CONJUNTO DE USO MISTO > HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL Thelma Luiza de A. Cardoso Prof. Or. Denise Duarte
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CONJUNTO DE USO MISTO>HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO
CONJUNTO DE USO MISTO: HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL
TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO
THELMA LUIZA DE ARAÚJO CARDOSO PROF. OR._Denise Helena Silva Duarte Junho, 2011
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“ .. o que você convoca? Com que critério o faz para poder construir a maquete que tinha imaginado? Você convoca a consciência da transformação, da dignidade, da esperança, e daquilo que você pretende... E o que nós pretendemos?” Paulo Mendes da Rocha, 2007, p.28
“ Portanto, a grande questão da arquitetura é saber o que se quer fazer.” Paulo Mendes da Rocha, 2007. p.30
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AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer primeiramente minha orientadora Denise Duarte por sua paciência inesgotável, dedicação e comprometimento,
A meus pais pelo apoio incondicional e carinho de sempre,
A meu irmão companheiro de todas as horas - agradeço especialmente as assessorias técnicas e os brownies com capuccino!
Aos meus amigos que de muitas formas contribuiram para o trabalho, com palpites, referências, links, livros, arquivos surrupiados, conversas nas escadaria, tutoriais feitos sob medida em horários indecentes!.. e assim vai Agradeço especialmente ao Luiz Seo, Juliana Gushi, Eduardo Telles e Marysol Brito pela ajuda
MUITO, MUITO OBRIGADA!
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SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS 5 INTRODUÇÃO 8 CONCEITOS
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SUSTENTABILIDADE 10
CIDADES 12 CRESCIMENTO URBANO MUNDIAL
12
CRESCIMENTO NA AMERICA LATINA
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CRESCIMENTO URBANO NO BRASIL
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SUSTENTABILIDADE NAS CIDADES 19 METABOLISMO/ PEGADA ECOLÓGICA
19
MODELOS URBANOS 20 CIDADES COMPACTAS 21 CONCENTRAÇÃO DESCENTRALIZADA
21
AS CIDADES DE ‘CICLOS CURTOS’ (Short Cycles cities) 22
CIDADES MUNDIAIS 8
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SÃO PAULO METRÓPOLE
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JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO SÍTIO A CIDADE
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EDIFICAÇÃO E DESENHO URBANO COM ADENSAMENTO E QUALIDADE AMBIENTAL 30 ESCOLHA E ANÁLISE DA ÁREA DE INTERVENÇÃO
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PROJETO 39 DISTRIBUIÇÃO DO PROGRAMA
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PLANTAS 54 UNIDADES 64 CORTES E ELEVAÇÕES 68 DETALHES 76 IMAGENS MAQUETE
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BIBLIOGRAFIA 90
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INTRODUÇÃO Um dos primeiros requisitos para fazer o projeto é que ele se localizasse na cidade de São Paulo, ou na região metropolitana. É aqui que vivo, e é o meio que conheço e para o qual gostaria de contribuir. São Paulo é uma cidade que cresceu tão rapida e desordenadamente que é difícil eleger algum tema arquitetônico que tenha mais urgência que outro. Transporte, habitação, equipamentos públicos, somos carentes em todos. Eu escolhi fazer habitação, por ser o espaço mais básico e primeiro com o qual cada homem, cada cidadão se relaciona, e por observar a disseminação pela metrópole de residências feitas com ausência de projeto, carimbos espalhados sem qualidade ambiental, sem conforto, sem personalidade, sem poesia.
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CONCEITOS SUSTENTABILIDADE “Then I say the earth belongs to each... generation during its course, fully and in its own right, no generation can contract debts greater than may be paid during the course of its own existence.” Thomas Jefferson, 1789
Repetido a exaustão, atualmente, em todos os meios comunicativos o termo ‘sustentabilidade’ apesar de bastante conhecido pelo público geral parece não estar sendo assimilado e compreendido na sua totalidade, tendo o anteriormente mencionado em vista dedico este capítulo inicial à discussão do termo. ‘Desenvolvimento Sustentável’ foi cunhado pela primeira vez em 1987 pelo Brundtland Reporte, que descrevia “desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer o atendimento às necessidades das gerações futuras” (GONÇALVES, J. C.S., DUARTE, D.H. 2006). O uso excessivo, e equivocado, do termo com intenções comerciais vem deturpando seu significado essencial que engloba muito mais do que apenas questões ambientais. O conceito de sustentabilidade é ampliado e deve ser entendido como um tripé baseado nas esferas Ambiental, Social e Econômica como exemplifica a Profª Drª Cássia Maria Lie Ugaya (SB10 Brasil). Estas esferas estão intrinsecamente ligadas e se retroalimentam; quer dizer cada esfera impacta direta ou indiretamente as outras duas e sendo assim a sustentabilidade só pode ser alcançada juntamente com um equilíbrio entre as três. “Sustainability refers to the ability of a society, ecosystem, or any such ongoing system to continue functioning into the indefinite future without being forced into decline through exhaustion...of key resources. In the case of society, those resources might be material, such as fuels or topsoil; they might be social, such as educational levels or the sense of fair play; or they might be wasteabsorbing natural systems, such as wetlands or the atmosphere” Robert Gilman, 1992 12
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O conceito de sustentabilidade não se restringe à escolha de materiais e/ou métodos construtivos, aplicações de novas tecnologias ou avaliações de desempenho de um edifício, como parece estar sendo difundido hoje em dia. Buscar a sustentabilidade em um projeto significa percorrer um caminho de quebra de paradigmas, repensar as bases e propor as soluções de menor impacto possíveis em cada contexto. Um edifício sustentável não é necessariamente um edifício caro, em um mundo onde um quarto da população vive abaixo da linha de pobreza, segundo relatório do Banco Mundial (G1, Globo.co, 2008) não poderia ser. Esperar que a tecnologia de ponta esteja acessível a toda a população para que tenhamos cidades sustentáveis não é possível, sobretudo quando o crescimento das mesmas nas próximas décadas (em tamanho e número) se dará principalmente nos países mais pobres. (BURDETT, 2007). Todavia o desenvolvimento destas tecnologias e de projetos como, por exemplo, os que buscam o impacto zero nas residências, são de extrema importância; o idealismo é tão necessário quanto o pragmatismo, e é apenas com a união de ambos que se pode chegar à sustentabilidade.1
“A sustentabilidade de um projeto arquitetônico começa na leitura e no entendimento do contexto no qual o edifício se insere e nas decisões iniciais de projeto” (GONÇALVES, J. C.S., DUARTE, D.H. 2006.p.54)
1 Source: United Nations, Department of Economic and Social Affairs, Population Division (2006). World Urbanization Prospects: The 2005 Revision. Working Paper No. ESA/P/WP/200. Disponível em: http://www.un.org/esa/population/publications/WUP2005/2005WUP_FS4.pdf.Monday, November 15, 2010; 12:52:54 PM. 13
CIDADES CRESCIMENTO URBANO MUNDIAL “Hoje elas [as cidades] consomem três quartos de toda a energia do mundo e causam pelo menos três quartos da poluição global. As cidades são o centro da produção e do consumo da maior parte dos bens industriais e acabaram se transformando em parasitas da paisagem” (ROGERS, Richard. 1997. P.27) Não obstante serem as maiores consumidoras e geradoras de poluição as cidades apresentam um ritmo de crescimento jamais visto na história, até 1900 apenas 10% da população mundial vivia em cidades, desde 2007 somos já 50% e a expectativa é que em 2050 sejamos no total 75% (BURDETT, 2007) É importante também enfatizar que não é apenas uma migração da cidade para o campo, mas o crescimento populacional em números absolutos também sobe em proporções que merecem atenção. A estimativa de crescimento populacional entre os anos de 2005 e 2030 é de 1.7 bilhões, passando de 6.5 bi. em 2005 a 8.2 bi. em 2030, sendo que quase a totalidade do crescimento deve ocorrer nos países menos desenvolvidos e nas áreas urbanas, já que a população rural mundial contribuirá pela primeira vez com um crescimento negativo (UN. World Urbanization Prospects: The 2005 Revision). Em todo o mundo já existem diversas cidades com mais de 1 (hum) milhão de habitantes. Porém toda uma nova geração de megacidades com mais de 10 milhões de pessoas se desenvolve sobretudo pela Ásia, partes da África e Américas central e sul. Ao lado o mapa demonstra com a graduação de cores a desigualdade social nos países, quanto mais escuro maior a desigualdade. Assim podemos observar que o ‘boom’ de megacidades se dará, sobretudo nos países de maior desigualdade. Essa informação talvez não ofereça nenhuma novidade, já que é uma tendência facilmente observável, contudo realaça a necessidade urgente da adoção de um planejamento urbano consistente nestas novas megalópoles. O crescimento urbano demasiadamente acelerado torna muito difícil que a infra-estrutura necessária ao atendimento das necessidades básicas de uma cidade consiga acompanhar seu ritmo, e sem planejamento, gera problemas urbanísticos bastante difíceis de serem resolvidos futuramente, principalmente em cidades cuja economia é mais frágil, está é no entanto a partica mais corrente em tais países. Se entendemos o planeta como um sistema fechado de recursos finitos não é preciso ir longe para concluir que garantir a sustentabilidade - em todos os seus aspectos, sociais, ambientais e econômicos - é um ato que requer mobilização global já que todos nossos sub-sistemas são interrelacionados.
