Revista CNT Transporte Atual-Dez/2010

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EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT

CNT

ANO XVI NÚMERO 184 DEZEMBRO 2010

T R A N S P O R T E

AT UA L

Fonte limpa Cana-de-açúcar começa a ser usada como mais uma opção para a produção de diesel. Primeiros testes apresentaram redução de até 30% das emissões

O ANTROPÓLOGO ROBERTO DAMATTA EXPLICA O TRÂNSITO NO BRASIL




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CNT TRANSPORTE ATUAL

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REPORTAGEM DE CAPA

TRANSPORTE ATUAL

Brasil avança ano a ano na produção de combustíveis mais limpos e menos dependentes das fontes não renováveis. O diesel à base de cana-de-açúcar está sendo testado em ônibus de São Paulo desde julho e mostra resultado positivo Página 44

ANO XVI | NÚMERO 184 | DEZEMBRO 2010

ENTREVISTA

CARTUM

Antropólogo fala sobre sensação de poder no trânsito

Humor gráfico é premiado em salão internacional em BH

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PRÊMIO CNT DE JORNALISMO • Vencedores das reportagens sobre transporte e trânsito da 17ª edição da premiação são homenageados

CAPA AMYRIS/DIVULGAÇÃO

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EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT CONSELHO EDITORIAL Bernardino Rios Pim Bruno Batista Etevaldo Dias Lucimar Coutinho Tereza Pantoja Virgílio Coelho EDITORA RESPONSÁVEL

Vanessa Amaral [vanessa@sestsenat.org.br] EDITOR-EXECUTIVO Americo Ventura [americoventura@sestsenat.org.br]

FALE COM A REDAÇÃO (61) 3315-7000 • revista@cnt.org.br SAUS, quadra 1 - Bloco J - entradas 10 e 20 Edifício CNT • 10º andar CEP 70070-010 • Brasília (DF) PUBLICIDADE Delta Publicidade e Marketing Janira Chagas (31) 3262-2990 | 9667-9419 ESTA REVISTA PODE SER ACESSADA VIA INTERNET:

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imprensa@cnt.org.br

Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053. Tiragem: 40 mil exemplares

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

REDES SOCIAIS

PRÉ-SAL

Twitter, Facebook e Orkut aproximam empresa e cliente

Santos prepara melhorias na infraestrutura

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NEGÓCIO NOS TRILHOS

Feira em SP reflete momento positivo do modal ferroviário PÁGINA

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cnt.org.br

ENTREGA DO 17º PRÊMIO CNT DE JORNALISMO

TRANSTORNO NO DESEMBARQUE • Passageiros que tiverem bagagens extraviadas em aeroportos devem reclamar com a empresa aérea ainda na sala de desembarque PÁGINA

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TRANSPORTE PÚBLICO

Congresso e feira da Fetranspor debatem transporte urbano PÁGINA

Veja álbum de fotos publicado no Flickr: http://www.flickr.com/photos/agenciacnt/

CÁLCULO DA CONTRIBUIÇÃO SINDICAL 2011 A nova tabela entrará em vigor em 1º de janeiro. O arquivo já está disponível no nosso site.

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INFORME ECONÔMICO PRODUÇÃO ACADÊMICA

Seções Alexandre Garcia

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Humor

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Mais Transporte

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Boletins

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Debate

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Opinião

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Cartas

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Trabalhos científicos vencem 15ª edição de prêmio da CNT PÁGINA

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REGRAS NO AQUAVIÁRIO

Seminário de direito portuário, na sede da CNT, discute normas PÁGINA

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Mercado de caminhões, combustíveis, transporte ferroviário de cargas e transporte aquaviário são alguns dos temas abordados no boletim econômico editado periodicamente pela Confederação Nacional do Transporte. O arquivo em PDF pode ser acessado no site da CNT.

E MAIS Despoluir • Projeto do programa • Notícias sobre meio ambiente

Canal de Notícias • Textos, fotos e vídeos sobre o setor de transporte no Brasil e no mundo.

Escola do Transporte • Conferências • Cursos • Estudos e pesquisas

Sest Senat • Cursos e palestras • Voluntariado e colocação no mercado de trabalho

O portal disponibiliza todas as edições da revista CNT Transporte Atual

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“Passei a admirar ainda mais os abnegados que pilotam os caminhões que fazem circular a seiva da economia pelas artérias e veias do Brasil” ALEXANDRE GARCIA

Motorista sem limites

B

rasília (Alô) – Nunca dirigi um caminhão, mas tive alguma ideia quando pilotei um ônibus imenso – ainda bem que foi no autódromo. É estranha a sensação de estar ao volante com as rodas dianteiras ligeiramente atrás da gente e as traseiras muito distantes, lá atrás. Fazer uma manobra, uma curva, demanda muita perícia, principalmente com o ônibus cheio de convidados, o que aumenta a responsabilidade do motorista – todos confiando que quem está ao volante é um perito. Depois da experiência, passei a admirar ainda mais esses abnegados corajosos que pilotam os caminhões que fazem circular a seiva da economia pelas artérias, veias e capilares do Brasil. O motorista de caminhão está na cultura popular com destaque; faz parte de letras de muitas músicas sertanejas. No filme de 1970, “Motorista sem Limites”, o cantor-motorista Teixeirinha acaba prendendo bandidos, no volante de seu caminhão. O povo reconhece o valor desse homem que precisa domesticar um gigante de dois ou mais eixos, com uma carga de 30 ou 40 toneladas, a rodar a 100 km/h porque há pressa em entregar a mercadoria. Roda de dia ou de noite, com sol ou com chuva, enche o estômago com um prato feito, que rebate com refrigerante ou cerveja, e vai em frente, cumprir o dever. Há poucos dias mostramos, no “Bom Dia Brasil”, que só nas rodovias estaduais paulistas ocorrem 60 acidentes com caminhões por dia. Até fim de outubro, foram 18 mil registros na Polícia Rodoviária Estadual de São Paulo, de acidentes com caminhões, com 651 mortes. Dá mais de duas mortes por dia – e

estamos falando apenas das rodovias estaduais, sem contar as BRs e as rodovias municipais, vicinais e urbanas de São Paulo. Isso não é uma amostragem do que acontece no país inteiro, porque as estradas de São Paulo são boas. No restante do Brasil é pior. Como eu disse lá em cima, não é fácil dirigir um veículo grande e pesado. O peso somado a velocidade deixam pouco controle para quem tem as mãos na direção e o pé ao lado do freio. Se numa curva ou numa manobra brusca um caminhão longo e carregado começar a oscilar, ninguém segura. O mesmo se precisar diminuir bruscamente a velocidade. Talvez um pequeno estudo sobre as leis que regem a inércia, ou seja, a trajetória dos corpos, poderia ajudar o piloto a planejar sua rota levando em conta todos os fatores, principalmente o peso. Ou sobre identificar onde está o centro de gravidade do veículo alto que o motorista comanda. Como qualquer outra habilitação, a de motorista de caminhão não exige maiores conhecimentos sobre inércia ou situações de emergência. O Sest Senat tem cursos para qualificar motoristas de carga, inclusive perigosas, e há uns poucos centros de formação realmente especializada no Brasil, com caminhões-escola. Existe até centro de excelência, ministrando aulas que tornam o motorista um profissional completo, indo além do volante. Mas há mais de 1,6 milhão de motoristas de caminhão no Brasil e apenas 1,5% deles têm curso realmente profissional. A maciça maioria é de motoristas com limites e a consequência tem sido essa imensa e preocupante perda de vidas, de cargas e de veículos.


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“Todos têm em comum o fato de não obedecerem as regras. motoristas, obedecer uma placa, um semáforo, é sinal de infe ENTREVISTA

ROBERTO DAMATTA

O poder sobr POR

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star dentro de um veículo, independente do seu tamanho, potência ou finalidade, é sinônimo de poder no Brasil. Um carro pode garantir não só status, mas a certeza de que seu motorista pode mais do que as outras pessoas. Essas são constatações do antropólogo Roberto DaMatta, autor do livro “Fé em Deus e pé na tábua: ou como e por que o trânsito enlouquece no Brasil”, lançado em outubro deste ano, pela editora Rocco. O livro é resultado de uma pesquisa coordenada por ele a pedido do governo do Estado do Espírito Santo e traz uma visão ampla do que acontece nas ruas das principais cidades brasileiras

LIVIA CEREZOLI

quando carros, motos, ônibus e caminhões dividem o mesmo espaço com bicicletas e pedestres. O livro teve a colaboração do cientista político João Gualberto Vasconcellos e do pesquisador Ricardo Pandolfi. Na visão do autor, o automóvel é um instrumento de poder, dominação e divisão social. Por isso mesmo, ele afirma que nas ruas do Brasil transitam donos do espaço e não apenas motoristas. Nas 191 páginas do livro, DaMatta expõe a contradição que permeia o uso desses espaços públicos no país, que de igualitários se tornam hierarquizados. DaMatta é professor titular do departamento de Sociologia e Política da PUCRio de Janeiro (Pontifícia

Universidade Católica) e colunista dos jornais “O Estado de S. Paulo” e “O Globo”. No final da década de 60, mudou-se para os Estados Unidos para fazer mestrado e doutorado em Harvard. Viveu por lá durante alguns anos. Entre 1987 e 2004, foi professor da Universidade de Notre Dame e do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Voltou para o Brasil em 2004 e desde então vive em Niterói (RJ), sua terra natal. É pesquisador do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e foi agraciado com bolsas da Fundação Ford, Guggenheim e Gulbenkian. DaMatta é também membro titular da Academia Brasileira de

Ciências, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e da American Academy of Arts and Sciences dos Estados Unidos. Nesta entrevista concedida em novembro para a revista CNT Transporte Atual, o antropólogo fala das principais características do motorista brasileiro que o distingue de outros países, critica o foco das campanhas de educação no trânsito realizadas no Brasil e afirma que a situação por aqui é mais caótica porque, para os brasileiros, seguir as regras é sinônimo de inferioridade. Qual foi sua motivação para escrever um livro sobre o trânsito brasileiro? A situação caótica e desastrosa do trânsito das princi-


EDITORA ROCCO/DIVULGAÇÃO

Parece que, para os nossos rioridade, de subordinação”

e rodas pais cidades brasileiras, senão em todas elas. Outro ponto importante é o fato de perdemos 40 mil pessoas por ano em acidentes de trânsito. Além disso, do meu ponto de vista como antropólogo e observador da vida cotidiana brasileira, a forma ultraagressiva como dirigimos. O título escolhido para o livro é um reflexo das atitudes da nossa sociedade? Basicamente sim. O título tem como referência um antigo ditado brasileiro sobre o modo de dirigir. Ele significa a mesma coisa que dizer: bota o pé no acelerador e o resto que se dane. Ou então, tenha fé em Deus que tudo vai dar certo, mesmo se você estiver em alta velocidade.

