Trabalho Aguas Pluviais

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REDE DE ÁGUAS PLUVIAIS

TECNOLOGIAS DA CONSTRUÇÃO III ARC1

HUGO MARTINS 34203 MANUEL LOPES 34191 SUSANA REGO 35446 TELMA RIBEIRO 34163


HUGO MARTINS 34203 hugolopesmartins@gmail.com

918481040

MANUEL LOPES 34191 mjcclopes@gmail.com 917268426 SUSANA REGO 35446 suzanna.pr@gmail.com 914266278 TELMA RIBEIRO 34163 telma.ribeiro00@gmail.com

911545511


Manuel Lopes Hugo Martins

Susana Rego Telma Ribeiro



ÍNDICE

Introdução pág. 08 Contexto Histórico pág. 14 Sistemas A Influencia do Clima pág. 22 Unitário e Separativo pág. 32 Sistemas mais Utilizados e Alternativos pág. 40 Evolução do Uso dos Sistemas e Materiais pág. 52 Casos de Estudo Arquitectura Tradicional pág. 66 Arquitectura Contemporânea/Tradicional pág. 74 Arquitectura Contemporânea/Alternativa pág. 82 Arquitectura Contemporânea pág. 98



INTRODUÇÃO


No âmbito da disciplina de Tecnologias da Construção III foi-nos proposto elaborar um trabalho acerca do tema dos Sistemas de Drenagem das Águas Pluviais. Após uma melhor compreensão sobre este tema decidimos dividir o nosso trabalho de forma a conseguir explorar e descrever o contexto histórico, os diferentes tipos de sistemas associados aos regulamentos, condicionantes, materiais, elementos constituintes e evolução das tecnologias. A estrutura do nosso trabalho consistirá numa explicação textual sempre acompanhada por imagens, tentando dar um aspecto muito mais gráfico ao trabalho uma vez que consideramos que as imagens, neste tema, têm bastante importância no papel da compreensão do que estiver a ser descrito. Como se pode observar na imagem da página ao lado, elaboramos um esquema de páginas para estudar a estrutura que na montagem do trabalho foi seguida, sofrendo algumas alterações devido às dimensões do texto ou das fotografias.

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Na última parte do trabalho decidimos elaborar quatro casos de estudo: um contemporâneo que nos suscitou interesse e nos pareceu que fosse um óptimo exemplo; um tradicional a nível da habitação; um contemporaneo mas onde encontramos algumas caracteristicas mais tradicionais e um contemporâneo com um sistema diferente do que estavamos habituados. Na pagina ao lado podemos observar as fotografias dos casos de estudo que iremos abordar.

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CONTEXTO HISTÓRICO


Desde sempre houve a necessidade de garantir a protecção das águas da chuva e uma vez que a arquitectura garante o abrigo de quem a habita é, então, lógico que estas técnicas sejam intrínsecas à arquitectura. Desta forma, e à medida que as tecnologias da construção se desenvolvem, estes sistemas também se desenvolvem: desde a introdução das estações de tratamento à separação das águas pluviais das restantes e passando também pela própria evolução dos materiais e tipos de aproveitamento destas águas. Apesar dos componentes dos sistemas alterarem consoante a localização geográfica do edifício em questão podemos traçar uma característica comum à chamada arquitectura tradicional. Uma vez que os sistemas de drenagem das águas têm como objectivo afastar a água pluvial do edifício (evitar que esta entre dentro do mesmo) os primeiros sistemas caracterizam-se, principalmente, por uma cobertura inclinada, cuja pendente encaminha a água para o solo, protegendo assim o “abrigo”. Os materiais desta cobertura teriam de ser impermeáveis e geralmente, apesar de dependerem da disponibilidade do material e o seu preço, dependem também da zona em questão, ou seja, dos níveis de pluviosidade.

