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Nem precisamos dizer que para onde olharmos, estaremos cercados de Vaporwave. Decidimos envolver este movimento nessa edição, devido sua grande repercussão e polêmica em reconhecimento de arte ou apenas desabafo da internet, entretanto é notório em que o percurso e maneira que o Vaporwave foi se moldando e adentrando toda área política, social e multimídia fez de fato uma reviravolta. Assim sendo, aqui estamos – enaltecendo e expondo o movimento artístico sim, desse século. A internet é mais do que gatinhos e bebês fofos, é sobre liberdade de expressão e arte. Se acha a ideia estranha de que memes, colagens amadoras e valorização de uma década que já passou seja considerado arte, leia as próximas páginas e entenderá o por traz de tudo isso. Conhecendo o movimento e por onde perpetua, vai saber o porquê de ser arte e o porquê de ser tão polêmico. A quem diga que o Vaporwave esteja morto ou em decadência, mas a arte não morre. O Vaporwave surgiu para nos mostrar a nossa vida consumida por tecnologia e nos remeter a um passado nostálgico, em que tudo era mais simples e objetivo. Assim, o movimento, através de sátiras e ironia, expõe sua crítica e nos coloca num torpor de autoanálise, fazendo nós, meros terráqueos, repensar nossas ações e rotina. A primeira dica que vos deixo é: antes de ler ou folear as páginas, escute a playlist que deixamos disponível no sumário. Deixe a música tocar e leia a revista. Não vou dizer aqui o porquê, mas quando terminar de realizar essa dica, tudo fará sentido. E eis a segunda dica: Guarde esta edição a sete chaves! No mais, boa leitura!

Pedro Henrique Pontes, Editor pedro9947@hotmail.com

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SUMÁRIO SUMÁRIO SUMÁRIO SUMÁRIO SUMÁRIO 4

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Introdução ao Vaporwave Conheça o surgimento e vertentes do movimento

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Críticas sociais

Influências do Vaporwave Saiba por onde anda o movimento e seus adeptos.

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R.I.P

E morreu?

Vaporwave Entretenimento Fique por dentro dos veículos de multimídia que pegam referência do Vaporwave

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INTRODUÇÃO A arte

E morreu?

R.I.P Vaporwave? O que representa a possível morte do Vaporwave? 17

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INFLUÊNCIAS Moda

INTRODUÇÃO Vertentes

Moda

A estética PSYCODELIC

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Que tal ler curtindo a vibe do Vaporwave? Escaneie o código para escutar a playlist

PSYCODELIC Orientador Editorial Jorge Godoy PROJETO GRÁFICO Pedro Henrique Pontes DIAGRAMAÇÃO Pedro Henrique Pontes REDAÇÃO Matérias e Revisão Lywanna Félix Giovanna Pangoni Jefferson de Souza Escritores Giovanna Pangoni Diogo Pereira Leon Carelli Carolina Stary Leonardo Vaz Isabella Varela Marcela Duarte Mariane Cota Diego Pereita IMAGENS Pinterest Google Capa Pedro Henrique Pontes PUBLICIDADE Jefferson de Souza

Trabalho desenvolvido para a disciplina de Projeto de Design-Editorial do bacharelado em Design da Fanor DeVry Dezembro de 2017


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INTRODUÇÃO Conceito

Como surgiu o movimento

Vaporwave Por: Diogo Pereira

O que se sente ao ouvir vaporwave? A sensação comum é a de um prazer nostálgico, uma ânsia por tempos mais simples em que a tecnologia nos dava prazer antes de nos ter transformado em escravos, imiscuindo-se em cada aspecto das nossas vidas. Mas também há um outro tipo de prazer, uma anestesia, um torpor, o efeito sedativo que alguém sente ao adormecer em frente a uma grelha de programação de madrugada, com aquela música ambiente de fundo. E como esse prazer tem raiz em algo abstracto, vazio, inexplicável, desprovido de significado e emoção, há qualquer coisa de etéreo e alienante nesta música, que nos convida para o seu mundo irreal e narcótico fazendo-nos sentir irremediavelmente perdidos. A intenção é, aliás, que haja aqui qualquer coisa de não humano, de artificial, como se fosse um som criado por máquinas, para pessoas. As comparações com a pornografia não são injustificadas, dada a natureza repetitiva da música, a importância dada à textura em detrimento da percussão, que faz jus à melhor música ambiente, as vozes suaves e arrastadas, o puro, simples e autêntico prazer. Numa era em que a palavra porn é usada como apodo para caracterizar tendências artísticas (“torture porn”, “food porn”, “synth porn”), talvez o vaporwave possa ser descrito como “nostalgia porn”. Todas as analogias apontam para os efeitos de uma droga, o que talvez explique este bizarro vídeo de Oneohtrix Point Never (alias de Daniel Lopatin, músico nova-iorquino de renome), feito para servir de acompanhamento visual

a uma das suas Eccojams, uma das primeiras obras que deram origem ao género no início da década de 2010. Desde então, a sonoridade rapidamente se disseminou, partindo de fóruns e redes sociais como o Tumblr e o Reddit, até se infiltrar na comunidade de produtores de laptop, uma geração educada no seio do cinismo da arte e da alienação causada pela tecnologia, para depois se cristalizar e tornar um dos mais importantes géneros de música electrónica contemporânea, fenómeno que atesta não só a vitória dos que sempre defenderam a liberdade do sampling e dos plunderphonics bem como os que acusam este início de século de ser artisticamente vazio. A designação deste género é coerente com a sua natureza intangível: deriva de vaporware, um tipo de software que é anunciado ao público mas que não chega a ser programado, isto é, que nunca chega a existir. WO primeiro género musical nascido inteiramente online e completamente globalizado assume-se como sátira e forma de reciclagem, aproveitando para si os restos da cultura de consumo dos anos 80 e 90, vazia de significado e sentimento, cuja única produção cultural destinava-se a anestesiar ainda mais os consumidores que tentava desesperadamente atrair. É irónico que tenha uma ori-

