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ATRIBUNA VITÓRIA, ES, DOMINGO, 01 DE ABRIL DE 2012
Economia APOSENTADORIA
COMO ESCOLHER
1 Custo das taxas
Especialista diz que meta é não depender do INSS
> É PRECISO avaliar os três tipos de ta-
xas cobradas: a de administração (a razoável é de 1% ao ano - a.a); de carregamento (varia de 0% a 5% a.a); e a taxa de saída, que varia conforme o prazo que o investidor fica no fundo.
2 Tipo de plano > O INVESTIDOR tem que escolher en-
Para o economista Mário Vasconcelos, todos deveriam ter um plano de previdência privada para melhorar o padrão de vida futuro
tre o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) e o Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL). > A PRINCIPAL distinção entre eles está na tributação. > EM CASO de declaração de Imposto de Renda simplificada, a indicação é o VGBL. > JÁ PARA a declaração completa, o plano ideal é o PGBL.
Beatriz Seixas
3 Solidez
ARQUIVO/AT
> AVALIAR A solidez da instituição, ou
uando o assunto é planejar o futuro financeiro, economistas defendem que a pessoa deve colocar como meta não depender apenas da renda do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Para o economista e professor da UVV Mário Vasconcelos, “todo mundo deveria fazer um plano de previdência privada” para manter ou mesmo melhorar o padrão de vida que leva. “Atualmente, o teto do INSS é de R$ 3.916,20. Então se uma pessoa ganha mais e sempre contribuiu com quantias altas, ao se aposentar ela só vai receber esse valor limitado pelo teto. Por isso, recomendo pensar a longo prazo.” O economista e coordenador geral da Faculdade Pio XII, Marcelo Loyola Fraga, diz que um dos mitos existentes em relação à previdência privada é de que somente pessoas com uma renda mais alta podem investir. “O importante é a pessoa reservar um pouco da renda, independente de ser uma prestação mais baixa.” Ele enfatiza que a escolha por uma complementação da aposentadoria é sempre importante: “Se imaginarmos alguém que ganha R$ 1.500, essa pessoa vai se apo-
seja, saber se é um banco confiável, se vai continuar no mercado nos próximos 30 anos ou mais.
Q
4 Rentabilidade > É IMPORTANTE pedir o histórico de
rentabilidade do plano escolhido para compará-lo com os produtos oferecidos pelos concorrentes.
5 Objetivo > A RECOMENDAÇÃO é que a pessoa
imagine quanto ela precisa ganhar para viver bem lá na frente. > A PARTIR DAÍ, ela vai ter uma ideia de quanto é preciso poupar por mês e durante quanto tempo para atingir seu objetivo.
MÁRIO VASCONCELOS explica que o investidor deve definir qual renda complementar deseja ter na aposentadoria sentar com 80% do valor, ou seja, R$ 1.200. Então, se ela tiver condições de reservar parte da sua renda ao longo dos anos, terá mais conforto financeiramente no futuro”, avalia. Vasconcelos afirma que quanto mais cedo a pessoa fizer um plano de previdência, melhor será. Ele explica que primeiro o investidor deve definir qual a renda complementar que deseja ter na aposen-
tadoria e com quantos anos ele quer se beneficiar disso. Estipulados esses pontos, a instituição vai fazer o cálculo para determinar de quanto é a mensalidade que ele terá de pagar. Mas Vasconcelos pondera que quem não teve a oportunidade de reservar parte do capital desde novo, “nunca é tarde para poupar”. Fraga recomenda muita pesquisa antes de escolher o plano: “A
pessoa deve observar, principalmente, a taxa de administração cobrada e a solidez da instituição. A recomendação é que o investidor avalie as opções de pelo menos três empresas diferentes.” Ele diz que essa preocupação das pessoas em buscar investir na previdência privada é positiva. “Porque além de garantir um futuro com mais renda, é um sinal de que o País está se desenvolvendo.”
