As Parábolas do Mestre

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AS PARテ。OLAS DO MESTRE Por Reinaldo Bui

www.todahelohim.com - 2010 -


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SUMÁRIO Prefácio ........................................................................................................................................................................................ 4 Mini Biografia do Autor ........................................................................................................................................................... 4 Edição do Material ....................................................................................................................................................................... 4 Introdução ................................................................................................................................................................................... 5

Devocionais A Semente no Coração Endurecido ............................................................................................................................................. 6 A Semente no Coração Pedregoso .............................................................................................................................................. 7 A Semente no Coração Espinhoso ............................................................................................................................................... 8 A Semente no Coração Disposto ................................................................................................................................................. 9 Explicando Melhor... .................................................................................................................................................................. 10 Cabritos e Ovelhas ..................................................................................................................................................................... 11 A Ovelha e a Moeda Perdida ..................................................................................................................................................... 12 O Filho Perdido .......................................................................................................................................................................... 13 O Pai Amoroso ........................................................................................................................................................................... 14 O Filho Intolerante ..................................................................................................................................................................... 15 O Filho (Des)obediente .............................................................................................................................................................. 16 A Parábola da Vinha ................................................................................................................................................................... 17 A Pedra....................................................................................................................................................................................... 18 Investidores do Reino ................................................................................................................................................................ 19 Os Dois Devedores - O Religioso ................................................................................................................................................ 20 Os Dois Devedores - A Pecadora................................................................................................................................................ 21 O “Maldito Samaritano” ............................................................................................................................................................ 22 O Amigo Ponta Firme ................................................................................................................................................................. 23 O Rico Insensato ........................................................................................................................................................................ 24 Figueira Estéril? Não Necessariamente. .................................................................................................................................... 25 Dos Primeiros Lugares ............................................................................................................................................................... 26 Ainda Não Acabou! .................................................................................................................................................................... 27

Meditações A Semente no Coração Endurecido ........................................................................................................................................... 28 A Semente no Coração Pedregoso ............................................................................................................................................ 28 A Semente no Coração Espinhoso ............................................................................................................................................. 28 A Semente no Coração Disposto ............................................................................................................................................... 28


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Explicando Melhor... .................................................................................................................................................................. 28 Cabritos e Ovelhas ..................................................................................................................................................................... 28 A Ovelha e a Moeda Perdida ..................................................................................................................................................... 28 O Filho Perdido .......................................................................................................................................................................... 28 O Pai Amoroso ........................................................................................................................................................................... 29 O Filho Intolerante ..................................................................................................................................................................... 29 O Filho (Des)obediente .............................................................................................................................................................. 29 A Parábola da Vinha ................................................................................................................................................................... 29 A Pedra....................................................................................................................................................................................... 29 Investidores do Reino ................................................................................................................................................................ 29 Os Dois Devedores - O Religioso ................................................................................................................................................ 29 Os Dois Devedores - A Pecadora................................................................................................................................................ 29 O “Maldito Samaritano” ............................................................................................................................................................ 29 O Amigo Ponta Firme ................................................................................................................................................................. 30 O Rico Insensato ........................................................................................................................................................................ 30 Figueira Estéril? Não Necessariamente. .................................................................................................................................... 30 Dos Primeiros Lugares ............................................................................................................................................................... 30


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PREFÁCIO Saber ler e escrever são um privilégio que nem todos têm. Aqueles que o sabem, nem sempre usam bem de seu tempo para usufruir deste valioso instrumento de aquisição e propagação de conhecimento. São vários os motivos que cada ser humano tem para ler e escrever. Ao investir meu tempo na leitura deste devocionário, encontrei muitas palavras que desafiaram meu parecer acerca das palavras de Jesus Cristo, meu Salvador. Pude reavaliar o que eu tinha como certo sobre Seus ensinamentos e readaptar-me aquilo que o Messias de fato ensina em Sua Palavra. O devocionário1 As Parábolas do Mestre foi feito, à priori, para que cada projetista da missão Juvep pudesse, em MauritiCE,2 meditar acerca das Escrituras de uma forma singular. Os devocionais escritos levam o adorador de Jesus Cristo a refletir em seu conhecimento acerca de Deus e o incentiva a lembrar das passagens que poderiam ser tão usadas para levar criaturas alheias à vontade de Deus ao pleno conhecimento do plano divino de comunhão entre o Criador e Suas especiais criaturas, propósito principal dos projetistas. Apesar do devocionário As Parábolas do Mestre ter sido escrito para um público e objetivo específico, ele se extravasa, pois também leva adoradores de outras circunstâncias a refletirem sobre o Criador e sua fidelidade para com Ele. É por essa razão também que eu indico a todos os crentes em Jesus Cristo que gostam de ter alguma espécie de literatura devocional ao lado da Bíblia, que leia As Parábolas do Mestre, escrito por Reinaldo Bui, alguém que utiliza bem de seu privilégio em saber ler e escrever para enriquecer-se a si mesmo e aos outros no conhecimento de Deus.

MINI BIOGRAFIA DO AUTOR Reinaldo Bui é natural de São Paulo. Estudou no Seminário Bíblico Palavra de Vida em Atibaia-SP e concluiu o curso de Teologia com ênfase em missões pelo Instituto Missionário Palavra da Vida em Benevides-PA. Morou por três anos em Santarém-PA, onde atuou como missionário entre as populações ribeirinhas na bacia do Rio Tapajós, lecionando e coordenando um seminário extensivo para preparar obreiros entre aqueles povos. Desenvolveu vários outros ministérios em igrejas locais como também no presídio daquela cidade. Mais recentemente (2008-2014) Reinaldo foi obreiro na Missão Juvep com o Projeto Missionário de Férias e o Projeto Radical Sertão, enviado pela Igreja Batista Cidade Universitária. Reinaldo também é o autor do devocionário Devocional em Tiago.3

EDIÇÃO DO MATERIAL Este material foi editado e compilado por Thiago Zambelli para distribuição gratuita, iniciada em seu Blog Todah Elohim (Obrigado Deus) – www.todahelohim.com Faça um bom uso do material. Que Jesus Cristo seja verdadeiramente reconhecido como Senhor (kuriov) por cada criatura.

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Livro com textos para devocionais. Projeto Missionário da Missão Juvep que aconteceu em julho/2010. 3 Este material pode ser encontrado no Blog Todah Elohim: http://todahelohim.com/2010/03/devocional-em-tiago2

compilado.html


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INTRODUÇÃO Desde a queda do homem no Éden, e seu consequente afastamento de Deus, o coração humano deixou de ser um jardim onde Deus passeava para se tornar um lugar árido, duro, pedregoso, espinhoso e difícil de lidar. O Senhor poderia ter desistido de nós, mas, em vez disso resolveu nos restaurar. Ele não cessou sua comunicação, pois tinha um plano maior que nos foi sendo revelado progressivamente. Porém, desde muito, ele cedo assistia às reações hostis e violentas de uma humanidade cujo coração insensível é marcado pela rebeldia. É este coração que Ele quer transformar, tal como um agricultor que transforma uma paisagem morta num campo produtivo. Jesus veio executar definitivamente esta obra através de uma Eterna Aliança. Ele é o ápice da revelação de Deus. Ele conhece como ninguém a alma do homem, seu potencial e suas limitações, pois se encarnou, viveu e sofreu as mesmas aflições que nós. Pode-se dizer que a grande tarefa de Jesus no mundo foi transformar o coração de uma dúzia de homens iletrados e incultos, para que estes semeassem o planeta com sua mensagem de amor. Jesus não desejava corrigir o comportamento exterior e nem produzir pessoas que reagissem como robôs bem comportados. Ele não queria dar meros ensinamentos, regras de comportamentos e normas de conduta como, “isso pode, isto não pode.” Numa Antiga Aliança, Deus havia dado leis que procuravam corrigir o homem, discipliná-lo, fazê-lo ter uma convivência social saudável. Essas leis falharam, não por culpa da Lei (que é perfeita, boa), mas porque: ...pela Lei vem o pleno conhecimento do pecado (Romanos 3.20). A lei e as regras de conduta buscam moldar o homem exterior. As sementes que Jesus semeava, uma vez geminadas, mudariam o homem interior para sempre. Jamais houve alguém que desejasse transformar mais o mundo do que Jesus, porém, ele não usou de qualquer tipo de violência e pressão para isso. Ele preferiu utilizar a sabedoria e o amor ao invés da força e do poder. Seu objetivo era atingir o interior do ser humano e inspirar desejo de mudança, criatividade e a capacidade de pensar em coisas eternas; era plantar boas sementes no coração de seus discípulos para que estes o compreendessem e o amassem a ponto de darem suas vidas por Ele. Esta tarefa, entretanto, era gigantesca, pois, assim como nós, eles tinham uma natureza bastante corrompida por causa do pecado. Assim como eles, somos imperfeitos e superficiais. Jesus sabe que nossa natureza não muda da noite para o dia, mas Ele é persistente. Este é o Senhor a quem nós adoramos e servimos! Alguns homens, envolvidos pelas palavras de Jesus, deixaram tudo para trás para segui-lo, mas suas obras e atitudes os confundiam. Muitos pensaram que ele era um grande estadista, alguém capaz de reunir um grande exército, alguém cujo mundo se inclinaria diante de seu poder. Não poucos se decepcionaram com sua humildade e com a simplicidade de suas ações, pois mesmo sendo grande, ele parava para atender aos mais sofridos e desprezados daquela sociedade: atendia aos pedidos dos leprosos, cegos e aleijados e até advogava a favor de prostitutas e mulheres de má fama. Quando o povo queria aclamá-lo rei, ele se retirou para assumir o papel de um humilde servo. Era impossível ficar indiferente à pessoa de Jesus! Seus discípulos não compreendiam exatamente a quem seguiam e ficavam profundamente admirados com seus gestos; seus inimigos, extremamente irados, não sabiam quem perseguiam. No entanto, uma coisa não podiam negar: Ele tinha o poder de alcançar com sua mensagem o mais íntimo do coração humano. De forma bastante econômica e precisa no falar, Jesus conseguia tratar em uma parábola o que precisaria de um livro para ser explicado. Certa vez, Jesus contou uma parábola, Eis que o semeador saiu a semear... E explicou, O semeador é o que semeia a palavra... E advertiu, Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! Portanto, comece prestar mais atenção às Palavras de Jesus.


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DEVOCIONAIS A SEMENTE NO CORAÇÃO ENDURECIDO E, ao semear, uma parte caiu à beira do caminho, e vieram as aves e a comeram... São estes os da beira do caminho, onde a palavra é semeada; e, enquanto a ouvem, logo vem Satanás e tira a palavra semeada neles (Mateus 13.4,19).

