Foto: Paloma Araújo
em Fortaleza Diferentes e descolados Jovens se encontram em pontos alternativos da cidade com seus estilos, pensamentos, desejos e sonhos. // PÁG. 8 Jornal Laboratório da Faculdade Cearense | Curso de Jornalismo | Quinto Semestre 2011.2 | Turno Noite Foto: Sabrina de Freitas
CIDADE
Obras na Orla de Fortaleza chegam a R$ 41 milhões 21 intervenções fazem parte do projeto de revitalização, do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo. PÁG. 3
ÚLTIMAS Filas e atrasos ainda são frequentes
Usuários sofrem com lotação e atrasos dos transportes públicos Ônibus e topiques lotadas é a rotina dos trabalhadores de Fortaleza. Nos terminais, apesar das reformas e do mutirão para organizar as filas, ainda há muita reclamação. PÁG. 6 e 7
Ser jornalista por formação Pesquisa do MEC revela que, apesar da queda do diploma, o curso de Jornalismo é o sétimo lugar na preferência dos estudantes. PÁG. 12
Foto: Emanuela Montizuma
ARTE
Centros Culturais trazem opção de diversão e de cursos gratuitos
Passeio Público é palco para ensaio fotográfico Foto: Steffany Rodrigues
LAZER
Localizados em diferentes bairros da cidade, os Centros Culturais se tornam ambientes de convivência para todas as idades. PÁG. 10 Momento de descontração e aprendizagem na Praça Verde do Dragão do Mar
Árvores centenárias fazem de uma das praças mais antigas de Fortaleza um bom lugar para o fim de tarde. PÁG. 9
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Focas em Fortaleza Jornal Laboratório
EDITORIAL Conhecendo Fortaleza
O
tema que motivou a atual edição do Focas surgiu da vontade de mostrar toda a cidade de Fortaleza pelos olhos de quem a habita. Contextos e visões distintas; percepções e opiniões diferentes trouxeram várias Fortalezas. Para tanto, a turma precisou conhecer mais da cidade onde todos convivem. A busca pela reportagem fez com que a turma sentisse o “gostinho” da profissão e, ao mesmo tempo, entendesse a dinâmica da capital cearense. Conhecer sua infraestrutura e história, acompanhar as mudanças, como as transformações por que passa a nossa orla; e acreditar em dias melhores. Desafios postos a todos nós. Mostrar esta Fortaleza – com pontos de vista totalmente diferentes – é respeitar a cidade que nos acolhe todos os dias. É aprender a respeitar, também, o cidadão criança, jovem, adulto e ancião. É ter consciência de que há muito que se fazer, mas saber também que um futuro melhor depende de cada um de nós. Depende do presente que construimos. Assim, em cada página, em cada palavra escrita por nós, Fortaleza surge não apenas como uma cidade grande, mas também como a nossa casa.
C
om o devido crédito a artigo publicado no site Canal da Imprensa: “Errar é humano. Apurar é jornalístico”. A sentença, em forma de título, aperta em uma das principais teclas do exercício da profissão. Apurar é, antes de qualquer coisa, planejar pautas, pluralizar opiniões, colher e checar informações antes que elas se tornem o ‘’produto’’ a que se destina: ser notícia e/ou reportagem. Em seu Editorial, o Focas Fortaleza, fruto da experimentação dos alunos de Jornalismo da FaC, faz uma proposta ousada: “mostrar toda cidade de Fortaleza”, o que, pela leitura de suas 12 páginas, não foi plenamente cumprida. Falta de tempo hábil para apuração? Por se tratar de um produto atemporal, o Focas Fortaleza não se atrelou a textos de publicação imediata e que, portanto, poderiam facilmente ser revistos antes de ir ao prelo. No
OMBUDSMAN entanto, observa-se, notadamente na matéria “Manicômios entram em extinção em Fortaleza” (Página 04), o esquecimento em checar se a “especulação” em torno do fechamento do Mira Y Lopez aconteceu ou não, o que deixará os futuros leitores do informativo desnorteados já que o prédio do hospital psiquiátrico, de fato, foi vendido. O mesmo esquecimento é evidente na matéria “Centros culturais de Fortaleza promovem diversão, arte e cultura” (Página 10). A fonte das informações, a jornalista Dalviane Pires, não é mais Assessora de Comunicação e Marketing do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Na página 12, na matéria “Jornalismo: cai o diploma mas não a procura” (aliás, a matéria está fora do contexto a que se propõe a publicação), coloca ainda o professor Henrique Rocha como coordenador do Curso de Jorna-
lismo da FaC, cargo ocupado atualmente pelo publicitário Edmundo Benigno. Os esquecimentos acima relatados poderiam ser justificados se a capa do jornal laboratório estampasse a sua periodicidade, o que situaria o leitor sobre o momento em que as informações foram apuradas e redigidas. As linhas traçadas aqui pelo Ombudsman servem de contribuição para o aprimoramento dos futuros profissionais. Mas, lembrem-se: o jornal não circulará com uma página anexada corrigindo esses e outros deslizes. Por isso, os periódicos diários criaram o ERRAMOS para corrigir os “defeitos” da edição passada. Se o Ombudsman é o calcanhar de Aquiles dos jornalistas, meus amigos, o leitor, quando quer, sabe ser bem mais cruel. Mara Cristina Redatora da coluna Target, cronista da revista Move e professora de jornalismo da FaC
CHARGE
*Este jornal foi produzido durante o semestre 2011.2, sendo sua impressão viabilizada somente em novembro de 2012.
ARTIGO Fortaleza das moças do século passado
J
á não se houve falar do tempo em que se podia andar nas ruas de Fortaleza segurando seu guarda-chuva, usando seus longos chapéus, seus lenços, seu charme... Uma Fortaleza tão antiga, tão perdida que eu às vezes penso que se não tivesse sido abandonada, talvez a essência não se tivesse perdido. E as moças finas, de porte quase europeu passeando em meio ao Passeio Público? Sim, porque lá era aonde as moças de família iam para serem cortejadas pelos galantes rapazotes. O Centro da cidade era também palco das “damas da noite”... Nesta Fortaleza contemporânea, há a inversão de lugares e pessoas... Havia tamanhos cuidados com cada nova ‘dama’ que nos bordeis da cidade chegavam: ficha policial, exames, atenções. Claramente sustentadas pelos marajás que delas necessitavam para iniciar o primogênito. Ora! O melhor presente. O Centro da cidade hoje é abordado de pessoas que vão e vêm, passam, reparam, perdem tempo e o tentam controlar. Não há mais “mariposas da noite” e nem rapazes virgens à espreita, esperando sua mágica noite. O Passeio Publico perdeu o encanto do primeiro amor ali a acontecer, romance fini, rapazes belos fini e tão gracioso era o lugar. Essa inversão de papéis e lugares tende a ser complementada por um exercício obrigatório da natureza humana: Mutação. Olhando ao meu redor vejo que tudo muda a cada hora. Mas, e a essência? O charme? Não necessitaria tamanho desprendimento. Este charme deve ter sido carregado por entre séculos e séculos, nas moças finas e nas moças “avoadas” do século passado. Na verdade, essa finesse não tem feito parte de nenhuma delas nessa Fortaleza de tantos lugares.
Verussa Ribeiro
CRÔNICA
De ônibus em ônibus conquistarei meu diploma
T
odo dia é a mesma coisa... Trim. trim. trim. O despertador toca desesperadamente às 5h30 da manhã. É hora de acordar, fazer almoço, tomar banho, arrumar-se, tomar café da manhã... Ufa! Ah, meu Deus, já são 6h30! É hora de correr até a parada de ônibus para uma longa viagem de uma hora e meia até chegar ao primeiro estágio. Então, surge a pergunta: Mas porque tanto tempo para chegar ao estágio? Explico! É porque sou uma, entre os milhares de moradores da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), que todos os dias procuram oportunidades de crescimento cultural, intelectual e profissional na capital cearense. Já são 8 horas. Depois de ser muito amassada, empurrada e balançada dentro de um ônibus que faz a rota Maracanaú-Fortaleza,
cheguei. Preciso me apressar e ler todos os jornais, sites e blogs e ainda fazer o clipping que precisa estar pronto antes das 9. Ah! Também preciso escrever o release do evento do fim de semana... Ops! Já são 12 horas, é hora de correr para o segundo estágio. Pois é, vida de estudante custa caro e trabalhar é preciso. Chegar, ligar o computador, escrever releases, atualizar site, bater xerox. Afinal, sou estagiária e qual estagiário nunca bateu xerox ou cortou papel para o patrão uma vez na vida? Agora, já são 17 horas, preciso correr, andar oito quarteirões, pegar um ônibus lotado (o terceiro do dia), enfrentar um trânsito caótico e chegar à faculdade. São 18h25, cheguei à faculdade. Agora , é só assistir a quatro aulas e apreender o máximo possível. Afinal, com tão pouco tempo e com o
objetivo de conquistar meu diploma universitário, é preciso ralar. O dia está quase no final, mas para mim, moradora da RMF, ainda não. Finalmente, são 22 horas, a aula acabou. Agora vou para casa. No entanto, a luta continua, ainda é preciso driblar um batalhão de pernas e braços em um ônibus (o quarto) lotado por mais uma hora e meia de viagem. Enfim, chego a minha casa. Vou dormir? De jeito algum. É hora de fazer uma limpeza rápida na casa, preparar um jantar rápido, organizar tudo para o outro dia, tomar banho, tentar ler mais uma página ou parágrafo daquele livro que comecei há meses e dormir. Trim. trim. trim. Já são 5h30; hora de levantar....