SIMULAÇÃO DE PLANOS DE PREVIDÊNCIA PRIVADA Contribuição de 30 anos no valor de R$ 150(Homem de 30 anos)
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Contribuição de 20 anos no valor de R$ 200(Homem de 40 anos)
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> Taxa anual (juros):
> Taxa anual (juros):
> Taxa anual (juros):
8% > Total acumulado: R$ 206.710,31 > Rendimento: R$ 1.033, 81 para uma renda mensal e vitalícia > Taxa de administração: não cobra > Taxa de carregamento: em torno de 4%
9% > Total acumulado: R$ 253.299,74 > Rendimento: R$ 894,67 para uma renda mensal e vitalícia > Taxa de administração: 3% ao ano (a.a.) > Taxa de carregamento: varia de 0% a 5%
6% > Total acumulado: R$ 142.944,27 > Rendimento: R$ 468,19 para uma renda mensal e vitalícia > Taxa de administração: varia de 1,5% a 3% a.a > Taxa de carregamento: 2,28%
> Taxa anual (juros):
> Taxa anual (juros):
6% > Total acumulado: R$ 146.176,95 > Rendimento : R$ 837,23 para uma renda mensal e vitalícia > Taxa de administração: varia de 1,5% a 3% a.a. > Taxa de carregamento: varia de 0% a 5%
8% > Total acumulado: R$ 212.642,00 > Rendimento: R$ 751 para uma renda mensal e vitalícia > Taxa de administração: varia de 1% a 3,2% a.a. > Taxa de carregamento: varia de 0% a 3%
> Taxa anual (juros):
> Taxa anual (juros):
> Taxa anual (juros):
> Taxa anual (juros):
> Taxa anual (juros):
8% > Total acumulado: R$ 111.378,00 > Rendimento: R$ 557,03 para uma renda mensal e vitalícia > Taxa de administração: não cobra > Taxa de carregamento: em torno de 4%
9% > Total acumulado: R$ 126.760,85 > Rendimento: R$ 447,73 para uma renda mensal e vitalícia > Taxa de administração: 3% ao ano (a.a.) > Taxa de carregamento: varia de 0% a 5%
6% > Total acumulado: R$ 88.649,77 > Rendimento: R$ 290,36 para uma renda mensal e vitalícia > Taxa de administração: varia de 1,5% a 3% a.a. > Taxa de carregamento: 2,39%
6% > Total acumulado: R$ 90.687,73 > Rendimento: R$ 519,41 para uma renda mensal e vitalícia > Taxa de administração: varia de 1,5% a 3% a.a. > Taxa de carregamento: varia de 0% a 5%
8% > Total acumulado: R$ 114.532,00 > Rendimento: R$ 405,00 para uma renda mensal e vitalícia > Taxa de administração: varia de 1% a 3,2% a.a. > Taxa de carregamento: varia de 0% a 3%
> Taxa anual (juros):
10% > Total acumulado:
R$ 291.525,32 > Rendimento:
R$ 1.498,82 para uma renda mensal e vitalícia > Taxa de administração: varia de 1% a 2,6% a.a. > Taxa de carregamento: não é cobrada
> Taxa anual (juros):
10% > Total acumulado:
R$ 134.326,72 > Rendimento:
R$ 690,61 para uma renda mensal e vitalícia > Taxa de administração: varia de 1% a 2,6% a.a. > Taxa de carregamento: não é cobrada
VITÓRIA, ES, DOMINGO, 01 DE ABRIL DE 2012 ATRIBUNA
Economia
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ISABELA LAMEGO E-MAIL: economia@redetribuna.com.br
APOSENTADORIA
Previdência: bom ou mau negócio? A Tribuna conversou com especialista para saber o que é mais importante na hora de escolher um plano de previdência privada Luísa Buzin aber qual tipo de previdência privada escolher é o primeiro passo para garantir uma aposentadoria tranquila. Na sopa de letrinhas das linhas de investimento, qual é o mais adequado para o seu perfil? O Vida Gerador de Benefício Livre (VGBL) e o Plano Gerador de Benefício Livre (PGBL) se diferenciam principalmente pelo tipo de tributação. Enquanto os investimentos PGBL podem ser descontados anualmente da declaração de Imposto de Renda (IR), o VGBL não é dedutível. Já no momento do saque do dinheiro, os descontos do VGBL são apenas sobre o rendimento, e não sobre o valor total investido. Segundo o analista de investimentos Paulo Henrique Corrêa, a escolha entre os dois deve levar em conta o perfil de quem investe. Quem declara IR no modelo completo, por ter uma porcentagem alta do salário retido na fonte, pode escolher investir em PGBL, e descontar do imposto devido os investimentos até o limite de 12% da renda bruta anual. Já os gastos com o VGBL não podem ser descontados do Imposto de Renda, mas no momento do resgate apenas os rendimentos se-