Normalmente aplicamos esta parábola a um contexto evangelístico, esquecendo-nos que a Palavra não se limita apenas às boas novas da salvação. Ela existe também para nos ensinar, repreender, corrigir e educar na justiça, a fim de que sejamos amplamente capacitados para toda boa obra. Estas sementes visam também o nosso crescimento espiritual. Jesus foi o maior dos semeadores e, nesta parábola, Ele se posiciona como tal e nos compara a um terreno onde serão depositadas suas sementes, classificando a alma, isto é, o coração humano, em vários tipos de solo. O que impressiona é que ele não os classificou pela capacidade de errar e acertar ou vencer e fracassar, mas sim pela receptividade, desprendimento e disposição para aprender. Para ele, o coração humano é o solo mais apropriado para receber suas sementes. O que mais podemos fazer com estas sementes senão enterrá-las em nossos corações? Só uma semente enterrada pode germinar, e uma vez desenvolvida deve frutificar, transformando nossas emoções e nossos pensamentos. Este fruto é caracterizado por amor, alegria, paz, paciência, bondade, benignidade, fé, mansidão, domínio próprio, além de uma capacidade sobrehumana para perdoar e servir. Os quatro tipos de solo que Jesus descreve nesta parábola podem representar quatro tipos de personalidades distintas ou quatro estágios da mesma personalidade. O primeiro tipo de solo aqui apresentado está compactado, endurecido e impermeável. Ele representa aquelas pessoas que têm seu próprio caminho e não estão abertas para algo novo, não estão dispostas a aprender. Elas se fecham dentro do seu mundo, são orgulhosas, não conseguem se abrir para novas possibilidades ou novos pensamentos. São inquestionáveis e sentem-se donas absolutas da verdade. Seus corações são compactados como a terra pisada de uma estrada. Quando põem uma coisa na cabeça, ninguém consegue fazê-las mudar de idéia. Quantas pessoas nós conhecemos que possuem estas características? É fácil identificar? Agora pense: quantas vezes não agimos assim? Somos turrões, teimosos, não permitimos que nos questionem e explodimos diante da menor ameaça de confronto. O mundo tem que girar em torno do que pensamos, achamos e sentimos. As dores e experiências difíceis deveriam funcionar como um arado, mas em vez de aprendermos com elas, só pioramos a situação! Dessa maneira, vamos ficando cada vez mais intolerantes e fechados. Assim eram os fariseus, assim eram os discípulos de Jesus e assim somos nós. A diferença é que, em algum momento, os discípulos abriram o coração. Eles tinham inúmeros defeitos, mas eram pessoas ensináveis. O orgulho deles não tinha grandes raízes, o que os diferenciava dos fariseus. Nem as sementes de amor que Jesus semeava germinam num solo compactado. Por quê? Porque Deus não violenta a alma de nenhum ser humano, mas trabalha no coração daqueles que lhe permitem. Quanto àqueles que insistem em manter seus corações tão endurecidos... vendo, vêem, e não percebem; e ouvindo, ouvem, e não entendem... não se convertem e não são perdoados. (Mt 13.13) Por isso Deus exorta: Quando ouvirem a minha voz, não endureçam seus corações... (Hb 3.8)


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A SEMENTE NO CORAÇÃO PEDREGOSO Outra caiu em solo rochoso, onde a terra era pouca, e logo nasceu, visto não ser profunda a terra. Saindo, porém, o sol, a queimou; e, porque não tinha raiz, secou-se... Semelhantemente, são estes os semeados em solo rochoso, os quais, ouvindo a palavra, logo a recebem com alegria. Mas eles não têm raiz em si mesmos, sendo, antes, de pouca duração; em lhes chegando a angústia ou a perseguição por causa da palavra, logo se escandalizam (Mateus 13.5,6,20,21).

Reconheçamos: este tipo de solo é melhor do que o primeiro. Bem, pelo menos ele apresenta condições mínimas para germinar. Mas quem este solo rochoso representa? Como o próprio Jesus disse, são aqueles que receberam a palavra com alegria, mas um dia se deixaram dominar pelos problemas, perdas e perseguições. São pessoas que perceberam que Deus não eliminaria todas as suas dificuldades e se decepcionaram ao crer que todas as suas orações seriam atendidas. Pensaram que seguir a Jesus seria um céu sem tempestade, trabalho sem fracassos, vida sem sofrimento... Mas se enganaram. Lembre-se que Jesus nunca fez estas promessas. Prometeu, sim, força nas tribulações, refrigério nos momentos de aflição e coragem nos momentos de fraqueza. Os evangelhos testemunham momentos de crise na vida de Jesus, até risco de morte. Os próprios discípulos ficaram abalados. João Batista chegou a questionar: será que é o Messias? Não poucas vezes, em momentos de provações, quando o sol do sofrimento bate em nossas cabeças, nos questionamos: vale a pena segui-lo? Desanimados, muitos desistem e o abandonam. Creio que todos passam por momentos de crise depois da conversão. Nenhum de nós é um gigante, temos a mesma natureza e somos feitos do mesmo material. No entanto, enquanto que para alguns um problema representa uma pequena pedra, fácil de remover, para outros representa uma montanha. Não é fácil suportar o sol do sofrimento sobre nossa cabeça, mas é necessário. Fugir é covardia, enfrentá-lo demonstra fé e confiança. Porém, qual é a melhor maneira de enfrentar os problemas e suportar o calor do sofrimento? Aprofundando nossas raízes. Nas raízes de uma árvore está o segredo do seu crescimento. Muitas vezes invejamos o crescimento de alguém, mas não atentamos para o duro caminho que ele percorreu. Observamos só o resultado, mas não olhamos para a fé, determinação, paciência, perseverança, humildade, abnegação, coragem, simplicidade... Vivemos numa cultura que se preocupa apenas com resultados imediatos e não se interessa em cultivar raízes. Agindo assim, não pense que encontrará água nos dias mais secos e quentes. Sua semente recém germinada fatalmente secará. Uma planta que vence as rochas e atinge águas profundas, esta permanece. Todos nós passaremos por dias difíceis. Pode ser uma perda, doença, expectativas não correspondidas, uma depressão, desespero, vontade de jogar a toalha... São estes momentos que Deus utiliza para trabalhar em nossas almas e aprofundar raízes internas. Os problemas e os sofrimentos são as ferramentas que Deus usa para que nós cavemos mais profundamente; para que nós enxerguemos nossas pedras e aprendamos a removê-las do nosso interior; para que a semente da Palavra possa aprofundar suas raízes em nossa alma.


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A SEMENTE NO CORAÇÃO ESPINHOSO Outra parte caiu entre os espinhos; e os espinhos cresceram e a sufocaram, e não deu fruto... Os outros, os semeados entre os espinhos, são os que ouvem a palavra, mas os cuidados do mundo, a fascinação da riqueza e as demais ambições, concorrendo, sufocam a palavra, ficando ela infrutífera (Mateus 13.7,22).

Dos três que vimos até agora, este solo é o melhor. Ele é adequado para o plantio. As sementes germinaram, criaram raízes, encontraram um excelente clima para crescer. Não há pedras. Os problemas e o sofrimento não conseguiram interferir no crescimento. Mas, junto com a Palavra semeada, apareceram pequenas gramíneas que a princípio não aparentavam nenhum risco. Havia espaço para todas as plantas e elas pareciam poder conviver perfeitamente juntas. Logo os meses se passaram e o previsível aconteceu: os espinhos cresceram muito mais do que aquela planta. A competição foi desonesta! Competiam pelos nutrientes, oxigênio, água, sol. O desenvolvimento natural das plantas foi abalada e elas, mesmo tendo raízes e porte, não frutificaram e, por fim, desapareceram no meio do matagal. Que tipo de pessoa este solo representa? Representa pessoas que conhecem a Palavra, são sensatas, atingiram algum nível de profundidade, permitiram o crescimento das sementes do amor, do perdão, da sabedoria e da solidariedade. Elas suportaram os sofrimentos, as pressões, o calor sufocante dos problemas, a aridez e as dificuldades externas. Dia a dia tornaram-se fortes para vencer os problemas da vida, porém, não estavam preparadas para suportar as tentações que o nosso mundo oferece, e que cresciam sutilmente à sua volta. Note que enquanto as pedras representam problemas ocultos no íntimo do seu coração, os espinhos estão do lado de fora, por toda a parte. Todo agricultor sabe que não é preciso semear o mato, ele nasce sozinho. Sabe que sua capacidade de crescimento é maior do que qualquer planta que se deseja cultivar. Sabe ainda que, se não capinar regularmente, em pouco tempo ele toma conta da plantação. Jesus disse que estes espinhos representam as preocupações e a ansiedade por causa das coisas deste mundo, as ambições e a fascinação por riquezas. Somos bombardeados diariamente com a ideia de sucesso e prosperidade (inclusive dentro da igreja). Muitos permitem que o mato cresça, justamente, por ele exercer tanto fascínio sobre o ser humano. São coisas como: dinheiro, fama, reconhecimento, admiração, o querer ser maior do que os outros, etc. Mas, quem não tem ambições na vida? Quem não se perturba com as incertezas do futuro? Quem não tem preocupações na vida? Algumas destas são legítimas. O problema é quando elas nos controlam, roubam nossa tranquilidade e nossa capacidade de decidir. Quem não tem o cuidado de "capinar" diariamente o seu terreno, ao longo da vida, passa a ser uma pessoa amarga e não consegue entender por que é infeliz, solitária e vive com medo do amanhã, de perder suas posses e sua posição. Embora tenha todos os motivos para sorrir (tem sucesso, dinheiro, prestígio), não consegue ser feliz. Por quê? Porque não limpou as ervas daninhas ao seu redor que se enraizaram no seu coração. Além disto, mais cedo ou mais tarde, todos teremos que deixar para trás todo este mato que acumulamos na vida e só poderemos levar os frutos colhidos das sementes da justiça. Como este dia será?


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A SEMENTE NO CORAÇÃO DISPOSTO Outra, enfim, caiu em boa terra e deu fruto, que vingou e cresceu, produzindo a trinta, a sessenta e a cem por um... Os que foram semeados em boa terra são aqueles que ouvem a palavra e a recebem, frutificando a trinta, a sessenta e a cem por um (Mateus 13.8,23).

Chegamos à boa terra. O solo que Jesus procura para semear e cultivar a sua Palavra. Este coração representado pela boa terra foi o que arou o terreno, removeu as pedras, limpou os espinhos, alcançou raízes profundas e se encontra num clima favorável para frutificar com abundância. Foi um longo e duro trabalho até aqui, mas agora... A terra por si mesma frutifica: primeiro a erva, depois, a espiga, e, por fim, o grão cheio na espiga (Marcos 4:28). Estes não são movidos apenas pelo entusiasmo das boas novas, nem por um apelo emocional e nem por algum interesse, mas pelo desejo desesperado de aprender, de crescer e de mudar. Este grupo de pessoas não é, necessariamente, o mais culto, inteligente, puro, ético, religioso. Geralmente são mais complicados, têm enormes defeitos, fracassaram inúmeras vezes, são considerados inferiores e sem significância em nossa sociedade, porém, sabem superar seus conflitos e dar valor ao que realmente importa, pois abriram seu coração ao Semeador e aplicaram sua Palavra dentro de si mesmos. Alguns já erraram feio, como Pedro, mas perceberam seus erros, tiveram coragem de reconhecer suas limitações, de se esvaziar e de aprender com as próprias falhas. Não tiveram medo de chorar e de começar tudo de novo. É em corações assim que Deus trabalha. Os discípulos aprenderam que, para seguir a Jesus, não bastava admirá-lo. Não bastava simplesmente reconhecer que Ele era o Cristo, o Filho do Deus Vivo. Segui-lo exigia um preço: reconhecer suas próprias misérias, enfrentar o egoísmo, o individualismo, o orgulho e o medo que contamina diariamente a nossa alma. Era preciso aprender a amar incondicionalmente, a oferecer a outra face e a não desistir de si e de ninguém, por maior que fossem as falhas e os fracassos... A Palavra nos transforma, e tem o poder de nos modificar radicalmente. Entretanto, Ela não o faz automaticamente. Por toda a narrativa dos evangelhos lemos que, ano após ano, os discípulos apresentavam reações agressivas e egoístas, competiam, queriam ser um maior que o outro e, até o fim, o individualismo ainda reinava. Para piorar, no momento da cruz, o medo dominou todos eles. Mas Jesus estava tranquilo, pois confiava que as sementes que Ele plantara logo germinariam. Para Jesus, nenhum solo era inútil ou imprestável. Uma prostituta poderia ser lapidada e ter mais destaque que um fariseu. Um coletor de impostos poderia ser transformado acima de qualquer moralista religioso. Podiam lhe esbofetear e cuspir na cara, mas ele surpreendentemente respondia com perdão. Raramente alguém acreditou tanto no ser humano. Nunca alguém entendeu tanto os cantos escuros da nossa alma e desejou transformar a nossa vida num jardim para o mundo como Jesus o fez. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!


