Projeto Domingos Instrumentais

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SALVADOR TERÇA-FEIRA 6/3/2012

CHICO CASTRO JR.

Manhã de domingo, sol de rachar. E um dos pontos mais tradicionais da cidade, o Campo Grande, fervilhava de gente. No Teatro Castro Alves, uma fila gigantesca serpenteava pelo bairro do Garcia, quase batendo no Colégio Antônio Vieira. Era a peça Namíbia, Não!, por R$ 1. E logo ali em frente, na bela praça do Campo Grande (que anda merecendo melhores cuidados), uma outra multidão, menor, mas tão sedenta por cultura quanto a da fila do TCA, circulava entre stands abarrotados de livros e conhecimento. É a Feira Mensal de Livros, belo evento organizado pela Diretoria do Livro e da Leitura (DLL) da Fundação Pedro Calmon, órgão da Secretaria Estadual de Cultura (Secult), realizado todo primeiro domingo do mês. “A gente fazia este evento sempre no 2 de julho. Com a orientação do Governo Federal de incentivar a difusão do livro e da leitura, a feira se tornou mensal desde setembro”, conta Mayrant Gallo, escritor e titular da DLL, que circulava entre os stands, conversando com os expositores e frequentadores. “Agora queremos aumentar, atrair mais livreiros e mais leitores, até porque a ideia é vender livros a preços bem convidativos”, acrescenta. De fato, a única queixa ouvida entre frequentadores e expositores era justamente relativa às dimensões do evento. “Achei que seria maior”, comentou Tailma Venceslau, que folheava alguns livros. “Mas adorei a ideia, é muito legal essa amostragem”, acrescentou. Já o italiano Marco Mottula, uma criança no chão, outra nos braços, teve a mesma impressão: “Gostei da feira. Só esperava que fosse um pouco maior. Mas é um bom começo, espero que dure bastante”, desejou. Variada, a feira apresenta muitos livros novos e usados. Há stands de editoras baianas e muitas edições dedicadas à memória das cidades do interior, como Iraquara Ontem, Hoje e

LETRAS Realizado desde setembro no primeiro domingo do mês, o evento atrai multidão de leitores e promove lançamentos, mas público reclama do tamanho pequeno do espaço

Feira de livros oferece boa leitura a preços módicos no Campo Grande

Gildo Lima / Ag. A TARDE

Em um dos melhores stands da feira, o proprietário de sebo Edílson de Lucena (de boné) tem boa seleção e curte pechinchar com clientes

Sempre (Maria Neta), Memórias de Ilhéus (Fernando Sales), Ipiaú - Histórias de Nossa História (vários autores) e outros. Os quadrinhos baianos também se fazem presentes, com um stand do mestre Antonio Cedraz e sua Turma do Xaxado. “Chama o povo, que é uma oportunidade de comprar mais barato. Tem material meu que

custa R$ 15, mas aqui eu vendo só por R$ 10”, convida. Outro stand muito convidativo é o do Bazar 27, sebo localizado na Rua Ruy Barbosa. “Venho desde a primeira edição e sempre vale a pena, a afluência de público é constante”, diz o dono, Edílson de Lucena. Barateiro, ele vende edições “zeradas” de Charles Bukowski

“O Inspetor Xavier é o meu Hercule Poirot. Ele sempre aparece nos meus livros e já tem fãs”

Antes de voltar à rotina da semana, muitas pessoas optaram por um final de tarde de domingo na Ponta de Humaitá, no show gratuito do Domingos Instrumentais. A quarta edição do projeto, que teve início em dezembro, chega ao fim este mês. Cultura, lazer e beleza natural estão aliados em um só lugar. Quem comanda a música do ambiente é o guitarrista Fred Menendez e sua banda, todos os domingos até o fim de março, ao lado da igreja de Monte Serrat. O som da guitarra, do baixo, do teclado e da bateria mescla-se com o som do mar ao fundo, elemento que compõe o cenário, além do pôr-do-sol e da brisa fresca. É música instrumental para todos os gostos. O setlist foi composto por clássicos do rock da banda Pink Floyd, até sucessos mais atuais do axé de Carlinhos Brown. O convidado especial da semana foi o músico

vindo, essa é a primeira vez, mas acho muito bacana, pois é uma oportunidade de curtir um som e compartilhar momentos com pessoas queridas, além de conhecer gente nova, também”. Com um grupo de amigos, Cristiane Silva, 24 anos, bióloga, concorda. Segundo ela, a iniciativa é democrática por ser gratuita e agradar a um público

Fronteiras do Pensamento em SP

Arte de Viver em valores promocionais

No próximo dia 23 de abril, às 20h30, o projeto Fronteiras do Pensamento São Paulo abre sua segunda edição com a conferência do filósofo e economista indiano Amartya Sen. Ele, que também é professor de Harvard, abordará, em sua fala, a seguinte questão: “O que devemos entender por uma sociedade justa?”. Os ingressos para as oito conferências do Fronteiras custam R$ 1.960 (plateia elevada) e R$ 2.240 (plateia central), na Ingresso Rápido (www.ingressorapido.com.br).

Na sexta, começa a primeira parte do curso A Arte de Viver, na Unidade Pituba. Desta vez, em cursos promocionais, por meio da campanha 2x1, com valores especiais para inscrições para duplas. Por meio de exercícios de respiração, meditação e yoga, a prática propõe 20 minutos diários para reduzir o estresse. Fazem parte da Campanha 2x1 outros cursos, oferecidos para adolescentes e jovens de 18 a 30 anos. Os horários estão disponíveis no site www.artedeviver.org.br ou pelo telefone: (71) 3017-9463.