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INTRODUÇÃO

gem e uma existência tão vápidas como a cultura que tenta criticar, mas, afinal, talvez seja esse o objectivo. Criado por e para um público que usa a tecnologia num sentido quase Cronenbergiano (lembremos sobretudo Existenz, Videodrome ou até mesmo Crash), em que ela deixa de existir como entidade física e separada de quem a usa e adquire uma conotação virtual e imaterial, a própria palavra vapor denuncia essa natureza de uma música que nunca existiu verdadeiramente e que se dissipa facilmente depois de ouvida. Tal como o mundo tecnológico que habita e que usa como meio de propagação, o vaporwave não é real, mas mimético, feito para parecer real. Seguindo a tradição da melhor música ambiente e electrónica, o objectivo de quem faz esta música, afinal (se é que há objectivo), é o de transportar o ouvinte para um mundo onde ele nunca tenha estado, onírico e surreal, mas simultaneamente familiar e nostálgico, pleno de referências conhecidas, para o manter emocionalmente envolvido. É talvez esta dicotomia que surge do confronto entre o passado e o futuro, entre a memória e o sonho, que provoca tanto prazer. Um prazer vicário, mas não menos intenso. E um prazer universal, transmitido por uma linguagem universal, a música. O prazer de a ouvir é ser imerso num

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Conceito

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mundo inteiramente artificial de beleza imensa. Vozes femininas sussurradas. Simples melodias de piano. Ambient drones. Suave percussão sintetizada. Todos flutuam e existem num mundo próprio, sonhado por máquinas, vivido por humanos. Todos são familiares ao ouvido, pelo menos para quem nasceu no mundo globalizado e pós-moderno de capitalismo de consumo da segunda metade do século XX. Embora o próprio Daniel Lopatin, conhecido como um dos principais progenitores do género, tenha admitido que fez as Eccojams por brincadeira, é impossível ignorar o seu interesse nas suas possibilidades estéticas. Afinal de contas, é ele o autor de obras de electrónica pastoral e melancólica, inteiramente instrumentais, feitas a partir de sintetizadores analógicos de antanho, como o tríptico Rifts (descrito pelo Village Voice como “serenidade tingida de desolação”), que evocam tanto o minimalismo de Steve Reich como a electrónica sequencial de Tangerine Dream ou dos primórdios de Steve Roach. E foi ele que desde o início, naturalmente, viu o potencial alienígena (e alienante) desta música e dos seus instrumentos.


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INTRODUÇÃO A arte

A arte Vaporwave Por: Leon Carelli

Há um lado nostálgico, confortável e inconfundivelmente humano nesta música. Talvez a sensação seja a de passar a eternidade num centro comercial, enquanto criança muito nova, meio perdida, na secção dos brinquedos, ou em adulto naquela secção recôndita do Toys “R” Us que vende consolas antigas em segunda mão, ouvindo aquela muzak a tocar no sistema de som, sendo incapaz de sair, impedido por forças sobrenaturais que não se conseguem controlar ou compreender, e no entanto querendo ficar lá, embalado pela estranha mas agradável sensação de conforto, nostalgia e prazer entorpecedor. É ficar preso no tempo e não querer sair. Ou talvez a de entrar num centro comercial, esperar que toda a gente saia, e passar lá a noite, a vaguear sem rumo, com a música a tocar e as luzes ligadas, como alguém que procura rePSYCODELIC

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fúgio enquanto um zombie apocalypse devasta o mundo lá fora. Brincadeira ou não, o vaporwave tinha de acontecer inevitavelmente, mais tarde ou mais cedo, enquanto forma de arte e género musical, bem como sátira e comentário social. Nós, as gerações que cresceram numa sociedade ocidental de capitalismo de consumo, especialmente nos Estados Unidos, nos anos 80 e 90 (e talvez ainda os 60s e 70s), fomos forçados a engolir uma contínua torrente de anúncios e obras de arte audiovisuais sem mérito artístico, vazias de sentimento, significado, beleza e humanidade, manufacturadas com o único propósito de vender marcas (quer essas marcas fossem produtos de consumo ou gente famosa), sobretudo pela televisão e mais tarde a Internet.


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INTRODUÇÃO A arte

Vaporwave:

A arte pós-internet que critica o consumismo Por: Leon Carelli

Sublimação, um conceito na psicanálise e estética descrevendo a transmutação da energia libidinal, é o nome do processo físico que torna o sólido em gás. O nome ‘‘Vaporwave’’ é também reminiscente de uma famosa passagem do Manifesto Comunista, ‘‘tudo o que é sólido se desmancha no ar’’, se referindo a constante mudança em que a sociedade é submetida ao socialismo burguês. No contexto, a citação se torna parte de um quase credo aceleracionista, tocando o inevitável da absolen-

cência, e ecoa as críticas dos artistas vaporwave: ‘‘Contante revolução da produção, iininterrupto distúrbio de todas as condições sociais, incerteza eterna e agitação distinguindo a época burguesa das mais atuais. Tudo fixado. Relações rápidas e firas, com seu treino de antigos e veneráveis preconceitos e opiniões, são variadas, todos os novos formados se tornam anti-

gos antes de que possam ossificar. Tudo que é sólido se desmancha no ar, tudo que é sagrado é profanado, e o homem é obrigado finalmente a enfrentar com sentidos sóbrios sua real condição de vida, suas relações com sua espécie’’.