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EXPLICANDO MELHOR... Quando Jesus ficou só, os que estavam junto dele com os doze o interrogaram a respeito das parábolas. Não entendeis esta parábola e como compreendereis todas as parábolas? (Marcos 4.10-13)

Lembre-se que antes de começar a parábola do semeador, Jesus estava diante de uma multidão e precisou entrar num barco para falar a seus ouvintes. Mais tarde, ao terminar seu doutrinamento, Ele ficou só com seus discípulos, que o interrogaram a respeito das parábolas (detalhe revelado no evangelho de Marcos, verso 10 do capítulo 4). Foi então que Jesus os questionou: Não entendeis esta parábola e como compreendereis todas as parábolas? (Marcos 4.13) E, neste contexto, Ele revelou o motivo de falar em parábolas: Por isso, lhes falo por parábolas; porque, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem, nem entendem. De sorte que neles se cumpre a profecia de Isaías: Ouvireis com os ouvidos e de nenhum modo entendereis; vereis com os olhos e de nenhum modo percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, de mau grado ouviram com os ouvidos e fecharam os olhos; para não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados. Ao citar Isaías, automaticamente seus discípulos se lembrariam que houve uma época em que o coração do povo estava tão endurecido que Deus deu àquele profeta a missão nada animadora de pregar, pregar, pregar, pregar... e não ver resultado algum. O próprio Senhor endureceria de vez o solo daquelas almas para que elas não se convertessem! Ai! é a exclamação que mais se repete nesta passagem (Isaías 5 e 6). Você acha que isso ainda acontece hoje em dia? Certamente que sim. Ao mesmo tempo, no entanto, Jesus também aliviou o coração de seus discípulos: Ao que respondeu: Porque a vós outros é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas àqueles não lhes é isso concedido. Bem-aventurados, porém, os vossos olhos, porque vêem; e os vossos ouvidos, porque ouvem. Pois em verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não viram; e ouvir o que ouvis e não ouviram (Mateus 13.11,16,17). Em meio a isto tudo, Jesus solta outro enigma (Mt 13.12): Pois ao que tem se lhe dará, e terá em abundância; mas, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. O que ele quis dizer com isto? Em primeiro lugar, lembre-se que o teor, o cerne, o significado de todas estas parábolas é a mensagem do evangelho. Além disso, note que dentro deste contexto Jesus exorta repetidamente: Ouça! Preste atenção! Atendei ao que ouvis! Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! Felizes os que ouvem!... O que isto lhe sugere? Agora, imagine que um amigo seu está desempregado e, para suprir suas necessidades, você se compromete a entregar-lhe uma cesta básica mensalmente. Alguns meses depois, você constata que seu amigo não está fazendo um bom uso deste alimento, antes o ignora, desperdiça e estraga. O que você faz? Continua a doação ou procura alguém que realmente necessite e faça bom uso dela? É disto que Jesus está falando. À medida que abrimos o nosso coração, recebemos e utilizamos bem estas sementes que são a sua Palavra, Deus terá o prazer em nos revelar cada vez mais os mistérios do seu reino – que, na sequência, é comparado a várias situações, e não coisas. Para concluir, Jesus finalmente pergunta: Entendestes todas estas coisas? Responderam-lhe: Sim! Então, lhes disse: Por isso, todo escriba versado no reino dos céus é semelhante a um pai de família que tira do seu depósito coisas novas e coisas velhas.


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CABRITOS E OVELHAS Quando vier o Filho do Homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então, se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas (Mateus 25:31-46).

Os dezesseis versos que compõem esta parábola parecem sugerir que a salvação é o resultado de boas obras. O grupo de pessoas comparadas às ovelhas foram os que agiram caridosamente em dar aos necessitados alimentos, bebidas, vestuário, que demonstravam hospitalidade, e que visitavam os doentes e os presos. Os cabritos parecem ter sido negligentes em relação a essas coisas, resultando em salvação para os ovinos e condenação para os caprinos. Uma leitura casual pode nos passar esta impressão. No entanto, não é este o significado desta parábola. Escritura não pode contradizer Escritura. A Bíblia ensina de forma clara e repetidamente que a salvação é pela fé através da graça e da misericórdia de Deus e não por boas obras (veja, por exemplo, João 1:12, Atos 15:11, Romanos 3:22-24, Romanos 4:4-8, Romanos 7:24-25, Romanos 8:12, Gálatas 3:6-9 e Efésios 2 :8-10). O que Deus, então, está tentando nos revelar nestes versículos? Note que ambos os grupos representados pelas ovelhas e cabritos não estão conscientes de suas ações em relação ao julgamento que lhes é conferido, e ambos perguntam: "Quando fizemos essas coisas?" Esta questão, em si, é muito reveladora como a condição do coração das pessoas envolvidas. Nestes versos, estamos olhando para um homem redimido e salvo, e outro condenado e perdido. Salvação ocorre no momento em que cremos em Jesus Cristo. Salvação é pela graça mediante a fé. Neste momento, você se torna filho de Deus (cf. Jo 1,12-13). Paulo, em 2 Coríntios 5:17, nos diz que: Se alguém está em Cristo, nova criatura é, as coisas velhas já passaram, tudo se fez novo. Então, o que é, exatamente, que nos torna uma "nova criação", visto que estamos ainda nesta carne (Romanos 7:14-25), ainda vivemos neste mundo (Tiago 4:4) e, sem dúvida alguma, ainda somos pecadores (cf. 1 João 1:8)? A mudança ou transformação que ocorre em nós no momento da conversão é o fato de que somos selados por Deus com o Espírito Santo. Salvação, aqui, significa que recebemos algo de Cristo, ou seja, o perdão dos pecados. A partir deste momento, quando o Pai nos olha, Ele vê pessoas justificadas pelo sangue de seu Filho em vez de ver a nossa própria natureza pecadora, e é somente desta forma que as nossas obras se tornam aceitáveis para ele. Essas obras não são obras feitas por nossa velha natureza, mas pelo poder do Espírito que reside em nós. A partir da salvação, nosso dever como cristãos é nos tornarmos discípulos de Cristo, é ser como Ele é. Em Gálatas 5:22 lemos que o fruto do Espírito em nossa vida é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, mansidão, fidelidade e domínio próprio. Estes são os traços característicos que Jesus Cristo exibiu por toda sua vida aqui na terra e que devem ser os nossos também. Estes frutos amadurecem num cristão em proporção direta à liberdade que este dá ao Espírito Santo para trabalhar em sua vida. As boas obras na vida do crente são o transbordamento desta habitação, e só são aceitáveis por Deus por causa da relação que existe entre o servo e seu Senhor, a ovelha e seu pastor. Portanto, a mensagem central da parábola dos cabritos e das ovelhas é que as boas obras resultarão da nossa relação com o nosso pastor. Seguidores de Cristo produzirão naturalmente estas obras: tratarão a todos com bondade e lidarão com o próximo como Cristo faria. Aqueles que rejeitam a Cristo vivem de maneira oposta. Os "cabritos" podem, certamente, fazer atos de bondade e caridade, mas os seus corações não abrigam verdadeiramente em si o propósito correto: honrar e adorar a Deus.


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A OVELHA E A MOEDA PERDIDA Digo-vos que, assim, haverá maior júbilo no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento (Lucas 15.1-10).

As parábolas da ovelha e da moeda perdidas são as duas primeiras de uma série de três, sendo a terceira a do filho perdido ou "filho pródigo". O motivo de Jesus contar estas parábolas pode ser visto nos dois primeiros versos do capítulo 15. Aqui, publicanos e pecadores estavam se reunindo ao redor de Jesus para ouvi-lo, enquanto os fariseus e os doutores da lei murmuravam (queixavam-se injustamente): "Este homem acolhe os pecadores e come com eles." Observe que os fariseus não se queixavam de Jesus estar ensinando aos pecadores. Como os fariseus se julgavam ser “os justos professores da lei”, e todos os outros maus, eles não poderiam condenar sua pregação. Por reconhecerem a autoridade dos ensinos de Jesus, eles julgavam, consequentemente, ser incompatível com a dignidade de alguém tão conhecedor das Escrituras o comer com eles. O pressuposto por trás da declaração dos fariseus: "Este homem acolhe os pecadores..." É o que move Jesus a contar-lhes estas três parábolas. Para compreender o significado desta declaração, devemos levar em conta que, praticamente tudo o que era feito naquela cultura, deveria ser considerado se seria uma atitude honrosa ou vergonhosa (mais ou menos como procedemos em nossas igrejas atualmente, certo?). Sejamos sinceros: a principal motivação para o que fazemos e como agimos se baseia na procura de honra para si e/ou para evitar a vergonha pública. Esta também era a preocupação central que movia as intenções de toda aquela sociedade, mas principalmente da elite farisaica. Na primeira parábola, Jesus convida seus ouvintes a se colocarem na história: "Suponha que algum de vocês tenha cem ovelhas." Ao fazer isso, Jesus está apelando para o seu raciocínio intuitivo e para suas experiências de vida. Faça este exercício você também: se a ovelha fosse sua, o que você faria? Na conclusão da história, automaticamente, os fariseus mudaram de posição e, por causa de seu próprio orgulho, se recusaram a se identificar como uma ovelha perdida, associando-a aos pecadores, e buscaram ansiosamente o rótulo honroso de "justo", colocando-se na posição do grupo mais significativo das noventa e nove ovelhas. É aí que Jesus solta a seguinte sentença: "Haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento." Aqui, Jesus pode ter usado um pouco de sarcasmo na referência aos fariseus "que não necessitam de arrependimento" (leia Romanos 3:10, 23). O mesmo se desenrola na parábola da moeda perdida. As dracmas eram moedas de prata que tinham o mesmo valor que um denário, o equivalente a um dia de trabalho. Isso podia significar pouco para os abastados fariseus, mas para um trabalhador, um dia de trabalho valia muito. Após uma análise cuidadosa das parábolas, podemos ver que Jesus estava invertendo os valores daqueles homens, colocando de cabeça para baixo a compreensão que eles tinham da justiça humana e aceitação de Deus. Os fariseus se enxergavam como as pessoas amadas de Deus, e os pecadores como os excluídos. Na verdade, toda aquela sociedade pensava assim. Jesus usa os próprios preconceitos dos fariseus contra eles mesmos, ao valorizar os pecadores com uma mensagem desta. A mensagem é esta: “Deus tem um interesse pessoal pelo excluído e, quando Ele o encontra, coloca sobre seus ombros" (v. 5), e “busca diligentemente por pessoas que estão perdidas (em pecado) e, quando as encontra (e estas se arrependem) ele se alegra grandemente”. Jesus deixa claro que os fariseus que se achavam perto de Deus estavam distantes, e os pecadores e publicanos eram aqueles a quem Deus procurava.


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O FILHO PERDIDO Continuou: Certo homem tinha dois filhos; o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele lhes repartiu os haveres (Lucas 15.11-32).

Há uma progressão na relação entre as três parábolas de uma em cem; uma em cada dez; e um para um, demonstrando o amor de Deus para com toda a humanidade e sua atenção pessoal para cada indivíduo. Vemos nesta história a graça de um pai ao receber um filho arrependido que estava perdido, e não considerar os pecados que este cometeu. Ao ouvir esta parábola, os fariseus sentiram-se certamente incomodados com o desenrolar da história, a começar pelo filho mais novo que pediu ao pai sua parte da propriedade ainda em vida. Embora fosse perfeitamente dentro de seus direitos de pedir, não era uma coisa amorosa de se fazer, pois isto implicava que ele desejasse que o pai estivesse morto. Em vez de repreender o seu filho, o pai, conscientemente, lhe concedeu o pedido. Esta é uma demonstração de como Deus age muitas vezes, deixando um pecador seguir seu próprio caminho. Todos nós possuímos (uns mais outros menos) essa ambição tola de querer ser independente. Está na raiz do pecador que persiste em seus pecados. Andar em pecado é uma partida da presença e distanciamento de Deus, mas é também um estado de insatisfação constante. Em Lucas 12:15 Jesus já havia advertido: Tende cuidado e guardai-vos de toda e qualquer avareza; porque a vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui. Este filho aprendeu da maneira difícil que a cobiça conduz a uma vida de insatisfação e decepção. Aprendeu também que as coisas mais valiosas na vida são as coisas que você não pode comprar, nem substituir. O fato deste rapaz ter “viajado a um país distante” levava os fariseus a compreenderem que ele estava se afastando do povo da promessa, bem como das alianças com Deus. É evidente, a partir de suas ações anteriores, que ele já tinha feito essa viagem em seu coração, e a partida foi uma demonstração de sua desobediência intencional a todo amor que seu pai tinha oferecido. No processo, ele desperdiçou todos os bens que sua família tinha conquistado com o suor do rosto para, de forma tão egoísta, desperdiçar tudo. Seu desastre financeiro foi seguido por um desastre natural que veio em forma de uma fome que assolou aquele país. Neste ponto, ele se vendeu à escravidão física para os gentios, e se encontrava alimentando suínos, uma posição detestável para o povo judeu. Para completar, aparentemente ele ganhava tão pouco que desejava comer a lavagem dos porcos. Não havia quadro pior para um fariseu. Em suas mentes este era o pior estado, o mais degradante que um ser humano poderia chegar. Mesmo aqueles animais imundos pareciam ser melhores do que ele naquele momento. Jesus conseguira retratar o estado de um pecador perdido, ou de um filho rebelde que voltou a uma vida de escravidão ao pecado. É um retrato fiel do que o pecado faz na vida de uma pessoa, quando este rejeita a vontade do Pai. "O pecado sempre promete mais do que dá, toma mais do que você queria dar, e te deixa pior do que estava antes." O pecado promete liberdade, mas traz escravidão (João 6:23). O filho começou a refletir sobre sua condição e percebeu que até os funcionários do seu pai viviam melhor do que ele. Sua deplorável situação o ajudou a olhar para o pai sob uma nova luz e lhe trouxe esperança. Este é o reflexo do pecador quando ele descobre a condição miserável de sua vida por causa do pecado. É uma constatação de que sem Deus não há esperança (Efésios 2:12, 2 Timóteo 2:25-26). Isto acontece quando um pecador arrependido "cai em si" e anseia por retornar àquele estado de comunhão que o homem tinha com Deus antes da queda. Este é o plano original de Deus, sua vontade para nós. Em vez de condenação, há alegria e festa no céu “por um filho que estava morto, mas agora vive, que estava perdido, mas agora foi encontrado.”


