APRESENTAÇÃO Prezado Leitor... Este livro simples é a segunda coletânea de textos, poesias e poemas dos escritores que participaram anonimamente ou não da “FLIP” a Festa Literária Internacional de Parati – RJ, no ano de 2.009. Um belo gesto de demonstrar a sociedade o quanto se aproveita nos cantos das ruas, nas rodinhas dos bares, nos bancos das praças... Quanta riqueza existe ao nosso redor, basta parar para ouvir uma roda de prosa, um recitar solitário de um poeta divagador, de um cordel que se oferece a cada embalar, um fanzine ao intervir no caminhar, de um escritor que uma poesia quer ofertar, um poeta errante que um trocado quer ganhar! Um documentário histórico, onde reuni autores de todo Brasil que espontaneamente doaram suas obras, dedicando humildemente à humanidade, formando um coletivo de escritores que decidiram não seguirem os costumes cotidianos, onde os interesses financeiros ficam por conta de cada autor... Alguns precisam de apoio, situação que consideramos justa, outros guardarão como recordações, muitos farão escambo com outros escritores... Enfim, é de livre expressão! Portanto caro amigo leitor, ao adquirir este exemplar você estará retribuindo para uma autêntica obra literária, aproveite cada verso, aprecie cada parágrafo, sinta cada verso, liberte sua consciência para que seu coração perceba que o ser humano é a parte mais fundamental nesta história e que sua criatividade ultrapassa limites... Esta coletânea é formada ao decorrer de cada dia da “FLIP”, não se trata de um “Marketing Social”, é obra momentânea que se transforma e se constrói humildemente pelas ruas da maravilhosa cidade de Paraty no Rio de Janeiro. Boa leitura!!!
Jonathas Quintão – Paraty.RJ
doamanha@gmail.com
A arte A Poesia
A arte de fazer arte
A Poesia é a palavra em verso Que assim como o nosso universo Se transforma em verso para novamente Criar algo como a gente!
De ser artista, arteira Brincar o dia inteiro Inspirar o Ar puro Contemplando O templo
Quem sou eu, quem somos nós? É dito nas esc rituras védicas, que somos almas espirituais indestrutíveis sempre existentes de uma forma ou de outra, hora manifesta, hora imanifesta, e que somos todos servos de krishna, Cristo, Jesus, independente da religião, uns consc ientes outros não... Mas que no fundo t odos somos partes integrantes e intrigantes deste grande ser, o senhor do Universo, conhecido também como Jagannatha... Sou apenas seu servo, servo d´Deus, servo d’ty , sou também de Paraty ,feito no mar e nascido no Rio de Janeiro... A poesia da minha vida é enc ontrar uma forma de viver a vida e buscar a font e da vida. e mostrar a todos de vontade que é vida de verdade.
da vida E fazer Da vida Uma grande Obra de arte Que nos invade
Hare Bol... Cante o Maha Mantra e seja ainda mais Feliz . ..Hare Krishna, Hare Krishna Krishna Krishna, Hare Hare Hare Rama, Hare Rama Rama Rama, Hare Hare … Este grande mantra purifica a A lma e nos leva de volt a ao supremo!
Uma meta maior na vida!
Nos anima E nos faz Feliz
Nossa Senhora da Poesia mãe de todos os poetas protegei minha alegria e a de todos nós! Não mais eu... Não mais você... Outros de nós... Surgiram!
Graça Carpes http://pulsarpoetico.zip.net gracacarpes@hotmail.com
Eduardo Tornaghi – RJ PELADA POÉTICA poesianoleme@yahoo.com.br
Pio – Ubatuba / SP carlexpio@yahoo.com.br FRAGMENTO DE TEXTO – “O LIVRO AZUL”
Hedonismo À minha frente à esquerda a minha frente, esquerda. Imagem invertida, apenas um duplo. Amor limitado, coisa pouca. Espelho só se pode beijar na boca.
