Amostra Caminhos Fantásticos

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Apresentaçao

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erto dia fui à editora com a proposta de organizar um concurso cultural direcionado a novos autores, sob a pauta de uma idade média real ou fantástica. Até aí nenhuma novidade, fora o fato de que eu nunca havia editado literatura. Por isto, este livro parte da vontade de um jovem editor e do talento de autores em início de carreira, que nos brindam, aqui, com suas histórias curtas de ficção. Autores e editor que, ao contrário da ironia de Oscar Wilde, não foram “jovens o suficiente para saber tudo”, absorvendo criticas na busca do aperfeiçoamento de sua escrita e estrutura narrativa. É importante explicar que exigir contos destes autores é norteado pela brevidade e volume do texto enquanto obra, pois o gênero é controverso, de dificuldade reconhecida por grandes nomes da literatura como Machado de Assis, Moacyr Scliar, Guy de Maupassant e William Faulkner. O conto até hoje se mantém indefinível entre diversas teorias de grandes gênios como Edgar Allan Poe, Anton Tchekhov e Ernest Hemingway. No entanto: escritores, editores, críticos e teóricos parecem concordar quanto à sensação, ou efeito, que a narrativa breve deve causar no leitor. Foi isso que busquei apresentar nos textos seleciona-

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dos para este livro. Contos com efeito, sugestão, mistério, estranhamento e surpresas calcadas na transição do real para o imaginário, que compõem o instante único da hesitação que manifesta a fantasia. Mas nem só novos autores percorrem estes Caminhos Fantásticos. Antônio Augusto Fonseca Junior, Helena Gomes, Madô Martins e Raphael Draccon figuram a lista de ilustres convidados. E contraponto, trazendo equilíbrio e experiência à publicação. Então, a sorte está lançada: para o leitor que se aventura com as histórias contidas nas próximas páginas, para os autores que procuram seu espaço em meio às prateleiras de livrarias abarrotadas de antologias e para o editor que assumiu a tarefa de organizar esta obra que você tem em mãos.

Tiago Lobo

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Prefácio

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fantástico é um gênero literário que abriga em seu seio generoso todas as narrativas em que os autores tentam ultrapassar as fronteiras do Real. Há escritores que se aventuram nas plagas do sobrenatural, em busca do mágico ou do fantasmagórico; os que revisitam a História, criando realidades alternativas para o passado; os que usam a fantasia para ironizar sociedades injustas; os que manifestam sua indignação com a crueldade e a tirania humanas castigando, na ficção, tiranos cruéis — que, infelizmente, por mais ficcionais que sejam, não se afastam muito dos líderes corruptos que existiram (ou será que existem, ainda?) neste nosso mundo multifacetado e sofrido. A antologia de contos que temos em mãos, organizada pelo jovem Tiago Lobo, apresenta vários exemplos do exercício de liberdade que é a narrativa fantástica. Histórias de guerra, de vingança, de amor e de magia; de encantamentos que cobram altos preços, de criaturas ambiciosas que fariam qualquer coisa para obter poder; e de outras que, ao perceber a futilidade de tal demanda, renunciam ao poder e buscam a redenção. Gárgulas ganham voz e mortos voltam à vida; guerreiros erguem espadas e lanças para travar batalhas perdidas; dragões aterrorizam, zumbis se multipli-

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Não há limites para a narrativa fantástica, assim como não o há para a imaginação humana. Não é à toa que, hoje, nas listas de best-sellers ao redor do mundo, vemos obras de Literatura Fantástica alcançar patamares elevadíssimos de vendas, por mais que críticos literários torçam os narizes aos números apresentados. A Fantasia, a Ficção Científica, o Terror, a ficção especulativa, enfim, constituem-se em sucesso de público e, muitas vezes, dão origem a duradouras franquias cinematográficas e televisivas. Qual o motivo desse sucesso? Não existe uma resposta definitiva. Apenas o tempo pode dizer se uma obra do gênero veio para ficar ou se sua popularidade será efêmera. Não podemos nos esquecer, porém, de que narrativas de horror e fantasia podem ser encontradas na obra da maioria dos autores que se tornaram ícones da Literatura Clássica, ou que autores como J. R. R. Tolkien são campeões de vendas há mais de cinquenta anos. Talvez uma explicação para o fascínio dos leitores, em especial os jovens, por tais obras, esteja exatamente na tentativa dos escritores de ultrapassar as fronteiras que citamos acima. Ler sobre o Real, o mundo que nos cerca, as alegrias e tristezas do dia-a-dia, pode não ser o bastante para um leitor que deseja encontrar na vida algo mais que a realidade crua, enxergar na ficção possibilidades além do cotidiano. Mesmo em nosso país de poucos leitores aumenta a cada ano a quantidade de apaixonados pelos livros, e entre eles dos que desejam encontrar respostas à pergunta que permanece na mente de todos: E se...? E se os sonhos forem reais?

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E se em algum lugar existirem fadas, elfos e outros seres fantásticos? E se a prática de magia não for apenas algo inventado pelos contadores de histórias para encantar as crianças? E se o tempo e o espaço não forem elementos estanques, se houver formas de dobrá-los para encontrarmos espaços e tempos alternativos? Esse “e se...?” está na raiz de toda narrativa fantástica e, certamente, encontra-se nos enredos de cada um dos contos do presente volume. O leitor deparar-se-á aqui com vários autores iniciantes e alguns já experientes, mas encontrará em cada capítulo uma resposta a essa pergunta não formulada. Deixemo-nos, portanto, encantar pelo gênero fantástico. Sem prejuízo da leitura dos autores clássicos — que sempre nos enriquecem, ao nos fazer refletir sobre o Real — aproveitemos esta oportunidade para mergulhar também no mundo do Irreal, do Inusitado, do Onírico, do Mágico... Trilhemos juntos estes Caminhos Fantásticos e apreciemos algumas das infinitas possibilidades que a fantasia nos apresenta. Com cuidado, porém; dizem as tradições de Faërie que aquele que entra em reinos mágicos pode jamais retornar. Caso você, leitor, se identifique demasiadamente com alguma das presentes narrativas, pode ser que seu lugar não seja desse lado, mas deste: junto de nós, autores do Fantástico, que ousamos responder àquela pergunta e tecer histórias irreais, loucas, impossíveis. Mas encantadoras.

Rosana Rios 11


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