos naturais e as condições locais, assim é necessário fazer um estudo que denomine as potencialidades do local, como estudo dos ventos, solar e vegetação, sua implantação, a análise do

entorno, de forma a não provocar ou reduzir ao máximo os impactos no entorno, além da economia dos recursos que são finitos, por exemplo, a água, real-

izando assim uma gestão de sua economia, através de soluções que visem seu reuso. A busca por soluções para a eficiência energética, utilizando energias renováveis, e a manutenção do conforto termo acústico e qualidade do Fonte: Zambrano (2008).

Para trazer qualidade real a sustentabilidade da arquitetura, é necessário assumir alguns aspectos que tornem o desempenho da edificação

ar. Deve-se ter atenção a gestão de resíduos que serão gerados no futuro na edificação, procurando a redução, reutilização, reciclagem e disposição de tais (ARAÚJO, 2016).

25


A escolha das prioridades corretas na hora do projeto e construção

2.3.3 Adaptação

da obra fará a edificação cumprir sua função final de ser sustentável, que vai O procedimento das instalações na construção em contêiner é sim-

além de somente preservar o meio ambiente, mas engloba assim a proteção do usuário. Em edificações construídas em contêineres, a sustentabilidade é voltada primeiramente pelo reuso do material principal, o contêiner, assim ocorrendo a economia de recursos utilizados em construções padrões, como areia, cimento e tijolos, e a retirada de grandes caixas de metal do meio ambiente. Além da limpeza do canteiro de obras, que gera poucos resíduos e ve-

locidade na montagem. E a possibilidade da utilização de materiais sustentáveis em sua adaptação. O projeto da construção em contêiner também pode

incorporar soluções sustentáveis como a captação de água pluvial, telhado verde, telhas térmicas do tipo sanduiche de poliuretano para melhor desempenho térmico da cobertura e aquecimento solar (PAULA; TIBÚRCIO, 2012).

ples. A chapa metálica presente nos fechamentos externos das paredes e na

cobertura do contêiner, é feita de aço de 18mm e 2mm (COSTA; SOUZA, 2015). Após a soldagem dos perfis metálicos deve-se cobrir a face interna do teto e laterais com a manta de fibra de vidro para o isolamento térmico. Para a cobertura indica-se a aplicação de telha metálica do tipo sanduíche, com recheio de isopor para complementar o isolamento termo acústico. Outra opção, seria o uso de telhado verde, entretanto, este exige melhor preparação da superfície, encarecendo a obra. As paredes podem receber acabamento interno de madeira ou dry-

wall, já que as estruturas da parte elétrica e hidráulica necessitam que sejam embutidas no interior das paredes, assim permitindo manter a menor espes-

sura possível das paredes para não perder espaço interno. Além do papel de fechamento e divisória, o sistema de fechamento auxilia no isolamento térmi26


co e acústico da edificação, devido à baixa resistência térmica das chapas em

Em adaptações que envolvam o corte do contêiner, é necessário o

aço do contêiner, por ter uma boa condutividade térmica. As paredes são

estudo para verificar se não ocorrerá uma deformação no contêiner. Em

compreendidas por placas e em seu interior são colocadas todas as in-

casos como o de remoção de um lateral inteira do contêiner, ele irá ocorrer

stalações e isolamento térmico e acústico, como a lã de vidro que é caracter-

flexão (Figura 8), assim, para evitar tal ocorrido, será necessário ser realizado

izada por baixa condutibilidade térmica e elevado índice de absorção acústica,

um reforço em sua estrutura, que poderá ser realizado em Light Steel Framing

que pode ser de feltro de lã de vidro, manta de lã de vidro, painel de lã de vi-

ou em Metalon. Nas adaptações que envolvem a junção de contêineres, são

dro, calha de lã de vidro, flocos e forro de lã de vidro, ou o algodão plástico ou

realizadas primeiramente soldas horizontais, através de uma placa soldada

lã de, feito 100% de garrafa pet reciclada sem nenhum sem resina e não gera

nos dois módulos, para dar estabilidade a estrutura do contêiner (AZEVEDO;

emissão de gás carbônico na atmosfera, não prolifera fungos e bactérias e é

COSTA; ROCHA, 2016).

de rápida instalação, também são utilizadas, perlite, vermiculite, argila ex-

pandida, betões leves isolantes, aglomerados de cortiça expandida e de fibras

Figura 8 – Flexão de um contêiner após remoção da lateral

de madeira, fibras de madeira com cimento, poliestireno expandido e extrudido, espuma rígida de poliuretano, base de PVC e fenólica. Além do painel de guias e montantes nos quais são fixadas as placas. O sistema de fechamento utilizado é composto por placas pré-moldadas e perfis metálicos também pré-fabricados. Fonte: Residential Shipping Contêiner Primer (2002). 27


2.3.4 Materiais

do gás natural, tendo uma emissão menor de CO² que as outras. Além disso, não é utilizada nela água e nenhum tipo de resina ou qualquer componente

A escolha dos materiais utilizados na adaptação dos contêineres para uso na construção civil depende da necessidade das especificações e do cus-

to. O material mais escolhido para a realização das divisórias internas é o acabamento de drywall, além de um acabamento de baixo custo, é de maior velocidade e sua espessura não ocupa grandes espaços do contêiner. Outros materiais isolantes são utilizados, como a lã de vidro, que é vendida em rolos, possui uma boa propriedade acústica, não desenvolve bactérias ou fungos, absorve ruídos de impacto e possui uma boa estabilidade dimensional. A lã de rocha, que é encontrada em forma de placas ou mantas, é isenta da ação do fogo, sais, ácidos; não é danoso para a saúde e possui ótimas propriedades térmicas e acústicas. A lã de pet, é feita 100% poliéster,

volátil, o que garante uma estabilidade muito maior e mantém o comportamento acústico e térmico por tempo indeterminado. Aglomerado de cortiça expandida que possui resistência a umidade, calor, agentes biológicos e possui um bom isolamento acústico, e o aglomerado de fibras de madeira, que também é resistente a umidade e a solventes, porém é considerado como médio inflamável. Os materiais sintéticos de poliestireno expandido e ex-

trudido são considerados facilmente inflamáveis e mau isolantes, assim como a espuma rígida de poliuretano, entretanto a espuma rígida à base de PVC e

a espuma fenólica possuem boa resistência mecânica, baixa condutividade térmica e não são atacados por roedores, porém, o segundo material não apresenta boas propriedades acústicas (PETROLINA, 2015).

material reciclável que é proveniente da reciclagem de garrafas Pet, que passam por um processo de compactação a baixa temperatura e pressão. É eco-

logicamente correta, diferentemente da lã de rocha e lã de vidro que são utili-

Assim como as edificações padrões de alvenaria, a construção em contêiner, após ser adaptada, pode receber qualquer tipo de acabamento interno.

sador fornos que não podem ser desligados, a produção da lã de pet é utiliza28


2.3.5 Conforto térmico

Quadro 2 –Conforto térmico de contêiner com isolamento interno.