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A respeito de edifícios maiores ou considerados mais importantes, por envolverem questões como a religião, podemos observar uma maior importância a nível estético (também porque se investe mais dinheiro) e aqui podemos notar que, apesar do princípio ser o mesmo (encaminhamento das águas, a partir de uma pendente, para o solo), aqui apresentam-se elementos que embelezam o edifício e acrescentam um novo elemento ao sistema, como por exemplo a utilização de gárgulas muito usadas em estilos anteriores e que estão presentes num dos nossos casos de estudo: Torre do Tombo. Na página ao lado podemos observar a utilização das gárgulas em diferentes edifícios: Notre Dame, Mosteiro da Batalha, Mosteiro dos Jerónimos e Palácio da Pena (respectivamente).

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Hoje em dia os sistemas apresentam-se com algumas diferenças, principalmente pela implementação do RGEU (Regulamento Geral das Edificações Urbanas) que obrigam a determinadas condições. Este regulamento, que surgiu no século XX, dita genericamente que o necessário será garantir que as águas, depois de recebidas na cobertura e encaminhadas para o solo, terão de seguir para a rede pública ou então para áreas de retenção onde a água poderá ser utilizada posteriormente para rega ou para outros fins possíveis de concretizar com água não potável.

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Diz-nos também que os tubos de queda, para além de terem de ser verticais, têm de ter um alinhamento retiforme. Agora o sistema para além de ter de evitar a infiltração no edifício a partir da cobertura também terá de evitar a infiltração no solo.

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SISTEMAS A INFLUÊNCIA DO CLIMA


Como já foi referido anteriormente, os sistemas de drenagem das águas pluviais variam consoante a posição geográfica em questão - neste caso essa posição geográfica traduz-se nos níveis de pluviosidade. Estas condições que podemos observar nos índices dos níveis de chuva que vão traduzir-se no tipo de construção, e neste caso, nos sistemas de cobertura que têm de se adaptar e, logicamente, responder aos problemas da zona onde se insere. Se compararmos uma casa típica de um país do norte da Europa onde decorrem grandes cheias causas pela chuva com uma casa típica de um país africano, onde o índice de pluviosidade é baixo, podemos claramente notar as diferenças consequentes deste facto. As imagens da página ao lado evidenciam essas diferenças: em cima podemos ver casas em Copenhaga onde observamos uma inclinação acentuada e telha cerâmica na cobertura, enquanto que na imagem abaixo observamos uma casa em Angola com uma cobertura e colmo e com uma inclinação pouco definida.

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Relativamente a Portugal, sabemos que genericamente chove menos no sul e mais no norte de país e por isso podemos tambÊm notar algumas diferenças como as anteriores. No mapa da pågina ao lado pode-se constatar este facto.

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No norte do país observamos com bastante frequência as coberturas inclinadas e os materiais variam entre a pedra (por exemplo o xisto) e a telha cerâmica. Podemos ver na fotografia um conjunto de casas a norte do país (Piodão) com cobertura em xisto.

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No sul do país verificamos com mais frequência as coberturas planas, uma vez que os índices de pluviosidade são bastante menores e não será necessária uma inclinação tão grande para uma drenagem mais rápida das águas. Na fotografia podemos observar um conjunto de casas em Olhão com algumas coberturas planas.

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Um facto interessante sobre esta questão são as próprias casas no Gerês, falando mais especificamente em Castro Laboreiro, onde tradicionalmente as coberturas são em colmo o que nos pode trazer uma contradição ao que foi dito anteriormente mas é de notar que nesta região este tipo de cobertura seria o mais rentável e sustentável e é também de frisar que à medida que os tempos foram passado estas coberturas foram sendo substituídas por cobertura de telha cerâmica por ser um material que garante uma melhor impermeabilização.

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Apesar de todas estas características aqui descritas, hoje em dia, já não conseguimos observar com tanta evidência este facto da relação entre o sistema de drenagem e o índice de pluviosidade do local. Isto deve-se aos avanços da tecnologia que permitem controlar melhor e de outras formas as condições pluviais. Nesta vista da cidade de Amsterdão podemos ver as casas tipicas com cobertura inclinada em comparação com muitas casas com a cobertura plana que é possivel nesta situação dado o avanço da tecnologia.