As mulheres, mães e filhas, e todos os homens filhos de mulheres e homens. O Amor-Vermelho, Amarelo e Azul, toda delícia do Verde e a cor do mar, delícia indefinível! O brilho da luz nas trevas, e toda a atração dessa luz... O Universo em expansão as esferas silenciosas, a música, os mantrans, e o silêncio. Lilian Rabello (carnavalesca) – RJ lilianrabello@gmail.com PARATY Para mim Para ti E para nós A poesia Jorra pelas ruas... Para uns, muito Para outros, muito pouco Para alguns tudo Para vários tudo oco! A FLIP flerta com a alma do poeta Por mais que queiram nos calar As vozes poéticas ecoam no ar... Paraty, julho de 2.009. Léo Costa – RJ leomaidenrj@hotmail.com Vamos Fazer um futuro melhor? Saia em busca dos seus ideais, deixe a rotina e suas coisas banais. Encare de frente o seu oponente, mesmo que este esteja em sua mente. Sua jornada é longa, começa agora... Você sabe sua hora. Hora de fazer, hora de aprender... Hora de fazer, fazer o quê? Vamos lá! Vamos fazer um futuro melhor... Pra gente viver!
O Rascunho
Wit
contém um poema que o poema impresso não tem
as coisas não são o que vemos as coisas nem são o que são toda certeza que temos é vaidade qualidade do que é vão.
o testemunho: na rasura na pressão do punho na linha da letra o cunho. aquilo: o que a palavra tem
Ronaldo Vieira ronascri@ig.com.br
PEDIDO SECRETO Como recuperar o tempo perdido Talvez o vento o traga novamente De forma secreta, num pedido Como se faz a estrela cadente
Tiago Miçanga - RJ poemadoti@hotmail.com www.nacaraecoragem.blogspot.com
RECADO SEM REMORSO
Quando dei por mim já não era mais santo E o manto que me protegia, não fora suficiente Luz na caverna Abstrata! (faz com que eu me veja no espelho) minhas anotações estão lá promessas mal compridas, sonhos e tudo que eu poderia reunir para montar uma grande história.
Flávia Almeida – SP fr_almeida08@yahoo.com.br www.poetaindependente.blogspot.com Livro: Lirismo
Eric Medeiros - SP escritorindependente@gmail.com www.poetaindependente.blogspot.com
Reflexão Profundidade... Amplitude abrangente... Do universo mais profundo do SER... Estímulo para o "despertar"... Caminho para o autoconhecimento... discernimento... do EU, do outro e do mundo em que vivemos.
POEMA DE UM VENCEDOR
Veracidade Existência... Protegei meu santuário... Meus olhos de lágrimas, Minha face marcada... Meus lábios, meus sentidos, Minhas mãos que clamam, Minhas pernas trêmulas, E o meu coração, feito para amar... Protegei-o, porque dele virá a luz e o perdão... Protegei meu santuário, que traz consigo a minha luz Meu brilho e o poder de perpetuar gerações...
Palavras não podem externar meus sentidos... O amor pleno... As vivências... Nós fomos... Nós mesmos...
Inspiração poética Do lodo surgiu o lírio... Ao som da lira... (inspiração poética), Canção de quem ama Fala sem palavras... Vogar sereno No vagar da vida...
Por tantos percalços Por tantas inconseqüências e conseqüências Por tantas lutas Por tantos obstáculos Por tantas lágrimas que derrubei Por tantos amores e dores Por tantas aventuras e tombos Por tantas brincadeiras e alegrias Por tantos machucados e cicatrizes Por tantas malicias e decepções Por tantas sacanagens e desgostos Por tantas amizades e desacertos Por tantas moradias e desilusões Por tamanha vivência, Encontrei-me... E percebi que sempre fui E sempre serei o mesmo homem. Um conquistador!
“AMANHÃ... Uma nova noite Uma lua nova a aparecer E quando estivermos juntos Tudo poderá acontecer!”
“SEMPRE EXISTIRÁ UM SOL... PARA AQUECER E UMA LUA... PARA ENCANTAR!”