O conforto térmico é uma das principais funções de uma edificação, dependendo assim das condições climáticas da localidade, dos materiais uti-

lizados e das soluções arquitetônicas. Devido ao material que os contêineres são fabricados, que geralmente é o aço corten, que é um ótimo condutor térmico, é necessário a realização do isolamento térmico, que pode ser interno ou externo (OCCHI; ALMEIDA, 2016).

No inverno, durante o dia o contentor vai No inverno, durante a noite, o calor acumulado

aquecendo no interior, quer pela radi-

na chapa metálica do contentor, durante o dia,

ação solar que incide quer pelos disposi- vai dissipando rapidamente para o exterior, ou tivos mecânicos.

seja, é necessário aquecedores para aquecer o

O isolamento interno (Quadro 2) se mostra um isolamento mais econômico, porém menos eficiente devido a rápida perda de calor resultante de um isolamento em torno de 10cm, pois o limitado espaço interno do contêiner não permite uma espessura maior, já que a perda de espaço é grande, tornando o ambiente mais apertado. Entretanto o isolamento apenas interno, torna possível manter as chapas metálicas originais aparentes, não retirando o partido do contêiner (PETROLINA, 2015).

No verão, durante o dia, o frescor que se acumula na chapa metálica, vai se dissipando rapidamente e não

No verão, durante a noite, a chapa do contentor vai arrefecendo, com

colabora no refrescar do espaço, ou seja, é necessário o baixar da temperatura exterior.

Fonte: Adaptado de Garrido (2011) 29


Para o isolamento externo (Quadro 3), pode-se ser utilizado um material isolante de 10 a 30cm, de forma que os raios solares não incidissem

Quadro 3 –Conforto térmico de contêiner com isolamento externo. Conclusão para o quadro.

No inverno, durante a noite, o calor acumulado

diretamente na estrutura metálica. Essa solução contribui para manter uma

durante o dia na chapa do contentor marítimo, não pode sair para o exterior devido ao isolamen-

maior dimensão do espaço interno, entretanto a utilização dessa técnica

to estar no exterior do contentor, o que faz com

afetaria na estética do contêiner, tornando assim viável ou não sua utilização

que o calor se vá dissipando pelo interior do espaço, ou seja, desta forma o interior do contentor

de acordo com o objetivo estético do projeto. Tem-se também a opção de iso-

vai se mantendo sempre quente.

lar ambos os lados do contêiner, tanto o interno, como o externo, assim encontrando uma solução equilibrada entre os dois tipos de isolamento. Entende

-se assim que, quanto maior for a espessura de um revestimento isolante, maior será o seu isolamento (PETROLINA, 2015). Quadro 3 –Conforto térmico de contêiner com isolamento externo.

No verão, durante o dia, o frescor que se

No verão, durante a noite, a chapa do con-

encontra na chapa metálica do contentor,

tentor vai arrefecendo, com o baixar da tem-

marítimo vai aquecendo quer por radiação solar,

que foi sendo “armazenado” durante a noite,

peratura exterior, ou seja, a casa vai ar-

quer por meio de dispositivos mecânicos, ou seja

vai se dissipando pelo interior do espaço.

refecendo só com o facto de as janelas es-

No inverno, durante o dia o interior do contentor

o calor vai se acumulando aos poucos na massa do contentor.

tarem abertas durante a noite, em que o fresco se vai acumulando aos poucos na massa interior do contêiner.

Continua.

30


O tipo de material que é escolhido para a realização do isolamento

140 kg/m³ com 0.055 W/m ºC, para 140 a 180 kg/m³ a 0.063 W/m ºC, o perlite

depende da transmitância térmica, que é a quantidade que calor que irá atrav-

com a condutividade térmica de 0.058 W/m ºC, vermiculite possui a condu-

essar a superfície do contêiner. A absortância, é a quantidade de radiação

tividade térmica a granel de 0.042 W/m² e a argila expandida que possui pro-

absorvida pelo contêiner em relação a quantidade de radiação incidente sen-

priedades para o isolamento térmico. Assim entre os isolantes de origem min-

do dependente da propriedade da superfície que irá absorver, e do fator de

eral, a lã de rocha se destaca por sua menor condutibilidade térmica, ou seja,

calor solar, que é a porcentagem de energia solar que vai incidir na superfície

é o melhor isolante entre os isolantes da mesma categoria. Entre os isolamen-

e se transferir para o interior em forma de calor (AQUINO, 2016).

tos de origem vegetal, destaca-se com menor condutividade térmica, o

As possibilidades de materiais para o isolamento térmico são divididas

glomerado de cortiça expandida, com 0.043 W/m ºC, porém também são uti-

em três categorias, os isolamentos de origem mineral, vegetal e sintética,

lizados o aglomerado de fibras de madeira, que possui dois tipos, o tipo duro

possuindo cada categoria, tipos de isolamento com condutividade térmica e

com a condutividade térmica de 0.18 W/m ºC e o tipo isolante a 0.05 W/m ºC.

qualidades diferentes.