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SISTEMAS UNITÁRIO E SEPARATIVO


1 - Camâra do Ramal de Ligação 2 - Colector Público

Os sistemas de drenagem de águas podem ser classificados por separativos ou unitários, sendo que a drenagem pode ser gravítica ou mista. Os sistemas separativos são constituídos por duas redes de colector distintas em que uma delas é destinada às águas pluviais e outra às águas residuais. 32


3 - Ramal de Ligação

Os sistemas unitários são constituídos por uma única rede de colectores onde são admitidas conjuntamente as águas residuais e as pluviais. 33


Câmara de Ramal de Ligação Colector Publico

A drenagem é gravítica quando a água não necessita de ser bombeada para a rede pública, ou seja, quando é encaminhada pelo meio da gravidade.

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Câmara de Ramal de ligação Colector Público

Desta forma a drenagem mista, como o nome indica a drenagem será, em parte, feita graviticamente e em locais necessários por meio de bombagem (como por exemplo no caso em que será necessário drenar águas que fiquem abaixo do colector público).

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A escolha do tipo de sistema é condicionada por diversos factores técnicos e económicos. Mas ainda assim existem várias vantagens e desvantagens face a estes tipos de sistemas que podem favorecer a escolha. Na tabela da página ao lado podemos ver as vantagens de ambos os sistemas e perceber que o mais favorável será o sistema separativo.

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VANTAGENS SISTEMA UNITÁRIO

1. Menor custo de construção 2. Facilidade de construção 1. Não necessita de materiais resistentes à corrosão nos colectores

SISTEMA SEPARATIVO

2. Menor custo de tratamento de água 3. Menor diâmetro das canalizações 4. Menor risco de poluição

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SISTEMAS

SISTEMAS MAIS UTILIZADOS E ALTERNATIVOS


A concepção dos primeiros sistemas de águas residuais contemplava quase só redes com o sistema unitário, uma vez que se considerava ser o mais económico. No entanto, com o avanço da experiência e o reconhecimento dos problemas de poluição e contaminação das águas (como é ilustrado na fotografia), os sistemas do tipo unitário começaram a ser postos em causa. Desta forma, actualmente o sistema mais usado é o separativo porque permite a reutilização das águas pluviais e um menor custo no seu tratamento.

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Como já foi referido anteriormente, existem dois tipos de sistemas que encaminham as águas para a rede pública: drenagem gravítica e mista. Em tempos anteriores o mais utilizado seria a drenagem gravítica porém, hoje em dia, já existem em maior quantidade os mecanismos mistos. Em ambos os tipos as águas pluviais são encaminhadas para o ramal de ligação que faz a condução até ao colector público, porém, no mecanismo misto, a água que está abaixo do nível do solo ainda é bombeada para o ramal de ligação e depois seguirá o seu curso normal.

Os elementos que constituem estes sistemas são os seguintes:

- As caleiras e algerozes (dispositivos de recolha para condução de águas para os tubos de queda que estão ilustrados nas imagens da página ao lado) - Ramais de descarga (destinados ao transporte das águas provenientes dos dispositivos de recolha para o tubo de queda ou colector predial).

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- Tubos de queda que se estendem até ao chão e transportam as águas para o colector ou valeta.

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Câmara de ramal de ligação colector publico

- Colectores prediais (transportam a soma das descargas dos tubos de queda para a câmara de ramal de ligação e posteriormente para o ramal publico).

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Câmara de ramal de ligação colector publico

- Ramais de ligação (compreendido entre a câmara de ramal de ligação e o colector publico, destinado a drenar as águas para a rede publica).

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Seja a cobertura plana (com ligeira inclinação e impermeabilização da cobertura) ou inclinada, a situação mais recorrente é a colocação da caleira em torno do edifico (de forma a estar em concordância com a inclinação da cobertura) que depois encaminhará a água a realizar o seu caminho normal (já descrito) até à rede pública.

