Vila Nova Palestina a raiá.

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Vila Nova Palestina a raiá S itu a d a e nt re a re g i ã o d e It ap e c e r i c a , p e d r a l i s a e m t upi , e a re pre s a d e Gu a r api r a n g a , av e v e r m e l h a e m t upi , e s t á a Vi l a Nov a Pa l e s t i n a ; c uj a c or v e r m e l h a d e nu n c i a a re s i s t ê n c i a d e u m p ov o s e m m e d o d e lut a r.

Bi anc a Ar auj o - e nt re v ist as e te x to Ti ago Ma c ambi r a - te x to, fotog raf i a e di ag rama ç ã o

1ª parte


No s olst í ci o de inver no do he m isfér io su l, d at a em qu e o S ol e ncont ra-s e mais dist ante a o nor te d o t rópico d e C apr i cór n i o 23º27’, di a de S ã o Jo ã o ( sinc ret ismo d e X ango, div i nd ade af r ic ana s ímb ol o d a just iç a ) , u ma fo g u e i r a é ac es a a 23,27 k m do cent ro d a maior cid a d e do he m isfé r io Su l.



A n d a n d o p e l a E s t r a d a d o M’ B oi M i r i m , pr i n c ip a l v i a d e a c e s s o a o s b a i r ro s d o e x t re m o s u l d e S ã o Pau l o, s e g u i n d o t o d av i a re t o, c on s t at a - s e , m a r g e a n d o t o d a a e s t r a d a , c om é rc i o s d e t o d o s o s t ip o s , c omu n i d a d e s , c a rê n c i a d e i n f r a - e s t r ut u r a , ôn i bu s l ot a d o s d e t r a b a l h a d ore s c a n s a n d o s e p e s s o a s i nv i s í v e i s à s o c i e d a d e q u e i lu m i n a m a s p e r i f e r i a s d i a r i a m e nt e c om s u a lut a p or m e l h ore s c on d i ç õ e s d e vida. A nt e s p oré m , n o m e i o d o c a m i n h o e nt re o c e nt ro e a

Vista sudeste da Nova Palestina. Estrada do M`Boi Mirim cortando os bairros Parque do Lago e Jardim Douro.

p e r i f e r i a , e nt re a r i q u e z a e a p o bre z a , e n c ont r a - s e u m lu g a r, u m o b s t á c u l o s i mb ó l i c o, on d e h a bit a m s e re s t ã o hu m a n o s qu a nt o q u a l q u e r out ro, m a s c uj o e s t i l o e m a nut e n ç ã o d a v i d a d e p e n d e d a e x p l or a ç ã o d e out ro s s e re s . O Mor u m bi , q u e e m t upi ‘Mor u’ s i g n i f i c a m o s c a e ‘M bi’ v e rd e , f oi o n om e d a d o a o l o c a l e m qu e a s m o s c a s v a re j e i r a s v i v i a m e c uj o e s t i l o e m a nut e n ç ã o d a v i d a d e p e n d e m d a e x p l or a ç ã o d a c a r n e d e out ro s s e re s .


Centro de SĂŁo Paulo

Vila Nova Palestina


Vila Nova Pa lestina


À R u a C l a m e n c y, t r a v e s s a da M`Boi Mirim que passa a o l a d o d a t o r r e d e c e l u l a r, avista-se uma bandeira do MTST e uma imponente construção coletiva de barracos feitos de lona, madeira ou qualquer outro tipo de material que seja

resistente o suficiente para mantê-los de pé e a salvo do vento, da chuva e do frio. Construções de próprio punho escritas na paisagem aprendidas e elaboradas pela praxis: entre razão e emoção, ação e reflexão.