Jardeline dos Santos
Focas em Fortaleza Jornal Laboratório
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CIDADE
Orla Marítima de Fortaleza ganha projeto de requalificação orçado em R$ 470 milhões O PROJETO DE REVITALIZAÇÃO DA ORLA CONTA COM RECURSOS DO GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ, PREFEITURA MUNICIPAL DE FORTALEZA E CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Foto: Arquivo internet
Vista panorâmica da Beira Mar
Emilian Ferreira Patricy Damasceno
P
or todos os lugares de Fortaleza existem reformas, mas em nenhuma dessas o investimento é maior do que na Orla Marítima. Há intervenções desde a Barra do Ceará, no litoral oeste, até o Titanzinho, passando pela Praia de Iracema e Beira-Mar. Ao todo, são seis projetos espalhados por toda essa área, fazendo parte do plano de requalificação da orla. Só da Prefeitura Municipal, são cinco as benfeitorias: Projeto Vila do Mar (litoral oeste); Projeto Nova Praia de Iracema; Projeto Reordenamento da Beira Mar; Projeto Requalificação da Praia do Futuro; Projeto Aldeia da Praia. Mais
de 58% da faixa litorânea passará por intervenções e, ao todo, serão investidos cerca de R$ 470 milhões, contando com recursos federais e municipais. O Projeto de Requalificação e Reforma Geral dos Espaços Urbanísticos e Paisagísticos da Beira Mar abriga recursos da Prefeitura de Fortaleza, Caixa Econômica Federal e Governo do Estado. As ações fazem parte do Programa Nacional de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur) e do Plano Ambiental de Construção (PAC), que apresentam soluções marcadas pelo tom de harmonia do meio juntamente com as necessidades da cidade. Dentre todos os projetos, o maior é o Projeto Nova Praia de Iracema. Engloba 21 obras espalhadas por uma área de quase 3km de extensão, que vai do Ideal Clube até o Largo do Poço da Draga, em frente ao antigo prédio do DNOCS (Departamento Nacional de Obras Contra as
Secas). Está sob orientação da Coordenadoria de Projetos Especiais e Relações Institucionais da Prefeitura de Fortaleza (Cooperi) e da Secretaria Executiva Regional II (SER II). As obras do Nova Praia de Iracema fazem parte de um plano antigo, que se estende desde fevereiro de 2008 e teve alguns atrasos. Dividido em duas etapas, o Projeto é composto, primeiro, pela reconstrução de todo o calçadão, além de sua ampliação, estendendo-o até a avenida Almirante Tamandaré, onde está o Pavilhão Atlântico. A segunda etapa compreende: recuperação e urbanização dos Espigões (espécies de quebra-mar) das avenidas Raul Barbosa e João Cordeiro, com o primeiro totalmente concluído e o outro em andamento; e intervenções no Boulevard da avenida Almirante Tamandaré, Casa Só Turista, Casa da Lusofonia e Museu do Forró. Além da instalação do Instituto Cultural Iracema, no Largo do Mincharia.
O coordenador da Cooperii, Geraldo Accioly, explica que a lentidão nas construções e restaurações aconteceu devido a atrasos de verbas do Governo Federal, durante o ano de 2009, mas que os projetos avançaram em 2010. “A expectativa é que até dezembro de 2012 as etapas da obra sejam finalizadas.”, ressalta Accioly. Segundo a assessoria de imprensa da Cooperi, dez obras estão em andamento e três têm previsão de término até o final deste ano. A requalificação na Praia de Iracema é prioridade da Prefeitura desde o início da atual gestão em 2005. Com a escolha de Fortaleza para ser cidade sede nas Copas das Confederações e do Mundo, previstas para 2013 e 2014, respectivamente, o projeto, como vários outros da Prefeitura, faz parte de um conjunto de ações que contribuem para que a cidade esteja melhor estruturada para sediar os eventos previstos.
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Focas em Fortaleza Jornal Laboratório
SAÚDE MENTAL
Manicômios entram em extinção em Fortaleza COORDENADORIA DE SAÚDE MENTAL DO MUNICÍPIO OPTA POR MUDAR A FORMA DE TRATAMENTO PSIQUIÁTRICO, VISANDO AO MELHOR ATENDIMENTO DOS PACIENTES Dayane Oliveira Hugo Pessoa Steffany Rodrigues
F
ortaleza está em processo de implementação da Lei Antimanicominal, diminuindo os internamentos em hospitais psiquiátricos, como Mira Y Lopez e o Instituto de Psiquiatria do Ceará (IPC). Com isso, os atendimentos têm se voltado para os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), localizados nas Secretarias Executivas Regionais de Fortaleza (SER). No entanto, a diferenciação dos serviços prestados por esses órgãos pode não contribuir para uma recuperação eficaz dos usuários desses serviços. A lei nº 10.216, a chamada Lei Antimanicomial ou Lei da Reforma Psiquiátrica, promulgada em 6 de abril de 2001, tem como principal diretriz a reformulação do modelo de atenção à saúde mental transferindo o foco dos internamentos. Os internos devem ser conduzidos a serviços multiprofissionais, para se ter acesso ao tratamento integral, desenvolvendo suas habilidades, seus direitos como cidadãos, podendo ainda ser inseridos na comunidade. Ao invés de ser internado, quem necessitava de uma atenção psicossocial é conduzido para a estrutura de serviços em unidades comunitárias e abertas. Atualmente, são 802 leitos psiquiátricos em
funcionamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e 14 Caps em funcionamento em toda a capital. Recentemente, mais de 240 leitos foram extintos e parte dos pacientes foi encaminhada para a Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza, que abriu doze leitos, e para os Caps. A maioria dos Caps é de tipo dois que funciona de segunda à sexta, de 8 às 17h. Mas já existe um projeto para que alguns Caps se transformem em tipo três, que funcionam 24 horas. A escolha do Caps AD da SER II para ser o primeiro 24 horas da cidade, por exemplo, tem motivo. De acordo com Rane Félix, coordenadora de Saúde Mental do Município, a unidade fica mais perto do Centro onde há usuários de drogas precisando de atendimento emergencial. Esse atendimento já é feito pelo Consultório na Rua, que é um veículo que percorre vários locais para prestar atendimento. Com o Caps funcionando noite e dia, os pacientes poderão ser levados para o local pelo Consultório na Rua. Há também outros projetos. “No bairro Bom Jardim foi criada a segunda Residência Terapêutica da capital. Já está concluída e pronta para receber os internos que aguardam receber a alta hospitalar.”, diz Rane. No bairro Álvaro Weyne, já existe uma dessas residências que abriga oito pessoas, número máximo permitido pelo Ministério de Saúde (MS). A unidade recebe por mês da instituição federal, R$ 30 mil, no entanto, são necessários R$ 100 mil. Segundo Rane, o governo também pretende
por em prática o programa De Volta para Casa que tem como ideia dar um auxílio em dinheiro para pessoas que foram internadas antes da lei. Boatos: Mira Y Lopez fecha as portas Nos últimos meses, houve especulações sobre um futuro fechamento do hospital Mira Y Lopez e sobre a sua venda para uma rede de planos de saúde, informações que foram veiculadas em um jornal impresso de Fortaleza. Sobre esses comentários, Rane Félix adianta que o hospital não se pronunciou se realmente haverá a desvinculação do SUS. Ela afirma que a prefeitura não tem a intenção de fechar mais leitos psiquiátricos. O que causa as doenças mentais De acordo com Denise Santos, médica do Caps AD de Camocim, para que ocorra o desenvolvimento de doenças mentais é necessário no mínimo dois fatores: o paciente ter disposição pessoal para a doença e a presença de agentes ocasionais. A disposição pessoal significa os traços de personalidade do indivíduo, suas características constitucionais. Já os agentes ocasionados tratam-se dos estressores psicossociais. A médica ressalta que são as vivências mais significativas que colocam em risco à adaptação do indivíduo ao mundo e consigo próprio.