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INTRODUÇÃO

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A arte

Hiper-realidade Ideologicamente, o Vaporwave pode ser visto como uma crítica à sociedade consumista, pois utiliza os elementos da indústria cultural de forma hipercontextual, tirando-os de seus propósitos iniciais, resultando em uma arte que busca “travar” a mente do público com uma espécie de overdose de imaginário através da relação aleatória de vários significados. Está associado aos conceitos de hiper-realidade e simulacro, disseminados por teoristas culturais da semiótica e do pós-estruturalismo, como Jean Baudrillard e Umberto Ecco. A hiper-realidade, para esses teoristas, fundamenta-se na incapacidade de distinguir a realidade de uma predominante simulação da realidade. É expressa através de símbolos que não encontram referência ou origem em um

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“mundo real”, ou “original”. A hiper-realidade seria então, um acúmulo de simbologia transformada em novos objetos, que gera novos objetos e assim sucessivamente. Tanto Baudrillard como Ecco utilizam a Disneylândia como exemplo de hiper-realidade. Para Baudrillard, “[a Disney] propõe-se a ser um mundo infantil, a fim de nos fazer acreditar que os adultos estão em outro lugar, no mundo ‘real’”. É como se eles quisessem chamar a atenção para o constante estado de representação que é exigido dos humanos para que a sociedade capitalista continue funcionando. O falso clima de ordem e receptividade dos

estabelecimentos comerciais seria um outro exemplo. Ao mesmo tempo os autores costumam lembrar um “ser humano original”, parte da natureza selvagem, apenas com necessidades básicas de alimentação e reprodução. Esse humano original é comparado ao complexo emaranhado simbólico que nos tornamos, com palavras de mais de 20 letras que remetem a uma mistura gigante de significados, e pessoas que morrem de fome por não terem um pedaço de papel.


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INTRODUÇÃO A arte

A solidez do Vaporwave virou ar? Por: Carolina Stary

“Tudo o que é sólido se desmancha no ar.” – MARX, Karl (Manifesto do Partido Comunista, 1848). Vaporwave faz alusão ao bom e velho Marx e ao conceito de vaporware: um produto que é só anunciado e nunca realmente lançado ao público, instigando a competitividade entre as empresas e o interesse do consumidor. Onda de vapor, esse limiar nebuloso entre existir ou não, real ou virtual, obra de arte ou piada de internet. Know Your Meme é a Wikipedia dos memes, virais e fenômenos da internet. Vaporwave aparece em 4 entradas, 120 imagens e 34 vídeos. Como é comum aos fenômenos da internet, o vaporwave vem impregnado de uma ironia característica que se desdobra em todos aspectos da produção, desde a sonoridade até a distribuição. O vaporwave amarra essa condição de produto da cibercultura em um metadiálogo, onde a forma da discussão incorpora o sujeito discutido. Seu trunfo é ser, ao mesmo tempo, meme, arte de pós-internet e provocação sócio-política-econômica. Vaporwave é música ao contrário. Soa como um funk new age smooth jazz de elevador que, depois de engolido pelo computador, ressurge drasticamente lento, derretido, incômodo e cheio de referências roubadas dos videogames, jingles publicitários, hits pop e ficção científica da década de 1980 e 1990.

É a resposta ao esgotamento do autoral (tudo já foi feito) e dos direitos autorais (todos infringidos) em um futuro que chegou frustrado. O sample desacelerado de Diana Ross em Floral Shoppe é a voz do futuro do passado: Macintosh Plus é a expressão máxima do vaporwave e foi produzido pela Ramona “Vektroid” Xavier. GIRL POWER. As capas de álbum de YouTube, Bandcamp e SoundCloud e toda imagética vaporwave são tão importantes e potentes quanto a sonoridade. Trazem o ideal clássico dos bustos-selfies helênicos, neon sci-fi dos anos 1980, eletrônicos obsoletos dos 1990, paisagens tropicais quase extraterrestres e mármore dos arranha-céus corporativos e shopping centers amalgamados em uma edição pobre e em baixa resolução. Os títulos e pseudônimos navegam entre o anseio por atenção CAPS LOCK e o risco do esquecimento indecifrável do japonês cyberpunk. Nada disso é uma regra estrita. O vaporwave se desdobra em subgêneros com especificidades estéticas e sonoras. O future funk é, como sugere, funkeado, menos desacelerado e menos ébrio; o mall soft soa como música ambiente de shopping, supermercado ou elevador gravada e reproduzida em má qualidade; vaportrap tem o baixo pesado do trap e assim por diante no

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INTRODUÇÃO A arte

vaporhop, vaporpop etc. A contínua abrangência do gênero fez com que ele deixasse os nichos de origem e trouxe a inevitável crise do mainstream. Os críticos mais fetichistas declararam a morte do vaporwave, acusando os produtores e artistas de abrir mão da essência do gênero em troca de mais ouvintes “casuais” de nostalgia oitentista insignificante ou novas versões intencionalmente inaudíveis de álbuns vaporwave consagrados, o Broporwave: Ainda que a própria ideia por trás do gênero seja um descolamento da ideia da criação original e autoral, a quebra de um paradigma é um processo truncado. Talvez o bastardo e quase reacionário broporwave seja o maior indício de que o vaporwave não está morto (apesar das propagandas da MTV), mas sim renovado e mais vanguardista do que nunca: se o vaporwave já é música ao contrário, o antivaporwave do broporwave vira tudo do avesso mais uma vez e inaugura definitivamente a pós-música. Viva a internet

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INTRODUÇÃO A arte

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Interpretações Interpretações Por: Wikipedia

Vaporwave foi descrito como “um alivitante da música comercial” numa tentativa de revelar as “falsas promessas” do capitalismo. O compositor Adam Harper de Dummy Mag descreve o vaporwave sendo um “verdadeiro aceleracionista irônico e satírico”; notando que o próprio nome “vaporwave” é tanto um assentimento ao vaporwave, quanto a ideia de energia libidinal sendo submetida a sublimação implacável sob o capitalismo. O crítico Simon Reynolds descreveu o projeto Chuck Person, do músico Daniel Lopatin, como “relacionado a memória cultural e o utopismo enterrado dentro das comodidades capitalistas, sobretudo aquelas relacionadas a tec-

nologia de consumo na área de computação e entretenimento de áudio e vídeo”. 情報デスクVIRTUAL (Jouhou Desuku VIRTUAL), um dos pseudônimos de Vektroid, descreve seu álbum 札幌コン テンポラリー (Sapporo Contemporary) como “um breve vislumbre dentro das novas possibilidades da comunicação internacional” e “uma paródia da hipercontextualização americana da Ásia digital em meados dos anos 1980.” O educador musical Grafton Tanner argumentou em seu livro de 2016, Babbling Corpse: Vaporwave and the Commodification of Ghosts que o vaporwave “é uma rebelião contra o exuberante e incontrolado capitalismo, particularmente em sua abordagem da nostalgia”.