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O PAI AMOROSO O pai, porém, disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comamos e regozijemo-nos (Lucas 15.11-32).

O filho pródigo percebeu que não tinha direito de reivindicar nada para retornar à casa de seu pai, nem tinha nada para oferecer, exceto uma vida de serviço pelo arrependimento de seus atos anteriores. Com isso ele estava preparado para cair aos pés de seu pai na esperança de obter perdão e misericórdia. É exatamente isto que a conversão representa: o fim de uma vida de escravidão do pecado, através da confissão ao Pai, e da fé em Jesus Cristo, dispondo-se a se tornar um escravo da justiça. O filho pródigo estava satisfeito por voltar para casa como um escravo, mas para sua surpresa e alegria os privilégios de ser filho foram restaurados por seu pai. Ele passou de um estado de miséria para completa restauração. Isso é o que a graça de Deus faz por um pecador arrependido. Não só estamos perdoados, mas recebemos um espírito de adoção como Seus filhos, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo. O pai então ordenou aos servos para levarem a melhor roupa (significando dignidade e honra, a prova de sua aceitação de volta para a família), um anel para a mão do filho (autoridade e filiação) e sandálias para seus pés (um sinal de que ele era livre, pois escravos não usavam sapatos). Este pai amoroso ainda manda matar um novilho gordo e realizar uma festa. O sangue de um inocente foi derramado para expiação dos pecados, visto que naquele tempo bezerros cevados eram guardados para ocasiões especiais como o Dia da Expiação. Podemos imaginar a indignação dos fariseus a esta altura da narrativa, pois se o rapaz tivesse sido tratado em conformidade com a Lei deveria haver um funeral, e não uma festa ( veja Dt 21.18-21). Mas... O SENHOR é misericordioso e compassivo; longânimo e bastante benigno. Não repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira. Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades. Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões. Como um pai se compadece de seus filhos, assim o SENHOR se compadece dos que o temem (Salmo 103:10-13). Jesus retrata o pai à espera de seu filho talvez diariamente, buscando-o pelo caminho distante ou esperando por sua volta. No momento em que o avistou, ainda longe, este pai compassivo se condói com o estado lastimável do filho. Naquela época não era o costume dos homens correr, mas aqui o pai corre para abraçar o seu filho. Por que um homem de posição quebraria o convencionalismo por um jovem rebelde que havia pecado contra ele? A resposta óbvia é porque ele o amava incondicionalmente, estava ansioso para compartilhar com ele seu amor e restaurar o relacionamento outrora perdido. Quando o pai alcançou seu filho, não só o acolheu em seu abraço, como também o cumprimentou com um beijo afetuoso. Ele está tão cheio de alegria pelo retorno de seu filho que não se dá conta da imundície que o filho se encontra, não o permite terminar a sua confissão, nem tampouco passa um sermão nele. Em vez disso, o perdoa incondicionalmente e o aceita de volta à comunhão. A figura do pai correndo para seu filho, cumprimentando-o com um beijo e ordenando a celebração de uma festa de boas vindas é um retrato de como nosso Pai Celeste se sente em relação aos pecadores que se arrependem. Deus nos ama muito e espera pacientemente nosso arrependimento para que Ele possa nos mostrar Sua grande misericórdia. O apóstolo Pedro representou bem esta ideia em sua carta (2 Pedro 3:9): Não retarda o Senhor a sua promessa, como alguns a julgam demorada; pelo contrário, ele é longânimo para convosco, não querendo que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.


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O FILHO INTOLERANTE Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Ele se indignou e não queria entrar; saindo, porém, o pai, procurava conciliá-lo (Lucas 15.11-32).

O palco estava montado para apresentar o último personagem da parábola: o filho mais velho. Este ilustrava os escribas e fariseus, aparentemente obedientes, mas visivelmente intolerantes. Aparentemente porque eles demonstravam um viver piedoso, mas interiormente as suas atitudes eram abomináveis, como Jesus relata em Mateus 23:25-28. O filho mais velho sempre trabalhou duro e, obediente a seu pai, nunca envergonhou sua família ou povo. Porém, fica evidente por suas palavras e ações, que ele não compartilhava a alegria de seu pai e irmão. Ainda assim o pai, com muita paciência, saiu ao seu encontro a fim de aplacar a raiva deste filho. O pai sábio não o repreende nem por em suas ações, nem pela forma desrespeitosa com que este se dirige a ele em sua justificativa. A compaixão deste pai amoroso também não cessa enquanto ouve suas queixas e críticas. Ele procura a restauração, salientando tudo o que ele é e tem para pedir ao seu filho obediente compreensão. No entanto, este filho obstinado, em sua ira, nunca utilizou as bênçãos à sua disposição, assim como os fariseus tinham uma religião de obras meritórias. Eles esperavam ganhar as bênçãos de Deus por seu mérito e obediência à Lei. Nunca conseguiram entender a graça de Deus, nem compreender o significado do perdão. Não foi o que eles fizeram que se tornou um obstáculo ao seu crescimento, mas sim o que eles não fizeram que os afastou de Deus. Eles estavam irados com o fato de Jesus receber e comer com pecadores (estes sim enxergavam sua necessidade de um Salvador). Ao dizer "esse teu filho," o irmão mais velho evita reconhecer que o pródigo é seu próprio irmão. Assim como os fariseus, o irmão mais velho estava definindo o pecado por ações externas, e não atitudes interiores. Em essência, o irmão mais velho estava dizendo que ele era o único digno de celebração e seu pai tinha sido injusto e ingrato para com ele, por toda a sua obra, por todo seu esforço. Agora o que tinha esbanjado sua fortuna estava recebendo o que não merecia. O pai carinhosamente dirige-se ao mais velho como "meu filho" e corrige o erro na sua forma de pensar, mostrando que o filho pródigo é "este teu irmão". O foco do irmão mais velho era em si mesmo e, como resultado, não havia alegria na chegada de seu irmão para casa. Ele se consumia tanto com questões de justiça e equidade, que não conseguiu ver o valor no fato de que seu irmão havia se arrependido e voltado. Ele não percebeu que, aquele que diz estar na luz e odeia a seu irmão, até agora, está nas trevas. Aquele que ama a seu irmão permanece na luz, e nele não há nenhum tropeço. Aquele, porém, que odeia a seu irmão está nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe para onde vai, porque as trevas lhe cegaram os olhos (1 João 2.9-11). Este filho intolerante permitiu que a ira e a amargura criassem raízes em seu coração a ponto de ser incapaz de perdoar ou mostrar compaixão para com seu irmão. Ele preferiu alimentar sua raiva em vez de gozar da comunhão com o pai, o irmão e a comunidade. Escolheu o sofrimento e o isolamento ao invés da restauração e reconciliação. Ele viu o retorno de seu irmão como uma ameaça à sua própria herança. Afinal, por que ele teria que dividir a sua parte com um irmão esbanjador, que procurou se alegrar longe da presença do Pai através de anos de infidelidade e libertinagem? Não sabemos como essa história terminou para o filho mais velho, mas sabemos que os fariseus continuaram a oposição declarada a Jesus e a discriminar seus seguidores. Apesar dos apelos do Pai pedindo-lhes que se voltassem a Ele, eles não apenas se recusaram como quiseram calar Aquele que trouxe até nós as boas novas de reconciliação, promovendo a prisão e crucificação de Jesus Cristo. Sem dúvida, um final trágico para uma história cheia de tanta esperança, misericórdia, alegria e perdão.


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O FILHO (DES)OBEDIENTE Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram: O segundo. Declarou-lhes Jesus: Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus (Mateus 21.23-31).

A chave para a interpretação desta parábola está na compreensão do relacionamento de Jesus com os fariseus. Para isso, precisamos voltar um pouco e olhar para o contexto geral da passagem. O ponto central do evangelho de Mateus é apresentar Jesus como o Messias esperado, e o capítulo 21 começa com a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. A multidão responde dando louvores ao rei, gritando Hosana, hosana. Esta palavra deriva da união de duas palavras em hebraico (hoshiah na), que literalmente querem dizer "salva, pedimos.” Com o tempo essa oração se tornou uma exclamação de louvor. O primeiro ato do rei à entrada de Jerusalém é a purificação do templo (21:12-17). Depois, vemos Jesus amaldiçoar uma figueira (21:18-22). O relato da figueira pode parecer uma história isolada, mas este fato estava carregado de importantes significados. A figueira era uma das figuras de Israel, conforme vemos em Oséias 9:10 ou Joel 1:7. O fato de que a figueira tinha muitas folhas e nenhum fruto simbolizava a intensa atividade religiosa de Israel, com todos os artifícios da espiritualidade, mas sem substância alguma. Israel podia apresentar sua exuberante folhagem da religiosidade, mas não o fruto do arrependimento, e a obediência a Deus era inexistente. Por este motivo, Jesus diz àqueles que eram responsáveis pela vida religiosa que as prostitutas e os cobradores de impostos os precediam no reino. Mais uma manhã se inicia e Jesus está ensinando no templo. Neste contexto, o sumo sacerdote e alguns anciãos começam a confrontá-lO querendo saber com que autoridade Ele estava ensinando. Para não ‘entrar na deles,’ Jesus toma o controle da conversa respondendo à pergunta com outra pergunta. Eles foram pegos de surpresa e não conseguiram pensar em uma resposta que satisfizesse a pergunta de Jesus sem complicá-los. Jesus, muito sabiamente, estava mostrando que não iriam se livrar daquela tentativa óbvia de persuasão, e que Ele não era obrigado a responder à pergunta deles. Ademais, Jesus comunicara a seus opositores que a autoridade que João Batista recebera partia da mesma fonte. Essa vergonhosa “rasteira” que levaram publicamente de Jesus despertou grande fúria naqueles líderes religiosos, além de desencadear enorme oposição. Jesus, então, aborrece ainda mais os sacerdotes, contando duas parábolas. A primeira é a parábola dos dois filhos. É uma história bem simples, de um homem que pede a seus filhos que fossem para a vinha trabalhar. O primeiro filho concordou, mas depois deliberadamente desobedeceu e não foi. O segundo filho, que a princípio se recusou a ir, obedeceu e foi. Este foi o filho que, finalmente, fez a vontade do seu pai. Jesus, então, claramente o associa aos publicanos e prostitutas, párias da sociedade judaica, porque eles, aceitando "o caminho da justiça," creram na mensagem de arrependimento de João Batista apesar de serem evidentes não-cumpridores da Lei. Já os líderes de Israel são representados pelo primeiro filho, pois alegavam obediência, mas não faziam a vontade do pai. Não era simplesmente uma questão de conhecer ou não a vontade do pai, visto que ambos conheciam. No caso de Israel, seus líderes eram os que mais conheciam a vontade de Deus, e orgulhavam-se disto. Seu motivo de orgulho, no entanto, seria o principal agente de sua condenação. No capítulo 23, Jesus ‘bate de frente’ com seus opositores religiosos, e as acusações não são outras senão o fato de eles serem zelosos cumpridores de tradições e regrinhas humanas (Paulo as chama de ensinos de demônios), distorcendo, acrescentando ou omitindo os princípios mais importantes da Lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. As motivações que moviam estes homens eram, basicamente, o reconhecimento público, a fascinação pelas riquezas e a ambição pelo poder. Por isso a advertência: Vede e acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus (Mateus 16.6).