Principais doenças mentais ●● ●● ●● ●● ●● ●● ●● ●●
Depressão Transtorno Bipolar Transtorno de Ansiedade TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) Transtornos Alimentares Esquizofrenia Tabagismo Demâncias
Serviços Regional II CAPS Geral Rua Coronel Alves Teixeira, nº 1500 Joaquim Távora (85) 3105.2632 ou 3105.2638 CAPS Álcool e Drogas Rua Manoel Firmino Sampaio, nº 311 Parque do Cocó (85) 3105.1625 ou 3452.2451 Serviço Hospitalar de Referência em Álcool e Drogas Unidade de Desintoxicação Rua Barão do Rio Branco, nº 20 - Centro (85) 3455.9130
BEM-ESTAR
Bom humor e bem-estar chegam à terceira idade Foto: Lívia Galvão
IDOSOS LIDAM COM EXPECTATIVAS, DESAFIOS E ATITUDE PARA ENCONTRAR A MELHOR FORMA DE MELHORAR A QUALIDADE DE VIDA
Idosos caminham no polo de lazer do José Walter
Ana Maria Alves Lívia Galvão Vanda Carvalho
A
idade está no coração e não dá para abrir mão de curtir a vida com toda jovialidade, alegria e prazer. É o caso dos vovôs e das vovós que assumem uma vida mais independente. Depois de anos de trabalho, os idosos aderiram às facilidades do mundo moderno. Marilena Brito é uma dessas mulheres que vivem intensamente a sua idade. Aos 62 anos, tem três netos e passa a maior
parte do tempo cuidando da casa e da família. Cada vez mais, os comportamentos das últimas gerações estão bem diferentes das antigas. Aquela ideia do tricô, da fragilidade é coisa do passado. Hoje, eles se divertem saindo com os amigos. Passeiam em shopping, praticam esportes e postam conteúdos nas redes sociais. Luiz Gonzaga (82) diz que esse fenômeno é ocasionado por um fator chamado “Globalização”. Para ele, a chegada dessas novas tecnologias é um processo de mudanças em muitas pessoas e não poderia ser diferente para terceira idade. Alimentação adequada também ajuda para se ter melhor qualidade de vida e bemestar. Francisco Pinheiro (75), aposentado,
decidiu cuidar da sua saúde. Começou a fazer caminhada todos os dias, às 5h da manhã, no bairro Conjunto José Walter onde mora. Preocupado com a idade, passou também a regrar a alimentação com dietas. Atitude apoiada pelo educador físico, Wladson Azevedo, que diz ser o regime alimentar benéfico para o equilíbrio do corpo. Wladson Azevedo esclarece, ainda, que o cálcio, presente no leite e em seus derivados, ajuda a evitar doenças mais comuns na velhice. Como por exemplo, a osteoporose onde os sintomas são inexistentes e só é descoberta quando ocorre alguma fratura. Para quem deseja gozar de vigor e saúde, o profissional de educação física ressalta a importância da
alimentação onde não se deve evitar ingerir gorduras (carne vermelha, frituras) e bebidas alcoólicas demasiadamente. Outra dica é, ao acordar, não se levantar rapidamente. O ideal é iniciar com alongamento do corpo e só depois começar suas atividades. Isso ajuda a evitar lesões na coluna, desenvolve o fortalecimento da musculatura e diminui a pressão arterial. As atividades físicas trazem benefícios como: aumento da flexibilidade, perda de gordura corporal e aumento da massa muscular. Além de contribuir para socialização e aumento da autoestima. Então, fica a dica: envelhecer com saúde e vitalidade é uma opção que pode estar ao alcance de todos.
Focas em Fortaleza Jornal Laboratório
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COMÉRCIO
Comércio de Fortaleza está aquecido ALÉM DAS LOJAS CONVENCIONAIS, RUAS E INTERNET SE TORNAM LOCAIS DE COMPRA PARA MUITOS FORTALEZENSES
Foto: Paula Duarte
Lojas oferecem garantia e variedade de produtos
Paula Duarte
D
e um lado, o comércio lojista oferece produtos com garantia regulamentada em lei e participa de forma ativa das empresas que pagam impostos ao governo. De outro lado, o trabalhador informal é isento de imposto, o que garante certo lucro e condições de preços mais acessíveis. Mas o produto que ele venda sem garantia tem desvantagens como não poder trocar se houver um defeito. “Se tiver com problema não é mais comigo, porque a pessoa viu que tava
bom quando comprou.”, diz Eli, vendedor de celulares na Praça do Ferreira. O comércio informal, que acontece nas praças e ruas de Fortaleza, como Praças do Ferreira e José de Alencar; e ruas como Guilherme Rocha e Liberato Barroso, movimenta um grupo de pessoas que ganha a vida vendendo aparelhos eletrônicos, importados de fornecedores vindos da China e Paraguai. Esses aparelhos chamam muita atenção por causa do preço e designer. Eles possuem TV a cabo, acesso à internet via operadora, funcionam como pendrive e MP4. Têm ainda função de câmera fotográfica, gravador de áudio e vídeo, reunindo um preço mínimo de R$ 60,00. Lojas, como Insinuante, Rabelo, Liliane e
Ibyte, são exemplos no varejo da venda de aparelhos celulares com funções diversas e preços variados. Adamir, gerente da loja Insinuante, do Centro da cidade, diz que os preços dos celulares variam entre R$ 100 e R$ 3 mil. O preço depende do tipo de aparelho, da marca e das funções que ele tenha. A garantia dos produtos varia de um a dois anos e pode ser trocado com até 30 dias, depois de adquirido pelo cliente. Troca resguardada pelo Código do Consumidor. A durabilidade desses produtos depende muito da maneira como ele é utilizado e do ambiente onde fica guardado. Pode durar um ano, dois ou mais. Isso vai depender da forma de se usar o aparelho. Nas ruas, outra venda comum é o CD e DVD piratas. “Sem dúvida a venda de CDs e DVDs piratas em Fortaleza tem sim influenciado de forma negativa a iniciativa de venda dos originais, que de forma alguma se comparam a uma gravação pirateada.”, diz Michel, gerente da loja Ibyte, no North Shopping. Trabalhadores A maioria dos trabalhadores alternativos prefere ficar onde está, cerca de 90% prefere trabalhar como autônomos, pois se ganha mais. Agora, há quem discorde. Uma funcionária da loja Liliane que não quis se identificar disse que prefere “trabalhar na loja com a farda de uma empresa que tem nome, que é conhecida, do que trabalhar como autônoma. Mesmo se eu ganhasse mais.”. Já um vendedor da rua Guilherme Rocha, Alexandre, ressalta o contrário. “Prefiro trabalhar como autônomo. Ganho muito mais, não pago imposto e tiro mais de um salário aqui. Estou satisfeito.”. A MRH empresa de contratação de profissionais de diversas áreas e prestadora de serviços
de seleção a empresas conveniadas, sempre recruta pessoas para o setor de vendas de grandes empresas como Ibyte, Cecomil e Nagem. Segundo Valéria Mota, gestora de contratação e seleção, a maior rotatividade que existe é nas empresas de vendas do comércio, principalmente de eletrônicos. Esta é uma área que nunca falta emprego. “Muito pelo contrário, é um dos setores com mais oportunidade de trabalho, porque tem crescido aqui em Fortaleza, abrindo espaço para novas oportunidades como as que surgem nos meses de novembro e dezembro todos os anos.”, afirma. Comércio eletrônico Para quem não quer se aventurar pelas ruas de Fortaleza e prefere a comodidade de fazer compras estando em casa, existe o comércio eletrônico, E-commerce. Aberto 24 horas durante os sete dias da semana, o E-commerce integra o ambiente empresarial dos últimos 30 anos. Segundo a empresa E-Bit, especializada em informações do setor de comércio eletrônico, o faturamento no Brasil chegou a RS 14,8 bilhões em 2010. De acordo com a empresa, desde 2009, em Fortaleza, a venda de aparelhos eletrônicos pela internet cresceu 40% se comparada a outras capitais do país. Em 2011, o faturamento deve ser de R$ 20 bilhões na venda de eletrodomésticos, produtos de informática, saúde, beleza e medicamentos. O destaque, porém, vai para a venda de eletrônicos que tem movimentado o comercio trazendo lucro e a acirrando a concorrência. Já na rede de telefonia e celulares, em 2011, o preço diminuiu 3% de seu valor real. Esse segmento ocupa o 4º lugar no ranking de compras online, ficando na frente de produtos de saúde, beleza, medicamentos, eletrodomésticos e informática.
MODA
A moda que gera renda ESTADO DO CEARÁ É POLO DE MODA ÍNTIMA E PRAIA EM TODO BRASIL E CONTRIBUI PARA MELHORAR A ECONOMIA LOCAL Amanda Pessoa
O
Ceará desponta no cenário da moda nacional com números que impressionam. O faturamento médio gira entre R$ 15 e 18 milhões, por mês. As pequenas empresas geram quase dez mil empregos diretos e são responsáveis por cerca de 80% da produção local entre moda praia (beachwear) e moda íntima.
A moda íntima e praia têm um mercado amplo que atende a todos os públicos, já que não importa a idade ou o estilo. Qualquer pessoa necessita de biquínis ou lingerie em seu guarda-roupas; o que facilita o crescimento destes segmentos. Em abril de 2010, foi inaugurado o Shopping da Moda Íntima em Fortaleza, propriedade de Manoel Holanda, mesmo dono do Shopping de atacado Maraponga Mart Moda. O shopping trabalha com os dois segmentos: lingerie e praia. Ele conta
com uma estrutura para 30 lojas no térreo e 20 no andar superior. Pelos corredores, é impossível não perceber as inovações que as marcas trazem em tecidos, estampas e cortes. A novidade do momento são as lingeries plus sizes, que é a moda voltada para mulheres de tamanho grande. O fato é que as confecções estão cada vez mais inclinadas a investir em tecnologia, maquinário e matéria-prima a fim de valorizar o corpo da mulher. A ideia é
atender a todos os biotipos. Já que hoje tamanhos como 48, 50, 52 em diante representam cerca de 40% das vendas. No Centro da cidade, também é grande o número de lojas voltadas para o mercado da moda praia e lingerie. Há de lojas sofisticadas dentro dos shoppings até as mais populares nas ruas; como o conhecido “Beco da Poeira”. Dessa forma é possível encontrar uma grande variedade de mercadorias e preços, atendendo a todo o público desses segmentos.
