Resultados do LabSLZ - Diretrizes para os Galpões

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Laboratório Urbano Efêmero LabSLZ

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CC-BY-NC-SA


Laboratório Urbano Efêmero LabSLZ 2018 // EQUIPE PROJETO

São Luís, Maranhão Ago/Set 2018

Fausto Bugatti Isolan George Brum Cereça Isadora Scopel Simon Leonardo Brawl Márquez Mario Galvão Prati Rafael Aurélio Knebel Carolina Huffmann Milagros Hurtig

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// SUMÁRIO

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// Apresentação 7 Laboratório Urbano Efêmero de São Luís TransLAB.URB Implementação Programação aberta

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// Metodologias aplicadas 19

Mapas e mapeamento 21 Mural de expectativas 23 Cocriação 25 Exorcismo Urbano 26 Deriva 28 Mapeamento de agentes e iniciativas 30 Fala Local PechaKucha 33 Convocatórias (Oficinas + pátio) 34 Mesas temáticas 35 Oficinas 39

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// Grupos de trabalho 43

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// Palestras

Urbanismo Tático 44 Arquitetura Efêmera 49 Mapeamento 50

05 06 07 08 09 10

// Redes Sociais 55

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// Conclusão e impressões gerais 89

// Ambientação Galeria Trapiche 59 // Material gráfico 63 // Mini doc

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// Clipping

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// Diretrizes

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Diretrizes espaciais Diretrizes de usos e programas Diretrizes de autogestão Pontos de atenção

76 80 84 91

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01 // APRESENTAÇÃO

O Laboratório Urbano Efêmero de São Luís, ocorrido entre 27 de Agosto e 17 de Setembro de 2018, foi uma ocupação temporária da Galeria Trapiche e do entorno dos Galpões do Complexo Santo Ângelo proposta pelo Coletivo autônomo TransLAB.URB, de Porto Alegre - RS, com o objetivo de criar um espaço de encontro para que os projetos e iniciativas que acontecem em São Luís pudessem estar em rede e construir de maneira conjunta as ideias para os galpões que serão reformados.

// Laboratório Urbano Efêmero de São Luís

Durante três semanas São Luís experimentou um ciclo de atividades ligadas aos temas da inovação social urbana no contexto do Trapiche Santo Ângelo (Galpões do Complexo Santo Ângelo), situado na região central da cidade, cuja área já está vivenciando um processo de revitalização do seu patrimônio histórico. A ocupação deste território com um Laboratório Urbano Efêmero durante 21 dias buscou o desenvolvimento do sentido de pertencimento e reconhecimento do próprio lugar, possibilitando a identificação de vontades e desejos coletivos para o codesenho de espaços e programas de interesse público e de uso comum. Este processo foi utilizado para cocriar diretrizes a serem utilizadas na construção do programa para o projeto de requalificação dos Galpões previsto para o ano de 2020, financiado pelo BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento. O LabSLZ se configurou numa proposta de espaço aberto e colaborativo. A ideia base foi promover encontros para a troca de experiências entre projetos e iniciativas já existentes na cidade e/ou que desejem sair do papel. Foi um momento de aumentar e criar novas redes para tornar São Luís ainda mais vibrante.

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01 // APRESENTAÇÃO

A convite do BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento, o coletivo autônomo de inovação social urbana TransLAB.URB, de Porto Alegre - RS, desenvolveu um processo para um período de 21 dias, utilizando uma série de ferramentas de desenho de processos cívicos, placemaking e urbanismo tático, para identificar pré-existências e construir junto à população diretrizes para programa de usos para dois dos cinco galpões do complexo Santo Ângelo, entendendo-os como um laboratório, um novo repertório de equipamento público urbano.

// TransLAB.URB

A equipe do TransLAB.URB estava composta de quarto urbanistas, um psicólogo social e um fotógrafo/documentarista, além das duas urbanistas convidadas, integrantes do coletivo Urbanismo Vivo, de Buenos Aires, Argentina.

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01 // APRESENTAÇÃO

As atividades do Laboratório Urbano Efêmero foram organizadas em quatro etapas: • Semana 00 (20 a 26 de Setembro) - reservada para a pré-produção, reconhecimento da área e contato com a equipe de apoio local. Nesta etapa também foram resolvidas questões de infraestrutura do local como capina e limpeza de entulhos, iluminação externa, rede de internet aberta e mobiliário. Além disso ocorreram também as primeiras reuniões presenciais com integrantes da Secretaria de Projetos Especiais da Prefeitura de São Luís e outros agentes da cidade conectados com o tema da requalificação da região dos Galpões. Paralelamente foram realizadas as primeiras palestras em instituições de ensino da região informando sobre o que viria a ser proposto neste processo.

// Implementação

• Semana 01 (27 de Setembro a 02 de Outubro) - foi o lançamento oficial da programação aberta ao público, reforçando ainda mais a comunicação dos 21 dias do Laboratório. Uma semana focada no acolhimento de todas as pessoas que chegavam com muitas dúvidas sobre as atividades, execução do mapeamento dos agentes e das iniciativas e as inúmeras conversas de convite. Nesta semana também ocorreu a primeira grande rodada de cocriação de diretrizes. • Semana 02 (03 a 09 de Outubro) - focada na execução de toda a agenda aberta proposta pelo LabSLZ e das atividades oriundas das convocatórias junto aos agentes locais. Continuação do acolhimento às pessoas e iniciativas interessadas também ocorreu, complementando agenda aberta de atividades do Laboratório. • Semana 03 (10 a 16 de Outubro) - foi uma semana dedicada a atividades variadas, com destaque para as ações de caráter festivo com música, arte e dança. Além disso, aconteceram encontros de encaminhamentos dos três Grupos de Trabalho (citados a seguir neste relatório), reuniões entre agentes locais para tratar da continuidade dos processos e atividades das semanas anteriores e dos próximos passos do Laboratório. Esta etapa contou com o acompanhamento integral do documentarista da equipe.

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01 // APRESENTAÇÃO

_RECONHECIMENTO _LABORATÓRIO URBANO EFÊMERO EM CONSTRUÇÃO

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SEMANA 00

_CHEGADA

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_Convocatória para agentes transformadores da cidade _Reunião Geral com todas as Secretarias da Prefeitura de São Luís, IFMA, UEMA, SUP PATRIMÔNIO MA E IPHAN _Apresentação aberta para os cursos de Arquitetura e Urbanismo e Design da CEUMA

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_Conversa sobre o Laboratório Urbano Efêmero de São Luís com a turma de Projeto de Arquitetura: Habitação de Interesse Social e a Turma de Intervenção em Sítios Históricos da UNDB

_COMUNICAÇÃO E PROSPECÇÃO

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_LANÇAMENTO OFICIAL DA PROGRAMAÇÃO

SEMANA 01

_INÍCIO DOS 21 DIAS DO LabSLZ _Visita de equipes de reportagens, prefeitura e EBC

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_LANÇAMENTO GT ARQUITETURA EFÊMERA

_Oficina “Cocriação do Laboratório Cidadão” _Coletivo Urbanismo Vivo: Abordagem de Percepção Sensorial

_Apresentação LabSLZ

29 _LANÇAMENTO DA CONVOCATÓRIA “OCUPA PÁTIO”

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_Visita IFMA _GT Arquitetura Efêmera

02 _GT Arquitetura Efêmera _Customização dos Espaços do LabSLZ

_Visita turma do Design da UEMA _Apresentação sobre o Laboratório Urbano Efêmero de São Luís na FAU UEMA

_CONTATOS, COMUNICAÇÃO, ACOLHIMENTO DE INTERESSADOS NO ESPAÇO LabSLZ

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01 // APRESENTAÇÃO

_Mapeamento afetivo em construção (Urbanismo Vivo) _Oficina: Percepção do Território com adolescentes (Urbanismo Vivo e A pezito) _Exploração Digital - Pátio (Urbanismo Vivo) _Exploração Sensorial - Escola Comunitária Felipe de Souza (Urbanismo Vivo)

_Vivência Circense Coletivo O Circo tá na Rua

_Cocriação de Diretrizes com turmas do IFMA, FAU UEMA, Escola Liceu Maranhense

_Lançamento GT: Derivas e Cartografias Afetivas

_Galpão Aberto - Mesa Temática “Derivas e Cartografias Afetivas” (Urbanismo Vivo + TransLAB.URB)

SEMANA 02

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_Processo Aberto, Coletivo Linhas, convoca quem sabe fazer crochê para somar na construção de uma intervenção nos Galpões _Debate: O que é Urbanismo Feminista?

