Grimorium (ou o livro das magias) full

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A ideia desse livro nasceu por causa da música Robótica Druida (Ou Tratado Poético Sobre A Technomancia) que compus para o álbum Gelo Seco / Benzina (2011) para o meu projeto Aparelhagem Malk Espanca em seu refrão tem os seguintes versos: Peguei magia alternativa e fiz a minha enquête Fiz Back-up de um Grimorium e botei no meu disquete Vou fazer um ritual dentro da Internet Pois magia negra no Chat é o que se pede Eu pensei, eu preciso escrever esse livro de magias que esse tal Druida Robótico carrega em seu disquete. Quais são seus rituais? E o resto é história.

Agradecimento: A minha esposa e ao me filho que fazem com que eu ainda acredite na magia.

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Sumário Ritual I Página 3 MORTAL CASA DE ESPELHOS Página 5 SOBRE TODAS AS FORÇAS SOLTO NO MUNDO Página 6 OS ELEMENTOS DE DEUS (ou SUAS ESTAÇÕES) VELAS Página 7 DEVERAS DEVERES Página 8 Miragem RITUAL II INDIVIDUALISMO ENXAME Palavra Riscada CASA DE BONECAS FADAS ANALISE Tremes AS CORES ESTADOS FISICOS

Página 9 Página 11

RITUAL III LETAL SENHOR DOS SONHOS Anti Luz OUTROS MUNDOS Jardim Branquinea Hekamiah Trinca de Irmãs SANGUE/ALMA

Página 16 Página 18

Página 12 Página 13 Página 14 Página 15

Página 19 Página 20

Página 21 Página 22

Ritual IV Página 23 LAGRIMAS A CHUVA (ex-soneto) Página 25 ONTEM PENDENDO DO CÉU E A ESCALADA DO INFERNO. MOTOS COLHEM ALAMANDAS CIBERESPAÇO SIDERAL CIDADE DE CRISTAL LIVRO DAS MAGIAS Página 28 PRECE CÓSMICA Página 29 SEMANA QUE VEM Beatitude (ou a Libertação de Boddah) 2


Ritual

I

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RITUAL I Uma Granada sobre a mesa. Calma, antes de continuar o poema Isso só uma pedra meu filho. Voltando... Uma Granada sobre a mesa Você a ignora Com as roupas na mala, E sua magia fugindo a regra. Esse Ritual é genético, Ele não se aprende. Somente corre (ou não) no seu sangue. Eu invoco espíritos Insulanos Só eles entendem de solidão. As folhas entopem a calha, Alguns tentam dançar com corpos pintados, Mas não é mais urucum, a tinta é sintética E o meu som também. Sentado a fogueira, É esse o ritual Folhas caindo são o incenso Que perfumam o nosso quintal.

MORTAL Dias híbridos, Praticamente o mesmo inverno, Você ainda não percebeu? Que a repetição é um erro? Um dia isso vai acabar, Tudo perece! Um dia é fim! Um dia Amor é fim! Um dia nos somos, Amanhã, não mais. Para os que ficaram. Apena pó 4


CASA DE ESPELHOS Seu reflexo, suas cópias, Luzes e cores Reflexo do seu ego. Muit-imagens em cada ciclo. Os espelhos refletem, mas não dizem nada, Sua face é o que tua alma te grita, Mas sua carne nem percebe. Você pode andar, mas nada mudou. São apenas pessoas, reflexos e sua perdição, Morteiros dentro dos seus olhos Aqui são pra mais de mil imagens, E só quero me identificar numa delas, E caso eu não goste de nenhuma... Quebrarei todos os espelhos E de seus cacos farei minha história.

SOBRE TODAS AS FORÇAS Deitado num campo, observando um céu. De deuses diversos e seus exércitos de anjos. Aqui estamos presos à carne, Deitado, Sobre todas as forças, Ouço o som do mundo girando e assim perco a máscara.