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Focas em Fortaleza Jornal Laboratório
COTIDIANO
Transporte coletivo: companheiro dos trabalhadores em Fortaleza TRABALHADORES ENFRETAM FILAS E LOTAÇÕES PARA USAR ÔNIBUS E TOPIQUES Foto: Sabrina de Freitas
Filas continuam longas nos terminais de ônibus
Mikelane Alves Nicodemos da Costa Sabrina de Freitas
A
cordar ainda com o céu clareando, arrumar-se apressadamente, esperar por um coletivo que às vezes não tem hora para chegar e enfrentar o empurra-empurra nas filas de um dos sete terminais é a rotina de muitos fortalezenses que vão de um ponto a outro da cidade para trabalhar, estudar ou simplesmente buscar lazer. Quem não possui transporte individual acaba tendo que ter fôlego para passar por umas e outras dentro dos ônibus ou se sentir em uma montanha russa andando de topique. Atualmente, ouve-se falar em inúmeros acidentes dentro dos terminais e até mortes já foram presenciadas e registradas. Eles acontecem quando menos se espera. A lotação grande, motoristas com horário para cumprir e a pressa das pessoas levam a um único e possível resultado: gente presa nas portas dos ônibus, acidente à vista. A população reclama, reclama e somente reclama. “Ô, ônibus para demorar. Isso aqui tá muito lotado. Os guardas deveriam se mexer.”, reclama Willian Holanda que utiliza a linha Siqueira-Papicu todos os dias para ir trabalhar. Já para o guarda municipal Henrique Moraes, a história é um pouco diferente. “A gente faz a nossa parte, a população é que nunca está satisfeita.”. O terminal do Siqueira sempre está muito lotado, tem circulação de muitas pessoas e a estrutura é pequena para suportar muitos usuários e linhas. “A Etufor [Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza] deveria contratar mais profissionais para a organização das filas.”, diz o guarda. Para ele, o
que provoca todo o caos é a falta de educação das pessoas que não querem ter deveres apenas direitos. “Quando o ônibus chega todo mundo se empurra e não respeita nem a fila dos idosos.” Acrescenta Henrique Moraes que faz a segurança do terminal do Siqueira. Segundo Dely Sátiro, assessora de comunicação da Etufor, a quantidade de coletivos oferecidos numa determinada linha varia de acordo com a demanda. “É feito um estudo para verificar quantos ônibus necessitam em cada linha, de acordo com o número de usuários. A Etufor atua procurando adequar a oferta à demanda.”. Já em relação à desordem, “o mutirão de organização de filas tem beneficiado os usuários. Devido à fiscalização, os cidadãos estão aprendendo a respeitar o lugar do outro na fila.”, informa. Motivos dos atrasos Nos terminais, cobradores, motoristas e fiscais dizem que os atrasos constantes acontecem principalmente por conta do trânsito e dos acidentes. Porém, a falta de educação das pessoas também é um dos fatores. Cidadãos que estacionam em locais impróprios, carros que ficam dos dois lados da rua e na esquina, em mão dupla atrapalhando os motoristas de ônibus que tentam fazer manobras impossíveis. Os desvios das rotas por causa das obras inacabáveis também causam estresse e demora nos terminais. Dezoito locais estão com intervenções de obras municipais na cidade. Maria de Fátima Araujo, auxiliar de administração da Etufor, diz que a demora dos motoristas deixa a população indignada. “A plataforma quatro que fiscalizo é totalmente demorada, as pessoas reclamam muito. Além dela, as linhas Parangaba-Papicu/via Montese e Parangaba-Papicu/via Aeroporto são lotadas.” Quando a espe-
ra é longa, o fiscal entra em contato com outros pelo seu interfone e pede a vinda de outro ônibus para a linha. “Mas isso só acontece depois de muita reclamação.”, conta Fátima. Para os motoristas, a situação é muito complicada. Eles têm horário para cumprir e as reclamações são demais. “Se a gente não para em algumas paradas não é porque não queremos. Às vezes as pessoas dão o sinal em cima e aí o motorista passa direto. Não da mais tempo, mas o telefone para reclamações está aí é só ligar”, argumenta Milson Cunha, cobrador da linha Conjunto Ceara/Siqueira. Transportes altenativos Nas topiques, a realidade não é muito diferente. Não existem filas porque não existem terminais, mas a lotação é a mesma. Walber da Silva Feitosa, motorista de van, reconhece e admite que é imprudente. Anda em alta velocidade, ignora pessoas nas paradas, anda com as portas abertas, mas nega ser culpado. Segundo Walber a culpa é da desorganização do Sindivans (Sindicato dos Permissionários Autônomos de Veículo em Transporte Público Alternativo de Passageiros) que exerce pressão em motoristas, cobradores e fiscais. Jairo Dantas, diretor de patrimônio do Sindivans, afirma que essa pressão não existe. “Criamos o consórcio caixa único. Nele, tudo o que é produzido é dividido entre os permissionários. Isso evita a queima de paradas, que é uma falta de respeito aos cidadãos; e a concorrência entre um veículo e outro.”. Ele ainda acrescenta que o transito é o maior culpado pela demora e estresse de todos. “Nos horários de pico não tem como evitar o movimento.”, diz. Segundo o supervisor da linha três Paupina -Pici, Lucivânio dos Reis, “existe em atividade
um sistema de rastreamento Loctec, interligado com o ponto final, onde é feito um monitoramento dos carros com relação a percurso em tempo real, para saber o andamento do serviço.”. Ônibus intermunicipais Dois reais e cinquenta centavos é o preço que alguns fortalezenses pagam pelo conforto de irem sentados dentro do ônibus. A demora constante e a lotação dos coletivos que circulam apenas em Fortaleza está sendo usada como explicação por algumas pessoas que o utilizam. Paloma Araujo, estudante, prefere pegar os ônibus que vão para Maracanaú para descer na Maraponga do que enfrentar o terminal da Parangaba. “Gasto dinheiro, mas economizo tempo e evito estresse no terminal.”, conclui. Segundo o técnico da diretoria de transportes do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-Ce) Joaquim Rolim, pegar ônibus intermunicipal para se deslocar apenas dentro de um município, ainda que o usuário pague a tarifa intermunicipal, não é permitido. A justificativa da proibição é impedir que os passageiros que transitam de fato entre cidades distintas sejam “penalizados” com as paradas que o veículo fará para receber usuários que poderiam fazer uso de outras linhas. Apesar de a passagem ser mais cara esta opção está virando rotina na vida de muitos trabalhadores. Conjunto Ceará: “visão do paraíso” Bagunça, lotação, longa espera nas filas, empurra-empurra são palavras que não existem no vocabulário dos usuários no terminal do Conjunto Ceará. Lá, não existe hora para estresse, o ambiente é tranquilo em todos os momentos. De acordo
Focas em Fortaleza Jornal Laboratório
Foto: Sabrina de Freitas
com Denildo Almeida, auxiliar de bombeiro, o Conjunto Ceará é o paraíso. “Aqui não tem assalto, a estrutura é boa. Nunca vi ninguém reclamando de atraso ou sujeira. Os banheiros são bem limpos.”, conta. Em comparação com os outros terminais, o do Conjunto Ceará possui pouco fluxo de pessoas e apesar de estar localizado em área residencial de risco, nunca houve ocorrências sérias. “Acidentes acontecem tanto por conta do pedestre como por falta de atenção do motorista. Mas aqui nada mais grave aconteceu.”, afirma Heldon Gonzaga, Guarda Municipal. Inclusão Social No que diz respeito à estrutura, os terminais têm muito que melhorar. Na Parangaba, por exemplo, as obras dos banheiros masculinos e femininos no térreo estão paradas há três meses, o que complica a vida de muitos usuários que não podem subir a escada para o segundo andar. Para Sebastian Jonas, comerciante, a situação da Parangaba é boa. “No Siqueira as coisas ainda são piores. O terminal é pequeno para o número de ônibus e pessoas que por aqui circulam. Os acidentes são inevitáveis. Outro dia o motorista foi fazer uma curva e derrubou a metade do muro.”, relata. Quinze por cento da população de Fortaleza são deficientes. Das 221 linhas que compõem a rede de transporte apenas 16 possuem adaptação com elevador. Isso significa que nem todos os deficientes conseguirão entrar em um ônibus especial. Dos terminais, o do Conjunto Ceará, apesar de toda tranquilidade, não possui nenhum acesso para os deficientes físicos. Segundo Geovana de Sousa, supervisora da Etufor, “a estrutura do Conjunto Ceará é ótima. Agora, para os deficientes ainda não temos nada. Mas os ônibus acessíveis já estão presentes em algumas linhas.”, explica. De acordo com sua assessora de comunicação, a Etufor já elaborou projeto para tornar o Terminal do Conjunto Ceará acessível. O projeto contempla o acesso às plataformas, colocação de piso tátil e construção de banheiros acessíveis. “A Regional V irá executar este projeto. Acredita-se que em 2012.”, anuncia. Nos transportes alternativos, os carros tiveram que se adaptar com entrada e saída para os passageiros, catraca automática e elevadores para deficientes físicos. De acordo com Jairo Dantas, 30% dos veículos estão adaptados e até 2014 espera-se que 100% dos veículos sejam assistidos. Mas o que os usuários esperam é que ocorra uma melhora nesse aspecto e que eles possam ser tratados com igualdade, que tenham o mesmo direito de ir e vir.