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_Mapeamento afetivo em construção (Urbanismo Vivo)

_Mapeamento afetivo em construção (Urbanismo Vivo)

_Construção de uma camada Sensível e Cocriação de Diretrizes

_Oficina: Percepção do território com crianças (Urbanismo Vivo)

_Cocriação de Diretrizes com a turma FAU UEMA

_FALA LOCAL: PECHA KUCHA

_OCUPA PÁTIO: CINEMA NA RUA

_Processo Aberto, Coletivo Linhas, convoca quem sabe fazer crochê para somar na construção de uma intervenção nos Galpões

_Reunião com Re-o-cupa

_GTs: ARQUITETURA EFÊMERA,DERIVAS E CARTOGRAFIAS AFETIVAS URBANISMO TÁTICO

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_GT Arquitetura Efêmera;

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_Ocupa Pátio - Coletivo RE-o-CUPA Oficinas de stencil e lambe, roda de conversa, intervenções artísticas, batalha de MCs, música, malabares, ensaios abertos; Debate sobre espaço público com Pedal das Minas _Ativa Galpão: Reunião Lançamento GT _Processo Aberto, Coletivo Linhas, convoca quem sabe fazer crochê para somar na construção de uma intervenção nos Galpões

_Artistas Pratas da Casa

_Vivência Circense - Coletivo O Circo tá na Rua _GT: Mapeamento

SEMANA 03

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_Oficina Stencil _Tambor do Casarão com a Turma de Cordeiros do Reviver

_Cocriação de Diretrizes

_FALA LOCAL: PECHA KUCHA

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_Expurgando o Mito Re-o-cupa _Roda de conversa: Ativando Redes

_EXORCISMO URBANO

_Debate: A influência dos espaços urbanos com os casos de violência de gênero, Coletivo Vão Livre

_RESGATE E FECHAMENTO

_Entrevistas: TV Mirante, SBT, Prefeitura

_Entrevista Rádio Timbira

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_Oficina de Cocriação turma de Fotografia IFMA _Atividade Festiva Movimento Cidade _GT: Arquitetura Efêmera - atividade final

_URBANISMO TÁTICO

_GT: ARQUITETURA EFÊMERA

_GTs: ARQUITETURA EFÊMERA E URBANISMO TÁTICO

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01 // APRESENTAÇÃO

Ao longo de vinte e oito dias todas as atividades do Laboratório foram trabalhadas de maneira transparente, inclusive a primeira semana de pré-produção sendo publicada em todas as redes e sempre enfatizando se tratar de um processo aberto e colaborativo.

// Programação aberta

Os vinte e um dias de atividade abertas ao público contemplavam todos os turnos e contavam com ações estruturantes propostas pela equipe do TransLAB. URB, dando forma a chamada “Semana Tipo”, que complementa-se com as propostas da comunidade ludovicense (via convocatórias e chamadas abertas)..

No cronograma não havia horários vazios, visto que durante todo o tempo o LabSLZ era um espaço aberto ao público, recebendo visitantes, curiosos, comitivas de entidades, escolas, faculdades e empresas oriundas de todas as regiões da cidade.

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02 // METODOLOGIA APLICADA

O TransLAB.URB desenvolveu uma abordagem especialmente para o contexto do Centro Histórico de São Luís a partir da percepção de que a área é de grande interesse histórico, mas sofre grande impacto pela falta de políticas públicas claras para manutenção do território do ponto de vista patrimonial e social, que resultam em cenários de vulnerabilidade social e permeiam o cotidiano de moradores, trabalhadores, estudantes e visitantes. A abordagem tem por base a aplicação de ferramentas que provocam a participação. Primeiro sob a forma de relatos e desabafos, passando para a etapa de estímulo à proposição de atividades para vivenciarem a experiência de ambientes abertos e acolhedores, prosseguindo para a etapa de participação e cocriação.

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Os Mapas e Mapeamentos são ferramentas que facilitam processos, portanto, não são resultados finais. Através da combinação de diferentes atividades grupais, dinâmicas e vivências pode-se ampliar a percepção e orientar oportunidades de visualização. Esta ferramenta oferece muitos benefícios para as futuras diretrizes de intervenções arquitetônicas, entre os quais: estimula a percepção para soluções coletivas e comunitárias, permite uma rápida visualização das problemáticas, facilita a conexão entre os fatos marcantes, potencializa a conexão de grupos de afinidade para práticas libertadoras, sistematiza potenciais recursos e estruturas evidenciando os obstáculos a serem superados, colabora com a socialização de experiências cotidianas, registra informações relevantes e favorece a reflexão sobre novas oportunidades de atuação.

// Mapas e mapeamento

Dentro dessa lógica o LabSLZ propôs diversos registros individuais sobre as rotas habituais, mesas de cocriação no espaço público e ambientes de interação aberta. Fez também uso de recursos visuais, sinais, avisos e convites a quem passasse pelo território para participar com opiniões e críticas. Outras atividades que compõem esta ferramenta são os passeios coletivos, caminhadas de reconhecimento do território, encontros com pessoas, momentos de conversa e observação, além de registros fotográficos e audiovisuais. Tudo isto permite a construção da paisagem coletiva e desenvolvimento de painéis com recortes e colagens dos registros realizados para identificar temáticas e problemáticas, para então aprofundar o debate descobrindo elementos importantes envolvidos em cada tópico. As tarefas foram feitas de forma divertida, com jogos lúdicos e semidiretivos fomentando o espírito colaborativo de trabalho em equipe. O LabSLZ ainda produziu três diferentes mapas em escalas diversas que foram expostos no espaço do laboratório para facilitar a visualização dos territórios pertinentes ao trabalho. Os mapas ficaram acessíveis durante o período de cocriação para que os participantes incluíssem informações importantes e pudessem se localizar nas tarefas propostas. Todo este material é posteriormente compilado, analisado e aplicado nas diretrizes propostas ao final deste relatório.

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02 // METODOLOGIA APLICADA

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Trata-se de um simples mural produzido antes de iniciarmos qualquer outra atividade e disposto de forma que qualquer pessoa possa chegar, a qualquer momento, e depositar a sua mensagem de intenção com relação ao que será visto e proposto durante todo o processo de cocriação. Antes de propor uma atividade é feito um convite para que as pessoas preencham o mural com algum dizer, desenho ou palavra, de forma totalmente livre, para expor seus desejos ou vontades. Isto serve como uma espécie de “termômetro” para captarmos as expectativas dos participantes frente a tudo que será feito na programação a seguir e, assim, baseados nessas expectativas podese, inclusive, adaptar algumas das propostas estabelecidas previamente e receber, durante o período de produção, alguns feedbacks relativos ao trabalho já sendo realizado.

// Mural de expectativas

O mural fica exposto durante todo o processo de cocriação para que todos possam preenchê-lo, independente de ter participado desde o início ou não das atividades. Ao final de todo o processo criativo pode-se revisitar estas mensagens e fazer validações e considerações sobre o que ali está posto, complementando o entendimento dos processos de criação e das futuras diretrizes propostas.

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Dentre as ferramentas utilizadas no laboratório há uma denominada “Cocriação de Diretrizes para Territórios de Interesse Público”, que consiste em uma metodologia que busca criar, de maneira conjunta com agentes da Sociedade Civil, Academia, Iniciativa Privada e Administração Pública, uma camada “sensível” de diretrizes complementares aos programas de projeto, que geralmente são fornecidos pelos tomadores de decisão, contemplando apenas informações de caráter quantitativo.

