Jornal Aldeia de Caboclos - Abril

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de Caboclos Ano 1, nº05 - março de 2011 - 20.000 exemplares

Falando de Umbanda

Religião X Educação X Consciência

Quando peço para alguém dizer o que representa a palavra RELIGIÃO, a resposta é imediata: -“Amor, fé e caridade!”

hábitos humanos em prol de um bem maior: o PLANETA, onde num futuro bem próximo, viverão nossos filhos e netos.

Quando faço a mesma pergunta para a palavra ESCOLA, a resposta é: “Educação!”

Portanto, não é porque os rituais das culturas africanas sacrificavam seus animais que continuamos a fazê-los atualmente. Eu pessoalmente defendi a tese para a proibição do sacrifício animal, que já não condiz com a realidade que vivemos.

Pergunto-me porque as pessoas não fazem a ligação entre religião e educação, já que a evolução espiritual da alma é lenta e amadurece ao longo da jornada terrena, de acordo com as convicções e atitudes de cada um. A palavra de ordem hoje é ECOLOGIA e a atitude politicamente correta é a ECOLÓGICA. Esse conceito mundial dita a regras sociais e modifica os

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Ecologia é uma ciência que estuda a equalização entre meio-ambiente, os seres vivos e as interações que determinam a justa distribuição. A palavra ecologia vem do grego “oikos” (casa) e “logos” (estudo), ou seja, o estudo da casa (lugar) onde se vive. Esse termo foi utilizado pela primeira vez

em 1869 por Ernest Haeckel (cientistas alemão) e a primeira revista ecológica (Mother Earth – Mãe Terra) foi publicada em 1.906 por uma anarquista (vejam só!) Emma Goldman, nascida no Império Russo – Lituânia que tornou-se uma ensaísta de filosofia anarquista e escreveu vários artigos anticapitalistas, sobre a emancipação da mulher, sobre problemas sociais e sobre a luta sindical. Pois bem, a partir daí, quando um assunto começa a ser discutido e é bem aceito pela população (como sempre) vai num crescendo até chegar a níveis discutíveis, pois creio que o extremo nunca é a melhor atitude. O bom senso sempre deve prevalecer, senão nos deparamos com casos hilários, mas preocupantes, como por exemplo, quando pessoas passam mal ou são acidentadas e não podem ser socorridas

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por que estão num gramado e ao lado há placa com a mensagem: ‘PROIBIDO PISAR NA GRAMA”. Parece brincadeira, mas aconteceu com uma pessoa próxima e o guarda do local não permitia a aproximação, porque havia recebido uma ordem: -“NÃO DEIXE NINGUÉM PISAR NA GRAMA!.” Felizmente esses casos são raros. Mas, porque estou falando sobre isso? Explico: O SANTUÁRIO NACIONAL DA UMBANDA foi idealizado e tornou-se realidade por causa da necessidade da religião ter um local onde pudesse praticar seus rituais sem poluir rios, lagos, cachoeiras, matas, pedreiras, praias, ruas, enfim...] Hoje é política-ecológica-moralmente incorreto fazer entregas em locais que não sejam adaptados para isso. Como cidadãos-conscientes sabemos que isso está certo, pois nós mesmos não gostaríamos de ver garrafas de champanhe, farofa e velas acesas nas esquinas de nossas casas, bem como espinhos de rosas e restos de isopor nas areias das praias que freqüentamos, pelo risco à saúde, pela sujeira no dia seguinte e pelo visual agressivo das entregas para Exus. Acender velas em matas provoca incêndios; entregar bebidas em rios e lagos prejudica os peixes; espinhos e velas nas areias queimam e machucam os pés descalços. Para evitar isso temos os dias certos para ir até o mar e a municipalidade tem o compromisso de deixar tudo em perfeitas condições para os banhistas que, por sua vez, sabem que naquela ocasião não deverão circular descalços e nem terão o direito de reclamar.

Passo a passo, as religiões foram se adaptando ao longo dos séculos às mudanças das pessoas e de suas vidas e creio que hoje estamos num patamar razoável de convivência entre religião x ecossistema. Porém, uma coisa me entristece e preocupa profundamente. Por mais que procuramos alertar, orientar, e até mesmo proibir que as pessoas façam trabalhos em áreas não permitidas, elas continuam fazendo. Oferendas são feitas na estrada de terra que leva até o do SANTUÁRIO NACIONAL DA UMBANDA e, com muita freqüência, ao circular pela região encontramos usuários que acabaram de sair de dentro do SANTUÁRIO acendendo velas, fazendo entregas, arrancando plantas, etc. Em primeiro lugar, quero deixar bem claro que isso é uma infração ambiental e, se forem pegos em flagrante pelas viaturas do SEMASA (que circulam com freqüência naquela região) além de multados, serão indiciados e responderão processo. Não raro temos que apagar velas a cada 10 ou 20 metros, deixadas ao longo da estrada e junto à vegetação (em geral muito seca) para evitar incêndios. Infelizmente não são raros, e quando ocorrem têm que ser apagados pelos próprios funcionários do SANTUÁRIO, que arriscam suas vidas no meio da mata seca, normalmente voltando com roupas e sapatos queimados. Sem contar o risco que essas pessoas se expõem, incluindo as que lhes acompanham, (sem falar das crianças). Sabemos que hoje não existe local seguro, mas um lugar de pouca circulação, convenhamos, é bem mais propício para algum desocupado

que passe ocasionalmente por ali (não se esqueçam do dito popular: “A ocasião faz o ladrão.”). Utilizo esse espaço para um apelo aos usuários do SANTUÁRIO NACIONAL DA UMBANDA. Não façam entregas fora do santuário. Ele existe para que você tenha segurança, facilidade e respeito. Peço para aos que presenciarem essas situações que abram o vidro de seus carros (sem parar o automóvel) e diga-lhes que isso é proibido; não acenda velas próximo à vegetação! Para finalizar aproveito para deixar meu recado: Sem educação e consciência não se pratica nenhuma religião. O Ecossistema agradece! “ Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos e não tivesse amor, ... eu nada seria.” Pai Ronaldo Linares – irmão-presidente da FEDERAÇÃO UMBANDISTA DO GRANDE “ABC”, mantenedora do SANTUÁRIO NACIONAL DA UMBANDA

FEDERAÇÃO UMBANDISTA DO GRANDE “ABC” Informamos que O SANTUÁRIO NACIONAL DA UMBANDA estará FECHADO apenas nos dias 24 e 25 de abril de 2.011 (domingo e segunda-feira, PÁSCOA).