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Apesar da higiene precária, as lanchonetes nos terminais estão sempre lotadas Pausa para o lanche Com toda a perda de tempo circulando de ônibus, do Papicu à Messejana é inevitável não parar em uma das lanchonetes dentro de um dos terminais e fazer um lanchinho. Para Deyse Dayane, técnica em enfermagem que diariamente passa pelo terminal da Lagoa, essa possibilidade está descartada. “A higiene aqui está fora dos
padrões. Não tenho coragem de comer em terminal.”, diz. Apesar de muitos pensarem como ela a venda nos terminais é considerada muito boa. Antonio José Martins, balconista, não tem do que reclamar. “O terminal do Siqueira é muito lotado principalmente de manhã bem cedo e à noite, com isso as vendas são boas.” Na Parangaba, o caso é o mesmo. “As vendas
são ruins apenas no final do mês.”, afirma Francisco da Silva, atendente. Tem de tudo para enganar e até matar a fome, do simples bombom ao almoço. Os preços são dos mais variados possíveis. E se você tem calor, nada melhor do que passar em uma dos pontos Free (sorveteria). Lá, você encontra sorvetes de todos os tipos e com um preço acessível.
De estudante à sardinha Patrícia Castro Certo dia, passando em frente à Assembleia Legislativa do Ceará, observei um grupo de estudantes que se manifestavam sobre o atraso das carteiras estudantis. Eu estava chateada, pois nessa época minha nova carteira não estava pronta. Resolvi entrar e observar as coisas de perto. Em certo momento foi dada a oportunidade aos presentes de fazerem perguntas aos deputados. E, mesmo não sendo de Fortaleza, resolvi perguntar também. Chegando à tribuna, comecei a tremer. Fiquei tão nervosa que já ia desistir e ir pra casa. Foi então que me lembrei que iria pagar passagem inteira. Resolvi ir em frente. — Senhores, os estudantes de Fortaleza têm mais direitos que os de Maracanaú. Gostaria de saber o que os senhores têm feito para mudar isso? Um deputado perguntou por que eu achava que havia essa distinção. Pensei que ele estivesse com algum problema de audição. Mesmo tendo falado ao microfone, eu respondi:
— Desculpe, o senhor não entendeu. Eu não acho, eu vejo! O senhor poderia responder à minha pergunta. Eu já estava perdendo a paciência que eu não tinha. Senti certa tensão entre os outros estudantes. Todos esperavam a resposta do deputado. Então, ele viu meus dados e falou: — Maria, de Maracanaú, quais são suas dúvidas, vocês já têm meia passagem, o que mais vocês querem? Percebi que aquele era o meu momento e não podia deixar passar. — Senhor, queremos ser estudantes todos os dias e horas, ter meia ilimitada, com os mesmos direitos dos estudantes de Fortaleza. Só isso, simples assim. Então falei para plateia: — Vocês de Fortaleza reclamam de barriga cheia. Quem dera se nós pobres mortais da região metropolitana, tivéssemos tantas vantagens. Para começar, nós mal temos ônibus. Em toda a cidade, só existe uma empresa que trabalha sem concorrência. Hora social, integração, dia social?! Nunca ouvimos isso. Não sabemos nem o que é isso. Mostrei minhas identidades estudantis, a de Fortaleza e a de Maracanaú, e perguntei:
— Alguém sabe dizer a diferença entre essas carteiras? Não, não é a foto. A diferença é que na de Fortaleza eu sou estudante de verdade, a lei é garantida. Na de Maracanaú, eu tenho direito de ser estudante em quatro viagens por dia. Depois eu sou... eu sou..., eu sou o que mesmo?! Nem eu sei. Quando ultrapasso o limite de quatro viagens, pago inteira e saio da condição de estudante e entro na condição de... de... algo que ainda não sei o que é! Foi quando alguém falou que meu tempo havia acabado. Entre aplausos e indagações, agradeci e fui embora. Ao sair daquele local, corri pra pegar o ônibus e pagar novamente inteira. Minhas moedas e o ônibus lotado faziam contraste com os carros luxuosos dos meus representantes. Chegando à faculdade, passei três horas como ser pensante, estudante e futuro do país. Senti-me bem. Quando as aulas acabaram, fui para a parada pegar novamente outro ônibus. O último dos quatro que pego todos os dias. Finalmente ele chega: lotado e lento. Olho para a faculdade e me despeço. Sufoco para entrar, espremida entre outros. Saio da condição de ser pensante. Entro para a condição de sardinha.
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COMPORTAMENTO
Quando o diferente é fascinante Jovens de Fortaleza de estilos variados reúnem-se em determinados pontos da cidade onde desfrutam de momentos de descontração e liberdade Fotos: Paloma Araújo
Claudio Cesar Filho Paloma Araújo
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exta-feira, dez horas da noite. Enquanto muitos fortalezenses estão indo para casa, cansados após um longo dia de trabalho, a noite está apenas começando para uns grupos de amigos, que toda sexta frequenta um dos pontos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) mais conhecidos da cidade: a Praça da Gentilândia. Localizada no bairro do Benfica, a praça tornouse um lugar de encontro para jovens, em sua maioria homossexual, para conversarem, curtirem e paquerar em meio aos bares que circundam a região. Rômulo Barbosa* (19), Otávio Lopes* (21) e Lívia Marcele* (21) são amigos que frequentam a praça há um bom tempo. Estudantes da Universidade Federal do Ceará (UFC), após o término da aula, seguem para a praça, que serve para um “esquenta”. “Sempre damos uma passada na sexta-feira e, dependendo do movimento, acabamos ficando por aqui ou indo para algum outro lugar.”, conta Rômulo. “É um local muito bom, a gente se sente bem à vontade. Aqui não rola preconceito. Pelo menos, eu nunca sofri.”, revela Lívia. Os amigos são gays, porém não parecem em nada com os tipos que, muitas vezes, são exibidos em novelas. Otávio, por exemplo, foge do tipo “Gay efeminado”, como ele mesmo define. “Gosto de jogar futebol, sou Ceará doente. Adoro esportes e não gosto de usar certas roupas que muitos gays usam. Existe um estereótipo de que todo gay segue esse estilo mais efeminado, mas eu conheço muitos que, assim como eu, não fazem esse estilo.”, conclui. Apesar de defenderem a sua sexualidade, o trio pede para não aparecer em fotos. “Minha família não sabe, só alguns amigos íntimos. Isso é ruim, pois até pouco tempo eu namorava e sempre tinha medo de andar de mãos dadas ou algo assim, pois algumas pessoas olham torto. Eu tinha medo que algum conhecido visse e contasse pra alguém da minha família.”, comenta Rômulo. “A questão familiar ainda é um problema pra gente, mas eu espero que isso melhore. Eu pretendo contar daqui a alguns anos”, fala Lívia. Apesar de procurarem diversão, os três reclamam da falta de segurança. “A iluminação é muito ruim e falta mais policiamento. Nunca aconteceu nada comigo, mas eu já ouvi tanta história de gente que anda por aqui.”, finaliza Otávio. Estilos variados Enquanto o pessoal da Gentilândia prefere não aparecer, o mesmo não acontece no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura que, nos fins de semana, principalmente aos sábados, reúne uma gama variada de jovens com estilos bem diferentes. Na Praça Verde, Bruce (18) é um dos que mais se destacam. De calça jeans surrada, blusa preta com foto do Iron Maiden e um Moicano loiro que chama a atenção, o garoto bem humorado responde a todas as perguntas e ainda faz questão de posar para as fotos. Quando pergunto sobre seu cabelo, ele responde: “Me inspirei no Jared Leto do 30 Seconds to Mars, mas tem gente que acha que foi no Neymar.”, brinca. Pouco depois, dois amigos, Tácila (17) e Matheus (16) juntam-se
Hip Hop atrai atenção de quem passa pelo Centro Dragão do Mar
para o bate-papo. Eles revelam que frequentam o Dragão do Mar há mais ou menos uns cinco anos e que passaram a frequentar por influência dos amigos. Em relação ao estilo, definem-se como “alternativos”, por serem eles os responsáveis por decidir como compor o visual. Quando indagados sobre preconceito, todos revelam que já enfrentaram esse tipo de situação, até mesmo entre familiares. “O preconceito rola, principalmente no núcleo familiar.”, revela Tácila. “Eu já sofri também na minha escola, mas aqui no Dragão, nunca aconteceu.”, fala Matheus, o mais tímido entre os colegas. Já Bruce, comenta que ouve muitos apelidos, porém, não liga. “A minha família não gosta do meu estilo, mas eu nem me importo. Até os vizinhos já se acostumaram.”, ri. Quem também possui atritos familiares é a jovem Yasmin (17). “Minha mãe odeia minhas roupas e o meu estilo, mas eu nem ligo, sabe?”. Vestindo blusa de botão, calça skinny e com corte de cabelo afro, a garota fala ser livre de preconceitos. “Acho que isso é coisa de gente vazia. Todo mundo tem que ser feliz do jeito que quer e entende”. Ela conta ainda, que muito em breve, pretende realizar um de seus maiores sonhos: encher o corpo de tatuagens e piercing. “Ainda não tive oportunidade de fazer, mas muito em breve eu vou. Daqui a uns anos, sei que estarei com o mesmo estilo, mas quero ser ainda mais radical. Não vou ligar pro que os outros vão falar.”, sonha. Dança impressionante Já às 19h é a hora do pessoal do Hip Hop roubar a cena. Jovens apresentam-se com os gêneros breaking, locking e popping e impressionam com seus passos de dança. Wellington Gomes (18), ou Web, como prefere ser conhecido, é um dos que mais se destacam. “Eu já danço aqui há uns dois anos. Passei a gostar de hip hop depois de assistir a DVDS de break. Quando descobri que o pessoal que curte reunia-se no Dragão, passei a frequentar.”, conta. Fotos, filmagens, além de aplausos e gritos são frequentes durante as apresentações. “A reação do público é sempre ótima, com muita interação.”, comenta Web. Mas engana-se quem acha que o espaço é