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No caso da cobertura plana o sistema é também semelhante mas aqui observamos também a possibilidade da drenagem das águas ser feita através de um tubo de queda saliente onde a água sai directamente para o exterior. Podemos observar esta situação, por exemplo, em varandas.

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Como sistemas alternativos identificamos o projecto da TreeHouse (Jular) que irรก ser tratato no capitulo dos Casos de Estudo.

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EVOLUÇÃO DO USO DOS SISTEMAS E MATERIAIS


Como podemos contactar por aquilo que já foi referido ao longo do trabalho houve uma evolução relativamente às técnicas usadas nos diferentes tipos de sistemas. Começamos com um sistema simples de drenagem das águas a partir da pendente da cobertura directamente para o solo, à medida que as técnicas e tecnologias foram avançando passámos para um sistema unitário que é constituído por uma única rede de colectores e onde eram encaminhadas em conjunto tanto as águas residuais como as pluviais e este sistema, durante algum tempo foi considerado o único sistema possível de ser construído dado ao seu baixo custo de construção.

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Uma vez mais, dada a evolução e à necessidade de recorrer ao tratamento das águas residuais antes do seu lançamento num meio receptor aquático e, também, dada a necessidade de um possível armazenamento das águas pluviais, os sistemas separativos começaram a ganhar lugar face aos unitários. Houve também uma evolução destas técnicas na tentativa de possibilitar um maior conforto e também para uma melhor impermeabilização do próprio edifício.

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Os materiais utilizados nas tubagens sofreram também uma evolução na perspectiva de melhorar a sua qualidade e resistência. A partir da revolução industrial e da evolução intrínseca a esta época surgiram novos materiais plásticos como o PVC (ilustrado na imagem) que é hoje bastante usado, devido à redução de peso que permitiu, facilidade de aplicação e eficiência.

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Além deste material são também utilizados, como vemos nas imagens o ferro fundido e galvanizado e o betão. Apesar dos antigos materiais serem também metálicos estes sofreram bastantes alterações a nível do seu tratamento final, melhorando assim também a sua resistência e qualidade para as funções propostas. 56


Como prova de uma evolução desta índole existem também um novo tipo de sistema de drenagem das águas pluviais por vácuo – sistema Pluvia.

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Este sistema promete uma nova dimensão à drenagem de coberturas garantindo um funcionamento de capacidade máxima. Este tipo de sistema por vácuo permite que as tubagens possam ficar completamente cheias como está ilustrado nas imagens à esquerda (que é obtido por ralos específicos). Dado este facto assegura uma drenagem eficaz sem pendentes nos ramais e colectores e, devido às velocidades elevadas de drenagem, assegura, também, uma autolimpeza. O sistema é constituído por: 58


- Ralos; 59


- Placas de coordenação universal (compatíveis com diversos tipos de impermeabilização); - Tubagens e acessórios em polietileno de alta densidade;

- Fixações, rails e abraçadeiras de instalação rápida e simples.

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Métodos de Ligação

Soldadura topo a topo das tubagens

União de electrossoldadura das tubagens

Junta de dilatação(só em tubos de queda) 61


É bastante abrangente no que toca à sua possibilidade de aplicação uma vez que pode ser instalado em coberturas metálicas, em madeira (no caso da madeira lamelada colada), betão armado e coberturas ajardinadas. Relativamente aos sistemas convencionais o sistema Pluvia apresenta diversas vantagens: 1.Devido aos tubos de menor diâmetro possibilita uma maior área e volume disponíveis e como consequência uma maior flexibilidade e liberdade na arquitectura 2.As tubagens podem ser montadas sem pendentes, não é necessário haver tantos tubos enterrados e também se pode diminuir o número de tubos de queda, desta forma apresenta um trabalho melhor no solo, uma instalação mais rápida, menores custos em material e menos caixas de visita 3.Apresenta também uma maior velocidade no escoamento, auto limpeza e uma maior leveza 4.Necessita de menores quantidades de material e como consequência uma menor área de armazenamento, menores custos e maior rapidez de execução.