“Arte de Amar” Fiquei um tempo sem escrever, Passei um tempo a meditar... Pensando em te ver, aonde te encontrar! Fiquei um tempo te procurando e não consegui te encontrar. Aos poucos fui me decepcionando e no amor deixava de acreditar! Cheguei ao fundo do poço... Paralisado no mais terrível lugar. Uma estátua sem esboço... Ruindo, a se espedaçar! Na arte tudo pode acontecer... Quando o artista se inspirar. Meu esboço fez aparecer... Suas mãos a me restaurar!
Sonia Pereira - SP soverso@gmail.com INSANIDADE Ri A Louca (sem memo) ri a louca
TÃO TAO Repare: o teu tormento não é dor, é movimento!
Mia Vieira - RJ miavieira211@gmail.com.br perigooo@gmail.com DESERTO INTERROGATIVO Espinhos cinzas contornam Sorrisos amarelos de eutanásia Flores barbitúricas não alteram mais a visão; Psicodélica suicida do meu jardim. Corpos armados de carinho Explodem pelos olhos Filmes queimados
EIS A QUESTÃO
DÁ UM TEMPO!
Roça-me o peito, sussurra e me belisca a orelha, mas não concretiza o ato. Deixa-me atônito, o poema (fornalha no raso do âmago); esquiva-se de meu domínio e foge, deixando rastros, fascínios. Restos calados que esperam e me fitam e se riem do meu grito. Meu dilema.
A vida é um saco não entendo pra quê tanta luz energia nenhum corpo agüenta tanta vontade de ir sei lá em frente até o próximo limite buraco negro e sumir.
Na memória tua voz; Causa & efeito Irreversíveis
Como do ar poluído Preciso de tuas mãos.
Jogaste fora os anéis de papelão Sem ao menos tentar reciclar Enquanto eu invoco o fim do mundo Na embriaguez covarde de te esperar (...Hoje sou frio).
Meu coração tornou-se concreto E meu ser, surrealmente abstrato
Todas as luzes se apagaram Junto com seus olhos, que Não me vêem
“Há espaços sem passos Em um tempo que não passa em mim”
Mais ainda assim, insisto te cultivar Rara flor Cactos do meu abismo. VERSOS DE VENTO 2006 Escrevo versos de vento Cortante, dor mundana. Constante, fotos e fatos. No caminho de contos e coisas; Tudo combina........................ Em diferentes; Tons de sons. Ouro Preto, outubro de 2007
Giovani Mendes Baffo - SP bafogi@yahoo.com.br perigooo@gmail.com estátua de barro negro com hálito de cerveja usada nos bares da vida para enfeitar as mesas
analfabeto funcional funcionando rio e insisto ás nove e quinze o relógio da central imita o cristo Melancolia na Br 101 ando tão vazio e sem luz que até o brilho dessa lua cheia já não me seduz
inventário
Renata Carvel - RJ renata.carvel@hotmail.com
Thiago Sampa é suja, meu caro Chove carro na chuva Chove chuva no carro Um doce brilho de lua Nos olhos de Deise nua
Ando sem sol Sem sal e nem saber se dorinha meu amor não seria uma prostituta
Um milhão em sonhos Bens quase nada Momentos risonhos Não sei quantas madrugadas Foi tudo que juntei Nessa vida desregrada No Brasil ou na China Minha mãe é faixa Preta em faxina
quem mora na rua Anda o dia inteiro de pijama
AMBULANTES A Falha Aceitar o que nos é dado pode ser mal de fato; Como aceitei teu beijo e abraços Que agora me foram tirados Deixando aqui dentro um vácuo, Passando meus dias em marasmo. Será que sou só um corpo Ou só um olho exposto? Observando as maldades do amor Que o prazer nos dá e retira, Como um torpor.
Não sei se hoje já teremos horário de voltar pra cachola, já bateram vários meio-dias, que não se podem mais fechar os poros. Foliculite.