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INTRODUÇÃO A arte

A alienação

Por: Leonardo Vaz

A palavra Vaporwave é uma variante do termo vaporware, que significa um produto que é anunciado e, no entanto, dificilmente será lançado, fazendo, assim, com que surja competitividade entre as empresas e uma espécie de excitação entre os consumidores, que esperam avidamente por uma coisa ilusória, e nesse ponto podemos evocar Karl Marx e seu conceito de fetichismo de mercadoria e, de forma mais centrada na indústria cultural e cultura de massa, Theodor Adorno.

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Para Marx, a mercadoria possui um mistério, mistério esse que é o ocultamento das características sociais do trabalho, oculta, portanto, a relação social entre os trabalhos individuais dos produtores e o trabalho total. Por haver esse ocultamento da relação social de trabalho na produção da mercadoria o seu valor de troca não está mais relacionado com a quantidade de trabalho materializado no produto, dessa forma, é adquirido uma valor irreal, como se não fosse fruto do trabalho humano e

nem pudesse ser mensurado. Disso nasce uma relação entre coisas e não mais entre coisa e homem. Sendo assim, se dá a transformação do produto de trabalho em mercadoria, “coisas” sociais possuidoras de propriedades perceptíveis e imperceptíveis aos sentidos. O produto adquire uma espécie de autonomia, a mercadoria mesma parece determinar a vontade do produtor e não o contrário. O produto/mercadoria parece exercer um feitiço em relação ao indivíduo.


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INTRODUÇÃO Vertentes

Elementos recorrentes da estética

Vaporwave Por: Isabella Varela

O vaporwave se utiliza de elementos dos anos 80 e 90.. Podemos encontrar em sua estética diversos elementos de tecnologia dessas décadas, que vão de computadores com Windows, mac, videogames, VHS, entre outros. Imagens, estátuas, video-games, músicas e desenhos, nos tempos modernos é vinculado com o movimento Vaporwave, se expandindo nas diversas maneiras de mídias digitais. Esse resgate pelo passado, vivenciando a modernidade é retratado, seja de maneira simplória ou complexa pela tendência, que vem ganhando adeptos e admiradores na internet. Tendo em vista críticas sociais e de valor nostálgico,

o vaporwave veio para ficar e um movimento que deve ser valorizado. O mistério do anonimato destes autores, que muitas vezes podiam ser responsáveis de mais de um projeto ou “grupo” (por exemplo, Vektroid também lançou trabalhos como New Dreams Ltd, PrismCorp Virtual Enterprises, Laserdisc Visions e 情報デスクVIRTUAL). Criando uma cena musical completamente anônima, evasiva, com vários artistas e públicos sem rostos ou identificações físicas, atraindo curiosidade e o interesse do público em desvendar tal mistério. Tal divulgação viral e confusa coincide bastante com um dos conceitos que originou o nome do estilo: vaporware, que se tratavam de softwares que eram anunciados, mas nunca lançados.

Japonesas e asiáticas Escapismo pode ser também visto como a razão porque o vaporwave se apóia tão pesadamente nas imagens japonesas e asiáticas. O esteriótipo não vem sem seus problemas: geralmente, a dependência do vaporwave nos personagens asiáticos pode ser visto como vindo do perigoPSYCODELIC

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samente perto de fetichizar o outro. Há também a tendência de mostrar pessoas asiáticas (quase sempre mulheres) contra uma abstrato, algumas vezes hipnótico fundo, substituindo sua humanidade com uma imagem ou sonho, ou algo como isso, novamente, só um pouco muito perfeito.


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INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO Vertentes Vertentes

Neo-classicismo/Surrealismo Enquanto antigas estatuas Romanas e colunas Doricas podem surgir exótica alteridade, o uso deles nos trabalhos para gravação canônicas vaporwave como Floral Shoppe e internet lust não são significados neles, Vistos sozinhos, esses tokens de classicismo podem simbolizar qualquer coisa. Ainda com uma rápida olhada na capa de Stereo Component’s Coastal Nostalgia e CVLTVR£’s Virtual Life revela, eles podem sempre aparecer na conjunção com uma serie de outros, objetos

aparentemente aleatórios. É com essa conjunção acidental que está a chave – a justaposição faz com que seja dificultoso para o visualizador situar a cena em um contexto particular. Como tal, isso qualifica vaporwave como um sucessor do surrealismo, um daqueles objetivos primários envolvem representar o tipo de falta de espaço que vem de uma vida gasta largamente online.

Video-Games A irrealidade pode ser o fio que liga toda a estética do vapor de onde, uma vez que outro motivo visual predominante é o do jogo de computar. É importante notar que a icnografia minada de álbuns como Eccojans, New Drems Ltd. Ou Amiga-Tech nunca pertenceram a conteporâneade, consoles de última geração. São sempre sistemas antigos, como Game Boy ou Sega Saturn,

surgerindo que artistas vaporwave estão menos interessados nos consoles em si, e mais na aura de nostalgia que eles irradiam. Como é sugerido pela arte das capas de álbuns como Dream e Welcome to Warp Zone, eles gerakmete encorajam os ouvintes a regredir para suas infâncias e nesse processo, escapa para uma realidade muito menos idílica.