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SOLTO NO MUNDO

Que a leva de borboletas Seja suficiente Para que se crie o ciclone extratropical Assim como o rio que evapora Assim com o nĂŠctar das flores Eu e o meu Bunker Estamos apĂĄticos para tempestade.

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OS ELEMENTOS DE DEUS (ou SUAS ESTAÇÕES) A primavera Árabe O verão da Lata O crepúsculo de outono O inverno nuclear Em cada dia que você acorda, Uma estação nova É a nossa terra e seu doce poder, O fogo e o Churrasco. A ventania e a pipa do menino A Água e a goteira, Das marés brabas e a lama E o vento forte apagará tua chama. Água de beber, Agua de sentir Fogo, perdoai os pecados dos primatas. Vento, eleve nossos sonhos. Derrube a torres do tirano. Terra que se plante Terra que se deita Na colheita que se cante. Espero que tenha o que comemorar. São sempre os quatros... Quatro estações, elementos e estados físicos. É assim que se dividem o mundo é a ordem natural das coisas.

VELAS Iluminam o caminho dos mortos. Erotizam o jantar. E na procissão acompanham seus devotos. E quando falta luz terão de procurar.

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DEVERAS DEVERES Onde mais poderia viver? Onde mais saberia de... Quanto mais falo menos me importo É minha missão. Por que apressar o rio? Por isso vem a minha mão. O conhecimento Que supera a matéria. Vem do microverso Conectado a outros microversos Que vocês insistem em chamar de Deus. Mensagem nenhuma Imagem que se vê Ronda vosso deserto Alcança algo não muito certo Gostaria que fosse verdadeiro Então começo a chorar pra que não seja só Miragem de gente à beira da morte

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Ritual

II

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RITUAL II Cruze o Rio Negro Mas não se engane Não existe magia configurada de fábrica. Mas quando estiver em sua margem, Olhe para os lados, Como o tolo que atravessa a estrada E tente receber a benção das arvores. A saideira é o cheiro da floresta e seu Imprinting Pode acessá-lo quando quiser Quando em fuga estiver Use-o para teleportar ao Rio Negro. Em cada jardim, gramado ou pomar Faça reverência as plantas Conecte-se E aceite o passe. O cheiro da terra molhada, sinta O cheiro de cidreira, capim limão, sinta As chuvas do fim do verão, sinta. Esfregue a pele no mundo. Sinta. Agradeço ao passeio Amazônico, Mesmo em sonhos, Mas eu estive lá, eu toquei seu chão. Minha mente fez parte dela, E cultiva amor e pede sua permanência. Há magia em nossa volta. Só não vêm configurada de fábrica, Demarcada ou registrada Está no ar, entre átomos de oxigênio. Deixe escorrer entre seus cabelos, Esfregar o seu dorso As varinhas são seus polegares e indicadores. Use-os pra sentir a Terra girar. No final é a mesma coisa, Pessoas descobrindo, Vivendo sem se preocupar muito com o próximo Ritual, E seus resultados. 10


INDIVIDUALISMO Ter meus erros e acertos Poder sentir alegria Sofrer suas próprias dores O meu tempo, As minhas horas, Os meus méritos. Liberdade limitada Só até o espaço do outro Meu peito dói Meus ombros pesam Eu quero dormir, eu quero ter sono, Mas não vou parar Com o café preto cheiroso...

ENXAME Enxames dentro da tua casa, Fadas caóticas, será que são apenas insetos Ou mensageiros da morte? Vieram buscar nossos corpos. Mostram que o coletivismo é a maior arma. Veneno histamínico pra mim é mortal Quando vai passar aquele bater de asas? Zumbidos? O som atordoa Só está separado pela porta. Anuncio da morte, prepare-se! Rezo pra ser só um pesadelo Mas isso não foi bem alucinação, Pois monstros dos sonhos não deixam cicatriz.