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Tubos sem pendentes

Tubos com di창metros menores

Menos tubos enterrados

Menos tubos de queda

Menor quantidade de material 63



CASOS DE ESTUDO Edificio de Arquitectura Tradicional

Reabilitação de uma Habitação Unifamiliar


Este edifício, situado em Viseu, mais propriamente em Resende, está implantado num terreno com poucas edificações e com existência de paredes de contenção à volta desta construção (para segurar as terras), devido à acentuada pendente para nascente do terreno. O edifício tem acesso a uma estrada nacional para poente, tendo fornecimento de rede eléctrica, rede telefónica e rede de água faltando a rede pública de saneamento básico, onde esta zona tem que decorrer a uma fossa estanque/poço absorvente.

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Tem dois pisos mais rés-do-chão, sendo uma casa tradicional considerada bastante alta, atingindo os 8m, principalmente devido à sua estrutura em pedra ilustrado no esquema da pagina ao lado. Tem 130m² de área de implantação.

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O estudo desta tipologia, em relação à rede de drenagem de águas pluviais, mostra problemas existentes uma vez que as casas mais antigas não apresentavam caleiras, algerozes ou tubos de queda (a água caía directamente pela pendente da cobertura para a rua). Após a reabilitação desta habitação foram colocadas caleiras e algerozes que transportam a água para os tubos de queda e posteriormente para a rua e para a rede pública. Apesar da reabilitação ter sido feita notámos ainda a falta de algumas caleiras, talvez por uma questão da obra estar inacabada e também pelo problema do escoamento das águas nestas casas mais antigas. Na imagem em baixo podemos ver uma fotografia desta habitação onde se podem observar os tubos de queda e caleiras e na página ao lado uns esquemas sobre o sistema da cobertura (em cima) e tambem as suas pendentes (em baixo).

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CASOS DE ESTUDO Edificio de Arquitectura Contempor창nea/Tradicional

Torre do Tombo


O Arquivo Nacional da Torre do Tombo, conhecido como Torre do Tombo, localiza-se no Campo Grande, em Lisboa, na Alameda da Cidade Universitária, projectado pelo arquitecto Arsénio Cordeiro. É o edifício do arquivo central do Estado Português desde a Idade Média. Com mais de 600 anos, é uma das mais antigas instituições portuguesas ainda activas. Sofreu várias alterações relativamente ao seu local sendo que em 1990 foi construído o edifício que conhecemos hoje na Cidade Universitária. Ocupando uma área de 54 900 metros quadrados e contando com cerca de cem quilómetros de prateleiras, este moderno edifício possui três áreas principais: uma para arquivo e investigação, uma para a realização de actividades culturais e a última para os serviços administrativos.

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A drenagem da cobertura é feita pelas pendentes da cobertura que encaminham a água às gárgulas, que as escoam para uma superficie inclinada do edificio e depois para o chão que tem alguma inclinação que dirige a água para a rede de pública.

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As gárgulas são elementos arquitectónicos que têm por função escoar as águas pluviais das coberturas dos edifícios, impedindo-as de escorrer ao longo das paredes exteriores. O termo gárgula deriva da palavra francesa gargouille (garganta) que vem do latim gurgulio, gulia e a palavra terá nascido do som feito pela água a correr. Tradicionalmente as gárgulas eram símbolos de forças maléficas e tentações para o pecado e eram consideradas como protecções dos edifícios contra as forças do mal. O fascínio por estes elementos perdurou para além da Idade Média e podemos encontrá-las em edifícios modernos já não tanto pela necessidade de escoamento das águas mas, principalmente, com intuitos decorativos. Um bom exemplo disso, são as da Torre do Tombo.

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CASOS DE ESTUDO Edificio de Arquitectura Contempor창nea/Alternativa

TreeHouse | Jular


A TreeHouse é uma casa modular, fabricada pela empresa Jular, em que é usado um sistema de madeira lamelada colada como elemento estrutural do edifício. É construída com módulos de 3,30x6,60m com 3x30m de altura. Esta altura poderá ser mutável devido à cobertura do edifício (plana ou com duas ou mais águas).

