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ANÁLISE DO GAME RESIDENT EVIL 7: BIOHAZARD

A

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OMBIE ESPECIAL: DIA DAS MULHERES

ESCRITORAS DE TERROR

MARÇO 2017

editora

vv

Nº3

A simetria de Kubrick e a inovação de Twin Peaks.

R$ 16,66

EDIÇÃO 1

COMO A MÍDIA NOS ASSUSTA?


IAIN BANKS

A FÁBRICA DE VESPAS UM GENUÍNO CLÁSSICO MODERNO, ELEITO ENTRE OS 100 ROMANCES MAIS IMPORTARNTES DO SÉCULO XX, NUNCA ANTES EDITADO NO BRASIL


SUMÁRIO 08 | HQs & MANGÁS O terror de Junji Ito 04 | LITERATURA Especial dia das mulheres: Escritoras de terror 06 | FILMES & SÉRIES Matéria: Como a mídia nos assusta? 10 | GAMES Resident Evil 7: Biohazard é um bom jogo da franquia?

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ESPECIAL: DIA INTERNACIONAL DAS MULHERES

ESCRITORAS 08 MAR.

DE TERROR

04

CLARA REEVE (1729-1807)

ANN RADCLIFFE (1764-1823)

MARY SHELLEY (1797-1851)

Promoveu maior popularidade ao romance gótico

Influenciadora de autores como Edgar Allan Poe e H.P. Lovecraft

Criadora de um dos maiores ícones do terror: Frankenstein

GERTRUDE BENNETT (1883-1943)

MARJORIE BOWEN (1885-1952)

Popularizou os contos de terror e criadora da fantasia dark

Uma das maiores escritoras de terror sobrenatural do mundo


80%

LIVROS DE TERROR POR GÊNERO

HOMENS

20%

A quantidade mulheres produtoras de terror é notriamente menor que homens, por mais que hajam diversas escritoras buscando seu espaço e com equivalente capacidade de talento.

MULHERES

62%

LEITORES DE FRANKENSTEIN ENTRE 6.692 PESSOAS

38%

PSEUDÔNIMOS Apesar de serem mulheres incríveis a frente de seu tempo, não tiveram tal reconhecimeno enquanto ainda estavam vivas. A maioria se escondeu por trás de pseudônimos masculinos, descobertos tempos depois.

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a i d i m ? a a o t s m oC nos assu i

A

cena de um menino andando num tricículo enquanto a câmera o acompanha lentamente pelos corredores do Hotel até o encontro de gêmeas se tornou um clássico. Mas o que a torna tão assustadora? A primeira caraterística que podemos notar é a estética simétrica de Kubrick. Todos os elementos da cena se encontram num horizonte, divindo a tela de forma siamesa para que os olhos do espectador se concentrem no cento e então se deparem com as irmãs. Outro ponto é a velocidade da cena, que faz nos sentir andando atrás de Dany de forma que chega a ser incômoda, então criando uma atmosfera tão realista que a sensação é de estarmos participando daquilo.

A palavra mais usada acima, entre sinônimos, foi sentir. E essa é a chave para que haja um terror legítimo. Podemos separá-lo em:

JUMPSCARE ≠ SENTIMENTO

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O mais simples e comum de se realizar é o Jumpscare. Pense em uma cena onde o personagem está em um cenário extremamente escuro e o som do ambiente é praticamente imperceptível. Num instante a calma é quebrada com uma música desconcentante e um personagem que preenche a tela, normalmente com uma aparência de dar calafrios. Quantos filmes encaixam nessa descrição?

Agora uma estória que gere mais do que uma reação física ao pularmos com o susto, mas nos envolva emocionalmente é o que torna, por exemplo, O Iluminado (1980) tão memorável. Explorar as emoções humanas pode ir muito além da estória. O filme italiano Suspiria (1977), cria um ambiente de tensão através da cor vermelha presente em quase todos os cenários e a trilha sonora composta pela banda de rock progressivo Goblin. A trama em si não traz nenhuma grande inovação, mas estes elementos fadaram um dos filmes mais bem sucedidos do diretor.


A

conceituada série cult dos anos 90 revolucionou tanto o formato de um seriado quanto o entendimento por terror. Primeiramente os episódios passaram a ter continuidade, a trama contida em cada um depende do próximo e é preciso vê-los em ordem para que haja coerência. Então a mente surrealista de David L Lynch, o diretor, inovou mais um vez: os personagens até então retratados entre os extremos bem e mal foram fundidos na ideia de que ambos estão contidos em qualquer ser humano - dependendo das situações que são postos para para externá-los. Entre as criaturas da pacata Twin Peaks encontramos garçonetes, pais, estudantes, empresários e policiais, porém no mesmo cenário há violência doméstica, prostituição, tráfico e conversas enigmáticas com anões e gigantes. Tudo encontra-se muito além da frase que marca a série:

Q U E M M AT O U L A U R A PA L M E R ? BLACK LODGE Realidade paralela a Twin Peaks, é uma sala de cortinas vermelhas e chão com padronagem hipnótica acessada pelo Agente Especial do FBI Cooper, responsável pela investigação do assassinato, em seus sonhos (ou previsões?). Nela há um estranho anão e a própria Laura, MARGARET os quais dão enigmas cruciais para que se chegue a resposta LANTERMAN LAURA PALMER da pergunta icônica, porém com A personagem central da série, o impecílio de todos falarem ao Personagem peculiar entre outras de Twin Peaks. A estranha onde circunda a trama. A jovem contrário nesse local. senhora que carrega um “tronco rainha do baile e querida por tobebê” a todo momento, o qual dos é encontrada assassinada a ela afirma saber todos os segresangue frio. Logo é descoberto a dos da cidade. Margaret pode vida dupla de Laura: prostituição pararecer apenas uma loue uso drogas moldam sua desca, mas representa como a retruição. No longa Twin Peaks: alidade das pessoas pode ter Fire Walk With Me seus últimos diferentes percepções e criar dias são retratados de forma ínmetáforas podem ser essenciais tima e melancólica. Mas, afinal, para manter nossa sanidade. qual mostro faria tal atrocidade?