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Editorial

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Prezados irmãos de fé e leitores, seguimos com muita força, atenção e propriedade na missão de combater a intolerância religiosa, demonstrando total repúdio em relação a atos desta natureza e buscando que tais atos e atitudes não fiquem impunes e, igualmente, sejam levados ao crivo da Lei e a apreciação do eminente Poder Judiciário. É sabido que por mais que os diversos meios de comunicação explicitem o quão abominante é a prática da intolerância religiosa, esta lastimável prática segue, lamentavelmente, muito presente entre nós. Então, necessário se faz que cada vez mais sejamos firmes, atentos e participativos efetivamente no combate a este notório desrespeito a liberdade

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religiosa dos seres humanos. Vale ressaltar que a Carta Magna de nosso país, o conjunto de normas jurídicas máximo da nossa pátria, isto é, a Constituição da República Federativa do Brasil, destaca no inciso VI de seu artigo 5º, a garantia a todos da liberdade de consciência e de crença e assegura o exercício dos cultos religiosos e a proteção aos locais de culto e a suas liturgias. Portanto, estejamos alertas e prontos para denunciar às autoridades competentes (Delegados de Polícia/Promotores de Justiça) qualquer tipo de real violação e desrespeito a nossa inviolável liberdade religiosa. Que Oxalá ilumine o caminho de todos nós!

Salve a Umbanda, que é amor e caridade, Salve Zambi! Alexandros Barros Xenoktistakis

EXPEDIENTE Diretor: Engels B. Xenoktistakis Direção de Arte: Daniel Coradini Redator: Engels B. Xenoktistakis Colaboradores: Adriano Camargo / Ronaldo Linares e Alexandros Xenoktistakis Assessoria Jurídica: Alexandros Barros Xenoktistakis – OAB/SP 182.106

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As Ervas têm Alma! Ervas na Aldeia religiosos, são as poderosas e ricas oferendas, em tamanho e capricho, vão dando lugar às bênçãos da simplicidade e vemos que cada vez mais a espiritualidade tem colocado condições em nossa vida para sermos práticos, objetivos e assertivos. Dei esse exemplo das oferendas para falar da simplicidade que precisamos ao lidar com as ervas. Desde o conhecimento do simples até a forma de colhê-las ou adquiri-las e prepará-las. Num passado não muito distante, tínhamos tantos terrenos desocupados apinhados de ervas boas para a prática ritualística que nem nos preocupávamos quando um guia espiritual recomendava um banho, pois sabíamos que estava lá à disposição e que sempre tinha alguém que conhecia a erva solicitada. Pois bem, o mundo mudou e hoje recorremos a maioria das vezes à produtos adquiridos nas casas de artigos religiosos, muitas vezes confiando apenas nos péssimos descritivos das embalagens artesanais, que acusam a erva pelos seus nomes populares e ritualísticos.

O mundo mudou. Tem mudado a cada minuto, o que ontem era regra, hoje já não é mais. Estamos de cabeça para baixo, e as coisas vão mudando de lado e direção o tempo todo. A velocidade da informação tem ditado as regras. Impérios ditatoriais caindo, pessoas se reunindo em busca de um ideal político. Vimos nos últimos dias a queda do governo egípcio, entre outras transformações políticas, terremotos e tsunamis que mudam a geografia física e espiritual do mundo. A internet, email, redes sociais, tornam tudo muito mais rápido e próximo. O Google é o oráculo dessa era digital. Antes, os oráculos eram consultados para dar uma direção, um prisma do que fazer, e todos confiavam nos seus mentores oraculares. Hoje se você precisar de uma informação imediata, o pai Google estará á disposição no ponto de acesso mais próximo. Dia desses estava preparando uma aula e repassando o assunto oferendas e relembrando alguns pontos importantes desse assunto. Desde criança aprendi que oferenda-se o que podemos ter de melhor: a melhor bebida, o melhor charuto, etc. Lembro de uma pessoa com quem trabalhei num terreiro, que todos os anos fazia uma oferenda à esquerda que era “invejável”. Isso mesmo, eu olhava a forma dela preparar aquilo e me achava um incom-

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petente com as minhas, pequenas e humildes ofertas. Ela preparava as toalhas da entrega bordando e costurando-as à mão, charutos e cigarros das melhores marcas, bebidas importadas e taça e copos da melhor qualidade, todos dispostos de forma rigorosamente milimétrica, com a devida descrição do destinatário. Só faltava uma cartinha para cada Exu ou Pombagira, agradecendo formalmente pelo ano decorrido. Eu via aquilo e imaginava... ano que vem faço assim... e no ano que vinha, lá estava eu correndo (pra variar) para fazer as oferendas, simples como sempre. Vale lembrar que simplicidade não é simplismo, ou relaxo mesmo, falando claro. Nunca fiz minhas entregas de “qualquer jeito”, mas confesso, nunca fui um “designer de oferendas”. Cada vez temos menos tempo e menos locais adequados na natureza para oferendarmos nossos Orixás. Ainda bem que ainda há locais, como o Santuário Nacional de Umbanda, em Santo André SP, onde ainda podemos ter boa infra-estrutura e locais adequados para as práticas litúrgicas, assim como o Vale dos Orixás em Juquitiba, entre outros. Dependendo do que se oferenda hoje, isso se torna o lixo de amanhã. Garrafas, pratos e copos, tecido, enfim, vão virando um amontoado de material inorgânico de difícil decomposição. Esse conceito de que trabalho bem feito, em termos

Vale lembrar que para fazer um bom banho, defumação ou outros preparos não é preciso ser um expert no assunto. Se a exclusividade do uso das ervas fosse do pai de santo, elas cresceriam só no quintal dele, não é mesmo? Nossa amada Mãe Natureza permite a nós essa fantástica ferramenta, mas é preciso alguns cuidados. Mesmo que você adquira suas ervas num comércio de sua confiança, é impossível saber quem plantou, colheu e em que condições emocionais isso foi feito, quais cuidados seu manipulador teve, enfim, é improvável que essa erva venha “pronta” para seu uso. Antes do preparo de um banho, procure olhar a erva para ver se não está mofada, com sujeiras, pedriscos, e se está com uma aparência agradável. Rejeite embalagens amassadas e empoeiradas, sem etiqueta de validade e identificação do produtor. Mesmo que seja para defumação, use apenas ervas de boa qualidade e procedência. Lembro uma vez conversando com um lojista do ramo religioso, onde ele falava que não se importava com a qualidade do que estava vendendo, pois era pra banho mesmo... Assim como você não vai comer um alimento estragado, não jogue no seu corpo algo inadequado. Concentre-se nas ervas, espalme suas mãos sobre elas e faça uma oração para purificação do seu preparo. Chame como quiser. Reza, prece, oração, evocação, determinação mágica, enfim, o importante é a

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ativação da força vegetal contida na erva. Vamos lembrar do poder da palavra. Isso me remete a uma máxima oriental que diz que Deus, só diz uma palavra: SIM. Deus diz sim para todas as nossas afirmações, positivas ou não.

esclarecimento divino, superiores em compreensão e inteligência e rejeitam invariavelmente a crítica de supersticiosas. Mas qual a diferença entre suas criaturas místicas e as da cultura popular? Então, a reza tem efeito sim!