// Cocriação

Na Cocriação são apresentadas diferentes metodologias e técnicas para o levantamento e análise de dados, oriundos de diferentes áreas do conhecimento, como Psicologia, Sociologia, Antropologia, Placemaking e Inovação Social. Busca-se, assim, incorporar dados qualitativos importantes a serem levados em consideração para a realização do projeto arquitetônico em questão. Ao contemplar esses aspectos qualitativos trazidos pelos agentes envolvidos nas tarefas e atividades consegue-se uma maior aproximação ao real sentido de intervenções no espaço, pois aborda-se questões de demandas, vontades, sonhos e problemáticas não somente do espaço onde se trabalha como as imediações e o entorno local. Dentre as técnicas propostas se priorizam aquelas que permitem diversas formas de expressão de ideias para que todos os participantes se sintam realmente parte do processo, além de contemplar todas as possibilidades de intervenções criativas propostas. As técnicas utilizadas visam um rompimento de certos paradigmas de produção de dados que não possibilitam o total acesso às informações latentes. Atividades como o Crazy 8, por exemplo, permitem que todas as ideias de todos os participantes sejam levadas em consideração, garantindo a verdadeira complementaridade das informações que surgem, visto que todo o conteúdo produzido na atividade é prontamente acessível a todos os presentes. O LabSLZ realizou aproximadamente dez atividades diferentes de cocriação, passando por caminhadas de reconhecimento do espaço, propostas alternativas de experiências sensoriais, cartografias afetivas, apresentações de conteúdos teóricos e trabalhos relevantes em outras localidades por todo o mundo, tudo isso permitindo que dados das diferentes camadas da sociedade fossem coletados e analisados para poderem ser apresentados como possíveis diretrizes para as futuras construções e reformas dos galpões.

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02 // METODOLOGIA APLICADA

Por meio da exploração noturna e do uso da arte como filtro lúdico da visão, esta atividade propõe uma renovação no olhar dos lugares chamados de “abandonados”. A ideia é construir uma nova narrativa para os antilugares das cidades, geralmente estigmatizados, mas que podem sim acolher diversas manifestações urbanas. Com uma oficina de máscaras, uma caminhada noturna e um ensaio fotográfico, se propõe uma camada sensível de percepção do território. A proposta é de exploração, investigação e uso do espaço em momentos não comuns, promovendo um olhar diferenciado do local, aproveitando o momento para fazer da atividade um encontro lúdico com o entorno e com todos os participantes. Várias influências de brincadeiras antigas e de outras localidades são incorporadas na proposta, para que elementos de outras culturas também sejam aproveitados na criação das máscaras, assim como na apropriação do local e no próprio ensaio fotográfico.

// Exorcismo urbano

A atividade foi realizada explorando o entorno dos Galpões do Complexo Santo Ângelo. Através das redes foram enviados convites para a exploração, os participantes confeccionaram suas máscaras com materiais reciclados, simples e baratos, e saíram em caminhada para a redescoberta desse lugar, sendo, ao mesmo tempo, realizado o ensaio fotográfico com os participantes e do entorno do território, ensaio este apresentado aqui neste relatório. Após o percurso as máscaras foram deixadas no espaço dos galpões como símbolo do exorcismo do espaço, resgatando-o a vida e dando sentido à ocupação que ali se fez nestes momentos.

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02 // METODOLOGIA APLICADA

A Deriva é um procedimento psicogeográfico que propõe estudar as ações do ambiente urbano nas condições psíquicas e emocionais das pessoas. Partindo de um lugar qualquer e comum à pessoa ou grupo que se lança à deriva deve-se rumar deixando que o meio urbano crie seus próprios caminhos. É interessante construir um mapa do percurso traçado, descrevendo as motivações que levaram a determinado caminho. Por que fui para um lado e não para o outro? Por que conversei com determinada pessoa? O que me fez sentir tal coisa? Quais as razões para seguir tal caminho e não outro? Enfim, pensar que determinadas zonas psíquicas conduzem e trazem sentimentos ou sensações agradáveis ou não.

// Deriva

A ferramenta propõe a afirmação de um comportamento lúdico-construtivo, o que se opõe em todos os aspectos às noções clássicas de viagem e passeio, ou seja, a ideia de ter um traçado ou percurso pronto em mente para se chegar a outro ponto específico e em menos tempo é totalmente abandonada para que se capte tudo ao nosso redor enquanto a caminhada é realizada. O propósito desta metodologia é coletar informações não antes obtidas pela profunda e cuidadosa observação do ambiente e do contato direto e espontâneo com as próprias sensações de estar realmente presente em dado local, ou seja, trata-se de uma experiência totalmente fenomenológica, voltada especificamente para sensações e sentimentos do dado momento, com foco em todos os sentidos do corpo humano. O LabSLZ propôs, sempre ao final, o compartilhamento de todas estas informações por meio de mapas, desenhos, escritos breves e falas dos participantes, discussões e proposições esquemáticas livres, para futuramente compor e qualificar as diretrizes propostas para as intervenções no espaço onde se trabalhou.

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02 // METODOLOGIA APLICADA

O mapeamento de agentes e iniciativas foi realizado agregando diferentes dados de múltiplas plataformas e ações realizadas pelos facilitadores do LabSLZ. Através de visitas aos diferentes espaços utilizados pelos atores locais, convocatórias gerais, indicações nas redes de projetos e iniciativas relevantes para a cidade, cadastramento no LabSLZ e ainda de agentes do núcleo de apoio pôde-se promover o encontro e troca de experiências entre os mesmos, com intuito de aumentar e criar novas redes.

// Mapeamento de agentes e iniciativas

Foi realizado o credenciamento dos agentes da hélice quádrupla, juntamente com agentes do núcleo de apoio e visitas recebidas no próprio Laboratório Urbano Efêmero e, também por meio de uma plataforma aberta e compartilhada na internet, as pessoas puderam indicar ou cadastrar projetos existentes e iniciativas da cidade de São Luís. Todo este processo foi essencial na articulação da rede e aproximação dos atores, assim como de todos os participantes das atividades e iniciativas que se fizeram presentes no processo de cocriação. Esta ferramenta se fez importantíssima desde a semana 00 do LabSLZ para que os próprios proponentes do Laboratório pudessem ter uma visão mais aprofundada do território e das pessoas que fazem uso diário deste, servindo, inclusive, para criar as primeiras conexões mais significativas para o trabalho. Além disto, várias das atividades propostas pelos cidadãos ludovicenses puderam se conectar com outras iniciativas da cidade e promover um grande enriquecimento das redes ali propostas e criadas. Por fim, todas estas conexões foram compartilhadas com as pessoas durante o processo e diversas novas estratégias foram traçadas, tanto pelos mobilizadores do Laboratório como por todos que participaram em algum momento do evento.

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02 // METODOLOGIA APLICADA

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O Pecha Kucha1 é um método de apresentação que propõe a utilização de no máximo 20 slides de conteúdo livre, contando tempo de 20 segundos para cada slide, somando assim, 6 minutos e 40 segundos por apresentação. O objetivo é concentrar em um curto período de tempo diversos projetos e propostas com temática livre e proporcionar um momento de divulgação, reconhecimento, troca e criação de redes. Também propicia um ambiente descontraído onde o apresentador tem o desafio de organizar suas ideias de forma concisa e “jogar” com a limitação do tempo igualmente disponível para todos os participantes. Trata-se de um processo aberto e pode ser adaptado conforme outras demandas locais.

// Fala local PechaKucha

O LabSLZ realizou uma convocatória aberta e propôs 2 encontros ao longo da programação e adaptou as apresentações ao estipular que o formato das destas fossem de livre escolha do apresentador (com ou sem utilização de suporte visual), porém que respeitassem o tempo estipulado. A primeira oportunidade (dia 03/09) foi realizada no espaço organizado para o do LabSLZ dentro da Galeria Trapiche, com presença de aproximadamente 35 pessoas e foram apresentados 6 projetos. Já a segunda oportunidade (10/09) foi realizada no Galpão Santo Ângelo utilizando como tela de projeção a parede interna da edificação. Neste dia contou-se com a presença de aproximadamente 70 pessoas e 13 projetos apresentados. Não houve curadoria para a seleção das apresentações. Os eventos também foram transmitidos ao vivo via página do Facebook criada para o projeto. Contando com a infraestrutura mínima necessária para este tipo de atividade - projetor e microfone - optouse por esta ferramenta por acreditar na contribuição com novos formatos de apresentações e espaços abertos para engajamento, exposição de propostas, reconhecimento e fortalecimento de agentes locais. Além de ser um formato acessível e de fácil reprodução, propicia o objetivo de criar um espaço aberto de propostas, um dos papéis fundamentais de um Laboratório Urbano.