Também é utilizado isolantes a base de fibras vegetais como as fibras de co-

Realizando uma análise dos isolamentos de origem mineral podemos

co e as fibras de madeira com cimento, que assim como a espuma de vidro,

listar o isolamento com lã de vidro, que possui uma condutibilidade térmica de

tem sua condutividade térmica dependente de sua massa volumétrica, sendo

0.041W/m ºC, a lã de rocha com a condutibilidade térmica de 0.030 W/m⁰C, a

para 500 a 600 kg/m³ a condutividade à 0.16 W/m ºC, para 400 a 500 kg/m³ s

espuma de vidro, que tem sua condutividade térmica de acordo com sua

0.14 W/m ºC e para 300 a 400 kg/m³ com 0.12 W/m ºC. O isolantes sintéticos

massa volumétrica, sendo para 120 a 130 kg/m³ a 0.050 W/m ºC, para 130 a

são divididos em poliestireno expandido, com a condutibilidade térmica entre

31


0.044 e 0.037 W/m.k, e o poliestireno extrudido que possui a condutividade

Ao escolher a forma de manter o conforto térmico que será utilizada,

térmica de k= 0,035 W/m⁰C, a espuma rígida de poliuretano, rígida a base de

deve-se atentar as exigências de durabilidade, economia, segurando e habita-

PVC e fenólica, com a condutibilidade térmica entre 0.029 a 0.03 W/m.ºC, en-

bilidade.

tre 0.031 e 0.034 W/m ºC e de 0.044 W/m ºC, respectivamente e a lã de pet, com a condutibilidade térmica entre 0.035 e 0.041 W/m.k (PETROLINA, 2015).

2.3.6 Conforto acústico

Devido ao fato do contêiner ser produzido de aço, que é um mal isoO conforto térmico de uma edificação, pode surgir a partir de outras

soluções além do isolamento térmico. Essas soluções tratam-se de sistemas

construtivos, decisões projetuais e elementos arquitetônicos. Ao se analisar as condições do local onde a edificação em contêiner será implantada, é possível

verificar estratégias passivas como de aproveitamento da ventilação natural com o posicionamento das aberturas e em relação a direção dos ventos e sombreamento natural ou através de brises, venezianas e outros métodos. Evita-se assim a ventilação mecânica e o condicionamento de ar, aumentando a eficiência energética do ambiente (AQUINO, 2016).

lante acústico, é necessário se realizar tratamento acústico, condicionando suas superfícies para a reverberação e a reflexão do som, assim alcança-se um bom desempenho acústico. Pode-se ser utilizado para o condicionamento materiais como a lã de PET, que além de suas particularidades para o tratamento acústico, é sustentável, 100% reciclável, não absorve água ou umidade. Porém, existem alguns casos que ambientes internos e com uma

área pequena, a mobília e os acabamentos já são suficientes para adequar a reverberação, não sendo necessário um condicionamento acústico com outros materiais.

32


que uma obra neste sistema pode gerar vem, portanto, do tempo

2.3.7 Velocidade e baixo custo na execução da obra

reduzido desta construção: uma obra finalizada em menos tempo

Em uma construção em contêineres o tempo de execução irá variar

retorna mais rápido o seu investimento.” (XAVIER, 2015).

de acordo com a dimensão do projeto, entretanto sua construção é muito

mais rápida que os métodos de construção convencionais, devido ao seu pro-

As edificações em contêineres são estruturalmente estáveis e nor-

cesso de rápida montagem, afirmado pelo autor Oliveira (2016) que o módulo

malmente são leves, dessa forma, suas fundações geralmente são de sapa-

pode ficar pronto em até dois meses (CARBONARI, 2015).

tas rasas, radies e até pequenos pilares de blocos de concreto para a fixação

Em uma obra utilizando contêineres, existe a possibilidade de se le-

do contêiner, sendo assim, as fundações para receber uma edificação em

var o módulo já previamente pronto para ser utilizado ao terreno. Tal possi-

contêiner se tornam mais baratas e mais rápidas de serem executadas

bilidade vem do fato de o contêiner possuir uma única estrutura, e nela já ex-

(NUNES; JUNIOR, 2017).

istir paredes, piso e cobertura. Além disso, o empilhamento e fixação desses

O baixo custo da obra é um dos pontos principais para a construção

elementos é relativamente rápido, sendo necessário apenas um guindaste e

em contêiner, segundo Schonarth (2013) o custo final de uma obra em

dispensando o canteiro de obras (OCCHI; ALMEIDA, 2014).

contêiner pode ser até 30% menos em comparação com métodos de con-

“Os custos de obra deste sistema são similares aos de uma con-

strução tradicionais, devido a economia em materiais. Porém a distância que

strução convencional, porém com algumas vantagens: por se

o contêiner irá percorrer até chegar em seu destino final, pode afetar no valor

tratar de uma “caixa pronta”, a arquitetura modular a partir de contêineres representa uma obra muito mais rápida. A economia

da obra, tornando-a mais custosa que uma edificação tradicional (OCCHI; ALMEIDA, 2014). 33


2.4 VANTAGENS E DESVANTAGENS DO USO DO CONTÊINER

condições climáticas adversas, sendo duráveis. As construções podem ser ampliadas ou reduzidas devido aos módulos, também sendo possível

A técnica de construção em contêineres vem se aprimorando de forma a ser possível fazer uma arquitetura que seja confortável e não agrida o

meio ambiente, assim devem ser objeto de estudo os condicionantes que possam interferir a qualidade de espaço, para que tais não atrapalhem a concepção e boa realização dos projetos. A sua construção possui como vantagens um custo mais baixo, sua velocidade de construção por ser pré-fabricada, sua montagem é acelerada, o que permite a eliminação de diversas etapas construtivas, diminuindo assim o uso de materiais, mão de obra e os resíduos. A disponibilidade de adquiri-los em diversas partes do mundo, serem recicláveis e reutilizáveis contribuem para a economia de recursos naturais, como areia, água e ferro. Sua modulação padronizada, exigindo menos trabalhos de fundação, preservando o lençol freático e a absorção de água de chuva e sua estrutura firme e estável

desmontar e transportar uma edificação de um local para o outro local (GUEDES; BUORO, 2015). Existem, entretanto, desvantagens do uso de contêineres, como o custo alto com o transporte, caso o local do projeto seja distante de alguma zona portuária, além da necessidade de espaço no terreno ou próximo a ele para a movimentação do guindaste, o requerimento de uma mão de obra e equi-

pamentos especializados para realizar o corte das esquadrias, movimentação e montagem dos módulos. O requerimento de um cuidado especial com o

isolamento térmico, acústico e o tratamento adequado caso o contêiner tenha alguma avaria. É necessário o cuidado com a contaminação, pois alguns contêineres poderiam transportar materiais químicos, assim preciso uma vistoria ao adquirir um contêiner para a certificação de que o modulo está livre de contaminação (GUEDES; BUORO, 2015).

em aço, que os permitem chegar até 8 níveis empilhados, adquirindo várias composições, assim como sua resistência os permite lidar com incêndios e 34


Para a construção civil feita com contêineres é necessário a pesagem entre as vantagens e as desvantagens entre o projeto realizado, para que as vantagens venham sobrepor as desvantagens.