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JULIA TERAYAMA - 06/07/2011
rão tributados, ao contrário do PGBL, que quando for sacado vai sofrer tributação integral de acordo com a tabela anual. Mas na hora de decidir o perfil do investimento é a idade do consumidor que importa mais. Quanto mais tempo tiver pela frente até a aposentadoria, mais arrojadas podem ser as aplicações, e maior pode ser a porcentagem de fundos de renda variável (mercado de ações) no fundo de previdência. “Uma pessoa de 30 anos pode ser mais arrojada nos investimentos do que uma pessoa de 60 anos que tem que pensar mais em preservar capital”, afirmou Corrêa. Nesses casos, segundo ele, é melhor reservar uma porcentagem maior aos investimentos em fundos de renda fixa. “Antes de investir na previdência privada é preciso escolher uma instituição financeira e prestar atenção às taxas de administração”, aconselha.
Previdência privada PGBL > É UM plano de previdência
complementar que permite a acumulação de recursos e a contratação de rendas para recebimento a partir de uma data escolhida pelo participante.
Melhor para quem > MAIS atraente para quem
declara o IR completo, porque pode ser abatido até o limite de 12% da renda.
PAULO HENRIQUE: na hora de decidir o perfil do investimento é a idade do consumidor que importa mais. Quanto mais tempo tiver até aposentadoria, mais arrojadas podem ser as aplicações
Para quem é mais indicado
Tratamento fiscal > ABATIMENTO* das
contribuições no Imposto de Renda (até o limite de 12% da renda bruta anual) durante o período de acumulação. Sobre os valores de resgate e rendas haverá a incidência de tributação conforme alíquota da tabela do Imposto de Renda Pessoa Física em vigor.
VGBL > UM plano com possibilida-
de de acumulação de recursos, que podem ser resgatados na forma de renda mensal ou pagamento único.
Melhor para quem > PARA quem é isento, decla-
ra Imposto de Renda simplificado ou tem previdência complementar ou já abate o limite máximo de 12% da Renda Bruta.
Tratamento fiscal > DURANTE o perío-
do de acumulação, os recursos aplicados estão isentos de tributação. Somente no momento do recebimento de renda ou resgate do dinheiro haverá a incidência de Imposto de Renda, apenas sobre os rendimentos e não sobre todo o valor recebido
SAIBA MAIS 1 Quanto o cidadão deve começar a investir? O investidor pode começar com aportes mínimos de R$ 100. Quanto maior o valor de contribuição, maior será o valor resgatável na aposentadoria. Nesse caso, o investidor precisa avaliar o quanto está disposto a poupar para ter uma aposentadoria que seja suficiente para que ele mantenha um bom padrão de vida.
tes instituições para verificar quais oferecem melhor rentabilidade tambem é importante. A rentabilidade tem que estar, no mínimo, próxima ao Certificado de Depósito Interbancário. É bom preencher no cadastro da previdência a declaração de saúde do contribuinte. Essa parte passa batido pela maioria dos investidores. É o que garante que o beneficiário receberá o dinheiro caso o contribuinte faleça.