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Palavra Riscada

Antes de falar de casa de bonecas, Mostro-lhe a boneca de pano, A nossa herança Aquiete o espírito sentado na calçada O sussurro do vento dobrando a esquina é ancestral.

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CASA DE BONECAS A vida é apenas fantasia Um faz de conta no quarto, Brincado com as bonecas No seu tapete azul. Todas as pessoas são doces e puras Dentro da casa de bonecas. A garota nem suspeita que há o mundo gira. Atrás daquelas quatro paredes. Casa de plástico, e gente de borracha Um pouco de sangue quente, Uma fagulha se perde e encontra o tapete. Ela está presa no seu mundo, A ensinaram a não cruzar a porta. Que não havia nada do outro lado. Ela chora ao ver a casa queimando, O mundo derrete, As paredes estão em chamas. Mais um frasco da estante dos sonhos é quebrado, Nele estava uma casa de bonecas, Onde a menina queria viver. Ela viu o que havia, quando as paredes caíram Mas resolveu se juntar aos brinquedos em chamas.

FADAS Estão em nossos jardins, e em nossas florestas Perceberas o cheiro perfumado Aquele brilho especial na sua quinquagésima festa; São elas que guardam o pó mágico, E desviarão o tiro encomendado, Se for humilde sem demonstrar orgulho na testa.

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ANALISE Vou correr mais que o mundo Para ver se alcanço Meu rabo de macaco, Um rabo de galo! Pois não me afeta tanto... Passo um cheque, cheque. Xeque-mate? Nem tente! Pois ainda estou de pileque... Os motoristas e cobradores Estão cansados do numero De seus carrinhos Querem trocar Para um menos violento Sem perceber que toda hora Há violência...

Tremes Uma arvore me pede pra não chorar Chegaram outras que me chamaram pra brincar, Brincamos, pique esconde e indiozinho na floresta a noite toda. De manhã acordei estava numa praça. Uma pomba avisou para ir para casa. Tudo fora do lugar, luz cortada. Havia um bilhete sobre mesa. Mas a Afasia é minha amiga. Paranoia imediatica levou-me as ruas. As ruas me levaram para as pastilhas coloridas. As pastilhas coloridas me apresentaram aos Anjos. Os Anjos me mostram o mundo sem máscara Visão holística Vi o verdadeiro formato do sol O Delirium é normal; E a resposta na forma de porrada, é normal? E o descaso com nossos casos, é normal?

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AS CORES Esse mundo que não é mais preto e branco Graças aos santos Cada um tem a áurea Cada qual com sua cor. Cada amor tem uma cor. E cada flor uma função. .

ESTADOS FISICOS (ATO I) O fluxo que tira a sede E corre a favor do vento Quando toco, sinto sua forma. Constantes e demarcada. Qual é o segredo?

(ATO II) Beijo molhado Com sabor adocicado, Sopros que deixa arrepiado Vem da floresta aquele doce afago.

(ATO III) Quem destrói o poder febril do mal? Entendo a metáfora de estar presente. Todo o prazer de ser e aceitação celestial, Caio no sono e começo a crer em min.

(Epílogo) No fim do mundo Prevalece o mais preparado, O que percebe mais fácil O que no coração do Deuses. É apenas mais um numero Agrade, destrua, ame, e perturbe, Faça a diferença, aconteça no seu tempo, Não seja mais um número perdido, Seja a razão entre a raiz e a questão.

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Ritual

III

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RITUAL III O som que existe porque agente existe; Criando assim imaginarias correntes, O som que faz vibrar nossa carne Esse Ritual é através da canção. É o nosso corpo em movimento. É a própria alma em manifesto. Andamento em formas de danças. Cheganças entre as batucadas. O Sino da Igrejinha A Guitarra distorcida Link e sua Ocarina. São vários encantos com o mesmo norte. Cada musico com seu papel, Em cada papel a própria vida. Cada partiteiro é um Tricorder E a música em si te leva em dobra espacial.