Como podemos definir o motorista brasileiro atualmente? Ele é diferente dos existentes nos demais países? Por quê? Sim, os motoristas brasileiros são muito diferentes. Eles são muito mais impacientes, agressivos e têm um sério problema a quanto seguir regras. Além do mais, esses mesmos motoristas não conseguem ver os outros como iguais, como pessoas com os mesmos direitos. Isso, como eu digo no livro, decorre do fato de que somos criados num mundo pessoalizado e marcado por hierarquias. Temos sempre o cuidado para saber com quem estamos falando. Porém, no trânsito e na rua isso é impossível de aconte-

cer. Diariamente, temos contato com pessoas que não conhecemos. É esse conflito que gera a impaciência, o risco e os surtos de raivas. É possível distinguir o perfil dos motoristas de cada um dos meios de transporte: ônibus, caminhão, motocicleta, carros de passeios e bicicleta? Todos têm em comum o fato de não obedecerem as regras. Parece que, para os nossos motoristas, obedecer uma placa, um semáforo, é sinal de inferioridade, de subordinação. E os nossos

governantes reiteram isso a todo o momento. Distinguir todos os perfis talvez seja difícil, mas existe uma distância entre os que dirigem veículos motorizados e os que conduzem uma bicicleta. Os motoristas de veículos de passeio se consideram os donos das ruas e se tomam como superiores. Nesse sistema, os pedestres são os que se sentem mais esmagados e até o momento de entrarem num carro também, mas isso não os isenta de nada nem os coloca como melhores, porque eles também não seguem regras.


FERNANDO VIVAS/AG. A TARDE/FUTURA PRESS

O livro traz o diagnóstico dos principais problemas do trânsito brasileiro. Quais seriam as soluções para eles? Acredito que o fundamental seja uma educação para a igualdade. Precisamos de um sistema pedagógico que seja capaz de valorizar o fato de que, numa democracia, todos somos iguais perante às leis, independente do tipo de meio que utilizamos para nos locomover de um lugar a outro. O senhor diz no livro que nas ruas das grandes cidades brasileiras temos multidões de condutores que dirigem no “melhor estilo Carlota Joaquina”. O que significa essa afirmação? Quando a rainha dona Carlota Joaquina saía de seu palácio para passear pelas ruas, ela exigia que todas as outras pessoas saíssem da sua frente e se ajoelhassem diante de sua carruagem. É basicamente isso que nossos motoristas querem que aconteça hoje. Podemos afirmar que brasileiros de modo geral, pedestres e motoristas, não obedecem às regras de trânsito? O que leva a esse tipo de comportamento?

DISPUTA Nas grandes cidades, cada vez mais carros ocupam os espaços públicos

Sim, essa é uma constatação contundente e muito grave. O nosso espírito aristocrático só permite que vejamos o mundo como sendo feito de pessoas mais ou menos importantes, e no qual tendo mais ou menos direitos. Nós mesmos não nos colocamos como iguais. Motoristas profissionais são mais conscientes da necessidade de se seguir as leis? Sim, de maneira geral. Mas isso não os torna melhores, afinal de contas, eles se sentem como os donos das ruas e estradas e, dessa forma, tendem a correr mais riscos. Se existissem regras mais rígidas para a emissão da CNH (Carteira Nacional

de Habilitação), o trânsito no Brasil seria menos enlouquecedor? Não tenho dúvidas disso. A carteira de habilitação deveria ser apenas uma licença que poderia ser revogada a qualquer momento, de acordo com o comportamento do motorista. Acredito que, só assim, as pessoas seriam capazes de entender que todos são iguais. Como o senhor avalia as campanhas de educação no trânsito realizadas no Brasil? Elas são eficientes? Para mim, as campanhas são péssimas. Não adianta cobrar o cumprimento de regras antes de entender que todos são iguais. Insisto muito nessa questão da igualdade no trânsito.

O senhor é um bom motorista? Sim. E é por isso que sou buzinado a todo o momento. 

SERVIÇO Fé em Deus e pé na tábua: ou como e por que o trânsito enlouquece no Brasil Editora: Rocco Autor: Roberto DaMatta Páginas: 191 Preço: R$ 25


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DSW AUTOMOTIVE/DIVULGAÇÃO

MAIS TRANSPORTE Ar-condicionado para ônibus A Thermo King apresentou em novembro o X900, um novo equipamento de ar-condicionado para ônibus urbano. Segundo a empresa, o produto, por ser mais compacto, oferece ao transportador o melhor compromisso entre capacidade e tamanho, com 2.500 mm e peso de 136 kg. O X900 tem instalação fácil, com menor quantidade de conexões e menos

risco de vazamentos. O ar-condicionado tem operação otimizada, mais recursos de manutenção preventiva e de diagnóstico, além de permitir interface com o chassi e a carroceria do veículo. O pré-filtro de ar retém partículas maiores, e o filtro antipólen retém impurezas como fungos, ácaros e pequenas partículas. THERMO KING/DIVULGAÇÃO

X900 Equipamento para ônibus urbano

ACESSÓRIO Modelo de DVD lançado pela DSW

Novos DVDs no mercado A DSW Automotive, empresa especializada em acessórios automotivos, lançou no mercado brasileiro três novos modelos de DVDs players: DS 6110, DS 7005 e DS 7010. O DS 6110 possui tecnologia bluetooth, tela de seis polegadas, sistema touch screen, controle remoto, frente removível, entrada USB, entrada traseira para câmera de ré, slot para cartão de memória

e rádio AM/FM. O modelo DS 7005 possui a mesma tecnologia do 6110, sem bluetooth, com tela retrátil de sete polegadas. Já o DVD player DS 7010 vem equipado com tela retrátil de sete polegadas e os mesmos recursos tecnológicos com a tecnologia bluetooth, que permite ao usuário utilizar o celular por meio do sistema de som do veículo.

Internacionalmente seguro HUB nacional A Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo) recebeu a certificação de implantação do ISPS Code, código de segurança da Organização Marítima Internacional, com normas sobre a entrada e saída de pessoas e veículos das áreas portuárias. O certificado, emitido no Brasil pela Conportos (Comissão Nacional de Segurança Pública de Portos,

Terminais e Vias Navegáveis), assegura que a monitoração, a fiscalização e o controle dos meios de acesso ao cais público do Porto de Santos estão adequados às exigências internacionais. Em nível mundial, a adequação do controle das vias de entrada e saída de pessoas entre os países foi priorizada após os atentados de 11 de setembro de 2001.

O Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Confins) e o Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), passaram a distribuir nacionalmente e regionalmente a maioria dos voos da Trip. O aeroporto de Confins opera, desde novembro, duas novas rotas interestaduais da companhia, que ligam a capital mineira, sem escalas, a Manaus

(AM) e a Porto Velho (RO). Os voos permitirão realizar diversas conexões com os demais já existentes no terminal. “Com as novas rotas, Belo Horizonte será nosso maior HUB no Brasil, permitindo a conectividade imediata de voos de todas as regiões”, afirma Evaristo Mascarenhas, diretor de marketing e vendas da companhia.


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MAIS TRANSPORTE MM EDITORIAL/IVECO/DIVULGAÇÃO

DEZ ANOS Fábrica da Iveco, em Sete Lagoas (MG)

Novidade da Volvo A Volvo lançou em novembro o caminhão FMX. O novo veículo, da classe dos pesados, é oferecido ao mercado com motor de 13 litros e potências que vão de 400 cv a 480 cv. Destinado ao transporte de cargas na faixa de 32 a 50 toneladas de PBT (Peso Bruto Total), o FMX foi desenvolvido para o transporte pesado em condições severas, desde aplicações na construção,

mineração e agricultura. A Volvo também apresentou o FMX 11 litros, veículo dirigido para aplicações com condições operacionais intermediárias. Produzido em aço com cantoneiras reforçadas, o FMX tem o para-choque em três peças e um novo desenho, que contribui para aumentar a aparência “fora de estrada” do novo caminhão. VOLVO/DIVULGAÇÃO

Iveco atinge marca A Iveco comemorou no dia 10 de novembro seu décimo ano de produção no Brasil. A unidade da montadora começou a operar em 2000 em Sete Lagoas (MG). No período, a Iveco acumulou a produção de 170 mil veículos, dos quais 140 mil comerciais leves e 30 mil caminhões. Quando inaugurada, a fábrica tinha capacidade para 27 mil

unidades/ano. Hoje, é de 70 mil unidades. Trabalham na unidade fabril, cerca de 2.200 pessoas. O Complexo Industrial inclui um Centro de Desenvolvimento de Produto, uma fábrica de motores diesel, e receberá, em 2011, um condomínio integrado de fornecedores, aptos a entregar conjuntos de peças no sistema “just in time”.

Bons resultados O encerramento das atividades da Minastranspor 2010, feira promovida pela Fetcemg (Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de Minas Gerais), aconteceu dia 3 de dezembro, em Belo Horizonte. Jantar de confraternização reuniu aproximadamente 200 pessoas na capital mineira. O

presidente da federação, Vander Francisco Costa, destacou a importância da Minastranspor para o setor. Uma pesquisa realizada pelos organizadores mostrou índice de aprovação de 90% entre os participantes. A feira recebeu, entre os dias 27 e 29 de outubro, mais de 10 mil visitantes.