35


COM PLE XO GASTRONÔMICO

3.1

ESTUDO DE CASO

3.1.1 3.1.2

Quo contêiner Common group


3 COMPLEXO GASTRONÔMICO

mas sim um local de encontro entre pessoas, de socialização, “para ver e ser vistas”. Atualmente,

De acordo como dicionário Aurélio (AURÉLIO, 2018) o significado de

os

empreendimentos

gastronômicos

ou

os

gastronomia trata-se de um “conjunto de conhecimentos e práticas relaciona-

aglomerados de locais gastronômicos tratam de um seguimento de sucesso,

dos com a cozinha, com o arranjo das refeições, com a arte de saborear e

tendo como principal exemplo, as praças de alimentação, principalmente en-

apreciar as iguarias”. Trata-se de uma arte que vem sendo consolidada com o

contrada em shopping centers, que se identificam por diversos restaurantes

passar dos anos e ganhando notoriedade com a criação de cursos profission-

juntos no mesmo local, com diferentes focos gastronômicos, possibilitando o

alizantes para essa área. Atualmente, no processo de globalização, onde

usuário a uma grande diversidade de escolha. Entretanto, nos últimos anos,

ideias, tendências, técnicas culinárias se espalham pelo mundo com veloci-

os aglomerados gastronômicos têm sido encontrados não apenas em shop-

dade e rapidez, a gastronomia passou a estar ainda mais em alta (FREIXA;

ping centers e centros fechados, onde eram estruturas secundárias, eles pas-

CHAVES, 2008).

saram a exercer uma característica de atividade primária com a criação de

Acompanhando o processo de aprimoramento da gastronomia, os locais onde essas refeições eram produzidas e consumidas passaram por um

empreendimentos voltados para a gastronomia, ou complexos gastronômicos.

processo de transformação desde um espaço desprezado nas antigas residências, separado delas, para um local onde que, de acordo com Lohmann e Netto (2008), não é apenas para ser servido comidas e bebidas,

37


Figura 9a: Planta baixa pavimento térreo do Quo Contêiner Center

3.1 ESTUDOS DE CASO

Para o desenvolvimento da criação de um complexo gastronômico, construído em contêiner, na cidade de Vila Velha, Espírito Santo, foram anali-

sados projetos existentes de centros comerciais em contêiner para a retirada de elementos e conceitos, assim como seus programas, distribuição de ambientes, características e princípios da sustentabilidade abordados, que auxiliem na concepção e elaboração do projeto. a

3.1.1 Quo Contêiner Center

. Figura 9b: Planta baixa primeiro pavimento do Quo Contêiner Center.

Localizado em Ingeniero Maschwitz, uma pequena cidade arborizada lozalizada a uma hora e meia de Buenos Aires, Argentina, encontra-se o Quo Contêiner (Figura 9a, b, c), um centro comercial sustentável, construído em 2013/2014 com restaurantes, lojas, escritórios e cafés, projetado pelo escritório de arquitetura BZZ em 3 andares contruidos com 58 contêineres ma-

rítimos reciclados (Figura 10a). b

38


Figura 9c:: Planta baixa último pavimento do Quo Contêiner Center.

que podem ser observados do interior dos contêineres através de suas aberturas, realizadas para priorizar a iluminação natural (Figura 10b).

Figura 10a: Entrada do Quo Contêiner Center.

‘ c Legenda Restaurantes e bares

Circulação horizontal

Salas e lojas comerciais

Circulação vertical

Serviços

Telhado verde

Figura 10b: Aberturas para iluminação natural e áreas verdes.

Telhado metálico

Fonte: Bertezzolo, Cecilia (2013).

Desde o início do projeto, deu-se como prioridade a sustentabilidade

e a ecologia, assim o projeto conta com uma abundância de espacos verdes, Fonte: Lisa, Ana (2016). 39


Um grande terraço em estrutura metálica foi criado para que os visi-

Para ajudar a melhorar o conforto térmico dentro dos contêineres, a

tantes pudessem aproveitar a luz do sol e o ar fresco, que pode ser acessado

qualidade do ar, e equilibrar a retirada de vegetação do local onde foi con-

atravéz de escadas, ou elevadores, tornando assim o edifício acessível

struído o empreendimento, cerca de 300m² de telhado verde foi projetado em

(Figura 11a). Devido ao forte sol que ocorre na região em determinadas

volta de todo o centro. Como solução energética, foram escolhidos painéis

épocas do ano, foi projetado coberturas em um tecido resistente à água, ten-

solares, localizados no topo da construção, que transformam a luz solar na

sionados por três pontos de ancoragem, produzindo sombras (Figura 11b).

eletricidade usada nas áreas comuns (Figura 12).

Figura 11a: Terraço aberto e telhado verde. 11b: Cobertura de tecido tensionado.

Figura 12: Telhado verde e posicionamento dos painéis solares.

Fonte: Lisa, Ana (2016).

Alguns detalhes sustentáveis foram também notáveis no projeto, coFonte: Lisa, Ana (2016).

mo o piso dos banheiros públicos existentes foram decorados com tampas de 40


garrafas, os vasos de plantas são caixas de polietileno reaproveitadas, assim

até o local e montando-os, o que possibilitou a redução do tempo de con-

como as obras que decoram os ambientes são de preferência sustentáveis e

strução do edifício para 5 meses.

pertencentes um projeto social que engloba a comunidade envolta do empreendimento, como por exemplo na entrada se encontra uma parede de

Figura 13a: Planta baixa do pavimento térreo do Common Ground.

contêineres pintada com desenho feitos crianças da localidade.