2 Existe uma contribuição mínima?
4 A taxa de administração é um dos fatores a se observar?
O mínimo para iniciar uma previdência privada é R$ 100. Os aportes mensais não são obrigatórios, mas são recomendáveis, afinal, é a disciplina de poupar que vai fazer a previdência ser mais interessante no futuro.
Sem dúvida. Ela faz muita diferença se considerarmos que será paga durante vários anos até a aposentadoria. E também, no caso de fundos de renda fixa, essa taxa impacta diretamente na rentabilidade do fundo. É possível encontrar bons fundos de previdência com taxas de administrações justas (entre 0,7% a 1,5% ao ano) e ausência de taxa de carregamento na entrada.
3 Quais os cuidados para aplicar em previdência? Definir qual fundo de previdência pode ser mais adequado ao perfil do investidor. Existem fundos que aplicam 100% dos recursos em renda fixa, e fundos mais arriscados que podem aplicar até 49% em renda variável Comparar previdências de diferen-
5 Quais as taxas devem ser procuradas? Fundos de previdência em renda fixa: taxa de administração máxima de 1,5% ao ano e para fundos de previ-
dência multimercados: taxa de administração máxima de 2% ao ano. Taxa de carregamento 0%, ou seja, ausência dessa taxa na entrada. É importante dizer que a maioria dos fundos de previdência cobram essa taxa na entrada.
Grande parte das seguradoras fazem essa simulação personalizada para o investidor. É bom lembrar que o dinheiro tem valor ao longo do tempo então sempre considerar a taxa de juros real, isto é, taxa de juro nominal e descontar a taxa de inflação.
6 Quando posso fazer a retirada sem prejuízos?
8 Quais opções de benefícios são mais vantajosas?
Existem dois tipos de prejuízo, o inerente ao investimento quando o investidor resgata o valor em um momento pouco adequado, como uma crise no mercado financeiro, por exemplo. Ou o inerente aos impostos envolvidos: para investidores que optarem pela tabela regressiva de IR, é bom observar os prazos de retirada. Com o tempo de acumulação de dois anos inicia, a taxa de imposto é de 35%, já com mais de 10 anos, a alíquota é de 10%.
Esse ponto é importantíssimo. Caso o investidor opte por renda vitalícia, e venha a falecer no mês seguinte, ele e os beneficiários perdem todo o direito. Se optar por resgatar o valor completo em uma única vez, o investidor pode aplicar esses recursos em outro investimentos financeiro (que não seja previdência), e caso venha a falecer, os herdeiros podem receber o valor.
7 Como planejar quanto receber na aposentadoria? Fazendo uma simulação considerando: taxa de juros anual, valor de aporte inicial, valor de aporte mensal e data da aposentadoria.
9 Quais as diferenças entre perfil do investimento? Historicamente renda fixa tem rentabilidade inferior a renda variável no longo prazo. Porém, nem todos investidores têm perfil para aguardar um período mais longo para ter maior rentabilidade, se sentindo mais seguros ganhando menos e sem passar por
momentos de crise.
10 Essa escolha é ligada à idade do investidor? Se o investidor tiver pela frente um horizonte mínimo de 5 anos até a aposentadoria, aconselho optar por uma previdência com exposição em ações, já que tem uma boa chance de obter maior rentabilidade do que um fundo de renda fixa. A composição do que deve ser alocado em renda variável de acordo com a idade tem que ser considerado sim. Uma pessoa de 30 anos pode ser mais arrojada nos investimentos do que uma pessoa de 60 anos, portanto deve ter uma exposição menor em renda variável (mercado de ações).
11 Qual o risco desses investimentos? O risco de qualquer investimento financeiro está ligado ao emissor dos títulos que compõem a carteira de investimentos. Os fundos de renda fixa geralmente têm em sua carteira grande parte de títulos públicos federais que são considerados os títulos no Brasil com o menor nível de risco.