Suspeitaria de cascalho correr por minhas veias, Meus sentidos alterados, Reanimados suscitavam. Atrita a constituição fina De meu sistema circulatório Veias nervosas e tóxicas. Entope-me a traquéia A poeira do vidro, dos azulejos. Uma máquina de reconstrução Trabalhando para o passado. Ambulantes do existir. Não vejo nada de excepcional, Tão pouco culpo alguém Olhos avermelhados, Sedentos dum algo. Vagueiam abundantes entre os arbustos d’outra gruta Na tentativa de voltar ao jogo da velha, questão de realidades Não se pode resumir tudo na mesma garrafada O trabalho é triplo Criar, reciclar e arrematar. 3 vezes costurar, e por mais 3 vezes beber, vomitar e se limpar. Mais três vezes remanejar E se privar Parede, teto e chão Suor, lágrimas e desconstrução. Ao fim é simples A impotência constante.
Ítalo Rovere – Fortaleza-CE Livro: África Poemas de Viajem www.italorovere.com italorovere@hotmail.com Isca Arrisque corra o risco não tema pela morte Não crer na sorte é mérito é morte do homem velho que vive em nós Nós A dita é dura é doida pra prender e matar a liberdade da vida que vive um nós Virulência O vírus não respeita fronteiras Assim como aqueles que fazem suas fronteiras não respeitando seus povos
Outras edições do autor “Tato Amarelo e Um diário Indiano” Segregados Moçambique que triste tua realidade Acho até maldade Infelicidade que se abate sobre seu continente Segura as rédeas da história e a glória será nossa no mundo No fundo há medo e se faz segredo O mundo segrega te prega na cruz - Ressuscita! África Reluzente Ressuscita África Permite que atua alma se eleve se entreve na escuridão Do mundo pra iluminar o úni(co) verso
Dalberto Gomes - RJ Livro: “DANDO A CARA A TAPA” dalbertogomes@yahoo.com.br dalbertogomes@hotmail.com PODER Querer é poder Poder querer É ter poder Poder é ter Ter poder.
Minha poesia está amalgamada Em duas faces Da razão e da abstração Ela mergulha na obscuridade do ser Perscrutando labirintos Intangível e inatingível.
O poder seduz O poder induz Ao querer ter mais poder. O poder alicia O poder vicia Seja quem for: Presidente Gerente Chefia.
DANDO A CARA A TAPA
Ela doutrina e apascenta Leões e serpentes É borbulhante nas questões É lava e fogo Santificada e excomungada Lânguida e preguiçosa Ao desvencilhar-se do emaranhado de conceitos Códigos, regras e pré-conceitos. Acrobata Dá um salto mortal E cai vitoriosa no papel Dando a outra face Ao tapa do público.
Querer é poder / Poder é ter o dinheiro / A força, a palavra, a crença... O meu primeiro! O poder corrompe / Interrompe / Causa desavença. Poder é ter / Ter fé / Fé é poder / Poder é luz / Poderosos iluminados: Buda, Maomé, Jesus. O poder do cristão é a cruz / Poder é doce. É solidão. Não me venha querer / Com o seu poder / Tentar me fuder. E por favor! Não queira com seu poder / Implantar o horror Pois será diluído pela inquebrantável crença no amor. Se poder é querer / Eu quero! Quero ter você / Como amiga e amante / Podes crer.