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Figura 5. MAPA DA DESIGUALDADE SOCIAL NO MUNDO Fonte: Urban Age, at http://www.urban-age.net/10_ cities/_data/_FSAC/WLD.html
CRESCIMENTO POPULACIONAL MUNDIAL
Figura 1: CRESCIMENTO POPULACIONAL NO TEMPO (BILHÕES DE PESSOAS)
2020 1980 1940 1900 0
2
4
6 Baixo
8 Alto
10
12
14
16
Média
CRESCIMENTO POPULACIONAL MUNDIAL (CONTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO URBANA E RURAL)
100% 80% 60% 40%
Regiões mais desenvolvidas, população rural
2025-‐2030
2020-‐2025
2015-‐2020
2010-‐2015
2005-‐2010
2000-‐2005
1995-‐2000
1990-‐1995
1985-‐1990
1980-‐1985
-20%
1975-‐1980
0%
1970-‐1975
20% 1965-‐1970
Source: United Nations, Department of Economic and Social Affairs, Population Division (2006). World Urbanization Prospects: The 2005 Revision. Working Paper No. ESA/P/WP/200. (http://www.un.org/esa/ population/publications/WUP2005/2005WUP_FS4.pdf 15 nov. 10,13:15 PM )
2060
1960-‐1065
Figura 2: CRESCIMENTO POPULACIONAOL MUNDIAL (CONTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO URBANA E RURAL)
2100
1955-‐1960
en.wikipedia.org/wiki/World_population
(BILHÕES)
1950-‐1955
Gráfico feito com base nos dados de : World population from 1800 to 2100, based on UN 2004 projections and US Census Bureau historical estimates. Fonte: http://
Regiões mais desenvolvidas, população urbana
Regiões menos desenvolvidas, população urbana Regiões menos desenolvidas, população rural
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Figura 3: MAIORES CIDADES DO PLANETA Fonte: BURDETT, Ricky; SUDJIC, Deyan (ed.). The endless city. London: Phaidon, 2007. P.26-29.
1 milhao 5 milhoes 15 milhoes
20 milhoes
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Figura 4: VELOCIDADE DE CRESCIMENTO DAS CIDADES - PESSOAS ACRESCIDAS POR HORA ATÉ 2015 Fonte: BURDETT, Ricky; SUDJIC, Deyan (ed.). The endless city. London: Phaidon, 2007. P.26-29.
+6 LONDON
+-0 BERLIN
+25
+16
+12
ISTANBUL
BEIJING
NEW YORK
+24
+15 BAGHDAD
CAIRO
+14
RIYADH
+23
+18
mEXICO CITY
KHARTOUM
+14
+58
KABUL
+39
+42 +42
DELHI
KARACHI
+32 SHANGHAI
+50
+23
GUANGZHOU
DHAKA
MUMBAI
+17
BANGALORE
+16
+25 MANILA
HO CHI MINH CITY
ADDIS ABABA
LAGOS
+15
+39
NAIROBI
KINSHASA
+24
+20
+39 JAKARTA
+4 JOHANESBURGO
sao Paulo
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CRESCIMENTO NA AMERICA LATINA Como pode ser observado a maior parte do ‘boom’ em cidades se dará nos países em desenvolvimento, mas é possível notar que as maiores taxas de crescimento encontram-se principalmente na Ásia e partes da África, tendo sido destacadas na América Latina apenas as taxas de crescimento da Cidade do México e São Paulo. Esta diferença, no entanto, é um reflexo apenas do momento econômico no qual nos encontramos na América em comparação com a Ásia, que te ve o seu um grande crescimento econômico algumas décadas depois , e da ocupação histórica do nosso continente. O crescimento urbano na América continua em ascensão movido tanto pelo aumento populacional quanto pela diminuição da contribuição da população campesina. O fato a ser destacado é que a América do Sul já é uma das partes mais urbanizadas do planeta. Enquanto a média da população mundial a viver em cidades é de 50%, nosso continente já conta com 83% da população habitando as urbes, e a expectativa é que esta taxa continue crescendo, chegando a 90% por volta de 20502 – o que se aproxima da realidade da América do Norte, porém com uma condição social e econômica bastante distinta.
Figura 6. CRESCIMENTO POPULACIONAL NA AMÉRICA LATINA Fonte: Urban Age, at http://www.urban-age.net/10_ cities/_data/_FSAC/PGSA.html
“Given that 37 per cent of the population in Brazil live in favelas at the beginning of the twenty-first century, compared to 33 per cent in Argentina, 22 per cent in Colombia and an astounding 68 per cent in Peru, against an average of almost 36 per cent across South America, the challenge for decent housing, provision of urban services and economic opportunities requires urgent action.”3
A média de pessoas vivendo em favelas na parte latina do continente é de 36% com variações relativamente grandes entre alguns países, porém o Brasil se encontra bastante próximo à média com 37% da população vivendo em cidades não consolidadas. Decorrentes de fatores históricos ou econômicos estas ‘cidades’ são resultantes e geradoras de uma série de conseqüências socais, econômicas e ambientais e urgem ações para torná-las mais sustentáveis.
2 http://www.urban-age.net/10_cities/_data/data_SP.html 3 http://www.urban-age.net/10_cities/_data/data_SP.html 18
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Figura 7. AS 10 MAIORES REGIÕES METROPOLITANAS DA AMÉRICA LATINA Fonte: Urban Age, at http://www.urban-age.net/10_ cities/_data/_FSAC/SALMR.html
CRESCIMENTO URBANO NO BRASIL Segundo dados a ONU apresentados em 2007 apenas 2,2% de toda a área do país é ocupada por cidades, ainda que 84% da nossa população habite as mesmas. A população brasileira quase quadruplicou em apenas 60 anos, de pouco mais de 50 milhões de habitantes em 1950 para quase 200 milhões em 2010 (vide gráfico abaixo). Tendo quase 85% da população morando em cidades atualmente,4 ficam evidentes os impactos deste crescimento nas mesmas. O aumento da demanda de habitação poucas vezes foi acompanhado pelo crescimento da infra-estrutura necessária à vida na cidade, criaram-se e/ou desenvolveram-se assim cidades ilegais e irregulares, sem qualquer planejamento urbano. Nestes aglomerados a via de regra é: - falta de infra-estrutura básica: saneamento, transporte, saúde e educação; - exclusão social; O não reconhecimento por parte do Estado da ‘cidade informal’ não o obriga a prover de infraestrutura tais regiões: os moradores, não possuindo um endereço regular, são automaticamente excluídos da sociedade; - economias ‘informais’: desassistidas pelo Estado, comumente se desenvolvem nas favelas atividades econômicas – pequenos comércios e serviços - que também não são reconhecidos; - moradias insalubres e inseguras geralmente feitas por auto-construção e com materiais de baixa qualidade. 4
ONU 2007
CRESCIMENTO POPULACIONAL NO BRASIL 2050 2040 2030 2020 2010 2000 1990 1980 1970 1960 1950 0
50
100
150
200
250
População (milhões) 19
favelas.