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LETAL Em estouro da manada, esse não será nosso fim. Somos cobaias! Inoculado direto na espinha dorsal, Injeção de realidade sem palavras cicatrizantes Não importa o grau da mentira Só quero sabre o que você olha quando vê o espelho. Não assobie depois de meia noite, Espere mais um pouco que já vai amanhecer Descubra que a verdade não tem começo nem fim, Ela é mutante. A morte seletiva, Morrer para alguns, Então viver melhor. E agora? Como fica sua cara no espelho? Quando as cortinas fecharem e for a troca de cenário, Mocinha, tasque um beijo no vilão, Corra de volta ao palco. E quando da peça acabar e as cortinas se fecharem de vez Conclua que a morte não foi letal.

SENHOR DOS SONHOS O meu reinado inspira o reinado dos seus filhos, Seus artistas vêm a mim a procura de inspiração, Eu represento seus amores, vontades e temores. Tenho o catalogo de desejos de livre acesso. Nas estantes do meu quarto guardo os frascos, E em cada frasco há um sonho, Em cada sonho uma história particular, Onde explica como é cada alma. Me visite para tomar um café, Quem sabe aprendemos algo trocando figurinhas repetidas. Não seja leviano perguntando do seu futuro, Não existe essas coisas! Relaxa um pouco, se fortaleça, Pois amanhã começa outra vida.

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Anti Luz

Taumaturgia e fundições minerais. Expedições ao futuro com bilhete só de ida Não entrego seus pontos, Você é livre para aprender. Atraindo Anjos do beco e outros vetores Que não sabem ser livres, se perderam entre desejos. Teurgia entre esquinas e botecos Contra os sacrifícios, contra a torturagem. 19


OUTROS MUNDOS A hora de fugir! Bati as asas e levantei voo, Entre espaços desocupados. Vejo galáxias, constelações, planetoides São mundos diferentes habitados por vidas diferentes. Cada um com estações diferentes, O batidão do universo; historias e heróis, Cada forma um sentido de ver, Mas sempre há um só caminho Metrópole arcaica, Cidade do Éter e outros vilarejos Mas a criatura alada que viaja entre os mundos, Sempre aprende e ensina uma nova lição. E ela encontra seu porto seguro na Cidade de Cristal.

Jardim Flores vivas com suas cores tolas O berçário do Amor. Já conseguiu dormir entra elas? A luz que reflete, Mostra tudo que está em seu lugar. Vida que segue de manhã. No jardim que representa nossas vidas,

Branquinea Venha, mas sem compromisso Para preparar a vibração da casa Será que pode ver mundo com os outros olhos? Espero que minha casa possa ser visitada por anjos, Estacionem no meu quintal, com seus navios brancos Vindo todos a caráter para o baile.

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Hekamiah Nos recebem quando nascemos E é o segundo contato na terra com algo maior (O primeiro são seu pais), Simbiose entre o divino e o terreno Um será a razão do outro Um pilar. No nosso agora estão eles nos protegendo Conforta nossos sonhos e nos dá conselhos. Claro que isso só acontece quando paramos para ouvir eles falarem. Falarem por si mesmos e raciocinarem como anjos Não como nós.

Trinca de Irmãs Elas unem seus conhecimentos e personalidades opostas, Ajudando suas filhas a pensar nos caminhos e propostas. A velha é a primeira, guardiã do segredo Que protege a tradição e toda a sabedoria E guarda um disquete como esse. A mãe protege as crianças que brincam no quintal. As vezes puxando as orelhas Para ficarmos mais atentos. E a mulher, Nos leva do amor ao prazer Nos ensina o que é para ser dito. Nos passam assim seus conceitos Se há um brilho estranho nos teus olhos ao se olhar no espelho, Mire na retina, Elas estão ali te guiando.