José Andrade – Salvador-BA Livro: Onze Horas A beleza e a efemeridade da vida www.palavradeluz.blogspot.com joseasantos69@yahoo.com.br
A ENFERMIDADE DA VIDA Sl. 103 (versão de Ir. Mirian) A nossa vida a um sopro é semelhante e nós passamos como o tempo, num instante: pois são mil anos para Deus como um dia, como vigília de uma noite que se foi. Tal como a flor que de manhã no campo cresce, logo de tarde e cortada e fenece, assim a vida é muito breve aqui na Terra, feita de luta, de vaidade e muita dor. Que o teu Espírito nos dê sabedoria, pra bem vivermos nossos anos, nossos dias…
Outra edição do autor: “POEMA AUSENTE”
PALAVRA Minha Arte... Meu Caminho Meu Amor... Minha Vida... Presente. Presença De Deus. SABEDORIA Amante das corujas Amigo da sabedoria Meu amigo também Dai-me os olhos do saber Ver a verdade além das aparências MUDANLA DE COR Mato. A Floresta não é mato Estamos matando o mato As matas, manto verde da Terra O verde está ficando cada vez mais cinza Verde claro, raro, escuro na bandeira Há muito, verde não é esperança É somente lembrança de adultos A esperança das crianças é colorida A vida é sofrida, doida A esperança é cinza
Cátia Cernov – RO Outras edições: cernov9@hotmail.com “Girassóis Translúcidos” (Poemas) www.catiacernov.blogspot.com “Rosa de Jericó” (Poemas) “Amazônia em Chamas” Livro: Sapiens Sapiens era meio homem e meio sapo. Era de uma espécie de anfíbio em fase de ascensão evolucionaria na Terra. Vinha assistir a aqueles últimos tempos dos homens – a queda dos mamíferos; e ver o que restaria para a próxima espécie que esperava na escala evolucionaria – os anfíbios. E ele estava ali, naquele tempo, naquele metrô cuspindo gente nas estações, observando de como os homens conduziam as suas civilizações e tratavam os da sua espécie. Os tempos eram tempos de fins de tempos. Os primatas se preparavam para o fim de seus tempos de domínio, e deixariam um mundo sujo e caótico para os anfíbios. - Nossas conquistas construíram este mundo. Os sapos permaneceram no brejo. - Não, não permanecemos. E estamos furiosos! Suas conquistas contaminaram os brejos. Agora terão de encarar os monstros de suas próprias criações. Livro: O Mamulengo Foi como uma marionete que, de repente, cortou os fios de conduta que a moviam. Numa manhã de céu claro, a cidade movimentada, ele decidiu não mais reagir à realidade que o cercava. Talvez um sonho, uma brusca mudança de percepção, ou mesmo algo patológico o deixou naquele profundo estado de prostração. Pouco se importou em saber por que, não refletiu acerca disso, apenas deixou-se cair no pátio do quintal. E lá ficou jogado, mole e disforme, entregue a um novo destino. Pois estava resolvido a renunciar as exigências da realidade, aniquilar tudo que o construiu até ali e gerar uma nova realidade, só sua. E iniciou ali a sua jornada em busca da autonomia mental.
Breno Góes - RJ EX – QUADRINHAR Ou “A BIT OF BITS” Ou ainda: Exercícios em rodondilha maior) brenocesargoes@gmail.com ODE AO AEDO
O escultor já havia terminado Zeus, Apolo, Dionísio, Hera, Palas, Hermes, Afrodite, Ares, Poisedon, Hades, Ártemis e Hefaisto (seu predileto), quando deu os deuses por terminados e resolveu esculpir o herói Hercules. Seria sua décima terceira escultura, justamente esculpindo o herói famoso por seus doze trabalhos. Ao terminá-lo, notou uma imperfeição, pois o escroto esquerdo do semi-deus estava exatamente na altura do direito. Todos sabem que o esquerdo é um pouco mais pra baixo. Num acesso de fúria, jogou todas as estátuas fora, quebrando as de mármore e derretendo as de bronze. Ao perguntarem, depois, por que ele havia feito isso, ela disse que não importava, pois ainda conservava sua obra completa. Dizia, os loucos que o entendessem, que seus olhos emboçados de tanto pó de pedra e queimados de tanto bronze incandescente, suas cicatrizes e calos decorrentes do manuseio do cinzel e suas três hérnias de disco oriundas do curvar-se para as estatuas eram na verdade a verdadeira obra de arte da qual ela era sujeito. - Não era eu, percebera? Nunca foi meu propósito ou fim ultimo esculpir deuses. Durante esse tempo todo eram eles me esculpindo. - Então... - Sim - Ele tinha doçura nos olhos enrugados, quase piedade - No final das contas, eu sou um ator.