“O recorte das cercas é e m m i m q u e o t e n h o” J e a n Wa h l


“As cidades em que vivemos são divididas por grandes muros invisíveis. De um lado está a cidade dos ricos, com muito luxo, universidades, hospitais, onde tudo funciona bem. Lá só entramos pela porta dos fundos e pelo elevador de ser viço. Do outro lado do muro estão as periferias, onde falta tudo. Aqui, o governo só aparece com a polícia para nos humilhar e reprimir. A nossa Reforma Urbana é derrubar estes muros.” (www.mtst.org.br)



Chegando a praça central da ocupação, barracas improvisadas construídas com ferro ser virão quitutes durante a festa junina, organizada pelos próprios ocupantes. Na barraca próxima ao palco que foi montado para a festividade, encontram-se mulheres vaidosas preparando o cabelo com chapinha ou se maquiando; pois a festa inspira seus ares e contagia a todas e todos daquele território de resistência. Cada coordenação de grupo ficou responsável por receber doações de comidinhas e bebidas típicas de festa junina doadas por seus ocupantes, não será cobrada a comida e nem a bebida, a única contribuição monetária é a cartela do bingo, para custear o sistema de som que foi montado para festa. Festa coletiva, objetivo coletivo!

Fitas coloridas feitas de tnt com espessura fina enfeitam o espaço d e s t i n a d o a o l a z e r, c o n t r a s t a n d o com a tonalidade marrom do chão de terra batida, chão encontrado em seus 1.800.000.00 metros q u a d r a d o s d a Vi l a N o v a P a l e s t i n a ,


onde hĂĄ cachoeiras, 6 nascentes e 4 mil famĂ­lias de luta.



Nesse clima festeiro ao som de um forró pós-moderno, um senhor com seus trinta e cinco anos de vida e de luta, dos quais 23 foram gastos trabalhando na mesma empresa, nos recepciona com um sorriso largo em sua feição esculpida pelo tempo e uma mão estendida para imediatamente nos cumprimentar ; a outra está enfaixada, devido a um acidente de trabalho ocasionado em 2013.

Pai de duas meninas – Giulia e Bianca, ele é exigente com as meninas quando o assunto é estudos, pois cobra notas boas e resultados na escola. Sonha com o dia em que elas entrarão na universidade pública, como ele mesmo cita:

“Minhas filhas entrarão na USP!”.

Seu Sidney é coordenador de um dos grupos de ocupação da Vila Nova Palestina, local em que está desde começo e recorda com precisão da data e hora – 29 de novembro de 2013, às 23 horas. A exatidão da lembrança sobre o começo da ocupação se deve também por um outro fato que cruzou o caminho do Seu Sidney, o acidente de trabalho ocorrido dois dias antes do início da ocupação, fatos que marcaram sua vida e estão intrínsecos em sua rotina.

“Entrei por acaso, com a mão machucada, vim levantar acampamento, pois estava afa sta d o p o r c o nta d o a c i d e nte” .

AÇÃO COLETIVA PARA RESULTADOS COLETIVOS

Ele nos explica o funcionamento da administração da Ocupação. Em cada G (grupo) há uma espécie de sede coletiva, onde há cozinha, banheiro e um espaço de lazer com televisão e algumas cadeiras ou sofás de forma improvisada. Nesse espaço coletivo além de ser destinado à fruição dos ocupantes, são realizadas as reuniões semanais, momentos em que a coordenação repassa informações para os seus ocupantes, e também onde acontecem assembleias para decisões coletivas.