dominado somente por jovens. Wilamar, de 40 anos, é prova disso, sendo figura constante nas apresentações há 12 anos. “O hip hop surgiu em Fortaleza mais ou menos na década de 80. Eu comecei a dançar em 1986, sendo cover do Michael Jackson. Depois me interessei pelo break e a paixão dura até hoje.”, revela. Apesar de dançar há bastante tempo, ele vê o hip hop como um hobby, não tendo vontade de seguir uma carreira artística. Diferente de Web que pretende transformar a dança em algo profissional. O hip hop também trouxe para Wilamar a oportunidade de trabalhar com o MH2O (Movimento Hip-Hop Organizado do Ceará), que utiliza de expressões artísticas para retirar jovens do mundo da criminalidade. “Já são nove anos no MH20 do Conjunto Ceará. A gente frequenta as escolas e as comunidades, mostrando a importância do hip hop através de palestras, procurando aprofundar cada vez mais essa garotada desse universo tão interessante.”, diz. Praça Portugal Localizada na Aldeota, a Praça Portugal é um dos principais pontos de encontro dos jovens de Fortaleza. Durante a semana, o movimento é quase nulo, porém, aos domingos, a partir das 18h, a disputa por um lugar passa a ser grande devido ao enorme número de pessoas que se aglomera no local. Não que isso seja um problema. Aqui se pode sentar nos bancos, no chão ou até embaixo da estátua central. O que importa mesmo é trazer os amigos e se divertir. Uns trazem violão para acompanhar a rodinha. Já outros preferem trazer cerveja e cigarros. A maioria dos frequentadores da Praça está acompanhada. Os que não estão, com certeza, estão esperando alguém. Se deseja encontrar variedade, aqui é o seu lugar. Todos os tipos de cores predominam, porém a mais comum é a preta. Estampas com fotos de bandas e cantores também são bastante comuns no vestuário. Evanescence, Paramore, Pink Floyd, Ramones, Sepultura, Slipknot e até... Britney Spears! E é justamente ao som de Britney que namora o casal André Farias* e Flávio Silva*. O celular de um deles está tocando uma conhecida música da cantora. Enquanto ouvem, trocam beijos e carinhos. “Aqui é o único lugar ao ar livre onde nos sentimos bem para fazer isso.”, conta André.
Bruce com os amigos: identidades retratadas nos visuais “Namoramos há dois anos e frequentamos aqui há uns seis ou sete meses, graças a um casal de amigos, que sempre se encontravam por aqui.”, conta Flávio. E é essa sensação de liberdade que atraí o casal de namorados. “Ninguém aqui se importa com nada. A gente se beija se abraça e é tudo normal. De vez em quando passa alguém de carro e manda um xingamento, mas é tão ridículo que acaba sendo engraaçado.”, revela Flávio Diferente de André e Flávio, as amigas moderninhas, Alane (13) e Aline (17) frequentam a praça a pouco mais de um mês, mas também por influência dos amigos. ”Gostamos de vir pra cá, porque aqui, toda a nossa galera se reúne.”, conta Aline. Vestindo meia arrastão, short jeans, blusa preta e munhequeira, a dupla fala que gosta de comprar roupas na Galeria Pedro Jorge, mas que só usam esse estilo quando vão para a Praça Portugal. “A gente só usa as roupas aqui mesmo, até porque a gente estuda e não dá pra usar algo assim na escola.”, fala Alane. Elas revelam ainda que não pretendem seguir com o estilo no decorrer dos anos. “Apenas enquanto somos jovens.”, dizem as duas.
*A pedido dos entrevistados os nomes são fictícios
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ARTE
Passeio Público no Centro de Fortaleza é palco para ensaio fotográfico Steffany Rodrigues
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LAZER
Centros culturais de Fortaleza promovem diversão, arte e cultura A procura do público por cursos e diversão nos centros culturais espalhados em Fortaleza proporciona uma troca de cultura e experiência entre os artistas e a população Foto: Emanuela Montizuma
Emanuela Montizuma Isabel Cristina Lucivania Araújo Tacia de Mourais
R
eunir a família, brincar com as crianças, assistir a espetáculos de música e teatro, ouvir uma orquestra ou grupo folclórico tornou-se um hábito para o público que frequenta centros culturais, principalmente nos fins de semana. A existência desses centros que promovem 80% da sua programação em eventos gratuitos pelos bairros de Fortaleza é ainda desconhecida da maioria das pessoas que moram em Fortaleza. Os motivos são variados: desde a distância, o trânsito até a pouca divulgação. Mas, esses centros culturais proporcionam o encontro de jovens e adultos onde é possível encontrar cultura, arte e diversão. Alguns deles são: Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Centro Cultural do Bom Jardim (CCBJ) e Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBN). Dono de uma estrutura que chama bastante atenção com sua arquitetura, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura é o mais conhecido. Com mais de dez anos de fundação, recebe públicos de vários cantos da cidade e do Brasil, proporcionando uma troca de experiências entre várias culturas. Segundo Dalviane Pires, assessora de comunicação e marketing do Centro, o Dragão do Mar tem um contrato anual de gestão que garante recursos para as despesas planejadas. E há um projeto por causa da Copa de 2014, com algumas intervenções no espaço. De acordo com Ismael Martins, diretor de ação cultural do Dragão do Mar, mais de 50% da programação é gratuita, proporcionando diversão ao público. A comerciante, Andrea Gomes, costuma passear aos domingos com os
filhos Lucas e Mateus. “Gosto de trazer eles aqui sempre que posso. Esse espaço livre é bom para eles brincarem.”, ressalta. Já a diarista, Cleidiane Santos, traz a filha Maria Clara sempre em datas comemorativas para aproveitar as brincadeiras. Na periferia, o Centro Cultural do Bom Jardim (CCBJ), localizado em bairro de mesmo nome, proporciona vivência com arte e educação, oferecendo cursos gratuitos para crianças, jovens e adultos e estimulando a participação e fortalecendo a autoestima dos moradores do bairro. Diana Pinheiro, assistente administrativa do CCBJ, ressalta que por ano o Centro Cultural chega a realizar mais de 300 cursos, entre gastronomia, coral infantil e para 3ª idade, informática, design e outros. A dona de casa, Jane Deusa, já fez vários cursos, entre eles, artesanato e pintura em tela. A nova artesã exibe em casa o resultado do curso que fez. “Com esses trabalhos consigo relaxar. É como uma terapia ocupacional e quem sabe ganhar uma renda extra.”, diz Jane. O Centro Cultural Banco do Nordeste do Brasil fica no Centro de Fortaleza. Ele oferece diversos serviços culturais e de entretenimento para a população. Acesso à biblioteca, cursos de artes cênicas (oficinas para formação de artistas) e curso de apreciação de arte. Visando à inclusão no mundo digital também, é oferecido curso para utilização da internet e disponibilizado o acesso à rede. A ideia é auxiliar as pessoas que não sabem navegar na internet. O auditório do teatro do CCBN tem capacidade para 120 pessoas e traz espetáculos mensais para crianças e adultos, totalmente grátis. Aos domingos, o CCBN promove passeio cultural pelo Centro da cidade, levando as crianças de trenzinho pelos principais pontos históricos. Na ocasião, são entregues 60 pulseiras que dão direito à criança ir com um acompanhante, sem nenhum custo. O passeio acontece sempre às 15 horas e as pulseiras são entregues, a partir do meio dia. Foto: Isabel Cristina
Cleidiane Santos e a filha, Maria Clara, aproveitam as atrações gratuitas no Dragão do Mar
SERVIÇOS Centro Cultural Bom Jardim (CCBJ) Rua Três Corações, 400 Bom Jardim. (85) 3497-5981 Cine: Terças e Quintas de 15 às 17 horas/ Sab. e Dom. às 16 horas Teatro adulto: Domingo às 19 e 20 horas Lagarta pintada, atividades de pinturas e jogos: Todos os domingos a partir das 16 horas. O Centro Cultural Bom Jardim ainda oferece cursos de dança de rua, hip hop, pop, artesanato, gastronomia, violão, informática e outros.