Desde que nos dirigimos a Ele com Amor e Bom Senso, as realizações também se multiplicam. A palavra tem tanta força que criou o mundo, de acordo com a gênese católica. Nossa mente é extremamente poderosa e nossa palavra também. Quando determinamos o rumo que a energia deve tomar, damos direcionamento a ela. Isso é respeito. Ao respeitar a energia, ela devolve como uma reação física: Para toda ação existe uma reação de igual ou maior intensidade. (Newton) Quando rezamos, colocamos ali nossa Fé, e damos direcionamento para a energia. As ervas têm alma, personalidade e sentimentos tão envolventes como qualquer ser vivente na natureza, inclusive o homem. É essa a energia, a força que evocamos. O espírito vegetal. Há muitas rezas e evocações maravilhosas, mas para o que pretendemos aqui, há uma evocação básica. Eu evoco Deus, nosso amado Pai Criador, evoco a Mãe Terra, vossas forças vegetais, o sagrado espírito vegetal e peço que abençoe esse banho, defumação, chá, etc, para o meu beneficio e beneficio de meus semelhantes, assim seja, e assim será. Essa reza, bastante simples requer apenas mais duas coisas: Amor e Bom Senso. Cada religião costuma envolver seus ritos em roupagens folclóricas e verbalizações incontestáveis, chamando-as de ciência oculta, sabedoria milenar do oriente ou de outro lugar místico, e tentam mostrar que as outras religiões, suas concorrentes, são falsas porque não têm o segredo dos mistérios. Seus místicos se consideram uma minoria privilegiada pelo

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Perdoem-me os místicos de plantão, mas VIVA A SIMPLICIDADE! Deus está e se manifesta nas coisas simples. Você não é obrigado a fazer a evocação dessa forma que está aqui. Mas use o bom senso. Desenvolva seu critério de oração. São nos Sagrados Anjos que você ancora sua fé? Então reze a eles. São aos Orixás que você clama em suas preces, ótimo! Eles com certeza estarão presentes na ativação da erva. Clame aos Santos de sua conveniência, e estará tudo certo. Deus responde à sua criação da melhor forma que sua criação possa entender. Para o negro africano, Deus será também negro. Para o oriental, terá feições orientais e assim por diante. Suas divindades, representação viva de Deus, se apresentam da mesma forma, com variações culturais e regionais, mas sempre a mesma essência. Não há magia sem ativação. É necessário desencadear o processo de ação da erva. Ao colher a erva, devemos mentalmente pedir licença ao espírito vegetal que a anima, dizer-lhe que esta sendo colhida e será útil a um ser vivente, parte da criação divina. Esse espírito irá responder com toda sua força, e concentrará na parte a ser colhida as essências necessárias para a cura. Desde que ele entenda que você se dirige com Amor e Bom Senso, as ervas se doam pela causa da criação. Crendice popular? Duvido. Contra os fatos não há argumentos.

Fato é que a ação da erva comprovadamente aumenta se for ativada com uma oração. Oração misturada, sem critério, é que nem raizeiro que não conhece raiz... Pode matar pela falta de conhecimento, ou tornar a raiz inerte, sem efeito. O escritor Hugo Prata comenta que é mais fácil acreditar em lobisomem do que em Deus, “porque ninguém nunca viu Deus, mas lobisomem, muita gente já viu”. E nós dizemos: “Qual o alcance que você quer em sua magia? Esse deve ser o tamanho da sua Fé!” Pra não perder o costume, vamos dar algumas receitinhas de banhos, defumações e amacis na vibração dos nossos amados Orixás: Ervas do Orixá Oxalá: boldo, folha da fortuna, folhas de oliveira, algodoeiro, anis estrelado, alfazema, jasmim. Ervas do Orixá Ogum: aroeira, quebra demanda, guiné, folhas de café, capim cidreira, cavalinha, peregun verde (dracena). E isso turminha! Na próxima edição tem mais! Que nossos amados Pais e Mães Orixás nos abençoem hoje e sempre! Sucesso, saúde e alegria a todos! Adriano Camargo Adriano Camargo é sacerdote dirigente do Templo Escola de Umbanda Ventos de Aruanda em São Bernardo do Campo – SP, e seu trabalho está voltado para o conhecimento religioso da Umbanda e dos elementos naturais. Informe-se sobre cursos: Site - www.erveiro.com.br Email - adriano@ervasdajurema.com.br Twitter - @adriano_erveiro Facebook – Adriano Camargo Erveiro Tel. (11) 4177-1178

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Umbanda Unidade e respeito à diversidade na Umbanda Legal

Unidade é a identidade em comum, é aquilo que caracteriza vários subgrupos diversos como sendo parte integrante de um grupo comum. Diversidade é o que diferencia estes subgrupos. A Umbanda é uma religião brasileira, com alguns elementos que a caracterizam como tal, como o fato de ter sessões mediúnicas, de sincretizar os Orixás com santos católicos, de praticar a caridade. No entanto, a Umbanda também é uma religião pautada na diversidade. Assim, há terreiros cuja ritualística e a doutrina são mais voltadas à vertente afrodescendente; em outros, vêse uma forte influência indígena; há ainda terreiros cujo espiritismo foi fonte primária; outros terreiros têm influência católica tão marcante, que se autodenominam terreiros de Umbanda catolicizada. Essa diversidade está presente no cotidiano dos terreiros, sem que os desconfigure como terreiros de Umbanda. No entanto, como o ser humano quase sempre se deixa levar pelo seu ego, há situações em que a diversidade coloca em risco a unidade da religião. Uma dessas situações seria quando dirigentes, paisde-santos, ou qualquer que seja o nome do condutor dos trabalhos espirituais de um terreiro, sobrepõem aos outros dogmas e preceitos advindos da sua própria cabeça, mudando tão drasticamente os rituais de sua Casa, “criando” regras e procedimentos sem nenhum fundamento, e consequentemente, afastando-se do fio condutor que caracteriza a religião em si. Em geral, tais dirigentes assumem a posição de emissários de Deus, donos e representantes legítimos da religião na Terra, comportamento que historicamente tem se mostrado catastrófico em diversas religiões e em variados momentos históricos.