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INTRODUÇÃO Vertentes

Glitch Art Outro elemento muito presente no vaporwave é o efeito de ‘’glitch’’. Glitch é uma palavra em iídiche – do alemão glitschen, ‘’deslizar’’, ‘’escorregar’’ – que entrou na linguagem da informática para designar um mau funcionamento. Passou para o uso geral para significar qualquer tipo de pequeno problema inesperado que impede o sucesso ou o bom funcionamento de qualquer coisa. (Jack Scholes, Glitch). Esse efeito aparece tanto em sua forma de erros em computador e jogos, quanto na forma de mal funcionamento de VHS.

Cores As cores que aparecem no vaporwave são cores suaves, pasteis em sua maioria, sendo geralmente tons de . São tons que trazem a ligação com o paradisíaco. Mas também se pode ter uma noção de psicodelia vinda de algumas tonalidades utilizadas de forma mais vibrante. O uso de gradientes também é bastante comum no vapowave, remetendo ao efeito são utilizados nos anos 90.

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INTRODUÇÃO Vertentes

Tipografia Na tipografia tem todo o visual vaporwave, as fontes são retiradas do texto tecnológico pitentista e noventista, e também da cultura pop dessas décadas. Podemos encontrar no meio delas tanto fontes que foram lançadas juntamente com sistemas operacionais dessas épocas, ou fontes usadas em series de tv, jogos de vídeo games e afins.

ALIEN ENCOUNTERS

STEAMSTER

VER OSD MONO

Essa fonte é usada pela londrina Dream Catalogue. Visualmente, seu catalago é banhado em azul e roxo tipicamente associado ao sci-fi dos anos 80. Nesse espirito, seu logo, que usa o nome de Alien Encounters, ivoca as fontes horizontalmente, de Blade Runner e Tron.

Streamter é uma maravilhosa fonte script estilo anos 80 generosamente feita para uso lovre pata Hipsthetic po Youssef Habchi. Com alinhamento minimalista e retro, é uma fonte que combina perfeitamente com projetos vaporwave web e impressos, onde pode ser usado.

Pixel art é um pilar da arte vaporasse, invoca uma nostalgia infantil associada aos consoles 8-bits e caminha junto com estilo japonês. Imita fitas VHS com mal funcionamento.

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INTRODUÇÃO Vertentes

Pop Por ser uma tendência que surgiu na internet e representa a tecnologia, o universo é repleto de cores saturadas e distorcidas, com muito metalizado e ambiente 3D primitivos. Esse resgate de ambientes 3D antigos lembra explosão do óculos de realidade aumentada. Essa tendência já existe no mundo offline. Podemos encontra em lojas produtos holográficos. Esse prata inclusive já tomou as ruas algum tempo e é tudo fruto do universo digital do Vapowave, que inclusive me lembra o verso dos CD’s, também linkado à tecnologia dessa tendência. A estética do vaporwave também pode ser notada em vídeoclips famosos, como por exemplo Work, da Rihanna, se for observar a paleta de cores paradisíacas e as palmeiras que estão sempre presentes na arte vaporwave.

Still de Work - Rihanna

Still de Hotline bling - Drake No clip de Hotline Bling, do Drake, também temos presente uma estética vaporwave. È mostrado mulheres trabalhando em um ambrinre da época (os fones) e as cores pasteis em suas roupas. PSYCODELIC

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INTRODUÇÃO Vertentes

Tecnologia e design absolescente Apesar de parcialmente sobrepor com nostalgia dos vídeo games, a fixação do vaporwave com tecnologia fora de linha e design gráfico datado é largamente um comentário nas pretensões do século 21 de ser inigualável em sua sofisticação tecnológica. Quer se trate dos PCs desajeitados presentes nos álbuns do Infinity Frequencies Computer, ou do antigo Toyota Celicas que o nome aproprido TOYOTA ostentando em suas capas de álbuns, as engenhocas celebradas pelo vaporwave agora aparecem comicamente estranhas e fora de moda. Ainda, como gráficos exagerados de MARKET WORLD se esforça para nos lembrar, essas invenções foram uma vez o Estado de arte, provocando a realiza-

ção que a tecnologia que nós aceitamos agora como de ponta, um dia parecerão distintamente inaturais e fora do lugar. Marcas de grande consumo famosas nas décadas de 80 e 90 Sendo um movimento que basicamente incorpora uma crítica ao capitalismo e consumismo, os ícones consumistas das décadas dos anos 80 e 90, e ainda presentes aparecem com frequência nas artes. Podemos ver muito do McDonald’s aparecendo, Adidas, até marcas de garrafas d’água, a Fiji por exemplo, sempre retratado como paraíso e um oferecimento da felicidade por meio dessas figuras muitas vezes tiradas de seu contexto.

Shopping Se tem um tema que distingue artes de capa de álbuns e estéticas visual do vaporwave dos outros gêneros, é a representação do interior moderno do shopping center. Os shoppings são representados como perfeitos, quase espaços paradisíacos, com superfícies de mármore brilhante e escadas brancas que parecem subir ao infinito. Essas imagens de perfeição e infinita evocação que sente que a sociedade do consumo pode dar ao indivíduo tudo que quer ou precisa, sem colocar limites em seus desejos. E ainda sim, desde que as imagens são geradas por computador e artificiais, as praças virtuais ilustradas na capa de Nyetscape 4 and Vacant Places também sugerem de ilimitado é fantasioso. PSYCODELIC

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INFLUÊNCIAS Mídias digitais

A INFLUÊNCIA DO VAPORWAVE NA MTV E NO TUMBLR Por: Marcela Duarte

Depois que MTV e Tumblr adotaram elementos do Vaporwave em sua identidade visual, o movimento tem sido aceitável para seus respectivos públicos, e a cada dia conquista mais pessoas e adoradores de arte e estética

Primeiro, a MTV americana divulgou uma nova programação visual, que foi seguida também na MTV Brasil. Em seguida, o Tumblr lançou o Tumblr TV, um canal que reúne gifs animados, que por si só já têm esse apelo tosco. No caso do Tumblr TV, tem também a identidade do canal, que segue perfeitamente a estética da MTV dos anos 1990, com logos coloridos e fontes gorduchas.