RAOLINO JÚNIOR, frequentador

na FTC, frequenta o local todos os domingos. “Não tem ponto melhor na Cidade Baixa. Venho sempre com amigos, parentes, namorado”, revela. Raolino Júnior, 29 anos, professor e morador do bairro de Nazaré, visitou pela primeira vez o evento e achou a paisagem convidativa, além de ter gostado da música. “Nunca tinha

A banda de Fred Menendez em apresentação no último domingo

de idades diversificadas, sem contar a localização estratégica, tendo a bela paisagem ao fundo. Edneide Leite, 49 anos, dona de casa, além de tirar fotos dopôr-do-sol, aproveitou para curtir a música na segunda vez que foi assistir ao show. Sua primeira vez foi após o Carnaval, ocasião em que seguiu o Rixô Elétrico, invenção de Fred Menendez que se assemelha a um minitrio elétrico de quatro rodas. “Antes do carnaval teve um minitrio e eu fui atrás, ficamos curtindo, eu e minha família”. Em parceria com a empresa Salvador Turismo, Fred pretende continuar com o projeto em abril, desta vez com uma nova proposta. “A gente está com um projeto junto com a Saltur, para que no último domingo de cada mês possamos ir para um bairro de Salvador. Cada domingo será um bairro diferente. Deste modo, o Domingos Instrumentais vai se tornando itinerante”, afirma o guitarrista.

“Acho muito bacana, pois é uma oportunidade de curtir um som e compartilhar momentos com pessoas queridas e conhecer outras”

tunidade de enfatizar o lado instrumental em seus trabalhos com maior exclusividade. Seja para os jovens, grupos de amigos reunidos, casais ou toda a família, esta forma de lazer é muito bem aceita, tendo frequentadores assíduos ou de primeira viagem. Júlia Dias, 18 anos, moradora do bairro e estudante do curso de jornalismo

Outra atração da feira é a presença de autores locais lançando e autografando suas obras. Neste domingo estavam lá Nádia São Paulo e Lande Onawale. Nádia está lançando seu terceiro romance policial, O Mistério da Casa na Praia (Novo Século, 224 páginas., R$ 29,90). “É muito legal esse contato do público com os autores”, declarou Nádia, entre dedicatórias. Fã número um de Agatha Christie, a ex-bancária hoje se dedica a criar tramas de suspense e mistério. “Meu livro é de entretenimento, com linguagem simples e acessível a qualquer pessoa alfabetizada – mas é lazer construtivo. E todo mundo adora um suspense, né?” Ela conta que se inspira muito nas notícias de jornal: “Meu segundo livro, Morte no Litoral, foi inspirado na notícia de um casal em lua de mel em Imbassahy, cujo marido morreu afogado”. Já Lande Onawale (pseudônimo de Reinaldo Sampaio) vendia seu livro Kalunga - Poemas do Mar Sem Fim (Edição do Autor, bilíngue, R$ 15) e se preparava para lançar, nesta quarta-feira, o livro de contos Sete: Diásporas Íntimas (Mazza). O coquetel será no Centro de Estudos Afro-Orientais (Ceao, Largo Dois de Julho), 18 horas. “Minha obra é centrada na espiritualidade. Kalunga é uma palavra de origem banto com vários significados: morte, mar, Deus, infinito. A edição é bilíngue porque fui convidado para participar de uma revista em Nova York, a America’s Society. Para não chegar lá de mãos abanando, providenciei a tradução”, conta. Dia 1º de abril tem feira de novo. Sem mentira.

DAS 9H ÀS 17H / GRATUITO

Mila Cordeiro / Ag. A TARDE

Jackson Dantas, que levou o reggae do cantor Bob Marley para o show. As bandas Retrofoguetes e Lateral Elétrica e o guitarrista Júlio Caldas, entre outros músicos, também já fizeram participações especiais no Domingos Instrumentais. Fred ressalta que os convidados são músicos que, apesar de tocar em bandas, não têm opor-

Autores

GRANDE / PRIMEIRO DOMINGO DO MÊS,

Projeto combina música e bela paisagem na Ponta de Humaitá THUANNE SILVA

(Ao Sul de Lugar Nenhum) e J. R. R. Tolkien (O Silmarillion) por R$ 20, Milton Hatoum (A Cidade Ilhada), por R$ 18, e Jack London (Escritos Politicos), R$ 13. E aceita pechinchas: “Fazemos qualquer negócio”, brinca.

FEIRA MENSAL DE LIVROS DO CAMPO

NÁDIA SÃO PAULO, escritora

DOMINGOS INSTRUMENTAIS

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CURTAS Inscrições para Coral Acbeu terminam quinta Estão abertas as inscrições para as novas turmas do Coral Infantojuvenil da Associação Cultural Brasil-Estados Unidos – Acbeu. A grande novidade para os novos alunos de 2012 é que a instituição lançou o coral Glee, inspirado no seriado homônimo, com a participação de alunos de 14 a 21 anos. O grupo reúne estudantes da faixa etária entre sete e 14 anos, que se encontram regularmente. O coral infantojuvenil tem regência do maestro Cícero Alves e recentemente foi elogiado pela presidente Dilma Roussef durante concerto no Fórum Ruy

Barbosa. Para se inscrever, o aluno deve ir à secretaria da unidade Acbeu até quinta-feira, das 8 às 18 horas.

Neste ano, a grande novidade no coral Acbeu é o Glee, que reunirá alunos que têm de 14 a 21 anos

Os 70 anos de uma diva brasileira Adorada por jazzistas do mundo inteiro, a cantora Flora Purim faz 70 anos e ganha especial da rádio Educadora FM. Hoje, 18 horas Mediamania / Divulgação


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