Tais características descrevem a situação de 29% da população urbana, que segundo o relatório da ONU vive em
Apesar do quadro acima descrito, o crescimento econômico do Brasil vem permitindo uma série de investimentos por parte do Estado em obras de infra-estrutura. Habitação popular é um dos grandes temas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) criado pelo governo Lula em 2007. Em março de 2009 foi lançado o programa Minha Casa Minha Vida que pretendia a contratação da construção de 1 milhão de moradias, das quais até agora apenas 30% foram entregues5. Apesar do pequeno avanço já se está implementando a segunda fase do programa que pretende chegar a 2 milhões de moradias entregues até 2014, com um valor de investimento quase 9 vezes maior em comparação à primeira fase. Os programas beneficiam famílias com rendimento de 0 até 5 salários mínimos. Ainda falta muito para suprir o déficit de 5,8 milhões de domicílios do país6. Entretanto este é um momento importante de intervenção em escala urbana nas cidades de todo o Brasil. Pode ser a oportunidade de reparar erros e caminhar em direção a cidades ambientalmente mais corretas e socialmente mais justas, ou a consolidação de problemas causados pela falta de planejamento característica do crescimento urbano brasileiro.
5 http://noticias.r7.com/economia/noticias/investimento-em-habitacao-no-pac-2-e-quase-nove-vezes-maior-que-o-original-20100329.html 6 http://www.seesp.org.br/site/cotidiano/637-deficit-habitacional-caiu-8-diz-governo.html 20
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SUSTENTABILIDADE NAS CIDADES “cities are not just concentrations of problems – which they are – but [..] they are also where problems can be solved.” Ricky Burdett and Philipp Rode – The endless city p. 23
METABOLISMO/ PEGADA ECOLÓGICA
Figura 9 Metabolismo das cidades Fonte: Rogers,1997
O conceito de Pegada Ecológica já é quase tão difundido quanto o conceito de sustentabilidade. As pessoas começam a entender, por meio de diversas iniciativas – como sites nos quais elas próprias podem calcular a sua pegada ecológica fornecendo dados pessoais – as conseqüências do seu estilo de vida, mas acima de tudo do seu estilo de CONSUMO. Utilizado por primeira vez em 1992, por William Rees, ecologista e professor canadense da British Columbia University, e autor do livro Our Ecological Footprint: Reducing Human Impact on the Earth, a pegada ecológica, não é nada além de um cálculo que ajuda a comparar a extensão de recursos disponíveis e consumidos para gerar produtos bens e serviços que mantenham nosso estilo de vida. Explicado pelo site do WWF-Brasil: 7 “... em outras palavras, trata-se de traduzir, em hectares (ha), a extensão de território que uma pessoa ou toda uma sociedade “utiliza”, em média, para se sustentar.” A idéia do Metabolismo das cidades, apresentada por Herbert Girardet em seu livro Creating Sustainable Cities, relaciona-se com a da pegada ecológica. A organização das cidades historicamente demonstra a adoção de um sistema de metabolismo linear. A cidade passa a ser entendida como um organismo que necessita consumir, e por conseqüência gera resíduos. Possuímos em geral uma lógica linear de consumo, como exemplificado no primeiro gráfico da imagem ao lado. Entram nas cidades os recursos necessários à sua manutenção, alimentos, energia e mercadorias, os quais são consumidos e deles resultam os resíduos: orgânicos, inorgânicos e emissões. Este modelo talvez fosse passível de manutenção até por volta do século XVIII, mas o crescimento da população mundial e das taxas de urbanização, assim como a radical mudança dos padrões de consumo gerada com a revolução industrial, originada na Inglaterra ainda no século XVIII e disseminada 7 http://www.wwf.org.br/wwf_brasil/pegada_ecologica/ 21
pelo mundo a partir do XIX, tornam este modelo insustentável. Atualmente o nosso padrão de consumo é pautado pela nossa grande referência de potência capitalista – que apesar de não se encontrar na melhor posição econômica e política – ainda dita as tendências: os Estados Unidos. Sua influência na América é bastante forte, nossa política econômica busca conduzir o Brasil na direção do “sonho americano”, inicialmente pensado apenas para os estadunidenses, passa a ser também o nosso: residências unifamiliares, comodidades como todos os eletroeletrônicos que possam facilitar nossas vidas, e acima de tudo um carro para cada cidadão. O estímulo por parte do governo à adoção deste veículo para mobilidade se reflete na conformação das nossas cidades que caminham no sentido contrário ao da sustentabilidade. Os Estados Unidos sozinhos consomem 25% da energia global, são responsáveis por 22% o PIB mundial, contribuindo com uma população de apenas 4,5%8 isso é apenas para ilustrar como este modelo não é passível de reprodução. Mudança de hábitos e redução do consumo são idéias com as quais provavelmente teremos que nos acostumar, as nossas cidades devem caminhar em busca de um ‘metabolismo circular’. Parte da redução na necessidade de entrada de recursos pode ser conseguida com a reciclagem de materiais residuais e na insistência do consumo de renováveis. 1997
“Estes processos aumentam a eficiência global do núcleo urbano e reduzem seu impacto no meio ambiente” Rogers,
A reciclagem e reutilização de matérias são importantes, porém não suficientes, dado que as cidades são as maiores causadoras de poluição global e tendo em vista o nosso alto e crescente grau de urbanização, se torna imprescindível a revisão dos nossos modelos urbanos.
MODELOS URBANOS Na busca por um modelo de cidade mais sustentável não encontramos apenas uma resposta possível, e nem poderia ser assim, em um mundo com realidades tão díspares e cidades com culturas e histórias diferentes que resultaram em formas tão distintas buscar um único modelo seria paradoxal. Existem alguns modelos genéricos, no entanto que são propostos pela comunidade acadêmica e entendidos como sustentáveis. Hildebrand W Frey investiga três deles: as cidades compactas, as de concentração descentralizada (ou policêntricas) e as “Short Cycles Cities” – em tradução livre ‘Cidades de Ciclos Curtos’, descritas a seguir.9 8 http://en.wikipedia.org/wiki/World_energy_resources_and_consumption 9 FREY, Hildebrand W. The Search for a Sustainable City, apresentado na 21st Conference on Passive and Low Energy Architecture. Eidhoven, The 22
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Figura 10 - Sistemas Urbanos (adaptado pela autora) Fonte: Rogers, 1997
CIDADES COMPACTAS Defende-se que uma estrutura compacta urbana seja eficiente em termos de distribuição das atividades humanas, otimizando o uso da infra-estrutura torna viável o uso do transporte público diminuindo a necessidade do carro (e conseqüentemente a poluição emitida), torna possível deslocamentos feitos a pé ou por veículos não motorizados – reduz, portanto o consumo de energia. Propicia mais fácil acesso aos locais de trabalho, serviços e facilidades (facilities) reduz a necessidade de deslocamentos e proporciona mistura social, contato com a diversidade – todos os fatores somados refletem-se na qualidade de vida de seus habitantes. CONCENTRAÇÃO DESCENTRALIZADA Frey descreve ainda que outros defendem o modelo de concentração descentralizada em detrimento das cidades compactas, apontando que o último apresenta uma série de problemas graves como o impacto negativo no campo e no desenvolvimento das comunidades rurais, o aumento do congestionamento e da poluição, redução da privacidade e do que se chama de “amenity spaces” – espaços que proporcionam oportunidades para atividades informais perto de casa ou do trabalho, espaços de convivência e lazer. Levanta também que as cidades compactas levam à segregação social devido ao alto preço das vivendas no coração da cidade e no subúrbio – referindo-se à realidade das cidades européias e que dada a configuração da maioria das cidades em tal continente a compacidade não é economicamente viável ou socialmente aceita por boa parte de seus habitantes. Propõe-se assim uma estrutura urbana compacta com assentamentos densos e centros afastados do centro principal e das conurbações. É importante notar aqui que a idéia de um centro principal com características particulares permanece e o que se está sugerindo é uma homogeneização no acesso às centralidades – serviços e produtos gerais - por parte da cidade.