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PechaKucha é uma marca registrada por Klein-Dytham Architecture (KDa).

// PROJETOS APRESENTADOS • Conexão Dança (Erivelto Viana) - Festival de dança realizado anualmente em São Luiz. Eencontros, apresentações, residências. Em 2018 se realiza sua 10º edição. • Coletivo Cinema na Rua (Sodré) - Iniciativa de aficcionados por cinema que realizam projeções de material audiovisual conectando eventos locais com reunião de pessoas. • “Estrutura Efêmera VLT” (Eduardo Salles) - Proposta de intervenção crítica resgatando o abandono do projeto de VLT para a cidade de São Luís. • Fotoclube Poesia do Olhar (Adriano Almeida e João Maria Bezerra) - Grupo de fotógrafos profissionais e amadores que tem objetivo de difundir a fotografia, promovendo a integração e eventos relacionados à arte fotográfica. • Alexandre Mourão (Ativista e artista plástico) - Selecionado para exposição OcupaçãoTrapiche #10 na Galeria Trapiche. Ativista do “Coletivo Aparecidos Políticos” (Fortaleza-CE) que trata da memória dos desaparecidos durante a Ditadura Militar através de intervenções urbanas e mapeamento. • Projeto Vão Livre (Paula Soares) - Mapeamento e espaço de debate sobre ocupação de áreas públicas e violência de gênero. • REDS - Rede de Educação e Desenvolvimento Sustentável (Nélson Pinheiro) - Rede que propõe a conexão de atores locais para cooperação de práticas que incentivem a gestão de resíduos, coleta seletiva e equilíbrio socioambiental. • Guia de Bolso Cultural do Centro Histórico (Cláudia Marreiros e Markos) - Aplicativo para celular que reúne as iniciativas e

atividades de São Luís tanto para moradores ou turistas. • Êmermã (Camila Vale) - Coletivo que propõe intervenções poética utilizando lambe contendo trechos de letras de letras de músicas que representam o afeto com espaços urbanos. • Café Cuxa (Cláudia Marreiros) - Iniciativa comercial no bairro do Desterro que busca a vivacidade do seu entorno e trabalahndo autoestima dos moradores locais. • Teatro e Cidade (Victor Silper) - Pesquisa na área do teatro que se que utiliza de espaços alternativos e de partrimônio histórico para suas apresentações. • Marília de Laroche - Fotógrafa e guia turística, moradora do Centro Histórico. Ativista local pela preservação e da dinâmica de vizinhança do entorno entorno da Fonte do Ribeirão. • Pedal das Minas (Marcella) - Coletivo feminino de ciclistas na cauda da mobilidade ativa. • Reocupa (Kadu e Deuza) - Iniciativa de ocupação cultural libertária localizada no Centro Histórico, com foco em fomento de redes. • Instituto Federal do Maranhão/IFMA - Iniciativas autônomas do Instituto Federal: Coworking (Ivanilde Pacheco), Formação IFMA (Regina Cabral), Memorial IFMA (Creudecy Costa), Curadoria Itinerante (Rosa Lima), Casa das Línguas IFMA (Ana Paula Vilton). • Lambe (Jaana e Lai) - Lambes com realidade aumentada para conscientização das pessoas sobre medidas de segurança na relação entre ciclistas e carros no trânsito.

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02 // METODOLOGIA APLICADA

Como parte das estratégias de ativação do território dos Galpões, foram criadas duas convocatórias para acolherem atividades propostas pela população de São Luís. Para ambas as convocatórias todos os canais de comunicação mantinham-se disponíveis para receber as propostas, inclusive formulários on line. O segundo passo para confirmar uma atividade dentro da programação oficial se dava por meio de um encontro ao vivo entre as pessoas proponentes e a equipe do LabSLZ. Neste momento se definia a data e horário da atividade, bem como as necessidades de materiais para a realização da mesma. Ao total foram realizadas 24 atividades propostas pela comunidade. As temáticas das convocatórias foram:

// Convocatórias (Oficinas + pátio)

• Convocatória para Oficinas / focada em atividades cujo objetivo era a experiência prática de alguma técnica. • Convocatória para o Pátio / focada em atividades livres criadas ou adaptadas para realização no amplo espaço externo do entorno dos Galpões..

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As Mesas Temáticas ou “Galpão Aberto” integraram as atividades propostas pela equipe do LabSLZ, dentro da chamada “semana tipo”, cuja programação foi replicada e deu estrutura aos 21 dias do Laboratório Urbano Efêmero. O objetivo das mesas era propor um debate no formato roda de conversa com a presença de especialistas do tema abordado, visando um aprofundamento em um ambiente de trocas bastante espontâneo.

// Mesas temáticas

Ao todo foram realizadas três mesas temáticas: • Derivas e Cartografias Afetivas • Programa de Usos e Engajamento Local • A Relação dos Espaços Urbanos com os Casos de Violência de Gênero (idealizada pela iniciativa Projeto Vão Livre, de São Luís).

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As oficinas são ferramentas utilizadas em diversas categorias dentro das metodologias do coletivo e do LabSLZ. Sejam elas propostas pelos integrantes do LabSLZ ou pelos diferentes agentes participantes da comunidade, tratam-se de práticas diversas para que os grupos possam experimentar tipos alternativos de cocriação, entrar em contato com conteúdos de inovação social urbana, pôr em prática ideias pré-produzidas e desenvolver materiais teórico-práticos para ativações ou intervenções durante o processo criativo no laboratório.

// Oficinas

Num primeiro momento o LabSLZ trouxe prontas algumas propostas de oficinas para que todos pudessem se ambientar no local e se conhecer melhor, conhecer a proposta de implementação do laboratório, entender as metodologias de trabalho da equipe e entrar em contato com conteúdo pertinente ao trabalho. A medida que novos participantes iam tomando conhecimento do trabalho realizado no laboratório novas oficinas espontâneas iam ocorrendo, com diferentes agentes da sociedade e sempre sendo moderadas pela equipe do LabSLZ. Em um segundo momento, dados alguns dias de trabalho, se deu início às convocatórias para os agentes externos interessados em apresentar e desenvolver suas próprias atividades e iniciativas, dando espaço para que propostas já existentes viessem compor o quadro de atividades, possibilitando que todos os proponentes da localidade participassem ativamente na construção do conteúdo gerado para as futuras diretrizes, seja direta ou indiretamente, sempre concomitantemente com as oficinas supracitadas.

// OFICINAS REALIZADAS • Cocriação do Laboratório Cidadão • Abordagem de Percepção Sensorial • Construção do Mapeamento Afetivo (durante todo o período do Laboratório) • Mapeamento com Exploração Digital - Pátio do Complexo • Percepção do Território com Crianças - Projeto Arte de Viver, Escola Comunitária Felipe de Souza • Percepção do Território com Adolescentes - Escola Liceu Maranhense • Exploração Sensorial - Complexo e Entorno • Cocriação de Diretrizes para Construção de uma Camada Sensível • Cocriação de Diretrizes - turmas de moradores realizadas em momentos distintos, alunos IFMA, FAU UEMA • Processo Aberto - Coletivo Linhas • Oficina de Stencil e Lambes - Intervenções Artísticas • Oficina Stencil em camisetas • Oficinas Simultâneas - Artistas Pratas da Casa • Oficina Construção de Máscaras para o Exorcismo Urbano

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03 // GRUPOS DE TRABALHO

Com o objetivo de integrar ainda mais os participantes do LabSLZ e proporcionar conteúdos e técnicas diversas sobre temáticas do Urbanismo, foram propostos três grupos de trabalho, cada um abordando espaços e ações distintas. Foram feitas chamadas nas redes para que as pessoas interessadas em participar pudessem se encontrar no Laboratório e discutir as possíveis intervenções nas áreas de interesse do entorno e do próprio Complexo dos Galpões. O foco desses grupos era fazer todos entrarem em contato direto com os espaços, criando processos de trabalhos contínuos ao longo dos 21 dias do Laboratório Urbano Efêmero, além de pensar as intervenções para, por fim, colocar a mão na massa e deixar um pequeno legado para a cidade de São Luís. Estas ativações visam despertar nas pessoas alguns questionamentos sobre o local por onde andam, além de agregar algo de importância para a vida cotidiana do espaço. A seguir, apresentamos mais detalhadamente cada um dos GTs.