3.1.2 Common Ground

Em 2016 foi projetado pelo escritório de arquitetura URBANTAINER o primeiro centro de contêiner da Coréia do Sul, em Gwangjin-gu, Seul. O complexo, chamado Commun Ground, é construído em 200 contêineres,

abriga 70 lojas e 20 restaurantes, sendo atualmente o maior do mundo

Figura 13b: Planta baixa do primeiro pavimento térreo do Common Ground.

(Figura 13a, b, c). Sua construção, de aproximadamente 5200m² (Figura 14a), foi realizada com a preparação da estrutura no terreno ao mesmo tempo que a fabricação da estrutura do edifício em uma fábrica, aplicando os métodos de préfabricação dos módulos do contêiner, em seguida transportando-os prontos 41


Figura 13c: Planta baixa do segundo pavimento térreo do Common Ground.

Figura 14a: Empreendimento Common Ground.

Legenda Restaurantes e lojas

Circulação horizontal

Salas e lojas comerciais

Circulação vertical

Serviços

Banheiros

Figura 14b: Vista do interior do edifício de conexão.

Fonte: Delaqua, Victor (2017).

Devido ao terreno escolhido, que é um experimento de revitalizar terrenos que não estavam sendo utilizados no meio da cidade, ser retangular, o empreendimento foi projetado em dois edifícios em cantêiner com um

Fonte: Urbantainer (2016).

edifício central quadrado em estrutura metálica realizando a conexão entre os dois (Figura 14b).

42


Dentro desse bloco quadrado é possível decidir-se entre a ala do Street Mar-

contêineres mais longos, de 12 metros, produzindo assim uma área útil utiliza-

ket, que se caracteriza pela inspiração em becos e o máximo esforço para

da como terraço no segundo pavimento (Figura 16).

manter o contêiner intacto, destacando módulos individuais e um exterior mais impactante (Figura 15).

Figura 16: Terraço no segundo pavimento do Common Ground.

Figura 15: Interior da Street Market.

Fonte: Urbantainer (2016).

No exterior foram projetadas suas propostas de fachadas. Na Fonte: Urbantainer (2016).

A outra ala chama-se Market Hall, que possui uma forte função arquitetônica, com a verticalização evidenciada. Nessa área são usados os

rua principal, os contêineres empilhados têm por objetivo chamar atenção dos transeuntes com uma estrutura impactante (Figura 17a, b). Na fachada oposta, foi realizado uma fachada aberta, para assim criar uma conexão com os visitantes, tornando o empreendimento convidativo (Figura 17c, d).

43


Figura 17a: Fachada da rua principal do Common Ground.

Figura 17b: Fachada da rua principal do Common Ground.

17c: Fachada aberta do Common Ground.

Fonte: Urbantainer (2016).

44


O PRO JE TO

4.1 4.2 4.3 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8

LOCAL DE IMPLANTAÇÃO DIRETRIZES PROJETUAIS PROGRAMA DE NECESSIDADES PARTIDO IMPLANTAÇÃO SETORIZAÇÃO VOLUMETRIA SISTEMA CONSTRUTIVO


4 O PROJETO

A arquitetura em contêiner de espaços gastronômicos atualmente ainda está muito atrelada as arquiteturas efêmeras construídas para eventos e logo depois desmontadas, entretanto, esse projeto tende por estimular a aplicabilidade de novas arquiteturas ao cotidiano da cidade. O projeto do Complexo gastronômico (ANEXO I) em contêiner em Vila Velha, ES proposto por esse trabalho, aborda temas que hoje estão em

tendência, como a gastronomia atrelada com a sustentabilidade e o apelo estético. Foram propostas 10 tipologias de restaurantes que variam entre pe-

queno, médio e grande porte, além de área livres de uso comum. Além disso a proposta projetual proporciona um estudo a respeito dos potenciais de uma área consolidada com o caráter residencial, porém que ao longo do tempo, sofreu intervenções e passou a receber novas edificações com foco comercial, impulsionando novos usos na região.

4.1 LOCAL DE IMPLANTAÇÃO

O terreno escolhido para a implantação do projeto está situado em Vila Velha, Espírito Santo, Brasil, 20° 19' 48" S 40° 17' 31" O (Figura 18). O município, que é o segundo mais populoso do estado (IBGE, 2016), fica ao lado da capital, Vitória, e é banhado pelo Oceano Atlântico. A cidade é consid-

erada uma região litorânea turística consolidada, com o clima tropical quente úmido a sua orla atrai muitas pessoas, seja nos finais de semana, assim como nos dias de semana, pode-se notar um grande fluxo de transeuntes na localidade. O terreno encontra-se em um bairro de classe média, o bairro Itapuã. Trata-se de um terreno de esquina e com uma fachada para a orla, entre a Avenida Estudante José Júlio de Souza e a Rua Ayrton Senna da Silva (Figura 19). Ele se encontra no cruzamento que une os transeuntes vindos pela orla da direção oeste, dos bairros como Praia de Itaparica e os vindos

pela orla da direção leste, como do bairro Praia da Costa. O terreno possui

46


aproximadamente 120m x 80m, totalizando uma área de aproximadamente

Figura 19: Fotos do terreno de estudo.

9.600m², sendo um terreno plano, sem necessidade de realizar um trabalho de terraplanagem, porém, devido a tentativa da realização de um empreendimento no passado, o terreno possui uma edificação térrea de cerca de 300m² a ser demolida (Figura 20). Fonte: Arquivo pessoal. Figura 18: Localização de Vila Velha.

Atualmente, a região onde o terreno se encontra vem ganhando um perfil de

comércio gastronômico. Na quadra atrás a oeste do terreno, encontra-se cerca de quinze bares e restaurantes que foram surgindo na região ao longo dos anos, assim já existindo um polo gastronômico vizinho, sendo um facilitador devido a já existência de usuários na região para a atividade (Figura 21). Ao redor do terreno também é possível notar um adensamento populacional devido aos residenciais multifamiliares, que são na maioria mais de doze pavimentos, o que torna o terreno um local rodeado por possíveis conFonte: Google Earth (2018).

sumidores. O potencial para crescimento é algo considerável, existem cerca

47


de quatro grandes terrenos atualmente vazios, que pode significar o aumento

Figura 21: Mapa de uso e ocupação do solo da área de estudo.

do comércio na região ou de residências. Figura 20: Mapa de estrutura viária de estudo.

