Catálogo o maior ator do brasil 100 anos de grande othelo

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O maior ator do Brasil – 100 anos de Grande Othelo Coutinho, Angélica; Lira Gomes, Breno (orgs.) 1ª Edição Outubro de 2015 ISBN 978-85-66110-21-0 Produção editorial Angélica Coutinho Pesquisa & Revisão de textos Antero Leivas Capa & Projeto gráfico Guilherme Lopes Moura

Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução deste livro com fins comerciais sem prévia autorização dos organizadores.




É com muita satisfação que a CAIXA Cultural apresenta ao público esta homenagem ao ator Grande Othelo. Com estilo inigualável, ele foi um verdadeiro tradutor do Brasil profundo em expressões, gestos e palavras. Profundo não apenas na esfera sócio-cultural, mas também na individual – gargalhadas e lágrimas emergem irresistíveis todas as vezes que o público se reconhece na tela. Foi assim, retratando esta vila chamada Brasil, que Grande Othelo chamou a atenção de grandes diretores de cinema de todo o mundo e comprovou a universalidade de sua arte. Ao viabilizar este projeto, a CAIXA dá mais uma prova do seu compromisso com os brasileiros. Desde que foi criada em 1861, ela tem atuado intensamente na melhoria da qualidade de vida da população. Além de seu papel como banco público e parceiro das políticas de estado, a CAIXA apoia e estimula a cultura, especialmente na circulação de eventos pelas unidades da CAIXA Cultural. Privilegiando a qualidade e a democratização do acesso, elas levam a sete capitais, eventos de artes visuais, música, cinema, teatro e dança. Nas outras regiões do Brasil, programas específicos fomentam os festivais de teatro e dança, o artesanato brasileiro e a modernização de espaços museológicos. Assim é a história da CAIXA que, desde sua criação, vem contribuindo para facilitar o acesso aos diversos bens culturais e o crescimento intelectual e cultural de nossa gente. Não é fácil chegar a tantas pessoas e lugares, mas esse é um desafio que vale a pena. Afinal, a vida pede mais. Caixa Econômica Federal



Não conheci Grande Othelo. Nem mesmo conheci o homem Sebastião Bernardes de Souza Prata. Mas sei, com toda certeza, que perdi muito. A pedido do Nininho, seu filho mais velho, aceitei participar da criação da FGO – Fundação Grande Othelo, instituição sem fins lucrativos que tem o objetivo de gerir todos os direitos de personalidade de Sebastião Bernardes de Souza Prata, nas artes “Grande Othelo”. A fundação nasceu da doação dos herdeiros, de todos os direitos sobre Grande Othelo, para que ela possa dar continuidade a sua obra. Para me preparar para o desenvolvimento do projeto e os detalhes jurídicos desta empreitada, resolvi estudar sobre a vida de Sebastião Bernardes, nosso amado Grande Othelo. O que encontrei e ainda continuo achando me surpreendeu de uma forma inexplicável. Li sobre Grande Othelo, assisti entrevistas, vi filmes, me encontrei com amigos e pessoas que o conheceram e que trabalharam com ele. Foi então que constatei uma das poucas unanimidades absolutas sobre alguém: Todo mundo gosta de Grande Othelo! Sua história pessoal, sua vida profissional, sua inteligência e tudo que pude constatar sobre ele só comprovaram que não se pode entender e nem explicar Grande Othelo. Não há como. O que se pode é rever as fotos, os filmes, as entrevistas e conversar com as pessoas que conviveram com ele. Afinal, todo mundo que conheceu Grande Othelo tem uma história incrível para contar. Isso tudo na esperança de aproveitar sua lembrança, criar um convívio com ele, de sentir sua presença, rever seu jeito maroto de falar e de sorrir, ouvir sua


voz e acreditar que ele ainda está por aí, chorando e fazendo chorar, rindo e fazendo rir, sempre do jeito dele, de forma grande, da forma Grande Othelo. A FGO – Fundação Grande Othelo, instituição sem fins lucrativos, será a única responsável pelo nome, imagem, obra e todos os direitos de Sebastião Bernardes de Souza Prata, nas artes “Grande Othelo”. Espero, de todo coração, que a Fundação possa espelhar a grandiosidade do nome do maior artista que o Brasil criou. Heron Simões Mattos Primeiro Diretor Geral da FGO – Fundação Grande Othelo




“Um homem é sempre um contador de histórias. Ele vê tudo que lhe acontece através delas. E ele tenta viver a sua vida como se estivesse contando uma história” Jean-Paul Sartre

Sebastião Bernardes de Souza Prata: pequeno grande homem, contador de histórias alegres, tristes, curiosas, ousadas. Homem que, senhor do seu destino, mudou o nome próprio, ficou conhecido por um apelido, mas foi sempre fiel ao seu sonho e às suas raízes. Artista que na comédia, no drama e na música fez sua história, que muito diz sobre a história de todos nós, brasileiros. O menino que um dia um maestro imaginou cantando a ópera Otelo, de Verdi, e por isso o chamou de Pequeno Otelo, se tornou “Grande” aos olhos da crítica carioca anos mais tarde. O menino que começou no circo e, desde então, sonhou ser um grande artista, se tornou o primeiro artista negro a se destacar no cinema e na televisão nacional; abriu a porta da frente para outros negros, não só nas artes, não só no Cassino da Urca, que, até a sua contratação, não permitia a entrada de negros pela porta principal. No cinema, foco desta homenagem, o artista foi uma das grandes estrelas nacionais. Passou pela Cinédia, pelas chanchadas, pelo Cinema Novo. Um filme inacabado não impediu Orson Welles de reconhecer Othelo como “o maior ator do Brasil”. Um ator que, com imenso carisma, talento e competência, conseguiu passar por cima de muitos pré-conceitos, para além da cor. Cem anos após o seu nascimento, brasileiros terão a oportunidade de rever momentos importantes da trajetória do artista que um dia, ainda menino, ainda Sebastião Bernardo da Costa, ainda “Bastiãozinho”, num picadeiro, usando um vestido comprido, com um travesseiro no bumbum e rebolando de braços com o palhaço, começou a contar e fazer história. Mariana Sobreira | Singularte Produções



“Todo ator é um sentimental. Do contrário não seria ator. A gente tem de ser um doido, um sentimental, um idealista. Se não for assim, não poderá ser um bom ator.” Grande Othelo

No dia 18 de outubro de 2015 são comemorados os 100 anos de nascimento do maior ator brasileiro de todos os tempos: Grande Othelo. Nascido Sebastião Bernardo Silva, posteriormente Sebastião Bernardes de Souza Prata, em Uberlândia, desde pequeno gostou de fazer arte, alegrando os viajantes em passagem pela cidade cantarolando canções. Nos palcos e nos picadeiros se encontrou e fez da arte de atuar seu ganhapão. Foram os primeiros passos rumo ao que mais desejava: ter sua imagem projetada na tela dos cinemas. O nome artístico definitivo, Grande Othelo, surge em 1935, junto do primeiro filme: Noites cariocas, de Enrique Cadicamo. Foi uma ponta pequenininha, sem fala. Por isso, sempre considerou o drama João ninguém, dirigido por Mesquitinha, como sua estreia nas telas, em 1937. Em mais de 50 anos de carreira ultrapassou a marca dos 100 filmes, muitos deles sucessos cômicos da Atlântida, onde sempre é lembrado pela dupla que fez com Oscarito em produções como Matar ou correr e Carnaval no fogo. Encarnava nas comédias um tipo bem carioca, divertido e popular, e lançava mão de recursos expressivos um tanto exagerados, típicos do circo e do teatro, para firmar uma identificação com o espectador. Othelo não se restringiu a atuar somente nas chanchadas. Se destacou também em dramas como Também somos irmãos, ao lado da amiga Ruth de Souza, e Rio, Zona Norte, dirigido por Nelson Pereira dos Santos. Para muitos a sua atuação mais perfeita é em Macunaíma, importante produção do Cinema Novo, dirigida por Joaquim Pedro de Andrade. A mostra O maior ator do Brasil – 100 anos de Grande Othelo vem para celebrar essa data tão importante para o nosso cinema e cultura. Como o próprio dizia “Não faço parte da cultura, eu sou a cultura brasileira”. Com


curadoria de Breno Lira Gomes e João Monteiro, a mostra quer comemorar não só esse grande ator, mas também sua importância na cultura brasileira. Foi Orson Welles, cineasta e ator estadunidense, que certa vez disse que Grande Othelo era o maior ator do Brasil. E é essa definição de Welles que inspirou o nome da mostra. Welles e Othelo se conheceram em 1942, durante a passagem do diretor no Brasil, para a realização do filme It’s all true. Este ficou inacabado por não agradar o governo de Getúlio Vargas nem o estúdio rko, que financiava o projeto. A mostra O maior ator do Brasil – 100 anos de Grande Othelo só comprova a vocação da CAIXA para patrocinar a cultura brasileira. A retrospectiva acontece em outubro, no CAIXA Belas Artes em São Paulo, e em seguida na CAIXA Cultural do Rio de Janeiro, em novembro. Serão 27 filmes exibidos: Samba em Berlim, Matar ou correr, Rio, Zona Norte, Um candango na Belacap, Macunaíma, O assalto ao trem pagador, Os herdeiros, A família do barulho, É tudo Brasil entre outros. Uma oportunidade rara para o público paulista e carioca. Grande Othelo talvez seja uma das mais perfeitas expressões do que é ser brasileiro. Conseguiu passar por cima do preconceito e se tornar um dos artistas brasileiros mais importantes do Século XX. A mostra O maior ator do Brasil – 100 anos de Grande Othelo pretende também relembrar todo esse esforço do menino negro, pobre e baixinho, que saiu do interior de Minas Gerais e conquistou o país inteiro com filmes ora divertidos, ora dramáticos. Grande Othelo sim, à sua maneira, quebrou barreiras e abriu portas para que atores negros também tivessem chance no teatro, no cinema e na televisão. Nos mais de 50 anos dedicados a arte de atuar, marcou para sempre a nossa cultura e a vida de todos que um dia tiveram o prazer de vê-lo em cena. Não importa o meio: teatro, circo, cinema ou televisão. Mesmo com 1,50m ele crescia trabalhando, conseguindo se destacar até em papéis menores ou contracenando com atores bem mais altos. A mostra O maior ator do Brasil – 100 anos de Grande Othelo é um evento oficial das comemorações do centenário do seu nascimento, contando com o apoio de seus herdeiros, que como os realizadores desse projeto,


sabem da importância do homenageado para nossa história, nossa cultura. E acreditam que para uma instituição como a CAIXA, através de seus espaços culturais, ter o nome ligado ao de Grande Othelo é algo para se orgulhar e reforçar a importância dele para todos os brasileiros. Breno Lira Gomes & João Monteiro Curadores

P.S.: Atendendo a um pedido dos filhos de Grande Othelo, a curadoria e a produção da mostra O maior ator do Brasil – 100 anos de Grande Othelo, adotou em todo o material promocional a grafia de Othelo com “th”.


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Meu amigo Grande Othelo, 100 anos de um gênio Roberto Farias

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Cinema: A Primeira Fase Breno Lira Gomes

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Brasilidade cinemanovista e marginal Rodrigo Fonseca

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Grande Othelo, um brasileiro a produzir cultura Mauricio R. Gonçalves

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Grande Othelo e Orson Welles – “It’s All True”, um filme inacabado Maria do Rosário

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Uma dupla do barulho João Luiz Vieira


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Grande Othelo: na comédia revela-se o drama Rita A. C. Ribeiro

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O Imaginário de Sebastião Prata/ Grande Othelo em Uberlândia-MG Tadeu Pereira dos Santos

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Cronologia Angélica Coutinho

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Grande Othelo disse...

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Grande Othelo Poeta

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Filmografia

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Agradecimentos

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Créditos



“Othelo é um grande artista. Sua arte tem características de Chaplin e Mickey Rooney.” Orson Welles




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Meu amigo Grande Othelo, 100 anos de um gênio

Este ano, Grande Othelo faz 100 anos. Sua presença no teatro e cinema brasileiros deixou a marca de seu carisma, personalidade e rebeldia. Era inquieto por natureza. Sempre o admirei. Tive a felicidade de conhecer meus ídolos em 1950. Recém-chegado de Friburgo, fui trabalhar na Atlântida Cinematográfica, a grande produtora das comédias de “Oscarito e Grande Othelo”, no Rio de Janeiro. Privilégio de fã, lado a lado com os ídolos que aprendera a admirar, aos domingos, quando na minha terra assistia no cinema “Eldorado” as famosas comédias da Atlântida. Como sou um cara de sorte, ao meu lado, no colégio, sentou-se um novo colega: Dickson Macedo, irmão de Watson, diretor da Atlântida, que nos brindava a cada ano com a presença de Grande Othelo, Oscarito, Anselmo Duarte e Eliana, nas famosas “chanchadas”. Através de Dickson conheci Watson e descobri o que faria durante toda a minha vida. Meu primeiro salário veio do cinema, e até hoje vivo de ser cineasta. A figura do Othelo tem enorme importancia na mina vida. Em 1950, já assistente de direção do filme Aviso aos Navegantes fui ao Arsenal de Marinha comprar roupas de marinheiro... Como ele era pequeno, teve de ir comigo para saber se havia seu número. Era o ídolo e eu, quem diria, trabalhando lado a lado. Anos mais tarde, nos encontramos novamente. Ele o gênio de sempre, e eu diretor de Assalto ao Trem Pagador. Nossa amizade durou por toda a vida. Com o prêmio “Grande Othelo” a ser conferido aos melhores


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do cinema brasileiro, a Academia Brasileira de Cinema tem a honra de homenageá-lo com a estatueta criada por Ziraldo transformada em símbolo de nossa cultura. E a realização da mostra O maior ator do Brasil – 100 anos de Grande Othelo, só reforça a sua importância não só para o nosso cinema como para a cultura brasileira. Othelo vive! Roberto Farias Cineasta e Diretor Presidente da Academia Brasileira de Cinema


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“Toda vez que vejo o Grande OtheIo – falando, conversando comigo, atuando, aparecendo nos vídeos e nas telas – me dá a impressão de que o tempo não passou. E isto me faz um grande bem. Não gostaria de falar do meu amigo Sebastião Prata como um fenômeno. Não existe nada mais entranhadamente humano do que ele, nada mais frágil, nada mais simples, nada mais complicado, nada mais carente, nada mais como todos nós, nada mais homem comum, nada mais menino. E, na verdade, este homem pequeno, simples e humilde é o nosso Ator do Século! (...) Toda homenagem que se fizer a Grande Othelo será menor do que ele merece. Todo o amor ao Grande Othelo, todo o respeito, todo o perdão àquele que conseguiu realizar o verso mágico de Drummond: deixou de ser moderno para ser eterno.” Ziraldo

“Troféu Grande Othelo” feito por Ziraldo para o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2015


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“Sob todos os pontos de vista, a arte brasileira deve muito a Othelo, que também abriu espaços para o negro nos grandes espetáculos. Ele levou o Carlos Machado durante anos. Apesar da beleza das roupas de Gisela, das mulheres lindas, Othelo era o ponto alto. Era aquele negrinho e seu grande charme que levavam ricaços à platéia. Mas teve humildade e foi escada, consciente, sem a menor animosidade.” Chico Anysio Ator, comediante, roteirista

“O Artista que está à frente do seu tempo é capaz de marcar gerações. Servir de referência. A simplicidade de Othelo e a persistência estampada nas suas interpretações ficaram como legado para nós. É obvio que os tempos são outros e a mídia se renovou no aspecto técnico também. Mas com certeza Grande Othelo seria bem sucedido artisticamente por ser um artista atemporal.” Érico Brás Ator

“Eterna vida ao nosso querido Grande Othelo.” Murilo Salles Cineasta


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Cinema: A Primeira Fase Breno Lira Gomes

A primeira aparição de Grande Othelo no cinema é datada de 1935, no filme Noites Cariocas, de Enrique Cadicamo. Participação essa, que quase não acontece. Segundo escreveu Sérgio Cabral em Grande Otelo – Uma biografia, o ator ficou no estúdio da Cinédia o dia inteiro aguardando seu momento de gravar. A equipe já ia dando o dia de gravação por encerrado, quando Othelo perguntou: “E eu?”. No que rapidamente um assistente de produção arrumou um jeito de garantir-lhe a participação. Foi uma cena pequena, rápida e sem falas, onde contracenava com o galã do filme, o ator argentino Carlos Vivan. A produção contava também com os atores Mesquitinha (que dirigiria Othelo nos filmes João Ninguém de 1937, e Onde estás felicidade?, de 1939) e seu futuro parceiro de chanchadas, Oscarito. Recém-chegado ao Rio de Janeiro, tentando a vida nos teatros da cidade, Grande Othelo era um obstinado naquilo que pretendida seguir como carreira profissional. Se ele estava ali, na então Capital da República, é porque queria ser ator. E ele iria ser ator. Othelo considerava como seu primeiro trabalho no cinema o drama João Ninguém. Considerava essa a sua verdadeira estreia na sétima arte, já que em Noites Cariocas, sua cena durava apenas 1 minuto. O primeiro grande papel na telona vem somente em 1943 com Moleque Tião, produção dirigida por José Carlos Burle, na recém-criada Atlântida. Até chegar a esse papel, Grande Othelo participou de 12 filmes, incluindo aí o ina-


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cabado Its all true, de Orson Welles. De Noites Cariocas até Moleque Tião, se passaram oito anos, e o pequeno Grande Othelo já se tornara um nome conhecido dos palcos da cidade, principalmente do Cassino da Urca. O filme dirigido por Burle tinha uma forte inspiração na história de vida do seu ator protagonista. Assim como Othelo, Tião era um negrinho do interior que sonhava em ser artista de sucesso na cidade grande. Infelizmente não existe mais nenhuma cópia desse marco do cinema brasileiro. Marco não só por ser o primeiro longa-metragem da Atlântida, que nos anos seguintes reinaria nas telas do país com as chanchadas estreladas por Othelo e Oscarito, mas marco por ter sido uma produção ousada para a época, que trouxe como protagonista um ator negro, que não era ainda conhecido do grande público. O ano de 1943 foi marcante na carreira cinematográfica do ator. Só nesse ano chegaram aos cinemas quatro filmes que contavam com sua participação, incluindo Moleque Tião, que foi um sucesso. A partir daí Othelo oscila participações entre produções da Cinédia (Samba em Berlim, Caminho do Céu, Romance proibido) e da Atlântida (Tristezas não pagam dívidas). Passa a se dedicar exclusivamente aos filmes realizados pela Atlântida a partir do ano de 1945. No período que vai até 1954, participa de 18 filmes da produtora carioca. Faz dupla com Oscarito em 10 filmes, entre eles E o mundo se diverte, Aviso aos navegantes, Dupla do barulho e Matar ou correr. Othelo também firma parceria com dois importantes realizadores: José Carlos Burle (que o dirigiu em Moleque Tião) e Watson Macedo. Os dois diretores se revezam no trabalho com Othelo, que não se resume apenas às chanchadas. Sob a direção de Burle, Othelo é a estrela de Também somos irmãos, forte drama lançado pela Atlântida em 1949, onde a discriminação aos negros é o tema central. Na história, um rico viúvo adota quatro crianças, duas negras e duas brancas. Othelo faz um dos filhos, o Moleque Miro, que se torna um perigoso marginal. Mas é dirigido por Watson Macedo que Othelo faz, com Oscarito, aquela que talvez seja a sequência mais marcante das chanchadas, para não dizer do cinema brasileiro: a cena do balcão de Romeu e Julieta. O ano era 1950. E o filme Carnaval no fogo.