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A PARÁBOLA DA VINHA Atentai noutra parábola. Havia um homem, dono de casa, que plantou uma vinha. Cercou-a de uma sebe, construiu nela um lagar, edificou-lhe uma torre e arrendou-a a uns lavradores. Depois, se ausentou do país (Mateus 21.33-41).

Na parábola anterior, Jesus ensina que apesar da liderança religiosa alegar que aceitava a supremacia de Deus, eles efetivamente não fizeram jus à Sua mensagem, mostrando-se desobedientes à Palavra. Externamente, eram piedosos e orgulhavam-se de sua posição e de serem ‘povo de Deus,’ mas Jesus, que os conhecia como ninguém, ‘põe o dedo na ferida’ e mostra que é lá no fundo de seus corações que eles pecavam miseravelmente. A presente parábola (da vinha) pode ser vista como que Jesus derramando sal naquela ferida. Talvez fosse o caso de eles não compreenderem o óbvio, por isso é que Jesus apresenta uma ilustração muito mais clara da mensagem que Ele quis transmitir. Obviamente, isso enfureceu ainda mais os sacerdotes, mas também forneceu aos que estavam presentes a oportunidade de ouvir Jesus explicar, completamente, as implicações da desobediência do povo judeu ao longo dos tempos. Os agentes enviados representavam os profetas que Deus enviou ao seu povo Israel e, em seguida, foram rejeitados e mortos pelas mesmas pessoas que afirmavam serem de Deus e obediente a Ele. Nesta parábola, Jesus não estava apenas mostrando como eles agiam, mas também imprimindo em suas mentes a seguinte questão: “Como vocês podem reivindicar obediência como povo de Deus e ainda rejeitar Seus mensageiros?” Nós não sabemos quantos funcionários o proprietário enviou, mas isso não é importante. O objetivo é mostrar o repetido apelo de Deus através de Seus profetas para um povo de coração endurecido. A situação se torna ainda mais crítica quando o fazendeiro manda seu próprio filho, na esperança que eles o respeitassem. Porém, os inquilinos veem a oportunidade de matar o filho, pois acreditavam que, se assim fizessem, receberiam a vinha como herança. A lei dizia que, se não houvesse herdeiros, a propriedade passaria para aqueles que a possuíssem. Este detalhe equivalia à conspiração da liderança judaica pelo assassinato que eles cometeriam (profeticamente falando), pois Jesus está predizendo sua crucificação. Os inquilinos provavelmente pensaram ter vencido a luta pela propriedade, mas não: o proprietário ainda está vivo. Por fim, Jesus lhes pergunta: O que o proprietário fará àqueles lavradores? Com isto, Ele força os líderes religiosos e sacerdotes a declararem o seu próprio destino, ou seja, a condenação por sua flagrante desobediência. Depois de contar esta parábola, Jesus declarou àquela liderança: Portanto, vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos (v. 43). Dois mil anos se passaram e aqui estamos nós. Temo que a igreja tenha se tornado uma instituição semelhante àquela combatida por Cristo, conforme escrito acima: apesar da liderança religiosa alegar que aceitava a mensagem de Deus, eles efetivamente não fizeram jus a esta mensagem mostrando-se desobedientes à Palavra. Hoje temos a Escritura completamente revelada em nossas mãos; hoje conseguimos enxergar que esta passagem deixa claro que Jesus seria rejeitado pelos seus até ser, enfim, covardemente condenado, mas que ressuscitou ao terceiro dia e hoje está vivo ao lado do Pai. Além disto, somos sabedores que a volta de Cristo é iminente. A voz de dezenas de profetas e milhões de testemunhas nos faz lembrar constantemente disto. Embora a Igreja não viesse substituir Israel, vejo um paralelo bastante curioso aqui. Somos responsáveis não apenas pelo cuidado com esta Igreja como um todo (o corpo de Cristo), mas também por velar por nossa vida cristã, particularmente.


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A PEDRA Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular; isto procede do Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos? Portanto, vos digo que o reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que lhe produza os respectivos frutos. Todo o que cair sobre esta pedra ficará em pedaços; e aquele sobre quem ela cair ficará reduzido a pó (Mateus 21.42-44).

O Novo testamento inicia com Deus fora do Templo, local de sua habitação na antiga aliança. Lucas relata que naquele tempo (na ocasião do nascimento de Jesus) eram sumos sacerdotes Anás e Caifás. Isto já indica uma irregularidade, pois como o próprio título recomenda, sumo sacerdote indica uma unidade e não uma dupla. A politicagem religiosa havia se instituído de forma dominante e autoritária em Israel. Com isto, Deus levara o seu sumo sacerdote para o deserto: João Batista. Pense bem. Ele vinha de uma linhagem de sacerdotes (Zacarias, seu pai, e Isabel, sua mãe, eram descendentes de Arão). Tinha uma alimentação diferenciada bem como se vestia de forma também diferenciada, como era próprio do sumo sacerdote. Além disso, João era a voz do que clamava no deserto. Quem estava clamando no deserto era Deus e não João Batista. Este era o porta voz de Deus, função que cabe a um sumo sacerdote. Daí, concluímos que, pelo fato de os líderes religiosos terem transformado a Casa de Deus em um covil de ladrões, o Senhor se mudara para o deserto, levando consigo seu porta voz, juntamente com todos os excluídos da religião farisaica. O papel de João Batista foi anunciar a vinda daquele cuja sandália ele não era digno de desatar, daquele que vinha para limpar seu eirado, purificar com seu fogo, batizar com seu Espírito. Este é aquele que não exclui a cana quebrada e nem o pavio que fumega. Este é Jesus de Nazaré, o Filho do Deus altíssimo. O Messias de Israel trouxe salvação para todos aqueles que desejassem, para aqueles que não tinham mais esperança, pois eram profundamente atormentados com o fardo condenatório que os mestres da Lei impunham sobre seus ombros. Jesus veio quebrar a velha e rígida interpretação maléfica das Escrituras para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor. Jesus quebrou todos os paradigmas impostos pela velha religião e com isto comprou briga com os donos deste sistema. Este fato é notório quando lemos em Mateus (vs. 45-46): Os principais sacerdotes e os fariseus, ouvindo estas parábolas, entenderam que era a respeito deles que Jesus falava; e, conquanto buscassem prendê-lo, temeram as multidões, porque estas o consideravam como profeta. Jesus estava citando Isaías 61, confirmando a profecia que Ele viria para evangelizar (trazer boas notícias) a todos os necessitados. Ele é o Profeta prometido no Antigo Testamento. Sua Palavra cura, restaura e salva, mas também traz a condenação a todos aqueles que não creem, opondo-se a Deus. Jesus é a Pedra, a Rocha de salvação, a mesma Pedra que os construtores rejeitaram. Por causa da incredulidade gerada pela religiosidade dos judeus, o reino de Deus seria tirado do cuidado de suas mãos e entregue a um povo que lhe produziria os respectivos frutos. Somos advertidos a não cairmos no mesmo erro dos fariseus (cuidado com o fermento...). Infelizmente, vemos que o Novo Testamento termina relatando Jesus fora da Igreja, local de sua habitação nesta Nova Aliança. Por isso, em Apocalipse 3.20 Jesus diz à sua amada (e não a incrédulos): Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele, comigo.


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INVESTIDORES DO REINO Pois será como um homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens. A um deu cinco talentos, a outro, dois e a outro, um, a cada um segundo a sua própria capacidade; e, então, partiu (Mateus 25.14-30).

Se entendermos os talentos como talentos de ouro, então os valores que o senhor confiou aos administradores são extremamente elevados, na ordem de milhões de reais. Porém, uma vez que o Senhor usa apenas o termo "talentos" não devemos fazer muitas suposições, talvez apenas a de que o dono dos talentos, o homem que viaja para um país distante, é um homem rico. Ele está confiando a sua riqueza a três homens que se tornam guardiões do seu dinheiro. Um recebe cinco talentos, outro recebe dois talentos e um terceiro mordomo recebe um talento apenas. A cada um é dado uma quantidade significativa de dinheiro, e o que é mais importante, segundo a sua própria capacidade. Supomos que estes mordomos, encarregados do cuidado do dinheiro, devem conhecer muito bem a personalidade e o caráter do seu Senhor. Este espera que seus empregados o conheçam bem o suficiente para se aplicarem diligentemente neste cuidado e seguindo claramente suas instruções. Os dois primeiros compreendem o espírito das instruções e do caráter do seu Senhor. Ambos usam os recursos para negociar e obtêm lucro. Cada um deles dobra o montante confiado em suas mãos. O terceiro deixou-se paralisar pelo medo e a desconfiança de seu Senhor (pelo menos foi esta a desculpa que ele usou). Ele enterra o dinheiro e retorna o valor original. Os dois primeiros são elogiados, e convidados a entrar na alegria do seu Senhor. O mordomo medroso é repreendido e punido. A primeira vez que ouvi um estudo sobre esta parábola, o professor interpretou talentos como se fossem dons. Foi uma interpretação bastante literal, como se Deus desse cinco dons para uma pessoa, três para outra e um para mais outra. Disse, então, que deveríamos utilizar todos os nossos dons, (tanto quanto o recebemos) para devolvermos em dobro para Deus. Depois, estudando um pouco mais, pensei que estes talentos pudessem ser aplicados não somente aos dons, mas a qualquer outra coisa com que Deus nos agracia, como talentos artísticos e profissionais, inteligência, recursos materiais, etc. Sem dúvida, creio que prestaremos conta de tudo o que fizermos com (como aplicamos) estes “talentos” confiados a nós individualmente. Podemos aplicá-los na expansão da obra de Deus ou, simplesmente, aplicarmos em nós mesmos, “enterrando-os” neste mundo. Creio que este princípio é válido! Deus ainda confiou a nós uma porção da sua Palavra, segundo a capacidade de cada um. Para quê? Para passarmos adiante, espalharmos as sementes do Evangelho pelo mundo. Vejo neste termo “a cada um segundo a sua própria capacidade” a chave para interpretarmos esta parábola. Embora os homens façam uma pecaminosa distinção das pessoas que são mais ou menos capacitadas intelectualmente (também fazem com as mais bonitas, com as mais ricas, etc.), Deus não faz esta distinção. Seu julgamento não será na base de quem é mais ou menos capacitado, mesmo porque foi Ele quem nos fez assim, mas julgará segundo o aproveitamento daquilo que nos foi confiado, segundo a capacidade de cada um. Independente de quanto Deus lhe abençoou e independente de quão capaz você é, se você utilizar seus “talentos” para aplicar apenas a este mundo (literalmente enterrar aqui) usando o argumento que “Deus colhe onde não semeou...”, saiba que esta desculpa não vai colar!


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OS DOIS DEVEDORES - O RELIGIOSO Dirigiu-se Jesus ao fariseu e lhe disse: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. Ele respondeu: Dize-a, Mestre. Certo credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos denários, e o outro, cinquenta. Não tendo nenhum dos dois com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Qual deles, portanto, o amará mais? Respondeu-lhe Simão: Suponho que aquele a quem mais perdoou. Replicou-lhe: Julgaste bem (Lucas 7.41-43).