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SANGUE/ALMA Carne, Espírito, Tudo se engloba, É a mesma coisa Sangue e Alma são sinônimos. A alma passa pelas veias, E no corte fatal o que escorre é seu espírito. Teu DNA tão singular, Guarda as respostas do seu passado. Constelações familiares Carma, maldições de pai para filho E encarnações - está tudo ali escrito em cadeia. Veja como algo comum a todos É tão diferente para cada um, Seu poder flui em vosso corpo, Fortalece e excita vossa alma Fluido sagrado E é teu sangue misturado com tua alma.

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Ritual

IV

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RITUAL IV O Xamã da terra chocalhou o passado, Os chocalhos de cabaça atraíram o homem arbusto O verde-mata na camisa sintética é poluente meu filho! Manifestos! Eco-guerrilhas! Vida longa e prospera a memória de Chico Mendes Eu acredito no nosso poder de moldar. Ame a terra molhada e a chuva, Do mesmo modo que ela te ama. O maior Ritual é ainda estar vivo, Estar em sintonia e fazer parte do meio. É só seguir o fluxo dos rios e sua corrente, Tomar água de coco ao pegar o ônibus de volta par casa, E ouvir o que teu coração quer te dizer, Daí por diante o que vier é lucro.

LAGRIMAS Já lavou a alma, Já enxugou o rosto Agora se acalma, Ainda estamos em agosto. Pede o conforto de um colo Que limpe aquela face Alguém que o abrace Fazendo o agora ser esquecido, Amanhã é o que virá.

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A CHUVA (ex-soneto) Chuva, conforte minhas lágrimas. Vamos ficar na chuva brincando Igual criança, pinto molhado É assim fico me recarregando É essa natureza de estado. Em meio ao temporal, eu ouço Terra uivar.

ONTEM Ontem eu fui, O que eu ainda não sou, Apenas mais um outro alguém, Outro corpo para a velha alma.

PENDENDO DO CÉU E A ESCALADA DO INFERNO. Voltar ao primeiro plano, Retroceder, voltar ao ovário, Vamos aprontar logo as malas, Vamos retornar ao teatro de operações. O maniqueísmo ainda não saiu de moda. Já está na hora do salto, Lá embaixo agente se encontra Aprenderemos algo junto para podermos prosseguir. Só não esquece, A escolha é sempre nossa.

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MOTOS COLHEM ALAMANDAS No corre da estrada sentindo o vento entre os dedos Sentindo o coração pulsar e o esturro das motos Sou a Suçuarana atrás da preza! Trago uma Harpia em meus olhos! Eu não nasci para ser jaula, eu sou a deixa. Indo em bando entre horizontes e BRs Entre o entroncamento do destino e o desejo Eu sigo em frente sem olhar para trás. Os que tentaram perderam a direção, são estatísticas. Atento, firmando o olho seco Viver em bando, realidade simbiôntica. Responsabilidades e obrigações ancestrais. Sumir e que o mundo exploda! Tomar cuidado com novos caminhos. Pois na curva qualquer, tudo é impreciso Mas estamos junto, Com mais forças de prosseguir É assim que queremos continuar Esse é um mundo a ser explorado. Garotas e garotos esperando seus garotos e garotas Alimentamos de sol quando há sol E chuva quando há chuva. Calma, já estamos a caminho. Eu olhei pela janela do bar e avistei meu futuro. Pegamos as motos e voltamos para a estrada Passar pelas velhas ruínas da cidade. As casas escuras iluminadas pelas nossas auras. A primeira flor que encontrei era falsa, Mas volto a estrada, pegarei outra para você. Quando voltar, te chamarei aos Berros Os próximos passos envolverão mais que isso, Terão cidades Agudas e brilhantes. Estamos indo desde sempre, Mesmo que nunca, Sempre estamos lá. Colherei alamandas na beira da estrada E dormirei entre elas para sempre.