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As chanchadas da Atlântida, como eram denominados os filmes de comédia popular, lotavam os cinemas em todo o país. Com um humor ingênuo, malicioso e em alguns momentos picantes, misturando e brincando com os diversos gêneros cinematográficos inventados por Hollywood, as chanchadas atingiam a massa, tendo também as marchinhas de carnaval e os cantores e cantoras do rádio como atrações a parte. Outros elementos contribuíam para o sucesso dos filmes da Atlântida: Jose Lewgoy era o grande vilão, Eliana dividia a função de “mocinha” com Fada Santoro e Adelaide Chiozzo, e Anselmo Duarte e Cyll Farney disputavam os corações das incautas, como os galãs das tramas. Mas os “reis” da Atlântida eram Grande Othelo e Oscarito. A dupla era um verdadeiro fenômeno e lotava os cinemas da época. O fascínio era tanto que até uma revista em quadrinhos protagonizada por eles foi lançada nesse período. O filme A dupla do barulho tornou-se um dos grandes sucessos dessa parceria e marcou a estreia de Carlos Manga como diretor de cinema. O filme Matar ou correr, também dirigido por Manga, assinala o fim da dupla. Othelo chega a contracenar com outras estrelas da época. Filma com Dercy Gonçalves (A baronesa transviada) e Zé Trindade (E o bicho não deu, Mulheres à vista). O diretor J. B. Tanko é quem tenta arrumar uma nova parceria para Grande Othelo. No lugar de Oscarito entra Ankito. Fazem oito filmes juntos, entre eles Um candango na Belacap e Garota enxuta. Outro comediante que também firma uma parceria com Othelo é Ronald Golias (Os três cangaceiros). Com contrato assinado com a Herbert Richers desde 1957, Othelo se torna o astro principal da produtora até 1968, onde participou de 13 filmes. O que chama a atenção nessa que pode ser considerada a primeira fase da carreira de Grande Othelo no cinema brasileiro, é que poucos foram os filmes que ele realmente foi o protagonista. Além de Moleque Tião e Também somos irmãos, outro destaque desse período é aquele que é considerado por muitos o melhor filme brasileiro já realizado, Rio, Zona Norte, de Nelson Pereira dos Santos. O fato de ser “escada” para Oscarito nos filmes da Atlântida não é algo para desmerecer ou diminuir o trabalho de Othelo. Pelo contrário. Talvez não sendo por ele, Oscarito não teria tido a visibilidade que teve. Um era essencial ao


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outro. Um complementava o trabalho do outro. Os filmes não eram sucesso só por causa de um, mas pela dupla que eles formavam. A química era tamanha, que não se repetiu com nenhum outro ator ou atriz, que posteriormente, tentou formar uma dupla com qualquer um deles.

Breno Lira Gomes é jornalista, produtor cultural e curador da mostra O maior ator do Brasil – 100 anos de Grande Othelo


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“Eu me dava muito bem com Grande Othelo. Ele foi sempre meu amigo, ligava todos os dias para mim. Eu o apoiava e ele me apoiava em momentos difíceis. Eu fiz 23 filmes e todos ao lado dele, Oscarito e Eliana. Nós formamos um grupo na Atlântida. E Othelo era um “leque”, ele era engraçadinho, improvisava e largava para lá o que estava no script. Ele mudava tudo, mas dava certo! E fazia um sucesso! Filas e filas na frente do cinema para ver os filmes.” Adelaide Chiozzo Atriz


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“Conheci Grande Othelo durante as gravações do primeiro filme que eu fiz. Era uma produção da Atlântida chamada Também somos irmãos, dirigida por José Carlos Burle. Ele sempre foi muito carinhoso e atencioso comigo. Ele já era pai de um garoto, um pouco mais novo do que eu, com quem cheguei a conversar algumas vezes por telefone. Dez anos depois, nos reencontramos em outro filme, Garota Enxuta, produção da Herbert Richers dirigida por J. B. Tanko. Nesse filme cantei uma música escrita pelo Grande Othelo. E lembro-me dele ter ficado muito feliz e satisfeito. Infelizmente essa gravação ficou apenas no filme, nunca cheguei a gravá-la para qualquer dos meus discos. Grande Othelo era muito querido por todos, simpático, um artista extraordinário, de um talento enorme. Não era apenas um comediante, mas um grande ator dramático. Aprendi muito com ele. Só posso lembrar com muito carinho e respeito pelo grande artista que ele foi. Na verdade, é. Grande Othelo é um dos maiores nomes da nossa vida artística. Inesquecível. Deve ser sempre lembrado.” Agnaldo Rayol Cantor


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Brasilidade cinemanovista e marginal Rodrigo Fonseca

Exu-Mirim, no Macunaíma (1979), de Joaquim Pedro de Andrade, seu Sebastião Prata, a.k.a Grande Othelo, simbolizou para o Cinema Novo algo mais do que um ator mítico, capaz de sintetizar as exclusões mil do Brasil aos cidadãos de pele preta. Ele simbolizou o desafio ético: a tarefa de desmistificar a imagem do “palhaço do batalhão” cristalizada pelas comédias carnavalescas e deixar transbordar o signo da afro-brasilidade, do homem do Povo. Nas chanchadas, Mr. Othelo era o bufão coadjuvante de Oscarito, Colé e Ankito. Era esperado dele ser apenas o moleque Tião, ou seja, assumir o papel de bobo da corte e entreter a burguesia e o proletariado com tiques e traques. Mas para os cinemanovistas, essa era uma condição preconceituosa, uma redução social, uma miopia etnocêntrica diante de tudo o que ele podia ser como ator. Ainda na década de 1950, numa fase de neorrealismo tardio na América Latina, Nelson Pereira dos Santos tirou Othelo da condição de Sancho Pança e o promoveu ao posto de Quixote Black de uma sociologia audiovisual. Com Rio Zona Norte (1957), ganha corpo um Brasil favela que tem em Othelo seu protagonista, numa condição de herói trágico na Ilíada cotidiana da mais-valia. Nelson olhou Othelo para além da maquiagem chanchadística de clown e viu nele o devir poético de uma nova subjetivação: daquele momento em diante, os negros ganhariam protagonismo numa estrutura cine-


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matográfica pautada pelo discurso da inclusão. Nos anos 1960, a semente Rosselliniana arada por Nelson P. S. frutifica numa reconfiguração territorial do negro em cena. E o Othelo que antes andava de cabeça baixa e ombros caídos, numa servidão ao riso, vai erguer cabeça e tronco e ganhará título de nobreza. No barato de milhões de inquietações contra a ditadura insurgente, Barão Othelo vai se tornar a versão menino do herói sem caráter de Mário de Andrade. Seu Macunaíma de chupeta na boca minou os sonhos de integração racial desta terra de Vera Cruz zombando da mordaça militar ao desfazer noções de moral e cívica. O que na “xanxada” era feito de modo clownesco, Othelo passará a fazer de modo irônico, politizado, no escárnio de um tempo com cheiro de chumbo. Nessa mesma década de 60, Othelo é convocado a trabalhar com Júlio Bressane, molhando os pés nas águas de um desbunde apelidado malcriadamente de marginal. Ali também o ator matou a moral-família e foi ao cinema com vestes de aristocrata (do samba). O Othelo que faz duo com Bressane é o ás da malandragem, o coringa do baralho. E o no lance de cartas ético-estético, ele se reconstrói como um dos interpretes de maior solidez do cinema nacional, deixando de lado a palhaçada, a troça e o chiste para emocionar pelas veias abertas da indignação.

Rodrigo Fonseca é crítico de cinema, colunista do site Omelete, blogueiro do jornal O Estado S. Paulo e roteirista da TV Globo.


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“Grande Othelo não é apenas o grande e maior ator popular do cinema, mas também do teatro de revista, dos shows do Cassino da Urca, onde o genial Orson Welles o conheceu e tornou-se admirador e amigo dele. Conheci Grande Othelo quando eu era repórter da Revista O Cruzeiro e desde então passei a integrar a legião de fãs daquele “neguinho” que conseguiu com seu talento e genialidade se tornar um ídolo, um símbolo das artes cênicas brasileiras. Passando de jornalista a produtor cinematográfico tive a alegria e o prazer de estreitar mais as relações de amizade e companheirismo com ele, decidindo então produzir um filme que é uma homenagem ao Othelo real numa trama ficcional que na verdade é inspirada na sua personalidade rica e generosa. Trata-se do filme O Barão Otelo no barato dos bilhões no qual ele expressa todas as faces e facetas do seu imenso, inigualável e imortal talento.” Luiz Carlos Barreto Produtor cinematográfico


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“Há muitos anos, eu estava num Festival de Veneza apresentando A grande cidade, um de meus primeiros filmes, quando vi Orson Welles ao vivo, pela primeira vez na minha vida. Estávamos numa boate do Lido, lugar apertado onde se dançava, se bebia, se namorava, mas dificilmente se conversava. Foi a moça que me acompanhava quem primeiro o viu: ‘Olha só quem está ali’. Era ele. Sentado sozinho numa mesa, Welles fumava um charuto daqueles (naquela época, podia-se fumar em recintos fechados) e bebia uísque em silêncio. Pelos copos e talheres espalhados pela mesa, imaginei que seus parceiros dançavam. Tremi e vivi então, por alguns momentos, a experiência do que costumávamos chamar de ‘vertigem de cinéfilo’, uma sensação física que nos sucedia em ocasiões excepcionais, fazendo-nos esquecer humildemente de que éramos cineastas orgulhosos do que fazíamos. A certa altura, olhei de novo em sua direção, meu ídolo cochilava sobre a mesa, ainda sozinho, o charuto seguro entre os dedos. Não vacilei. Caminhei em sua direção sem saber o que ia lhe dizer, mas convencido de que íamos iniciar ali uma amizade histórica.


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Ao chegar à sua mesa, tentando caprichar em meu inglês precário, me apresentei como jovem cineasta que o admirava muito, vindo do Brasil. Eu já começava a discursar sobre a grandeza de seus filmes, quando Orson Welles levantou a cabeça com os olhos semi-cerrados e, olhando para mim sem me ver, perguntou com aquela voz gutural e profunda dos filmes, agravada pelo uísque: ‘How’s Grande Othelo?’. E dormiu de novo. Welles tinha razão, o Brasil sempre foi e sempre será Grande Othelo, agora centenário. Não só pelos filmes que fez, mas também, e talvez, sobretudo, pelo que representou para nossa população. Não apenas a população frequentadora de cinema, mas todos nós que tínhamos alguma curiosidade sobre o Brasil e sua construção utópica. Grande Othelo não foi apenas, desde os 20 anos de idade, um dos maiores atores de nossos teatro e cinema. Ele foi também a personificação de alguma coisa que buscávamos em nossa própria ingenuidade, em nosso desejo de ser brasileiros e, sendo-o, ser diferente de tudo o que conhecíamos. Grande Othelo nos fazia sentir que, afinal de contas, éramos alguma coisa incomparável.” Cacá Diegues Cineasta


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Grande Othelo, um brasileiro a produzir cultura1 Mauricio R. Gonçalves

Há cerca de cem anos, na época do nascimento de Sebastião Bernardes de Souza Prata – nosso Grande Othelo – dizia-se que o cinema era a sétima arte, aquela que reunia em si outras seis importantes artes: arquitetura, escultura, pintura, poesia, música e dança. Para Ricciotto Canudo o cinema seria uma forma sintética de teatro, chamada de “arte plástica em movimento”. Diante disso, não espanta que Grande Othelo tenha encontrado, no cinema, seu espaço privilegiado de brilhar; sua “moldura” suprema. Pois que era, ele também, um artista de várias artes. Desde muito cedo, Tião, Tiãozinho ou Tiziu, como era conhecido em Uberlândia, sua cidade natal, teve oportunidades de exercitar seus talentos artísticos, por vezes faltando à escola para apresentar-se, cantando para hóspedes dos hotéis da cidade, em troca de algumas moedas. Não demorou muito, passou a integrar a trupe de um circo que se apresentava ali. Essas apresentações foram o começo de uma carreira que se desenvolveria em shows de revista, teatro, rádio, cinema e televisão. Sebastião Prata foi ainda poeta, compositor, jornalista e cantor de sambas. No teatro paulista, apesar de haver dúvidas sobre o momento exato de sua estreia, na segunda metade de 1924; apresentou-se em produções de Jardel Jércolis, encantando o cômico Sebastião Arruda, um dos principais nomes do teatro de São Paulo, que o convidou para atuar em sua companhia. Seu


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senso de oportunidade, improviso e domínio de palco apresentou-se desde cedo. Ainda sob a batuta de Jércolis, e com pouco menos de dez anos, sabendo que o grande ator Leopoldo Fróes estava na platéia, Othelo não teve dúvidas, imediatamente dedicou-lhe o poema que recitaria, referindo-se a Fróes como seu “particular amigo e colega”. Dali, e indicado pelo diretor teatral Oduvaldo Viana, Othelo foi parar na Companhia Negra de Revistas. Já na estreia em São Paulo, foi elogiado pelo crítico do Jornal do Comercio. Com a passagem da Companhia pelo Rio de Janeiro, Othelo tornou-se presença quase diária nos principais jornais cariocas, alvo de entusiasmados elogios dos críticos, sendo chamado de verdadeiro assombro, artista completo, já feito, simplesmente admirável. Sua precocidade foi comparada à de Mozart. Grande Othelo voltou ao Rio de Janeiro em 1935, num domingo de carnaval,agora levado por Jardel Jércolis. Sua primeira atividade, na Capital Federal, para ganhar uns trocados a mais foi vender serpentinas para os foliões dos corsos da Zona Sul, que brincavam ao som de Cidade Maravilhosa, um dos sucessos daquele ano, na voz de Aurora Miranda. Nessa nova fase, estreou nos palcos cariocas, no Teatro João Caetano e, de lá, para tantos outros, durante sua longa carreira. Poucos anos depois, seria dele a idéia de um dos sambas de maior sucesso da música popular brasileira, Praça Onze, letra de Herivelto Martins, a partir de idéia original de Othelo, que também assina como autor. O samba foi uma das grandes sensações do carnaval de 1942. Othelo também atuou como jornalista, tendo uma coluna regular na revista Noite Ilustrada, a partir de 1953. E já na sua primeira década de existência no Brasil, os anos 1950, a televisão teve Othelo em suas produções, desde programas de variedades até a teledramaturgia, tendo atuações de destaque em varias telenovelas; como o Pimpinoni de Uma rosa com amor (1972) eo velho Justo de Sinhá Moça (1986), ambas da Rede Globo de Televisão. Estes são apenas alguns pontos da inserção de Grande Othelo na produção cultural brasileira. Mais do que atestar sua versatilidade, deparamo-nos com a complexidade de um artista atento, criativo e talentoso. Capaz de se apropriar das mais diversas condições de produção cultural e nelas realizar seu tra-


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balho com destaque e originalidade. E o cinema? Este depositário das outras seis grandes artes foi palco da manifestação complexa dos talentos de Grande Othelo, desenvolvidos em todas estas outras searas em que atuou. Em um número de canto e dança, em Carnaval Atlântida (1952), podemos avistar o Grande Othelo dos cassinos e do teatro de revista. Sua capacidade interpretativa evidenciava-se na comicidade da Julieta shakespeariana de Carnaval no Fogo (1950), ou na densidade dramática de Espírito da Luz, protagonista da obra-prima de Nelson Pereira dos Santos, Rio, Zona Norte (1957), e até mesmo num pequeno, mas denso papel, o Dondinho, de Lúcio Flávio – o passageiro da agonia (1977).Os personagens foram inúmeros – protagonistas ou coadjuvantes – mas sempre de um invariável brilhantismo a nos seduzir com a capacidade espantosa desse grande artista de “encher a tela”, e dominá-la, como ninguém, comprovando-nos seu talento de caráter também cinematográfico. Mas, nesse domínio da arte cinematográfica está, sem dúvida, o resultado da múltipla vivência artística de um dos maiores brasileiros do século XX.

Mauricio R. Gonçalves é doutor em ciências da Comunicação pela ECA/USP, professor e pesquisador do Centro Universitário Senac, autor do livro Identidade nacional e cinema no Brasil 1898 –1969. mreinald@uol.com.br.

Nota 1

Os dados biográficos contidos neste texto foram extraídos do livro Grande Otelo, uma biografia,

escrito por Sérgio Cabral.


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“Grande Othelo tem mania de compositor. Na época eu era contratado do Cassino da Urca, quase que morava lá, porque... Muito trabalho. E Othelo que mudava a roupa comigo no camarim, um dia chegou com um papel enorme, batido à máquina, com uma letra e queria que eu fizesse um samba daquela letra. O tema da letra era... ‘Vai acabar a Praça Onze’. Era uma letra de romance e eu lhe disse: Othelo não dá, isso não dá samba ‘Ó Praça Onze, tu vais desaparecer e papapa...’ Eu fugia dele, mas todo dia nós víamos. No Cassino começava a trabalhar às duas horas da tarde, até meia noite, uma hora. Um dia eu me queimei e disse: Othelo não dá, não dá. O que você quer dizer, o que você quer dizer mesmo é isso e peguei o violão e fiz um tom assim: ‘Vão acabar com a Praça Onze, não vai ter mais tamborim, não vai ter mais nada... A Escola de samba não vai ter mais onde sambar e coisa e tal’ e ele pegou um lápis, escreveu e disse: é isso mesmo, é isso mesmo! Aí eu gostei da ideia e o samba nasceu aí” Herivelto Martins


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Praça Onze Herivelto Martins & Grande Othelo Vão acabar com a Praça Onze Não vai haver mais Escola de Samba, não vai Chora o tamborim Chora o morro inteiro Favela, Salgueiro Mangueira, Estação Primeira Guardai os vossos pandeiros, guardai Porque a Escola de Samba não sai Adeus, minha Praça Onze, adeus Já sabemos que vais desaparecer Leva contigo a nossa recordação Mas ficarás eternamente em nosso coração E algum dia nova praça nós teremos E o teu passado cantaremos”


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Sebastião Bernardes de Souza Prata – Grande Othelo “O que dizer desse pequeno gigante que transpôs a fronteira deste país com sua arte e genialidade, indo contra todas as probabilidades de alcançar a fama numa época em que uma pessoa com seu estereotipo contradizia a todos os padrões da busca pelo sucesso? Sei apenas que quando cheguei, ele já era o grande artista consagrado pelas massas, respeitado e admirado por todos que o conheciam ou tiveram o privilégio de apreciar seu trabalho. Para mim, que na época de criança não entendia muito a respeito do Grande Othelo, mas sim do Sebastião Prata, meu pai, tudo não passava de uma grande brincadeira que me divertia e alegrava as pessoas. Lembro com carinho, das poucas vezes que saímos juntos, devido a grande carga de trabalho a que ele se dedicava, tanto no teatro, como no rádio, cinema e televisão, que entre brincadeiras e conversas, de pai pra filho, ele declamava frases como parte de um poema que dizia: “Meu filho, a vida é combate que aos fracos abate e que aos bravos e aos fortes só pode exaltar”... E eu achava muito marcante o entendimento daquelas palavras que estranhamente me ajudavam a nortear parte de minha vida.


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Hoje com carinho ainda guardo na lembrança, cenas de alguns dos seus filmes, como Amei um Bicheiro, Matar ou Correr e Assalto ao Trem Pagador; ou de peças de teatro tipo a que mais me impressionou que foi O Homem de La Mancha, encenada com Bibi Ferreira, Paulo Autran e outros ótimos atores, sob a direção de Flavio Rangel; ou de seus trabalhos notáveis na televisão, em novelas, humor e até como entrevistador. Na experiência que hoje tenho, só posso agradecer e admirar cada vez mais, esse grande pai, amigo e profissional, que nos deixou um imenso legado e ajudou a forjar grande parte da nossa cultura. Pai, esteja onde estiver, meus parabéns pelo seu centenário, meus e daqueles que o conheceram e não esqueceram jamais.” Beijo do seu filho, José Prata


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“Se a vida imita a arte, sempre fui um dos privilegiados pela vida, por ter a minha disposição uma obra de arte chamada Grande Othelo, definida por Werner Herzog (diretor alemão do filme Fitzcarraldo) como ‘Completamente’ caótico e selvagem. Havia tanta vida naquele pequeno homem! Simplesmente maravilhoso”. Enquanto pai seu legado pra mim foi Jorge Amado, Chico Xavier, Vinicius de Moraes e Mãe Menininha do Gantois. Cada encontro uma história inesquecível e fantástica, assim era o Sebastião Bernardes de Souza Prata. Parabéns meu Pai, BRAVO!” Mario L. Prata


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Grande Othelo e Orson Welles – “It’s All True”, um filme inacabado Maria do Rosário

Neste ano em que celebramos o centenário de nascimento de Orson Welles e de Grande Othelo somos motivados – além de constatar que apenas 162 dias separaram o nascimento dos dois – a pensar no que teria sido da carreira do moleque Sebastião Bernardes de Souza Prata, se It’s All True tivesse sido concluído e apresentado em cinemas de todo o mundo. Como o filme passou por uma via-crúcis que o inviabilizou (assim como muitos outros grandes projetos do genial diretor de Cidadão Kane) só nos resta juntar fragmentos do que sobrou da odisseia brasileira de Welles. O cineasta norte-americano tinha 26 anos quando desembarcou no Brasil, em oito de fevereiro de 1942. Trazia na bagagem a fama de grande ator (do Mercury Theater), de radialista dos mais inventivos (pois amedrontara milhares de pessoas com seu vozeirão de “repórter” da Guerra dos Mundos) e de diretor genial (Cidadão Kane). Nos EUA deixara dois filmes em fase de finalização: Soberba e Jornada de Pavor (este em codireção com Norman Foster). A RKO, que produzira Cidadão Kane, participava ativamente da Política da Boa Vizinhança (reforço da amizade entre EUA e América Latina, em tempos de Segunda Guerra Mundial) enviando ao Brasil o seu talentoso artista. Ele faria aqui dois episódios de It´s All True: um sobre o Carnaval brasileiro e outro sobre Jangadeiros cearenses que lutavam por direitos previdenciários. No México, sob a supervisão de Welles, Norman Foster faria Meu Amigo Bonito.