Centro Cultural Banco do Nordeste (CCBN) Rua Floriano Peixoto, 941 Centro. (85) 3464-3108 Passeio de Trenzinho: Todos os domingos a partir das 15 horas Cinema infantil: Todos os domingos às 13 horas Teatro infantil: Todos os domingos às 14 horas. Oficina de Dança: Terças às 19 horas O Centro Cultural Banco do Nordeste oferece ainda curso de utilização da internet (Ter/Quin/Sex. às 14 horas. Dom/ às 13 h) e oficina de teatro (Quarta às 14 horas).
Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura Rua Dragão do Mar, 81 Praia de Iracema. (85) 3488-8600 Planetário aos domingos das 17h às 20h (R$ 8,00 a inteira e R$ 4,00 a meia) Brincadeiras, com pintura, jogos, desenho e outras atividades infantis na Arena do Dragão do Mar: todos os domingos, a partir das 16 horas. Acesso livre.
CRÔNICA Tacia de Mourais
Jane Deusa com seu autoretrato, resultado do curso realizado no CCBJ
Aluísio acordou cedo, foi até a ilha digital do seu bairro, editou alguns arquivos, gravou no cd, foi até o Centro a pé, pechinchou as impressões do seu material, sem muita sorte, acabou imprimindo a metade, colocou nos correios como carta normal (pois não teria como pagar uma registrada), tomou seu café, foi para o ensaio, passou seis horas ensaiando sem comer quase nada (apenas uma barra de cereal – e olha que ele não está de dieta!), foi para casa a pé, comeu um ovo frito com arroz de ontem e foi se apresentar no centro cultural do seu bairro.
No dia seguinte, ficou sabendo que tinha ganhado um edital, comemorou com muita bebida (dos outros), cumpriu todos os requisitos do edital, fez todas as apresentações, tudo nos conformes. Chega o dia do pagamento da primeira parcela do edital (ô maravilha!), não sai. É prorrogado (agora vai!), “problema com as empresas”, só daqui a dois meses (aff!). Chega o grande dia (amém!), “sem previsão”. Aluisío decide ligar e mandar milhares de e-mails reclamando, ninguém responde. Pobre Aluísio ficou sabendo que outro edital foi aberto e resolveu participar, pois já era o quarto edital que concorria apenas em dois tinha passado e apenas um tinha “ficado” de pagar. Como ele é artista e brasileiro, Aluísio não desiste nunca!
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ESPORTE
Futebol Cearense: História e Paixão
Foto: Arquivo internet
O ESPORTE QUE É PAIXÃO NACIONAL TORNOU-SE O DIVERTIMENTO PREFERIDO DOS CEARENSES. PARA ALEGRIA MAIOR DOS DESPORTISTAS, FORTALEZA É CONFIRMADA COMO SEDE DA COPA DAS CONFEDERAÇÕES EM 2013 E TERÁ JOGOS DA COPA DO MUNDO DE 2014
Corações alvinegro e tricolor fazem a festa no Campeonato Cearense
Raíssa Feijó Ricardo Leão Suellington Rodrigues
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osso povo é apaixonado por futebol, paixão revigorada com a escolha de Fortaleza para sediar os jogos das Copas das Confederações e do Mundo. A cidade que já teve o Estádio Presidente Vargas reformado, aguarda a conclusão das obras no Castelão, onde se estima um investimento de R$ 400 milhões para a reforma. A capital cearense ganhará toda uma estrutura para a Copa do Mundo, sendo beneficiada no aspecto social com: transporte, rodovias, turismo e infraestrutura urbana. Além de gerar milhares de empregos até o ano do evento. Os desportistas locais dividirão não só seu amor pelo esporte, mas as belas praias e sua hospitalidade com o resto do mundo. Estes eventos consagram uma paixão iniciada há muitos anos.
A história de uma paixão É goooooool! Um grito tão comum e quem sabe o mais pronunciado em nosso país. Há 108 anos, foi escutado pela primeira vez na terra alencarina em 1903 quando houve a primeira partida oficial no estado. Apesar de algumas controvérsias, dados históricos revelam que foi nesse ano o primeiro jogo de futebol com respeito às regras e um árbitro em ação. O primeiro campeonato local aconteceu em 1915, organizado pela Liga Metropolitana. Na época, quatro times participaram: Rio Branco (atual Ceará), Maranguape, Rio Negro e Stela (atual Fortaleza). Hoje, a Federação Cearense de Futebol, fundada em 23 de março de 1920, antes denominada de Associação Desportiva Cearense, é quem dirige todos os campeonatos de futebol da capital e do interior. “Estar à frente de uma entidade como a Federação nos traz uma grande responsabilidade. São milhões de torcedores, quase 40 clubes profissionais, dezenas de clubes amadores e Ligas do Interior. O futebol mexe com os nervos e
com a paixão do povo. Por isso, no momento em que assumi a presidência, eu sabia que só o trabalho com profissionalismo, modernidade e transparência poderia transformar a imagem e administração do futebol cearense.”, afirma o presidente Mauro Carmélio. Hoje, doze times disputam o Campeonato Cearense. Ceará, Crateús, Crato, Ferroviário, Fortaleza, Guarani de Juzeiro, Guarani de Sobral, Horizonte, Icasa, Itapipoca, Tiradentes, Trairense. O Ceará Sporting Club, campeão cearense de 2011, foi nosso representante na Primeira Divisão do Futebol Brasileiro, mas caiu este ano para a segundona. O Icasa, time de Juazeiro do Norte, estava na Segunda Divisão e foi rebaixado para a Terceira Divisão, onde se encontram o Fortaleza e o Guarani de Sobral. Há também o Guarani de Juazeiro que disputa a Quarta Divisão. O Ceará, fundado em 1914, é conhecido como o “vovô” por ser o time mais antigo. Tem sua sede instalada em Porangabuçu. Já o Fortaleza, é de 1918, denominado por sua torcida de
“Leão” e localizado no Campus do Pici. O Ferroviário Atlético Clube é considerado o terceiro time de maior expressão em nosso futebol. Teve sua fundação em 09 de maio de 1933 e tem o tubarão como mascote por causa de sua sede que fica na Barra do Ceará. Títulos Na história do futebol cearense, há ainda um caso pitoresco. Em 1992, quatro clubes: Ceará, Fortaleza, Tiradentes e o Icasa foram considerados campeões depois da briga na justiça desportiva pelo título em questão. Naquele ano, o jogador Fernando, que atuava pelo Fortaleza, teria jogado irregular e originou a confusão. O Ceará conquistou 40 títulos, Fortaleza tem 39 e o Ferroviário, 10. Estes são os clubes com o maior número de títulos conquistados. Mas, outros, como o Maguary, time que havia parado suas atividades e voltou em 2011; e o América, afastado do futebol, também foram campeões. Em um passado não muito distante, ainda havia o Calouros do Ar, time que era da Base Aérea da capital e que foi extinto.
Torcidas Uniformizadas: Animação x Violência Foto: Jornal O Povo
Escudos dos principais times do estado Em meio aos gols, ao fanatismo e à paixão pelo futebol, sugiram as Torcidas Uniformizadas dos Clubes Cearenses. São elas que abrilhantam e animam o estádio em épocas de jogos. Mas, também causam confusão e tumulto. A maioria dos integrantes destas torcidas é também sócia dos times, o que ajuda mensalmente o cofre dos clubes. Leões da Tuf (Torcida Uniformizada do Fortaleza Esporte Clube) surgiu em 17 de fevereiro
de 1991, com o Lema “Disposição, Coragem e Atitude!”. Fundada por estudantes da Universidade Federal do Ceará (UFC), foi lançada oficialmente no programa de rádio tricolor “A Voz da Fiel”, sob comando de Emanuel Magalhães. A mascote escolhida foi o Leão, por sua determinação, força e poder. Em 2005, passou a se chamar Grêmio Recreativo Esportivo e Social Leões da Tuf. Já a Torcida Organizada do Ceará Sporting Club foi chamada de Cearamor. Mais antiga que a TUF, a Cearamor foi fundada em 26 de outubro de 1982, por um grupo de amigos que iam a todos os jogos do Ceará. Eles levavam diversos apetrechos, como fogos, bandeiras e gritos de guerra para animar os jogos do Vovô. A cada jogo, o grupo foi crescendo e se profissionalizando. Mas, somente em 1990, um ano antes do surgimento da TUF, é que a torcida do Ceará tomou corpo e foi denominada Grêmio Recreativo Sócio Cultural, oficializando a organização.