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INFLUÊNCIAS Mídias digitais

Muito parecido com o sea punk, o movimento vaporwave, que existe na música e nas artes, surgiu no início dos anos 2010. Consiste em colagens, sobreposições de elementos nostálgicos (clip art, esculturas renascentistas, web design dos anos 1990 etc.), mas também de símbolos do capitalismo, em geral usados de forma irônica. O movimento artístico provavelmente nasceu de uma crítica, ou de uma dissimulação da sociedade de consumo. Por isso, pode ser “lido” como um olhar crítico, irônico e dissimulado do consumismo, da hiperconectividade, da cultura corporativa e de outras características dos tempos atuais. Na moda, a influência do vaporwave pode ser vista, por exemplo, no uso de símbolos do McDonald’s, da Barbie e PSYCODELIC

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de cartões de crédito, como tem feito a Moschino sob o comando de Jeremy Scott — suas criações não podem ser consideradas como estética vaporwave, mas certamente o olhar cínico e irônico da grife e do movimento têm muito em comum. Essa influência também pode ser percebida nas roupas estampadas com Emojis e outros símbolos representativos do mundo online. A Motherboard, da Vice, publicou uma matéria no dia 29 de junho intitulada “Como o Tumblr e a MTV mataram o vaporwave”. Apesar do título, a matéria aponta que a MTV teria ultrapassado os limites ao assimilar o “impulso cínico” do vaporwave e, desta forma, estaria acabando com ele. “Todas as fronteiras sagradas do gênero foram quebradas. É nesse

lugar que o impulso cínico que inspirou o vaporwave é ao mesmo tempo assimilado e apagado — onde sua fonte de inspiração nasce e vive. Tudo isso inspira outra grande questão: será que esse é o fim do vaporwave?” A questão é interessante. O vaporwave nunca chegou a ser amplamente difundido, diferentemente do que aconteceu com outros movimentos como a Op Art, o Art Déco e a Pop Art. Somando o revival dos anos 1990, muito forte na moda, será que o fato de a MTV e o Tumblr estarem adotando essa estética, mesmo que quebrando a barreira da crítica que ela traz, não vai torna-la mais conhecida? Só o tempo dirá.


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INFLUÊNCIAS Moda

M MO O

MODA Por: Mariane Cota

É caracterizado por uma fascinação pela estética nostálgica dos anos 90 e sua cultura retrô, misturando esculturas neoclássicas em mármore e clip arts, com computadores, videogames e todo o webdesign dos anos 90, abrangendo toda uma estética tecnológica para a época. Com colagens, sobreposições de elementos nostálgicos, o Vaporwave nasceu de uma crítica ao capitalismo e a sociedade de consumo e carrega um visual bastante característico. Desde que o movimento foi difundido, principalmente por ser um movimento iniciado em comunidades online, ele vem influenciando o modo de vida de pessoas que conhecem e se identificam com sua estética, resultando assim em uma grande influência também, no modo de se vestir das mesmas. Dezessete anos após o inicio do movimento, podemos notar que ele não se tornou um grande movimento artístico conhecido em todo o mundo, porém, ainda influencia diversas

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A tendência segue a wave PSYCODELIC

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INFLUÊNCIAS Moda

D DA A pessoas no meio online, onde foi difundido e permaneceu. Nas passarelas dos eventos de moda, também podemos encontrar um pouco da estética do Vapowave em algumas coleções, mesmo que não necessariamente tendo uma influência direta do movimento. Como por exemplo, nas cores e uso de símbolos do McDonald’s, da Barbie e de Cartões de Crédito, que podemos ver nas Coleções de Jeremy Scott para a Moschino. Tendo a ver com tecnologia, o movimento vem evoluindo bastante em termos estéticos, levando em consideração que a tecnologia esta em constante mudança, entretanto sem perder sua essência. Atualmente, estamos passando por uma onda de estilo intitulada por “Estilo Tumblr” onde, a influência do Vaporwave tem tomado conta de forma muito forte, sendo em estampas de emoticons, como na utilização do holográfico nas peças.

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INFLUÊNCIAS Tendências

Tendências diversas Por: Wikipedia

Simpsonwave Fashwave

É um subgênero em grande parte instrumental de vaporwave e synthwave, com os títulos das faixas com teor políticos e batidas sonoras ocasionais, que se originou em cerca de 2015 no YouTube. Em 2017, Penn Bullock e Eli Penn da revista Vice apresentou um relatório sobre o fenômeno de membros da direita alternativa se apropriando de música vaporwave e sua estética, descrevendo fashwave como ‘a primeira música aesthetic política que possuí bastante facilidade nos ouvidos para ter apelo mainstream. Com alto teor de crítica política, o gênero se torna mais uma ramificação do Vaporwave.

Foi um fenômeno do YouTube popularizado pelo usuário Lucien Hughes. Consiste principalmente em vídeos com cenas da série americana animada de The Simpsons com variadas canções steamwave. Os vídeos são muitas vezes editados com efeitos de distorção VHS e filtros de vídeo de coloração roxa, dando-lhes uma sensação “alucinatória e transportativa”

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ENTRETENIMENTO Games

Vaporwave Entretenimento Por: Giovanna Pangoni

Na contemporaneidade, o vaporwave vem se tornando palco de muitos adeptos. Os vínculos de multimídias ja estão, a cada dia, pegando referencia do movimento, seja em jogos, filmes, desenhos ou séries, a propagação do Vaporwave é real.