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A TreeHouse ĂŠ uma casa modular, fabricada pela empresa Jular, em que ĂŠ usado um sistema de madeira lamelada colada como elemento estrutural do edifĂ­cio.

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É construída com módulos de 3,30x6,60m com 3x30m de altura. Esta altura poderá ser mutável devido à cobertura do edifício. A construção por módulos facilita o processo construtivo e ainda aumenta a rapidez de montagem destas habitações. Esta tipologia tem outra vantagem enorme que é o tamanho da construção que se pretende, pode atingir quaisquer medidas.

TreeHouse T1A - 4 módulos

TreeHouse T2C - 8 módulos 85


TreeHouse T3D - 10 m贸dulos

TreeHouse T4B - 12 M贸dulos 86


TreeHouse RIGA T1 + 1

TreeHouse SOYO T2 87


Outra grande vantagem que obtém é a sua materialidade, sendo versátil às várias estações do ano (conforto visual) e sendo rapidamente reparado aquando algum problema.

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Nestas construções com cobertura plana é colocada uma tela asfáltica no topo, que tem uma pequena inclinação devido às vigas de madeira microlamelada (vigas Kerto), para a água poder escorrer naturalmente (não superior a 3%), conduzindo-a para uma caleira debaixo desta tela. Esta água poderá ter que escorrer por uma tela impermeável dado que a tela asfáltica pode ter, ainda que por pouco que seja, um certo nível de permeabilidade.

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Entretanto foi explicado, em visita ao local, que a inclinação não provém apenas de um lado mas sim de três, o que significa que a água é encaminhada para o meio da cobertura. A inovação deste tipo de construção é que, na tipologia de cobertura plana, a água que passa pela própria estrutura da parede, ou seja, na caixa-de-ar deixada entre a lã de rocha (isolamento térmico), à qual se une uma barreira-vapor para proteger, e a aplicação do revestimento exterior passa o tubo de queda de águas pluviais.

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O que acontece de seguida é exactamente o mesmo que o caso anterior: a água desce por um tubo de queda e volta para o chão, que terá ou não uma inclinação e uma grelha de recolha pública. A verdadeira questão é a seguinte: então e porque são desaproveitadas estas águas? Porque não passam para regas ou por um tratamento que as torne utilizáveis noutros aspectos? E é por estas e muitas outras questões que o edifício de análise principal será a ETAR de Alcântara.

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CASOS DE ESTUDO Edificio de Arquitectura Contempor창nea

ETAR de Alc창ntara


O edifício onde se insere a ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) de Alcântara, acessível ao público a partir de, sensivelmente, 29 de Abril de 2011, apesar de ainda não concluída a obra (ainda em construção a sede da SimTejo, que se insere no interior das instalações) representa, neste contexto mais contemporâneo em que foi circunscrita, ou seja, a construção arquitectónica em si, uma melhoria de condições às que antigamente existiam neste espaço.

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A operação geral é a modernização da estação de tratamento de águas residuais de Alcântara. Por motivos de preservação ambiental impunha-se a criação de uma cobertura para este vasto equipamento. Numa relação de escala territorial, esta cobertura ajardinada prolonga as encostas verdes do Vale de Alcântara, ajudando assim a diminuir o impacto provocado pelas infra-estruturas viárias da zona. A maior ETAR do País até então permite assegurar o tratamento secundário e a desinfecção das águas residuais provenientes de parte do Município de Lisboa e de parte dos Municípios de Amadora e de Oeiras, beneficiando cerca de 756 mil habitantes

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Na espessura da cobertura integra-se a construção. Modelando as pendentes, criam-se condições de habitabilidade e hierarquias entre os espaços. Nas vias, rasga-se a cobertura, ventilando e iluminando, mas nunca expondo.

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As áreas administrativas definem-se por um muro limite, um vidro e alguns volumes soltos, que albergam funções secundárias, separando as circulações internas dos espaços de trabalho .