Legenda

Legenda Terreno de estudo

Via principal do bairro

Sentido das vias

Via local

Terreno de estudo

Habitação unifamiliar

Terrenos vazios

Habitação multifamiliar

Bares e restaurantes

de 1-7 pavimentos

Edifícios institucionais

Habitação multifamiliar

Edifícios híbridos

mais 8 pavimentos

Fonte: Arquivo pessoal.

Via coletora Fonte: Arquivo pessoal.

Ao se analisar os condicionantes ambientais (Figura 23), nota-se que o terreno se encontra em um local privilegiado, pois possui o cone visual para a 48


orla em sua fachada principal, a fachada sul, recebendo principalmente sol

Figura 23: Mapa de condicionantes ambientais.

pela manhã. Entretanto, as fachadas voltadas para a Rua Ayrton Senna da Silva e a fachada oposta a Avenida Estudante José Júlio de Souza, recebem um alto índice de insolação. O vento predominante no terreno trata-se do vento nordeste (Figura 22).

Figura 22: Rosa dos ventos da cidade de Vila Velha - ES.

Legenda Terreno de estudo

Vento predominante

Sol nascente

Cone visual

Sol poente Fonte: Arquivo pessoal.

O terreno é caracterizado dentro do PDM – Plano diretor municipal de Fonte: SOL-AR (2018).

Vila Velha como pertencente a Zona de Ocupação Prioritária 3 – ZOP 3, que 49


corresponde a uma parte do território onde é incentivado o adensamento e a

Quadro 4: Quadro de Coeficiente de Aproveitamento do Terreno Coeficiente de

Afasta-

Altura máxi-

aproveitamento (CA)

mento

ma das

renovação urbana. Apesar de ter como predominância o uso residencial, também é permitido o uso para atividades econômicas, desde que tenha pre-

ZOP 3

venção contra os impactos urbanos e ambientais. Seguindo o objetivo IV e XI do Art. 73. o projeto proposto induz a ocupação de imóveis não utilizados ou

Máx. co

0,2

2,92

Taxa de

ocupação

permea-

Gabarito

BásiMin.

Taxa de

3,5

Frontal

edificações

máxima

bilidade

(m)

(m)

(%)

(%)

3m

52,60m

60

10

15 pav.

Fonte: Adaptado de PDM de Vila Velha (nº 4.575/2007).

subutilizados e instala atividades complementares ao turismo da região (PDM de Vila Velha; 2007). A partir da zona apresentada pelo PDM, podemos definir os parâmet-

O número de vagas desnadas a estacionamento de veículos, carga e descarga de mercadorias, embarque e desembarque e estacionamento de

ros urbanísticos reguladores que nortearam o projeto. De acordo com o PDM,

bicicletas são de acordo com o as dimensões da edificação. Como não existe

o coeficiente de aproveitamento básico do terreno é de 2,92 e o coeficiente

no PDM a especificação para restaurantes, é adotado as especificações de

máximo é de 3,5. A taxa de ocupação é de 60% e a taxa de permeabilidade é

atividades comerciais (Quadro 5).

de 15%. O afastamento frontal é estipulado que seja de no mínimo 3m e as edificações podem chegar até 15 pavimentos com a altura máxima de 52,60m (Quadro 4).

50


Quadro 5: Quadro de número de vagas.

Quadro 5: Quadro de número de vagas. Conclusão para a última página do quadro.

Número de vagas destinadas à guarda e estacionamento de veículos

Edificações destinadas a:

Área computada no

Vagas por metro quadrado de área compu-

coeficiente de aproveita-

tada no coeficiente de aproveitamento ou por

mento

unidade

tada no coeficiente – 01 vaga por unidade;

De 401,00m²

isoladas ou em conjunto e

Unidades maiores de 35,00m² de área com-

Até 5.000,00m²

atividades de comércio e

putável – 01 vaga para cada 35,00m² de área computada no coeficiente.

serviço em geral não listadas Maior que 5.000,00m²

A ser definido na análise do EIV

Áreas destinadas à carga e descarga de mercadorias e embarque e desembarque de passageiros Área compu-

Edificações destinadas

Vagas de embarque e desem-

Edificações destinadas a:

coeficiente de aproveitacoeficiente de aproveitamento ou por unidade

mento Lojas ou salas comerciais

01 vaga para cada duas lojas ou 01 vaga para Até 1.000,00m²

isoladas ou em conjunto e atividades de comércio e serviço em geral não

cada 70m² para lojas maiores de 70,00m² Para os primeiros 1.000,00m³ de acordo com o Acima de 1.000,00m² a disposto acima, acrescido de 01 vaga para cada 5.000,00m²

listadas

175,00m² da área que exceder os 1.000,00m²

Fonte: Adaptado de PDM de Vila Velha (nº 4.575/2007).

Vagas de carga e tada no coefi-

a:

barque por área computada no descarga

ciente de

coeficiente de aproveitamento

De 600,00m²

Acima de Lojas comerciais isola-

2 vagas para 2.000,00m² a

das ou em conjuntos

caminhão 5.000,00m² Acima de

A ser definido na

5.000,00m²

análise do EIV

4.2 DIRETRIZES PROJETUAIS

A diretrizes projetuais tratam-se de balizadores para a produção do

1 vaga para caminhão Até 2.000,00m²

Continua.

Área computada no Vagas por metro quadrado de área computada no

Unidades de até 35,00m² de área compuLojas ou salas comerciais

Número mínimo de vagas destinadas à guarda de estacionamento de bicicletas

-

projeto, delas foram definidas: - Aproveitamento e valorização dos condicionantes do terreno através da volumetria e tipologia do edifício; - Padronização através da adoção de um tipo de contêiner;

51


- Proporcionar um sistema de construção misto com o uso do contêiner e estruturas metálicas;

possibilita trazer uma diversidade de empreendimentos para o complexo gastronômico, desde restaurantes, a bares e cafés.

- Ter um caráter público, apesar de ser um empreendimento privado, a

Pensando nisso foi elaborado um programa de necessidades con-

conexão e integração entre o público e o privado, a aproximação entre o interi-

siderando a área dos restaurantes, assim como também as áreas livres de

or e o exterior;

uso comum (Quadro 6).