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Ao desembarcar no Brasil, Orson Welles se encantaria pelo nosso ator e cantor Grande Othelo. Nascido em família humilde de Uberlândia (18 de outubro de 1915), o menino somaria no registro civil o sobrenome dos pais (Abadia e Francisco de Souza) ao dos patrões, os Prata. Mas ninguém o evocaria pelo elegante nome de Sebastião Bernardes de Souza Prata, pois só o pseudônimo artístico – Grande Othelo – o identificaria nos momentos de glória e tragédia. Começou pelo circo, no único papel que caberia, então, a um “negrinho” no início do século XX: o de moleque preguiçoso, ingênuo e engraçado. O reconhecimento chegaria depois, no teatro, em especial nos musicais. Com vinte e poucos anos, Othelo era uma das grandes atrações do Cassino da Urca, onde, em 1940, cantaria com Carmen Miranda. 1940 seria um ano-chave para Grande Othelo. Afinal, em parceria com Herivelto Martins, assinaria o samba Praça Onze, protesto musicado contra o fim deste santuário de sambistas, que daria lugar à moderna Avenida Presidente Vargas. Quando Orson Welles desembarcou no Brasil, ele convocou o pequenino Othelo para ciceroneá-lo pelas bocas quentes dos ritmos negros que esquentavam nosso Carnaval. O queria como ator destacado do episódio Carnaval. O cineasta filmou em exuberante tecnicolor muitas imagens do carnaval brasileiro. Filmou também favelas e pretos, para escândalo das autoridades brasileiras (leia-se Ditadura Vargas) e dos donos da RKO e defensores da Política da Boa Vizinhança (o megaempresário Nelson Rockffeller estava no centro financeiro da produtora e era um dos principais artífices da aproximação com a América Latina). Pelas narrativas engendradas pelos relatórios enviados aos EUA, Welles farreava muito, gastava dinheiro em projeto “sem roteiro” definido e mostrava um Brasil de muita pobreza. Do pouco que restou de Carnaval não dá para saber se o cineasta faria uma ficção ou um documentário sobre o festejo. Há pistas de que Othelo deveria protagonizar uma história povoada de sambistas negros, na qual um menino de quatro anos (Peri Martins, filho de Herivelto & Dalva de Oliveira, depois famoso como Peri Ribeiro) se perderia na multidão, em meio a foliões em êxtase. Mas os fragmentos conhecidos são realmente escassos.


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No começo dos anos 1990, para lembrar o ano do cinquentenário da aventura brasileira (1942-1992) de Orson Welles, os críticos Bill Khron e Myron Meisel se juntaram a Richard Wilson, diretor-assistente do It´s All True original, para reconstituir a passagem do cineasta e de seu parceiro Norman Foster pela América Latina. No Brasil, a dupla entrevistou Grande Othelo, Peri Ribeiro e parentes dos jangadeiros-protagonistas de Quatro Homens e Uma jangada, episódio cearense da trama. Se a presença de negros pobres em Carnaval horrorizava as autoridades do Estado Novo, mais haveria de acontecer para transformar os seis meses brasileiros de Welles em um tormento sem fim. Quando filmava, na Baia da Guanabara, a chegada dos jangadeiros Manoel Olímpio, o Jacaré, Jerônimo de Sousa, Pereira da Silva e Raimundo Lima, uma onda gigante virou a jangada. E Jacaré, líder do grupo, desapareceu para sempre. A perda quase colocou o projeto de Welles a pique. Mas ele insistiu e continuou filmando. Até não ter mais jeito. Os negativos do filme foram confiscados pela RKO e engavetados. As informações sobre o que sobreviveu aos problemas enfrentados por Welles são imprecisas. O documentário de Khron, Meisel e Wilson resgata, ao que tudo indica, o essencial do que sobrou: belos fragmentos em preto-e-branco de My Friend Bonito (em especial a bendição de animais numa festa rural mexicana), imagens coloridas do carnaval brasileiro (com Othelo de camisa listrada) e a quase totalidade de Jangadeiros. Afinal, Welles – acompanhado de Edmar Morel (1912-1988), repórter da saga cearense dos pescadores que reivindicavam direitos previdenciários – pôde construir a história de uma mocinha de 13 anos e seu namorado jangadeiro. Ao tornar-se esposa de um pescador, ela seria obrigada a viver a espera angustiante pelos que enfrentam as incertezas do mar. A este plot romântico, Welles somou, com tintas eisensteinianas, a épica daqueles homens simples e dispostos a enfrentar 1.650 milhas, numa frágil jangada, até chegar ao Rio e encaminhar suas reivindicações ao presidente Vargas. De It’s All True e seu episódio Carnaval, o mais incompleto de todos, sobra-


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ram histórias que enriquecem o folclore que cerca o malfadado filme. A melhor delas abre o documentário concebido por Khrom & Meisel: em belas imagens da BBC de Londres, registradas em 1955, Welles conta que, no Rio, um feiticeiro fincou uma agulha num boneco que o representava para amaldiçoar o filme. Ou seja, aquilo que ele chama de vodu. Embora saibamos todos que esta prática tem no Haiti o seu espaço geográfico. Um pouco, portanto, de samba do gringo doido (ou criativo demais) para evocarmos Stanislaw Ponte Preta. Descontado este aspecto, o melhor está no segundo volume da biografia de Welles escrita por Simon Callow. Em ótima resenha do livro, o crítico Sérgio Augusto registrou: “Foi Richard Wilson quem teve sua cópia de roteiro (de It’s All True) perfurada por uma agulha voduísta”. Welles, autor do fascinante F For Fake (Verdades e Mentiras, 1976/77) gostou tanto da história, que preferiu protagonizá-la. E o faz com a genialidade do performer que ele sempre foi. E é Sérgio Augusto quem relembra outra experiência singular vivida por Welles no carnaval carioca: o diretor de A Marca da Maldade integrou o júri do concurso de fantasias ao lado de um time de notáveis. Tão notáveis que colegiado igual nunca mais se reuniu aqui nos trópicos: o pintor Cândido Portinari, o escritor José Lins do Rego, a poeta Adalgisa Nery e o jornalista Herbert Moses (presidente da ABI – Associação Brasileira de Imprensa). Da trágica experiência brasileira, Welles levou, além do carinho por Grande Othelo e pela música brasileira, imensa paixão pelo Carnaval. Em sua passagem pelo Festival É Tudo Verdade 2015, organizado no Brasil por Amir Labaki, o pesquisador Jonathan Rosembaum destacou, entre os escritos jornalísticos que o cineasta-ator publicou em sua coluna no jornal New York Post, parágrafo de texto muito especial: “Há aqueles que condenam o carnaval, pois acham que é apenas uma desculpa para se embebedar. Eu estava no Rio há três anos para o último grande carnaval na mais carnavalesca das cidades, e vi com estes dois olhos um par de milhão de pessoas dançando e cantando nas ruas (a maioria delas sem nem ao menos ir para a cama por três dias), e ninguém, em lugar algum naquela enorme farra, parou de celebrar tempo suficiente para beber algo. Eles têm Carnaval de novo


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depois da Guerra e você terá de voar até lá e ver você mesmo. É mais reluzente do que um circo, maior que a World Series e mais barulhento que o Quatro de Julho. É tudo desses bons tempos reunidos num só. É a virada do ano, a noite de Haloween e a manhã de Natal. É selvagem e é alegre e é totalmente sóbrio, pois no Carnaval você não precisa de álcool para ajudá-lo a se esquecer de que está ficando velho. Você está ocupado demais, lembrando-se de como era quando era jovem” (13-02-1945).

Maria do Rosário Caetano é jornalista e pesquisadora, Trabalhou nos jornais Correio Braziliense, Jornal de Brasília e na TV Globo-DF. Colabora com a Revista de Cinema e com o semanário Brasil de Fato. É autora dos livros Cineastas Latino-Americanos – Entrevistas e Filmes e de três volumes da Coleção Aplauso (João Batista de Andrade, Fernando Meirelles e Marlene França). Escreveu ainda o livro 40 Anos do Festival de Brasília. Organizou as coletâneas ABD 30 Anos – Mais Que Uma Entidade Um Estado de Espírito, Cangaço, o Nordestern no Cinema Brasileiro e DocTV – Operação de Rede. Já foi homenageada por serviços prestados à difusão do cinema brasileiro pelos festivais de Recife, Tiradentes, Aruanda e Sergipe. Integra os quadros da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine).


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“Grande Othelo é para mim o maior ator do mundo e acredito que para muitos que foram crianças e adolescentes nos anos 1950, indo ao cinema e assistindo as chanchadas da Atlântida. Após preencher o meu imaginário na sua formação de interpretação cinematográfica, a presença de Grande Othelo em 1963 em O Assalto ao Trem Pagador, meu filme de estreia no Cinema Novo, foi para mim uma honra a mais. Depois disso, em plena ditadura militar em A Família do Barulho, de Julio Bressane, contraceno com meu “ídolo” afinal, numa cena antológica em que tenho a oportunidade de “chanchar” com ele. Em 1984, sob a direção de Rogério Sganzerla, Grande Othelo surge em uma longuíssima sequência de Nem Tudo é Verdade, falando da sua relação com Orson Welles no Brasil e It’s All True. Nessa sequência Grande Othelo faz, o que eu acredito ser, uma linda homenagem, citando no seu discurso, o meu nome e da minha filha Djin... Othelo sempre demais.” Helena Ignez


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Uma dupla do barulho João Luiz Vieira

O homenageado é Othelo, mas antes de repensar a genialidade sempre relembrada deste singular artista, gostaria, ainda que rapidamente, mencionar sua parceria icônica com Oscarito, formando uma verdadeira e redundante dupla do barulho, para sempre. A química perfeita entre os dois, que os transformou em emblema de um cinema brasileiro verdadeiramente popular, começou a ser moldada na Atlântida durante a produção de Tristezas não pagam dívidas (1943), de José Carlos Burle. Antes, porém, Othelo já havia trabalhado com Oscarito em Noites cariocas (1935), de Henrique Cadicamo e Céu azul (1940), de Rui Costa. Após Luiz Severiano Ribeiro Jr. ter assumido o controle acionário dos estúdios da Atlântida, Oscarito foi promovido ao patamar de verdadeira estrela, mesmo em um papel secundário no filme O caçula do barulho (1949), de Riccardo Freda um ano antes do seminal Carnaval no fogo (1949), de Watson Macedo. Em numerosas chanchadas produzidas pelo estúdio, a dupla de comediantes tensionava inversões paródicas de raça e gênero, como foi o caso da versão que fizeram da famosa cena do balcão de Romeu e Julieta, em Carnaval no fogo, na qual Grande Othelo se esbalda, “faceira”, em uma absurda peruca loira trançada e voz de falsete que não enganava ninguém. A questão raça o acompanhou desde cedo. Nascido em 1917 e criado por uma família de posses, sua ama de leite era a mulher (branca) mais rica da cidade, e, de alguma forma, ele se tornou “par-


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te da família”, em um fenômeno algo comum no Brasil de “adoção” ou criação entre raças promovidas de modo informal. Seu irmão adotivo também se chamava Sebastião, o que levou habitantes da cidade a chamá-los de dupla “Tião-Tião”, mas também de dupla Preto e Branco, antecipando assim, de forma coincidentemente visionária, a dupla posterior Oscarito e Grande Othelo. Durante sua infância, Othelo receberia os cuidados de algumas famílias brancas, graças aos seus talentos artísticos, razão pela qual demorou a compreender o conceito de racismo. Como repetia inúmeras vezes, foi uma mulher branca quem primeiro o alimentou, e foram famílias brancas que lhe possibilitaram uma boa educação. Uma entrevista biográfica concedida por Grande Othelo aos jornalistas Samuel Wainer e Joel Silveira, da revista Diretrizes, instigou a Atlântida a produzir um filme inspirado em sua vida, Moleque Tião (1943), de José Carlos Burle (com roteiro de Alinor Azevedo e Nelson Schultz), interpretado pelo próprio Othelo. O fato de que este foi o primeiro longa-metragem lançado pelo estúdio, testemunha seu status nascente de estrela. Outro momento importante na carreira impressionante de Grande Othelo foi o melodrama Também somos irmãos (1949), também dirigido por Burle, primeira produção brasileira a lidar diretamente com a questão do preconceito racial e onde ele interpreta um de dois garotos negros adotados por uma família branca da classe média alta. Renato (Aguinaldo Camargo) e Altamiro (ou Miro, Grande Othelo), são criados na companhia de seus dois irmãos brancos. Renato se apaixona por sua irmã adotiva e branca, Marta (Vera Nunes). Em uma das sequências mais inesquecíveis desse filme notável, Renato, bem vestido para a sua cerimônia de formatura na Faculdade de Direito, vestindo um terno branco impecável, sai de casa em direção ao baile de formatura. Do lado de fora há um lamaçal e seus amigos e vizinhos improvisam uma passagem para ele com uma placa de madeira de modo que Renato atravesse em segurança, sem se sujar, encenando um verdadeiro rito de passagem que materializa sua posição social ascendente. Todos lhe cumprimentam com palmas, referindo-se a ele como “o orgulho da comunidade”. Miro, sempre mais inclinado a apostas, música e


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bebida, sente-se afastado. A narrativa constrói um contraste entre o processo de embranquecimento de Renato com a revolta de Miro e o orgulho que este tem de seu sangue negro. A atuação de Othelo nesse filme é tão marcante que críticos de cinema lhe concederam um prêmio de melhor ator em 19491. Porém, foi antes desse melodrama incomum da Atlântida, que Othelo foi notado e admirado por ninguém menos do que Orson Welles, durante as filmagens do projeto não concluído da RKO Its All True (É tudo verdade). Welles ficou tão fascinado com Othelo que o escalou como o personagem principal do episódio sobre o Carnaval nesse malfadado projeto e os dois tornaram-se amigos. Como foi notado, com total pertinência, pela pesquisadora Catherine Benamou. Diferente das chanchadas, onde as caracterizações e coreografias de Othelo respeitavam códigos sociais estabelecidos no Brasil, o projeto pan-americano de Welles concedeu-lhe um peso igual e o colocou em uma incômoda proximidade e protagonismo ao lado de artistas ‘brancos’ como as cantoras Linda Batista e Emilinha Borba, trazendo certo desconforto aos olhos do regime Vargas (1939-45). Benamou acrescenta que: A cor negra de Othelo, tanto como identidade social quanto como fenótipo, é acentuada pela sua imersão nas propriedades da comunidade em preparação para o grande evento de Carnaval nas favelas. Em It’s All True, Othelo não é mais o ator negro ‘simbólico’ em um mar de relativa branquitude; pelo contrário, ele assume abertamente sua subjetividade Afro-carioca no episódio Carnaval, literalmente abrindo a porta do palco, permitindo que outros negros de comunidades pudessem também chegar à tela: a estrela negra e os extras negros tornam-se, simbólica e espacialmente, interligados2.

Foi na Atlântida, entretanto, que tanto Oscarito quanto Othelo foram capazes de adaptar suas peripécias de palco, aperfeiçoadas no circo e no teatro de revista, para a câmera cinematográfica e a tela grande. Em Aviso aos Navegantes (1950), de Watson Macedo, um exemplo perfeito dessa tradição, Othelo interpreta um cozinheiro a bordo de um navio onde Oscarito é um passageiro clandestino. Ao descobri-lo, o cozinheiro tira proveito da situação, em um caso clássico de inversão carnavalesca particularmente notável no contexto


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histórico pós-colonial brasileiro (o homem negro forçando o homem branco a trabalhar para ele). Ao longo da jornada, os dois personagens tornam-se amigos próximos, algo que Othelo diz que nunca aconteceu na vida real. Os dois se respeitavam, e até mesmo gostavam um do outro, mas tinham personalidades muito diferentes e eram bastante competitivos3. Em consequência da cor de sua pele, Othelo estava fadado a ser eternamente o companheiro engraçado de Oscarito, mas em A dupla do barulho (1950), de Carlos Manga, essa tensão é explicitada em um monólogo onde Tião (Othelo), depois de ter tomado umas e outras, desabafa em tom de questionamento: “Tonico e Tião... por que não Tião e Tonico? Ah... eu estou cansado de ser escada...” Na produção desse filme, Othelo abandonou as filmagens antes de sua conclusão, alegando problemas entre ele e Oscarito. A narrativa desse filme nuança, em parte, o ressentimento de Othelo, ao contar a história das desventuras de uma dupla de artistas itinerantes, Tonico (Oscarito) e Tião (Grande Othelo), que viaja pelo Brasil em busca de fama e fortuna. A viagem dos dois é prejudicada por situações tragicômicas, especialmente quando Tião começa a se sentir negligenciado por seu parceiro. Aparentemente, a Atlântida obtinha frutos com a exploração dos conflitos entre seus dois principais nomes da comédia, e, num esquema de estrelismo utilitário, chegou a promover uma imagem pública de rivalidade entre os dois. Uma sequência de um dos cinejornais da Atlântida mostra a equipe e os atores do estúdio juntos em uma visivelmente visita encenada aos projetos de expansão da companhia (que nunca foram concluídos), e, antes de posar para a foto oficial da empresa, Oscarito e Othelo inicialmente fingem uma discussão, algo como uma falsa briga onde os dois disputam espaço para ver quem fica mais próximo do patrão Luiz Severiano Ribeiro Jr4. Em outra produção, Carnaval Atlântida (1953), de José Carlos Burle, Othelo aparece como um roteirista que perde o emprego e aceita uma nova função, desta vez como faxineiro dos estúdios da Acrópole Filmes. Apesar de juntos no mesmo filme, ele e Oscarito não contracenam em dupla. Oscarito interpreta o improvável professor Xenofontes, especialista em filosofia grega e logo contratado pelo estúdio fictício para supervisionar o roteiro de uma


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adaptação de Helena de Tróia. Em um célebre número musical, Othelo aparece visivelmente desajeitado numa toga grega tentando sambar. Essa performance hilária demonstra o desconforto com a adoção de noções de beleza clássica na terra do carnaval e do samba, além de reiterar o mote principal do filme — a impossibilidade de produção de um épico bíblico no Brasil de grande orçamento no “melhor estilo hollywoodiano”5. A última aparição da dupla de comediantes no cinema acontece no filme Matar ou correr (1954). Nesta paródia de um faroeste, epítome do trabalho em dupla, que termina em um hilário happy end no beijo acidental entre os dois, quando Kid Bolha (Oscarito), o medroso xerife do vilarejo de City Down, de olhos fechados, por pouco não beija os grossos lábios de seu parceiro Ciscocada (Grande Othelo), confundindo-o com a protagonista feminina6. Após Matar ou correr, Othelo sai da Atlântida para fazer filmes com o produtor J.B. Tanko, como a chanchada Metido à bacana (1957) e, reiterando o esquema repetitivo do gênero, logo formou outra dupla cômica, desta vez com Ankito, acrobata extremamente talentoso, de que também trazia larga experiência no circo. Juntos apareceram em uma série de chanchadas famosas entre o final dos anos 1950 e início dos anos 60. É interessante notar que nesta parceria com o igualmente branco Ankito, Othelo ganha status de mais igualdade e mais protagonismo narrativo, como pode ser visto em É de chuá (1958), onde ele é o líder de uma escola de samba pobre, enquanto Ankito faz o papel de seu assistente. O ano é significativo aqui, pois Othelo já havia passado pelas mãos de ninguém menos que Nelson Pereira dos Santos no papel de um trágico sambista carioca, Espírito da Luz, que tenta adentrar o mundo do rádio e da indústria fonográfica, mas termina morrendo tragicamente em um acidente de trem no filme Rio Zona Norte (1957), anunciando a chegada do Cinema Novo. Sua última aparição em uma chanchada foi em Os cosmonautas (1962), na qual mais uma vez ele forma uma dupla cômica, agora com Ronald Golias, terceiro comediante branco a trabalhar com o maior astro negro do cinema brasileiro7. A maior prova da habilidade e versatilidade de Grande Othelo como ator é a forma aparentemente espontânea na qual ele conseguia transitar com to-