LANÇAMENTO Caminhão atende ao mercado de pesados

Amigo da estrada A TW Transportes lançou a terceira edição de seu CD informativo. Intitulada “Amigo da Estrada”, a mídia é distribuída para os motoristas da empresa e tem o objetivo de

aproximar a transportadora de seus colaboradores. O CD traz notícias da TW e informações importantes que auxiliam os motoristas em seu dia a dia.


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ASSEMBLEIA GERAL DA CIT

Participação e integração

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CIT (Câmara Interamericana de Transportes) realizou sua 14ª Assembleia Geral, nos dias 17 e 18 de novembro, em Guadalajara, no México. Participaram 15 países, com mais de cem líderes de todos os modais do transporte. Paulo Caleffi, secretáriogeral da CIT e presidente da Fetransul (Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Estado do Rio Grande do Sul), comemora o êxito dessa edição. “Foi uma pauta muito produtiva. A presença dos Estados Unidos pela terceira vez o consolida como mais um país integrante da câmara.” O Plano CNT de Transporte e Logística (estudo que reúne um conjunto de projetos considerados imprescindíveis para a construção de uma rede de infraestrutura de transportes para o Brasil) foi apresentado por Caleffi. “O plano foi mostrado como um exemplo aos demais países-membros. A ideia é estimular a iniciativa privada a explicitar aos governos as suas necessidades, para que o poder público possa entendê-las e supri-las”, diz o dirigente. Durante a assembleia, a Abifer (Associação Brasileira da Indústria Ferroviária)

recebeu a aprovação dos presidentes da CIT e, agora, passa a integrar o rol das instituições que compõem o quadro da Câmara. “Entre nossos princípios, pregamos a coexistência e a integração dos diversos modais, pois um depende do outro. A Abifer solidifica ainda mais a presença do modal ferroviário dentro da CIT”, afirma Caleffi. Para ele, um dos pontos altos da reunião foi o anúncio de Glen Gordon Findlay, presidente da Fenamar (Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima), como represen-

tante da CIT junto à Comissão de Logística e Competitividade da CIP/OEA (Comissão Interamericana de Portos da Organização dos Estados Americanos). “Essa representação é mais um passo que damos rumo à integração com importantes organismos internacionais.” Uma das discussões de destaque foi apresentada pelos representantes do Chile. Ações para evitar a disseminação do vírus HIV entre os motoristas rodoviários, profissionais ou não, que transitam entre as fronteiras sul-americanas foram propostas. Projetos de edu-

cação sexual e capacitação promovidos pelas empresas transportadoras foram algumas das sugestões apresentadas na discussão. Paralelo à assembleia, foi realizada a Expo Transporte 2010, tradicional feira mexicana do transporte rodoviário de pessoas e de bens, com novidades do mercado da América do Norte. A próxima Assembleia Geral da CIT será realizada nos dias 6 e 7 de abril de 2011, em Buenos Aires. As edições seguintes vão acontecer no Brasil, no segundo semestre de 2011, e no Equador, no primeiro semestre de 2012. CANACAR-MÉXICO/DIVULGAÇÃO

PARTICIPAÇÃO Assembleia da CIT no México teve a presença de 15 países

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MAIS TRANSPORTE HAMBURG SÜD/DIVULGAÇÃO

José Alencar – Amor à Vida Biografia autorizada do vice-presidente José Alencar, representante patronal que se tornou vice de um torneiro mecânico. E que virou ícone da luta contra o câncer. De: Eliane Cantanhêde, Ed. Primeira Pessoa, 400 págs., R$ 39,90

Porta-contêiner A Hamburg Süd recebeu no Porto de Santos o navio Santa Clara, o primeiro de dez porta-contêineres que a empresa utilizará para o transporte de grandes volumes. Navios de classe denominada “Santa”, têm capacidade para 7,1 mil TEUs cada, e farão o serviço entre Ásia e Costa Leste da América do Sul.

A Ponte – Vida e Ascensão de Barack Obama Por meio de centenas de entrevistas e cuidadosa reconstituição histórica, o jornalista empreendeu uma viagem às raízes de Obama, refazendo os passos de sua educação política e racial. De: David Remnick, Ed. Companhia das Letras, 736 págs., R$ 65

Anuário aéreo A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) publicou em novembro o Anuário do Transporte Aéreo, referente aos dados estatísticos da atividade durante o ano de 2009. O anuário traz informações revisadas e consolidadas de 27 companhias aéreas brasileiras e de 54 empresas estrangeiras que realizaram voos de passageiros e

carga com origem ou destino ao Brasil. Foram 62 milhões de embarques – 58 milhões em voos domésticos e 4 milhões em voos internacionais. A Anac publica, pela primeira vez, análises por aeroporto, por companhias aéreas, por rotas – domésticas e internacionais –, informações sobre movimento de passageiros e de carga, frota de aeronaves

por companhia, quantidade de voos, número de localidades atendidas, um acompanhamento dos preços praticados no setor, além de dados sobre participação de mercado e informações econômico-financeiras. O objetivo é permitir estudos e acompanhar a evolução do transporte aéreo no país. Mais informações no site www.anac.org.br.

Conversas que Tive Comigo O livro se baseia no arquivo pessoal de materiais inéditos de Mandela. São diários, cartas, anotações, rascunhos de discursos e gravações que buscam compreender seu lado humano. De: Nelson Mandela, Ed. Rocco, 416 págs., R$ 39,50


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AGUSTAWESTLAND/ DIVULGAÇÃO

MONOMOTOR Helicóptero adquirido pelo governo goiano

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Híbrido e econômico O Ford Fusion Híbrido foi considerado pelo Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial) o veículo mais econômico na categoria de carros grandes do mercado brasileiro. A classificação faz parte do ranking elaborado pela entidade para o consumo de combustível e eficiência energética dos veículos do país. O levantamento apontou ainda para uma melhora de 3% no nível geral de consumo. Destacou também que, de 2010

para 2011, 14 modelos melhoraram suas performances, segundo os critérios avaliados, o que significa que 21% dos participantes registraram evolução tecnológica. A Etiqueta Nacional de Conservação de Energia, um selo com o carimbo do Inmetro, mostra informações sobre o desempenho do automóvel em relação ao gasto médio na cidade, o ciclo urbano, e na estrada em km por litro, além de classificar o veículo de acordo com seu nível de consumo. FORD/DIVULGAÇÃO

Goiás renova a frota A AgustaWestland irá fornecer ao governo do Estado de Goiás três helicópteros monomotores Koala AW119Ke. Segundo a empresa, as aeronaves serão utilizadas em operações de força policial, combate a incêndios e missões de transporte. O contrato de US$ 13 milhões inclui também treinamentos

pessoal para a tripulação e de manutenção. A entrega das aeronaves estava prevista para dezembro. As aeronaves ficarão baseadas em Goiânia e serão equipadas com aparelhagem de rapel, sistema de proteção contra cabos, gancho de carga, farol de busca e sistema contra incêndios.

EFICIENTE Carro da Ford recebeu boa avaliação do Inmetro

Selo de qualidade

Informação a bordo

O laboratório de engenharia da DHB Componentes Automotivos recebeu a certificação do Inmetro. Com o título, a empresa está apta a conceder o selo de qualidade e conformidade a itens do sistema de direção e de suspensão como barras e terminais. A certificação visa

A Stadtbus Transportes apresentou em novembro o Smip (Sistema Multimídia de Informação ao Passageiro) em Bagé (RS). A empresa criou o sistema para oferecer mais comodidade aos usuários que se deslocam na área urbana da cidade. O Smip é composto de aparelho de

padronizar e assegurar aos clientes peças de qualidade comprovada. Segundo a DHB, muitos desses artigos vêm do exterior, com valor inferior aos nacionais, mas não atendem aos padrões de segurança. Com a certificação, a DHB poderá conceder o selo a outros fabricantes.

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televisão e DVD e será um canal de informação aos passageiros sobre as linhas, itinerários e horários contemplados pela empresa. Sem agregar valor à tarifa, o investimento foi implantado em um ônibus modelo 2010, que oferece 47 lugares, poltronas diferenciadas e motor ecológico.


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ARTES VISUAIS

Humor e trânsito Concurso de cartuns promovido em Belo Horizonte reúne trabalhos de 30 países POR

O

s problemas do transporte sob uma nova abordagem – crítica, criativa e que desperta o riso. Neste ano, o 2º BH Humor – Salão Internacional de Humor Gráfico de Belo Horizonte teve como tema “Transporte e Trânsito”. Os três melhores cartuns de profissionais do

CYNTHIA CASTRO

Brasil e do mundo e os três melhores inscritos por alunos do ensino fundamental de Minas Gerais foram premiados em novembro. O concurso destacou também as melhores caricaturas de personalidades e famosos em geral. Foram 1.300 trabalhos de 30 países concorrendo nas categorias cartum e caricatu-

ra. Na categoria Prêmio Escola, 400 estudantes mineiros inscreveram seus trabalhos. Um dos organizadores e fundadores do salão de humor, o cartunista mineiro Duke, destaca que, ao escolher “Transporte e Trânsito”, a proposta foi buscar uma temática de interesse para que assim fosse possível

atrair mais pessoas para a ideia do concurso. “As cidades e as pessoas vivem diariamente as questões e problemas de transporte e trânsito. É um assunto que envolve o adulto, a criança, o idoso, o rico ou o pobre”, diz Duke, que é colaborador da revista CNT Transporte Atual e chargista dos jornais


PRIMEIRO LUGAR Cartum do iraniano Sajad foi o vencedor este ano do BH Humor – Salão Internacional de Humor Gráfico de Belo Horizonte

“O Tempo” e “Super Notícia”, de Belo Horizonte. Duke já ganhou mais de 15 prêmios nacionais e internacionais. O mais significativo deles foi em 2009, o HQMix, promovido pela ACB (Associação dos Cartunistas do Brasil). Ele foi considerado o melhor cartunista brasileiro em atividade. De acordo com Duke, o 2º