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Uma outra situação prejudicial à unidade, é o momento em que a diversidade começar a gerar preconceitos com relação ao diferente, ao outro, ao que não é igual. Assim, discursos do tipo: “a minha Umbanda é melhor que a do outro” refletem uma diversidade arrasadora que traz um enorme dano para a religião como um todo. O Umbandista, que tanto clama pelo fim da intolerância religiosa, deve envergonhar-se ao pensar em criticar o terreiro de um irmão de fé. Como podemos pedir que os adeptos de outras religiões (que em geral desconhecem totalmente o princípio e a grandeza da nossa amada Umbanda) não sejam preconceituosos, se nós, umbandistas, muitas vezes julgamos o modo como um terreiro irmão lida com a sua religiosidade? Quem somos nós para apontar o dedo e condenar o método de trabalho do outro? Onde está escrito que um dos fundamentos da Umbanda é impor o seu ponto de vista sobre os demais?

respeito. O estudo, para que não deixemos que o nosso ego nos leve a devaneios injustificados, não fundamentados, que de nada auxiliam a nossa caminhada. E o respeito, pois com a consciência de que, apesar de diferentes, nós umbandistas, somos parte de um todo, da religião que é “a manifestação do espírito para a caridade”, estaremos aptos a exigir respeito de todos os que nos cercam, umbandistas ou não. Erica Camarotto - SEARA ESPÍRITA TRÊS OGUNS - escrito em 21/07/2010

É fato que na sociedade atual, onde o “eu” impera, o termo menos utilizado é “alteridade”. Alteridade abarca tudo o que se refere à nossa relação com o outro. No entanto, não é um termo que traz a carga de julgar o outro. Muito pelo contrário. Alteridade é a capacidade de ver o outro como diferente, mas respeitar as diferenças, aprendendo a viver em harmonia. O próprio Zélio Fernandino de Morais afirmou: “ Feche os olhos para a casa de seus vizinhos; feche a boca para não se virar contra quer quer que seja; não julgue para não ser julgado; pense em Deus, que a paz encontrará a sua casa.” Assim, vê-se que na Umbanda é essencial o estudo e o

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Existem também os apegos emocionais. Por egoísmo ou insegurança, nos apegamos as pessoas ou situações da vida, que, por mais dolorosos sejam os problemas, não conseguimos deixar o porto do comodismo e do sofrimento. Não conseguimos soltar as amarras e deixar nosso barco navegar para novos oceanos. “Quantos estamos presos a grilhões invisíveis? Esse está preso ao campo que comprou por milhões. Outro se prendeu a fama que lhe consome a vida. Aquele lembra um louco em algemas de ouro. Há quem faça do amor um cativeiro em trevas. Se queres paz em Deus, desapega-te e ama”. Emmanuel.

Reforma Íntima

D e s a p e g o

“ONDE ESTIVER O TEU CORAÇÃO, AI ESTARÁ O TEU TESOURO”. Jesus. O desapego é um dos mais importantes caminhos que o homem deve seguir rumo a sua elevação espiritual. Desapegar-se é renascer todos os dias com uma energia nova, revigorada. É dar valor a tudo o que se tem ou conquistou. É lutar com intensidade para vencer os obstáculos da vida terrena, usufruindo os bens da terra, mas não se apegando a nada. “O apego é a origem de todos os males do mundo” Buda. Desapegar-se é sentir-se liberto das algemas do mundo. É literalmente, soltar-se de algo, desprender-se. É abandonar uma posição social ou profissional sem sofrer. É livrar-se do que não nos é mais necessário. É abrir-se para o que está por vir. É praticar um vôo para a liberdade. “Só se podem juntar as mãos quando elas estão vazias”. Provérbio Tibetano.

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DESAPEGO = A DOR DA LIBERDADE. Não é fácil nos libertarmos deste sentimento que nos aprisiona há milênios em encarnações de expiações e resgates. Praticar o desapego dói. Mas é plenamente possível! Devemos aprender a fechar os ciclos da vida. Não vamos nos aprisionar ao verbo ter. Se não abrirmos mão do que é velho, não haverá espaço para o novo. Praticar o desapego é abrir mão da vontade de dominar, escravizar, possuir e manipular seres ou situações que a vida nos apresenta. “Amar é ter um pássaro no dedo. Quem tem um pássaro no dedo sabe que, a qualquer momento ele pode voar”. Anônimo.

Um senhor muito rico, viajou a um país distante para visitar um sábio. Ao adentrar a sua residência, notou que ela de tão simples, quase não tinha móveis. Diante de tanta simplicidade, o visitante não resistiu e perguntou: - Onde estão os seus móveis? A resposta do sábio veio em forma de pergunta: - E onde estão os seus? - Ora, ora. Estou aqui somente de passagem, respondeu o milionário. - Eu também estou aqui apenas de passagem, respondeu o sábio. A doutrina espírita não condena a riqueza, nem a aquisição de bens materiais. Ela condena o mau uso destes empréstimos divinos. Estamos na terra apenas de passagem, no entanto, algumas pessoas vivem como se fossem ficar aqui eternamente. Apegam-se a tudo e a todos. Não é importante o que temos ou deixamos de ter, mas o que somos ou nos tornamos mediante o que possuímos ou não possuímos.