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tal familiaridade entre a comédia e o drama. Trabalhando em cima do que ele já havia feito em seus papéis nos filmes Moleque Tião e Também somos irmão, em 1957 além da mencionada e fascinante performance em Rio Zona Norte, seguiu-se seu papel como protagonista no filme de ação realista O assalto ao trem pagador (1962), de Roberto Farias, outro título que se conectava com a estética emergente do Cinema Novo. Apesar de aclamado pela crítica nacional e internacional, o Cinema Novo produziu poucos sucessos de grande público até que Grande Othelo, então na casa dos 50 anos de idade, é chamado para estrelar Macunaíma (1969), de Joaquim Pedro de Andrade, dividindo o papel do protagonista epônimo com Paulo José, este instruído pelo diretor a copiar os gestos, movimentos e até mesmo expressões faciais característicos de Othelo, especialmente as variadas expressões conseguidas com o movimento dos olhos. Grande Othelo era a grande estrela do filme, que retrabalhava certos elementos da tradição da chanchada e, com isso, parecia negociar certos dilemas que o cinema brasileiro vinha enfrentando na época, entre eles, uma relação mais forte com o público8. Na maior parte do filme, entretanto, é Paulo José quem aparece na tela como Macunaíma e não Grande Othelo, porém, paradoxalmente o papel, e por extensão o filme, permanecem muito identificados com o astro negro. Macunaíma se situava numa encruzilhada – tanto política quanto estética – procurando entender e explicar a nação, mas também tentando atingir um público maior através do recurso à comédia, buscando traços de uma memória que se relacionava, ainda, a chanchada. Parte dessa estratégia incluía usar atores e atrizes que eram associados no imaginário popular a essa tradição cinematográfica, especialmente Grande Othelo. O filme foi crucial para a carreira e a vida de Grande Othelo naquele momento. Revigorado por sua participação em Macunaíma, ele fez uma transição tranquila para filmes de viés mais experimental9. Suas habilidades como ator, pessoa pública, larga carreira e a riqueza e variedade expressiva de suas performances encantavam diretores como Julio Bressane, que, em 1973, chama Othelo para um papel em O rei do Baralho, uma meta-chanchada. Filmado na Cinédia, estúdio


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por sua vez para sempre associado a comédias musicais da década de 1930. Ao escalar Grande Othelo, Bressane repetiu a mesma estratégia de sucesso empregada quatro anos antes por Joaquim Pedro de Andrade em Macunaíma. No filme de Bressane, o personagem de Grande Othelo vive um caso discreto com uma mulher exuberante interpretada por Marta Anderson – atriz loura que trazia uma referência óbvia a atriz norte-americana Jayne Mansfield10. Apesar de ter uma narrativa que tende a quebrar com as expectativas do público, o filme oferece um final feliz convencional para os dois protagonistas, que pouco se tocaram durante a história, mas terminam em um longo beijo reminiscente de clássicos hollywoodianos. Além desse filme, Othelo atuou em outro projeto de Bressane, Agonia (1978), no qual ele fez um pequeno papel neste filme de estrada que dialoga com Limite (1930), de Mário Peixoto. Também em 1978, Grande Othelo interpretou o papel de Sexta-Feira em uma adaptação da história de Robinson Crusoe intitulada As aventuras de Robinson Crusoe, de Mozael Silveira. E quase dez anos depois, em 1987, Othelo reprisa o personagem Macunaíma em outra adaptação, mais livre e experimental, Exu Piá-coração de Macunaíma, dirigido por Paulo Veríssimo, que escalou outro ator branco para dar vida ao herói preguiçoso que dá nome ao filme, Carlos Augusto Carvalho. Veríssimo usou o status de Othelo como estrela para alavancar a publicidade do filme ao usá-lo em uma publicidade do filme onde Othelo fazia uma paródia do filme E.T. – O extraterreste, de Steven Spielberg, fantasiado como o protagonista alienígena do blockbuster hollywoodiano. Em uma sequência do filme, Grande Othelo participa de um desfile de carnaval, utilizando imagens de arquivo de um carro alegórico representando uma criatura mitológica. Roberto Moura, em seu livro biográfico sobre Grande Othelo, diz que uma das razões pelas quais Veríssimo queria revisitar Macunaíma devia-se ao fato de que o diretor acreditava que Othelo não tinha tempo de tela suficiente na versão de Joaquim Pedro 11. Exu Piá-coração de Macunaíma, diferente do filme anterior no qual Othelo claramente domina o protagonista até ser substituído por Paulo José, permite que ambas as faces de Macunaíma coexistam na tela, recriando a estratégia da chanchada


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de utilizar uma dupla formada por um ator negro e outro branco. Com o passar dos anos, Grande Othelo apareceu mais frequentemente na televisão do que Oscarito, mostrando toda a extensão de seu talento como ator comediante, e também como um ator dramático em telenovelas12. E também trabalhou na televisão como apresentador e entrevistador, e tanto ele quanto Oscarito apareciam com frequência em comerciais televisivos. Na fase final de sua carreira, Grande Othelo tornou-se o garoto propaganda das Óticas do Povo, com o sorriso que era sua marca registrada e o slogan ‘Óticas do Povo... Morou?’ mote que sobrevive até os dias de hoje. Voltando à dupla Oscarito e Grande Othelo, seus diversos papéis como anti-heróis azarões, que conseguiam triunfar contra seus superiores na hierarquia social, permitiam que o público mais popular conseguisse se identificar, tanto brancos quanto negros e demais tonalidades. Oscarito personificava uma ‘brasilidade’ intrínseca na chanchada, representante da cultura popular que ao final do filme sempre conseguia uma pequena vitória contra as autoridades ou as elites sociais, quase sempre por um feito do destino ou por uma pequena falcatrua ou jeitinho por debaixo dos panos13. Junto a ele durante a maior parte de sua carreira, Grande Othelo, com suas feições raciais bastante marcadas, diversas vezes interpretava papéis nos quais era necessário que ele aparentemente consentisse e tomasse parte em piadas de cunho étnico e na subordinação da identidade Afro-brasileira. Como escreveu Robert Stam, a utilização privilegiada da figura de Grande Othelo como um ator negro importante, colocado lado a lado de atores brancos, teve o efeito de isolá-lo de seus irmãos e irmãs negros. Como um representante solitário de um Brasil negro, ele teve de carregar o pesado ‘fardo da representação14. Na segunda metade dos anos 1950, durante o Cinema Novo dos anos 1960 e início dos anos 1970, Grande Othelo teve uma carreira bastante aclamada como um ator de cinema versátil em uma série de papéis dramáticos que testemunham sua privilegiada versatilidade. Podemos afirmar que Othelo (e também Ruth de Souza, em outra chave de natureza dramática) abriram o caminho para uma nova geração de talentosos atores e atrizes Afro-brasileiros do cinema, próximos a ele, como Antônio Pitanga, Milton Gonçalves, Zózimo Bul-


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bul, Léa Garcia e Zezé Motta. Oscarito, no entanto, não tentou uma carreira no cinema após o declínio da chanchada. Contudo, caso ele tivesse vivido por mais tempo, Oscarito teria certamente a chance de ser redescoberto no trabalho de cineastas mais alternativos como Rogério Sganzerla, Julio Bressane ou, mais tarde, Ivan Cardoso. Mas Oscarito faleceu em 1970 deixando como seus dois últimos filmes a paródia A espiã que entrou em fria (1967), de Sanin Cherques e Jovens prá frente (1968), de Alcino Diniz. Já Grande Othelo viveu por mais tempo, até os 78 anos, falecendo em 1993, e, de diversas formas, conseguiu influenciar novas gerações, especialmente na televisão onde era uma presença constante não apenas em programas cômicos como também na publicidade.

João Luiz Vieira é Professor Titular do Departamento de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense. Doutor em Estudos Cinematográficos pela New York University (1984), pesquisador, conferencista e autor de inúmeros ensaios sobre chanchada, musicais, gêneros cinematográficos, cinema e literatura, teorias de adaptação, salas de cinema, espectatorialidade e recepção, corpo e imagem, entre outros campos de interesse.

Notas 1

Anteriormente tida como perdida, uma cópia de Também somos irmãos foi afinal encontrada e o

filme começa a ser estudado, adquirindo maior importância como precursor do cinema socialmente engajado feito por Nelson Pereira dos Santos entre meados e final dos anos 1950. 2

Benamou (2007, pp. 236-237)

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Em uma entrevista concedida para o famoso programa de televisão Roda Viva no ano de 1987,

quando Grande Othelo foi questionado a respeito de sua relação com Oscarito, ele negou que houvesse a rivalidade e ressentimento entre ambos. Afirmou que assim que as filmagens eram concluídas, ‘Eu seguia o meu caminho e Oscarito o dele’. Mais informações a respeito da relação entre os dois podem ser encontradas no endereço: http://www.rodaviva.fapesp.br/materia/203/entrevistados/grande_othelo_1987.htm


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A sequência pode ser vista no site oficial da Atlântida: http://www.atlantidacinematogra-

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fica.com.br/ 5

Vieira, João Luiz. ‘Industrialização e cinema de estúdio no Brasil: a fábrica Atlântida’. In GAT-

TI, André; FREIRE, Rafael de Luna (orgs). Retomando a questão da indústria cinematográfica brasileira. Rio de Janeiro: Caixa Cultural: Tela Brasilis, 2009. p 43-44 A estratégia cômica dessa paródia do gênero western inclui a utilização de trocadilhos e jo-

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gos de palavras, como pode ser visto no próprio título. O nome da cidade ficcional City Down lembraria ao público uma versão ‘abrasileirada’ da pronúncia do inglês ‘sit down’ (sente-se). O nome do personagem Cisco Kada é uma alusão irreverente clara ao cowboy hollywoodiano Cisco Kid, com a virada cômica de que a versão brasileira do cowboy heroico é um homem inegavelmente negro. 7

Othelo estava envolvido com esse projeto ao mesmo tempo em que trabalhava em Assalto

ao trem pagador, um papel bastante diferente e dramático. Essa não foi a primeira vez que ele demonstrou sua versatilidade dramática trabalhando em dois projetos distintos no mesmo ano. Ainda em 1949, estrelou na chanchada clássica Carnaval no fogo, bem como no melodrama racial Também somos irmãos. Também, em 1952, ele fez o papel do faxineiro do estúdio em Carnaval Atlântida, e como o companheiro trágico de um bicheiro em Amei um bicheiro (1952). 8

Vieira, João Luiz. “Chanchada e estética do lixo” in Contracampo-revista do mestrado em Comu-

nicação, Imagem e Informação (vol. 5). Niterói: UFF, 2000. p170 9

Grande Othelo também teve presença nas comédias eróticas dos anos 1970, tal como em

Deixa amorzinho...deixa (1975), de Saul Lachtermacher e Tem alguém em minha cama (1976), de Pedro Camargo. 10

O fato de que os dois amantes tinham idades e identidades raciais diferentes proporciona

um intertexto interessante com a utilização de Oscarito e Grande Othelo como Romeu (branco) e a Julieta (negra), respectivamente, em Carnaval no fogo. 11 12

Moura, Roberto. Grande Othelo. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1996. Algumas das novelas mais interessantes nas quais Othelo apareceu são Os ossos do barão

(1973-74), Sinhá moça (1986), e Mandala (1987), todas da rede Globo. Nos anos 90 ele foi escalado no programa cômico semanal A escolinha do Professor Raimundo. 13

Ibid., p. 131.xiv Stam, Robert. Tropical Multiculturalism: A Comparative History of Race in Brazi-

lian Cinema and Culture, Durham, NC and London: Duke University Press, 1997, p. 103.


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“Falar de Othelo é falar de mim. Ele é dos primeiros que, com seu talento, vem vencendo, rompendo barreiras, rompendo preconceitos, fazendo história. Milagre dos milagres! Sobreviveu numa dramaturgia que não o levou em conta. Mesmo assim seu talento explodiu: Moleque Tião, Moleque Othelo, Tinguá, Sancho Pança, Justo, são fases deste Othelo múltiplo de sentimentos e atitudes controversas. Para quem saiba ver e decifrar, aí estão suas máscaras de talento e sabedoria. Ave, Othelo! Axé! ” Milton Gonçalves Ator


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Grande Othelo: na comédia revela-se o drama Rita A. C. Ribeiro

Machado de Assis disse que “o povo ama as coisas que o alegram”. É impossível não nos lembrarmos de Grande Othelo, sem sentir aquela comichão de riso. Foi a partir do riso que, ainda menino em sua cidade natal, Uberlândia, em Minas Gerais, vendo as peripécias do filme O Garoto, de Charles Chaplin, que surgiram suas primeiras inspirações. Graça ele sabia fazer e, aos 7 anos, fez sua estreia no picadeiro de um circo, vestido como a mulher do palhaço. Isso bastou para que fosse adotado pela dona de uma companhia teatral paulista que o levou para longe de Minas e, para a grande aventura que seria sua vida. Fugindo da companhia, foi parar no juizado de menores e acabou sendo adotado novamente. Com a nova família estudava e tinha aulas de canto na Companhia Lírica Nacional. O maestro profetizou que um dia o menino cresceria e cantaria a ópera Otelo, de Giuseppe Verdi. Duplo engano: o Pequeno Othelo não cresceu, tinha apenas 1,50m e resolveu cantar samba e interpretar. Com apenas 11 anos fez sua estreia em uma importante companhia teatral, a Companhia Negra de Revista, composta exclusivamente por artistas negros, entre eles Pixinguinha, que atuava como maestro, o músico Donga e Rosa Negra, atriz e cantora. Não podemos afirmar, mas certamente, essa foi uma influência que marcou o ator durante toda sua carreira, sempre lutando contra a discriminação racial.


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Na década de 1930, Othelo chega ao Rio de Janeiro, trabalhando na companhia de teatro de revista de Jardel Jércolis, criador do apelido que o acompanharia e fazia jus a seu talento: Grande Othelo. O Rio, com toda sua efervescência cultural era o palco ideal para o talento de Othelo. E também para a vida boêmia. Logo ele começa a trabalhar em diversas rádios. Entre 1938 e 46, está presente nas Rádios Nacional e Tupi. Em 1939, no Cassino da Urca, Othelo contracena com a atriz norte-americana Josephine Baker, um momento por ele considerado importante em sua carreira. Mais importante, é a transformação que o ator promove no Cassino, pois até então os negros não tinham sua entrada permitida pela porta da frente. A contratação de Othelo muda isso. Em 1942 compõe ao lado do amigo e compositor Herivelto Martins o samba Praça Onze, um sucesso no carnaval. Mas o caminho de Othelo seria o cinema. Em 1943 ele é convidado para estrelar Moleque Tião, primeira produção do estúdio Atlântida. A história, narra as desventuras de um garoto pobre que vai para o Rio se juntar a um grupo de teatro formado por atores negros. Ao chegar à cidade grande, apenas desilusões o esperam. Até que um dia, no orfanato, sua vida muda e ele consegue atingir a fama. Qualquer semelhança com a vida do ator, não é mera coincidência. O roteiro foi baseado em uma entrevista dada por Othelo aos jornalistas Samuel Wainer e Joel Silveira para a Revista Diretrizes, de acordo com o diretor do filme, José Carlos Burle. Algumas cenas, inclusive são atribuídas a sugestões do ator. Curiosamente, esse foi um dos poucos filmes que teve Othelo como protagonista. O sucesso na Atlântida confirma-se na parceria criada com Oscarito. A dupla criou algumas das cenas mais memoráveis da Chanchada brasileira. Podemos até arriscar e dizer que o espírito da Chanchada se traduziu no nonsense da dupla. Ao humor ingênuo de Oscarito contrapunha-se a malandragem de Grande Othelo. Quem nunca viu a cena do balcão em que a dupla interpreta Romeu e Julieta está perdendo uma das melhores cenas do cinema brasileiro. Mas se enganam os que atribuem ao ator apenas sua veia cômica. Sem dúvida, seu talento ultrapassava em muito a pequena estatura. Em uma crôni-


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ca para o jornal carioca A Manhã, Vinícius de Moraes reproduz o diálogo que teve com o diretor Orson Welles acerca de Othelo, com quem filmava Tudo é Verdade (1942). Welles o considerava o maior ator brasileiro e um cronista completo: “Dizia-me haver nele um trágico de primeira qualidade e lamentava não poder exercitá-lo melhor nesse sentido”. Seu lado trágico aparece no filme Também Somos Irmãos (1949), de José Carlos Burle, um drama sobre a discriminação racial. A confirmação do seu talento dramático, no entanto,vem com seu grande papel em Rio Zona Norte, de Nelson Pereira dos Santos (1957). Othelo interpreta o sambista Espírito da Luz, que vive miseravelmente e sonha com a cantora Ângela Maria interpretando um de seus sambas. A narração em flashbacks e a interpretação contida do ator fazem desta uma obra prima do cinema brasileiro, que dava seus primeiros passos em direção ao Cinema Novo, que também teve Othelo num memorável Macunaíma. Posteriormente, o ator migra para a televisão em diversos papéis. Pouco antes de sua morte, publica o livro de poemas Bom dia, Manhã. Em seus versos vemos o homem, que mesmo tendo uma vida cheia de altos e baixos nunca se deixou abater: “S’imbora /A vida esta lá fora /E o problema é viver/ Não é questão de querer/ Não é questão de não querer/ O problema é viver/ Acreditar no hoje/ Porque o amanhã já vem”. Um grande Grande Othelo!

Rita A. C. Ribeiro é pesquisadora na área de culturas urbanas e líder do grupo de pesquisa Design e Representações Sociais. Professora do Programa de Pós-Graduação em Design na Universidade do Estado de Minas Gerais – UEMG. rribeiroed@gmail.com.


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Ao M est r e Gr ande Othe lo “Saudades, padrinho. Entre os muitos e fortes motivos para me lembrar de você é a falta do conselheiro sábio e astuto. Nunca lhe poupei nos momentos em que precisei desembaraçar-me de complicações na cuca. A sua conversa, depois de ouvir-me com a paciência de um babalorixá, sempre foi a chave para o bom viver com muita alegria. Quero lembrar também que ao lado da inestimável presença da sua arte, os filmes que fiz com Grande Othelo foram enriquecidos pelos papos extra-filmagem com que você presenteava toda a equipe técnica. Você faz muita falta.” Nelson Pereira dos Santos


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“Ele era um grande colega. Grande Othelo era um gênio. Ninguém sabia que ele era um gênio. Usou o nome Othelo e fez com que esse nome se tornasse respeitado. Nós éramos muito amigos. Eu o chamava para decorar texto e ele reclamava: ‘já vai você me fazer trabalhar’. Depois dizia que ia para minha casa estudar o texto, mas o que queria, na verdade, era comer o feijão da Dona Alaíde, minha mãe, que gostava muito dele. Othelo era um grande amigo..” Ruth de Souza Atriz


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O Imaginário de Sebastião Prata/Grande Othelo em Uberlândia-MG Tadeu Pereira dos Santos

A cidade de Uberlândia-MG é perpassada pelo imaginário de Sebastião Prata como Grande Othelo, cujas histórias são feitas e refeitas no pulsar da localidade. As narrações a seu respeito são constantemente reatualizadas instituindo uma verdade única. Assim, as histórias contadas vão da sua infância feliz em Uberabinha, onde se fez artista, cantando em frente ao Hotel Central, vendendo jornais na Estação Mogiana e conduzindo os hóspedes ao referido hotel, como também pelas suas apresentações nos Circos mambembes em passagem pela região, num dos quais figurou como mulher de palhaço encantando a plateia e despertando o interesse da cantora lírica Abigail Parecis, com a qual fugiria para São Paulo. Embora tenha vivido apenas sua infância na cidade, é por esta reclamado na década de 1940, tendo suas histórias infantis como as únicas referências para a construção de representações que ora o descaracterizavam, ora o valorizavam, mas, sobretudo, o entrelaçavam à localidade. Apesar da riqueza de sua infância abarcar plurais âmbitos norteadores da sua formação como sujeito negro, popular e portador dos valores afro-brasileiros, para harmonizá-lo à cidade materna, é reduzida a aspectos confluentes à história desejada, balizada no tripé Hotel Central, Circo de Cavalinhos e Estação Mogiana. Lembramos que sua história até hoje é celebrada pela cidade de Uberlândia, realçada pelos vários monumentos espalhados por edifícios e lugares públi-


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cos presentificados no cotidiano dos uberlandenses, a exemplo do seu mausoléu no cemitério São Pedro, uma creche no Bairro Patrimônio (reduto da negritude), um busto na Praça Tubal Vilela, uma via pública e um teatro no centro da cidade. Tais monumentos avivam lembranças suscitando acordos e desentendimentos. Sobretudo, revelam suas negociações para inserção na memória pública da cidade. Consciente do seu papel e dos usos que seriam feitos de sua imagem como ator e figura pública e não como cidadão negro expoente da respectiva cultura, Prata politicamente negocia a sua inserção no imaginário local. Seus diálogos fraturam as imposições e à apropriação de sua imagem, mostrando o vigor da cultura negra. Suas atuações se fazem manifestações de táticas e astúcias no atuar no espaço do outro, especificamente das elites uberlandenses. As suas ausências à localidade quando convidado para atividades ou homenagens causa repulsa às elites que somente aceitavam a sua arte, mas não o assumiam enquanto negro e cidadão uberlandense. Nesse viés, descaracterizado como os demais negros, pejorativamente. Por outro lado, as suas vindas promovem a amistosidade e harmonização que supostamente o acordava aos anseios locais. Contudo, afirmo que seus diálogos com as elites foram sempre tensos e marcados por desconfianças. Já afirmado nacionalmente como artista foi procurado por Jacy de Assis na década de 1940, para que realizasse um show beneficente em prol do Patronato de Menores da Cidade. A princípio aceitou o convite e posteriormente desistiu do compromisso alegando a sua não liberação pelo Cassino da Urca, detentor do seu contrato com exclusividade. Daí os ressentimentos para com o artista que perduraram por dez anos. A superação do referido episódio se deu na década de 1950 e atendeu ao veio utilitarista que buscava alçar a cidade ao patamar alcançado por Prata, ou seja, visibilizar-se nacionalmente. Por se fazer necessárias são silenciadas as críticas proferidas a ele anteriormente, numa tática de apaziguamento, para demonstrar sua aceitação. Devemos atentar para o fato sumamente revelador de que a construção do imaginário pela cidade, que apresenta Prata como o seu filho mais ilus-


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tre, ocorre num intervalo de tempo de cerca de 16 anos e conta com o seu próprio consentimento. As aproximações não se eximem de distanciamentos, pelo contraditório que ele próprio representa ao firmar-se enquanto negro. Cada visita provoca duplamente o obscurecimento de sua real condição de sujeito e ao mesmo tempo a aceitação local. Sua infância passa a ser então instrumentalizada para suavizar o seu possível entranhamento ao pretendido imaginário da localidade de seu nascedouro com vistas a dele se valerem para a promoverem a cidade. Nessa perspectiva, as elites locais sempre objetivaram transformar a localidade num polo industrial e o tão acalentado sonho da industrialização passa a ser uma realidade, a partir da década de 1960. Coincidentemente com a construção do distrito industrial o seu busto foi instalado na Praça Tubal Vilela em 1972, fixando-o como elemento histórico indissociável do pensar e viver dos uberlandenses.