- Sustentabilidade através da escolha de materiais para a produção ambientes termo acústicos;

Tratando-se do programa de necessidade para o complexo gastronômico em si, trata-se dos serviços que serão em partes restringidos para os usuários do local e parte que será aberta para o benefício da população

4.3 PROGRAMA DE NECESSIDADES O programa de necessidades do centro gastronômico foi definido

local. Quadro 6: Programa de necessidade

valorizando o potencial de crescimento onde o terreno se encontra e de seu

Áreas do centro gastronômico

Áreas dos restaurantes

entorno e de estudos em espaços com o programa de necessidades sem-

Salão de refeição

Estacionamento

Banheiros (feminino, masculino e pcd)

Bicicletário

elhante.

Bar

Banheiros (feminino, masculino e pcd)

Caixa

Circulação vertical

Administrativo

Administração

Banheiros e vestiário dos funcionários

Jardim

Cozinha e stoque

Rooftop

A localização na frente da orla traz a possiblidade de um grande olhar para aquela região, assim um fluxo de diferentes tipos de clientes, o que

Fonte: Arquivo pessoal.

52


4.4 PARTIDO

É atendido a padronização através da utilização de apenas um tipo de contêiner, facilitando assim a compra e modulação dos contêineres e ex-

O partido arquitetônico surgiu para atender a demanda das diretrizes da legislação, das diretrizes projetuais e do alcance da vocação do terreno para um centro gastronômico (Figura 24). O projeto procura atender a expectativa de um empreendimento

ecução da obra, assim como a escolha de estruturas metálicas para as demais partes do projeto. A escolha de materiais foi responsável pelo caráter sustentável da edificação, não apenas pelo próprio material, mas também pela usabilidade do edifício.

privado com espaços de caráter público através da permeabilidade entre as áreas livres e os restaurantes. Figura 24: Fachada complex o gastronônimo.

53


4.5 IMPLANTAÇÃO

O centro gastronômico foi implantado com sua fachada principal para a Avenida Estudante José Júlio de Souza, aproveitando os condicionantes do terreno, como o fato da fachada ser sul, possuir um menor índice de insolação e o visual para a orla (Figura 25). A fachada para a Rua Ayrton Senna da Silva,

que possui um alto índice de insolação recebeu poucas aberturas e uma grande urbanização, para assim amenizar a insolação dentro dos edifícios e para os transeuntes. Assim também foi feito na fachada norte, que está na Av. da Praia, além de possuir possui um grande afastamento da via para a implementação estacionamento do empreendimento, que atende as normas do PDM e da NBR9050, possuindo 93 vagas, sendo duas para cadeirantes, 2 vagas de caminhões, assim como 56 vagas para bicicletas. A Av. da Praia é uma via local sem saída com baixo fluxo, que assim poderá receber o trafego de entrada e

saída do estacionamento sem prejudicar o fluxo das outras vias. O acesso de pedestres ao complexo acontece por quais quer de suas fachadas, pois todas elas possuem entradas que levam ao interior do complexo. 54


O edifício foi projetado com 2 andares (Figura 26), permitin-

Figura 26: Fachada complex o gastronônimo.

do assim que sua composição facilite fluxo livre através de qualquer um dos seus acessos, além de todos as suas áreas serem acessíveis. Foram projetadas 10 tipologias de estabelecimentos que variam entre pequeno porte de 14m² a 22m², médio porte de 67m² a 89m² e estabelecimentos de porte grande acima de 100m². Sendo 7 estabelecimentos de porte pequeno, 10 estabelecimentos de porte médio e 7 estabelecimentos de grande porte, totalizando 24 es-

tabelecimentos entre restaurantes e bistrôs. O complexo conta com

Figura 27: Praça central.

grandes áreas verdes e espaços de contemplação que se unem

aos espaços públicos (Figura 27).

Fonte: Arquivo pessoal. 55


4.6 SETORIZAÇÃO

Figura 28: Setorização.

A setorização foi definida pensando na funcionalidade e nas estratégias em relação ao conforto térmico, como insolação e ventos, assim também como os acessos e o fluxo viário (Figura 28). O pavimento térreo é composto do estacionamento, áreas de contemplação, administração, bloco de sanitários, circulação vertical e os estabelecimentos comerciais, sendo no total de 14 restaurantes e bistrôs,

sendo 5 com 2 pavimentos. No primeiro andar se encontra 10 estabelecimentos comerciais, além dos 5 que possuem dos dois pavimentos e espaços de contemplação em rooftops.

Legenda Restaurantes

Estacionamento

Espaço de contemplação Fonte: Arquivo pessoal. 56


A organização do centro gastronômico se dispõe no pavimento

Figura 29: Espaços externos.

térreo com os contêineres agrupados em blocos, possuindo assim circulações entre eles que levam ao interior da quadra, onde se encontra um grande espaço de contemplação urbanizado, além de espaços externos para os restaurantes (Figura 29). As circulações entre os contêineres também permitem que ocorra a passagem do vento nordeste no complexo. As aberturas foram colocadas principalmente na fachada para o sul para aproveitar o fato dessa fachada ter a menor incidência solar. As

fachadas oeste e norte possuem menos aberturas devido à grande in-

Figura 30: Passarelas metálicas.

solação que essas fachadas recebem. O primeiro pavimento conta com

rooftops, possuindo pergolados, para proporcionar o conforto térmico do usuário, além disso foram construídas passarelas em estrutura metálica para realizar a ligação entre um contêiner e o outro, permitindo que todo o primeiro pavimento seja interligado (Figura 30).

Fonte: Arquivo pessoal. 57


de tal aconteça de acordo com o posicionamento dos módulos. No complexo 4.7 VOLUMETRIA

gastronômico a volumetria se caracteriza pelo empilhamento dos contêineres

Devido aos contêineres já possuírem as dimensões predetermina-

em dois (Figura 31). Além do empilhamento, os contêineres foram posiciona-

das, a sua união para a construção de um edifício, faz com que a volumetria

dos de forma que o primeiro pavimento ficasse em balanço, proporcionando

Figura 31: Volumetria

58


mite a drenagem e permeabilidade das águas pluviais de volta para as cama4.8 SISTEMA CONSTRUTIVO

A proposta do complexo gastronômico se desenvolveu a partir da

das inferiores da terra, até ser conduzida de volta para o lençol freático (Figura 32).

reutilização de contêineres marítimos padrões em toda a obra, sendo utilizados os High Cube de 40 pés, com as dimensões 12,19m de comprimento,

Figura 32: Placa de concreto drenante.