Netherlands, p. 19-22.Set 2004 23
AS CIDADES DE ‘CICLOS CURTOS’ (Short Cycles cities) Este modelo de cidade é na verdade um desenvolvimento do apresentado anteriormente (a concentração descentralizada) através da inclusão dos princípios ecológicos debatidos na Agenda 21 (documento resultante da conferência organizada pela ONU que uniu por diversos países para discutir o desenvolvimento mundial tento em vista a busca pela proteção ambiental, justiça social, e eficiência econômica, realizada em 1992, no Rio de Janeiro). O modelo procura atingir a sustentabilidade ambiental por meio de um uso mais eficiente dos recursos naturais e da reciclagem, maior autonomia local e menor pegada ecológica. Tal modelo poderia ser adaptado às cidades já existentes, procurando aumentar a acessibilidade a espaços verdes, aumentando e integrando a rede de tais espaços fornecendo maiores possibilidades de lazer para a população, além de impactar no microclima urbano, reduzindo assim o impacto da poluição. O aumento das áreas verdes acaba por reduzir a densidade geral da cidade, o que pode ser compensado com um maior adensamento e concentração do desenvolvimento periférico, para tanto a integração entre as novas partes da cidade e as antigas e a qualidade do desenho e manutenção dos sistemas de transportes é crucial, como descreve Frey. Mesmo apresentando conceitos diferentes todos os três modelos possuem uma característica em comum: consideram a centralização em algum nível das atividades – a mistura de usos parece ser senso comum no entendimento de uma cidade urbanisticamente viva e ambientalmente inteligente. A mistura de usos em detrimento da segregação traz alguns benefícios facilmente reconhecíveis como a diminuição da redução da necessidade do transporte individual e a facilidade de deslocamento, mas talvez ainda sua maior qualidade seja a intangível e subjetiva mistura social, a vitalidade e diversidade só encontradas nas cidades que nos estimulam a viver nessas comunidades.
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Figura 11 - Uso Misto Fonte: Rogers, 1997
POPULAÇÃO (MILHÕES) 1975
2000
2005
2015
TOKYO
26.6
34.4
35.2
35.5
CIDADE DO MÉXICO
10.7
18.1
19.4
21.6
NOVA YORK - NEWARK
15.9
17.8
18.7
19.9
SÃO PAULO
9.6
17.1
18.3
20.5
BOMBAY
7.1
16.1
18.2
21.9
DELHI
4.4
12.4
15
18.6
XANGHAI
7.3
13.2
14.5
17.2
CALCUTÁ
7.9
13.1
14.3
17
JACARTA
4.8
11.1
13.2
16.8
BUENOS AIRIES
8.7
11.8
12.6
13.4
Figura 12 MAIORES AGLOMERAÇÕES URBANAS EM 2005 E RESPECTIVAS TAXAS DE CRESCIMENTO ENTRE 1975-2005 Fonte: United Nations, Department of Economic and Social Affairs, Population Division (2006). World Urbanization Prospects:The 2005 Revision.
CIDADES MUNDIAIS “if London loses out in its attractiveness for an Idonesian Corporation or a Russian oil company as a place in which to do finacial Business, it will not be Manchester, Edinburgh our Birmigham that becomes a viable alternative It will be Frankfurt, Tokyo or New York.” Deyan.Sudjic, The endless city p.48.
Trabalhar as questões urbanas das cidades no Brasil é diferente de trabalhar as mesmas em São Paulo. São Paulo é uma cidade mundial, o centro econômico de maior importância latino-americano. Isto implica em dinâmicas muito diferentes se comparada com as demais cidades brasileiras. Em termos políticos e econômicos, é possível dizer a cidade relaciona-se mais com NY, Tókio, Londres, Hong Kong, por exemplo, que com suas vizinhas conterrâneas. O conceito de cidades globais ou mundiais vem do entendimento da hierarquia de importância para o funcionamento do sistema global de finanças e comércio10. Sendo a quarta maior aglomeração urbana mundial com quase 20 milhões de habitantes (considerando a metrópole) é esta cidade que, de alguma forma, representa a 11ª maior economia do mundo, a nossa11. Independente de todas as disparidades sociais do país é importante entender a posição do Brasil no mundo e a de São Paulo por conseguinte. A dinâmica urbana é reflexo direto da econômica, este fato não pode ser ignorado ao se propor uma intervenção. Entender que o centro de São Paulo, não é uma referência importante apenas para a própria cidade, mas também um nó de entroncamento da região metropolitana, que se relaciona com todo o país, região latino-americana e demais continentes é fundamental.
10 11
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade_global Dado de 2005. http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u106421.shtml 25
SÃO PAULO
LOCALIZAÇÃO DE SÃO PAULO NO BRASIL < 23°32’S 46°37’W
PRAÇA DA SÉ
LOCALIZAÇÃO DO MARCO ZERO DA CIDADE, DENTRO DO SEU PERÍMETRO E MANCHA URBANA DA REGIÃO METROPOLITANA
SÃO PAULO METRÓPOLE
JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO SÍTIO Ainda que a cidade de intervenção escolhida para ser objeto deste exercício seja São Paulo e tendo em vista o anteriormente mencionado, que sugere que trabalhar a questão da sustentabilidade urbana no Brasil, de maneira geral, é muito diferente de pensar o mesmo problema na metrópole paulista, cujas características diferem fortemente da grande maioria das cidades brasileiras . Justifico a escolha de atuação na cidade de São Paulo por questões pessoais – é o meio onde vivo e ao qual tenho proximidade – e por observar esta metrópole com crescimento construtivo e populacional continuado, mas que por outro lado possuí um centro pleno de infra-estrutura que perde em densidade populacional deixando esta ociosa.
A CIDADE São Paulo está localizada junto a três importantes bacias hídricas que estruturaram a cidade desde a sua formação: os rios Tietê, Pinheiros e Tamanduateí. Ao longo destes rios é que passam as principais vias de onde saem rodovias que a conectam com o resto do Estado. O surgimento e desenvolvimento São Paulo se deve principalmente por sua posição geográfica estratégica: próxima ao litoral e com bons rios para a navegação a cidade se tornou um grande pólo comercial concentrando o fluxo de produtos vindos do interior para o litoral e atraindo assim diversas indústrias. Tornou-se o nó de confluência de todas as rodovias (e anteriormente ferrovias) importantes do estado, fazendo a ligação com o porto de Santos – visando o escoamento da produção. Muitos dos produtos que circulam por São Paulo, portanto, não se destinam ao consumo interno. Toda uma dinâmica econômica, no entanto fez com que a valorização crescente da cidade tornasse mais atraente às indústrias instalar-se nas regiões circundantes. A mesma dinâmica e uma tendência radial de crescimento que é decorrente do seu processo de formação, como pode ser observado nos mapas a seguir, levou ao processo de ‘periferização’ também das residências.
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CONJUNTO DE USO MISTO>HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL
Figura 13 TRÁFEGO RODOVIÁRIO EM SÃO PAULO, 1950 Fonte: MEYER, 2004
Nas imagens a seguir se pode observar o crescimento da mancha urbana da RMSP durante todo o século XX e a delimitação política da cidade de São Paulo.