BH Humor mostrou que alguns problemas do trânsito – como mobilidade urbana, engarrafamentos e violência – são assuntos recorrentes nos diferentes países participantes. Na primeira edição do evento, o tema foi o lixo. Em 2010, o cartum do iraniano Sajad venceu o primeiro lugar. O desenho mostra um

acidente grave de trânsito entre dois carros e várias pessoas fotografando a cena, com suas câmeras e aparelhos de celular, alheias ao drama das vítimas. “É um cartum ideal, faz rir e pensar”, comenta Duke. Ele destaca que a proposta mostra o problema comum dos acidentes, a espetacularização dessas

ocorrências e a falta de sensibilidade das pessoas. No segundo lugar, o vencedor foi o brasileiro Elias Monteiro, do Rio Grande do Sul, que abordou a competição existente entre os veículos que transitam nas cidades e os pedestres. O terceiro colocado, o chinês Ba Biling, explorou o tempo que as pes-


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SEGUNDO LUGAR Brasileiro Elias Monteiro, do Rio Grande do Sul, foi o vice

TERCEIRO LUGAR Posição ficou com o trabalho do chinês Ba Biling

soas passam dentro dos veículos de transporte urbano. Os três primeiros vencedores da categoria cartum ganharam R$ 10 mil, R$ 3.000 e R$ 1.000, respectivamente. A mesma premiação foi concedida aos ganhadores da categoria caricatura. As personalidades contempladas pelos vencedores em seus desenhos foram todas brasileiras: o cantor Gilberto Gil, o jogador Ronaldo e o apresentador Serginho Groisman. Na categoria Prêmio Escola, os três primeiros colocados ganharam computador (um para o aluno e outro para a escola), câmera fotográfica digital e um music player. “A ideia de envolver os estudantes é despertar para a arte do cartum, mas também levar a discussão da temática para dentro da escola”, diz Duke. A primeira colocada foi uma estudante de Pedro Leopoldo, na região metropolitana de Belo Horizonte, que mostrou o trânsito intenso de veículos e várias pessoas com uniformes de prisioneiros. No segundo cartum premiado, dois carros conversavam no estacionamento e o terceiro abordou trânsito e Copa do Mundo.


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PRÊMIO ESCOLA

VENCEDORA Laura Campelo

VICE Lucas Cunha Chaves

TERCEIRO COLOCADO Trabalho de Michel Vitor

Além da premiação, o BH Humor promove discussões que envolvem o tema do concurso e também a arte do humor gráfico. Mesa-redonda, oficina e bate-papo fazem parte da programação. Do total de trabalhos inscritos, cem cartuns de profissionais, 60 caricaturas e 40 cartuns do Prêmio Escola ficaram expostos na Casa do Baile, na lagoa da Pampulha. Segundo Duke, a ideia é que a mostra possa ir a outras cidades. Neste ano, o júri foi formado pelos cartunistas Chico Marinho e Lor (professores da UFMG), Márcio Leite (presidente do Brazil Cartoon) e Lelis (jornal “Estado de Minas”). Também foi convidado o cartunista internacional Angel Boligán, que nasceu em Cuba e mora no México. Ele é atualmente o cartunista mais premiado no mundo. O BH Humor – Salão Internacional de Humor Gráfico de Belo Horizonte foi realizado em 2010 a partir de uma parceria entre a Cartuminas (Cartunistas Mineiros Associados) com a Prefeitura de Belo Horizonte. Na primeira edição, o projeto foi inscrito na Lei Municipal de Incentivo à Cultura. 


VALORIZAÇÃO

POR

CYNTHIA CASTRO

"O

caminho sem volta" do crescente número de motocicletas nas cidades do Nordeste, que já causaram muitos acidentes graves e mortes, foi o tema da reportagem vencedora do Grande Prêmio CNT de Jornalismo de 2010. Publicada pelo jornal "Diário de Pernambuco" em um caderno especial, a reportagem mostrou que 84,49% dos municípios nordestinos têm mais motocicletas e motonetas do que carros. E as mortes e sequelas já se tornaram uma epidemia que avança nos prontos-socorros. "É muito importante essa premiação. E ficamos felizes porque o assunto que abordamos necessita de uma solução urgente", disse a repórter Juliana Colares, do “Diário de Pernambuco”. No total, foram R$ 90 mil em prêmios, sendo R$ 30 mil para o Grande Prêmio e R$ 10 mil para cada categoria. A entrega aconteceu no dia 8 de

Foco no

Sete reportagens de diferentes veí dezembro, em Brasília, em uma solenidade no Clube do Exército apresentada pelo jornalista Chico Pinheiro, da TV Globo. Juliana Colares recebeu a premiação das mãos do presidente da CNT e do Conselho Nacional do Sest Senat, Clésio Andrade. Outros representantes do

setor de transporte entregaram os troféus aos demais jornalistas vencedores. Neste ano, as matérias inscritas na categoria Meio Ambiente tiveram de ser vinculadas ao tema transporte, e a vencedora foi "A revolução das bicicletas", do "JC Online", de Pernambuco.

"Do inferno ao céu pela BR101" é o tema da matéria da "Folha de S. Paulo" que ganhou na categoria Impresso. O prêmio de Televisão foi para a reportagem "Roubo de carros", da TV Record. Na categoria Rádio, venceu a rádio Gaúcha, com a repostagem "Fraude em Santa


FOTOS JÚLIO FERNANDES/CNT

transporte

culos vencem 17º Prêmio CNT de Jornalismo Catarina". O prêmio de Internet é de "O Tempo Online", de Belo Horizonte, com "Vidas Empoeiradas". E a melhor fotografia, intitulada "Greve de ônibus está só começando", foi publicada no "Diário do Nordeste", de Fortaleza (CE). Além do valor em dinheiro, os vencedores receberam tro-

féus e diplomas. O prêmio tem como objetivo estimular a imprensa a produzir reportagens sobre a atividade transportadora, fundamental no processo de desenvolvimento social e econômico do país. Comissão julgadora Em outubro, a CNT divulgou

os cinco finalistas de cada categoria. Os jurados foram a repórter de política da rádio CBN e colunista Roseann Kennedy; o repórter especial do Jornal da Record e apresentador da Record News, Rodrigo Vianna; o apresentador da Globo News e editor-chefe do site www.srzd.com, Sidney Rezende;

o coordenador-assistente da Agência Folha, Luís Eblak; e o doutor em transportes e logística João Fortini Albano, professor da Escola de Engenharia da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Saiba mais sobre os vencedores nas páginas seguintes


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Grande Prêmio – "Diário de Pernambuco"

"O caminho sem volta"

A

ideia de produzir um caderno especial sobre os acidentes com motos no Nordeste ganhou força porque no ano passado a região ultrapassou o Sudeste em números absolutos de compra de motocicletas, conforme conta a repórter Juliana Colares, do “Diário de Pernambuco”. A reportagem cita que em 12 anos o Nordeste comprou quase 3 milhões de motos, e são pelo menos sete óbitos por dia na região envolvendo esses veículos sobre duas rodas. "Há uma avalanche de motocicletas, e esse boom está redesenhando nosso cenário. É um caminho sem volta, mas há o que fazer para aumentar a segurança", diz Juliana. Os textos, dela e do editor de primei-

ra página Fred Figueiroa, apontam que as motocicletas substituíram parte do transporte público e viraram oportunidade de emprego e renda. Segundo Juliana, o maior uso de motocicleta está ligado ao aumento de renda da população. "A moto é um meio de transporte barato, fácil e ainda preenche várias lacunas. No interior, tem sido meio de transporte prioritário e, muitas vezes, sem habilitação, sem capacete. No campo, é instrumento de trabalho. O leite que ia na carroça passou a ir de moto. Até boi abatido tem sido transportado nas motos (em espécies de cestas improvisadas)." "O caminho sem volta", título da matéria, diz respeito

tanto a esse aumento do uso de motocicletas como também às mortes e sequelados em acidentes. Entretanto, a ideia da reportagem foi mostrar também que é possível

prevenir. Ao final do caderno, uma grande ilustração, com ruas de uma cidade, apontou as possíveis soluções. "Há o que fazer, desde a educação até a aplicação de leis."

No Nordeste,

84,49% dos municípios têm mais moto do que carro A jornalista Juliana Colares, do “Diário de Pernambuco”, recebe o troféu pelo Grande Prêmio de Jornalismo das mãos do presidente da CNT, Clésio Andrade


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Fotografia – “Diário do Nordeste”

“Greve de ônibus está só começando”

O

suplício dos moradores de Fortaleza (CE), que tiveram de enfrentar a superlotação durante um dia de greve dos ônibus, foi registrado pelo fotógrafo Raimundo Nonato, do jornal impresso “Diário do Nordeste”. A imagem, vencedora do prêmio CNT na categoria Fotografia, mostra os usuários do terminal integrado do Papicu, que vivia um dia de caos. Para conseguir um ângulo todo especial ao registrar aquele difícil momento dos usuários do transporte coletivo, Nonato arriscou subir no pneu dianteiro do ônibus, que estava parado. Assim, conseguiu mostrar, com a câmera posicionada na janela, cenas de dois ambientes distintos, mas que faziam parte do mesmo contexto – os passageiros espremidos dentro do coletivo e outras dezenas de pessoas que, do lado de fora, pressionavam para entrar. A greve, em junho deste ano, paralisou grande parte dos ônibus de Fortaleza, e Nonato fazia cobertura jornalística com a repórter Lina Moscoso. “Menos da metade

da frota estava rodando. Muita gente foi trabalhar a pé, de bike ou de carona. Fiquei impressionado ao ver como o terminal do Papicu estava lotado”, conta o fotógrafo. Segundo ele, quase não tinha ônibus no terminal. Então, quando chegava algum veículo, era um empurra-empurra para tentar

embarcar. “Minha intenção foi tentar mostrar o terminal lotado e o pessoal espremido dentro do ônibus. Subi no pneu e coloquei a lente bem no meio da janela”, diz o fotógrafo, ao comentar ainda que as pautas que oferecem mais dificuldades geralmente costumam proporcionar melhores resultados.