O vôo de nossa alma rumo às paragens celestiais exige o desapego de tudo e de todos. Amemos os seres da criação incondicionalmente, mas liberemos nosso espírito para que ele siga o fluxo divino que Deus nos preparou. Dois monges budistas viajavam juntos quando chegaram às margens de um rio caudaloso. Encontraram lá uma linda jovem tentando atravessá-lo. Prontamente um dos monges ofereceu-se para levá-la e erguendo-a nos braços, levou-a até a outra margem. Logo após, seguiram viagem. Depois de muito tempo de caminhada, o discípulo perturbado com o acontecido, questionou o mestre: - Não é correto tocar uma mulher. Não podemos ter contatos íntimos e, apesar disso, o senhor atravessou o rio com aquela moça nos braços – Não acho isto certo! - Tolo – respondeu o mestre – Eu deixei a moça na outra margem do rio. Você ainda a está carregando nos braços. “DINHEIRO PERDIDO, NADA PERDIDO; SAÚDE PERDIDA, MUITO PERDIDO; CARÁTER PERDIDO, TUDO PERDIDO”. Provérbio Judaico. Matéria: Vereador Quito Formiga

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Feijoada beneficente do Preto Velho pai José de Aruanda Amor ao próximo

Ocorreu com grande sucesso, alegria e energias ultrapositivas no dia 06/02/2011, no Ginásio do Parque da Mooca na cidade de São Paulo-SP, a Feijoada Beneficente do Preto Velho Pai José de Aruanda, tendo como seus organizadores o Templo Amor e Caridade Caboclo Pena Verde e a Escola de Curimba e Arte Umbandista Aldeia de Caboclos, sendo seu idealizador nosso prezado irmão umbandista Engels B. Xenoktistakis (Engels D’ Xangô). O importante evento e a deliciosa feijoada servida foi fruto de excelente trabalho em conjunto dos filhos do Templo e Amor e Caridade Caboclo Pena Verde e de alunos da Escola Aldeia de Caboclos. Todos unidos em prol de um louvável objetivo! O presente evento contou com a presença de cerca de 250 pessoas, com o apoio e atuação da equipe da AD Eventos e foi regado a empolgantes apresentações como as do Grupo de Capoeira Corrente e Mestre Beterraba e do grupo de pagode Batucada dos Amigos. O trabalho se estendeu noite a fora após encerramento das atividades dentro referido Ginásio, foram distribuídos cerca de 300 pratos de feijoada a moradores de Rua dos Bairros da Mooca e do Brás. Sigamos fazendo a nossa parte. Umbandistas sigamos sendo um exemplo de solidariedade, de respeito à crença do próximo e de relevantes trabalhos voluntários em prol de quem tanto necessita!

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Câmara Municipal Homenageia a Mulher Umbandista no Dia Internacional da Mulher dou no ano de 1989 juntamente com sua amada mãe Maria Raimunda Jorge Barros o Templo Amor e Caridade Caboclo Pena Verde, sendo sua atual presidente. Destaca-se, igualmente, que a Yaorixá Juveni é vicepresidente da Escola de Curimba e Arte Umbandista Aldeia de Caboclos. Por conclusivo, salienta-se que Mãe Juveni é para todos que a conhecem um símbolo de honestidade, competência, amizade, garra, amor, solidariedade e superação!

Em sessão solene no dia 17/03/2011, a Câmara Mu-

devido a sua história de 45 anos de dedicação, amor e

nicipal de São Paulo comemorou o Dia Internacional

relevantíssimos trabalhos em prol da Umbanda e de

da Mulher prestando homenagens a 18 cidadãs com

inúmeras comunidades carentes.

histórias de vida e trajetória destacadas por suas realizações em prol da sociedade, representando todas

Um breve histórico da Mãe Juveni Luz Barros

as mulheres da cidade de São Paulo.

Xenoktistakis

A mesa da sessão solene, no Plenário Primeiro de

Nascida em 27/08/1951 no município de Carolina-

Maio, foi presidida pela vereadora Juliana Cardoso e

Maranhão e criada na cidade de Goiânia no estado

composta pelas vereadoras Sandra Tadeu, Edir Sales

de Goiás, casada com o senhor Panagiotis Myron Xe-

e Noemi Nonato. A cerimônia contou com a anima-

noktistakis, mãe de três de filhos e avó de três netos.

ção do vereador Agnaldo Timóteo (PR), que cantou duas músicas para as homenageadas, que se emocio-

Iniciou suas atividades na Religião Umbandista aos

naram.

treze anos de idade. Desde a adolescência atua de forma amorosa, corajosa e exemplar em prol de inúmeras

E para grande alegria da Nossa Umbanda estivemos

comunidades carentes através da realização de diver-

representados com muita honra pela Mãe Juveni Luz

sos e distintos projetos sociais. Leva adiante com muita

Barros Xenoktistakis, Presidente do Templo Amor e

fé, de forma vibrante, alegre e com muita propriedade

Caridade Caboclo Pena Verde, que foi homenageada

a bandeira da Umbanda, disseminando sua essência

por indicação do nobre Vereador Quito Formiga – PR

de Amor, Caridade e Preservação da Natureza. Fun-

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Umbandistas de Pinda realizam festa de Ciganos e Boiadeiros Eventos

Um singelo barracão, num sítio a beira da estrada que conduz ao bairro Ribeirão Grande, em Pindamonhangaba (SP), aos poucos se transforma, com a chegada de muitas pessoas, no terreiro para a Festa de Ciganos e Boiadeiros. Entidades espíritas cultuadas pelos religiosos da Umbanda, Ciganos e Boiadeiros são incorporados por médiuns autorizados e doutrinados pelo Pai do Terreiro, neste caso o Pai Nenê, que incorpora o preto velho Pai Joaquim das Almas, na corrente dos pretos velhos, além de outros orixás. A noite começa a ouvir o som dos atabaques, magistralmente percutidos pelos Ogans, enquanto o Pai Nenê puxa o ponto para abrir os trabalhos da festa. Os filhos da corrente e a assistência se unem recitando as preces de abertura dos trabalhos, seguindo-se a defumação do congá e de todo o ambiente. Para firmar a energia (imantação positiva), o Pai da Casa pede a presença dos Caboclos, os quais passam pelo Terreiro e se despedem, dando passagem para os orixás festejados. Antes de incorporar o seu cigano, de nome Pedro, Pai Nenê faz uma breve preleção aos presentes, a respeito dos Ciganos.

