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“Os quadrinhos sempre foram grandes incentivadores de leitura”

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“OS QUADRINHOS SEMPRE FORAM GRANDES INCENTIVADORES DE LEITURA”

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Antônio Cedraz fala sob re a Turma do Xaxado, o início da carreira e as dificuldades enfrentadas na profissão de quadrinista Thuanne Silva Plug-in social do Facebook

Antônio Cedraz é o autor da Turma do Xaxado, um quadrinho tipicamente nordestino. Inspirado por sua infância no interior da Bahia, na cidade de Miguel Camon, criou a famosa turminha. O artista já teve seus trabalhos publicados nos principais jornais da capital baiana e revistas lançadas em todo país. Ele também conquistou diversos prêmios, como no 2º Encontro Nacional de Histórias em Quadrinhos, realizado em Minas Gerais, em 1989; quatro troféus HQ MIX (1999, 2001, 2002 e 2003), além do Prêmio Ângelo Agostini de Mestre do Quadrinho Nacional, dentre outros.

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Antônio Cedraz, autor da Turma do Xaxado

Impressão Digital 126 - Como começou sua carreira de quadrinista? Conta um pouco sobre sua trajetória e da sua relação com as histórias em quadrinhos.

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Antônio Cedraz – Quando eu descobri o desenho, eu tinha cerca de 16 anos. Eu fui comprar material escolar em uma papelaria e encontrei o rapaz desenhando. Ao chegar em casa, peguei papel e lápis e tentei desenhar. Gostei da experiência e daí em diante não consegui mais parar. Eu já gostava de quadrinhos e daí para a criação de minhas histórias foi só um pulo. Naquele tempo só chegava até a cidade revistas publicadas pela EBAL e depois as revistas de Luluzinha. Mais tarde, eu conheci o trabalho do Maurício de Souza e me identifiquei muito com o traço dele. Minhas maiores influências foram as revistas da Luluzinha (Marge) e os desenhos do Maurício [de Souza] que chegavam através dos cadernos infantis, enrolados a mercadorias e vendidas na feira livre. Depois vim morar em Salvador para estudar e ver meus trabalhos publicados nos jornais. ID 126 – Em que você se inspirou para criar a Turma do Xaxado? AC – A Turma do Xaxado nasceu de um pedido do jornalista Sérgio Mattos para criar um personagem para o caderno Municípios do jornal A Tarde. Publiquei uma tira com o Xaxado e, devido o sucesso, fui criando o restante da turma. Depois ele migrou para o Caderno 2 e passou a sair diariamente o que levou a ter uma maior visibilidade. Em seguida vieram os livros, cartões telefônicos etc. O Xaxado se parece um pouco comigo, quando criança no interior. ID 126 - Quais são os principais desafios em trabalhar com quadrinhos? Qual sua opinião sobre o mercado brasileiro e, especificamente, o mercado baiano? AC – O grande desafio é sobreviver com isso. Poucos são os que conseguem. Nós temos o hábito de valorizar mais a cultura estrangeira e isso repercute também nos quadrinhos. Então, tudo que é estrangeiro e publicado no Brasil é mais valorizado que o similar nacional. Outro fator é que não temos editoras que queiram investir em quadrinhos brasileiros. Até os jornais, preferem publicar os quadrinhos estrangeiros. Na Bahia, não existe mercado e nem incentivo. Temos grupos surgindo mais de forma independente e passando por dificuldades. ID 126 – No Brasil, há uma forte ligação dos quadrinistas, cartunistas e chargistas com a imprensa. Qual sua relação com os jornais, no sentido de publicação de tirinhas? AC – Não conseguimos penetrar em muitos jornais. Já promovi até uma campanha através do meu distribuidor, mas as vendas foram mínimas. É difícil, principalmente, com uma tirinha nordestina. Parece até que há preconceito. No entanto, o meu trabalho tem tido uma boa repercussão por ser um quadrinho bem brasileiro e que procura estar atualizado.

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ID 126 – Quais as principais diferenças de se criar uma narrativa em quadrinhos com relação aos outros tipos de narrativa? AC – Enquanto o escritor narrador tem que fazer a descrição das cenas, os quadrinhos tem que mostrar essa cena desenhada. Geralmente, quando eu escrevo uma história, eu já vou pensando em como serão os quadrinhos. Vou escrevendo e imaginando. ID 126 – É possível viver de quadrinhos atualmente? Qual dica você daria para quem está começando? AC – Alguns caras conseguem, principalmente os que desenham para o mercado estrangeiro. O conselho é que façam por amor, mas escolham outro tipo de emprego para lhe sustentar até que apareça uma oportunidade. Outro conselho é nunca desistir do sonho e estudar e ler bastante. ID 126 – Os quadrinhos deixaram de serem vistos como coisa exclusivamente para criança e estão presentes também em estudos acadêmicos de diversas áreas. Qual sua opinião sobre esse interesse da academia pelas HQs? AC – Os quadrinhos sempre foram grandes incentivadores de leitura e houve tempo em que foram censurados e tidos como non grato pelas escolas. Mas, descobriu-se o contrário, pois quem lê quadrinhos logo passa a ler outras publicações. Hoje, ele é estudado por universidades do mundo todo. A Turma do Xaxado mesmo já foi tema de diversas dissertações, inclusive no exterior, na Itália. ID 126 – Novidades relacionadas a Turma do Xaxado? AC – A Turminha está sempre com novidades. Estamos lançando a história do Pelourinho em inglês, pela Editora Martin Claret, que já publicou três livros da turma a nível nacional, está programando novos livros. Tem também uma série 26 episódios de desenhos animados de um minuto cada que a Liberato Produções está produzindo. Recebi recentemente o título de Cidadão Jacobinense e vamos ser homenageados na FLICA deste ano. Vamos também participar novamente da Bienal do Livro da Bahia com novos lançamentos.

Leia mais Arte de adultos Baianos fazem quadrinhos por amor Quadrinhos para quem gosta de arte http://impressaodigital126.com.br/2013/09/09/os-quadrinhos-sempre-foram-grandes-incentivadores-de-leitura/

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