Esta parábola está inserida num contexto (leia Lucas 7.36 a 50) e não há como dissociá-la deste acontecimento pois é ele que nos fornece o pano de fundo para a compreendermos. Podemos, por exemplo, perceber nesta narrativa a real motivação do fariseu, um religioso acima de qualquer suspeita na sua sociedade, ao convidar Jesus para tomar uma refeição em casa, bem como seu tratamento nada honroso para com Jesus. Em sua chegada àquela casa, Simão não lhe oferecera água, não lhe cumprimentara com um beijo e nem ungira sua cabeça, demonstrando assim indiferença e insolência para com seu convidado. Vemos também sua avaliação prematura e equivocada sobre a atitude da mulher que, identificada apenas como ‘pecadora,’ entra naquele recinto e protagoniza uma cena bastante incomum mesmo para os padrões daquela época: lava os pés de Jesus com suas lágrimas, enxuga com seus cabelos, cobre-os de beijos e unge-os com um óleo aromático. Que julgamento você acha que Simão fez sobre as motivações daquela ‘pecadora?’ Sem nada entender, e completamente insensível à situação, ele não somente não se arrepende de suas faltas, mesmo as mais grosseiras, como ainda assume uma posição arbitrária julgando e condenando tanto aquela mulher quanto Jesus por permitir que ela o tocasse. A mente engessada deste observador da lei estava tão enrijecida que não conseguia se emocionar com ela. Ele estava tão obcecado por sua ardilosa investigação que não deu caso aos seus próprios pecados. Sua mente treinada deu o alarme: "Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, porque é pecadora." Este “silencioso comentário” revela o que se passava em sua cabeça. Jesus, então, conta a parábola, que é o eixo desta história. Ao lê-la, automaticamente associamos a mulher pecadora ao maior devedor e o fariseu ao menor. Simão fez o mesmo. Porém, não é esta a associação que Jesus faz. Ele não está dizendo: "Olha Simão, como você tem pouco pecado para ser perdoado, então você ama pouco, enquanto ela... veja quanto pecado!" O recado que Jesus passa para Simão é: "Você, Simão, tem muitos pecados (alguns dos quais vemos neste texto), mas nenhuma percepção deles e, consequentemente, não se arrepende. Desta forma, você pouco foi perdoado e, naturalmente, pouco ama." Em outra passagem, Jesus declarara aos religiosos da sua época: Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus (Mateus 21.31). Simão era, com certeza, um “observador da lei” na vida alheia. Este deve ser um alerta para nós. A religiosidade cauteriza a mente. Ela é enganosa e traz consigo algumas armadilhas nas quais facilmente caímos. Por isso, devemos cuidar (como Jesus orienta) para que o fermento dos fariseus não cresça em nossos corações. Se nós tivéssemos a ideia de quão pecadores somos, penso que a Igreja estaria desfrutando de muito mais saúde atualmente. Responda sinceramente, quem é o maior devedor desta história? E quem é o maior que você conhece?


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OS DOIS DEVEDORES - A PECADORA E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; esta, porém, regou os meus pés com lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Não me deste ósculo; ela, entretanto, desde que entrei não cessa de me beijar os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta, com bálsamo, ungiu os meus pés (Lucas 7.44-46).

Como vimos anteriorente, fica claro que, os rituais de recepção de hóspedes aceitos naquela sociedade, não foram apenas esquecidos na narração da história, como haviam sido grosseiramente omitidos por um hospedeiro mal intencionado. Conseguimos perceber nesta narrativa a real motivação do fariseu ao convidar Jesus e também sua avaliação prematura e equivocada sobre a atitude da mulher e a aceitação de Jesus. No entanto, pudemos ver como esta mulher, pecadora e desprezada, compensou magnificamente as faltas daquele anfitrião. O religioso tem uma mente muito aguçada para identificar pecados na vida do próximo e condená-lo pelos seus atos. Porém, os pecados da religiosidade não estão na aparência, mas no fundo do coração, no oculto das intenções. Este, só Deus vê! Tenha certeza, Ele vê! No entanto, qual era a verdadeira intenção daquela ‘pecadora’ ao chegar-se aos pés de Jesus? Ao contrário do que Simão julgara (e alguns possam interpretar), os atos daquela mulher não consistiam em carícias contagiosas de uma mente impura, mas sim no derramamento de amor sincero de uma mulher arrependida. Emocionada, ela reconheceu sua condição de pecadora, humilhou-se e demonstrou sua devoção lavando, beijando e ungindo os pés do Senhor, dando a Ele toda a honra merecida. Muito provavelmente, este não foi o primeiro encontro entre os dois. Certamente Jesus estendera graça e perdão àquela alma que agora, incontida em seus sentimentos, procurava demonstrar toda sua gratidão naquele gesto singelo. Na parábola dirigida primeiramente a Simão, e também a todos os seus convidados, os dois devedores são nivelados em suas faltas e nenhum deles é capaz de pagar. Ambos são perdoados. A mesma graça é igualmente estendida a ambos. Jesus, em poucas palavras, compara e estabelece ao mesmo tempo o contraste entre a pecadora, com sua gratidão pelo perdão de seus pecados, e Simão, que está socialmente endividado e não expressara amor algum. Esta comparação e este contraste (um ama e o outro não) agora se tornam o foco da história. Esta é a resposta de Jesus para os questionamentos obscuros e maliciosos dos fariseus. Ele mostra que aquela mulher não é uma pecadora impura, e sim uma mulher perdoada que sabe qual a extensão de sua vida má, e conhece um pouco da graça de Deus derramada sobre ela através do perdão. Este reconhecimento resulta numa demonstração de amor e gratidão. Esta parábola, que a princípio parece exaltar as diferenças entre um religioso de destaque e uma anônima pecadora, Jesus graciosamente transforma numa homenagem à fé que leva ao arrependimento, à superioridade da humilhação, à coragem da gratidão e ao amor gerado pelo perdão. Não se trata de quem é o maior ou o menor pecador, trata-se de amor e perdão! O que deveria ser uma obrigação social para Simão foi um gesto espontâneo de amor daquela mulher por Jesus. Em João 13.12-14, vemos Jesus repetindo voluntariamente este gesto, ensinando amor, humildade, cuidado e serviço mútuo entre seus discípulos: Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. É este comportamento que Ele espera de nós. Não é a religiosidade de Simão que devemos imitar, mas a atitude corajosa daquela mulher pecadora.


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O “MALDITO SAMARITANO” Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores? (Lucas 10.25-37)

Esta é uma das parábolas mais famosas, normalmente conhecida como “A Parábola do Bom Samaritano.” Diferente da parábola dos dois devedores, esta é longa e o diálogo curto. Porém, ignorar o diálogo faz com que a parábola se torne apenas uma exortação ética para auxiliar pessoas necessitadas e, definitivamente, não é esta a intenção. Tudo começa com um fariseu que queria testar Jesus, questionando-o sobre a maneira de herdar a vida eterna. Sua pergunta é completamente sem sentido, pois o que alguém pode fazer para ser herdeiro? Um herdeiro o é por direito, não por conquista! Certamente, o fariseu já tinha sua opinião formada e não queria aprender algo novo. Jesus poderia comprar uma briga defendendo que a herança de Israel era uma dádiva e que o homem não pode fazer nada para recebê-la; ou aliar-se à opinião rabínica de se concentrar na Lei. Jesus escolheu a segunda opção só para ‘perturbá-los,’ e quando joga a pergunta de volta, obtém a resposta decorada: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e amarás o teu próximo como a ti mesmo. Esta síntese da Lei é a junção de dois textos bem conhecidos daqueles homens (Dt 6.5 + Lv 19.18). "Respondeste corretamente; faze isto e viverás," foi o fechamento de Jesus e, exatamente, a resposta que o fariseu gostaria de ouvir. Ele só não entendeu que Jesus estava colocando a questão da seguinte maneira: "Você está disposto a viver de acordo com o que você crê?" A própria Lei que o ‘Doutor da Lei’ cita estabelece um padrão que ninguém pode alcançar. Ele poderia parar por aí e refletir um pouco sobre o que Jesus acabara de expor, mas tentando justificar-se pergunta: Quem é meu próximo. A palavra justificar-se significa que ele estava querendo se mostrar, se exibir, evidenciar sua justiça. Ele esperava que Jesus o aprovasse e desse como resposta: Seu próximo são seus parentes e amigos... Aqueles que você mais ama. Em vez disso, Jesus conta uma parábola cujo herói é um... Samaritano! Como isto soava aos seus ouvidos? O título dado a esta parábola não poderia ter sido pior. Quando lemos esta narrativa tendo em mente que se tratava de um homem bom, ela deixa de causar o impacto que Jesus causou em seus ouvintes originais. Para entendermos melhor precisamos substituir os personagens por um pastor; o segundo por um dirigente de louvor e o samaritano por um ateu depravado, viciado em drogas e homossexual (faça esta releitura somente para entender o grau de intolerância que um judeu tinha de um samaritano). A Mishna dizia que aquele que come pão dos samaritanos é como aquele que come carne dos suínos. Os samaritanos eram publicamente amaldiçoados nas sinagogas. Diariamente faziam-se petições a Deus para que os samaritanos não fossem participantes da vida eterna! Além da omissão injustificável do sacerdote e do levita, esta parábola demonstra que o samaritano faz, pelo menos, o que algum destes dois poderia ter feito. Esta história deve ter causado um tremendo mal estar, se não repugnância, nos judeus, pois receber auxílio, óleo ou vinho de um samaritano tornaria impuro aquele que recebeu. No entanto, o desconforto maior foi pela demonstração amorosa e altruísta do samaritano ao fazer o que os representantes religiosos não tiveram coragem. Eles entenderam a audácia de Jesus em fazer o desprezado samaritano aparecer como moralmente superior aos lideres religiosos do auditório. Assim, Jesus atinge um dos sentimentos de ódio mais profundos de seus ouvintes e sabiamente os expõe. Com certeza esta parábola rendeu muitos comentários a respeito de Jesus. Em João 8.48 vemos os judeus escarnecendo de Jesus e declarando: Porventura não temos razão em dizer que és samaritano e tens demônio? Duas palavras gregas contidas neste texto devem ser o motivo da nossa reflexão diante de um necessitado: justificamo-nos ou nos compadecemos? Fazer o bem ao próximo implica em gastos de nossa parte. Gasto de tempo, esforços, dinheiro e, muitas vezes, da nossa auto-imagem que tanto queremos preservar.