“Nos últimos vinte anos os “bairros centrais” do município de são Paulo perderam população. Esse fato representa um paradoxo se compararmos à infra-estrutura neles instalada a outros que apresentaram crescimento populacional no mesmo período. Os casos mais exemplares dessas dinâmicas pressupõem a concomitância de três fenômenos: queda no número de moradores, diminuição no número de domicílios alugados e ausência de lançamentos imobiliários”. MEYER, 2004. p.236
Figura 14 EVOLUÇÃO DA MANCHA URBANA 19051997 Fonte: São Paulo Metrópole , Regina Maria Prosperi Meyer, Marta dora Grostein, Ciro Biderman – São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo. Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2004.p.43
ÁREA URBANIZADA
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LOCALIZAÇÃO DO PERÍMETRO NOVA LUZ EM SÃO PAULO PRAÇA DA SÉ - MARCO ZERO
EDIFICAÇÃO E DESENHO URBANO COM ADENSAMENTO E QUALIDADE AMBIENTAL O grupo do LABAUT/FAUUSP apresentou em 2008 um trabalho desenvolvido na área da Luz, no centro de São Paulo, que fez o levantamento dos parâmetros ambientais para concepção do desenho urbano na promoção do adensamento habitacional em projetos de recuperação de áreas centrais degradadas. Procurou avaliar o impacto da densidade populacional relacionada à forma urbana. O processo de projeto levou em consideração os parâmetros de desempenho ambiental das tipologias de construção diferente para o quarteirão da cidade, explorando o potencial ambiental e urbana da laje modernista e do bloco em perímetro. Os impactos da densidade foram testado contra cinco variáveis selecionadas para a avaliação dos modelos urbanos:
impacto de radiação solar;
porosidade do solo para absorção de água da chuva,
acesso ao sol e disponibilidade de horário,
qualidade do ar,
densidade construída;
áreas verdes.
Além das questões de conforto que englobam, acústica urbana, conforto nas áreas externas , mobilidade dos pedestres, e questões como viabilidade sócio-econômica, espaços públicos e influência cultural nos espaços. 12 Escolhida a região-laboratório foi feito um levantamento complexo e bastante completo de suas condições urbanas e climáticas. Uma equipe extensa avaliou cada edifício da área com relação ao seu porte, qualidade física e valor arquitetônico. Embasados na justificativa de que uma maior densidade habitacional é desejável na região, dado o seu potencial 12 Fonte: Relatório de pesquisa CAPES, apresentado por Alessandra Rodrigues Prata Shimomura, julho 2010, p.92 32
CONJUNTO DE USO MISTO>HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL
principalmente balizado pelo transporte público, do qual é muito bem servida, e na vitalidade econômica e cultural que é desacompanhada de uma de uma vitalidade urbana, a qual se entende é resultante da mistura cultural e social provinda da diversificação de usos, é dizer: para completar o tripé estruturador da cidade formado pelas três esferas que compõe a vida em comunidade – morar, trabalhar e lazer – falta, na região, portanto, a intensificação do uso habitacional. Feito o levantamento dos edifícios criaram-se manchas de remoções e foram mantidos aqueles tombados e que possuíam valor arquitetônico e também os edifícios com 5 ou mais pavimentos. Dentro dessa mancha de remoções novas construções foram propostas e ao final chegaram-se em duas morfologias urbanas sobre as quais foram feitos estudos de desempenho ambiental. As tipologias eram as seguintes: 1. Tipo perimetral 2. Torres + lâminas A imagens abaixo ilustram ambas as propostas, em cinza estão os edifícios a serem mantidos e em branco os propostos.
33
As conclusões finais do estudo demonstram que não há um modelo ideal a ser disseminado pela cidade, ambos possuem qualidades e questões a serem resolvidas, respondendo melhor a algumas variantes e pior a outras. O quadro resumo de tais estudos está demonstrado na tabela a seguir:
CRITÉRIOS DE DESEMPENHO AMBIENTAL SOLUÇÃO DE OCUPAÇÃO URBANA CENÁRIO 1: QUADRAS
QUALIDADE
ACESSO
CONFORTO
RUÍDO
GERAÇÃO
DO AR
AO SOL
TÉRMICO
URBANO
DE ENERGIA
ACESSIBILIDADE
PERIMETRAIS CENÁRIO 2: TORRE+LÂMINA Resultado não satisfatório (ou satisfatório em áreas restritas da proposta), porém com Fonte: GONÇALVES, 2010 in Relatório de pesquisa CAPES, apresentado potencial de melhora a ser explorado e expectativas de conformidade com o critério em grande parte por Alessandra Rodrigues Prata da área de projeto Shimomura, julho 2010, p.92 Resultado satisfatório, porém com potencial de melhora de forma a responder aproximadamente 100% para o critério de desempenho em toda a área de projeto Resultado praticamente 100% satisfatório, sem a necessidade de correções ou alterações na proposta de ocupação.
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CONJUNTO DE USO MISTO>HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL
ESCOLHA E ANÁLISE DA ÁREA DE INTERVENÇÃO Apropriando-me dos resultados do trabalho desenvolvido pelo Laboratório (LABAUT), venho somar a este, e utilizo-o como base para iniciar meu projeto tendo escolhido uma área dentro do perímetro já trabalhado para fazer minha proposição.
“Centres that have been a victim of postwar zoning demonstrate how vitality and viability are lost where housing is not part of the mix. Injecting housing into the mix wherever possible enables activity to be stretched beyond daytime office and shopping hours”. Urban Design Compendium 1 p.42
Perfil socioeconômico e características físicas do ambiente construído · Segundo a classificação do IBGE (2000), a área de estudo (parte da área urbana conhecida como Luz) insere-se no bairro de Santa Ifigênia, englobando dois distritos: Bom Retiro e República. As maiores concentrações de renda nessas localidades encontram-se nas faixas salariais de 2 a 10 salários mín, no Bom Retiro, e de 5 a 15 salários mín, na República, apontando a vocação do bairro para a Habitação de Interesse Social (HIS), e a Habitação de Médio Padrão (HMP).13 · O comércio e as atividades de serviço são os principais usos do solo, com uma densidade populacional de aproximadamente 18.000 habitantes por km2 (180 habitantes por hectare) (Prefeitura do Município de São Paulo. Dados Demográficos, 2009) · A área é dotada de uma rede de transportes capaz de conectar-se a todos os quadrantes da metrópole, paradoxalmente, edifícios e espaços públicos da área encontram-se em estado de degradação física e com algum grau de desvalorização econômica - apesar da expeculação imobiliária. · Economicamente, a área da Luz mantém-se dinâmica em decorrência da presença tradicional de segmentos comerciais especializados. 13 Relatório de pesquisa CAPES, apresentado por Alessandra Rodrigues Prata Shimomura, julho 2010 35
· Entretanto, com o caráter predominantemente comercial, o uso das ruas e dinâmica social da área está atrelado ao horário comercial. Dessa forma, o paradoxo entre a alta densidade construída e a baixa densidade populacional, que marca o centro da cidade de São Paulo, é evidente no bairro da Luz, subaproveitada para o uso residencial.