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Resumidamente, a mensagem e mais ou menos assim: O povo cigano traz, na carroça, todas as esperanças de melhores tempos. E preciso cada um se reconhecer merecedor e fazer parte dessa tarefa que é superar as dificuldades de cada jornada, praticando o bem e a caridade, abandonando os medos e o sentimento de derrota. Para os ciganos, o tempo é justo, as frutas alimentam, as flores enfeitam e a água sacia. Por isso, alimentar as esperanças é permitir aos ciganos agirem em nosso benefício. Após a preleção, o Pai da Casa toma assento ao lado do altar, estilizado em carroça, e faz sua concentração para trazer o cigano Pedro. Os demais médiuns que incorporam ciganos também se concentram e a gira de ciganos tem início. 0 encantamento desse povo tradicionalmente nômade emociona aos presentes, pelos seus gestos elegantes e sua fala serena, trazendo mensagens de paz e orientação aos consulentes presentes à festa. Alguns presentes são oferecidos aos ciganos, como leques, champanhe ou mesmo charutos ou cigarros. Durante algum tempo as pessoas se revezam, conversando com os ciganos que estão no terreiro de Pai Nenê.

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“Salve a subida dos Ciganos” e a palavra de ordem para esses orixás deixarem o corpo dos médiuns, pois estes ainda deverão incorporar os Boiadeiros, outra linha da Umbanda. Com a saída dos ciganos, todos os médiuns se apressam em trocar suas vestes, pois boiadeiros estão para chegar. Mais uma vez, Pai Nenê se apresenta diante dos atabaques, puxando agora - pontos dos Boiadeiros. Um a um os médiuns vão dando passagem para essas entidades.

baianos também “descem” para atender ao público. No fechamento dos trabalhos, uma breve gira de Exu (entidades da chamada “esquerda”) chegam para descarregar o Terreiro. “Seu Sete Encruzilhadas” traz a falange da esquerda, que permanece por pouco tempo e fecha a festa. As pessoas retornam para suas casas e o barracão volta ao silêncio.

Pai Nenê incorpora outro Pedro, dessa vez um boiadeiro de gestual firme e forte, tal qual boiadeiro na lida do cotidiano.

Enquanto isso, no escuro da madrugada quente de novembro, o vazio da estrada parece anunciar a chegada de nova manha, na qual muitos filhos da Umbanda estarão se sentindo mais orientados e protegidos pelas bênçãos dos Ciganos e Boiadeiros.

Aliás, os boiadeiros da Umbanda são espíritos de homens que, em vida, dedicaram-se na lida com o gado.

Axé!

Em sua chegada, desenvolvem uma dança cuja coreografia parece mais mímica. Seu trabalho, na religião umbandista, e orientar os fiéis sobre a importância de se manterem firmes e resistentes nas dificuldades da vida.

Texto e fotos: Marcos Ivan de Carvalho, jornalista e escritor; (12) 9131-9548; email: ivanpress@gmail.com Marcos Ivan de Carvalho - MTB 36.001

Em seus conselhos, estimulam a força de vontade das pessoas, para que todos busquem vida mais plena, farta e pacífica. Costumam usar bebidas fortes, cigarros de palha ou charutos. Quando podem, os fiéis são convidados a apreciar um “axé” da bebida, que é um mínimo trago. A sabedoria dessas entidades que representam o trabalhador curtido pelo sol e vencedor de dificuldades é algo admirável. Pedro Boiadeiro, por exemplo, dá uma mensagem que sintetiza a importância de se valorizar um emprego, por mais difícil que seja a relação das pessoas no ambiente de trabalho. “Não queira falar mal de seu patrão, pois e ele quem lhe paga o pão”, afirma a entidade incorporada pelo Pai do Terreiro. A comida dos boiadeiros sempre será, na Umbanda, uma tradição em suas festas. Farofa, pimenta vermelha, carne assada. Os médiuns incorporados circulam por entre a assistência, atendendo consultas, aconselhando e oferecendo sua bebida ou comida. E todos se servem, para ganharem a boa imantação. Em certo momento da festa, Pedro Boiadeiro cobra, dos demais boiadeiros, o cumprimento de uma obrigação deixada em trabalho anterior. Sete boiadeiros se apresentam, e colocam, num desenho traçado por Pedro, garrafas de cerveja, velas vermelhas e brancas, um prato de comida e um palheiro (cigarro de palha). Alguns assistentes são escolhidos por Pedro Boiadeiro para se aproximarem do local, tomarem um axé da bebida, acendendo o cigarro e fazendo seus pedidos, mentalmente. Boiadeiros “sobem” e Pedro ao se despedir-se avisa que João Baiano da Água de Coco vai chegar, para xeretar na festa. Mais atabaques tocando pontos, agora de baianos. “Seu João Baiano” chega, com o jeito baiano de ser, saudando a todos, conversando com alguns. Outros

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Filhos Do Cacique Limpeza Da Estátua de Iemanjá / Mongaguá - Sp

Iemanjá sorriu! Acontecem todos os anos, sempre em Dezembro, a tradicional Festa de Iemanjá seja na Praia Grande / SP ou em Mongaguá / SP. Nesta ocasião a Prefeitura de cada cidade e as Federações de Umbanda e Candomblé abrem cadastro para que as Tendas possam realizar suas giras com espaço demarcado, visando maior organização e conforto para as louvações à Rainha do Mar. Há mais de 20 anos, a Tenda de Umbanda Cacique Pena Vermelha e Ogum Iara se dirige, em Dezembro, à Mongaguá a fim de homenagear nossa amada Mãe Iemanjá em uma gira na praia, sempre com espaço locado pela federação. Contudo em 11 de Dezembro de 2010 os Filhos do Cacique, dirigidos pelo Cacique Pena Vermelha e Babá Sebastiana, optaram por uma forma diferente para louvar Iemanjá. Em principio o ideal era o de levar flores, velas e

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perfume até a estátua que fica localizada próxima a plataforma de pesca, no balneário Agenor de Campos. Local a ser realizada uma grande louvação presidida pelo Ogã Zezinho de Oxalá e os curimbeiros desta linda Casa de Fé. Ao se aproximar da imagem de nossa Mãe, a louvação foi iniciada e em meio ao toque das curimbas, foi percebido pelos dirigentes e médiuns da casa que o local designado às oferendas estava demasiadamente sujo e seria um grande desrespeito à nossa Orixá depositar ali, sobre tamanha imundice ofertas de gratidão e amor. Imediatamente os filhos da casa, com a ajuda de um comerciante da redondeza começaram o processo de limpeza do local e cinco sacos de 100 litros de lixo foram retirados. O comerciante cedeu caridosamente os sacos de lixo e as vassouras, então os Filhos do Cacique puseram a mão na massa, ou melhor, na sujeira. Após o termino da grande faxina o local estava limpo e

pronto para receber as homenagens à Rainha do Mar. A partir desta data, os Filhos do Cacique firmaram um voto de amor e gratidão a esta tão querida Iabá, e são por esta razão que esta Casa de Fé irá várias vezes por ano homenagear Iemanjá limpando sua estátua para que sua doçura e pureza invada cada um de seus fiéis seguidores, que levam aos seus pés suas oferendas. O meio ambiente está cada vez mais doente, a natureza morre cada dia mais rápido. Entretanto, sem natureza não existe Umbanda e por esse motivo, todos nós, filhos desta fé, devemos cuidar e proteger o meio ambiente não depositando nele resíduos contaminantes e não degradáveis. Devemos nos atentar às oferendas ecologicamente corretas, sempre limpando o espaço que utilizamos para nossas firmezas. Certamente esta louvação à Iemanjá e o cuidado com a natureza local foi bem recebida pela espiritualidade divina. A natureza agradeceu e Iemanjá sorriu! Equipe Filhos do Cacique