Thiago dos Santos - SP Livro: BAILE DA NOSTALGIA chilimam13@hotmail.com QUE BELO DIA PARA O FIM DO MUNDO Que belo dia para o fim do mundo E tantas pessoas querendo viver Descendo a estreita ladeira penso nisso tudo Posso ser triste, mas que belo entardecer. O sol cai suave e ilumina a ponte Que se inicia no fim da fina rua. A ponte que o sol ilumina Deixa os olhos mais vivos. Tudo melhor aqui de cima. Hoje podia não vir a lua, Nem sua noite. É triste mesmo saber Que todos esses que flutuam No bafo do Calor Jaz se afogarão Em chuva de gotas Que não chegam ao chão.
DO QUE SE PASSOU O amor vejo, E me inspirou A escalar estatuas Para escrever teu nome Nas bocas delas. E agora, sabendo que tudo passa Penso em teu nome Pousando em bocas eternas.
EM HOTEL BARATO – NO RIO Com sono escrevo Palavras sentidas. Pisadas batidas Adentram pela saída de ar, Donde tudo tende a recomeçar. Tem uma santa Presa na porta, Fina, curta, Posta torta. E com o vento de mentira Que sai dentre as fatias Penso na vida; Memórias, histórias Pela metade queridas. (vividas)
Louis Alien alouis1982@gmail.com
Carluxo BLUES.
O DIA DEPOIS DE ONTEM ANTES DO PÔR-DO-SOL sonho antigo Canto Toda vez que como morangos me lembro de você
Ela saltou do táxi e ajeitou a saia curta que aproveitadoramente no carro haviam encurtado mais, olhou ao redor com um piscar arrogante e se virou com as nádegas presas ao tecido como se fosse uma placenta nunca arrancada e saiu rebolando e tropeçando com as sandálias dois números abaixo dos teus pés, até o final da calçada de luzes verdes do motel, sumindo logo depois. Gritos perfumados. Odores expulsos de trás das cortinas. O beijo se desdobra ao lhe encontrar a nuca. As visões de si mesmo nunca lhe haviam excitado tanto. O delineador afogava a retina, enquanto escorriam as gotas de tesão que derretiam e deslizavam tingindo as virilhas de negro e fazendo a gruta cantar e gemer como as divas do blues...
Pela cor pelo GOSTO me lembro do corpo do ROSTO então percebo (não tenho você) não estou MORTO CONJUGAÇÃO O autismo pode ser Um certo senso incomum Maaaaas Não tem sentido Sem ter tido Sem ter tido tudo. Eu escrevo Tu desenhas Ele vê TV Nós não sabemos Vós perdestes Tudo E Eles? Bem... Eles se foram.
ESTAR BEM VIVO NO MEIO DAS COISAS É PASSAR POR ELAS, E DE PREFERÊNCIA, CONTINUAR PASSANDO “Torquato Neto” RECEITINHA não há novidades não existem inverdades nem omissões há missões e calabouços digressões e reembolsos mas as Verdades que perseguimos são Uma só e o Resto é disfarce.
perdidamente só o jardineiro fiel Procura seu ramo
- não me engano se foi frio teu último suspiro-se bem me lembro ainda sou eu mesmo vivendo ao relento-
M.Editorial – IN 28 POEMAS www.macunaimaproducoes.com juniorcabecinha.junior@gmail.com
A beleza mete medo porque nunca seu segredo revela ao observador que quer fugir, mas quedo permanece em vigília enquanto a beleza brinca com o grotesco. Dinis Carneiro – MG diniscarneiro@barbacena.com.br
SER POETA É GARIMPAR DIAMANTES É SUPERAR UM CAMINHO REPLETO DE PEDRAS PARA CONQUISTAR ALGUNS BRILHANTES
Lena Moraes – Rio de Janeiro – RJ lenacmoraes@bol.com.br Querem me vender a galáxia?! Quero apenas que não vendam a ninguém a estrela que é só minha. POEMA CONCRETO DO MEDO RECEIO REC RÉ.
PAR DE JORROS Revelada ad eternum nas quatro retinas nossa imagem no espelho duplicada e dividida por dois.