Os mapas a seguir buscam fazer um reconhecimento da região central. Como já mencionado o centro de São Paulo possuí uma dinâmica econômica muito particular, diversas ruas especializaram-se em um ramo específico de vendas. Como também já apontado este comércio ultrapassa os limites da cidade tendo um público que por vezes viaja longas distâncias para comprar aqui. É possível encontrar de tudo, na R. Conselheiro Crispiniano – Artigos para Fotografia, Av. Duque de Caxias Acessórios e peças para automóveis, R. 25 De Março - Tecidos, confecções, brinquedos, bijuterias e armarinhos, R. Florêncio de Abreu - Máquinas, Ferramentas e Ferragens, R. São Caetano - Vestidos e enxovais para Noivas, R. do Gasômetro - Madeiras em Geral, R. Santa Rosa – zona cerealista, R. Oriente, R. Maria Marcolina, R. Silva Teles - Tecidos, Confecções e artigos de Cama, Mesa e Banho e na Av. São Luís - Agencias de Viagens e Companhias Aéreas. Foram levantados também locais de abastecimento de alimentos (feiras e mercados), os equipamentos culturais disponíveis na região, que são muitos, e os desportivos, já bem mais escassos. Os espaços verdes também foram analisados, estes em toda a região central são bastante restritos, contudo próximo à área de trabalho se encontra um deles, o Parque da Luz que atende aquela região. A área é bem servida de transporte público, ainda que este se encontre saturado nos horários de pico graças ao movimento pendular dos trabalhadores que não vivem no bairro. Duas linhas de metrô e a linha de trem que estão relativamente bem conectadas, além disso a região está bem servida de linhas e terminais de ônibus. A situação habitacional também foi avaliada, a desvalorização e abandono promovem a proliferação de cortiços, é importante olhá-los no entanto como indicadores de demanda por moradias de baixo custo na região. Foram levantados também os últimos lançamentos imobiliários da região, divulgados pela revista folha em 7/11/201014. Os edifícios residenciais lançados no centro neste ultimo ano ofereceram apartamentos de 26 a 166m2, sendo a grande maioria de unidades na faixa dos 30-50m2. Entre as desvantagens de se construir no centro está a logística, que é mais complexa por ser um local de grandem movimentação, por outro lado, com uma procura tão grande não é sequer necessário fazer publicidade do empreendimento, como descreve Mauro Teixeira Pinto da construtora TAP à Folha. A ausência de estacionamento na grande maioria dos lançamentos também não parece se um problema. 14 36
Disponível em http://edicaodigital.folha.com.br/home.aspx
CONJUNTO DE USO MISTO>HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL
AREA DE TRABALHO EDIFÍCIOS TOMBADOS
RUA SÃO CA
ETANO
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RUA ORIENTE
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R.
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RIS
PIN
IA
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FONTE: http://www.piniweb.com.br/construcao/carreira-exercicio-profissional-entidades/condephaat-liberareforma-de-edificios-tombados-no-centro-de-sao-162721-1.asp
SOBREPOSIÇÃO DE INFORMAÇÕES RELEVANTES
R. SANTA ROSA
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L. D E ABREU RUA 25 DE MA RÇO
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R. F
S
E ED
AS RU
O programa Nova Luz que já está em andamento transfere à iniciativa privada o direito de desapropriar os imóveis, demoli-los e construir novos edifícios, nesta região existiam 99 imóveis tombados, dos quais 13 foram retirados da lista recentemente pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico), restando assim 86. Destes apenas 3 (a igreja de Santa Ifigênia, a igreja luterana e o viaduto de Santa Ifigênia) são totalmente protegidos, os outros prédios permanecem com um grau de tombamento menos restritivo, que permite modificações estruturais desde que a fachada original, coberturas e alguns elementos arquitetônicos sejam mantidos.
R. DO
METR
GASÔ
O
EDUCAÇÃO
EQUIPAMENTOS
CRECHE E PRIMÁRIO
CULTURA PÚBLICO
FUNDAMENTAL E MÉDIO
CULTURA PRIVADO
EDUCAÇÃO JÓVENS
ESPORTIVO PRIVADO
ÚLTIMOS LANÇAMENTOS IMOBILIÁRIOS (2010)
CORTIÇOS
RUA SÃO CA
ETANO
RUA ORIENTE
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I TA R.
CO N
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AREAS VERDES
TRANSPORTE
PRINCIPAIS RUAS COMERCIAIS
METRÔ
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ABASTECIMENTO ALIMENTAR
R. SANTA ROSA
L. D E ABREU RUA 25 DE MA RÇO
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O
PROJETO
<1>
<2>
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<4>
<5>
<1> Sala São Paulo. Sala de concertos e sede da OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) http://afonsopost.blogspot.com/2011/03/sala-saopaulo.html
Lgo. Gen Osório
<2> Praça Júlio Pretes
R. do Triúnfo
M
au
á
http://www.projetosurbanos.com.br/2007/10/02/ nova-luz-sao-paulo/
R.
<3> SESC Bom Retiro - Ainda por inaugurar fica na R. Nothman bastane próximop http://www.revistatechne.com.br/engenhariacivil/166/imprime207201.asp <4> Complexo Cultural Teatro de Dança (projeto). Futura sede da São Paulo Cia de Dança.
<5> Este edifício de esquina não é tombado, e nele funciona atualmente uma lanchonete. Apesar de um pouco descaracterizado optei por mantê-lo, por acreditar que ele carrega algumas características marcantes dos sobrados típicos da região central. foto autora.
Av. Duque de Caxias
http://wishrepor t.webnow.com.br/internas. asp?id=711
R. dos Andradas
<6>
<7>
<8>
<9>
<10>
<6> Museu Estação Pinacoteca http://www.skyscraperlife.com/arquitetura-ediscussoes-urbanas/25013-sao-paulo-pagerankingedios-historicos.html <7> Escola de Música Tom Jobim http://www.flick r.com/photos/ luizcasimiro/4705667377/ <8> Parque da Luz http://www.deanmyerson.org/saopaulocity <9> FATEC ETEC, futuras escolas a serem inauguradas. A previsão é que circulem por elas mais de 2,6 mil alunos por dia. ht t p : / / w w w. ce nt ro p a u l a s o u z a . s p. g ov. b r / Noticias/2010/abril/08b_centro-da-capitalabrigara-nova-sede-do-paula-souza.asp <9> R. Stanta Ifigênia. A apenas uma quadra de distância da área de trabalho está a rua Santa Ifigênia, conhecida pelo comércio de eletrônicos. http://www.flick r.com/photos/ tonygalvez/2143497309/
ESC 1:2000
Lgo. Gen Osório
Av. Duque de Caxias
R.
M
au á
R. do Triúnfo
R. dos Andradas
A permeabilidade das quadras é generosa em relação aos pedestres, permite caminhos com distâncias menores a serem percorridas além de oferecerem a vantagem de o interior ser mais protegido do ruído e da poluição das vias, o que torna o caminhar muito mais agradável.
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CONJUNTO DE USO MISTO>HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL
ESC 1:2000 Fluxos Edifícios a serem mantidos
Lgo. Gen Osório
Av. Duque de Caxias
R.
M
au á
R. do Triúnfo
R. dos Andradas
ESC 1:2000 Ocupação de térreo
Os fluxos acima foram pensados tendo em consideração os pontos de interesse da região, como locais de grande movimentação e os meios de transporte público, além de visuais com referências, como a torre da Sala São Paulo, que permite ao pedestre se localizar mais facilmente.
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PROJETO A análise de desempenho ambiental para os dois modelos estudados pelo Laboratório demonstrou que não há um modelo de morfologia urbana que seja mais adequado do que outro, é dizer, há que se trabalhar em cada um, suas questões, assim, supus a adoção do tipo perimetral, com pátios internos. Esta escolha foi pessoal por acreditar que as virtudes deste modelo superam suas debilidades. Acredito que a continuidade dos edifícios ao longo da rua, que se relacionam intimamente por dividir suas paredes, promovem um entendimento de conjunto ao sugerir o sentimento de pertencer a algo maior que extrapola os limites do lote e obriga cada construção a se relacionar harmonicamente com as demais. Dentro de toda a região da Nova Luz escolhi 5 quadras, que julguei interessantes para começar a fazer os estudos de fluxo. São elas as quadras localizadas entre as ruas Dos Andradas e Do Triúnfo, desde a praça Júlio Prestes à futura escola FATEC/ETEC. Feito este estudo, optei por me aprofundar na primeira quadra, localizada entre as ruas Mauá, General Osório para detalhar um de seus edifícios. Esta quadra é bastante interessante por diversas razões, entre elas, o fato de uma das suas faces ajudar a compor a praça Júlio Prestes; o edifício, portanto, deve colocar-se respeitando este espaço. Ao mesmo tempo, faz frente à Sala São Paulo, que é um edifício público de arquitetura estilo neo-classico marcante na paisagem e um dos cartões postais da cidade. Frente a ele desenvolve-se o projeto contemporâneo do futuro Complexo de Dança feito por Herzog e de Meuron. Ainda nesta quadra está a escola de música Tom jobim e alguns outros edifícios, que, apesar de não serem tombados, resolvi manter. O novo edifício, então, deveria relacionar-se com todos estes elementos. O programa do edifício foi sendo composto ao longo do trajeto, tendo sempre em mente a maior densidade possível - com qualidade. Dessa forma surgiram usos não residenciais em partes do edifício que não se mostravam adequadas a tal uso. A forma e o gabarito derivaram das sugestões feitas pelo estudo do LABAUT, todavia alterações foram realizadas para adequar mais cuidadosamente o projeto ao seu contexto.