Em uma d as s e d e s , mu l he re s ass ando b olos ou c oz i n hand o a l g u ma out ra comid a t ípi c a p ar a o ar r ai á mais t arde. Mas o c afé f res qu in ho e qu e nt in ho é l ei em to d os as s e d e s . E u ma s e n hora de est atu ra b ai x a , us and o s ai a l onga de i me di ato no s ofe re c e c afé, - Oh me u re i! e ra u ma f ras e s e mpre re c or re nte e m s e u vo c abu l ár i o. Q u anto mais s e c on he c e a o c up aç ão, mais lut a , s or r is o e c a l or hu mano s ã o enc ont ra d o s . C r i anç as c or re ndo e br inc and o em to d a a p ar te, re me te que a li é u m lu g ar fel iz . A fel ic id a de é e nc ont ra d a em s e us ro sto s i lu minado s p or u m re a l prop ó s ito, u m prop ó s ito que o s une d e for ma c ol e t iv a e hor iz ont a l. C amin hand o próx imo a o G -2 , av ist as e o s eu Ante nor, c o ord e na d or de s eu g r up o. A l é m d e c u mpr ir e ss a árdu a t arefa , el e, s e u Sid ne y e out ro s co ord ena d ores e c o ord e na d or as faze m p ar te d o c or p o d e c ons el he iro s do Hospit a l M’ b oi - m ir im, c ons el he iros d a subprefeitu ra e c ons el he iro s d a U B S – Un id ade B ási c a d e S aú d e, c omo i lust ra o s eu Si d ne y “ Todos te m alg uma posição dentro da oc upação. A g e nte não cor re s ó atrá s de moradia não, a g e nte cor re atrás de educação, tran spor te e s aúde” . Em rel a ç ã o a e du c a ç ã o, el e ( Sidne y ) i nfor ma s obre a aju d a d a Pe r ife r i a At iva e d a Un i af ro, qu e re a l iz am uma s ér ie d e proj eto s s o c io e du c at ivo s p el as p er ifer i as d e S ão Pau l o. Um p ou c o mais a f re nte, el e no s mo st ra o pr imei ro G d a Pa l e st ina , é a s e de do g r up o qu e f i c a re sp ons ável p el a rond a notu r na , p ara gar ant ir a s e g u r anç a d as famí li as, e qu em f a z a s e g u r anç a é o s e u C arlos .


D a c ozin h a, a lé m d os a lic e rc e s e m ar roz e feij ão, su rge m improváve is del í ci as t r azid as de dive rs os c antos d o p aís : ch á d e amendoim d o Maran h ã o, que nt ã o de Per nambuc o, c a ld o d e sur ur u d o Par á , e f arofa do s er t ã o a lime nt and o a fe st a .

Na porta ao lado, uma sala de jantar, onde os novos palestinos se alimentam também das inspirações trazidas por seus heróis e heroínas estampados nas paredes.


Pedago Oprimi

Tortura Nunca Mais Educação como prática da liberdade

Ligando os pontos concretos e abstratos, reais e simbólicos, factuais e conceituais, temporais e espaciais, universais e particulares, óbvios e obtusos, objetivos e subjetivos, é possível entender com clareza os motivos pelos quais a Nova Palestina está aqui hoje.


ogia do ido

A Heroína de Dois Mundos

Guardião da Floresta de Xapurí

Movimento Antropofágico anti-fascista

A História De Um Valente

General da Veneza sul-americana

Metamorfose do Espaço Habitado

Madre Cristina

Pagu Chico Mendes

Oscar Niemeyer

Ap olônio de Carvalho Gregório Bezerra

Novos Palestinos

Humanista, arquiteto do poder


A noite cai, o frio da serra chega, sem estrelas, a fogueiria de São João é acesa, o arraiá esquenta. Famílias inteiras celebram a vida com a certeza de que um dia o caminho de muita luta, trabalho e reflexão resultará num lar


aconchegante, numa escola mais humana, num bairro com mais infra-estrutura e numa vida mais digna para que os pequeninos que brincaram a festa inteira tenham tantas oportunidas quanto aqueles do Morumbi.



D as Utopi a s

S e as coi s as s ão inating ívei s... ora! Não é motivo para não querê-las... Q ue tr i stes os caminhos, s e não fora A pres ença di stante das estrelas!

Mar i o Q u i ntana


Na s e g u n d a p a r t e d a r e p or t a g e m c ont i nu a r e m o s a f a l a r s o br e a Vi l a No v a Pa l e s t i n a c om ê n f a s e n a s h i s t ór i a s d o p o v o s e m m e d o d e l u t a r.



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