Caramujo – PE bonecoversoeviola@hotmail.com Sentimentos plantados sob doces beijos conquistados as batidas de um maracatu que não para... Vais a Amazônia? Eu quero ir também, amar-te nos igarapés onde o acará se esconde ou entre jequitibás e uba-ubas que crescem eternamente. Mas se quiseres passear no interior, te mostro as ruas poeirentas lá do meu sertão... Se quiseres passear nas cavernas te mostro os desenhos dos meus antepassados, se quiseres passear nas areias quentes te mostro as praias mais lindas do meu litoral... Agora se quiseres passear nas raízes do meu manguezal, amar te hei no meio da lama. Edmilson Santinni – Maria Souza www.teatroemcordel.com.br teatroemcordel@openlink.com.br
TEATRO EM CORDEL
Des’ lá da Idade Média Deixando cantar na veia Que nessa literatura O verso de cada aldeia. Corre drama e aventura, Mas, no fundo, não disfarça Misturados com tragédia, Que seu forte é mesmo a farsa, Que às vezes dá comida comédia, Nas rimas que encadeia.
N. Talalapaxi S. – Angola talapaxi@yahoo.com.br tala470@hotmail.com
Poesia TRAPOS & FARRAPOS Parte 1 – DO DESTINO
UNIÃO Uma união de tábuas É uma embarcação; A embarcação sem união É naufrágio.
Uma união de flores É um jardim; O jardim sem união É mato.
Uma união de pedras É um edifício O edifício sem união É ruína.
Uma união de homens É um exercito; O exercito sem união É despojo.
Uma união de vozes É um coral; O coral sem união É ruído.
Uma união de nubentes É um matrimônio; O matrimônio sem união É divórcio.
Uma união do barro e do sopro divino É o homem; O homem sem união É cadáver. De tudo quanto existe A união é a vida; A vida sem união É morte. Entre no Quarto Poder...
o livro...
www.flordomundo.com.br
André Luiz Bentes andrebentes@gmail.com Até quando quiser... o devir O olho esbugalhado vê tudo que passa Seria redundante se não fosse outro Seguindo adiante o tempo se escassa O ser apavorado por ser tudo novo Do arco... da lira, tensão permanente Do absurdo o ente, choque das espadas Contemplo a noite vinda como um bom lagarto Que grato pelas pedras só observa e sente E até quando quiser, enquanto houver desejo Meu medo estará morto e meu olhar distante Descubro no instante e no após esqueço A voz no ouvido esquerdo só diz: adiante! E rio sem moral dos que buscam começo Percebo a gaivota e seu vôo rasante Como nós dentro do crânio Se dá a foz do que foi a vida E agora é somente lembrança... Dali Como se nadasse num rio de medo As páginas da história trazem soluções Respostas inaladas de onde não há cheiro De um mar sem horizonte, um infinito em vão E as águas são passadas enquanto tenho sede Na ponte o tempo corre pelas minhas mãos No espelho logo vê-se que já estão sem dedos Eunucos das idéias sob a luz do Sol
Heber Cunha - MG Campanha MG 14.09.07
Do cordel: Oromaris
Oromaris é o menino mais esperto que existe. Escolheu nascer da semente do mais simples pai, colocada dentro da mais agradável mãe. Por isso sua educação é algo natural, sem intenção, como cuidar de uma planta sadia em solo rico e ambiente perfeito. Oromaris cresce com o Escudo do NÃO, com a Espada do SIM e com o Fogo do Eu. Porque ele é um príncipe verdadeiro, se você crê na impossível REALIDADE de uma doce gota de água ou de um minúsculo peixinho e de uma alegre fruta. Até na realidade do príncipe do Fogo. Oromaris é o Príncipe do Fogo. William Melo Soares – Piauí NA ROTA O BEIJA FLOR RIO POTY Desce o rio margeando o plantio das vazantes alimentando em seu leito essa gente ribeirinha, Segue o rio vida aflora pela nandança dos peixes.