“Minha intenção foi tentar mostrar o terminal lotado e o pessoal espremido dentro do ônibus” RAIMUNDO NONATO, FOTÓGRAFO

David Lopes de Oliveira, conselheiro da CNT, entrega o prêmio de fotografia ao representante do fotógrafo Raimundo Nonato, do “Diário do Nordeste”


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Televisão – TV Record

“Roubo de carros”

O

problema crescente do roubo de carros no Brasil foi o tema da ampla reportagem exibida no programa Domingo Espetacular, da TV Record, vencedora da categoria Televisão do prêmio CNT. Durante 42 minutos, a reportagem dos jornalistas Mariana Brambilla, Lúcio Sturm e equipe mostrou flagrantes de furtos e roubos no país, acompanhou ações policiais e a destinação dos veículos roubados. Mariana conta que foram necessários três meses de produção, gravação e edição. A matéria começa mostrando uma rua aparentemente tranquila de São Bernardo do Campo (SP). Câmeras espalhadas em vários pontos registram o momento em que os ladrões roubam um veículo, obrigando a motorista a sair de dentro dele. Outros flagrantes são exibidos em grandes cidades do Brasil. São crimes que acontecem nas ruas, dentro de estacionamentos. Em Florianópolis, os bandidos

quebraram a porta de uma concessionária e saíram dirigindo o carro furtado. Mas a reportagem vai além dos flagrantes e mostra que há três destinos principais: países vizinhos como Paraguai, desmanches e oficinas de adulteração, que fraudam informações como número de chassi e outras. O ponto alto e também o mais tenso da reportagem foi o momento da com-

pra de um motor de carro, no Paraguai, que depois foi entregue para a polícia do Mato Grosso do Sul. De acordo com Mariana, uma equipe de seis pessoas viajou para o Paraguai e duas participaram da compra. “A ideia foi mostrar o caminho inverso do roubo de carros. E conseguimos. Descobrimos depois que o motor era de um carro furtado em São Paulo em 2002.”

Motor de carro roubado é vendido por

R$ 1.000 no Paraguai Os jornalistas Mariana Brambilla e Lúcio Sturm, da TV Record, recebem o troféu das mãos do vice-presidente da CNT, Marco Antonio Gulin


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Internet – “O Tempo Online”

“Foi fundamental o envolvimento de profissionais de diferentes setores da redação” Flávio Benatti, presidente da seção de transporte de cargas da CNT, entrega o troféu de premiação a Rafael Rocha, de “O Tempo Online”

MICHELE BORGES DA COSTA, SECRETÁRIA DE REDAÇÃO

“Vidas empoeiradas”

A

reportagem “Vidas empoeiradas”, de “O Tempo Online”, de Belo Horizonte, venceu a categoria Internet do prêmio CNT, ao retratar as dificuldades de moradores do Vale do Mucuri e do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, que vivem até hoje isolados sem asfalto. Foram percorridos 2.000 km para conhecer “esse cenário enevoado pelo pó vermelho e pelo abandono”. Com trilha sonora específica e fotografias de Charles Silva Duarte, a reportagem da jornalista Gabriela Sales e equipe utilizou recursos multimídia e investiu no tratamento visual e edição de arte. “Minas Gerais esconde por detrás de uma nuvem de poeira levantada nas inúmeras estradas de terra em todo o Estado – mais precisamente, 7.235 km de BRs e MGs de terra – a difícil realidade de quem vive diariamente sem asfalto”, diz a abertura da matéria. A secretária de Redação, Michele Borges da Costa, que participou da edição, disse que o mais importante nesse projeto é que ele nasceu multimídia e foi pensado desde o princípio para esse formato. “Desde a elaboração da pauta até o acabamento do especial, a ideia

sempre foi contar a história da maneira mais atraente, usando todas as ferramentas disponíveis.” Para isso, segundo Michele, foi fundamental o envolvimento de profissionais de diferentes setores da Redação. Ela conta que

todo o material – textos, fotos e vídeos – recebeu uma apresentação elaborada da equipe de arte, que se empenhou em entender o conceito da reportagem. “Com tudo isso, o resultado mostrou um caminho para manter o jornalismo vívido e interessante.”


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Rádio – rádio Gaúcha

Mais de

40

pessoas perderam a carteira obtida em fraude

Cid Martins, da rádio Gaúcha, é premiado pelo vice-presidente da CNT, Meton Soares

“Fraude em Santa Catarina”

U

m esquema fraudulento de venda de carteiras de habilitação no sul do Brasil, em Santa Catarina, foi denunciado pelos jornalistas Cid Martins e Giovani Grizotti, da rádio Gaúcha, e a reportagem venceu o prêmio CNT na categoria Rádio. O esquema envolvia um centro de habilitação da região do município de Criciúma, e as carteiras eram vendidas para gaúchos, reprovados nos exames do Rio Grande do Sul. As pessoas que queriam comprar a carteira de habilitação eram levadas para o centro de Criciúma e conseguiam o documento sem fazer prova de direção escrita e de rua. A reportagem mostra entrevista com um gaúcho intermediador, que sem saber que se tratava de uma matéria jornalística, revelou cobrar R$ 200 para levar essas pessoas do Rio Grande do Sul a Santa Catarina. Ele relatou também que a compra da carteira custava em torno de R$ 2.000. Esta é a quarta edição do prêmio

CNT que o repórter Cid Martins vence na categoria Rádio. “Foi muito importante conseguir essa premiação. Ainda mais que, no ano passado, tivemos duas matérias finalistas, mas não ganhamos”, diz Martins. Uma das dificuldades durante a reportagem, segundo o repórter, foi conseguir mostrar e comprovar que

esse problema da venda de carteiras ainda persistia na região. Ele conta que depois da veiculação da reportagem, o centro de habilitação de Santa Catarina foi descredenciado. “O Detran do Rio Grande do Sul também descredenciou mais de 40 pessoas que tinham conseguido a carteira de forma fraudulenta.”


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Meio ambiente – “JC Online”

“A revolução das bicicletas”

A

criatividade ao abordar um tema relevante para melhorar a mobilidade urbana e reduzir a poluição contribuiu para a repórter Julliana de Melo Correia e Sá, do “JC Online”, ser a vencedora da categoria Meio Ambiente do prêmio CNT. Com o tema “A revolução das bicicletas”, a repórter narrou a própria experiência ao pedalar nas ruas do Recife. A matéria, inspirada nas histórias em quadrinhos, foi exibida na Internet no formato de fotonovela, dividida em quatro capítulos. Segundo Julliana, a ideia surgiu quando ela ficou presa em um congestionamento. Decidiu passar a ir de bicicleta para o trabalho, que é mais saudável para o meio ambiente e para a saúde. Depois sugeriu o tema para a matéria. A proposta foi mostrar que “de simples brincadeira de criança à prática de exercícios e esportes de aventura, a bicicleta também pode ser uma importante aliada das grandes cidades, tornando-as menos poluídas e livres de congestionamentos”. Entretanto, ainda faltam infraestrutura e educação no trânsito.

Juliana conversou com grupos de ciclistas e mostrou a dificuldade com a falta de ciclovias e de segurança. Abordou os acidentes, a necessidade de equipamentos e abriu espaço para os internautas. Com os recursos multimídia, foi possível assistir matérias, com vídeos gravados em outros países, sobre o uso da bicicleta. Os inter-

nautas também puderam relatar suas experiências e responder enquetes. A história termina chamando o leitor para uma próxima edição. O “JC Online” é o portal do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação, do Recife. Nos dois últimos anos, o portal venceu o prêmio CNT na categoria Internet

Malha de ciclovias do Recife tem 21,5 km, mas

10 km são seguros

O vice-presidente da CNT, Newton Gibson, entrega prêmio da categoria Meio Ambiente a Julliana de Melo, do “JC Online”


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Impresso – “Folha de S. Paulo”

BR-101 corta

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Estados do litoral brasileiro O repórter Alencar Izidoro e o fotógrafo Fernando Donasci, da “Folha de S. Paulo”, são premiados pelo presidente da seção de passageiros da CNT, Otávio Vieira da Cunha Filho

“Do inferno ao céu pela BR-101”

N

a categoria Impresso, a série “Do inferno ao céu pela BR-101”foi publicada pela “Folha de S. Paulo” em dezembro de 2009. O repórter Alencar Izidoro e o fotógrafo Fernando Donasci percorreram mais de 4.500 km da rota litorânea que passa por 12 Estados, do Rio Grande do Sul até o Rio Grande do Norte. A reportagem fez um alerta aos motoristas que iriam utilizar essa rodovia no verão e deveriam se preparar para contrastes e surpresas. “Há crateras de estourar pneus ou até para engolir um carro na rica região Sul, mas também existem pistas recém-reformadas que viraram um tapete em redutos pobres do Nordeste”, diz o texto. Foram 11 dias de viagem. O repórter Alencar Izidoro conta que um dos motivos que levaram à escolha dessa

rodovia foi o fato de ser época de férias e verão, quando as pessoas viajam mais por esse trajeto. A falha na sinalização foi um problema que chamou a atenção. “No Nordeste, chegamos a rodar um trecho de mais de 1 km na contramão por falha na sinalização”, diz Izidoro. Durante todo o percurso na BR-101, os repórteres coletaram informações para avaliar as condições do pavimento, da sinalização e da geometria da via. Foi constatado que 61% da rodovia apresentava situação razoável de tráfego, com falhas pontuais que provocam desconforto. A reportagem mostra que mais de 80% da estrada é de pista simples, o que dificulta ultrapassagens e agrava os acidentes. Foram abordados ainda os pedágios, radares, preço do combustível e contrastes sociais no trajeto. 