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Depoimento Águas Cristalinas

DEPOIMENTO No dia 13/02/11 durante a Consagração das Mães Pequenas do Templo de Umbanda e Magia Água Cristalina (dirigido pela Mãe Antonietta), na Cachoeira do Cantinho dos Orixás na cidade de Nazaré Paulista/ SP tive o enorme privilégio de ver o meu Pai (falecido a quase 10 anos) no alto das pedras da cachoeira acompanhado de duas pessoas, que tenho certeza que eram guias de luz. Tudo aconteceu quando após a consagração, todos os filhos, um a um, começaram a se banhar na queda d’água e quando chegou a minha vez, meio que sem querer olhei para o alto das pedras e os avistei. Meu Pai estava entre os dois guias espirituais, ambos estavam de branco, com uma enorme luz em volta deles e ao vê-lo ele sorriu e balançou a cabeça de cima para baixo, como em sinal de contentamento com o caminho espiritual que estou seguindo, uma vez que na vida carnal ele também era Umbandista e seguia com muita fé e amor na caridade, sempre ajudando as pessoas e hoje sigo com o curso de desenvolvimento espiritual pelo Núcleo Água Cristalina. Após o banho na queda d’água, depois de pedir coisas boas e sair da água “purificada”, voltei (com os

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olhos cheios de lágrimas) o olhar para onde os tinha visto e não estavam mais lá. Continuaram os banhos de todos os filhos da casa e eu ainda o sentia por perto, sentia uma sensação muito boa, mas por mais que procurasse não os via. Após o término da consagração, quando fomos ao vestiário nos trocar, novamente o vi, acompanhado dos guias espirituais, recebi o seu abraço, um beijo na face direita e em seguida eles desapareceram. Não consigo encontrar palavras para descrever tamanha alegria, talvez eu descreva essa data como a mais feliz da minha vida, pois pude ter a confirmação de que mesmo após o seu desencarne ele continua bem e se orgulhando de mim... Agradeço primeiramente a Deus por ter dado a ele a permissão para que eu pudesse vê-lo, pelo privilégio desse encontro tão emocionante, ao Núcleo de Umbanda e Magia Água Cristalina por ter me acolhido com carinho e dado a oportunidade de me desenvolver espiritualmente, agradeço também a Mãe Simone pela acolhida e os conselhos de sempre e por fim pela oportunidade de dividir essa grande emoção com outras pessoas... Roberta Luara F. de Moraes

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14º Encontro Umbandista de Dirigentes Espirituais

Em 13 de Março deste ano aconteceu O 14º Encontro Umbandista de Dirigentes Espirituais na Tenda de Umbanda Cacique Pena Vermelha e Ogum Iara, localizada à Rua Estado de Sergipe, 355 – Jd. Imperador / SP. Este evento tem como objetivo compartilhar conhecimento e novas idéias, além de reforçar os laços de amizade sempre visando o crescimento de nossa tão querida fé Umbandista. Todos os anos o encontro é marcado por interessantes palestras referente à Umbanda, temas de utilidade pública e apresentações de grandes curimbas e cantores de nossa fé. Contudo, o caráter social não fica banido, já que o Projeto Filhos do Cacique arrecada todos os anos Sustagem e leite em pó em prol da Rede Feminina de Combate ao Câncer, localizada em São Caetano do Sul / SP. O encontro deste ano foi agraciado por grandes palestrantes e escolas de curimbas, também contamos com a presença de vários Sacerdotes Umbandistas acompanhados pelos filhos de sua casa. O tema foi variado. A mesa de palestras foi aberta pela querida Mãe Maria Nazareth Dória homenageando os Erês com o tema Yori, a Linha das Crianças na Umbanda. O assunto “Ervas, Pomadas e Unguentos” foi abordado pela sábia especialista no assunto, Dona Cacilda Veloso que trouxe ao público assistente, grandes conhecimentos sobre a manipulação das ervas para pomadas, chás e remédios. Na ocasião também fomos beneficiados pela palestra de Mãe Rita de Cássia, Sacerdotisa da casa anfitriã, abordando o tema “Apoderamento e Empode-

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ramento Religioso” trazendo à nossa consciência a importância de levantar verdadeiramente a Bandeira da Umbanda, participando dos eventos organizados pelos queridos Sacerdotes desta fé, independe da instituição organizadora, mas com o intuito de louvar nossos Orixás, Guias e Protetores, sempre elevando o nome da Umbanda. Contamos com a presença do Ogã Zezinho de Oxalá, presidente da ECAU Nilton Fernandes de Aruanda, palestrando sobre “Como Tratar o Couro e Consagrar um Atabaque” em aula prática. O evento contou com apresentações da cantora de Umbanda Conceição da Jurema e da ECAU Nilton Fernandes de Aruanda, além da participação especial da Escola de Curimba Aldeia de Caboclos. A celebração também contou com a participação da Presidente do Primado de Umbanda, Mãe Maria Aparecida e do Presidente do SOUESP, Pai Juberli Varela, ambos abordando a importância das Federações para as Tendas de Umbanda, visando o crescimento e fortalecimento da fé. No âmbito utilidade pública, contamos com preciosas e importantíssimas palestras sobre “O uso das Lentes de Contato” e “Liberdade de Culto, conforme a Constituição Federal Brasileira”, respectivamente apresentada pelo Dr. Eduardo Kagohara, Cirurgião Oftalmologista da Santa Casa de São Paulo, e da Dra. Daniele Alves Paes de Andrade, Advogada especialista em Direito Civil. A Umbanda merece ser celebrada cada vez mais com a comunhão dos filhos de fé em grandes eventos como este. Afinal, todos os Filhos de Umbanda lutam por um interesse comum que é a elevação, crescimento e fortalecimento de nossa Religião. Agradecemos ao Cacique Pena Vermelha por abrir

suas portas a todos os filhos de nossa fé e parabenizamos a Babá Sebastiana Souza, a Mãe Rita de Cássia e o Presidente da casa Pai Isidoro de Souza pela iniciativa. Salve a Umbanda! Equipe Filhos do Cacique