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Em decorrência desse entranhamento, passa a constituir-se em símbolo referenciador para os migrantes se afirmarem socialmente, já que conhecê-lo torna-se um modo de reforçarem suas relações de pertencimento, pois caso contrário, conotaria a não ligação com a cidade; os negros o têm como parente, por identificação destacada das suas identidades e, finalmente, os próprios uberlandenses, auto celebram a paternidade do ator, assumindo tê-lo nominado artisticamente Grande Othelo. Na esteira desses contos/causos que dão vida ao imaginário sobre ele na cidade, a fuga toma ares que engrandecem a sua arte e valorizam o seu ser ator, bem como transforma-se em objeto de explicação dos conflitos com a localidade, pelos quais é por ela tido como justificativa à rejeição por Prata ao que a mesma lhe poderia lhe proporcionar. Essas histórias felizes entrecruzam-se e transformam-se em instrumentais políticos de vazão a outras histórias que explicitam os desacordos entre ambos também rotulando-o como filho que rejeitara a sua própria cidade.

Tadeu Pereira dos Santos é doutorando em História pela Universidade Federal de Uberlândia/ bolsista Capes. Tem realizado pesquisa nas áreas de cidade, memória e biografia e participa das atividades desenvolvidas pelo laboratório de Pesquisa em Cultura Popular & Vídeo Documentário coordenado pela Professora Dra. Maria Clara Tomaz Machado.

* Este texto consiste no desdobramento da minha Dissertação de Mestrado.


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“Bom amigo. Parceiro de mineiridades. Não estivesse ele sempre evocando esse aspecto, sabedor de minhas mineiras origens. Simples até demais. Humilde até a última gota. Mas com aquele temperamento próprio do gênio: inesperado. Comovido, comovente, naquele seu tamaninho, de vez em quando convence mesmo que é um neném de fraldinha e tudo. Qual Macunaíma.” Hildegard Angel


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Esboço de uma autobiografia (não efetivada) de Grande Othelo “Nasci para mim mesmo, pois é daí que eu começo a lembrar-me das coisas. Para os outros eu nasci em 1915. Os outros que eu digo é o papai, a mamãe, a família, enfim todo mundo lá de Uberabinha – exatamente São Pedro de Uberabinha, que agora é Uberlândia. Desde que nasci - 1923 ou 24 - dei pra fugir de casa. Vovó Silvana - minha avó – fazia sabão, polvilho, mandioca capinava e fazia biscates para o Chico Sapo, que depois tomou nossa casa... Mas isso é outra história... O certo é que eu não gostava absolutamente do que tinha pra fazer em casa, exceto o que fazia de manhã: catar mangaba madura, no chão do galinheiro. Dito isto está explicado porque eu fugia de casa. Eu não fugia. Saía. É errado dizer que as pessoas pequenas fogem. Elas querem algo, como os grandes, e então vão procurar. Quando saía da casa da vovó, tomava conta da cidade. Fazia miséria! Aprendi a cantar: ‘Tarde, morre o dia tristemente/ Um véu de sombra cai/ Do céu à Terra lentamente’... E com isso ia despreocupado, com uns óculos cor de rosa na carinha preta... Todo mundo pagava pra me ouvir cantar. Só o padrinho, o senhor Alfredo Maciea, é quem ouvia de graça, porque pagava a qualquer hora...”


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Cronologia

1915

Nasce em Uberlândia, Minas

Gerais, Sebastião Bernardo da Costa, filho da empregada doméstica Maria Abadia de Souza e de Francisco Bernardo da Costa, empregado da fazenda da família Prata.

1917

Sebastião foi batizado no

dia 18 de outubro, dia que escolheu como data de seu nascimento nos anos 1930 quando foi ao cartório e mudou o nome para Se-

1923 1925

bastião Bernardes de Souza Prata. Aos oito anos assiste ao filme O garoto, de Charles Chaplin, e se en-

canta com a atuação do menino Jackie Coogan. Chega a Uberlândia uma companhia de comédia e variedades: o

circo Serrano. Bastiãozinho é convidado para ser o anfitrião da cidade e acaba tornando-se membro da companhia.


90

1926

Sebastião Prata estreia pro-

fissionalmente no teatro na peça Nhá Moça, em Campinas, São Paulo, na Companhia Sebastião Arruda.

1927

Faz sucesso no Rio de Janei-

ro com a Companhia Negra de Revistas, cujo maestro era Pixinguinha. O espetáculo era Café Torrado, de Rubem Gil, apresentado no Teatro República. Neste mesmo ano, a Companhia é extinta interrompendo a carreira de Sebastião.

1935

Volta aos palcos na peça Goal, do empresário Jardel Jércoles. Rece-

be o nome artístico Grande Othelo com o qual estreia no cinema, no mesmo ano, em Noites Cariocas, de Henrique Cadicamo, coprodução Brasil-Argentina, filmada nos estúdios da Cinédia. Faz turnê pela América Latina com a Companhia de Jardel e viaja para Portugal e Espanha.

1936

De volta ao Brasil, vira a estrela dos principais cassinos brasileiros,

em especial, o Cassino da Urca onde trabalhará até o fechamento da casa em 1946. Seu trabalho no palco foi fundamental para a linguagem do teatro de revista que marcou época no Rio de Janeiro. Atua no filme João Ninguém, de Mesquitinha.

1940

Compõe seu

primeiro samba: Vou pra orgia. O primeiro de muitos. Entre eles: Praça Onze (1942), em parceria com o compadre Herivelto Martins.

1942

Participa do pro-

jeto inacabado It´s all true, de Orson


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Welles. O material se transformou em filme de mesmo título em 1993 com narração de Grande Othelo e direção de Norman Foster e Bill Krohn.

1943

Protagoniza o filme Mole-

que Tião, de José Carlos Burle, baseado em uma reportagem de Joel da Silveira e Samuel Wainer sobre a sua vida: o menino do interior que quer ser artista e foge para a capital. Moleque Tião é o primeiro longa-metragem da Atlântida Cinematográfica, companhia na qual atuará em 29 filmes.

1948/49 1950

Trabalha em programas de variedades e no rádio

teatro da Rádio Guanabara ao lado de Fernanda Montenegro. Começa a trabalhar nas comédias da Rádio Mayrink Veiga com

Chico Anísio na Escolinha do Professor Raimundo ao lado de Zé Trindade e Brandão Filho entre outros. Na mesma época, trabalhou na TV Tupi apresentando programas como Tonelux ao lado de Diana Morell.

1957

Interpreta o sambista Espí-

rito em Rio Zona Norte, de Nelson Pereira dos Santos.

1960

Na TV Tupi, participa da

novela Gabriela, cravo e canela dirigida por Maurício Sherman.

1962

Atua em O assalto ao trem

pagador, de Roberto Farias.


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1966

É contratado pela TV Glo-

bo depois de passagens pelas TV´s Excelsior, Record e Educativa.

1969

Atua em Macunaíma, de

Joaquim Pedro de Andrade, e ganha vários prêmios: Candango, do Festival de Brasília; Coruja de Ouro, do Instituto Nacional de Cinema e o prêmio Air France de melhor ator. No mesmo ano trabalha também em Os herdeiros, de Cacá Diegues. Trabalha em 28 filmes ao longo dos anos 1970, entre eles: O barão Otelo no barato dos bilhões (1971, Miguel Borges); O rei do baralho (1974, Júlio Bressane); A estrela sobe (1974, Bruno Barreto); Lúcio Flávio, o passageiro da agonia (1977, Hector Babenco).

1971

Trabalha na novela Bandeira 2 e muitos outros títulos até a década

de 1990: Uma rosa com amor (1972); Bravo! (1975); Espelho Mágico (1977); Maria, Maria

(1978); Feijão Maravilha (1979); A gata comeu (1985); Sinhá Moça (1986); Mandala (1987); República (1989). Além dos programas humorísticos: Escolinha do Professor Raimundo (1990) e Estados Anysios de Chico City (1991).

1980

Recebe o Moliére – Prêmio Especial – pelo espetáculo O desembes-

tado, de Aderbal Junior. Nesta década, atua em 13 filmes, entre eles Jubiabá (1986, Nelson Pereira dos Santos) e Natal da Portela (1988, Paulo César Saraceni).

1993

Morre em Paris, a caminho da cidade de Nantes, onde receberia

uma homenagem durante o 15º Festival dos Três Continentes.


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Grande Othelo disse... “Eu só não sou discriminado, porque eu me tornei o Grande Othelo, mas o ‘Benedito da Silva’ é discriminado, Por quê? Porque ele tem pouco poder aquisitivo, ele não se educa, não pode se educar. Ele bem que gostaria de botar uma gravata, um sapato bonito, melhor do que o meu até”.

“Podem me chamar hoje em dia de negro ou de preto que para mim tanto faz como tanto fez, eu sei a educação que eu tenho, eu sei o quanto valho, eu sei que eu sou um cidadão brasileiro, eu sou um ser humano e tenho direito a tudo quanto um ser humano tem e o que um cidadão brasileiro no Brasil tem também”.

“Orson Welles! Não fui à Hollywood. Hollywood veio aqui”. [Grande Othelo sobre seu grande amigo]

“Todas as mulheres que eu já tive, foram pra cama com Grande Othelo e acordaram com o Sebastião Prata... Poucas resistiram.” [Grande Othelo parafraseando Gilda, ou melhor a grande Rita Hayworth]


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“Quando era garoto, eu ia atrás da vovó Silvana, que era a minha bisavó, (...) eu via as seriemas, (...) e queria pegar a seriema. Então eu ia devagarzinho, ela ia devagarzinho, eu andava mais depressa, ela andava mais depressa, eu corria e ela abria as asas e voava. (...) e a liberdade a gente vai devagarzinho e quando a gente corre para pegar a liberdade, a liberdade voa e a gente não alcança”.

“A educação é o que torna os homens mais... Como se diz, mais... Se aproximarem mais. Havendo a educação, você se aproxima de uma pessoa qualquer e qualquer pessoa pode se aproximar de você.”

“Cada vez me convenço mais de que o artista só é perpetuado através do cinema” [Grande Othelo e a grande verdade]

“Eu fui ensaiar com Ari Barroso. Levei das grandes broncas da minha vida. Eu não canto direito não, sou desafinado. Levei muitas broncas do Ari Barroso. Afinal de contas o tabuleiro da baiana foi pra cena. Mas o que eu não entendia em matéria de canto eu fazia com gestos (...). O público me viu e realmente começou a minha vida artistica.” [Grande Othelo e o grande Ari]


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Grande Othelo poeta “O mar não está pra peixe A barra pesou pra valer O jeitinho brasileiro acabou Não adianta mais O pobre dar topada Correr pra frente Não adianta nada Eu vou ver se me mando” [Do Poema Estou correndo atrás]

“Voar, voar, voar Pra ninguém me alcançar Amanhã você vai ficar nervosa Impaciente, saudosa Desta vida que você acha Acha que é dolorosa Eu sei disso melhor do que ninguém Já passei por isso também” [Do Poema Dorme agora]


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“E dali, a alma da gente ficou vibrando Como se fosse uma corda de violino... Tudo pode acontecer! Está se vivendo... Tudo é possível Dentro da vida!... Se a vida parasse, Talvez fosse possível sofrer menos... Mas como? A vida não parou não, moço! Caminhou sempre junto com a gente... Se a gente não caminhar com ela Vida, se dá mal. É melhor seguir este ritmo Horrível, monótono Como uma zabumba de negros No meio da selva”.

“A letra deste fado

[Do poema Vida de Negro]

É feita com ternura É uma letra que fala De uma linda criatura Saiu do coração A letra deste fado Pra que ninguém saiba Não vou dizer seu nome” [Do Poema Fado]


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“Amigo, sinceramente Não dá pra se aguentar As coisas não têm mais O que tem não presta Assim mesmo nós estamos Olhando com os olhos E lambendo com a testa.” [Do Poema Estou correndo atrás]

“Desperta, Brasil Raiou teu alvorecer Desperta, Brasil Queremos lutar Queremos vencer Pequenino sei que sou Mas sou brasileiro também Desperta, meu Brasil Você não pode perder pra ninguém” [Do samba Desperta Brasil]


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“Eu não sei se foram meus olhos Não sei se foi tua voz, Eu só sei que quando nos vimos Maravilhosa, maravilhosa Aconteceu entre nós Ao som de velhas canções Vamos vivendo curvas emoções Pra nós dois houve até luar E ouve serenatas de serenar” [Do poema A Formiga que se perdeu]

“Mais do que perdida Na encruzilhada da vida É pessoa desistida Que não encontra querida Nas coisas, das coisas Não vê mais encanto Também não vê desencanto Olha, toma o meu lenço Levanta a cabeça enxuga teu pranto.” [Do Poema Dorme agora]


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Filmografia

Noites cariocas • 1935 • Direção Enrique Cadicamo • Roteiro Enrique Cadicamo, Jardel Jércolis e Luís Iglesias • Com Grande Othelo, Mesquitinha, Lódia Silva, Carlos Vivan, Maria Luísa, Palomero, Manuel Vieira, Oscarito, Jardel Jércolis. João Ninguém • 1937 • Direção Mesquitinha • Argumento João de Barro e Alberto Ribeiro • Roteiro Rui Costa • Com Grande Othelo, Mesquitinha, Déia Silva, Barbosa Júnior, Darci Cazarré, Paulo Gracindo. Futebol em família • 1938 • Direção e roteiro Rui Costa • Com Grande Othelo Dircinha Batista, Jaime Costa, Arnaldo Amaral, Heloísa Helena, Ítala Ferreira, Jorge Murad e o time de futebol do Fluminense. Onde estás, felicidade? • 1939 • Cinédia • Roteiro e direção Mesquitinha, baseado na peça de Luís Iglesias • Com Grande Othelo, Mesquitinha, Alma Flora, Rodolfo Mayer, Paulo Gracindo, Manuel Pêra, Nilza Magrassi. Pega ladrão! • 1940 • Sonofilmes • Roteiro e direção Rui Costa • Com Grande Othelo, Mesquitinha, Heloísa Helena, Manuel Pêra, Jorge Murad, Armando Lousada, Manezinho Araújo, Lídia Matos, Nair Alves, Celina Moura. Laranja da China • 1940 • Sonofilmes • Roteiro e direção Rui Costa • Com Grande Othelo, Barbosa Júnior, Dircinha Batista, Arnaldo Amaral, Nair Alves, Lauro Borges, Francisco Alves, Alvarenga e Ranchinho. Céu azul • 1941 • Sonofilmes • Roteiro e direção Rui Costa • Com Grande Othelo, Jaime Costa, Heloísa Helena, Oscarito, Déia Silva, Arnaldo Amaral, Laura Suarez, Fran-


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cisco Alves, Sílvio Caldas, Alvarenga e Ranchinho. Sedução do garimpo • 1941 • Cinédia • Roteiro e direção Luís de Barros • Com Grande Othelo, Rodolfo Mayer, Roberto Lupo, Frank Mazzone, Marie Abbate. It’s all true • 1942 • RKO • Inacabado • Roteiro e direção Orson Welles • Com Grande Othelo, Linda Batista, sambistas do Rio e jangadeiros do Nordeste. Astros em desfile • 1943 • Atlântida • Roteiro e direção José Carlos Burle • Com Grande Othelo, Manezinho Araújo, Emilinha Borba, Déo, Luís Gonzaga, Quatro Ases e Um Coringa. Samba em Berlim • 1943 • Cinédia • Roteiro Ademar Gonzaga e Luís de Barros • Direção Luís de Barros • Com Grande Othelo, Mesquitinha, Laura Suarez, Dercy Gonçalves, Léo Albano, Brandão Filho, Humberto Catalano, Francisco Alves, Edu da Gaita, Virgínia Lane, Jararaca e Ratinho. Caminho do céu • 1943 • Cinédia • Roteiro Milton Rodrigues • Diálogo Diná Silveira de Queiroz • Direção Milton Rodrigues • Com Grande Othelo, Rosina Pagã, Celso Guimarães, Eros Volúsia, Sara Nobre, Luís Tito, Nilza Magrassi. Moleque Tião • 1943 • Atlântida • Argumento Alinor Azevedo Roteiro Alinor Azevedo, José Carlos Burle e Nélson Schultz • Direção José Carlos Burle • Com Grande Othelo, Custódio Mesquita, Lourdinha Bitencourt, Sara Nobre, Nélson Gonçalves. Berlim na batucada • 1944 • Cinédia • Argumento Herivelto Martins • Roteiro Luís de Barros, Ademar Gonzaga e Herivelto Martins • Direção Luís de Barros • Com Grande Othelo, Procópio Ferreira, Delorges Caminha, Francisco Alves, Herivelto Martins, Solange França, Alvarenga e Ranchinho, Jararaca e Ratinho. Tristezas não pagam dívidas • 1944 • Atlântida • Roteiro Luís Costa • Direção José Carlos Burle e Rui Costa • Com Grande Othelo, Oscarito, Ítala Ferreira, Jaime Costa, Restier Júnior, Antônio Spina, Ataulfo Alves, Emilinha Borba, Sílvio Caldas. Romance proibido • 1944 • Cinédia • Roteiro e direção de Ademar Gonzaga • Com Grande Othelo, Lúcia Lamur, Milton Marinho, Nilza Magrassi, Jararaca, Dercy Gonçalves, Eros Volúsia, Aurora Aboim, Roberto Lupo, Modesto de Souza. Não adianta chorar • 1945 • Atlântida • Roteiro e direção de Watson Macedo • Com Grande Othelo, Oscarito, Mary Gonçalves, Madame Lou, Humberto Catalano, Dircinha Batista, Emilinha Borba, Sílvio Caldas, Ciro Monteiro.


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O gol da vitória • 1945 • Atlântida • Argumento Silveira Sampaio • Roteiro e direção de José Carlos Burle • Com Grande Othelo, Ribeiro Martins, Cléia Barros, Humberto Catalano, Ítala Ferreira, Restier Júnior, Domingos Martins. Segura esta mulher • 1946 • Atlântida • Argumento Hélio do Soveral e Watson Macedo • Direção Watson Macedo • Com Grande Othelo, Marion, Mesquitinha, Humberto Catalano, Colé Santana, Araci de Almeida, Emilinha Borba, Jorge Goulart, Ciro Monteiro, Orlando Silva, Jorge Veiga, Alvarenga e Ranchinho. Luz dos meus olhos • 1947 • • Atlântida • Argumento Alinor Azevedo • Roteiro Alinor Azevedo, José Carlos Burle e Paulo Vanderlei • Direção José Carlos Burle • Com Grande Othelo, Cacilda Becker, Celso Guimarães, Heloísa Helena, Luísa Barreto Leite, Sílvio Caldas, Manuel Pêra. É com este que eu vou! • 1948 • Atlântida • Argumento José Carlos Burle, Carlos Eugênio e Paulo Vanderlei • Roteiro José Carlos Burle e Paulo Vanderlei • Direção José Carlos Burle • Com Grande Othelo, Oscarito, Humberto Catalano, Marion, Celso Guimarães, Luísa Barreto Leite, Grande Othelo, Emilinha Borba, Quitandinha Serenadres, Jorge Murad, Ciro Monteiro. Terra violenta • 1948 • Atlântida • Roteiro Eddie Bernoudy e Alinor Azevedo, baseado no romance Terras do sem fim, de Jorge Amado • Direção Eddie Bernoudy, Plínio Campos e Paulo Machado • Com Grande Othelo, Anselmo Duarte, Maria Fernanda, Graça Melo, Celso Guimarães, Luísa Barreto Leite, Aguinaldo Camargo, Mário Lago, Modesto de Souza, Jorge Murad, Luís Gonzaga. E o mundo se diverte • 1949 • Atlântida • Argumento Max Nunes, Hélio do Soveral e Watson Macedo • Roteiro e direção Watson Macedo • Com Grande Othelo, Oscarito, Humberto Catalano, Modesto de Souza, Eliana Macedo, Made Lou, Alberto Ruschel, Adelaide Chiozzo, Luís Gonzaga, Alvarenga e Ranchinho. Caçula do barulho • 1949 • Atlântida • Argumento Ricardo Freda • Roteiro Ricardo Freda e Alinor Azevedo • Direção Ricardo Freda • Com Grande Othelo, Anselmo Duarte, Giana Maria Canale, Luís Tito, Beila Genauer, Oscarito, Sérgio de Oliveira. Também somos irmãos • 1949 • Atlântida • Roteiro Alinor Azevedo • Direção José Carlos Burle • Com Grande Othelo, Vera Nunes, Aguinado Carmargo, Jorge Dória, Ruth de Souza, Aguinaldo Raiol, Sérgio de Oliveira, Jorge Goulart.