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ISTOCKPHOTO

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TECNOLOGIA

Conectividade estratégica Empresas de transporte começam a utilizar as redes sociais para se aproximar de seus clientes e parceiros POR

A

popularização da Internet a partir da década de 90 proporcionou ao mundo um novo meio de interatividade. Desde então, diversos canais foram estabelecidos e o marketing digital, mais do que uma ferramenta para divulgar os negócios de uma empresa, tornou-se instrumento imprescindível para as entidades que desejam consolidar seu relacionamento com clientes e parceiros. A revolução que os anos

LETICIA SIMÕES

2000 vivenciam, com o crescimento das redes sociais (Twitter, Facebook, Orkut, entre outras), levou as organizações do setor transportador a começarem a se mobilizar e, aos poucos, marcar presença nessas plataformas. A inserção das empresas nas redes sociais – espaços virtuais em que organizações e pessoas se conectam para compartilhar interesses em comum – necessita de acompanhamento e foco. Ricardo Lopes Sanchez, mem-

bro do Conapsi (Conselho Nacional das Entidades de Provedores de Serviços de Internet) e presidente da Abrappit (Associação Brasileira de Pequenos Provedores de Internet e Telecomunicações), afirma que não basta criar contas nesses canais. É preciso analisar qual a finalidade e, ainda, se essa estratégia será válida para o nicho de mercado do negócio. “A Internet redefine as noções de tempo, de espaço e de simultaneidade. O advento

permite a qualquer cidadão acessar informações e serviços de onde estiver. Isso tem de ser aplicado e entendido pelas empresas. Se essas características se conectam ao que a entidade propõe para seus clientes, a presença nesses meios de comunicação é válida.” A Ramos Transportes possui conta no Twitter desde maio de 2009. Por lá, são disponibilizadas notícias da empresa e notas gerais sobre o setor transportador. Igor Gatto, gerente de mar-


keting da Ramos, diz que o endereço tem por objetivo estreitar o relacionamento com os clientes. “Com a popularização das redes sociais, a companhia enxergou a possibilidade de se aproximar e trocar informações com seus clientes.” A agilidade na comunicação via Twitter é apontada por Gatto como uma das vantagens do canal. “Essa troca contínua é muito importante no mercado no qual a Ramos está inserida. Os clientes aderiram, pois mui-

tos já eram usuários da rede e passaram a nos seguir para obter mais informações”, diz. A empresa mantém uma equipe especializada para a atualização das informações publicadas no espaço. “A entidade que não está na rede deixa de ganhar. Acredito que as instituições devem aderir às redes sociais, já que é muito importante estar presente no dia a dia dos clientes e estreitar esse relacionamento.” A TGM Transportes mantém

“É muito importante estar no dia a dia dos clientes” IGOR GATTO, GERENTE DE MARKETING DA RAMOS

um blog corporativo há quase dois anos. Thiago Granero de Melo, gerente-geral da empresa, acredita que a utilização das redes sociais pelas transportadoras ainda é tímida. “Entre as empresas de transporte rodoviário de carga fracionada, são poucas as que usam esses meios. As que lidam bem com essas ferramentas e tiram maior proveito são aquelas que vendem e prestam serviços a pessoas físicas.” O foco do blog da TGM, diz


“É preciso dedicação diária e investimento de algum tempo” LUIS FREITAS, SÓCIO-DIRETOR DA PERFECS

ABEL DA LUZ CASTRO/DIVULGAÇÃO

GUIA DA INTERNET Principais redes sociais Twitter: Microblog que permite aos usuários enviar e receber mensagens de 140 caracteres de contatos adicionados à lista de seguidores Facebook: Maior rede social do mundo (500 milhões de contas) que conecta o proprietário da conta a pessoas afins, também cadastradas na rede Flickr: Site de hospedagem e partilha de imagens fotográficas e de outros tipos de documentos gráficos Blogs: Sites cuja estrutura permite atualização rápida a partir da publicação de artigos, ou posts, organizados, em geral, de forma cronológica inversa. Nos blogs são publicados, além de textos, fotos e vídeos Orkut: Principal site de relacionamentos do Brasil. Um dos recursos principais é a criação e participação em comunidades, que podem ser definidas como um espaço reservado para pessoas que se identifiquem com o título e o propósito daquela comunidade Dicas para quem vai entrar na rede Buscar um objetivo • Estreitar o relacionamento da empresa com os públicos interno e externo • Divulgar novos serviços • Publicar notícias e informações relevantes para quem acompanha a página Como proceder • Reconhecer a finalidade da presença da organização naquele canal • Atualizar constantemente • Avaliar a interface do meio com o público alvo Conhecer os mecanismos da rede O que evitar • Deixar que a página fique desatualizada • Permitir que pessoas que não estejam a par do cotidiano da empresa atualizem as informações

FILOSOFIA A Perfecs Transportes usa redes sociais desde 2009

Melo, é proporcionar mais um modo de comunicação e relacionamento entre a empresa, seus funcionários, fornecedores, clientes e parceiros. “Todos os fatos relevantes como eventos, mudanças, novidades, demais assuntos de interesse do público-alvo, e até mesmo notícias que tenham mérito para a comunidade em geral, são postados.” O resultado foi aprovado pela empresa, que decidiu criar

um novo blog. “Há pouco tempo, foi disponibilizado o Vagas de Emprego. São anunciadas, semanalmente nas seis filiais, as oportunidades em aberto. Hoje, muitos dos profissionais que buscam emprego ou recolocação no mercado utilizam a Internet para procura e pesquisa”, afirma Melo. Segundo o gerente, não houve dificuldades de implantação. “Toda atualização do site e as postagens do blog são feitas


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TENDÊNCIA

Presença na rede deve ser planejada A inserção nas redes sociais é uma tendência, mas essa presença deve ser estratégica. Com a chegada do Twitter, milhares de empresas viram no canal a oportunidade de estreitar seu relacionamento com clientes e colaboradores. Contudo, especialistas afirmam que apenas a minoria sabe aproveitar todo o potencial das ferramentas digitais. O publicitário Augusto Genz, executivo de planejamento da Agência Matriz, com sede em Porto Alegre, diz que a inserção nas redes pode ser fundamental para as empresas, mas é necessário cuidado para que a organização não perca sua identidade. “Não vejo sentido em uma empresa que possua perfil mais austero e reservado entrar no Twitter ou em outra rede social. Se ela já não está aberta ao diálogo em todos os outros pontos de

pela diretoria. Assim, a comunicação fica mais objetiva, rápida e natural, já que é feita por uma célula dentro da empresa, sem intermediários.” A TGM, de acordo com o gerente, sempre investiu nas ferramentas eletrônicas como meio de comunicação. “A partir de 2000, a empresa passou a encaminhar, via e-mail, um semanário aos clientes. Com o aumento da clientela, a empresa aboliu o informativo e ado-

contato com o consumidor, não justifica abrir mais um canal de comunicação para ser mal utilizado. É melhor não fazer do que fazer malfeito.” Já para Ézio de Castro, publicitário e diretor de criação da Agência Mr. Brain Comunicação, sediada em Brasília, as empresas devem estar nas redes sociais. “Elas são ferramentas em que, além de divulgar suas marcas e produtos, a organização pode avaliar como está sua imagem com seu público, identificar problemas e respondê-los. Além disso, redes sociais também são meios de estabelecer identificação com clientes usuários dos produtos e serviços ou com a clientela em potencial.” Ele afirma que as empresas brasileiras estão se conscientizando do poder das redes sociais. “Tanto para a criação do perfil da marca quanto para

tou o blog como ferramenta de comunicação e interação.” O blog corporativo traz imagens, vídeos e links para outros sites. “É um meio que oferece maior flexibilidade no conteúdo, sem poluir a caixa de email dos clientes.” O blog corporativo da TGM tem registrado, aproximadamente, mil acessos mensais. Já o Vagas de Emprego tem mantido uma média de 600 visitas por mês, desde que foi criado,

a realização de ações promocionais mais pontuais, esses canais têm se disseminado no campo empresarial. O Brasil é um país que ainda se encontra em processo de inclusão digital. Portanto, tem muito a crescer nessa área.” Para Genz, a transparência das instituições será cada vez mais exigida pelos consumidores e clientes. “Não há mais espaço no mercado para trabalhar uma comunicação a partir de uma inverdade ou meia-verdade. A comunicação de uma marca deve ser pautada em identificar quem é a empresa e não com quem a instituição quer parecer ser.” Castro enfatiza que, para garantir o sucesso da estratégia, é necessário planejamento. “Buscar alguém que conheça o assunto dentro da empresa ou contratar uma consultoria de fora são bons caminhos. O

há pouco mais de dois meses. Apesar dos resultados positivos, o gerente ressalta que a adesão dos clientes ainda é aquém do que a TGM estima. “A maior adesão ao blog se faz por parte dos funcionários, diretos e indiretos. Os clientes embarcadores e destinatários do transporte rodoviário de cargas ainda têm uma visão preconceituosa. Acreditam que, nesse ramo, as tecnologias não funcionam e que as pendências só

ambiente da Internet pode ser também agressivo, pela resposta rápida que tudo recebe. Um post errado ou uma ação malfeita pode trazer prejuízo para a organização.” A grande vantagem das redes, avaliam os publicitários, é a oportunidade de estar próximo ao consumidor. “É a chance de conhecêlo melhor, atendê-lo diretamente e resolver os problemas, dúvidas, e principalmente, aprender com os clientes”, diz Genz. Ézio de Castro ressalta a agilidade das redes. “Elas são um termômetro rápido de opiniões sobre a empresa. Isso pode gerar novos negócios, produtos, serviços e novas oportunidades de faturamento. As redes estão aí tanto para detectar problemas de imagem quanto para descobrir novos caminhos.”

se resolvem pessoalmente ou por telefone.” Em sua opinião, estar ativo nas redes sociais é vital para as empresas. “Quem não mantém esses canais de comunicação perde perante os clientes que querem ser atendidos e exigem um relacionamento mais ágil e objetivo e perde perante os funcionários, que têm sede em saber tudo sobre onde trabalham.” Melo tem boas perspectivas quanto à disseminação das


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“Hoje, muitos dos profissionais que THIAGO GRANERO DE MELO, GERENTE-GERAL DA TGM

PERSPECTIVA

Uso ampliado nas próximas eleições O uso das redes sociais nas últimas eleições mostrou que esses canais tendem a se fortalecer e, cada vez mais, tornarem-se essenciais para a troca de informações entre candidatos e eleitorado. Apesar do número restrito de eleitores que acompanharam as novidades das campanhas por esses canais, especialistas acreditam que, a exemplo da campanha que elegeu Barack Obama como presidente dos Estados Unidos em 2008, com alto investimento nesses meios, esse tipo de comunicação deve ganhar força já nas eleições municipais de 2012. Para o cientista político David Fleischer, professor do Ipol (Instituto de Ciência Política) da UnB (Universidade de Brasília), as coordenações das campanhas eleitorais brasileiras ainda devem passar por um processo de amadurecimento para usufruir do poder de comunicação das redes sociais. “Esses canais registraram nas últimas eleições um grande número de mensagens desagradáveis e agressivas, provenientes, inclusive, de pessoas ligadas a grandes grupos sociais. A meu ver, as redes sociais foram usadas de modo negativo.”