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A ETAR dispõe de uma capacidade de tratamento instalada para um caudal de ponta de 3,3 m3/s em tempo seco (tratamento biológico) e 6,6 m3/s em tempo húmido (tratamento físicoquímico), sendo de realçar que durante as obras de beneficiação, iniciadas em 2006, foi sempre garantido o pleno funcionamento da ETAR .

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Está equipada, como se pode observar na fotografia, com um sistema de desodorização dotado com equipamentos de ventilação e de tratamento de cheiros com capacidade para 160 mil metros cúbicos por hora de ar. A empreitada assegurou também a requalificação ambiental e paisagística da zona de implantação da ETAR através da criação de um jardim suspenso. O arranque em pleno da nova ETAR de Alcântara representa um contributo fundamental para a melhoria da qualidade das águas do Estuário do Tejo, território com inegável interesse ecológico, e a requalificação ambiental e paisagística do Vale de Alcântara. As águas residuais tratadas são descarregadas no Rio Tejo junto à Doca de Santo Amaro. .

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As lamas resultantes do tratamento primário e do tratamento secundário são submetidas a processos de espessamento, desidratação em centrífugas e estabilização química com adição de cal viva, para posterior condução ao destino final para valorização agrícola.

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Apesar de esta obra ser bastante conturbada nos tempos que correm, especialmente por questões monetárias, esta obra, retirando todo o seu valor do ponto de vista arquitectónico, está muito bem estruturada no que conta a pormenores técnicos, especialmente à recolha de águas pluviais. Começando pela cobertura e pelo espaço verde, a água é de imediato aproveitada para a rega do espaço verde.

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Após este rejeitar a água a mais há duas hipóteses prováveis: a escorrência desta e a queda para um dreno. A escorrência dá-se involuntariamente dado que a água passa pela zona verde e escorre para o lado de menor inclinação e, para que não se desperdice esta água, fez-se com que caia para uma grelha que a capta antes que esta chegue à laje das plataformas exteriores.

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A queda para esta grelha leva a água para um reservatório público, onde se mantém. A queda da água para um dreno dá-se quando a terra está já saturada e começará a criar um pequeno lençol de água, coisa que não é permitida colocando-se um dreno, protegido por uma manta geotêxtil que não deixe passar pequenas terras na água. Após chegar ao dreno a água é conduzida até um tubo de queda, que a leva ao reservatório público anteriormente falado. É importante referir que toda a cobertura foi pensada de modo a que, quando um destes métodos acontecesse, houvesse o mínimo de perda de água possível, daí as várias inclinações nesta.

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Apesar de uma grande dúvida e, talvez, um grande susto para quem nos guiou pela ETAR, do grupo, constata-se que a água não tem quaisquer tipos de relações com o exterior aquando dentro do suporte de betão para a cobertura verde, como se fizera parecer nas fendas de encaixe das cofragens metálicas para betão armado.

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Passando agora para a laje intermédia da construção a água é encaminhada por várias inclinações para várias grelhas de recolha.

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Apesar disso a inclinação é sempre mínima para ser pouco o esforço de percorrer o interior do edifício, tem perto de 0,8% de inclinação na parte mais plana.

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Mesmo nas grandes rampas de entrada, com uma inclinação superior, tanto de um lado como de outro, existe sempre uma grelha de recolha de águas, de modo a haver o mínimo desperdício possível.

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Será óbvio dizer que, no interior do edifício esta inclinação não foi mantida e que, salvo raras excepções, não se percebe qualquer atravessamento de tubos de queda pelo edifício, apenas perceptíveis em partes inacabadas da obra. 116


Estas águas são aproveitadas, não se juntando com as residuais, e entrarão num ciclo de rega. O que acontece é que, quando a água é encaminhada para o reservatório, este terá uma ramificação que tem como finalidade regar toda a cobertura verde, num sistema “gota-a-gota”. É deste modo que as águas pluviais diferem das águas residuais.