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Carnaval no fogo • 1950 • • Atlântida • Roteiro Alinor Azevedo, Anselmo Duarte e Watson Macedo • Direção Watson Macedo • Com Grande Othelo, Oscarito, Anselmo Duarte, Modesto de Souza, Eliana Macedo, José Lewgoy, Marion, Rocir Silveira, Adelaide Chiozzo, Jorge Goulart, Benê Nunes, Jece Valadão. Aviso aos navegantes • 1951 • Atlântida • Argumento Watson Macedo • Roteiro Watson Macedo e Alinor Azevedo • Direção Watson Macedo • Com Grande Othelo, Oscarito, Anselmo Duarte, Eliana Macedo, José Lewgoy, Renato Restier, Adelaide Chiozzo, Emilinha Borba, Jorge Goulart, Bene Nunes, Ivon Curi, Mara Rúbia, Chiquita Carballlo, Sérgio de Oliveira. Barnabé, tu és meu • 1952 • Atlântida • Argumento Berliet Júnior e Vitor Lima • Roteiro e direção José Carlos Burle • Com Grande Othelo, Oscarito, Fada Santoro, Cil Farney, José Lewgoy, Renato Restier, Adelaide Chiozzo, Emilinha Borba, Pagano Sobrinho, Benê Nunes, Ivon Curi, Marion, Os Cariocas. Os três vagabundos • 1952 • Atlântida • Argumento Berliet Júnior e Vitor Lima • Roteiro Berliet Júnior, Vitor Lima e José Carlos Burle • Direção José Carlos Burle • Com Grande Othelo, Oscarito, Cil Farney, Ilca Soares, José Lewgoy, Josete Bertal. Carnaval Atlântida • 1953 • Atlântida • Argumento Berliet Júnior e Vitor Lima • Roteiro Berliet Júnior, Vitor Lima e José Carlos Burle • Direção José Carlos Burle • Com Grande Othelo, Oscarito, Cil Farney, Eliana Macedo, José Lewgoy, Colé Santana, Iracema Vitória, Renato Restier, Maria Antonieta Pons, Carlos Alberto, Nora Nei. Amei um bicheiro • 1953 • Atlântida • Argumento Jorge Dória • Roteiro Jorge Ileli • Direção Jorge Ileli e Paulo Vanderlei • Com Grande Othelo, Cil Farney, José Lewgoy, Eliana Macedo, Josete Bertal, Aurélio Teixeira, Jece Valadão. Amei um bicheiro • 1953 • Atlântida • Roteiro Vitor Lima e Carlos Manga • Direção Carlos Manga • Com Grande Othelo, Oscarito, Edite Morel, Mara Abrantes, Renato Restier, Wilson Grey, Madame Lou, Átila Iório, Ambrósio Fregolente. Malandros em quarta dimensão • 1954 • Atlântida • Roteiro e direção Luís de Barros • Com Grande Othelo, Jaime Costa, Colé Santana, Julie Bardot, Sérgio de Oliveira, Wilson Grey, Inalda de Carvalho. Matar ou correr • 1954 • Atlântida • Roteiro Amleto Daissé e Vitor Lima • Direção Carlos Manga • Com Grande Othelo, Oscarito, José Lewgoy, Renato Restier, John Her-


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bert, Julie Bardot, Wilson Grey, Inalda de Carvalho. Conchita und der ingenieur/Paixão nas selvas • 1955 • Atlântida-Astra • Direção Franz Eichorn • Com Grande Othelo, Vanja Orico, Cil Farney, Josephine Kipper, Alexandre Amorim, Gilberto Martinho, Wilson Grey. Depois eu conto • 1956 • Produção Watson Macedo • Argumento Alinor Azevedo, Berliet Júnior, José Carlos Burle e Anselmo Duarte • Direção José Carlos Burle • Com Grande Othelo, Anselmo Duarte, Eliana Macedo, Dercy Gonçalves, Ilca Soares, Zé Trindade, Heloísa Helena, Humberto Catalano, Marion, Déia Silva, Carmem Costa, Linda Batista, Dircinha Batista, Jamelão e Jorge Veiga. Metido a bacana • 1957 • Cinedistri-Sino • Roteiro Vitor Lima • Direção Josip B. Tanko • Com Grande Othelo, Ankito, Renato Restier, Neli Martins, Ângela Maria, Dircinha Batista, Nélson Gonçalves, Carlos Galhardo, Jorge Veiga. A baronesa transviada • 1957 • Watson Macedo-Cinedistri • Argumento Chico Anísio e Watson Macedo • Roteiro Watson Macedo e Ismar Porto • Direção Watson Macedo • Com Grande Othelo, Dercy Gonçalves, Humberto Catalano, Badaró, Zaquia Jorge, Otelo Zelloni, Renato Consorte, Apolônio Correia, Átila Iório. Com jeito vai • 1957 • Cinedistri-Sino • Argumento Berliet Júnior e Renato Restier • Roteiro Berliet Júnior, Renato Restier e Josip B. Tanko • Direção Josip B. Tanko • Com Grande Othelo, Fred, Carequinha, Renato Restier, Anilza Leoni, Costinha, Emilinha Borba. De pernas pro ar • 1957 • Roteiro e direção Vitor Lima • Com Grande Othelo, Ankito, Renata Fronzi, Darci Cória, Wilson Grey, Costinha, Roberto Duval, Otelo Zelloni, Jorge Murad, Emilinha Borba. Rio, Zona Norte • 1957 • Nélson Pereira dos Santos • Roteiro e direção Nélson Pereira dos Santos • Com Grande Othelo, Malu, Jece Valadão, Paulo Goulart, Ângela Maria, Haroldo de Oliveira, Édson Vitoriano, Iracema Vitória, Zé Kéti. Brasiliana • 1957 • Cosmos • Direção Helmut Wiesler • Com Grande Othelo, Monika Klinger, Roberto Linhares, Walter Hardt e o elenco do espetáculo Banzo Aiê, de Carlos Machado. É de chuá! • 1958 • Sino-Cinedistri • Argumento Vitor Lima, Renato Restier e Josip B. Tanko • Roteiro Vitor Lima, Renato Restier, Josip B. Tanko, Haroldo Barbosa e Sérgio Porto • Direção Vitor Lima • Com Grande Othelo, Ankito, Renata Fronzi, Renato Restier,


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Costinha, Bill Far, Zezé Macedo, Malu, Pedro Dias, Emilinha Borba, Nélson Gonçalves, Dircinha Batista, Jorge Goulart, Jamelão, Fred e Carequinha. Lina, mujer de fuego/A mulher de fogo • 1958 • Mier y Brooks-Artistas Associados • Roteiro Neftall Beltrán, Tito Davison, Orígenes Lessa e Ulisses Petit de Murad, baseado no romance Vazante, de José Mauro Vasconcelos • Direção Tito Davison • Com Grande Othelo, Ninón Sevilla, Carlos Baena, Osvaldo Lousada, Carlos Cotrim, Jece Valadão, Alicia Montoya, Joãozinho da Goméia. E o bicho não deu • 1958 • Herbert Richers • Roteiro Sérgio Porto e Josip B. Tanko • Direção Josip B. Tanko • Com Grande Othelo, Zé Trindade, Aída Campos, Paulo Goulart, Vera Regina, Costinha, Julie Joy, Pedro Dias, Irmãs Marinho. Mulheres à vista • 1959 • Herbert Richers • Argumento Chico Anísio e Zé Trindade • Roteiro e direção Josip B. Tanko • Com Grande Othelo, Zé Trindade, Renato Restier, Consuelo Leandro, Bill Far, Aída Campos, Carlos Imperial, Virgínia Lane, Dircinha Batista, Nélson Gonçalves, Emilinha Borba, Jorge Goulart. Garota enxuta • 1959 • Herbert Richers • Argumento Herbert Richers, Chico Anísio e Josip B. Tanko • Direção Josip B. Tanko • Com Grande Othelo, Ankito, Neli Martins, Jaime Costa, Renato Restier, Iracema de Alencar, Emilinha Borba, Elisete Cardoso, Marion, Vera Regina, Moreira da Silva, Orlando Silva. Pé na tábua • 1959 • Herbert Richers-Nova América • Roteiro e direção Vitor Lima • Com Grande Othelo, Ankito, Renata Fronzi, Carlos Tovar, Neli Martins, Bill Far, Carlos Imperial, Vera Regina, Valdir Maia, Sérgio Ricardo. Pistoleiro bossa nova • 1960 • Herbert Richers • Roteiro e direção de Vitor Lima • Com Grande Othelo, Ankito, Renata Fronzi, Renato Restier, Ana Maria Nabuco, Wilson Grey, Aurélio Teixeira, Consuelo Leandro, Carlos Lira. Os três cangaceiros • 1961 • Herbert Richers • Roteiro e direção Vitor Lima • Com Grande Othelo, Ankito, Ronald Golias, Neide Aparecida, Átila Iório, Carlos Tovar, Neli Martins, Paulete Silva, Wilson Grey, Angelito Melo. Um candango na Belacap • 1961 • Herbert Richers • Argumento Roberto Farias e Herbert Richers • Roteiro Roberto Farias e Mário Meira Guimarães • Direção Roberto Farias • Com Grande Othelo, Ankito, Marina Marcel, Vera Regina, Milton Carneiro, José Policena, Pedro Dias, Rafael de Carvalho, César Viola, Carlos Lira.


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O dono da bola • 1961 • Herbert Richers • Argumento Josip B. Tanko • Diálogos Mário Meira Guimarães • Roteiro e direção Josip B. Tanko • Com Grande Othelo, Ronald Golias, Vera Regina, Norma Blum, Costinha, César Viola, Carlos Imperial. Os cosmonautas • 1962 • Herbert Richers • Roteiro e direção Vitor Lima • Com Grande Othelo, Ronald Golias, Neide Aparecida, Átila Iório, Álvaro Aguiar, Telma Elita, Carlos Tovar, Wilson Grey, César Ladeira. Assalto ao trem pagador • 1962 • Herbert Richers • Argumento Roberto Farias e Luís Carlos Barreto, com a colaboração de Alinor Azevedo • Roteiro e direção Roberto Farias • Com Grande Othelo, Eliézer Gomes, Luísa Maranhão, Reginaldo Farias, Ruth de Souza, Átila Iório, Helena Ignez, Jorge Dória, Dirce Migliaccio, Osvaldo Lousada, Clementino Quelé, Gracinda Freire, Nélson Dantas. O homem que roubou a Copa do Mundo • 1963 • Herbert Richers • Roteiro José Cajado Filho e Vitor Lima • Direção de Vitor Lima • Com Grande Othelo, Ronald Golias, Renata Fronzi, Ângela Bonatti, Dorinha Duval, Maurício do Vale. Quero esta mulher assim mesmo • 1963 • Lupofilmes • Argumento Roberto Mendes • Roteiro Ronaldo Lupo • Diálogos Pedro Anísio • Direção Ronaldo Lupo e Carlos Alberto de Souza Barros • Com Grande Othelo, Ronaldo Lupo, Anilza Leoni, Renata Fronzi, Violeta Ferraz, Matinhos, Átila Iório, Herval Rossano, Amílton Ferreira. Samba • 1964 • Cesareo González-Suevia-Condor • Argumento José López Rubio • Roteiro José Lopez Rubio, Jesus Arosema e Rafael Gil • Direção Rafael Gil • Com Grande Othelo, Sara Montiel, Marc Michel, Fosco Giachetti, Carlos Alberto, Eliézer Gomes, Zeni Pereira, Nestor Montemar, Antônio Pitanga, Ciro Monteiro. Crônica da idade amada • 1965 • Atlântida-Christensen • Episódio Um pobre morreu • Argumento Paulo Rodrigues • Roteiro Millôr Fernandes • Direção Carlos Hugo Christensen • Com Grande Othelo. Arrastão/Les amants de la mer • 1966 • Antoine d’Ormeson • Argumento Vinícius de Morais • Roteiro e direção Antoine d’Ormeson • Com Grande Othelo, Duda Cavalcanti, Cecil Thiré, Jardel Filho. Uma rosa per tutti/Uma rosa para todos • 1966 • Vides • Roteiro Eduardo Borras e Ennio de Concini, baseado na peça Procura-se uma rosa, de Gláucio Gil • Direção Franco Rossi • Com Grande Othelo, Claudia Cardinalle, Nino Manfredi, Mario Adorf,


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Akim Tamiroff, José Lewgoy, Milton Rodrigues, Osvaldo Loureiro. Em ritmo jovem • 1966 • Direção Mozael Silveira • Com Grande Othelo, Adriana, Babete Castilho, Moacir Deriquém, Márcio Greik, Jorge Murad, Vanja Orico, Taís Portinho, Paulo Sérgio, Teresinha Sarno, Lameri Faria. Massacre no supermercado • 1968 • Herbert Richers • Roteiro Ari Fontoura e Josip B. Tanko • Direção J. B. Tanko • Com Grande Othelo, José Augusto Branco, Nestor Montemar, Taís Muniz Portinho, Nélson Xavier, Jorge Cherques, Carlos Vereza. Os marginais • 1968 • Direção e roteiro Carlos Alberto Prates Correia e Moisés Kendler • Com Grande Othelo, Paulo José, Helena Ignez, Delorges Caminha, Cartola e Zica. Enfim sós com o outro • 1968 • Direção Wilson Silva • Roteiro João Bitencourt e Sanin Cherques • Com Grande Othelo, Augusto César Vanucci, Rossana Ghessa, Emiliano Queiroz, Vera Regina, Rogéria, Abel Pêra e Vera Regina. Macunaíma • 1969 • Direção e roteiro Joaquim Pedro de Andrade • Com Grande Othelo, Paulo José (Macunaíma branco), Dina Sfat, Milton Gonçalves, Rodolfo Arena, JardelFilho, Joana Fomm, Maria do Rosário, Rafael de Carvalho, Wilza Carla, Zezé Macedo. Os herdeiros • 1969 • Direção Cacá Diegues • Com Grande Othelo, Sérgio Cardoso, Paulo Porto, Isabel Ribeiro, Mário Lago, Daniel Filho, Wilza Carlo, Hugo Carvana, Odete Lara, Nara Leão. O álibi (L’alibi) • 1969 • Direção Adolfo Celi • Com Grande Othelo, Vittorio Gasmman, Tina Aumont, Adolfo Celi, Ugo Adinolfi, Franco Giacobini, Maria Rodrigues, Luciano Lucignani, Lina Sadun, Jovana Knox. A doce mulher amada • 1969 • Direção Rui Santos • Com Grande Othelo, Irma Alvarez, Arduíno Colassanti, Mário Petraglia, Mário Brasini, Irene Stefânia, Neli Martins, Fábio Sabag, Emanuel Cavalcanti, Sônia Castro, Jurema Pena. Por um amor distante (Pour un amour lointain) • 1969 • Coprodução franco-brasileira • Direção Edmond Séchan • Com Grande Othelo, Julien Guiomar, Cristina Jardim, Isabel Jardim, Jacques Jouanneau, Jean Rochefort, Henriette Morineau. Não aperta, Aparício • 1970 • Direção Pereira Dias • Com Grande Othelo, José Lewgoy, José Mendes, Alexandra Maria, Angelito Melo, Dimas Costa, Ana Amélia Lemos, Álvaro de Souza, Adolar Costa, Roque Araújo Viana. A família do barulho • 1970 • Direção Júlio Bressane • Com Grande Othelo, Maria


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Gladys, Wilson Grey, Helena Ignez, Poty, Kleber Santos, Guará Rodrigues. O donzelo • 1970 • Direção Stefan Wohl • Com Grande Othelo, Leila Diniz, Flávio Migliacio, Marília Pêra, Maria Gladys, Plínio Marcos, Márcia Rodrigues, José Lewgoy, Fregolente, Mara Rúbia. Se meu dólar falasse • 1970 • Direção Carlos Coimbra • Com Grande Othelo, Dercy Gonçalves, Zilda Cardoso, Milton Ribeiro, Sadi Cabral, Davi Cardoso, Dedé Santana, Manuel Vieira, Dino Santana. O barão Otelo no barato dos bilhões • 1971 • Direção Miguel Borges • Com Grande Othelo, Dina Sfat, Ivan Cândido, Milton Morais, Wilson Grey, Hildegard Angel, Procópio Mariano, Henriqueta Brieba, Tânia Caldas, Rogério Fróes, Zilka Salaberry, Elke Maravilha. Cômicos + Cômicos • 1971 • Direção, argumento e roteiro Jurandir Passos Noronha • Coletânea de filmes antigos com a participação de Grande Othelo, Paulo Silvino, Vittorio Alcânfora, Rafael de Carvalho, Welington Botelho, Santa Cruz, Costinha, Wilza Carla. Sebastião Prata ou, melhor dizendo, Grande Otelo • 1971 • Direção Ronaldo Foster e Murilo Sales • Com Grande Othelo. Cassy Jones, o magnífico sedutor • 1972 • Direção Luís Sérgio Person • Com Grande Othelo, Paulo José, Sandra Bréa, Sônia Clara, Glauce Rocha, Hugo Bidet, Gracinda Freire, Carlos Imperial, Susana Gonçalves, Henrique Brieba, Ilva Niño, Mano Rodrigues. O Negrinho do Pastoreio • 1973 • Direção Antônio Augusto Fagundes • Argumento João Simões Lopes Neto • Roteiro Rui Favell Bastide • Com Grande Othelo, Breno Melo, Rejane Vieira Costa, Darci Fagundes, Édson Acri Ortunho, Antônio Augusto Fagundes, Darci Fagundes. O rei do baralho • 1974 • Direção, produção e roteiro Júlio Bressane • Com Grande Othelo, Marta Anderson, Wilson Grey, Fininho, Cauê Filho. A estrela sobe • 1974 • Direção Bruno Barreto • Com Grande Othelo, Betty Faria, Álvaro Aguiar, Irma Alvarez, Roberto Bonfim, Nélson Dantas, Carlos Eduardo Dolabella, Wilson Grey, Labanca, Luís Carlos Mièle, Vanda Lacerda, Ordete Lara, Paulo César Pereio e Neila Tavares. A transa do turfe (“Sexo”) • 1974 • Direção Fritz M. L. Mellinger • Com Grande Othelo, Jacira Silva, Wilson Grey, Colé Santana, Fátima Braun, Vera Lúcia, Carmem Pascoal, Durval Silva, Michel Espírito Santo, Galeno Martins.