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03 // GRUPOS DE TRABALHO

Esta técnica promove a reapropriação do espaço urbano por seus principais usuários: as pessoas. Ao conferir novos sentidos para os lugares a partir de mudanças rápidas, reversíveis e de baixo custo, o urbanismo tático cria cidades mais amigáveis aos moradores e, muitas vezes, motiva as pessoas a repensarem seus hábitos por meio dos diferentes encontros e trocas que esses espaços possibilitam.

// Urbanismo tático

Os projetos em geral têm como objetivo a readequação do espaço viário e a valorização dos espaços públicos, mas mudam conforme as necessidades de cada local. Em determinada rua, por exemplo, a principal necessidade pode ser calçadas mais amplas, em outra área, o ponto crítico pode ser um cruzamento no qual os pedestres necessitam de mais segurança para fazer a travessia. De forma semelhante, os agentes liderando uma iniciativa de urbanismo tático também variam. Os projetos podem partir do poder público, de organizações da sociedade civil, da iniciativa privada ou da própria população. Independentemente de quem coordena a ação, contudo, estamos falando de um processo que deve obrigatoriamente dialogar com a comunidade afetada pela mudança. A abordagem do urbanismo tático pode ser aplicada na fase de avaliação e coleta de dados que irá embasar o desenvolvimento de um projeto, como ferramenta de participação popular em ações lideradas pelo setor público ou, ainda, como forma de expressão cívica no espaço urbano, no caso de iniciativas lideradas por grupos comunitários ou organizações não governamentais. A proposta desta ferramenta é inspirar ações e estimular a implementação de novos projetos, chamar a atenção para lacunas políticas ou de desenho urbano e permitir que as pessoas experimentem fisicamente uma rua diferente, ampliar a participação social, uma vez que projetos de urbanismo tático possibilitam que as pessoas expressem suas visões e preferências a partir da vivência prática, aprofundar a compreensão das necessidades locais, seja na escala do bairro, de uma quadra ou apenas de uma construção. A ferramenta inclui ainda a coleta de dados a partir da experiência real de uso das vias e espaços públicos, estimula as pessoas a trabalharem juntas de novas maneiras,

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fortalecendo laços entre vizinhos, organizações, comércio local e poder público e permite testar elementos de um projeto ou plano antes de fazer investimentos políticos ou financeiros em intervenções permanentes. O LabSLZ, mediante diversas chamadas públicas em sua rede e ações envolvendo os participantes, propôs diferentes atividades de urbanismo tático, entre as quais uma intervenção na subida da rua lateral ao Complexo que resultou na colagem de lambes identificando esta ladeira como um dos principais trajetos das pessoas que frequentam diariamente este território, chamando a atenção para a necessidade de melhor limpeza, cuidado, iluminação e segurança neste local. Outra intervenção foi a de pintura na via, na parte superior desta mesma rua lateral, identificando um gargalo na travessia de pedestres que frequentemente está bloqueado por carros, evidenciando a necessidade de maior cuidado por parte dos que ali estacionam ou mesmo uma modificação deste trecho para impedir a permanência destes veículos ali, permitindo a livre circulação de pessoas. Por último, criamos outra intervenção na avenida em frente ao Complexo dos Galpões que consiste em pintura de pegadas na via identificando um local de alto risco para travessia de pedestres, visto que não há uma faixa apropriada para tal e evidenciando uma transformação daquele trajeto para adequar a via ao verdadeiro uso das pessoas que ali circulam com muita frequência.


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As estruturas efêmeras propostas pelo coletivo têm como objetivo a união das pessoas de uma determinada comunidade para compartilharem momentos de descontração, trabalho, apresentações e discussões sobre temáticas pertinentes aos espaços de convivência ou de interesse público. É uma tentativa de aproximação destas pessoas com os territórios nem sempre utilizados ou pouco aproveitados para atividades abertas, públicas ou sociais. Tratam-se de estruturas infláveis de diferentes portes e formatos, baixo custo e relativamente rápidas de montar e desmontar.

// Arquitetura efêmera

Como proposta de criação de uma estrutura inflável efêmera, o LabSLZ disponibilizou material plástico do tipo “lisolene” e outras ferramentas necessárias para o projeto. Realizou-se convocatória aberta a partir da segunda semana de trabalho no Laboratório e estabeleceu-se momentos de construção diária até o último dia, sempre compartilhando dicas de montagem e técnicas de criação. Na noite de 16/09 foi concluída a montagem da estrutura e a ergueu-se no interior de um dos galpões do complexo com a ajuda de participantes do LabSLZ. Se aproveitou o momento para fazer ensaio fotográfico artístico e troca de ideias sobre a construção de novas estruturas, formas de utilização, produção e potenciais projetos paralelos a serem desenvolvidos com estas estruturas.

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03// GRUPOS DE TRABALHO

A partir de ferramentas propostas pelo coletivo Urbanismo Vivo (Buenos Aires, AR) dentro de oficinas específicas de mapeamentos e cartografias afetivas, o grupo de trabalho foi formado para seguir ao longo de todos os dias do laboratório levantando dados e depois sistematizando-os para posterior etapa de avaliação, cujos dados são parte deste relatório. Neste processo as técnicas e ferramentas foram discutidas e aprofundadas, avaliando seu uso e outras tantas possibilidades da espacialização de informações, principalmente dados qualitativos, que geralmente não são contemplados em muitos relatórios e levantamentos territoriais.

// Mapeamento /// Diagnóstico Sensível

O coletivo Urbanismo Vivo se juntou ao laboratório durante a segunda semana da agenda geral, na primeira semana de portas abertas ao público ludovicense. O objetivo foi colaborar na produção de material para a elaboração de um diagnóstico sensível, tanto das dependências dos galpões, quanto do bairro e da cidade como um todo. Foram desenvolvidos dois eixos de pesquisa com diferentes metodologias: • Os galpões • A cidade e seu povo. No eixo “Os Galpões” procurou-se recolher informações relacionadas com os usos, vínculos e expectativas dos cidadãos para o território em questão e os galpões. As metodologias utilizadas foram caminhadas e exercícios que geram diferentes questões e desencadeiam respostas que destacam a relação entre os visitantes e o espaço. As caminhadas foram organizadas com diversos grupos focais: com crianças, adultos, idosos, adolescentes e mulheres.

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A linha mestra destas atividades era trabalhar com o espaço como assunto. Os visitantes fizeram uma pergunta aos galpões, imaginando o espaço como uma pessoa viva capaz de responder. Essas perguntas foram distribuídas aleatoriamente entre os outros visitantes e estes respondiam imaginando que eram e encarnavam o espaço. Em geral, todas as perguntas e respostas podem ser incluídas em quatro categorias: • Sensações • O passar do tempo • Valores existentes • Desejos Algumas observações que foram reiteradas: • A necessidade de entender essa área como um espaço comum e público. • A necessidade de “tornar visível e integrar” o espaço à comunidade, pois em geral os visitantes se surpreenderam com o local. Eles expressaram que várias vezes passaram por aquela área, mas nunca entraram ou que não “entenderam” bem o que estava acontecendo lá dentro. • A necessidade de “consertar” o espaço, resgatando a sua história. • A preocupação em como gerar e promover um vínculo de apropriação que amadurece e se consolida ao longo do tempo. • Possível potencial como um enclave de integração entre os habitantes históricos do centro, as universidades próximas, a paisagem e a nova cidade. No eixo “A cidade e seu povo” se constituiu material que pudesse ser utilizado para pensar em possíveis processos futuros do projeto que afetariam o espaço dos galpões, bem como compreender as relações entre os espaços públicos de São Luís e os cidadãos.