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O AMIGO PONTA FIRME Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem? (Leia Lucas 11.5-13)

Para compreender esta parábola precisamos conhecer um pouco mais da cultura oriental, principalmente no que diz respeito à hospitalidade. Primeiro, é simplesmente inadmissível um vizinho recusar pão a um amigo, seja o motivo que for. Além disto, o visitante é hóspede “na comunidade” e há uma obrigação moral da comunidade em receber bem o hóspede de qualquer família. O viajante se vai sentindo-se bem recebido pela comunidade. Esta parábola ficou conhecida como a do "Amigo Importuno" por causa da frase se não se levantar para dar-lhos por ser seu amigo, todavia, o fará por causa da importunação. A palavra que foi (mal) traduzida por importunação é anaideia, que significa desaforo, imprudência, falta de moral. É imprescindível entender que esta palavra não é aplicada ao pedinte, mas ao vizinho dorminhoco, caso não suprisse a necessidade do amigo numa hora destas. Jesus não está dizendo que devemos importunar Deus até Ele dar tudo o que quisermos. Parafraseando, Jesus expõe a seguinte situação: Qual dentre vós que tiver um amigo que for lhe pedir pão à meia noite (para acudir um hóspede inesperado) teria coragem de recusar? Ainda mais dando uma desculpa esfarrapada do tipo ‘meus filhos já estão dormindo...' Vocês sabem que se não for pela amizade, fará por causa da vergonha de não cumprir com uma obrigação social. Portanto, este é outro caso de título equivocado por conta de uma má interpretação. Amigo ponta firme é aquele que não age com imprudência, que está sempre pronto para acudir uma necessidade. Deus é este amigo. Mas aí você levanta a seguinte questão: por que então nem tudo o que pedimos Ele atende? Vejo dois motivos principais. O primeiro tem a ver com a nossa obediência, compromisso e seriedade com a sua Palavra. Lemos em Provérbios 28.9: o que desvia os ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável. O versículo é bem claro. Se você não se importa em saber a vontade de Deus sobre determinado assunto e faz as coisas da sua maneira, Ele não tem obrigação alguma de responder sua oração de socorro quando as coisas derem errado. Se você não concorda comigo, tente fazer isso. O segundo motivo tem a ver com os propósitos de Deus para nós. Na sequência Jesus expõe outra situação fazendo o mesmo tipo de pergunta para seus conterrâneos: Qual dentre vós é o pai que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou se pedir um peixe, lhe dará em lugar de peixe uma cobra? Ou, se lhe pedir um ovo lhe dará um escorpião? A resposta é obvia. O problema é que muitas vezes não sabemos pedir. Tiago diz que pedimos e não recebemos porque pedimos mal, para esbanjarmos em nossos prazeres (Tg 4.3). Note que o filho está pedindo para o pai um pão, um peixe ou um ovo, isto é, gêneros de primeira necessidade (assim como o amigo), para saciar sua fome. Lembro-me que quando era criança minha mãe me negava alguns pedidos insistentes antes das refeições. Acontece que eu estava com fome e achava que um pacote de biscoito recheado seria a solução para meu problema. A resposta era não, por mais que eu insistisse. E para piorar ainda mais minha situação, ela me deixava com fome por mais um tempo! Mas por que esta maldade? Não era maldade, mas é porque ela estava preparando o melhor para mim e sabia que se liberasse o pacote de biscoito saciaria minha fome e eu não ia mais querer o jantar. Para um infante, o biscoito é mais gostoso que uma sopa de legumes, mas um adulto sabe que não tem os nutrientes necessários para seu crescimento saudável. Para os imaturos, Deus pode parecer ruim não nos dando o que tanto queremos, mas quando crescemos, entendemos que Ele tem o melhor reservado para nós, porque nos ama. Há aquelas crianças que esperneiam até conseguir. Talvez esta seja a turminha do “eu determino.” Tudo bem, você pode até conseguir, mas sofrerá as consequências de uma saúde deficiente mais tarde.


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O RICO INSENSATO Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? (Lucas 12.16-21)

Somos a única geração que conseguiu destruir a capacidade dos jovens de sonhar, brigar e questionar. E isto não é, de forma alguma, algo positivo, pois ao inverso do que faziam as outras gerações, nossos jovens estão cada vez mais aceitando o lixo tecnológico que proporcionaram a eles, e desejando se entorpecer em doses cada vez maiores do luxo, conforto e do "bien vivant" que lhes é oferecido. A atual geração sabe o que é bom, não é mesmo? E estamos ensinando os nossos filhos a ser como nós somos... uma geração materialista, consumista, medíocre e avarenta. Nenhuma geração acumulou tanta riqueza aqui na terra quanto a nossa. Para nos justificar temos muitos ventos a nosso favor: a propaganda do mundo que diz “é assim que deve ser;” a conivência do meio em que convenientemente procuramos viver; a desculpa de procurar oferecer o melhor para os filhos; a necessidade de sobreviver num mundo cada vez mais competitivo; etc. Contrário a isso tudo, só para nos incomodar, temos apenas a palavra do Senhor que diz: não acumulem tesouros aqui na terra... Apenas? Apenas! É pouco, pode não fazer muita diferença, mas seu peso é proporcional à nossa fé. Para ilustrar isto melhor, em certa ocasião Jesus contou uma história para um sujeito que estava muito preocupado com sua herança. Para quem não sabe, herança é aquele dinheiro que o velho avarento guardava debaixo do colchão e foi obrigado a deixar aqui na terra, pois morreu e ninguém fez sua última vontade - enterrá-la junto, por isso não foi possível levá-la consigo. Parece que esta “bênção” acabou se tornando objeto de cobiça e discórdia entre os filhos. Mas a história contada pelo Senhor pode muito bem ser a história do próprio pai daquele sujeito, ou a dos nossos pais, ou a nossa mesmo. Diz que o campo de um homem rico produziu com abundâcia. Note que ele já era rico, e ficou mais rico ainda. E este homem rico arrazoava consigo mesmo, dizendo: Que farei, pois não tenho onde recolher os meus frutos? Que problemão, né? Não tenho onde enfiar mais dinheiro! Então ele pensou: farei isto; destruirei os meus celeiros, reconstruí-los-ei maiores e aí recolherei todo o meu produto e todos os meus bens. Então, direi à minha alma: tens em depósito muitos bens para muitos anos; descansa, come, bebe e regala-te. Isso é que é vida, mermão! Este é o alvo de muitos de nós... fala sério! Mas Deus lhe disse: Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Mas que pergunta, Senhor!!! Esta é uma pergunta retórica, mas para quem será? Refiro-me à pergunta, não ao tesouro. Muitas vezes olhei esta história de forma equivocada: primeiro, porque achava que era uma parábola, hoje penso que é bem verídica; e segundo, achava que Jesus falava de um homem ímpio, mas cada vez mais acredito que não. Quantos crentes você conhece que pensam exatamente como este homem rico? O mundo está mergulhado num hedonismo sem precedentes e, lamentavelmente, a Igreja tem acompanhado este estilo de vida tão atraente! A Igreja, sim, o Corpo de Cristo, tem juntado muitos bens para si, sem dúvida alguma. Mas se ela for arrebatada hoje, o que temos preparado, para quem será? Temo que o tesouro deixado aqui na terra (para os ímpios desfrutarem) será infinitamente maior do que o acumulado no céu (aonde vamos morar). Por isso Jesus conclui a história: Assim é o que entesoura para si mesmo e não é rico para com Deus, ou seja, vai, no mínimo, se decepcionar. E mais à frente Ele solta aquela máxima: porque, onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. Aprendemos a ser generosos quando se trata da satisfação dos próprios desejos, mas somos sovinas no que se refere aos outros. É nítida, dentro de nossas igrejas, a má vontade de contribuir regularmente para a divulgação do Evangelho no próprio país ou em países distantes. E ainda pertencemos a uma geração que não sabe reconhecer, honrar, respeitar o próximo. Sempre o meu tempo, minha vontade, e meus bens são mais importantes do que os dos outros.


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FIGUEIRA ESTÉRIL? NÃO NECESSARIAMENTE. Naquela mesma ocasião, chegando alguns, falavam a Jesus a respeito dos galileus cujo sangue Pilatos misturara com os sacrifícios que os mesmos realizavam... (Lucas 13.1-9).

Embora naquela época não existisse televisão e nem programa do Datena, vemos que o homem sempre gostou de comentar sobre as desgraças alheias. O assunto aqui era a morte horrível que alguns galileus sofreram. Havia alguma punição divina nesta história? Na opinião popular, aqueles galileus deviam ter cometido algum pecado que despertou a ira de Deus, por isso tiveram seu sangue misturado ao sangue dos sacrifícios que eles ofereciam. Entretanto, Jesus assegura que não. Nem neste caso e nem em outro, onde uma torre (talvez uma construção) caiu e matou dezoito pessoas. Nenhum deles era mais culpado que qualquer habitante de Jerusalém, e creio que posso acrescentar de toda a Terra. Então, Jesus complementa: Se, porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis. O assunto é a morte! E sobre este assunto acho que Jesus podia falar mais do que qualquer um. Hoje, com toda ciência que o homem desenvolveu, os índices são exatamente iguais a de dois mil anos atrás, ou seja, 100% das pessoas que nascem morrem. Não tem escapatória! Assim como aconteceu com o rico insensato, um dia algum anjo lerá nosso decreto: Xiiii, não passa desta noite... A questão é: o que temos preparado? Ao dizer se porém, não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis Jesus não está ensinando que aquele que se arrepender não passará pela experiência da morte (aliás, esta deve ser uma experiência fantástica e nós, cristãos, devemos estar preparados, conscientes e ansiosos para o dia em que nos encontraremos com o nosso Salvador). A questão aqui é a escolha que cada um faz para viver com sabedoria (o temor do Senhor é o princípio da sabedoria...) ou insensatez (...mas os loucos desprezam a sabedoria); é se arrepender, se converter para desfrutar de uma vida eterna. Por isso é que Jesus proferiu a parábola da figueira. Esta figueira, plantada numa vinha, é Israel. Eles tinham que ter entendido o recado, pois várias passagens do Antigo Testamento associam Israel a uma figueira, bem como a uma vinha ou mesmo à lavoura de Deus que seria devastada por causa da sua incredulidade (Jr 5.17; 8.13; Os 2.2; 9:10; Jl 1.7, 12) mas restaurada se houvesse arrependimento (Jl 2.22; Mq 4.4; Hc 3.17). A angústia de Jesus era ver quanto o coração deste povo estava endurecido e, portanto, tardio para entender que: Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros (1Sm 15:22) e em Oséias 6:6 Deus disse: Pois misericórdia quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos. Assim, como ainda é hoje, Deus não sente o mínimo prazer em demonstrações de religiosidade, mas num coração contrito. A parábola fica em aberto: Se vier a dar fruto, bem está; se não... Este deve ser um alerta para nós. Embora a Igreja não tenha vindo substituir Israel, devemos ficar espertos, pois Paulo nos lembra em Rm 11:21 que se Deus não poupou os ramos naturais, também não nos poupará. Ele não está falando sobre perda de salvação (individual), mas o recado é para a Igreja como um todo. Infelizmente, estamos vendo uma Igreja cada vez mais voltada para seus eventos (mesmo um culto pode não passar de um mero evento), preocupada com o conforto e bem estar de seus membros, e menos voltada para os interesses de Deus. Uma figueira dava figos por dez dos doze meses do ano, ou seja, era natural que se esperasse que ela apresentasse seus frutos regularmente, assim como nós. Sendo assim, cabe a pergunta: que frutos Deus espera que eu apresente? Convertidos? Boas obras? Largar tudo e ir para missões? Creio que não. Embora estas coisas sejam boas, elas são apenas consequências de uma vida que, não só exala o bom perfume de suas flores, mas que dá seu fruto o ano inteiro. Este fruto é amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Não há lei que limite a produção deste fruto!


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DOS PRIMEIROS LUGARES Aconteceu que, ao entrar ele num sábado na casa de um dos principais fariseus para comer pão, eis que o estavam observando... Reparando como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes uma parábola... (Lucas 14.1-14)