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Calendário Geral 03/04/2011 43ª Festividade em Homenagem à Oxossi Realização: Primado do Brasil – 51 anos – Organização Federativa de Umbanda e Candomblé do Brasil Local: Clube da Mooca, Rua Taquari, 635, Mooca – Em frente à Universidade São Judas Tadeu Horário: 13h:00min Maiores Informações pelos Tel(s) 11- 2693-4399 ou 2796-8466 ou pelo e-mail primado@primado.com.br www.primado.com.br

10/04/2011 Homenagem à São Jorge - Orixá Ogum, e na sequência, Feijoada com Pagode. Realização: Centro de Estudos Espirituais Luz e Verdade Local: Rua Benigno, 156 – Vila Maria Luiza – Limão Horário:13h:30min Convite Individual: R$ 10,00 (bebidas não inclusas no preço) Informações pelo e-mail: fedluzeverdade@hotmail.com ou pelo tel: 9776-4624 Pedimos confirmar Presença pelo tel: 2227-1674

17/04/2011 Novo Workshop da Escola de Curimba e Arte Umbandista Aldeia de Caboclos Pontos cantados do nosso Pai Ogum- Mais de 50 pontos com melodia e conceitos! Início às 13h:00min. Local: Rua Ipanema, 105 – Mooca (Prox. Metrô Bresser) O curso será apostilado e certificado. Inscrevam-se já! Contato e maiores informações pelo e-mail: aldeia@aldeiadecaboclos.com.br Ou pelos fones (11)2796-4374 / 9736-2970 / 7746-5011

12/05/2011 1º Prêmio Luz e Verdade “Guardiões dos Caminhos de Oxalá” Realização: Federação Luz e Verdade Local: Av.Lins De Vasconcelos, 3352, Metrô Vila Mariana. Horário: 19h:30min Maiores Informações pelos tel(s): 11: 2227-1674 ou 9776-4624 Regulamento: site www.luzeverdade.com.br

15/05/2011 XXXX Festa “Vamos Saravá Ogum” Realização: U.R.U.Z.O.G.S.P - União Regional Umbandista da Zona Oeste e Grande São Paulo – Coordenação Pai Cláudio Franco Local: Ginásio Liberatti – Osasco-SP Horário às 14h:00min Maiores Informações pelo Tel: 11- 3609-1149

29/05/2011 II Festival de Curimba Aldeia de Caboclos “Um Grito de Liberdade” O Evento Umbandista mais esperado do ano vem aí! Maiores informações pelo e-mail: aldeia@aldeiadecaboclos.com.br Ou pelos fones (11)2796-4374 / 9736-2970 / 7746-5011 www.aldeiadecaboclos.com.br

ORAÇÃO AO GLORIOSO SÃO JORGE

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01/05/2011 Homenagem a Ogum

Realização: A.U.E.E.SP – Associação Umbandista e Espiritualista do Estado de São Paulo – Coordenação Sandra Santos Local: Clube da Mooca, Rua Taquari, 635, Mooca – Em frente à Universidade São Judas Tadeu Horário: 15h:00min Solicita-se trazer um 1 kg de alimento não perecível Maiores Informações pelos Tel(s) 11- 2954-7014 ou 9784-2668 sandracursos@hotmail.com

01/05/2011 54ª Homenagem a São Jorge Guerreiro – Orixá Ogum Realização: União de Tendas e Candomblé do Brasil e Associação Paulista de Umbanda – Responsável Babalorixá Jamil Rachid Local: Vale dos Orixás, Juquitiba-SP Maiores Informações pelos Tel(s) 11- 3062-7450 ou 3085-0738 www.uniaodetendas.com.br

01/05/2011 20ª Festa de Ogum em Diadema Realização: FUCABRAD – Federação de Umbanda e Cultos Afro-Brasileiros de Diadema – Coordenação Pai Cássio Ribeiro Concentração: Praça Castelo Branco Local: Ginásio Airton Senna – Rua Oriente Monte, 115, Diadema Maiores Informações pelos Tel: 11- 4048-2526 ou pelo e-mail leobete@uol.com.br

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Ó São Jorge, meu guerreiro, invencível na Fé em Deus, que trazeis em vosso rosto a esperança e confiança abra os meus caminhos. Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer algum mal. Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrarão sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentarão sem o meu corpo amarrar. Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, a Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meus inimigos. Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel cavalo meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Ajudai-me a superar todo o desanimo e alcançar a graça que tanto preciso. Dai-me coragem e esperança fortalecei minha FÉ e auxiliai-me nesta necessidade. Com o poder de Deus, de Jesus Cristo e do Divino Espírito Santo. Amém! São Jorge rogai por nós!

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Agendem esta importantíssima data – 23/06/2011 7ª HOMENAGEM, LOUVAÇÃO E PROCISSÃO AO ORIXÁ XANGÔ Realização: Templo de Umbanda Amor e Caridade Caboclo Pena Verde e a Escola de Curimba e Arte Umbandista Aldeia de Caboclos, sob a coordenação do nosso irmão Pai Engels D’ Xangô. Estamos atravessando mais um ano e a nossa fé, devoção e homenagem ao Orixá Xangô se mantém forte e crescente! Local: Clube Escola Mooca Rua Taquari, 635, Mooca Em frente à Universidade São Judas Tadeu Início às 13h:00min Traje: Branco Entrada: 1kg de alimento não perecível

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Tenda de Umbanda Caminhos de Aruanda Aldeia do Caboclo Tupinambá Todos estão convidados a participarem das nossas atividades. Sejam bem vindos a Aldeia do Sr. Tupinambá. Pai Cristiano D´Oxosse

Santuário Nacional da Umbanda Estrada do Montanhão, n.º 700 Pq. do Pedroso - Santo André - www.tuca-aldeia.com.br Tel.: (11) 9947-5097 paicristiano.umbanda@gmail.com

Rua Chamanta 244 - mooca - São Paulo/SP

Tel 2604 5524 / 85641207

Email-silvio.humberto@hotmail.com

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