A metodologia de coleta de dados foi baseada em uma pesquisa que foi entregue fora do laboratório e para todos que visitaram o espaço. Foram mais de 200 fichas de pesquisa com questões relacionadas a: • Espaços públicos • Quais espaços comuns você usa? Por quê? Quais você não gosta? • Interesses Com estas entradas o formato do cartão nos permitiu integrar as informações em um grande mapa da cidade, no qual foram usados fios coloridos posicionados e presos ao mapa de forma a destacar: • Rosa | Lugares específicos que não gosto • Verde | Lugares específicos que gosto - abertos/públicos • Amarelo | Lugares específicos que gosto - fechados/privados • Preto | Lugares genéricos que gosto O mapa foi criado com uma ideia de abertura. Uma vez configurado com todos os espaços comuns que os participantes estavam resgatando e mencionando, cada novo visitante do laboratório poderia se juntar para relatar suas próprias percepções, incorporando um novo trecho de fio no suporte. Todas estas criações deram suporte às outras atividades que viriam na sequência no LabSLZ.

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04 // PALESTRAS

Como parte importante da estratégia de comunicação e prospecção foram realizadas uma série de apresentações sobre o LabSLZ, explicando a proposta, a origem dos termos empregados, bem como a apresentação do coletivo TransLAB.URB e todo o contexto do projeto junto à Prefeitura de São Luís e o BID - Banco Interamericano de Desenvolvimento. Foram encontros realizados nos auditórios abertos das universidades UEMA, UNDB e CEUMA, palestras dentro de disciplinas ligadas a planejamento urbano, projeto de interesse social, cursos de extensão, apresentações para docentes do IFMA, UFMA e de outras instituições de ensino. A mesma apresentação também foi realizada em diferentes reuniões junto à Administração Pública e também realizada diversas vezes no LabSLZ no formato mais completo ou mesmo na versão curta, antes do início das atividades.

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05 // REDES SOCIAIS

Instagram: 70 postagens / 1042 seguidores Facebook: 482 “likes” Twitter: 59 seguidores Whatsapp: 06 grupos / grupo da equipe local, grupo com a prefeitura, grupo GT Mapeamento, GT Urbanismo Tático, GT Arquitetura Efêmera.

O LabSLZ utilizou, desde o início da semana 00 até o final da última semana de trabalho, várias redes sociais para fazer seus chamados e comunicar o que estava sendo produzido no laboratório. Foi criada uma página no Facebook específica para este processo, que segue sendo mantida pelas pessoas que trabalham na Galeria Trapiche, dentro do Complexo dos Galpões, além de integrantes do grupo do “Laboratório” que se formou logo ao término das atividades oficiais, composto por ativistas e moradores da região. Esta página foi diariamente alimentada com conteúdo próprio dos eventos que aconteceram e serviu, também, para comunicados e convocatórias. Muitos posts feitos na página ainda eram veiculados em outros grupos desta rede por outras pessoas e iniciativas ou projetos. Durante as diversas apresentações, oficinas e outros eventos foram realizados livestreams (transmissões ao vivo) através da página para que as pessoas que não puderam comparecer ao laboratório pudessem ter a oportunidade de acompanhar tudo o que ocorria durante os trabalhos. O twitter foi outra rede amplamente utilizada para comunicados gerais, onde era disponibilizado sempre conteúdo próprio e aqueles vinculados à página do Facebook diariamente. Criou-se, ainda, desde o início, um e-mail próprio para realizar convocatórias, receber dúvidas e divulgar outros conteúdos, como as listas e tabelas para autogestão de datas de eventos e atividades a serem realizadas. Através do Instagram foram disponibilizadas inúmeras imagens e outras transmissões ao vivo do que estava sendo produzido, tendo sido esta rede específica uma das que mais alcance teve durante todo o laboratório, permitindo que muitas pessoas acompanhassem diariamente os processos de cocriação e codesenho no laboratório. Por último, o LabSLZ disponibilizou, também, número de telefone celular próprio para fazer e receber ligações, além da criação dos grupos de Whatsapp para realização de troca de mensagens com conteúdos e informações sobre os GTs de Urbanismo Tático, de Mapeamentos e produção da Estrutura Inflável Efêmera. Através destes contatos o Laboratório efetivou muitas reuniões para produção e desenvolvimento e fazer a prospecção de agentes que viriam a trabalhar no laboratório durante todo o período proposto.

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06 // AMBIENTAÇÃO GALERIA TRAPICHE

A ambientação da galeria foi feita com a intenção de ser uma porta de entrada que incentivasse a interação já na chegada, identificando a cidade no projeto. O primeiro contato ao entrar na Galeria Trapiche se dava com a exposição de fotografias que ocorreu durante a permanência do Laboratório Urbano Efêmero no local. Esse foi o início da proposta de percurso de conhecimento do espaço, que apresentava em seguida o LabSLZ, com sua programação e sua identidade, direcionando quem chegava no espaço aos variados mapas da cidade de São Luís e do Centro que foram utilizados para atividades grupais do LabSLZ. No primeiro, em frente à tabela de programação do LabSLZ, o visitante podia interagir ao chegar no espaço, colocando pins que eram colados no mapa, este do Centro, indicando onde morava, um lugar que conhecia ou falando algo positivo ou negativo de algum lugar. Ao lado estava o Mural de Expectativas, no qual o visitante podia deixar sua mensagem e a mesa de conversa para receber os visitantes da Galeria Trapiche e LabSLZ. Em frente ao mapa do Centro, no chão, podia-se interagir com um mapa de São Luís e ao lado, também produzido pela equipe do LabSLZ, montou-se um mobiliário para descanso e relaxamento que também auxiliava na acomodação das pessoas que participavam de alguma atividade que fosse feita ali e para assistir alguma apresentação. Após o espaço de relaxamento chegava-se a área de trabalho disposta com mesas organizadas para o uso da equipe do LabSLZ, aos frequentadores e funcionários da Galeria Trapiche e também quem quisesse usá-las para trabalhar junto à equipe do LabSLZ. O percurso dentro da Galeria Trapiche se encerrava direcionando a quem quisesse conhecer o Complexo dos Galpões Santo Ângelo ao Pátio.

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Mapas Centro Histórico Mapa São Luís Conversa Espaço Relax Mídia Área de Trabalho Exposição Sanitários

Pátio Intergaláctico

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07 // MATERIAL GRÁFICO

Toda produção do material gráfico e conteúdo foi construída pelo grupo durante a pré-produção do LabSLZ, buscando trazer o espírito do “faça você mesmo”. De início houve a criação digital da identidade do LabSLZ, com a escolha de uma tipografia e cor a ser utilizada para dar unidade aos materiais gráficos do Laboratório. Produziu-se materiais como cards, mapas, cartazes, zines, colagens, stencils e adesivos. Por meio de programas gráficos, a equipe do LabSLZ montou cards, cartazes, colagens e adesivos para divulgação do Laboratório Urbano Efêmero e suas atividades. Na primeira semana a equipe também produziu um zine onde explicava o que era o LabSLZ, convocava a população para se inscrever, apresentar ou indicar algum projeto ou iniciativa local por meio de uma plataforma aberta para inscrição e acesso da programação. O zine foi distribuído aos visitantes do LabSLZ e distribuído nas saídas realizadas pela equipe. O stencil é uma técnica de pintura utilizada para aplicar um desenho sobre qualquer superfície usando tinta. O material usado foi feito de acetato com a tipografia do LabSLZ. O stencil do LabSLZ é uma ferramenta de ativismo urbano, que foi usado como meio de comunicação com a cidade e o espaço do Complexo dos Galpões Santo Ângelo.