Mais uma vez Jesus é convidado a tomar refeição na casa de um fariseu. Muito provavelmente, desta vez, eles tiveram o cuidado de cumprir com as obrigações sociais para evitar qualquer constrangimento. Porém, o intuito do convite talvez tenha sido o mesmo. O texto diz que o estavam observando. Os fariseus estavam profundamente incomodados com a pessoa de Jesus. A pergunta para a qual todos queriam descobrir a resposta era: Quem é este Jesus? Havia a opinião popular: é um profeta! Havia aqueles que afirmavam: com certeza é um mestre, pois ninguém ensina o que ele ensina e com tanta autoridade. Ou ainda: com certeza é vindo da parte de Deus, pois ninguém pode fazer os sinais que ele faz se Deus não for com ele. O que sabemos é que havia opiniões controversas. Quanto aos ensinos, diziam, ele não seguia as tradições judaicas e estava introduzindo novas doutrinas para iludir e perverter o povo. Quanto aos sinais, eram considerados questionáveis, pois tais poderes poderiam vir de Belzebu. Além do mais, ele não guardava a Lei, curando muitos aos sábados. E então, cada um era confrontado: de que lado você está? Não tinha como ficar indiferente diante desta figura tão polêmica. Era sábado, Jesus estava num ambiente dissimuladamente hostil e sendo observado. Ele também os estava observando, só que de maneira diferente. Se nós estivéssemos naquele jantar, observaríamos o ambiente, a decoração, a mesa tão bem arrumada, as roupas dos convidados, as pessoas proeminentes presentes naquele recinto e, provavelmente, procuraríamos nos comportar de maneira condizente com o ambiente para não escandalizar ninguém. Mas e Jesus, o que ele observava? Em meio a toda aquela ‘rasgação de seda’ (onde muitos estavam ali só pela badalação; os convidados preocupados em conseguir um lugar de destaque, o anfitrião pensando no impacto social daquele jantar e nos benefícios que lhe traria), Jesus observou ali um doente necessitado, um hidrópico. Provavelmente, era um homem bem inchado, de aparência não muito agradável. O agravante era a teologia vigente na época: os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos são assim porque têm pecado. Nós só conseguimos ver aparências e Jesus não olha para elas. Ele olha para aqueles de quem nos esquivamos e vai além: ele vê as intenções do coração. Na sequência, ele passa da observação para a ação e nos ensina algumas lições fundamentais sobre o que é ser cristão. Primeiramente, olhar para os excluídos, que normalmente nós evitamos. Jesus ama estas pessoas como ninguém jamais amou, e demonstrou isto quando aceitou adoração de uma prostituta, tocou em leprosos, comeu com publicanos e pecadores, andou no meio de mendigos e bêbados porque viu ali pessoas que são alvo do amor do Pai. Em segundo lugar, ele não queira ser o mais importante. Aqueles que buscam honra, fama, primazia e reconhecimento nesta vida podem até conseguir, mas é tudo o que terão. Auto-promoção, projeção e proeminência nada têm a ver com espiritualidade. Não se deixe impressionar por pastores e missionários do show business e nem por ministérios milionários, pois definitivamente Deus não se impressiona com isto. E, finalmente, faça o bem a quem não pode lhe retribuir. A recomendação que ele deu ao seu anfitrião foi: Ao dares um banquete, convida os pobres, os aleijados, os coxos e os cegos; e serás bem-aventurado, pelo fato de não terem eles com que recompensar-te; a tua recompensa, porém, tu a receberás na ressurreição dos justos (vv. 13-14). Raramente Jesus nos dá a aplicação de suas parábolas, mas aqui ele o faz claramente: Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado (v.11). Coloquemos em prática estes princípios a partir de hoje!


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AINDA NÃO ACABOU!4 Qual de vós, tendo um servo ocupado na lavoura ou em guardar o gado, lhe dirá quando ele voltar do campo: Vem já e põe-te à mesa? E que, antes, não lhe diga: Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois, comerás tu e beberás? Porventura, terá de agradecer ao servo porque este fez o que lhe havia ordenado? Assim também vós, depois de haverdes feito quanto vos foi ordenado, dizei: Somos servos inúteis, porque fizemos apenas o que devíamos fazer (Lucas 17.7-10).

Último dia de projeto. Há um sentimento misto de alívio por termos terminado uma tarefa, alegria porque vamos voltar para casa e tristeza por estarmos partindo, e dissolvendo este grupo que viveu junto por 23 dias e que nunca mais se juntará novamente (não o mesmo grupo). Nós da Juvep gostaríamos de parabenizá-los pela dedicação e agradecê-los por consagrar uma pequena parte de suas vidas na tarefa de evangelização, semeando as sementes do reino nesta cidade e aqui deixando implantada mais uma igreja (um agrupamento de pessoas salvas por Deus), que será o testemunho vivo para todo este povo de que Jesus Cristo é o Senhor! Mas antes que alguém se ensoberbeça, crie em si uma falsa expectativa de suficiência laboral e espere com isso ser recebido com os louros dos louvores eternos, aqui vão duas recomendações: baixe a bola e caia na real. A parábola dos servos inúteis, como é conhecida, é um balde de água fria na ebulição dos nossos sentimentos e há quatro lições fundamentais que podemos tirar desta parábola. Em primeiro lugar, Jesus estabelece os papeis corretos: nos mostra quem é o senhor (não somos nós) e mostra quem somos: apenas servos. Um servo não tem vontade própria, ele faz apenas o que é obrigação sua. Por toda a Bíblia vemos esta relação (senhor-servo) e a vemos intensificada e aplicada na pessoa de Jesus. Ele é o nosso referencial, exemplo de servo e a ele devemos seguir (Filipenses 2.5-11). Quem é senhor na sua vida? Em segundo, Jesus estabelece prioridades: note que no parágrafo E que, antes, não lhe diga: Prepara-me a ceia, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois, comerás tu e beberás, Ele está ensinando claramente que as necessidades do Senhor devem ser supridas primeiro, depois as nossas. Outras duas características de um servo são: não descansa enquanto sua tarefa diária não for concluída e sua única preocupação deve ser agradar seu Senhor. Terceiro, a tarefa não acabou. Embora possa haver este sentimento, nós (equipe do projeto missionário) sabemos que a partir de agora começaremos planejar e trabalhar para que o próximo projeto aconteça. O pastor que assumiu a recém nascida igreja terá muita dor de cabeça para administrar e cada um de vocês deverá continuar em sua própria cidade esta mesma tarefa de evangelizar e fazer discípulos. Esta tarefa só acabará quando Jesus te chamar ou voltar. Portanto, mãos à Obra (com O maiúsculo). Por último, não pense que você merece algum mérito por ter feito apenas o que era sua obrigação. Há algum tempo, vi uma tirinha num jornal em que um rapaz com a cabeça raspada e todo pintado chega em casa comemorando e compartilha alegremente com o pai: “Passei no vestibular! Passei no vestibular.” O pai olha indiferente e diz: “Não fez mais do que a obrigação.” Então, depois do rapaz sair cabisbaixo e decepcionado, o pai olha de canto e, depois de um tempo, começa a pular de alegria. Esta anedota ilustra bem os sentimentos envolvidos neste processo que estamos vivendo. Não há dúvida alguma que nosso Pai se alegra com nosso trabalho e dedicação à sua Obra. Porém, nós devemos nos conscientizar de que esta é, nada mais nada menos, que nossa obrigação. O não passar no vestibular porque não estudou e desperdiçou tempo e dinheiro com bobagens geraria outro tipo de comentário e também de sentimento. Se fazer “apenas” tudo o que nos foi ordenado deve gerar em nós um sentimento de inutilidade, imagine se não o fizermos? Queridos, que esta não seja uma palavra de desânimo e pesar em vossos corações, mas um alerta para o resto de suas vidas: A OBRA AINDA NÃO ACABOU! 4

Cada devocional do tema "As Parábolas do Mestre" foi feita pensando no projetista da Missão Juvep. Este, especificamente, foi escrito pensando no último dia do Projeto Missionário acontecido em Mauriti-CE, no período de julho de 2010.


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MEDITAÇÕES A SEMENTE NO CORAÇÃO ENDURECIDO Como está o terreno do seu coração? Você consegue ser ajudado pelas pessoas que o rodeiam? Seus erros (se os reconhece) e sofrimentos conseguem sulcar seu coração e torná-lo apto para que mais sementes possam germinar?

A SEMENTE NO CORAÇÃO PEDREGOSO Responda sinceramente: Que pedras você carrega no subsolo do seu coração que impedem o enraizamento da Palavra? Existe algo que você fez no passado que prefere não lembrar? Há alguma ofensa a ser perdoada? Algum relacionamento a ser restaurado? Algum pecado a ser confessado?

A SEMENTE NO CORAÇÃO ESPINHOSO Você tem tido o cuidado de capinar diariamente os espinhos à sua volta? Tem dado a atenção devida às principais plantas da sua vida? Tem cuidado delas (e de você)? Tem deixado a Palavra frutificar em sua alma ou tem permitido que todo tipo de mato à sua volta abafe o que é mais importante?

A SEMENTE NO CORAÇÃO DISPOSTO A quem se dirige esta parábola? Quais são seus medos? Que tipo de solo você representa? Quantas vezes você já pisou na bola com Deus? Conhece pessoas que sofrem por achar que para elas não há mais solução?

EXPLICANDO MELHOR... Você tem aberto seu coração diariamente para a Palavra? Tem um coração disposto a ouvir? O que você tem feito com o já que tem recebido, com o que Deus lhe tem revelado? O que você tem guardado em seu depósito?

CABRITOS E OVELHAS Onde, exatamente, nós estamos em relação ao nosso Pastor? Qual é a condição do seu coração? Guarde esta frase: "Não é loucura abrir mão do que não se pode manter, para abraçar aquilo que não se pode perder" (Jim Elliott).

A OVELHA E A MOEDA PERDIDA Vemos a similaridade deste recado aos fariseus em Lc 18:9-14, quando Jesus está ensinando sobre as diferentes atitudes de dois homens que oravam a Deus. Jesus os confundiu novamente quando disse que o pecador, ao invés do religioso, foi para casa justificado diante de Deus. E concluiu: “Todo aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado." Qual tem sido sua atitude diante dEle?

O FILHO PERDIDO Pense: não podemos pecar mais do que Deus pode nos perdoar. Você tem esta certeza que Deus é extremamente gracioso? Você tem desfrutado ou abusado desta graça?


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O PAI AMOROSO Não importa o que você tenha feito no passado; o quanto você se sinta culpado; o quanto você se julgue indigno. Nosso Pai estará sempre de braços abertos a nos esperar. Você crê nisto?

O FILHO INTOLERANTE Quais sentimentos você abriga em seu coração com respeito aos que estão longe de Deus?

O FILHO (DES)OBEDIENTE Como é fácil cair na religiosidade e esquecer-se de Deus. Quais são os cuidados que precisamos tomar para não cair neste erro? Que fermento é este que pode nos contaminar?

A PARÁBOLA DA VINHA Que posição Jesus ocupa hoje em relação à Igreja? E na sua vida? Temos ouvido Suas orientações com respeito às diversas áreas da nossa existência? Como será quando o Senhor requerer de você aquilo que Ele confiou em suas mãos?

A PEDRA O que temos feito (como Igreja) que tem deixado Deus tão desgostoso? Qual seria o fermento dos fariseus em nossa vida? Será que Sua Igreja tem mergulhado em intenso ativismo e hipocrisia que tem deixado de cumprir o papel a nós designado?

INVESTIDORES DO REINO Temos recebido inúmeros talentos das mãos de Deus. Uns menos e outros mais. A Palavra de Deus deve ser anunciada a toda criatura, sendo que é uma responsabilidade exclusivamente nossa. Então a pergunta é: o que temos feito com a porção que já nos foi confiada? Temos aplicado à nossa vida? Temos passado adiante aquilo que já aprendemos?

OS DOIS DEVEDORES - O RELIGIOSO Com que velocidade julgamos os ‘pecadores’ à nossa volta... Quão capaz você é de demonstrar amor por eles? Como você reage ou se comporta diante dos excluídos da nossa sociedade? Como devemos tratar com drogados, prostitutas, travestis, detentos, mendigos, meninos de rua, etc.? O que você tem feito por eles?

OS DOIS DEVEDORES - A PECADORA Você consegue entender a extensão do perdão de Deus? Como isto se manifesta em sua vida? Você tem demonstrado gratidão a Deus? Como? Que testemunho as pessoas à sua volta dão sobre sua vida cristã?

O “MALDITO SAMARITANO” O que você pode fazer para herdar a vida eterna? Que qualidades você possui para que Deus o declare seu filho por adoção? O que isto deve mudar na sua maneira de viver e de lidar com os necessitados? O que é mais fácil: justificar nossa omissão ou acudir o necessitado?


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O AMIGO PONTA FIRME Qual tem sido o teor de seus pedidos nas suas orações? Como você interpreta o verso 13? Você já experimentou pedir que o Fruto do Espírito (Gálatas 5.22) transborde em sua vida?

O RICO INSENSATO O que temos construído com nossas vidas? Que legado deixaremos para os nossos filhos? Eles serão obedientes porque aceitam e pensam exatamente como nós pensamos? Onde está o nosso coração? Aonde você quer que esteja o coração de seus filhos?

FIGUEIRA ESTÉRIL? NÃO NECESSARIAMENTE. Você vive ciente que um dia passará pela experiência da morte e estará frente a frente com nosso Deus? Será um dia de vergonha ou de alegria? Que fruto sua vida produz? Que fruto terá para apresentar ao Senhor da vinha e da figueira?

DOS PRIMEIROS LUGARES Quando foi que vimos alguém com fome e demos de comer? Ou com sede e demos de beber? E quando vimos um forasteiro e hospedamos? Ou alguém nu e o vestimos? E quando vimos um enfermo ou um preso e fomos visitar?


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