ESC 1:750 46
CONJUNTO DE USO MISTO>HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL
Av. Duque de Caxias
R.
M
au á
R. do Triúnfo
R. dos Andradas
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DISTRIBUIÇÃO DO PROGRAMA
Visto que muitos dos edifícios a serem preservados nas três quadras iniciais eram sobrados, optei por criar um corte horizontal, uma linha de diálogo com as edificações de tal porte. Essa linha divide o meu edifício em 2 conjuntos> até 10m localiza-se o térreo, permeável de acordo com os fluxos já mencionados e um pavimento superior, ambos com pé direito nas proporções dos sobrados. Neste conjunto se encontram lojas, passagens e as entradas para as unidades do bloco superior, seu foyer e áreas de convivência de uso condominial, cujo acesso permite a entrada de visitantes que não circulam pelas zonas privadas. O bloco superior, por ter uma extensão muito grande, foi dividido em 5 conjuntos sendo 3 deles habitacionais e os restantes comerciais.
RESIDENCIAL COMERCIAL
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CONJUNTO DE USO MISTO>HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL
A opção pela divisão da lâmina veio por questões de circulação. A parte comercial tem a sua circulação vertical totalmente independente da parte residencial (elevadores e saidas de emergência), contudo, mesmo dentro da área residencial, os pátios foram subdivididos de modo que os elevadores
servissem a poucas unidades por andar. Nos blocos 1 e 3, no entanto, as circulações de emergência são compartilhadas entre dois grupos de unidades.
É apenas no subsolo que todo o edifício se conecta. Foi feito apenas um subsolo que não é suficiente para acomodar veículos relativos a cada unidade, seja ela habitacional ou comercial, essas dimensões no entanto, são intencionais: a avaliação dos últimos lançamentos comprova que a falta de estacionamento individual não se mostra como impedimento na busca por unidades. Sendo a área provida de meios de transporte público é consciente a decisão de desestimular o uso de veículos na região. Além disso é importante enfatizar a falta de mapeamento do subsolo da região central, a falta de informação torna as escavações bastante mais complexas. Um subsolo no entanto se fez necessário, para algum veículo emergencial e para as bicicletas. Também se localizam neste piso os reservatórios inferiores de água. Apesar de ser possível acessar todos os conjuntos a partir do subsolo, pode-se controlar esta entrada, em cada um deles, por meio de credenciais digitais ou catracas, localizadas na entrada do hall que dá acesso aos elevadores.
LAJE DE TRANSIÇÃO Serve trocar a modulação dos pilares, metálicos na parte superior, com modulação de 5m, e de concreto na parte inferior, com modulação de 10m. Além disso há um respiro de 1m entre a cobertura do pavimento superior e a laje de transição, que permite a entrada de ar a circular pelos páteos internos, responsável pela ventilação das unidades.
PAV. SUPERIOR Concentra as funções de sobreloja ou mesanino para algumas lojas do andar inferior, áreas condominiais de convivência, diretamente ligadas ao hall de entrada de cada conjunto, e salão de convenções para o conjunto de escritórios.
TÉRREO No térreo se localizam todas as entradas bem como rampas para o andar inferior. O espaço é dividido com lojas que trazem vitalidade ao quarteirão e possuí grande permeabilidade convidadno o pedestre a trafegar pelo seu interior SUB-SOLO Prestadores de serviço, atendimento médico, e outros veículos que possam vir a ser necessários possuem vagas. Além disso há espaço para o armazenamento de pelo menos uma bicicleta para cada 30m2.
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CONJUNTO DE USO MISTO>HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL
BLOCO 1
Este bloco de residências possuí 96 unidades mínimas sendo 66 delas unidades mínimas de 30m2 que podem ser utilizadas como kitnet ou acopladas.
Com a frente voltada exatamente para o norte, esta fachada encontra duas questões a serem trabalhadas: o sol intenso e o ruído. Voltada para a avenida Duque de Caxias, ela enfrenta níveis de ruído que podem chegar a 70dB (A)1 durante o dia, sendo que o nível de ruído aceitável para uma residência fica na faixa de 45 a 50 db(A).
1Fonte: Uzum, 2011 51
BLOCO 2
Com a face voltada exatamente para sul não seria possível construir residências nesta parte do edifício pela total ausência de sol direto na maior parte dos meses do ano. A ausência de luz direta, no entanto, é desjável para escritórios, que têm que evitar ao máximo ganhos de calor e não desejam o ofuscamento muitas vezes gerado pelos raios solares. A continuidade da lamina compromete também a insolação de algumas unidades que fariam parte do bloco 4, as quais, também, não recebem os níveis mínimos desejáveis de iluminação. Tais unidades, desse modo, foram incorporadas ao bloco de escritórios.
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CONJUNTO DE USO MISTO>HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL
BLOCO 3
Com pé direito duplo e poucos andares, este bloco possui circulação completamente independente - tanto elevadores quanto saidas de emergência. Com vista privilegiada, o local foi imaginado com usos predominantemente noturnos, como restaurantes, bares e até boate.
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BLOCO 4
Este bloco de residências é p menor dos três com apenas 46 unidades. S0endo 40 delas unidades mínimas de 30m2.
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CONJUNTO DE USO MISTO>HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL
BLOCO 5
Este bloco apesar de ser único funciona na prática como dois sub-blocos, o que o torna único é o fato de a escada de incêndio ser compartilhada por todos os apartamentos. Neste säo unidades164 unidades.
Totalizando 315 unidades habitacionais em todo o edifício.
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COTA - 4,0m 1 > RAMPAS DE ACESSO PARA AUTOMÓVEIS E BICICLETAS 2 > ENTRADA BLOCO 1 (RESIDENCIAL) 3 > RESERVATÓRIO INFERIOR DE ÁGUA 4 > ENTRADA BLOCO 3 (COMERCIAL) 5 > ENTRADA BLOCO 2 (COMERCIAL) 6 > ENTRADA BLOCO 4 (RESIDENCIAL) 1
7 > ESCADA QUE DÁ ACESSO AO TÉRREO 8 > ENTRADA BLOCO 5 (RESIDENCIAL)
2
COTA 0,0m
3
1 > RAMPAS DE ACESSO PARA AUTOMÓVEIS E BICICLETAS
2
2 > ENTRADA BLOCO 1 (RESIDENCIAL) 3 > LOJAS/RESTAURANTES 4 > ENTRADA BLOCO 3 (COMERCIAL) 5 > ENTRADA BLOCO 2 (COMERCIAL) 6 > ENTRADA BLOCO 4 (RESIDENCIAL) 7 > ESCADA QUE DÁ ACESSO AO SUBSOLO 4
8 > ENTRADA BLOCO 5 (RESIDENCIAL) 5 7 6
3
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3 3
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1 > SOBRELOJA 2 > ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA 3 > SALA DE CONFERÊNCIA 1
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3 2
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1 > ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA Este espaço existe a cada 2 andares, alternando-se com 2 andres que possuem no lugar mais unidades habitacionais. 2 > PÁTEO INTERNO Tem a função de ventilar os ambientes, e propiciar luz indireta ao comodos voltados a ele. Também é por alí que passam as prumadas de tubulações a serem distribuidas pelas unidades.