2,44 de largura e 2,89 de altura, possuindo internamente 2,69 de altura, sendo assim o módulo de contêiner mais alto disponível no mercado, totalizando o uso de 101 módulos de contêineres. O contêiner já vem estruturado de fábrica com quatro arestas que atuam como apoio, entretanto, é necessário acrescentar pilares de apoio caso

as laterais sejam removidas, sendo acrescentados pilares de estrutura metálica. É necessário também um sistema de fundação que assegure que as cargas transmitidas sejam suportadas. Em acordo com a NBR 6122/2020 a

Fonte : Google imagens.

fundação escolhida para a edificação é a de laje de concreto armado, a radier, O isolamento térmico e acústico é um dos pontos mais necessários no local que o contêiner será apoiado. Para o restante do piso do complexo,

para esse tipo de construção devido as chapas de aço dos contêineres confoi escolhido peças pré-moldadas de blocos de concreto permeável, que per59


duzirem muito bem o calor deixando assim seu interior com altas tempera-

Para o piso interno dos contêineres, foi proposto que seja mantido o

turas. No projeto procurou-se evitar aberturas e colocar setores de serviços

piso compensado naval que os contêineres já possuem, pois é um piso de

nas para fachadas com maior incidência solar e realizar a sua proteção com

extrema durabilidade, apenas para as áreas molhadas que foram aplicados

arborização e priorizar a ventilação natural (Figura 33). Planejou-se também o

pisos cerâmicos. Para as áreas externas correspondentes aos rooftops do

tratamento interno dos contêineres, paredes e forros, foi escolhido como iso-

primeiro pavimento, foi necessário a criação de uma base e acabamento em

lante térmico a lã de pet, devido a sua baixa condução do calor e sua sus-

estrutura metálica em cima dos contêineres do pavimento térreo para a colo-

tentabilidade, pois tem como matéria prima garrafas pet recicladas e sua

cação de madeiras de demolição e pergolados metálicos para para a

produção na indústria não utiliza água ou componentes voláteis e resinas. Es-

proteção solar dos usuários.

se isolamento é realizado juntamente com o drywall, sendo fixados nos perfis metálicos e em seguida revestido pelo drywall.

Figura 34: Pergolados e espaços de contemplação.

Figura 33: Sistema de proteção.

Fonte: Arquivo pessoal.

60


Apesar do contêiner já possuir a própria cobertura, para o melhor

Figura 34: Sistema de captação de águas.

conforto térmico da edificação foi projetado um telhado metálico, com telhas trapezoidais e calhas metálicas com o sistema de captação e reuso de águas pluviais nas áreas verdes (Figura 34). Além do objetivo de proteção, o telhado cria uma proteção para a caixa d’agua de cada estabelecimento. Para aprimorar a volumetria do telhado, foi projetado em três quedas com alturas diferentes. Ao longo da execução de uma edificação são necessários alguns

procedimentos estruturais e adaptações. Esses procedimentos envolvem cortes nas chapas dos contêineres, o empilhamento e a solda dos contêineres e

o embutimento das tubulações hidráulicas e dos cabeamentos elétricos nos forros e paredes.

Fonte : Lopes, Michele.

61


CON SIDERA ÇÕES FINAIS


5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

tivos, como o baixo custo da obra, menor tempo de execução e a sustentabilidade, pois o contêiner é reutilizado ao invés de se tornar um objeto que se-

O presente trabalho se desenvolveu através de pesquisas que fundamentassem e norteassem o desenvolvimento de uma proposta para um

ria descartado na natureza, e diminui consideravelmente o uso de materiais nos canteiros de obras.

centro gastronômico sustentável em contêiner. O trabalho deu-se início com

O encerramento do trabalho se deu com a realização de um projeto

pesquisas de aspectos históricos e técnicos dos contêineres, incluindo o uso

do centro gastronômico, que almejou a construção de um empreendimento

de materiais e sistemas construtivos. Em seguida procurou-se conhecer

privado com integração com o público, oferecendo aos seus usuários a opor-

melhor os centros gastronômicos e seu impacto na cidade, finalizando assim

tunidade da utilização de espaços arborizados e planejados. Os ambientes do

com estudos de casos de empreendimentos do mesmo porte.

complexo foram criados a partir do pensamento na integração do usuário com

Com base nos estudos realizados ao longo do desenvolvimento do

o meio interno e externo, na acessibilidade e funcionalidade dos espaços.

presente trabalho, observou-se que a utilização de contêineres na construção

Em conclusão, o desenvolvimento do trabalho proporcionou o apro-

civil é uma alternativa que vem sendo difundida e aceita pela sociedade e

fundamento nas técnicas que envolvem a construção em contêineres, assim

pode-se concluir a importância que um centro gastronômico tem em uma

como princípios e técnicas que promovem a sustentabilidade, como a correta

cidade.

setorização do edifício e a escolha de materiais que influenciam para a Considerou-se argumentos com base no atendimento as neces-

sidades em cima do módulo pré-fabricado do contêiner. Além de seus atra-

efici6encia energética e a conclusão da contribuição da implantação de um centro gastronômico na localidade.

63


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XAVIER, Michele M. 10 perguntas que você sempre quis fazer sobre casa contêiner. Minha casa contêiner. 13 jan. 2015. Disponível em: <https://minhacasacontêiner.com/2015/01/13/10perguntas-que-voce-sempre-quis-fazer-sobre-casa-contêiner/>. Acesso em: Março de 2018.

QUO COMMUN GROUND. Disponível em: <http://www.quo.com.ar/index.php>. Acesso em: Março de 2018.

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ZAMBRANO, Letícia Maria de Araújo. Integração dos princípios da sustentabilidade ao projeto de arquitetura. Tese (doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Programa de pós graduação em arquitetura e urbanismo, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008.

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PERSPECTIVAS


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ANEXOS











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