Fleischer afirma que o brasileiro ainda não se habituou a acompanhar o processo eleitoral pela Internet. “Uma pesquisa realizada em Brasília apontou que o eleitor escolhe o candidato a deputado influenciado pela opinião da família e de amigos, por exemplo. O boca a boca ainda predomina entre a massa de eleitores.” Apesar de a cultura online ainda ser acanhada em termos de eleições no Brasil, o professor viu avanços desde as eleições presidenciais de 2006. “O uso da Internet foi bem maior nessa eleição. Os coordenadores de campanha adquiriram experiência. Acredito que o uso das redes sociais será ampliado já nas próximas eleições municipais (2012), comprovando essa tendência de evolução.” Maurício Assumpção Moya, cientista político e professoradjunto do Departamento de Ciência Política da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), corrobora com Fleischer quanto à falta de maturidade das campanhas na utilização das redes sociais. “Alguns candidatos investiram de fato nesses meios e viram

que são eficientes. Outros criaram contas a duas semanas da eleição. Assim, o eleitor não se envolve.” Moya afirma que, na política brasileira, grande parte das contas das redes são criadas e mantidas por simpatizantes dos candidatos. Além disso, segundo ele, quem acessa as páginas faz com o intuito de se aliar ou atacar determinado aspirante a cargo público. “A minoria dos candidatos a deputado federal e estadual se valeu das redes sociais. Nessas eleições, os e-mails foram mais frequentes. Essa foi a mídia mais eficiente entre as eletrônicas.” Para Ricardo Lopes Sanchez, presidente da Abrappit, a mobilização do eleitorado via redes sociais nas eleições passadas foi positiva. “A qualidade das informações é outra questão, mas esses canais foram bem explorados.” Ele afirma que os investimentos nesses meios, dentro do processo eleitoral brasileiro, serão cada vez maiores. “A transparência valoriza muito o candidato. De casa, o eleitor tem condições de estudar as propostas e fazer suas análises.”

RAPIDEZ Igor Gatto,

redes sociais no setor transportador. “Quem atende diretamente o consumidor final tem, nesses meios, uma excelente ferramenta institucional, promocional, de atendimento e de relacionamento. É nesse nível de amadurecimento que a TGM quer chegar em pouco tempo.” A Perfecs Transportes iniciou suas atividades em julho de 2009. Desde a sua implantação, canais como Twitter, Facebook e Flickr têm sido uti-


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buscam emprego utilizam a Internet”

RAMOS TRANSPORTES/DIVULGAÇÃO

TGM TRANSPORTES/DIVULGAÇÃO

gerente de marketing da Ramos, destaca a agilidade na comunicação via Twitter

lizados como meio de interatividade entre a empresa e os públicos interno e externo. “Foi um movimento natural dar atenção especial a esse tipo de comunicação. A empresa se mantém atualizada e transparente, além de buscar maior proximidade com os clientes, fornecedores e parceiros”, afirma Luis Freitas, sócio-diretor da organização. Ele diz que a disponibilidade de informações serve como fil-

tro para quem quer se relacionar com a empresa e suas atividades. “A clientela ainda reage timidamente, mas é difícil saber o quanto cada um deles, ou um potencial cliente, aprofundouse em relação à empresa pelas redes sociais.” Freitas afirma que, em relação aos fornecedores, o processo se inverte. “A necessidade de novos negócios é mais urgente e nesse sentido a Perfecs recebe muitos contatos via redes

MÉDIA Blog corporativo da TGM registra mil acessos mensais

sociais. Isso representa uma vantagem, pois as novidades chegam até a empresa de forma muito mais rápida.”O interesse pelos canais, segundo o dirigente, é primordial para garantir a eficiência da comunicação. “É preciso dedicação diária e investimento de algum tempo, pois não se trata somente de divulgar ideias e informações. É preciso responder aos questionamentos que recebemos diariamente.”

As atualizações são feitas pela própria empresa. “Toda a equipe tem liberdade em sugerir ideias, novidades e qualquer outra informação que aumente a transparência do negócio. Os motoristas, inclusive, são orientados a registrar fotos dos carregamentos e situações que possam ser interessantes, desde que se tenha autorização dos clientes para essa divulgação”, diz Freitas. 



TADEU NASCIMENTO/PREFEITURA DE SANTOS/DIVULGAÇÃO

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CRESCIMENTO

O impulso do pré-sal POR

LIVIA CEREZOLI

De olho no novo mercado, Santos já prepara melhorias na infraestrutura de transporte

U

ma nova cidade. Essa é a expectativa que a exploração do pré-sal, na Bacia de Santos – faixa litorânea que vai do Rio de Janeiro até Santa Catarina –, tem causado na população de Santos, a principal cidade do litoral sul paulista, distante 72 km da capital São Paulo. Desde o ano passado, com a confirmação de que a Petrobras instalará a base operacional da bacia no município e gerará aproximadamente 7.000 empregos diretos e outros 30 mil indiretos, a cidade vive um novo momento em diversos setores. Atualmente, dos 156.719 postos de trabalho formais preenchidos na cidade até 2009, 1.100 já estão relacionados ao setor de petróleo e gás. Uma das principais expectativas é a

construção de três prédios em um terreno de 25 mil metros quadrados no centro histórico de Santos, uma área em processo de reurbanização. E mesmo que o processo de licitação da obra esteja em fase inicial e o projeto só fique pronto definitivamente depois de 2014, prefeitura, associações de classe e população já voltam seus olhos para as novas oportunidades. Outros empreendimentos, como a construção de uma base aérea na região de Santos, também despertam interesse. O Plano CNT de Logística 2010 sugere a construção desse novo aeroporto no Guarujá, para servir de apoio logístico para a Baixada Santista. Pelo plano, a obra deve ter custo mínimo de R$ 831,981 milhões. Mas, além desses empreendimentos

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VALORIZAÇÃO

Preço dos imóveis sobe 100% Antes mesmo do início da exploração do pré-sal, a cidade de Santos já vivencia uma explosão de preços no mercado imobiliário. Nas negociações de compra e venda, e até mesmo nos contratos de aluguel, a valorização dos imóveis já ultrapassa os 100%. Segundo José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis), a alta nos preços é um fenômeno nacional, mas, em Santos, ela é potencializada devido à ampliação da atuação da Petrobras. Um levantamento da instituição mostra que o preço médio do metro quadrado de um imóvel bem localizado na cidade – perto da praia –, há seis anos, girava em torno de R$ 2.300. Agora, os empreendimentos mais sofisticados estão sendo negociados a quase R$ 6.000. “Houve uma mudança no nível de exigência dos imóveis. A população tem mais garantia de emprego, uma renda maior, e acaba adquirindo imóveis de alto padrão”, explica Viana Neto.

Além disso, a liquidez é muito rápida e existe dificuldade para encontrar casas e apartamentos na cidade. Esse também é um dos motivos que influenciam ainda mais no preço dos imóveis. De acordo com o presidente do Creci-SP, na cidade de Santos, já não existe mais área livre para a construção de novos empreendimentos e é preciso demolir casas antigas, o que faz com que os preços dos imóveis sejam negociados no limite. No mercado de locação, Viana Neto garante que a valorização é ainda maior. Enquanto em setembro deste ano os aluguéis tiveram queda de 11,57% na capital paulista, no litoral, a alta foi de 12,3%, puxada, principalmente, pela movimentação em Santos. “Um apartamento de dois dormitórios com boa localização tem custo mensal de R$ 1.500 na Baixada. O mesmo imóvel na capital São Paulo, não ultrapassaria R$ 1.200.”

MELHORIAS Porto de Santos já

e da possibilidade de geração de novos empregos, não existem números oficiais sobre o impacto que a instalação da Petrobras causará na cidade. “Porém, estudos e projetos estão sendo elaborados para permitir que a cidade cresça de forma ordenada”, afirma o prefeito João Paulo Tavares Papa (PMDB). Dados preliminares do Censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que Santos têm 407.506 habitantes. Devido ao porto, o maior do país e o terceiro da América Latina em movimentação de cargas, de acordo com a Cepal (Comissão Econômica para

“Estudos e projetos estão sendo elaborados para permitir que a cidade cresça de forma ordenada” JOÃO PAULO TAVARES PAPA, PREFEITO DE SANTOS


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CODESP/DIVULGAÇÃO

O POLO LOGÍSTICO DE SANTOS Confira os principais dados da região

passa por obras de adequações na infraestrutura interna devido ao pré-sal

América Latina e Caribe), órgão das Nações Unidas, Santos já tem grande importância para a economia nacional. Por ano, 5.750 navios passam pelo complexo portuário. A movimentação de cargas até setembro deste ano bateu novo recorde, alcançando 71,793 milhões de toneladas, e a previsão é fechar o ano com 95 milhões de toneladas, um crescimento de 15% em relação à movimentação do ano passado. De acordo com Renato Barco, diretor de planejamento estratégico e controle da Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo), não existem levantamentos oficiais que revelem o

real impacto do pré-sal na movimentação de cargas no porto, mas a projeção para 2024, quando a exploração de petróleo na Bacia de Santos deve atingir o seu auge, é que o volume de cargas atinja 230 milhões de toneladas e o fluxo anual de navios 6.500 unidades por ano. Por isso mesmo, Barco afirma que alguns projetos já estão sendo colocados em prática para atender essa nova demanda. O principal deles é o Plano de Desenvolvimento e Zoneamento do Porto de Santos, que pretende orientar a expansão do porto até 2024 e prevê a utilização de terrenos ainda não ocupados da área seca administrada pela