Cyberpunk 2077

A CD Projekt RED, está produzindo seu próximo lançamento: Cyberpunk 277. A empresa é a mesma criadora de The Witcher o que só aumenta a expectativa para o aguardado (e muito misterioso) jogo. Cyberpunk 2077 é um jogo de role-playing (RPG) de tiro, onde os jogadores assumem papéis de personagens e criam narrativas colaborativamente. As escolhas dos jogadores determi-

nam a direção que o jogo irá tomar. O jogo se passa em uma cidade aberta metrópolis chamada Night City, que tem o clássico estereótipo de cidade do futuro, com muitos prédios e luzes, com sua estética característica do virtual cyberpunk. O jogo foi anunciado em 2012, mas ainda não tem data de lançamento oficial.

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ENTRETENIMENTO Games

Far Cry 3: Blood Dragon

É um jogo de tiro em primeira pessoa desenvolvido pela Ubisoft Montreal e é o oitavo jogo da serie Far Cry. Esse jogo é uma parodia dos filmes e jogos de ação de 1980, ele se passa em uma ilha Retro-futurista distópica (antítese das visões utópicas de mundos de ficção científica da segunda metade do século XX), em mundo aberto pós-apocalíptico, com jogadores assumindo o papel do sargento Ciborgue militar Rex (modificação invasiva do corpo humano, presente nos jogos estilo cyberpunk).

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Assim como a maioria dos jogos com a pegada vaporwave cyberpunk, ele acontece em um ambiente artificial e virtual, o personagem é solitário e distanciado da sociedade, trazendo a tona toda a crítica do movimento. O jogo foi lançado em 2013, para plataformas do PlayStation Network, Microsoft Windows e Xbox 360. O jogo recebeu críticas positivas em seu lançamento.


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ENTRETENIMENTO Multimídia

Black Mirror S03E04 San Junipero

De De volta volta pro pro futuro futuro

San Junipero, uma história de amor que ultrapassa a questão de tempo e espaço, e trata de uma realidade virtual. Boa parte dele, se passa em 1987 e vem carregado de referências da época. Por exemplo, o modo como utilizam as músicas e a moda para mostrar o ponto no tempo. O cenário com luzes neon trazendo um ar levemente tropical são as primeiras referências ao vaporwave. Já na segunda metade do episodio, é possível ver ligações dos anos 90 e 2000, quando as personagens viajam no tempo. A cidade de San Junipero é destinada à diversão e ao prazer e foi criada para que as pessoas possam fazer upload de suas consciências no momento da morte e viverem para sempre. Haverá um momento em que os seres humanos conseguiram copiar a consciência para um computador e continuar existindo ou serão apenas cópias agindo com base em um modelo? Na série, é possível ver que tudo se passa dentro de um grande servidor em uma empresa de tecnologia. Isso significa que essa eternidade é frágil o suficiente para ser deletada por uma falta de energia ou um terremoto que derrube o prédio? Uma das principais críticas do movimento vaporwave é essa fragilidade nas relações, causada pela tecnologia e principalmente pelo capitalismo.

O longa norte americano é de 1985 e tem uma estética fiel da época, fala sobre viagem no tempo, assim como os dois outros longas do diretor Robert Zemeckis que dão continuidade a história. Conta a história Marty McFly, um adolescente que vive na cidade de Hill Valley, Califórnia. O jovem acaba conhecendo e torna-se amido do cientista Dr. Emmett Brown, que revela ter uma máquina do tempo, em forma de carro, o conhecido DeLorean DMC-12 (que é um símbolo de maquína dos anos 80). O deslocamento temporal do veículo faz Marty ir para o passado, que tenta consertar o paradoxo temporal que causou para salvar seu futuro. Sua trilha sonora contribui para a atmosfera do filme, já que é toda composta por músicas da época. Que é um dos motivos principais para sua ligação com o vaporwave, especialmente no segundo filme, que se passa no futuro (2015), cheio de tecnologias e futilidades, condizendo com o que o movimento fala sobre o desprendimento e valorização do vazio e bens materiais à frente das relações com as pessoas.

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R.I.P E morreu?

R.I.P VAPORWAVE

Por: Diego Pereita

Qual o futuro do vaporwave? Aparentemente vazio, como a cultura de consumo que parodia e representa, a julgar por um género com tão pouco respeito por si próprio, encarado por tantos como uma piada, tão dependente dos objectos que satiriza e apropria. Quando, daqui a vinte anos, adultos procurando nostalgia regressarem ao início do século XXI, encontrarão uma era culturalmente vazia, feita de sátira, cinismo, sons sintetizados, colagens, falsos objectos e outras formas de expressão fingidas e arrogantes. Uma vez que os movimentos satíricos necessitam de objectos para troçar e o vaporwave obviamente não pode satirizar-se a si próprio, implodirá e deixará de existir, e as pessoas procurarão formas mais sinceras de expressão artística. Talvez a sátira, tal como o cinismo, ficará obsoleta pelos meados do século XXI, e a sinceridade e o sentimento honesto serão a nova moda. Este é o problema com o excesso de ironia, sarcasmo, distanciamento, desconstrutivismo e falta de seriedade nos tempos pós-modernos, sobretudo a partir do final do século XX. Leva-nos a um vazio emocional. Mas talvez haja esperança.

A recém-nascida editora Dream Catalogue, sediada em Londres (ou em Neptuno, quem sabe?), fundada em 2014 (ou, segundo a própria, em 2814), que se descreve como “Record label, installing dreams into your brain”, assume o objectivo de lançar música não sob o signo da ironia e do capitalismo, que tanto caracterizou as primeiras obras do género, mas sob o estandarte de sonhos melancólicos de fuga para um mundo distante, livre de isolamento e solidão, propagando o género para a frente, numa direcção nova e positiva. Dois dos seus álbuns mais importantes, HK e 新しい日の誕生, lançados em 2015 pelo fundador da editora, Hong Kong Express, assumem como seu ethos nada mais que a beleza, a melancolia, a utopia e o escape e como principal e inegável influência estética o mundo urbano e decadente de Blade Runner, encharcado de néon e chuva torrencial, com os sintetizadores da sua banda sonora a servir de paleta sónica.