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08 // MINI DOC

Para compor um amplo escopo de metodologias, abordagens, técnicas e ferramentas no processo de cocriação de diretrizes para a área dos galpões também, foi proposto um documentário, focado apenas nas percepções dos diferentes agentes ativos deste processo de 28 dias. A partir de quatro perguntas disparadoras, dirigidas a todas as pessoas entrevistadas, captaram-se diversos relatos e fragmentos com a maior espontaneidade possível. As perguntas foram: 1. Qual a sua relação com a cidade de São Luís? (Falando em espaços públicos e equipamentos de uso comum). 2. Como foi sua experiência com o LabSLZ? 3. O que você acha que pode acontecer para manter esse movimento até as obras ficarem prontas? 4. Quando as obras dos galpões ficarem prontas, como será, ou seria, o Laboratório Urbano de São Luís? 5. Fala livre. Foram captados relatos de 18 pessoas de diferentes perfis de atuação e perfis sócio-econômicos, entre estes estavam docentes de instituições federais, estaduais e municipais, artistas, ativistas, empresários, lideranças comunitárias e gestores do setor público.

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09 // CLIPPING

O processo de comunicação do Laboratório Urbano Efêmero foi construído em uma base de mídia alternativa e independente, usando muito as redes sociais para comunicar as atividades e utilizando também uma base sempre atualizada de e-mails coletados ao vivo ou indicados de diversos atores sociais, bem como de organizações e instituições conectadas com o tema. Apesar do projeto ter relação institucional com a Prefeitura Municipal de São Luís, não houve o apoio oficial na divulgação prévia, acarretando em uma baixa presença nos veículos tradicionais de comunicação. Já na semana final de atividades o LabSLZ recebeu a visita de muitos jornalistas e canais de televisão, em função da movimentação que gerou na cidade. Além disso, participamos de um programa especial na rádio pública Estadual - Rádio Timbira.

// LINKS http://tvbrasil.ebc.com.br/reporter-maranhao/2018/08/revitalizacao-e-uso-do-complexo-santo-angelo-e-discutido https://www.archdaily.com.br/br/900719/laboratorio-urbano-efemero-lab-slz http://www.agenciasaoluis.com.br/noticia/22242/ http://www.agenciasaoluis.com.br/noticia/22153/ https://www.youtube.com/watch?v=GxPSbPw_K9c http://g1.globo.com/ma/maranhao/jmtv-1edicao/videos/t/edicoes/v/projeto-de-revitalizacao-e-realizado-em-imoveis-desao-luis/7034584/ http://www.facebook.com/programaquintalcultural/videos/704167139945993/

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10 // DIRETRIZES

A partir da experiência de 28 dias no local, com 21 dias de atividades abertas à população, aproximadamente 2.500 pessoas circularam e participaram das atividades propostas pelo LabSLZ, sendo a participação e alcance pelas redes sociais/virtuais alcançando um público total de mais de 35.000 pessoas até o final do Laboratório. O processo alcançou os objetivos de (re)aproximar a população do território dos Galpões e incluí-la no debate do futuro deste local através da participação cidadã dentro de uma ampla programação de ativação, consulta e prospecção.

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10 // CONCLUSÃO E DIRETRIZES

Apresentamos aqui, de forma mais abreviada e simples, algumas das diretrizes espaciais para o projeto arquitetônico a ser realizado no Complexo dos Galpões, de acordo com os dados coletados e analisados no processo de cocriação do LabSLZ. Dentre as demandas e necessidades que apareceram, estas apresentadas abaixo foram as mais relevantes e que mais vezes foram comentadas ou sugeridas, reforçando a importância de depositar fielmente aquilo trazido por todos os participantes do Laboratório no processo de cocriação.

// Diretrizes espaciais

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ESPAÇO DESCOBERTOS pátio arborizado com espaços de permanência e descanso, jardins bicipontos quadras (área poliesportiva) estufa para alimentos e plantas ornamentais hortas horizontais e verticais (essas na ladeira ao lado do Complexo) marco visual, chaminés (mirante, símbolo do Complexo)

ESPAÇO DE APRENDIZAGEM espaço de oficinas e ateliers espaços multiuso (planta livre adaptavel para diversas atividades) espaços para trabalhar em coletivo e individualmente, lugar de reuniões e criação gráfica, textual, etc. cozinha experimental com ferramentas para aulas biblioteca mini estúdio audiovisual.

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mobiliário multiuso (ferramentas leves, maquinário para oficina de trabalho com metais, madeira, papel, argila, etc. estrutura para difusão (TV e rádio comunitária) conexão com o entorno da FAU (mais especificamente a conexão entre os fundos do Complexo e a Faculdade, possibilitar o livre trânsito de pessoas) infraestrutura para assistência social (espaço que permita iniciativas do ramo receberem a população)

APOIO E INFRAESTRUTURA

ESPAÇO CULTURAL áreas de exposição artística espaço para projeções, cinema área para shows, apresentações teatrais auditório.

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10 // CONCLUSÃO E DIRETRIZES

Trazemos aqui as propostas cocriadas durante o processo do Laboratório para diretrizes referentes aos usos dos espaços e como se propôs a organização das programações de atividades e inserção de iniciativas novas que farão parte do calendário do Complexo, levando em consideração demandas trazidas pela população e aqueles que já fazem parte do Trapiche Santo Ângelo.

// Diretrizes de usos e programas

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• Solução de mobiliário lúdico para todas as idades • Assistência social (acesso a serviços básicos, amparo ao indivíduo em situação de vulnerabilidade) • Preservação da vegetação existente e promover paisagismo de qualidade como solução para sombreamento, ventilação e hortas. Trazer o elemento água na proposta • Atividades para o público infantojuvenil em turno inverso ao da escola • Explorar o subterrâneo, baseado em lendas urbanas conhecidas na cidade • Uso do espaço para capacitação: atelier de costura, oficinas, maker, reparo, audiovisual, comunicação, artes plásticas rádio aberta. Espaços multiuso

• Acessibilidade, inclusão e adequação social • Promover a sustentabilidade ambiental, uso da bioconstrução

• Explorar a potencialidade das chaminés como marco visual • Uso cultural que estimule a prática da cultura tradicional, local, o cinema, exposições de arte de alto padrão, espaço para expressão corporal

• Biblioteca, livraria, espaços reservados para uso individual

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• Incentivo de uso gastronômico, café, restaurante também como educação e economia, promover a produção de alimentos • O Complexo dos Galpões Santo Ângelo como símbolo de união

• Linha de trabalho com a vizinhança mantendo relação permanente com o Complexo dos Galpões Santo Ângelo

• Descentralização cultural, atividades e intervenções no Centro em direção à periferia e interior do Estado • Resgate da História de São Luís • Retirar as barreiras que separam o Complexo dos Galpões Santo Ângelo do entorno, integração urbana • Turismo criativo, que o Complexo de Galpões Santo Ângelo se torne parte de um roteiro turístico além da escala de São Luís

• Espaços para relaxar, observar e escutar. Uso do pátio como espaço público, realização de feiras. Fomentar a prática de esportes

• Mobilidade sustentável, acessibilidade, priorizar os modais ativos e coletivos. Pela percepção geral as pessoas se opõem aos estacionamentos e solicitam espaços destinados a bicicletas e conexões com o transporte coletivo

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10 // CONCLUSÃO E DIRETRIZES

Gestão compartilhada - foco geral do Lab. Observamos que em todas as atividades propostas no LabSLZ a questão da autogestão compartilhada por todas as pessoas usuárias do Lab ficou muito evidente. A necessidade de distribuir responsabilidades entre todos que desejam fazer parte dos processos de proposição de atividades e usos se mostrou questão central das diretrizes de gestão, sempre levando em consideração os possíveis cruzamentos e a inclusão do maior número de pessoas nas decisões tomadas em prol do espaço. Outros desdobramentos são mostrados a seguir.

// Diretrizes de autogestão

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• Gestão pensando a sustentabilidade, no termo mais amplo do conceito, incentivando gestão responsável de resíduos, uso dos objetos no Lab, aquisição de insumos de produtores regionais, uso consciente de energia, etc.