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As aventuras de um detetive português • 1975 • Direção Stefan Wohl • Com Grande Othelo, Raul Solnado, Jorge Dória, Mara Rúbia, Nélson Dantas e Albino Pinheiro. O flagrante • 1975 • Direção Reginaldo Faria • Com Grande Othelo, Rodolfo Arena, Maria Cláudia, Carlos Eduardo Dolabella, Reginaldo Faria, Adele Fátima, José Lewgoy, Cláudio Marzo e Antônio Pedro. Assim era a Atlântida • 1975 • Direção Carlos Manga • Argumento e roteiro Carlos Manga e Sílvio Abreu • Música Lírio Panicalli e Léo Perachi • Documentário sobre as chanchadas da Atlântica com cenas de arquivo e depoimento dos atores • Com Grande Othelo. Ladrão de Bagdá, o magnífico • 1975 • Direção Vitor Lima • Com Grande Othelo, Monique Lafond, Fernando José, Manfredo Colassanti, Anilza Leoni, Wilson Grey e Luís Mendonça. Deixa, amorzinho, deixa • 1975 • Direção Saul Lachtermacher • Com Nei Latorraca, Sandra Barsotti, Bibi Vogel, Maria Lúcia Dahl, Emiliano Queiroz, Jaime Barcelos, Rubens de Falco e Moacir Deriquém. Tem alguém na minha cama • 1976 • Três episódios dirigidos por Francisco Pinto Júnior, Pedro Camargo e Luís Antônio Piá • Com Grande Othelo, Milton Carneiro, Nélson Caruso, Leila Cravo, Maria Lúcia Dahl, Rossane Ghessa, Wilson Grey, Josephine Helene, Carlos Kroeber e Mário Petraglia. A fera carioca (Carioca tigre) • 1976 • Direção Giuliano Carnimeo • Com Grande Othelo, Aldo Maccione, Antonio Cantafora, César Moreno, Luciana Turina, Renato Pinciroli e Mílton Gonçalves. Lúcio Flávio, o passageiro da agonia • 1977 • Direção Hector Babenco • Roteiro José Louzeiro, Hector Babenco, Jorge Duran • Com Grande Othelo, Reginaldo Faria, Ana Maria Magalhães, Milton Gonçalves, Paulo César Pereio. Ouro sangrento (Tenda dos prazeres) • 1977 • Direção César Ladeira Filho • Com Grande Othelo, Toni Tornado, Átila Iório, Sandra Barsoti, José Lewgoy, Jonas Bloch, Zezé Mota. Otália da Bahia (Os pastores da noite) • 1977 • Coprodução franco-brasileira • Direção Marcel Camus • Com Grande Othelo, Mira Fonseca, Antônio Pitanga, Maria Viana, Jofre Soares, Jaime Barcelos, Wilza Carlos, Emanuel Cavalcanti, Virgínia Lane,


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Elke Maravilha, Telma Reston, Josephine Helene. Ladrões de cinema • 1977 • Direção e argumento Fernando Coni Campos • Música Mano Décio da Viola • Com Grande Othelo, Milton Gonçalves, Antônio Pitanga, Wilson Grey, Procópio Mariano, Antônio Carnera, Lutero Luís, Luís Cavalcanti, Rodolfo Arena, Jesus Chediak, Josephine Helene, Ruth de Souza, Léa Garcia, Jorge Coutinho. A força de Xangô • 1977 • Direção e roteiro Iberê Cavalcanti • Com Grande Othelo, Elke Maravilha, Geraldo Rosa, Dona Ivone Lara, Ana Maria Silva, Sônia Vieira, Carlão Elegante, Zezé Mota. A fera carioca (Carioca tigre) • 1978 • Coprodução ítalo-brasileira • Direção Giuliano Carmineo • Com Grande Othelo, Aldo Maccione, Antônio Cantafora, César Romero, Luciana Turina, Milton Gonçalves, Enzo Robutti, Renato Pinciroli. A noite dos duros • 1978 • Direção Adriano Stuart • Com Grande Othelo, Sandra Barsotti, Xandó Batista, Marcos Nanini, Antônio Fagundes, Iolanda Cardoso, Sandra Bréa, Rogaciano de Freitas, Bruna Lombardi, Helena Ramos. A noiva da cidade • 1978 • Direção Alex Viany • Com Grande Othelo, Elke Maravilha, Roberto Azevedo, Roberto Bonfim, Isolda Crestam, Denise Barroso, Hugo Bidet, Roberto Bataglin, Nélson Dantas, Alcir Damata, Sônia de Paula, Josephine Helene, Humberto Mauro, Paulo Porto. Agonia • 1978 • Direção Júlio Bressane • Com Grande Othelo, Joel Barcelos, Maria Gladys, Wilson Grey, Sandra Pêra, Kleber Santos. As aventuras de Robinson Crusoé • 1979 • Direção Mozael Silveira • Com Grande Othelo, Costinha, Francisco Di Franco, Ângelo Antônio, Milton Vilar, Admir de Souza, Luís Neves, Stela Alves. Asa Branca • 1980 • Direção Djalma Limonge Batista • Com Grande Othelo, Walmor Chagas, Édson Celulari, Manfredo Bahia, Gianfrancesco Guarnieri, Eduardo Abasm, Mário Américo, Rita Cadilac, Celso Batista. O homem do pau brasil • 1981 • Direção Joaquim Pedro de Andrade • Com Grande Othelo, Ítala Nandi, Oton Bastos, Patrício Bisso, Susana de Morais, Renato Borghi, Mário Carneiro, Xandó Batista, Maria Angélica Alves. Fitzcarraldo • 1982 • Coprodução Alemanha-Peru • Direção Werner Herzog • Com Grande Othelo, Cláudia Cardinalle, Klaus Kinski, José Lewgoy, Miguel Angel Fuentes, Paul


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Hittsher, Peter Berling, Milton Nascimento, Salvador Godinez, Dieter Milz, Rui Polanah. Paraíba, mulher macho • 1983 • Direção Tizuki Yamazaki • Com Grande Othelo, Tânia Alves, Walmor Chagas, Luís de Lima, José Dumont, Osvaldo Loureiro, Isa Fernandes, Cristina Cavalcanti, Cláudio Marzo, Bráulio Tavares. Quilombo • 1984 • Direção e roteiro Cacá Diegues • Com Grande Othelo, Antônio Pitanga, Toni Tornado, Daniel Filho, João Nogueira, Arduíno Colassanti, Camila Pitanga, Jorge Coutinho, Zózimo Bulbul, Vera Fischer, Milton Gonçalves, Zezé Mota, Lea Garcia. Brasa adormecida • 1985 • Direção Djalma Limonge Batista • Com Grande Othelo, Paulo César Grande, Anselmo Duarte, Edson Celulari, Marcelia Cartaxo, Sérgio Mamberti, Zeni Pereira, Cristina Mutarelli, Miriam Pires, Maitê Proença, Ilca Soares. Nem tudo é verdade • 1985 • Direção, roteiro, argumento e música Rogério Sganzerla • Arrigo Barnabé, Helena Ignez, Nina de Paula • Com Grande Othelo. Jubiabá (Bahia de todos os deuses) • 1986 • Direção e roteiro Nélson Pereira dos Santos • Fotografia José Medeiros • Adaptação da novela de Jorge Amado • Com Grande Othelo, Antônio José Santana, Luís Santos de Santana, Charles Baiano, Tatiana Issa, Françoise Goussard, Eliana Pitman, Betty Faria, Zezé Mota. Exu Piá, Coração de Macunaíma • 1987 • Direção Paulo Veríssimo • Com Grande Othelo, Joel Barcelos, Paulo Gracindo, Marco Ribas, Mano Melo, Jair Assunção, Cacá Carvalho. Éclats noirs du samba (Glórias negras do samba) • 1987 • filme da francesa Ariel de Bigault, com Os Cariocas, Gilberto Gil, Paulo Moura, Zezé Mota • Com Grande Othelo. Running out of luck • 1987 • Direção Julien Temple • Com Grande Othelo, Mick Jager, Norma Benguel, Rae Daw Chong, Dennis Hopper, Jerry Hall, Jorge Coutinho, Márcia de Souza, José Dumont, Raul Gazzola, Carlos Kroeber, Marcelo Madureira, Toni Tornado, Tonico Pereira. Natal da Portela • 1988 • Direção Paulo César Saraceni • Coprodução Brasil-França • Com Grande Othelo, Mílton Gonçalves, Almir Guineto, Zezé Mota, Adele Fátima, Antônio Pitanga, Tijolo, Toni Tornado, Ana Maria Nascimento e Silva. Abolição • 1988 • Direção Zózimo Bubul • Documentário • Com Grande Othelo. Fronteras, a saga de Euclides da Cunha • 1988 • Direção Noilton Nunes • O filme jamais foi concluído como Noilton sonhava. Uma das suas providências durante a busca de recursos foi mudar o nome da obra para A paz é dourada, título extraído, se-


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gundo ele, de uma frase de Grande Othelo. Jardim de Alá • 1989 • Direção Davi Neves • Com Grande Othelo, Raul Cortez, Isabela Garcia, Betina Vianny, Françoise Forton, Carlos Kroeber, Imara Reis. A linguagem de Orson Welles • 1990 • Direção Rogério Sganzerla • Narração Grande Othelo. Boca de ouro • 1990 • Direção Válter Avancini • Com Grande Othelo, Tarcísio Meira, Hugo Carvana, Cláudia Raia, Luma de Oliveira, Ricardo Petraglia, Osmar Prado. Katharsys • História dos anos 80 • 1992 • Direção Roberto Moura • Com Grande Othelo. It’s all true • 1993 • Direção Norman Foster e Bill Krohn • Coprodução França-USA • Narração Grande Othelo. Vídeo Troca de cabeça • 1993 • Direção e roteiro Sérgio Machado • Com Grande Othelo, Lea Garcia, Harildo Deda, Mário Gusmão. Tudo é Brasil • 1997 • Direção Rogério Sganzerla • Com Grande Othelo, Orson Welles, Dalva de Oliveira, Linda Batista, Herivelto Martins, Helena Ignez, Carmen Miranda.


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Filmes programados

A mostra O maior ator do Brasil – 100 anos de Grande Othelo reúne mais de 20 filmes que tiveram a participação genial desse mineiro de 1,50m que crescia em cena nas comédias da Atlântida, nos dramas do Cinema Novo ou nos palcos dos teatros de revista Brasil afora. A mostra é o evento oficial em comemoração ao centenário de Grande Othelo.

Onde estás, felicidade? 1939 Cinédia – Roteiro e direção de Mesquitinha, baseado na peça de Luís Iglesias. Com Grande Othelo, Mesquitinha, Alma Flora, Rodolfo Mayer, Paulo Gracindo, Manuel Pêra, Nilza Magrassi. 90 minutos. Livre. Mal aconselhada por uma amiga da alta roda (que lhe cobiça o marido) e pelo pai desmiolado (sempre preocupado em preparar coquetéis), a cantora Noêmia força seu marido a abandonar a vida de subúrbio pelo ‘vidão’ rumoroso de Copacabana. Pensando mais em compromissos sociais e em futilidades, a moça e seus amigos configuram um ambiente insuportável: irritação, discussões, separação...

Samba em Berlim 1943 Cinédia – Roteiro de Ademar Gonzaga e Luís de Barros. Direção de Luís de Barros – Com Grande Othelo, Mesquitinha, Laura Suarez, Dercy Gonçalves, Léo Albano, Brandão Filho, Humberto Catalano, Francisco Alves, Edu da Gaita, Virgínia Lane, Jararaca e Ratinho. 80 minutos. 12 anos. Dois caipiras, Mesquitinha e Brandão Filho, vêm para o Rio atrás de uma moça que lhes enviara uma foto de uma artista, dizendo ser dela mesma. A moça da foto é Laura Suarez, no papel de noiva de um ricaço, mas apaixonada pelo personagem de Leo Albano. Números musicais intercalam-se com a ação do filme.


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Romance proibido 1944 Cinédia – Roteiro e direção de Ademar Gonzaga – Com Grande Othelo, Lúcia Lamur, Milton Marinho, Nilza Magrassi, Jararaca, Dercy Gonçalves, Eros Volúsia, Aurora Aboim, Roberto Lupo, Modesto de Souza. 65 minutos. 12 anos. Duas ex-colegas de colégio gostam de um mesmo rapaz; uma sentindo-se abandonada vai lecionar no interior, num local bem atrasado, revolucionando o ensino e, por coincidência, reencontrando o rapaz, a essa altura, noivo de uma de suas melhores amigas. A professora, não querendo atrapalhar, finge não gostar mais dele e vai lecionar noutro lugar.’

Matar ou correr 1954 Atlântida – Roteiro de Amleto Daissé e Vitor Lima – Direção de Carlos Manga – Com Grande Othelo, Oscarito José Lewgoy, Renato Restier, John Herbert, Julie Bardot, Wilson Grey, Inalda de Carvalho. 87 minutos. 12 anos. Encravada no velho oeste, a turbulenta City Down recebe a visita de dois forasteiros, Kid Bolha e Cisco Kada, na verdade, vigaristas atrapalhados. Por um golpe do destino, um deles é nomeado xerife e ambos salvam a cidade da tirania do temível malfeitor Jesse Gordon. Porém o horrível facínora não se dá por vencido e desafia Kid para um duelo ao meio-dia em ponto.

A baronesa transviada 1957 Watson Macedo-Cinedistri – Argumento de Chico Anísio e Watson Macedo – Roteiro de Watson Macedo e Ismar Porto – Direção de Watson Macedo – Com Grande Othelo, Dercy Gonçalves, Humberto Catalano, Badaró, Zaquia Jorge, Otelo Zelloni, Renato Consorte, Apolônio Correia, Átila Iório. 100 minutos. 10 anos. A manicure Gonçalina possui uma pinta de nascença, que prova ser ela a mais legítima filha de uma baronesa moribunda. Quando recebe a herança, resolve materializar seu sonho de se tornar estrela de um filme carnavalesco.

Rio, Zona Norte 1957 Nelson Pereira dos Santos – Roteiro e direção de Nélson Pereira dos Santos – Com Grande Othelo, Malu, Jece Valadão, Paulo Goulart, Ângela Maria, Haroldo de Oliveira, Édson Vitoriano, Iracema Vitória, Zé Kéti. 80 minutos. 16 anos. O filme narra a trajetória de um sambista carioca e as agruras na vida de um típico brasileiro, que vê no samba a inspiração para retratar um pouco de sua experiência e narrar o que vê e sente em seu dia a dia. O filme traz informações relevantes sobre o samba de raiz e as dificuldades dos elementos anônimos que criam letras e muitas vezes são trapaceados por pessoas que lucram com direitos autorais.

Mulheres à vista 1959 Herbert Richers – Argumento de Chico Anísio e Zé Trindade – Roteiro e direção de Josip B. Tanko – Com Grande Othelo, Zé Trindade, Renato Restier, Consuelo Leandro, Bill Far, Aída Campos, Car-


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los Imperial, Virgínia Lane, Dircinha Batista, Nélson Gonçalves, Emilinha Borba, Jorge Goulart. 100 minutos. Livre. João Flores é empresário de uma companhia teatral mambembe formada por ele, a vedete Boca de Caçapa, o ex-ajudante de palhaço Josafá e o cantor sem voz Benedito. Ele tenta organizar um grande teatro de revista numa renomada casa teatral carioca e para conseguir o dinheiro aplica vários golpes. Ajudado pelos seus companheiros: assedia Virtuosa, a viúva dona do teatro e compra a prazo e vende a vista diversos produtos. A quantidade de credores a persegui-lo se torna enorme e para complicar ainda mais a situação, o antigo empresário que alugava o teatro, Galileu, busca evitar que João alcance o sucesso, pois quer conseguir de volta o teatro, em condições mais vantajosas.

Garota enxuta 1959 Herbert Richers – Argumento de Herbert Richers, Chico Anísio e Josip B. Tanko – Direção de Josip B. Tanko – Com Grande Othelo, Ankito, Agnaldo Rayol, Neli Martins, Jaime Costa, Renato Restier, Iracema de Alencar, Emilinha Borba, Elizeth Cardoso, Marion, Vera Regina, Moreira da Silva, Orlando Silva. 100 minutos. Livre. Para participar de um “show” na televisão em homenagem à indústria automobilística nacional, a filha do patrocinador consegue a ajuda de um servente dos estúdios e seu irmão, um compositor também à espera de oportunidade na carreira artística.

Os três cangaceiros 1961 Herbert Richers – Roteiro e direção de Vitor Lima – Com Grande Othelo, Ankito, Ronald Golias, Neide Aparecida, Átila Iório, Carlos Tovar, Neli Martins, Paulete Silva, Wilson Grey, Angelito Melo. 93 minutos. 10 anos. Uma cidadezinha é invadida por cangaceiros que sequestram a filha de um ricaço e outras garotas. É montada uma volante para o resgate, mas três moradores do local, os mais medrosos, resolvem se transformar nos três “mosqueteiros” mais engraçados da história do cinema.

Um candango na Belacap 1961 Herbert Richers – Argumento de Roberto Farias e Herbert Richers – Roteiro de Roberto Farias e Mário Meira Guimarães, Direção de Roberto Farias – Com Grande Othelo, Ankito, Marina Marcel, Vera Regina, Milton Carneiro, José Policena, Pedro Dias, Rafael de Carvalho, César Viola, Carlos Lira. 102 minutos. Livre. A dupla de artistas Emanuel Davis Jr. e Gilda estão na recém-inaugurada cidade de Brasília para um show, e saem para um bar de candangos (trabalhadores migrantes que construíram Brasília). Lá, eles conhecem Tonico e Odete. Emanuel se casa com Odete e leva a dupla para o Rio de Janeiro, onde os quatro vão formar a própria boate, só que enfrentarão golpes desonestos do concorrente Jacó.


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O assalto ao trem pagador 1962 Herbert Richers – Argumento de Roberto Farias e Luís Carlos Barreto, com a colaboração de Alinor Azevedo – Roteiro e direção de Roberto Farias. Com Grande Othelo, Eliézer Gomes, Luísa Maranhão, Reginaldo Farias, Ruth de Souza, Átila Iório, Helena Ignez, Jorge Dória, Dirce Migliaccio, Osvaldo Lousada, Clementino Quelé, Gracinda Freire, Nélson Dantas. 102 minutos. 16 anos. Baseado num caso real ocorrido no Rio de Janeiro em 1960. O bando de Tião Medonho atacou e assaltou o trem pagador da Central do Brasil, entre Japeri e Paes Leme, explodindo os trilhos com dinamite. Armados de revólveres e metralhadoras, seis assaltantes levaram 27 milhões de cruzeiros e mataram um homem. O caso só foi encerrado um ano depois, com a prisão dos culpados.

Macunaíma 1969 Direção e roteiro de Joaquim Pedro de Andrade – Com Grande Othelo, Paulo José (Macunaíma branco), Dina Sfat, Milton Gonçalves, Rodolfo Arena, Jardel Filho, Joana Fomm, Maria do Rosário, Rafael de Carvalho, Wilza Carla, Zezé Macedo. 108 minutos. 12 anos. Macunaíma é um herói preguiçoso, safado e sem nenhum caráter. Ele nasceu na selva e de negro virou branco. Depois de adulto, deixa o sertão em companhia dos irmãos. Macunaíma vive várias aventuras na cidade, conhecendo e amando guerrilheiras e prostitutas, enfrentando vilões milionários, policiais, personagens de todos os tipos. Depois dessa longa e tumultuada aventura urbana, ele volta à selva. Um compêndio de mitos, lendas e da alma do brasileiro, a partir do clássico romance de Mário de Andrade.

Os herdeiros 1969 Direção de Cacá Diegues – Com Grande Othelo, Sérgio Cardoso, Paulo Porto, Isabel Ribeiro, Mário Lago, Daniel Filho, Wilza Carlo, Hugo Carvana, Odete Lara, Nara Leão. 101 minutos. 16 anos. Um fazendeiro, barão do café de São Paulo, arruinado pela crise do café, casa sua filha única com um jornalista que chega fugido, em sua fazenda, a fim de escapar às graves consequências das injunções políticas da época. Oportunista, o jornalista acaba por trair o sogro, fugindo com a mulher para a capital, depois da mudança de governo, com a queda de Vargas no pós-guerra. Na capital, busca uma ascensão rápida, passando a trair desde a mulher até os chefes, tornando-se um dos homens mais importantes do país. Um dia, chega a sua casa o filho que abandonara em São Paulo na casa do avô, e que passa a enfrentar o pai por vingança, aliando-se a uma notória atriz de rádio, até por fim conseguir destruí-lo.

A família do barulho 1970 Direção de Júlio Bressane – Com Grande Othelo, Maria Gladys, Wilson Grey, Helena Ignez, Poty, Kleber Santos, Guará Rodrigues. 60 minutos. 16 anos. Filmado em quatro dias, trata-se do primeiro filme de Bressane na Belair. “A Família do Barulho” é uma chanchada sobre as aventuras de um malandro carioca envolvido com uma estranha e confusa família de classe média.


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O barão Otelo no barato dos bilhões 1971 Direção de Miguel Borges – Com Grande Othelo, Dina Sfat, Ivan Cândido, Milton Morais, Wilson Grey, Hildegard Angel, Procópio Mariano, Henriqueta Brieba, Tânia Caldas, Rogério Fróes, Zilka Salaberry, Elke Maravilha. 119 minutos. 10 anos. O industrial e playboy Carvalhais ensina João-Sem-Direção, empregado em um posto de gasolina, a ganhar dinheiro na loteria esportiva. Milionário, João é obrigado a fugir da fama. Nem um alquimista nem o ambiente da alta sociedade, dominado por Maria-Vai-Com-As-Outras, lhe fornecem a solução. A industrialização de inventos, sugerida por Carvalhais, esbarra num trio sinistro que representa a organização, o público e o mercado. João resolve viver numa ilha onde recebe os amigos nos fins de semana e onde todos se comportam como querem.

Sebastião Prata ou, bem dizendo, Grande Otelo 1971 Direção de Ronaldo Foster e Murilo Sales – Documentário. 12 minutos. Livre. Documentário sobre Sebastião Prata, conhecido artisticamente como Grande Othelo.