Mas, nem tudo é animação e beleza. Entre fogos de artifícios e gritos de gol, existem as brigas e discussões que surgiram depois da fundação das duas maiores torcidas do estado. Com a rivalidade dentro do campo, também veio à tona a rivalidade nas arquibancadas. Gritos de guerras ofensivos entre os torcedores e atos de violência são bem comuns nos jogos. As piadas e os insultos existem mesmo quando o jogo não é entre Fortaleza e Ceará. Às vezes, a paixão fica acima da razão e as torcidas organizadas extrapolam. Ocorrências de violência são comuns em dia de Clássico-Rei (Fortaleza x Ceará). O pior de tudo é que o patrimônio público, como ônibus, praças e terminais, viram campos de guerras. A paz que falta nas duas principais torcidas sobra na Torcida Organizada do Ferroviário Atlético Clube, denominada Grêmio Recreativo da Torcida Organizada Falange Coral. Apesar do número menor de torcedores, a Falange Coral não é esquecida pelos amantes e estudiosos do
futebol cearense. Ela tem a simpatia da TUF e da Cearamor. Nos jogos do Ferrim contra o Fortaleza e o Ceará, a paz reina nas arquibancadas. Tanto que os clássicos são chamados de Clássicos da Cores e Clássico da Paz, respectivamente. Estatuto do Torcedor Tentando combater a violência nos estádios, o Poder Executivo criou, no Governo Lula, mais precisamente no dia 15 de maio de 2003, o Estatuto do Torcedor. A ideia é proteger o interesse do consumidor de esportes no papel de torcedor, obrigando as instituições responsáveis a estruturarem o esporte no país de maneira organizada, transparente e segura. Depois da criação do Estatuto, os clubes de todo o Brasil têm a obrigação de serem responsáveis pela organização dos membros das torcidas organizadas. A consciência que o torcedor tem em 90 minutos pode salvar muitas vidas e deixar o futebol ainda mais bonito. Afinal, futebol ainda é a paixão brasileira.
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Focas em Fortaleza Jornal Laboratório
ÚLTIMAS
Jornalismo: Cai o diploma mas não a procura Foto: Arquivo Sindjorce
Na contramão da queda da obrigatoriedade do diploma para exercer a profissão de jornalismo, os cursos superiores de Fortaleza apresentam aumento na procura
PEC do Diploma
Manifestação de jornalistas e estudantes a favor da obrigatoriedade do diploma
Jardeline dos Santos Verussa Ribeiro
E
m Fortaleza, existem oito faculdades que oferecem o curso superior de jornalismo. Dentre elas, sete são particulares (com uma média de mensalidades de R$ 750,00); uma é pública e gratuita. Com a queda da obrigatoriedade do diploma, em 2009, os coordenadores dos cursos de comunicação social, com habilitação em jornalismo dessas instituições tinham uma preocupação em comum: a possível desistência de alunos. O segundo semestre de 2009 foi um período de incertezas e desencontro de informações entre os estudantes dos cursos superiores. “Diante da euforia, o primeiro passo foi esclarecer aos alunos que a decisão do STF não se tratava da extinção do diploma para o curso de jornalismo, mas sim para o exercício da profissão.”, conta Henrique Rocha, coordenador do curso de jornalismo da Faculdade Cearense (FaC). O coordenador disse ainda que, apesar dessa medida, a FaC não apresentou diminuição na procura pelo curso ou desistência dos alunos. “No Ceará o mercado de trabalho não foi
tão afetado, pois as empresas de comunicação continuaram contratando profissionais com formação acadêmica e competência.”, revela Dilson Alexandre, coordenador do curso de jornalismo da Faculdade 7 de Setembro (FA7). Ele disse, ainda, que “em outros locais do país, como em Brasília, aconteceu de faculdades fecharem o curso. Mas no Ceará, esse negativismo não chegou. Tanto que na FA7 o número de alunos que procuram o curso de jornalismo da instituição aumentou.”. Riverson Rios, coordenador de Comunicação Social da Universidade Federal do Ceará (UFC), conta que com a decisão do STF, “os alunos não perderam o gás. É uma questão de amor à profissão escolhida.”. Ele revela ainda que o curso de jornalismo foi um dos mais procurados da UFC pelos candidatos que fizeram o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em 2011. Pelo visto, não foi só na UFC que a procura foi grande. O Ministério da Educação (MEC) divulgou, em janeiro deste ano, os resultados do Censo da Educação Superior 2010 que mostra o ranking dos cursos mais procurados no Brasil. A pesquisa revela que, apesar da queda do diploma, o curso de jornalismo ainda figura no sétimo lugar na preferência dos estudantes.
Sou jornalista. E agora, onde trabalhar? Jornalista, muitas vezes é apenas quem está na televisão ou trabalha em um jornal impresso. Mas, os avanços tecnológicos e o aprimoramento dos veículos de comunicação, aliados ao conceito de notícia-produto, ampliaram a área de atuação jornalística. “O mercado de trabalho cearense tem espaço para os melhores, quem for capacitado, com conteúdo. Para quem for bom de verdade, nunca vai faltar emprego.”, avisa Dilson Alexandre, coordenador de jornalismo da Faculdade 7 de Setembro (Fa7). O coordenador alerta que o diploma é apenas o primeiro passo de um profissional e que a faculdade ajuda, mas o profissional deve procurar experiência e se profissionalizar. Buscar um diferencial. “O jornalismo é um produto que não é puramente técnica. O jornalista não é um proletariado comum, ele tem valor agregado.”, completa Dilson. Além disso, os profissionais de jornalismo começam a descobrir novos mercados para além das redações. “Atualmente, a maior perspectiva de crescimento, sem dúvida, é no setor de assessoria de comunicação. Além do jornalismo online, com produção e gerenciamento de conteúdo.”, aponta Henrique Rocha.
EXPEDIENTE
Conselho editorial Adriano Ribeiro // Claudio Cesar Filho // Isabel Cristina // Jardeline dos Santos // Verussa Ribeiro
Focas em Fortaleza é uma publicação da disciplina Laboratório de Jornalismo Impresso, da Faculdade Cearense. Os textos assinados refletem o trabalho jornalísticos dos estudantes da disciplina.
Projeto Gráfico André Luís Cavalcanti
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A PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 33/2009, que restitui a obrigatoriedade do diploma de jornalismo para o exercício da profissão nos meios de comunicação, foi votada e aprovada, em primeiro e segundo turnos no Senado Federal. A PEC ainda precisa ser analisada pelos deputados federais. A obrigatoriedade do diploma estava em vigor desde 1979 e foi derrubada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no dia 17 de junho de 2009, por 8 votos contra 1, do ministro Marco Aurélio de Mello. A alegação dos que votaram a favor foi de que o Decreto-Lei 972/69, o qual estabelece a necessidade do diploma, não atende aos critérios da Constituição de 1988, sendo inconstitucional. A disputa começou “com base numa ação que surgiu por empresas de comunicação de São Paulo, a qual dizia serem inconstitucionais os critérios para exercício do jornalismo. E aí, esse assunto acabou chegando ao Supremo.”, relembra Dílson Pinheiro, coordenador do curso de jornalismo da Faculdade 7 de Setembro (FA7). Desde 2001, ações contra o diploma vêm sendo postas em discussão pelo Ministério Público Federal para que não seja exigido o diploma de jornalista no exercício da profissão. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) entrou com recurso e, em 2005, o Tribunal Regional Federal reconheceu a necessidade do diploma para o exercício pleno da profissão de jornalista. Diante disso, o MPF entrou com um novo recurso até que, em 2009, saiu a decisão final do Supremo. “A dor de cotovelo do empresário da comunicação só perde para postura equivocada e inexplicável do então presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, quando em seu voto de relatoria, nos comparou a cozinheiros, que não precisam ter um diploma para fazer uma boa comida.”, protesta Ângela Marinho, jornalista e membro da Comissão de Ética do Sindicato do Ceará e diretora da Federação Nacional dos Jornalistas. Perante essa decisão, começou a tramitar no Senado uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para que torne, novamente, obrigatória a exigência do diploma para a categoria. A PEC 33/2009, de autoria do senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), inclui no texto constitucional o artigo 220-A para estabelecer que o exercício da profissão de jornalista seja “privativo do portador de diploma de curso superior de comunicação social, com habilitação em jornalismo, expedido por curso reconhecido pelo Ministério da Educação”. A relatoria é do senador cearense Inácio Arruda (PC do B).
Diagramação Edmudo Benigno // Thiago Bezerra
Alguns integrantes da turma JOR062 - 2011.2
Ombudsman Profa. Mara Cristina Castro
Orientação e revisão da edição Profa. Klycia Fontenele Coordenador do Curso de Jornalismo Prof. Edmundo Benigno Gestor Acadêmico Prof. Marco Antonio Diretor Geral Prof. José Luiz Torres Mota Tiragem : 500 exemplares