Filósofa russa lança em seu país livro sobre cultura baiana

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SALVADOR SEGUNDA-FEIRA 18/11/2013

Tairine Ceuta / Divulgação

ESTUDO Elena Sahno pesquisou durante quatro anos o modo de vida dos baianos

Filósofa russa lança em seu país livro sobre cultura baiana THUANNE SILVA

Caleidoscópio cultural é a definição dada por Elena Sahno à Bahia. São 11.251.935 km entre Salvador e Syktyvkar, sua cidade natal, na gelada Rússia. Após quatro anos em solo soteropolitano, a assistente social e filósofa lançou o livro Brasil é país de Carnaval e muito mais (Editora Bhv), no início do mês, na Biblioteca dos Barris. Escrito em língua russa e vendido na Rússia e em países fronteiriços (como Bielorrússia, Polônia e Ucrânia), o livro traz informações sobre o modo de vida, a cultura, as festas, tradições, religião e história da Bahia, fruto de pesquisas sobre a cultura baiana e brasileira. Segundo ela, há pouca informação sobre o Brasil para os cidadãos russos. “Os sonhos são colocados sobre esse país, quase desconhecido para eles”. Após conhecer uma professora baiana que dava aula em Moscou, Sahno veio para cá. “Fiquei tão encantada com tudo quando cheguei que passei a anotar minhas experiências”. “Não queria fazer o livro como uma turista ou pesquisadora, mas sim como parte da história que eu contava”, explica. Com essa vontade, houve uma busca pela aproximação da vida

BRASIL É O PAÍS DO CARNAVAL E MUITO MAIS / ELENA SAHNO

O livro de Elena é ilustrado com fotos de eventos tradicionais populares, como a festa de Iemanjá

brasileira, através, principalmente, de participação em diversos grupos artísticos. Dentre os personagens que colaboram e são ilustrados na obra estão Ísis Carla, pesquisadora da cultura nordestina e professora de danças populares (Ufba), Pakito Lázaro, fundador da Cia de Dança Corpo Sísmico, Riko Capoeira, professor de capoeira e dança, a ex-vereadora

Leo Krét e a jornalista Tairine Ceuta. Eles conviveram com ela e contribuíram com o livro.

Outra foto do livro, com a entrega de oferenda à Rainha do Mar pela baiana

Diferenças

A produção artística da cidade chamou a atenção da russa, que afirma haver uma grande diferença com relação ao seu país de origem. “Lá, o mundo artístico é muito hierarquizado. Existem poucos artistas amadores e eles são discriminados”, comenta. Outra diferença apontada entre Rússia e Brasil é a capacidade de transformar um dia comum em festa. “Os russos são desconfiados, não falam as coisas que sentem. As prioridades são outras, não tem tanto espaço para ser alegre. Aqui a festa faz parte do cotidiano”, explica. Entretanto, ser feliz é obrigatório em terras baianas. “As pessoas aqui não aceitam muito bem a tristeza”, comenta. Apesar disso, as diferenças são mais bem aceitas em nossas terras. “Na Europa é complicado ser diferente dos demais. Existem duros padrões”.

“Tentei fazer um retrato da cidade, com ligações entre presente e passado” ELENA SAHNO, escritora

Oferecer mais informações a respeito do Brasil e da Bahia para os estrangeiros é o objetivo da obra

Projeto futuro

A publicação não tem tradução para o português, mas a autora pretende lançar um segundo volume bilíngue (português e russo) com abordagem mais aprofundada dos assuntos. Divulgação

BLOOD MONEY

“Se fosse dito que a mulher não gera uma coisa, mas um ser humano, ela não abortaria”

Documentário faz denúncia contra indústria do aborto DAVI LEMOS

Setenta e cinco minutos de entrevistas e depoimentos de mulheres, juristas, médicos, religiosos de distintos credos e ex-donos de clínicas de aborto expõem aquilo que, na visão do diretor David Kyle, se constituiu uma quase infindável fonte de dinheiro nos Estados Unidos, após 40 anos de legalização da prática. O documentário Blood Money - Aborto Legalizado estreou nacionalmente na última sexta-feira e busca desconstruir uma série de máximas que os defensores do aborto propagam. “Uma delas é dizer que oferecem às mulheres possibilidade de escolha. Quando o interesse é o dinheiro, você não se preocupa em evitar o aborto. Esta indústria gera lucro de US$ 1 bilhão por ano nos EUA”, disse David Kyle, durante pré-estreia do filme em Salvador, na noite do dia 12, no Espaço Itaú de Cinema Glauber Rocha.