O Negrinho do Pastoreio 1973 Direção de Antônio Augusto Fagundes – Argumento de João Simões Lopes Neto – Roteiro de Rui Favell Bastide – Com Breno Melo, Rejane Vieira Costa, Darci Fagundes, Édson Acri Ortunho, Antônio Augusto Fagundes. 85 minutos. Livre. Interior do Rio Grande do Sul, por volta de 1827. Numa estância de propriedade de um avarento que vive com a enteada, todos os escravos devotam-lhe ódio, à exceção de um negrinho que, em sua ingenuidade, não percebe a maldade do senhor. Chega à região, acompanhado de um negro livre, um gaúcho incumbido de domar potros. A moça se apaixona pelo forasteiro e o negro desperta nos escravos anseios de liberdade. O negrinho perde dois potros no pastoreio e é açoitado até a morte. Vingando-se, castelhanos atacam a fazenda. Os dois forasteiros e a moça aproveitam-se da confusão para abandonar a região.

O rei do baralho 1974 Direção, produção e roteiro de Júlio Bressane – Com Grande Othelo, Marta Anderson, Wilson Grey, Fininho, Cauê Filho. 82 minutos. 16 anos. Um homem, autoproclamado “O Rei do Baralho”, se apaixona por uma loira estonteante, diretamente saída de uma chanchada brasileira ou de algum noir americano barato da década de 1940.

A estrela sobe 1974 Direção de Bruno Barreto – Com Grande Othelo, Betty Faria, Álvaro Aguiar, Irma Alvarez, Roberto Bonfim, Nélson Dantas, Carlos Eduardo Dolabella, Wilson Grey, Labanca, Luís Carlos Mièle, Vanda Lacerda, Odete Lara, Paulo César Pereio e Neila Tavares. 105 minutos. 14 anos. Outrora famosa cantora, Leniza agora é júri de um programa de calouros da televisão e relembra toda a sua trajetória artística. Nos áureos tempos do rádio, ela era uma humilde vendedora de um laboratório farmacêutico que sonhava com a fama. Uma popularidade que exige concessões.


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Lúcio Flávio, o passageiro da agonia 1977 Direção de Hector Babenco – Roteiro de José Louzeiro, Hector Babenco, Jorge Duran – Com Grande Othelo, Reginaldo Faria, Ana Maria Magalhães, Milton Gonçalves, Paulo César Pereio. 118 minutos. 16 anos. Nos anos 1960 surge uma organização, batizada pela crônica policial brasileira de Esquadrão da Morte, que passa a combater o crime à margem da lei. Nessa conjuntura surgem vários episódios e personagens que marcaram uma época. Lúcio Flávio é um deles, um conhecido bandido do Rio de Janeiro. Tudo piora quando um banco sofre um assalto numa cidade do interior e o Dr. Bechara dá início a uma ação policial nos subúrbios cariocas, para localizar Lúcio. Ele e sua mulher, Janice, recebem a notícia da prisão de Mucuçu, integrante do bando de Lúcio, que foge da delegacia. Tentando mudar de vida Lúcio vai com Janice para Belo Horizonte, mas seu destino já estava traçado.

Brasa adormecida 1985 Direção de Djalma Limonge Batista – Com Grande Othelo, Paulo César Grande, Anselmo Duarte, Edson Celulari, Marcelia Cartaxo, Sérgio Mamberti, Zeni Pereira, Cristina Mutarelli, Miriam Pires, Maitê Proença, Ilka Soares. 105 minutos. 10 anos. Um triângulo amoroso formado por dois primos, Ticão e Toni, e a prima, Bebel, inseparáveis desde a infância rural e rica. O conflito se instala quando a moça finalmente escolhe um dos apaixonados como futuro marido. O preterido, naturalmente, não se conforma, e a partir dessa atitude nascem confusões, desentendimentos e revelações.

Nem tudo é verdade 1985 Direção, roteiro, argumento e música de Rogério Sganzerla – Com Grande Othelo, Arrigo Barnabé, Helena Ignez, Nina de Paula. 88 minutos. Livre. O filme reconstitui a visita ao Brasil do cineasta americano Orson Welles, para filmar o documentário It’s All True (Tudo é verdade), movido por idealismo cívico e na trilha da chamada política da boa vizinhança, implantada pelo presidente norte-americano Franklin Roosevelt. Aqui, Welles apaixona-se pelas coisas brasileiras.

Jubiabá (Bahia de todos os deuses) 1986 Direção e roteiro de Nélson Pereira dos Santos – Fotografia de José Medeiros – Adaptação da novela de Jorge Amado – Com Grande Othelo Antônio José Santana, Luís Santos de Santana, Charles Baiano, Tatiana Issa, Françoise Goussard, Eliana Pitman, Betty Faria, Zezé Motta. 107 minutos. 14 anos. O amor do negro Antônio Balduíno pela loura Lindinalva. Tudo começou quando ele, ainda criança, foi morar na casa do Comendador Ferreira, pai de Lindinalva. O pequeno órfão ganhou a proteção do chefe da casa e o ódio da empregada portuguesa, Amélia. Expulso da casa dos ricos protetores, Balduíno torna-se um homem famoso entre os malandros e marinheiros da beira do cais, lutador imbatível e amante famoso. Um imperador das ruas da Bahia. Mas o gigante negro tinha o coração escravo de Lindinalva e a cabeça de Jubiabá, o pai-de-santo.


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Natal da Portela 1988 Direção de Paulo César Saraceni – Co-produção Brasil-França. – Com Grande Othelo Mílton Gonçalves, Almir Guineto, Zezé Motta, Adele Fátima, Antônio Pitanga, Tijolo, Toni Tornado, Ana Maria Nascimento e Silva. 100 minutos. 16 anos. A trajetória de um garoto humilde que perde um braço durante a infância, nos trilhos de uma ferrovia, mas, ainda assim, torna-se um poderoso banqueiro de jogo do bicho e sustenta uma escola de samba, hospital e orfanatos.

A linguagem de Orson Welles 1990 Direção de Rogério Sganzerla – Narração de Grande Othelo. 15 minutos. Livre. Filme-conto que sucede o longa-metragem “Nem tudo é Verdade” (1985). Segundo da tetralogia sganzerliana sobre o choque de Orson Welles com a realidade tupiniquim, em 1942, quando o cineasta americano filmava o jamais-concluído É tudo verdade. O curta consiste de uma contração temporal do filme precedente e demonstra a vantagem de utilizar uma poética da memória.

It’s all true (É tudo verdade) 1993 Direção de Norman Foster e Bill Krohn – Co-produção França – USA – Narração de Grande Othelo. 89 minutos. Livre. Semidocumentário inacabado, que Orson Welles dirigiu no Brasil. Previsto para ter quatro etapas, uma a respeito dos Estados Unidos, outra do México e duas sobre o Brasil, abordando o Carnaval Carioca e os jangadeiros nordestinos. Seriam apresentados aspectos de todos os pontos do país, a partir de Fortaleza, Recife, Olinda, Bahia e Ouro Preto.

Tudo é Brasil 1997 Direção de Rogério Sganzerla – Com Grande Othelo Orson Welles, Dalva de Oliveira, Linda Batista, Herivelto Martins, Helena Ignez, Carmen Miranda. 82 minutos. Livre. Fragmentos de cinejornais organizados pelo diretor num filme-ensaio, com conteúdo e forma que desafiam a atenção do espectador. Traz cenas inéditas e imagens dos bastidores do filme americano It’s All True, dirigido e rodado no Brasil por Orson Welles na década de 40.


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Sobre os curadores Breno Lira Gomes Jornalista e produtor cultural, com passagens pelo curso de cinema da Universidade Estácio de Sá, pela Pipa Produções, pelo Ponto Cine e pela Mostra Geração do Festival do Rio. É curador do festival Curta Cabo Frio desde 2007. Assinou a curadoria e coordenação geral das mostras El Deseo - O apaixonante cinema de Pedro Almodóvar; Cacá Diegues - Cineasta do Brasil; Simplesmente Nelson e A luz (imagem) de Walter Carvalho, todas realizadas na Caixa Cultural. Foi curador e produtor executivo do projeto É Massa! 1ª Mostra do Cinema de Pernambuco. É produtor executivo da mostra Os Melhores Filmes do Ano da Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro (ACCRJ) desde 2010. Foi produtor executivo das mostras Irmãos Coen – Duas mentes brilhantes; Filmes à mesa; Dario Argento e seu mundo de horror; James Dean – Eternamente jovem; Claudio Pazienza, o encontro que nos move; Neville d’Almeida – Cronista da beleza e do caos; Cine Doc Fr – Mostra de Cinema Documentário Francês Contemporâneo; Carlos Reichenbach – O cinema de autor brasileiro e do curso Questão de Crítica. Coordenou a produção das mostras John Waters – O papa do trash; Jornada nas Estrelas: Brasil – A fronteira final; David Lynch – O lado sombrio da alma e a 1ª Mostra Cine Literário. Fez a direção de produção do 18º Festival Brasileiro de Cinema Universitário. É pesquisador do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, realizado anualmente pela Academia Brasileira de Cinema. Em 2016, será o coordenador geral e curador da mostra Pérola Negra: Ruth de Souza.

João Monteiro Estudante de Produção Cultural da UFF, tem trabalhado na produção de mostras e festivais e também na produção audiovisual. Foi estagiário da Mostra Geração do Festival do Rio 2012 e também na prestação de contas da mostra CLINT EASTWOOD. Trabalhou como assistente de produção, Produtor e Produtor de Cópias em diversas mostras entre elas: Cacá Diegues – Cineasta do Brasil, Os Melhores Filmes do Ano 2012, A Luz (Imagem) de Walter Carvalho, Jornada nas Estrelas, El Deseo – O apaixonante cinema de Pedro Almodóvar, Simplesmente Nelson, É Massa e John Waters – O papa do trash. Foi assistente de produção do curta metragem Toca pra Diabo. Também trabalhou na produção executiva da série “Meus Dias de Rock” e em eventos como Rio +20 e Jogos Mundiais Militares. Atualmente trabalha na Produção do canal Esporte Interativo.


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Realização Singularte Produções A Singularte é uma empresa brasileira, criada em 2008, com atuação em diversas áreas culturais. Foi responsável pela elaboração e formatação de mais de 50 projetos culturais e sociais, além de ter realizado trabalhos de captação de recursos, captação de apoios, produção executiva, gestão e prestação de contas de diversos projetos. Em sua trajetória, destacam-se: produção executiva e realização da mostra A luz (imagem) de Walter Carvalho, no RJ, em Brasília, Fortaleza e São Paulo; administração da primeira edição da mostra El Deseo – O apaixonante cinema de Pedro Almodóvar; administração da 3ª edição do Festival Adaptação; produção executiva dos filmes Amor Puro e Simplesmente e Ensaio Chopin; realização do premiado espetáculo Chopin & Sand: Romance sem Palavras; agenciamento e administração do musical Carmen, o It Brasileiro;realização do espetáculo de dança Raízes & Frutos; gestão e prestação de contas do projeto Livro de Pinturas Carlos Vergara; aplicação do curso Gestão de Projetos, em evento do Sebrae, em São Luís do Maranhão; produção executiva da 51ª, 52ª e 53ª edições do Festival Villa-Lobos e aplicação de cursos e consultoria no projeto Rio Criativo.

BLG Entretenimento A BLG Entretenimento é uma produtora voltada para a realização e promoção de mostras e festivais de cinema, além de espetáculos teatrais. Fundada em 2012, pelo jornalista Breno Lira Gomes, produziu e/ou coproduziu os seguintes projetos de mostras: El Deseo – O apaixonante cinema de Pedro Almodóvar, Cacá Diegues – Cineasta do Brasil; Simplesmente Nelson; A luz (imagem) de Walter Carvalho; irmãos Coen – Duas mentes brilhantes; Claudio Pazienza, o encontro que nos move; John Waters – O papa do trash; Cine Doc Fr – Mostra de Cinema Documentário Francês Contemporâneo e David Lynch – O lado sombrio da alma. É responsável pela produção do Curso de Crítica Cinematográfica, ministrado pelo crítico Mario Abbade. Fez a produção local no Rio de Janeiro das mostras Retrospectiva Carlos Hugo Christensen e Godard inteiro ou o mundo em pedaços. Fez a produção de cópias das mostras África, Cinema e Cine Design, edição Rio de Janeiro e Florianópolis. No teatro atuou na produção dos espetáculos Chopin & Sand – Romance sem palavras; O Gato de Botas – O Musical; Vertigem Digital e Agnaldo Rayol – A alma do Brasil.


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Agradecimentos Agradecimentos especiais À Grande Othelo, por tantas alegrias e emoções. À família de Grande Othelo: seus filhos Carlos Sebastião Vasconcelos Prata, Mario Luiz de Souza Prata, José Antônio de Souza Prata e Jaciara Prata da Silva (in memorian). E suas netas Iracema da Silva Prata e Roberta Prata da Silva. Ao Dr. Heron Simões Mattos – Diretor Geral da FGO - Fundação Grande Othelo Agradecimentos às instituições Arquivo Nacional, Cinemateca Brasileira, Cinemateca do MAM, CTAV, Funarte, Fundação Grande Othelo Agradecimentos Abraão Silvestre, Academia Brasileira de Cinema, Adelaide Chiozzo, Agnaldo Rayol, Alexandre Lino, Alfredo Jacinto Melo, Alice Andrade, Alice Gonzaga, Aline Borba, Aluísio Sobreira, Amanda Clark, Ana Clara Andrade, Ana Cristina Murai, Ana Maria Nascimento Silva, Anndré Taquari Fagundes, Aníbal Massaini, Antonio Laurindo, Bete Bullara, Bruno Berlinger, Cacá Diegues, Carlos Henrique Teixeira, Caroline Catanhede, Cavi Borges, Celina Richers, Chef Luiz Incao, Cleber Tumasonis, Claudia Gori, Daniel Leite, Denise Marx Winther, Denise Miller, Djalma Limongi Batista, Eduarda Clark, Eliete Cotrim, Érico Bráz, Equipe São Brigadeiro, Fábio Vellozo, Fátima Costa, Fátima Taranto, Fernanda Assumpção, Fernanda Basílio, Fernanda Bruni, Fernando Bruni Clark, Fernando Lelis, Glênio Póvoas, Grupo South, Gustavo Fleury, Hector Babenco, Helena Ignez, Herbert Richers Jr., Hernani Heffner, Isabela Fraga, Ivan Sugahara, Ivelise Ferreira, Joana Nogueira, João Luiz Vieira, João Vinícius Saraiva, Joelma Neris, José Ferreira Gomes, Juliana Valença, Júlio Bressane, Karen Kushiyama, LC Barreto, Leandro Pardí, Leandro Valladão, Lili de Paula, Lúcia Bravo, Luciana Clark, Ludmila (Mercúrio Produções), Ludmila Olivieri, Luiz Carlos Barreto, Luiz Carlos Lacerda, Luiz Matias, Lula Cardoso Ayres, Marcelo Nogueira, Marcelo Pontes Cruz, Marcia Santanna Pereira dos Santos, Marcio Lima, Marcos Barreto, Marcos Bruno, Margarida Maria Lira Gomes, Maria do Rosário, Maria do Socorro de Carvalho Monteiro, Maria Gabriela Reis, Maria José Ribeiro Lira, Mario Abbade, Maristela Rangel, Mauricio R. Gonçalves, Mônica Alves, Murilo Salles, Murillo Almeida, Nando Mercês, Neilda de Souza, Nelson Pereira dos Santos, Olga Futemma, Paradise Video, Patrick Siaretta, Paulo Malta Campos, Paulo Moussalli, Paulo Rocha, Pedro Genescá, Pedro Roxo Nobre Franciosi, Rafael Dorilêo, Raquel Couto, Renato Braz, Regis Mendonça, Renan de Andrade, Renata Magalhães, Renata Ramos, Renato Bissa, Rita A. C. Ribeiro, Roberto Aguiar, Roberto de Castro Monteiro, Roberto Farias, Rodrigo Fonseca, Ronaldo Leite, Ronaldo Richers, Rosângela Sodré, Sergio Mota, Silvia Oroz, Sarau Agência de Cultura Brasileira, Suellen Felix, Tadeu Pereira dos Santos, Thaís Sobreira, Vera Lucia Sobreira, Yuri Rosenthal Robert e Zenaide Alves.


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Fontes consultadas CABRAL, Sérgio. Grande Otelo, uma biografia. São Paulo: Editora 34, 2007. FLÓRIDO, Eduardo Giffoni. Cinema brasileiro 1930-1959. Rio de Janeiro: Fraiha, 1999. OTELO, Grande. Bom dia,manhã. Rio de Janeiro: Topbooks, 1993. SERAFIN, Marly; FRANCO, Mário. Grande Otelo, em preto e branco. Rio de Janeiro: UltraSet, 1987. Programa do espetáculo Grande Othelo – Eta moleque bamba! (2004), direção Andre Paes Leme, texto Douglas Tourinho e realização Sarau Agência de Cultura Brasileira. Acervo Grande Othelo Jornais A Noite, Correio da Manhã, Jornal do Brasil, O Globo e Última Hora Revistas Fon-Fon, Revista de Domingo, Revista do Rádio, UH Revista,Veja Programa Ensaio, TV Cultura, 1990. Programa Roda Viva, TV Cultura, 1987.

Sites www.adorocinema.com.br www.ctac.gov.br/otelo/index.asp www.guiadoscuriosos.com.br/categorias/759/1/grande-otelo.html www.funarte.gov.br

Créditos Fotografias Academia Brasileira de Cinema, Acervo Grande Othelo, CEDOC Funarte, Cinemateca do MAM, Filmes do Serro, HB Filmes, LC Barreto, Regina Filmes, Roberto Farias. As fotos que não foram creditadas, a produção pede desculpas. Em futuras edições corrigiremos.

Depoimentos Os depoimentos de Chico Anysio, Milton Gonçalves, Ziraldo e Hidelgard Angel foram retirados do livro Grande Otelo em preto e branco, de Marly Serafin de Souza e Mario Franco Morante. O depoimento de Herivelto Martins foi retirado de entrevista à TV Cultura, para o programa Ensaio, de 1990. Os depoimentos de Adelaide Chiozzo, Agnaldo Rayol, Cacá Diegues, Érico Brás, Helena Ignez, José Prata, Luiz Carlos Barreto, Mario L. Prata, Murilo Salles, Nelson Pereira dos Santos, Ruth de Souza, foram colhidos por Angélica Coutinho e Breno Lira Gomes. A frase de Orson Welles foi retirada do livro Grande Otelo, uma biografia, de Sérgio Cabral. Os poemas de Grande Othelo foram retirados do livro Bom dia, manhã. As frases de Grande Othelo foram retiradas de fontes citadas acima. O Esboço de uma autobiografia (não efetivada), escrito por Grande Othelo foi retirado de suas anotações que se encontram no Acervo Grande Othelo, no CEDOC Funarte, no Rio de Janeiro.

Filmografia A filmografia de Grande Othelo contida nesse catálogo foi retirada do livro Grande Otelo, uma biografia, de Sérgio Cabral.


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Presidenta da República Dilma Vana Rousseff Ministro da Fazenda Joaquim Levy Presidente da Caixa Econômica Federal Miriam Belchior

Créditos Idealização João Monteiro Curadoria Breno Lira Gomes & João Monteiro Coordenação Geral Breno Lira Gomes Produção Executiva Mariana Sobreira Produção Bruno Imenes Produção Local – São Paulo Karina Francis Urban & Fernanda Denuzzo Prestação de Contas Carolina Villas Boas Apoio de produção Marina Fish Monitoria – São Paulo Caio Pastore Monitoria – Rio de Janeiro Wallace Rocha Coordenação Editorial & Produção do Catálogo Angélica Coutinho Pesquisa & Revisão de Textos Antero Leivas Programação Visual Guilherme Lopes Moura Editora de redes sociais Mariana Volker Vinheta André Cunha Barbosa Assessoria de Imprensa – São Paulo Genco Assessoria e Comunicação Assessoria de Imprensa – Rio de Janeiro Primeiro Plano Registro Fotográfico – Rio de Janeiro Cátia Castilho Transporte de cópias Fênix Cargo Impressão catálogo Gráfica Stamppa Licenciamento Fundação Grande Othelo


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Caixa Belas Artes – SP 8 a 21 de outubro de 2015 Rua da Consolação, 2.423 (11) 2894-5781 CAIXA Cultural RJ 17 a 29 de novembro de 2015 Av. Almirante Barroso, 25, Centro (21) 3980-3815 Alvará de Funcionamento: nº 041667, de 31/03/2009, sem vencimento.

Acesse www.caixacultural.gov.br Baixe o aplicativo Caixa Cultural facebook.com/CaixaCulturalSaoPaulo facebook.com/CaixaCulturalRioDeJaneiro Preserve o meio ambiente. Recicle. Descarte este material em local adequado


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Distribuição gratuita. Venda proibida. ISBN 978-85-66110-21-0

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