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Finalizando, explica-se um pouco do que está feito e do que há para fazer. Falando um pouco da vasta cobertura verde, retira-se que apenas tem um valor estético, não funcional, ao que Paulo Coelho, engenheiro ambiental na ETAR de Alcântara, chamou à atenção que tal facto é mutável, podendo muito bem implantar-se numa certa área árvores de fruto, por exemplo, ou, numa escala mais alargada, que aborde já terrenos exteriores, um sistema de hortas comunitárias.

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Em termos arquitectónicos e estéticos crê-se que os acabamentos estão muito aquém das expectativas, tanto do ponto de vista do reconhecimento que têm os arquitectos em questão, como do ponto de vista estrutural, com uma (decerto) vasta equipa a trabalhar neste projecto.

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Em termos da utilidade das águas, tanto pluviais como residuais, também existem problemas. Em conversa com o professor tentou-se perceber se as águas residuais tratadas e as águas pluviais teriam alguma finalidade nesta ETAR, se seriam separadas, utilizadas para algo, e o resultado foi inconclusivo por parte das águas residuais tratadas. As águas pluviais, como já explicado, entram em ciclos de regas, nunca sendo totalmente desaproveitadas. Em relação às águas residuais não se podem tirar quaisquer conclusões finais. Após o tratamento destas não haverá um método mais abrangente, por assim dizer, de as reutilizar, sendo então um grande desperdício que estas sejam escoadas para o rio Tejo após todo o seu tratamento. Em conversa com Paulo Coelho, engenheiro ambiental na ETAR de Alcântara, não foi conclusiva por parte deste que planos estariam ligados com tais águas, falando este de uma provável rega da serra de Monsanto mas sem nunca dar quaisquer pormenores desta.

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CONCLUSテグ


Neste trabalho podemos conhecer qual é o funcionamento e todos os elementos do sistema de drenagem de águas pluviais. Por ser um sistema tão fortemente ligado com a aparência estética do edifício e, por isso, tão intimamente ligado com a arquitectura ele afecta-a directamente. Podemos traçar uma característica que condiciona este sistema: o clima. Uma vez que este sistema deve permitir as condições de abrigo face à chuva esta condição afecta-a directamente. Tradicionalmente conhecemos edifícios com coberturas inclinadas (e com ângulos diferentes de inclinação dependendo das características climatéricas da localidade) com pedra, telha cerâmica ou colmo. Uma vez que o colmo, face aos restantes, é um tipo de cobertura que permite menos impermeabilidade podemos concluir que é mais apropriada para locais com um índice pluviométrico baixo (porém o material também se relaciona com a facilidade de acesso ao mesmo). Com o desenvolvimento das tecnologias e descoberta de novos materiais podemos já observar, em locais onde costuma chover bastante, coberturas planas que já permitem uma drenagem sem riscos (quando bem executadas) apagando assim o carácter de relação entre local/clima-tipo de cobertura. Em qualquer tipo de cobertura a água é sempre recolhida, pela pendente, nas caleiras e algerozes que a conduzem até aos tubos de queda e posteriormente para a rede pública, sendo que esta água pode ir para uma rede independente ou juntamente com as águas residuais – sistema separativo e unitário (respectivamente. Relativamente à evolução deste sistema também podemos notar um sistema mais inovador no que toca às tubagens e aos ralos de recolha de águas, que permitem uma drenagem mais rápida e eficaz por meio de vácuo criado dentro dos tubos. Cada vez mais vamos assistindo a uma evolução no caminho do reaproveitamento das águas residuais, porém ainda são poucos (para aquilo que deveria ser o necessário) os edifícios que fazem este reaproveitamento. Nos edifícios estudados pelo grupo constatamos este mesmo facto, em todos os projectos a água é sempre levada para a rede pública não sendo aproveitada para rega ou outros fins que não necessitem de água potável. Hoje em dia, parece-nos, que é urgente uma mudança neste tipo de sistema para se poder aproveitar, na medida do possível, este recurso.

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BIBLIOGRAFIA


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