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Há até quem queira remover-lhe o sufixo wave e chamar-lhe, simplesmente, vapor. Com este novo rumo, e tantos subgéneros e ramificações, o vaporwave talvez tenha mesmo vindo para ficar. O vaporwave é, acima de tudo, um género de contradições. Vazio de emoções, mas cheio de nostalgia. Artificial, mas humano. Kitsch, mas avant-garde. Retro, mas futurista. Feito por máquinas, desfrutado por humanos. Alienante e árido, mas convidativo e caloroso. Em jeito de conclusão, talvez o vaporwave seja uma forma de prolongar esse tal prazer artificial, de levar aos limites e materializar o que o capitalismo de consumo nos prometeu, o vislumbrar do sonho americano como um sibarista morbidamente obeso e decadente. Ou a derradeira forma de nostalgia, de pegar no passado, retirar-lhe significado, consistência e verosimilhança, e transfor-

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má-lo num puro shot de prazer, em puro açúcar. Se tomarmos demais, ficamos como o homem no vídeo do Demerol, alienado, confuso, atónito, num torpor anódino. Nenhuma das hipóteses faz sentido, ou é melhor ou pior que a outra. Terá o vaporwave mérito artístico? Não é esse o objetivo. Talvez o seu mérito seja ter-nos permitido ser verdadeiramente democráticos no nosso amor à música, e dizer abertameWWnte que gostamos de música de elevador, lounge, muzak, new age, ambiente e todas essas formas de música instrumental aparentemente ridículas ou foleiras, sem medo de ser alvo de troça ou acusações de mau gosto.


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Serão os seus autores lembrados? Não interessa. O anonimato é a regra do jogo aqui, para um público incógnito e globalizado, que se regozija perante o prazer de permanecer oculto num mundo sem privacidade. É assim que mantém a sua magia, despindo-se de identidade (e de humanidade). Eccovirtual comunga deste sentimento: Será que rejeita a cultura empresarial e consumista pela sua decadência e vacuidade, ou abraça-a pelo seu hedonismo desenfreado? Será que tem pretensões ou objectivos a cumprir? Será arte ou anti-arte? Nada disso interessa. O vaporwave é a música da alienação, do absurdo e da nostalgia, feito à medida do público do século XXI, um público anónimo e globalizado, conectado, mas desligado da interacção humana. Sabe o quão vazia e absurda é a época em que vive, e abraça-o com gleeful abandon, apropriando-se do passado, imaginando o futuro, recusando-se a viver no presente. Num mundo que muda tão rapidamente, em que tudo é um nicho, perante a impossibilidade de acompanhar tendências e uniformizar o que quer que seja, haverá forma mais eloquente de caracterizar o que significa viver no início do século XXI?

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(...) O paradoxo da Coca-Cola é que quando se está com sede, você bebe uma, mas, como todos sabemos, quanto mais você bebe, mais sede você tem.

O movimento não está morto, apesar dos adeptos, ocorre uma saturação do conteúdo. Por grandes empresas de telecomunicação abusar nos efeitos, acabe-se tendo uma visão distorcida do Vaporwave. Por isso pode parecer morto ou menos excitante, mas não é. Está evoluindo, se fragmentando, se expandindo e se tornando menos coeso e unido. É uma coisa boa e ruim: há produtores e artistas empurrando o gênero ainda mais, alguns estão segurando-o ou empurrando-o na direção errada, e alguns estão mantendo os sons e estilos “clássicos”. Fora da cena, a estética tem sido e será possível ser cada vez mais cooptada em músicas e obras de arte mais comuns. Isso acontece com todos os gêneros e subcultura. Os tempos de glória acabaram. Mas isso não significa que ele se afaste para sempre ou, especialmente, morra. Dito isto, há tanto sarcasmo e ironia e piadas associadas a essas coisas, isso sempre será discutido.

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Opinião

OBRA DE ARTE OU PIADA DE INTERNET

Por: Giovanna Pangoni

Acho o vaporwave brilhante. Nós criamos os memes com significados simples, quase sempre irônicos e referentes a piadas internas. No entanto, quando os criamos, o meme é a manifestação da cultura. Um meme é a explosão viral de uma idéia que se espalha dentro de um grupo em particular. E só é possível por causa dessa compreensão compartilhada que já existe. Quando a vaporwave se tornou uma coisa ou ‘’um movimento’’, foi evasivo. Ninguém realmente entendeu, porque não havia nenhum objetivo por trás, era apenas uma piada. Mas também tocou em algo, é profundo. Ele evoca um sentimento de nostalgia, toma conta do seu corpo, e de repente, é como se estivesse em um jogo onde sua emoções são controladas e você sabe disso. Mas parece tão natural. Parece a necessidade que você vem sentindo sua vida inteira, mas de maneira obscura. Ele evoca a sensação de uma lembrança distante, partes da infância, algo que parece um sonho de um paraíso com codeína que pode ter existido. É fechar os olhos e ver as luzes neon se contorcendo. As imagens flutuam em um ritmo suave e fantasioso, mas nada é bom ou ruim, ele não carrega peso. A música, do mesmo jeito, só está lá, como bolhas de ar entrando e saindo do seu ouvido. Tão discreto, simples, fácil de ouvir. Desaparecendo em sua mente, tendo a certeza que nunca mais irão voltar. Mentiras são contadas, mas a sensação de pertencimento se instala em você, como um programa. Tão inútil e vazio, e inexplicavelmente, te completa. Não há medo, não há euforia. É como uma droga que anestesia toda a dor de não ter tudo o que lhe foi prometido. Porque foi isso que a internet e o capitalismo fizeram com aquelas crianças. O que é mais do que o significado ‘’anticapitalista’’, que tira emoção e significado de eventos. Desmonta a cultura da propaganda, te lembrando que as tentativas do anunciante de manipular suas emoções não são mais que uma mistura de imagens, músicas e sim, memes, que são calculados para produzir um comportamento.

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