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O filme começou a ser produzido em 2004 e foi finalizado em 2010. A obra busca desvendar o que há por trás do silêncio sobre o tema do aborto nos EUA

DAVID KYLE, diretor

Uma das mães entrevistadas observa o ultrassom do filho Jamile Amine / Comunika Press

Desde 1973, enumera a obra, foram realizados 55 milhões de abortos nos EUA, onde é permitida a interrupção da gestação até o nono mês. “Um aborto custa de US$ 3 mil a US$ 4 mil, a depender do tamanho do feto”, disse Kyle. Um médico na Filadélfia (Pensilvânia) lucrou US$ 1,8 milhão em apenas um ano, afirmou o diretor.

Durante o documentário, impressiona o depoimento de Carol Everette, que foi dona de clínicas de aborto. Ela diz ter participado de 35 mil abortamentos. Em um dos casos, contou, a mãe teve os intestinos sugados pela máquina que deveria sugar o bebê. Segunda a ex-dona de clínicas, a mulher morreu. E, no ates-

tado de óbito, foi posta uma causa diversa à real. Segundo o documentário, os médicos omitem o aborto quando ele é causa de morte materna.

Racismo

O filme é narrado pela ativista pró-vida norte-americana Alveda King, sobrinha de Martin Luther King. Ela sugeriu uma li-

gação, naquele país, entre a legalização do aborto e práticas eugenistas e racistas. O documentário mostra que, apesar de os negros serem 12% da população, representam 36% dos bebês abortados. Alveda King relata que a maioria das clínicas está em bairros pobres, com maioria negra. Outro número que impressio-

na é o percentual de mulheres que adquire infecções após as cirurgias: 75%. Blood Money deve ficar em cartaz por uma semana, a depender do público que vá às salas de cinema. No Brasil, ele é distribuído pela Europa Filmes e Estação Luz Filmes, produtora de longas como Bezerra de Menezes e Chico Xavier.

CURTAS 464 anos da Santa Casa de Misericórdia Com uma história que se concilia com a capital baiana e com o próprio estado ao longo dos 464 anos desde sua fundação, a Santa Casa de Misericórdia da Bahia será apresentada ao público através do lançamento do livro Santa Misericórdia da Bahia – 5º século, hoje, às 19h, no Museu da Misericórdia (Centro). Fundada no mesmo ano que a cidade de Salvador, a Santa Casa baiana é hoje a segunda mais antiga do Brasil, dentre as 422 existentes no país e 52 no estado da Bahia. Todo esse material e suas particularidades estarão reunidos na publica-

ção, que reúne diversas curiosidades da Santa Casa, como a criação da primeira Escola de Medicina do Brasil, em 1815.

Livro reúne particularidades sobre a Santa Casa desde a fundação, misturando-se com a história da cidade

Olodum e The Platters na Concha As bandas Olodum e The Platters se apresentam em comemoração ao Dia da Consciência Negra nessa quarta-feira, às 19 horas, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves. Na apresentação, o rufar dos tambores baianos se unirá aos vocais norte-americanos para comemorar um dia que representa lutas e conquistas para os negros. O grupo The Platters nasceu em Los Angeles em 1953 e é dono de sucessos como Only You e The Great Pretender. Os ingressos para o show custam R$ 20 e R$ 10 (meia).

Joá Souza/ Ag A TARDE / 10.5.2013

Banda Olodum e integrantes da The Platters em Salvador

Cinema-concerto com a Orkestra Rumpilezz O grupo Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz se aproxima da sétima arte com o Cine Rumpilezz, um concerto-cinema que acontecerá amanhã, às 20h30, na Área Externa da Biblioteca Pública dos Barris, com entrada livre. O projeto encerra a turnê Petrobras, que contemplou a circulação de 10 shows em mais de oito cidades brasileiras. A apresentação remonta às clássicas execuções ao vivo de trilha sonora, apresentando ao público a Orkestra em sintonia com filmes da cinematografia baiana.


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