TWIN PEAKS A peculiaridade, Black Lodge e o mal 07


O TERROR DE JUNJI ITO E beleza horripilante do mangaká

A imagem do terror está quase sempre associada a feiura, ao bizarro e gore. Porém, um maestro do gênero localizado no outro lado do mundo prova que a beleza e o macabro podem andar de mãos dadas. Junji Ito ainda é jovem, mas têm ganhado cada vez mais espaço como mangaká de terror. Começando por suas ilustações, não é preciso cores

para que sua arte seja incrível, apenas preto e branco e seu jogo de sombras e realces podem deixar um leitor não dormir por dias. Partindo para a narrativa, Ito não precisa de criaturas sobrenaturais ou banhos de sangue, há algo muito mais aterrorizante que isso: o dia-a-dia. E nesse ponto crucial sua arte deixa de ser apenas mais uma estória e então uma ideia genial. Afinal, apesar de coisas que estão fora da realidade serem capazes de provocar medo, remodelar algo tão próximo é quase uma experiência real. Como exemplo, Cat Diary: Yon & Mu (2009) é quase um alívio cômico para o seu repertório, porém com um elemento arrepiante: um gato com manchas nas costas formando uma caveira. O mangá não passa de contos de conviência com o animal que o odeia e o aterroriza de tal forma que é capaz de nos fazer acreditar também que ele é mais do que aquela criatura.

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Sua estória mais famosa é Uzumaki (1998), uma pequena cidade que é aterroriza-

da não por fantasmas ou monstros horrendos, mas pela ideia abstrata de espirais. Literalmente a forma geométrica. Um elemento tão banal presente na curva das plantas, caracóis e redemoinhos na água é suficiente para uma experiência única. O pai de um dos protagonistas começa com um leve interesse peculiar pela forma, mas gradualmente coleta e coleciona mais e mais objetos, e então contorce seu próprio corpo até o ápcie, numa das melhores e mais assutadoras viradas de página de Ito.

Ainda como uma das características de Ito, suas estórias não são meramentes para causar medo, havendo também forte presença de críticas sociais. Em um de seus contos, Ribs Woman (2003), uma adolescente é extramente insegura com seu corpo por ter uma cintura muito reta. Utilizando esse drama da beleza, comum entre jovens, a narrativa leva a personagem a procurar um cirurgião plástico para remover algumas costelas. Depois da consulta, Yuki encontra a namorada de seu irmão surtando com uma música desconcertante que apenas ela ouve. Juntos os três vão ao encontro da origem sonora, e descobrem uma mulher misteriosa com um instrumento de corda feito com uma costela. Dias depois, a namorada é encontrada multilada e quase sem nenhuma costela. Mesmo assim, Yuki realiza a cirurgia. Pouco antes o médico confessa que operou apenas duas mulheres, a moça encontrada morta e uma mulher com problemas mentais, a qual ele cedeu a obssessão e retirou quase todas as costelas. O conto não acaba com uma conclusão concreta e racional, mas a mensagem é clara: não busque atingir os padrões de beleza.

A ESPIRAL DO HORROR

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BIOHAZARD 7 É UM BOM JOGO DA FRANQUIA? Os jogos surgiram com uma nova propos-

ta de interação, onde o usuário deixa de ser o espectador e se torna o personagem. No caso do terror, a vítima. Os jogos da franquia Bioharzad ou Resident Evil foram pioneiros na confinação e sobreviência, algo que nos aproxima ainda mais da narrativa. Para acrescentar, alguns personagens se apresentaram em quase todas as sequências, conquistando e marcando os jogadores. Em Resident Evil 7, o grande esperado era mais uma extensão da estória já conhecida ou o desfecho dela. Porém, o jogo foi renovado quase em um novo. Algumas características clássicas foram mantidas, como a combinação de itens, as salas seguras, o inventário, além de uma ambientação digna de pavor e claustrofobia. No entanto, o enredo foi de longe algo original. Nosso personagem, Ethan, recebe uma mensagem em vídeo de sua esposa, Mia, desaprecida há anos. Louco por repostas, ele vai até o local e é onde seu inferno começa. Até então é possível notar uma grande inspiração em Sillent Hill 2. Seguindo, descobrimos que Mia está presa em uma 10

família de caipiras insana que se diverte multilando e praticando canibalismo. Mais uma referência clássica, ao filme O Massacre da Serra Elétrica (1974) e a família Sawyer/ Hewitt, além de no ano anterior a temporada de American Horror Story (2011-) trazer a mesma temática. Ou seja, inovação e criativade não foram sinônimos de RE7, sendo que as referências a outros jogos e filmes não acabaram. Sintetizando, o jogo pareceu ser formado por uma grande coucha de retalhos. Apesar da frânquia ser clássica e ter um número considerável de jogadores fiéis, a Capcom arriscou em se adaptar ao modelo moderno de terror. O resultado foi um jogo com tempo de campanha entre 4 e 8 horas mediano, perdendo diversos fãs, porém ganhando uma nova geração. RE7 é um bom jogo para os moldes atuais, porém está longe de ser digno do nome da saga.


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JUNT OS ATÉ O FINAL

ÚLTIMA TEMPORADA FEV 20


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