2
1
3 > BANHEIROS
3
Servem a todo o andar de escritórios economizando espaço nas unidades que não necessitam assim de lavabos. 2
4 > COPA 5 > TERRAÇO
4 5
2
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2
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BLOCO 1 BLOCO 2 BLOCO 3 BLOCO 4 BLOCO 5
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CONJUNTO DE USO MISTO>HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL
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Na cobertura se localizam os coletore solares, responsáveis pelo aquecimento de toda a água quente necessária (60L por hab/dia em apartamentos, segundo NBR-128). Os painéis que se encontram sobre o bolco 2 estão a uma altura de 4,5m da cobertura, de modo que fica possível o uso da área abaixo deles. A sugestão de uso para estas áreas é a de uma permacultura. A permacultura, grosseiramente falando, é uma forma mais elaborada de horta. Um de seus princípios é trazer o alimento para a responsabilidade do consumidor. Não se está sugerindo, no entanto, que as pessoas devam todas plantar elas mesmas os alimentos nesta área, poderiam deixar encarregado um dos funcionários do conjunto, ou utilizar o espaço como horta coletiva como acontece já em muitas áreas urbanas. A permacultura trabalha com camadas e sistemas, onde cada elemento tem correlação com os outros, a exemplificar: se plantam arbustos mais altos que sombreiam as regiões mais baixas, nestas então se plantam outros tipos de vegetação que preferem mais humidade e não necessitam de tanta iluminação. Há uma certa técnica e a permacultura requer algum planejamento, mas não é demasiadamente elaborada, pelo contrário, simula bem as características dos ambientes naturais. Uma das idéias iniciais era fazer reuso das águas cinzas dentro das unidades, isso, no entanto, requer um controle muito rígido para que não se faça uso errado da água, além disso, as entradas de águas fria e quente já demandam dois medidores por unidade, temos mais de 300 unidades, portanto 600 medidores, caso cada unidade também recebesse água de reuso seriam mais 300 medidores. Dessa maneira, é mais coerente utilizar a água de reuso apenas nas áreas verdes, que já são bastante extensas, e para limpeza das áreas comuns, onde a torneira ficaria em áreas de acesso restrito, e sinalizada para que não haja risco de consumo. É pouco indicado também que se faça a irrigação das plantas com sprinkler por permitir o contato dos usuários com a água, ela pode ser feita, no entanto, por meio de tubulações perfuradas enterradas, assim a água fica apenas na terra.
No térreo fica o sistema de filtragem das águas cinzas, são três filtros sendo dois deles fechados e um aberto com plantas como o aguapé, que fazem parte do sistema, e serve como um espelho d`água. A água filtrada serve para regar o térreo e é bombeada para irrigação dos jardins das coberturas, além da fachada verde interna. No térreo o paisagismo é feito com árvores frutíferas, como pé de limão, laranja, pitanga e maracujá. Para que as frutas sejam boas para consumo é preciso algum cuidado, mas de qualquer maneira as cores e odores são sempre agradáveis.
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CONJUNTO DE USO MISTO>HABITAÇÃO SUSTENTÁVEL
1 > COLETORES SOLARES 2 > ÁREAS DE PERMACULTURA 3 > SISTEMA DE FILTRAGEM DE ÁGUAS CINZAS 2
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2 2
3
1
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UNIDADES As unidades mínimas são de 30m2 porém algumas já são maiores, como as das esquinas e final de circulação, representadas na imagem a direita. Os módulos podem ser acoplados de diversas maneiras, satisfazendo assim, aos diversos perfis familiares e sócioeconômicos de usuários. O desenho à esquerda ilustra a unidade mínima de 30m2 e sua variação de 34m2. Tal variação se dá pela ausência da varanda, este aumento de espaço, no entanto, torna necessária a presença dos brises, enquanto que a varanda da unidade original já fornece a proteção solar necessária, formando os caixilhos assim, um pano de vidro sem interferências.
A. 30m2
A. 34m2 30 m2
ESC 1:75
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Todo o edifício, suas circulações e acessos respeita a normativa de Acessibilidade Universal. (NBR 9050), bem como a de Saídas de Emergência (NBT 9077). As unidades devem ser vendidas na estrutura apenas com o contrapiso e sem revestimento. O layout é 100% opção do comprador e o que está desenhado nas plantas é apenas um exercício de possibilidades. A venda das unidades sem acabamento é vantajosa sob 3 aspectos: é mais econômica, permite ao usuário escolher o acabamento que mais lhe agrade, e é também mais sustentável, na medida em que reduz o desperdício de material e energia de todos aqueles que fazem a troca dos acabamentos. As áreas molhadas também não possuem local fixo, apesar de sofrerem algumas limitações pois não podem estar situadas muito longe dos shatfs. Existe uma questão, entretanto, relativa a garantia de impermeabilização destas áreas que fica, desse modo, relegada ao usuário, é necessário haver alguma forma de controle na qualidade desta impermeabilização para que ela não comprometa o coletivo. Havendo este controle o usuário seria livre para locar tais ambientes onde lhe for mais conveniente. ESC 1:500
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[ 1] Fachada norte, a varanda de 1m protege as habitações da insolação direta nos meses mais quentes enquanto o sol ainda bate na fachada norte. Além disso há painéis de madeira que não cobrem toda a extensão da janela mas são móveis e por isso pode ser colocados onde for mais adequado de acordo com o horário. Na linha destes painéis é possível instalar - opcionalmente o fechamento das varandas, um camada de vidro que apesar da pouca vedação acústica pode ajudar se trabalhada com a segunda camada que é o caixilho da unidade. O desencontro destas barreiras podem reduzir sensivelmente o ruído e ainda assim permitir a ventilação.
[ 1]
[2] A parte comercial recebeu uma pele contínua de chapa perfurada, por trás estão os brises horizontais, e depois dos brises o vidro, que deve rotacionar para dentro para limpeza.
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[3] Fachada noroeste, ela recebe o sol da tarde. Quanto mais afastadas da esquina menos a ensolação, por isso a solução adotada foi a diversificação da fachada, onde ela recebe mais sol varandas, são suficientes para proteção, onde recebem menos a unidade se extente, ganha mais espaço e também brises móveis de madeira que se adaptam conforme a necessidade.
[ 4]
[ 5]
[4] Fachada nordeste, recebe o sol da manhä. Esta fachada recebe iluminação adequada porém tem vistas ao pátio interno, para maior privacidade os panos de vidro foram reduzidos a 3 janelas por módulo, altas, para garantir a iluminação no fundo dos comodos. A superfície opaga recebe tratamento vegetal, aumentando a massa, e portanto melhorando a inércia térmica e oferecento para o interior da quadra um elemento lúdico. Na parte dos escritórios seguem as janelas de vidro, horizontais, e apenas na extensão necessária para a visual e entrada de luz. 50% é superfício opaca.
[5] Fachada sul estes escritórios estão livres a maior parte do ano da insolação direta, apenas em dezembro o sol bate na fachada, por isso os brises verticais: chapas metálicas perfuradas que se dobram no meio, quando abertas criam uma pele única que filtra a luz para evitar ofuscamento, quando fechada se torna mais opaca e funciona como um brise vertical.
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DETALHES O projeto foi todo pensado de forma a favorecer a flexibilidade, por entender que ela aumenta a vida útil do edifício tornando-o, deste modo, mais sustentável.
Para facilitar a passagem, manutenção e possiblitar ampliações das instalações, os shafts foram localizados externos à unidade, na circulação interna. Por estarem muito próximos a passagem, existe a necessidade de restringir o acesso, para isso foi criado uma espécie de armário, feito de chapa metálica perfurada com o qual as tubulações ficam protegidas mas ainda assim facilmente acessíveis para manutenção.
GRELHA METÁLICA
A LAJE DO CORREDOR FOGE A MODULAÇÃO TENDO APENAS 95 cm.
PERFIL I 4X8” LAJE ALVEOLAR MODULAÇÃO 1,25m
FORRO GESSO JANELA > ILUMINAÇAO INDIRETA E VENTILAÇÃO
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As unidades possuem sempre abertura na fachada e no corredor, de modo que haja ventilação cruzada, estimulada também pelo efeito chaminé que ocorre no pátio.
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