céu de maio elegante a garça pousa na ramagem, ribeirinha flor de salsa céu de maio amor de mãe Nesga de nuvem no azul Eu te levo Tu me levas Nos levitamos
Macambira & Querindina – Esperança – PB maqueban@hotmail.com maqueban@yahoo.com.br Uma história para ti 67 - Era isso que Macambira Desejava conseguir Que onça entendesse E não comesse mais ali E sem matar a bichinha Apesar daquela rinha Fez a oncinha fugir 69 - Quando olhei pro menino Parado do jeito que tava Balancei-o pelo braço Mas ele nem balançava Pois estava admirado Pelo que tinha escutado Nem os zois ele piscava 71 – Peguei Geraldin E na rede coloquei Balançando o bichin Bem baixin assim falei Depois eu conto uma história Que tá em minha memória Prometo que contarei
68 - E ainda hoje está Pela mata ou floresta Vive a perambular Dentro do que ainda resta Por causa da destruição Que destrói a criação Sendo poucas como esta 70 – Foi então que ele disse Pra que eu possa dormir Vó me conta outra Senão daqui não vou sair Pois é bom lhe escutar Esses versos a rimar 72 - Contarei as aventuras E causos de verdade Que possam lhe instruir Que mostrem a realidade Pois nas rimas se aprende Nosso mundo se entende Nos dá a maturidade
73 - E pra você que está lendo Lendo o nosso cordel Procure assim valorizar Este folheto de papel Pois faz parte da Cultura Afinal a Literatura É tão boa quando o mel
Fernando Lopes lopes.fernando@hotmail.com OLHARES Sei: você tem o olhar mais invejável que o meu modo de ver já viu ao vivo: fulminante quando pede o entregar-se exigente quando órbita inatingível cintilante quando da de revelar-se diferente quando atenta intraduzível intrigante quando pensa que oferece envolvente quando quer o impossível displicente quando diz-me o indizível cativante quando encara sem nuance de amante quando pisca de relance insistente quando encara impassível e por mais que você tente esquivar-se de olhar olhares como o seu eu vivo. Joaley Almeida Lemos – Brasília - DF Amor e Lição Do Livre Caminho joaleyboro@hotmail.com Agora vou ir junto com o vento deslizando tranqüilo o pensamento e não mais serei tormento nem angústia pelo que não tenho. Leve serei nuvem e vagarei em compasso lento. Das mãos a ferramenta do peito sentimento, quando ele mais pleno poesia riscará areia. Olhos e horizontes se abriram num beijo e a matéria antes tão densa, será pena, cócegas e vento. Na direção do vento Nos sertões do peito No caminho que se abre Lanço minha semente. Palavras que catei dos velhos do convívio com os mestres da coragem que inalo.
Juliana Hollanda jupyhollanda@gmail.com sobre passarinhos e asas de borboleta (I) Da série: “Hey sleeping beauty come back to sleep” ou Síndrome de Estocolmo refém de si mesma dormiu no calabouço durante anos não tinha força para subir as escadas -escaparalimentava-se de excessos de sono, formigas e outros pequenos insetos -folgados insetosousavam desapertá-la de vez em quando ela os esmagava com os dedos ainda sonâmbula e os levava a boca. bastavam dois ou três para alimenta-la por uma semana ela retornava ao transe quase que instantaneamente e voltava para o mundo onde era seguro estar - o mundo dos sonhos -
Pedro Tostes - SP www.ptostes.blogspot.com www.descaminhar.blogspot.com ptostes@hotmail.com ALICE alucinada foge atrás do coelho que a persegue. o corpo a vida que muda nada diz onde? se esconde Alice eternamente o futuro numa carta de baralho sempre sã assim perdida contando nos dedos as feridas buscando lógica ou saídas ele permanece não se joga não entende nunca mais seremos iguais
ANJO a arte da vida em arte desbanca dinheiro glória fama o medo do que tem medo -Sonhar é inocenteo coração quase inteiro (em pedaços apenas a incompreensão) despenca do céu Pedro Tostes Coletivo Poesia Maloquerista Livro:
Descaminhar (dix/annablume)