• Plenárias abertas para tomadas de decisões - gestão espiral e processual, incluindo todas as esferas sociais da cidade (Hélice Quádrupla), agendas abertas e sistematizadas • Gestão comunitária das hortas e estufas solidárias. Aparelhamentos de uso comum para que a comunidade possa fazer bom proveito do que é ali produzido

• Atravessamentos possíveis, mas tendo espaço para as individualidades Objetivo comum é o uso dos espaços, permitindo iniciativas coletivas e individuais, permanentes ou sistemáticas/efêmeras • Agenda fixa (espaços fixos) + Agenda livre (espaços adaptáveis) - Inclusão e acolhimento de novas pessoas e ideias diferentes, programas revisados periodicamente, agendas abertas e acessíveis, comunicação da gestão transparente • Gestão da rede do Lab - conexão com outros Labs - Lógica Glocal - Comunicação colaborativa incentivando a criação de uma rede cada vez mais ampla. Atrelar aos conteúdos próprios criados por todos os usuários do Lab e possivelmente aos desenvolvidos na rádio/TV comunitária

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• A autogestão deve estar sempre promovendo conexão com todas as esferas sociais de São Luís. Hélice Quádrupla - Sociedade Civil, Governo, Academia e Iniciativas Privadas/Outras Empresas

• Espaço multiuso funcional (Cinema, Poliesportivo e Cultural) com agenda colaborativa mais programa de residência artística

• Restaurante escola com gestão colaborativa. Possibilidade de atrelar o uso com os produtos criados nas hortas e estufas • Aprofundar e melhorar a lógica de espaço para os artistas e artesãos que já residem/ocupam os espaços do Complexo dos Galpões

• Gestão conjunta com a equipe da Galeria Trapiche. Possibilidade de atrelar projetos e atividades da Galeria com o Lab. Possibilitar exposições, apresentações, discussões, etc.

• Espaço de prototipagem - FabLab - colaborativo. Uso comum do maquinário e ferramentas, com agenda para atividades e organização do espaço conforme necessidades • Comércio / Negócios privados - Iniciativas privadas seguem a lógica do mercado atual, mas são incentivadas iniciativas que façam sempre uma ligação com as propostas do Lab, atividades que acontecem nos espaços e se preocupem com a lógica sustentável de gestão, sempre facilitando a comunicação e troca de ideias de forma transparente

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11 // CONCLUSÃO E IMPRESSÕES GERAIS

Ao longo de um processo de 28 dias na cidade de São Luís a equipe transdisciplinar do coletivo TransLAB.URB colocou-se estrategicamente como agente externo, livre de interpretações pré-concebidas para este território, apenas com atenção para captar os fluxos de informações pré-existentes e também os que surgiram a partir de estímulos provocados pelo Laboratório Urbano Efêmero. Além de observadores, atuamos também como “orquestradores” dos processos, projetando as situações propícias para captar a camada sensível de desejos, bem como as vocações e pré-existências. Neste contexto também formulamos hipóteses para validar ou descartar conforme as reações da população frente às atividades propostas. Destacamos alguns aspectos que não surgiram espontaneamente da população, mas que se apresentaram vitais para o desenvolvimento de qualquer proposta de interesse social no contexto do Centro Histórico de São Luís.

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• A Galeria Trapiche, único ente público que mantém atividade oficial de caráter permanente no local, deve ser contemplado no planejamento geral, de modo a resolver sua mudança de local e continuidade de suas atividades. • Ao contrário do que foi informado no início do processo, os galpões não estavam abandonados. Há artistas e artesãos ocupando esses lugares e desenvolvendo atividades ligadas a suas produções artísticas, independente das relações institucionais que mantém com a Administração Pública. Cabe ressaltar que são artistas relevantes da cultura local e regional. O futuro destes espaços e dessas pessoas deve receber atenção especial.

// Pontos de atenção

• A esquina onde atualmente funciona a galeria deve ser trabalhada como espaço/praça/parque público. Umas das poucas unanimidades de percepção geral do território é o fato de ficar numa zona míope para os transeuntes, que mesmo ao passarem diariamente pelo local, não compreendem seus limites, seus acessos, mesmo que os frontões dos galpões e as chaminés chamem muito a atenção. Neste sentido a questão das grades e barreiras de vegetação devem ser revistas ou melhor estudadas na busca por soluções de permeabilidade visual e de circulação peatonal.

carentes de apoio para desenvolverem-se enquanto culturas vivas e cotidianas. Enxergamos como vital a conexão com estes agentes, de modo que suas necessidades de espaços de ensaio, manutenção de instrumentos, confecção de indumentária e lugar para criação e passagem das suas tradições encontrem espaço em uma zona central e importante da capital maranhense, inclusive para promover diálogos com outras manifestações culturais pulsantes da cidade. • Dentre todos os grupos que se aproximaram das atividades propostas pelo LabSLZ, as pessoas ligadas às manifestações artísticas contemporâneas, identificadas como “arte de rua”, foram as mais presentes e abertas aos processos, junto com os coletivos feministas e os cicloativistas. Vale um destaque especial para sua lógica de conexão glocal - ao mesmo tempo conectados com os movimentos mundiais e com grande atuação local em rede - que lhes garantia alcance à um grande número de pessoas em seus eventos. O movimento dos artistas de “lambelambe” e serigrafia tradicional estão no centro de uma das mais potentes expressões artísticas de São Luís, inclusive com projeção internacional. Parece-nos muito assertivo uma aproximação com estes agentes, contemplando locais para sua produção, bem como reservando espaços para suas artes murais.

• A conexão do terreno dos galpões com o terreno da FAU UEMA deve ter um tratamento de destaque. Além das possibilidades de conexão institucional (academia/administração pública/sociedade civil) e de projetos, a ligação física da faculdade com o futuro Lab aumentará as conexões e circulações, principalmente proporcionando ligação vertical com a Rua da Estrela. A situação de grande desnível entre os dois terrenos é uma oportunidade para explorar soluções arquitetônicas de valor plástico. • As manifestações culturais populares e folclóricas são talvez as maiores riquezas encontradas em São Luís. As tradições dos diferentes sotaques dos Bois, do Tambor de Crioula e Tambor de Mina são muito exploradas pelo turismo, recebendo apoios pontuais apenas para eventos dentro de calendários específicos. São grupos pautados por lógicas de muita resistência cultural, típica nas manifestações religiosas/culturais de matriz africana, e que são

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// AGRADECIMENTOS Josué, Erik, Camila Grimaldi, Romana, Uiran, Diana, Marcos, Hilton, Oswaldo, Rogério, Jacques, Ailton, Deck, Zeferino, Zé Rita, Pedro Jorge, Valdemir, João da Mata, Cláudio, Ojuara, Kadu, Deuza, Lucian, Camila Vale, Danielle, Tiago, Jaana, Lai, Cláudia, Gil Leros, Elailson, Creudecy e equipe IFMA, Marconcine, Dinho, Zeferina, Ana, Regina, Luciana, Jessica, Juliana, Marcia, Leury, Paulla, Luana, Walter Cunha, Tambor de Crioula e seus Mestres, Iranilde, Alexandre Couto, Juan, Jason, Clementine, Tamara, Tayana, Tatyana, Aquiles, Eloina, Luciana, Camila, Lyssa e equipe SEMPE, Café Cuxa, Souza Lanches, Corujão, Café VaptVupt, Taverna da Fonte, Renatha, Fernanda, Bruna e Red Placemaking Latinoamerica. Por fim, todas as pessoas que de alguma maneira participaram, incentivaram e apoiaram o Laboratório Urbano Efêmero de São Luís.

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www.translaburb.cc

Laboratório Urbano Efêmero LabSLZ São Luís, Maranhão Ago./Set. 2018

CC-BY-NC-SA Atribuição + NãoComercial + CompartilhaIgual Esta obra pode ser copiada, distribuida, exibidida e derivada, desde que seja para fins não-comerciais e que dê créditos devidos ao autor, na maneira especificada por este. As obras derivadas devem ser distribuidas somente sob uma licença idêntica à obra original.



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