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CIBERESPAÇO SIDERAL Lugar fechado, metal frio Pessoas distantes, coração vazio Eu quero sentir o cheiro da criação. O perfume de gênesis ainda corre solto É só respirar fundo. Somos enxertos de anjos e demônios Quem é que precisa de um líder? Aquele que fale com o coração E saiba comandar o batalhão Para chegar na primavera Navegue e corte com vontade O espaço que a nós pertence.

CIDADE DE CRISTAL Eu sei que ela está lá embaixo em algum lugar Toda noite sonho com ela Com suas luzes noturnas E seus prédios estalagmíticos de tão altos que até se cruzam no céu. A cidade lá é diferente das demais Ela tem ojeriza de nossa maldade. Não precisa de passaporte, Pense nela, feche os olhos e a perceba. Ela está, é só acreditar Não dá para alcança-la apenas esticando os braços. Vamos viajar para a cidade de cristal Ver como é o reflexo de nossos enxertos Ser cegado pelo seu brilho. E enxergar de outra forma.

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LIVRO DAS MAGIAS Salve, Perceba o universo frente a face Ele é nosso! Qual estados físicos da matéria você prefere ficar? Qual a sua estação do ano preferida? Na estação do trem, Cris está no meu ombro Conversando com o Abigail Que nos conta as últimas do inferno. Receber o livro não é para os humildes Perceber o livro não é trabalho dos fracos É restrito aos livres de coração, É desta forma que o Elemental lhe faz o passe E a matéria para os seus olhos se tornando sutil. Você é quem escolhe a cor do mundo (Se é que isso faz alguma diferença). A magia é o nosso sangue fluindo (moto-contínuo) Tirem o Fred daqui pelo amor de Bambaataa Faça um portal, Estamos atrasados para o piquenique na cidade de cristal Há chuva, e daí? O gato preto e daí? Fazer a curva errada? Refaça o último ato, Pode prosseguir. Caminhar passeando sobre todas as forças E escrever rituais mágicos em formas de versos. Não tem nada de novo, leia um salmo meu filho. Esse são meus quatro Rituais Sou mortal e sobrevivi à casa de espelhos E ao perfume de infinitas alamandas. Entre velas e lampejos, Visões, miragens de um enxame Pontos riscados e maldições em casas de bonecas Entenda, tudo está conectado. Cada verso no mundo, cada estrofe. Tentaram roubar nosso sangue sujar nossa alma Após passarmos tantas vezes por aqui Tem que fingir que não os percebeu. 28


Seu livro sagrado não se coincide com o meu Talvez um de nós seja mesmo ateu Mas são apenas dois caminhos diferentes Não há caminho errado, apenas diferentes E levam ambos no final para o mesmo lugar. Duas retas no infinito... Pequenos sonhos não podem ser falado em pequenas páginas, Para gritar eu tenho pressa, Por isso descobri os verbos, Comecei a reexistir e ser livro aberto.

PRECE CÓSMICA Que o sol ilumine meus caminhos. E a lua me proteja ao atravessar a noite. Eu forjo A trilha entre as estrelas Enquanto os anjos nos observam. Guardai Anjos, Guardai meu planeta contra os invasores.

SEMANA QUE VEM Quem é que sabe onde estaremos Tomara que estejamos bem É o que se espera, Semana que vem Cada vez se deixa mais a matéria Mas lá para a frente eu sei que eu te encontro Mas um dia o mundo será nosso Mesmo que alguns não queiram Isso irá acontecer semana que vem.

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Beatitude (ou a Libertação de Boddah)

Há sencientes perdidos Há um medo de se perder Há um medo de perder você E não poder chega nem na metade da historia

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Poemas de Tiago Malta Fotos internas de Arquivos pessoais do mesmo.

Produzido pela Na Cara e Coragem produções artísticas. nacaraecoragem@yahoo.com.br http://nacaraecoragem.blogspot.com.br/ https://www.padrim.com.br/nacaraecoragem

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