Área total - 280,3 km2 Localização - 72 km de São Paulo População - 407.506 (Censo 2010, dados preliminares) Densidade demográfica - 1.546,56 habitantes/km2 IDH - 0,871 - 3° melhor do Estado de São Paulo, 5º melhor do Brasil PIB - R$ 19.704,88 milhões PIB per capita - R$ 47.108,4 Trabalhadores formais - 156.719 (em 2009) Principais atividades econômicas - Comércio e serviços, turismo, movimentação portuária Acessos rodoviários • Sistema Anchieta-Imigrantes • Rodovia Manoel Hipólito Rego (Rio-Santos) • Rodovia Manoel da Nóbrega (área continental) Acessos ferroviários ao porto • Rubião Júnior-Mirinque – Novoeste • Campinas-Mairinque - Ferroban • Mairinque-Evangelista de Souza – Ferroban • Evangelista de Souza-Paratinga - Ferroban • Paratinga- Perequê - Ferroban • Perequê-Conceiçãozinha – MRS • Perequê-Valongo - MRS • Valongo-Ponta da Praia – MRS e Ferroban Fontes: IBGE, Seade, Ministério do Trabalho e Prefeitura de Santos


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POTENCIAL

Produção deve começar em 2014 O pré-sal é um conjunto de rochas localizadas nas porções marinhas de grande parte do litoral brasileiro, com potencial para a geração e acúmulo de petróleo. A faixa descoberta pela Petrobras, em 2007, tem 800 km e se estende entre os Estados do Espírito Santo e de Santa Catarina. Acredita-se que, somente em 2014, essas reservas estejam sendo exploradas em larga escala. Enquanto isso, o governo brasileiro começa a discutir o modelo de exploração que será aplicado. Na área, estão englobadas três bacias sedimentares (Espírito Santo, Campos e Santos). O petróleo encontrado na região está a uma pro-

Codesp. “Temos algumas regiões ociosas que podem servir de apoio às plataformas off-shore. Em algumas delas, como em Vicente de Carvalho, já existem até instalações prontas, em outras, é necessário realizar obras de construção”, esclarece o diretor. Uma segunda etapa do projeto diz respeito ao estudo do complexo de hidrovias existente em Santos. São aproximadamente 200 km de canais navegáveis que poderiam facilitar o transporte por barcaças e desafogariam o trânsito de caminhões na entrada e saída do porto. “Além disso, as obras de dragagem que já estão sendo executadas permitirão a movimentação de

fundidade que pode superar os 7.000 metros, abaixo de uma extensa camada de sal. O óleo já identificado no pré-sal na Bacia de Santos tem baixa acidez e baixo teor de enxofre, características de um petróleo de alta qualidade e maior valor de mercado. Ainda não é possível saber exatamente qual quantidade de óleo e gás pode ser extraída de cada campo e quando essa atividade começaria a trazer lucros para o país, mas estimativas apontam que a camada, no total, pode abrigar algo próximo de 10 bilhões de boe (barris de óleo equivalente) em reservas, o que colocaria o Brasil entre os dez maiores produtores do mundo.

navios com maior capacidade. Passamos de 13 para 15 metros de calado e a previsão, em dois anos, é alcançar os 17 metros de profundidade”, diz Barco. Pelo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), até o final deste ano, devem ser investidos R$ 493 milhões em melhorias no porto. Entre 2011 e 2014, o PAC 2 prevê R$ 1,5 bilhão de investimentos em Santos. Se por um lado a Codesp se estrutura para receber a nova demanda gerada pela exploração do pré-sal, por outro, o que preocupa são os acessos terrestres que levam até o porto. Para Rodrigo Vilaça, presidente da Aslog (Associação Brasileira de Logística), é fundamental inves-

MUDANÇA Acessos rodoviários de Santos precisam passar por ampliações

tir em melhorias nesses locais. “A estrutura existente de hoje já não é adequada para atender o volume natural de cargas, que cresce anualmente, quem dirá para atender o que ainda virá com o pré-sal”, afirma. A prefeitura da cidade reconhece a necessidade de modificações nos sistemas rodoviário e ferroviário que ligam o porto ao restante do país e afirma já estar trabalhando para isso. De acordo com o prefeito, João Paulo Tavares Papa, foi apresentado ao governo do Estado um projeto para ampliação das faixas que compõem o sistema Anchieta-Imigrantes. “Hoje, temos uma pista dupla com duas faixas em cada sentido e

nossa ideia é utilizar as marginais laterais para ampliar a rodovia para oito faixas. Assim, vai ser possível desafogar o trânsito”, explica ele. Além disso, a prefeitura estuda a possibilidade de construção de uma ponte ou um túnel subaquático ligando as regiões de Saboó e Ilha Barnabé, entre as margens direita e esquerda do complexo portuário, com extensão de 7 km. Atualmente, o percurso de 60 km precisa ser realizado pelo sistema AnchietaImigrantes e PiaçagueraGuarujá. Sobre os acessos ferroviários, Papa afirma que a competência é do governo federal e a maior dificuldade é a transposi-


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MARCELO MARTINS/PREFEITURA DE SANTOS/DIVULGAÇÃO

LEANDRO AMARAL/FUTURA PRESS

para receber o crescimento da demanda

ção da capital paulista. “Por lá, a malha é compartilhada entre passageiros e cargas e isso muitas vezes dificulta o transporte dos produtos até o porto”, afirma. A solução, segundo o prefeito, é a construção do Ferroanel, uma obra semelhante ao Rodoanel, mas voltada para o modal ferroviário. A ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) reconhece a necessidade da construção do Ferroanel. Segundo a assessoria de imprensa da agência, a primeira etapa da obra – a construção do tramo norte – já havia sido incluída no PAC, em 2007, mas não foi iniciada porque o governo de São Paulo apresentou outras sugestões

IMPORTÂNCIA Porto de Santos é o mais movimentado

para a construção. Atualmente, a ANTT trabalha na contratação de uma consultoria para analisar as alternativas apresentadas. O resultado do estudo deve ser divulgado em até um ano. Na área de mobilidade urbana, já prevendo um crescimento populacional, a Prefeitura de Santos aguarda a implantação de uma linha de VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) que ligará a cidade até São Vicente. Os dois municípios são responsáveis pela movimentação de 50% dos passageiros da Baixada Santista. O projeto é uma PPP (Parceria Público-Privada) que conta com a participação da prefeitura e do governo do Estado. A fase de licitação

já foi iniciada e a obra deve ser concluída em até três anos. Um segundo projeto, também do governo do Estado, prevê a reformulação das linhas de transporte intermunicipal na região e a implantação de ônibus integrados com o sistema VLT. “Também estamos trabalhando em melhorias no transporte hidroviário realizado por barcas. Isso já acontece entre a nossa cidade e o Guarujá, mas a ideia é criar novas alternativas entre outras cidades”, afirma o prefeito de Santos. De acordo com ele, em outras áreas como habitação e saneamento, o município não deverá passar por modificações devido

ao crescimento da população gerado pela demanda do présal. Papa afirma que, há pelo menos 20 anos, o número de habitantes permanece estável e a infraestrutura da cidade tem sido aprimorada. O presidente da Associação Comercial de Santos, Michael Timm, vê com bons olhos a chegada da Petrobras na cidade, mas garante que é preciso investir em qualificação de mão de obra para que o crescimento realmente aconteça. “Fazia muito tempo que não víamos a cidade crescer dessa forma e é muito bom saber que as gerações atuais podem ter oportunidades de emprego por aqui, mas a falta de mão de obra técnica específica em algumas áreas já é observada em nossa cidade.” Outro problema que Santos também terá que enfrentar é a pequena disponibilidade de leitos hoteleiros. A cidade conta hoje com 2.584 vagas em hotéis. Mas segundo a prefeitura, sete novos empreendimentos estão em fase de construção, e a rede deve disponibilizar mais 2.280 leitos nos próximos anos. A Petrobras foi procurada pela reportagem da CNT Transporte Atual para comentar sobre os projetos de investimentos na cidade de Santos, mas até o fechamento desta edição não retornou as ligações. 




REPORTAGEM DE CAPA

Mais uma

Depois do etanol, a cana-de-açúcar passa a ser utilizada para a pro


ISTOCKPHOTO

alternativa

dução de diesel, reduzindo em até 30% as emissões de particulados


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VIAÇÃO SANTA BRÍGIDA/DIVULGAÇÃO

POR

LIVIA CEREZOLI

D

a soja às microalgas provenientes da água doce ou do mar, o Brasil avança ano a ano na produção de combustíveis mais limpos e menos dependentes de fontes não renováveis. Trabalhos científicos e pesquisas realizadas em diversas regiões do país buscam novas matériasprimas que obedeçam a leis ambientais, critérios sociais e que ainda sejam economicamente viáveis. Nesse cenário, a cana-deaçúcar se apresenta, mais uma vez, como uma alternativa interessante aos combustíveis de origem fóssil. Depois do etanol se mostrar como uma opção à gasolina no abastecimento dos veículos leves, agora é a vez do diesel de cana ser uma opção ao diesel mineral no caso de ônibus e caminhões. O novo combustível foi desenvolvido pela Amyris, empresa norte-americana que há três anos mantém sede em Campinas (SP), e já está sendo testado, em campo, desde julho deste ano. O projeto é uma parceria com a

TESTES Ônibus da empresa Santa Brígida roda pelas ruas de São Paulo com diesel de cana

Testes com diesel de cana puro mostraram redução de

12% nas

emissões

Viação Santa Brígida, empresa de ônibus urbanos de São Paulo, a Mercedes-Benz, a SPTrans (Secretaria de Transporte da cidade de São Paulo) e a Petrobras. Para os testes que serão finalizados ainda este mês, foram selecionados seis veículos da Santa Brígida. Três deles foram abastecidos com uma mistura de 10% do diesel de cana e 90% do diesel metropolitano (B5 S50) e os outros três, com 100% do diesel metropolitano. Os veículos já rodaram até o momen-

to, aproximadamente, 20 mil quilômetros pelas ruas da capital paulista. De acordo com os resultados preliminares apresentados pelo diretor de marketing da Amyris no Brasil, Adilson Liebsch, o novo combustível foi capaz de reduzir entre 8% e 30% os níveis de opacidade dos gases de escapamento (indicadores da poluição causada pelos veículos) quando comparados aos veículos de referência utilizando somente o diesel fóssil. “Além disso, por ser de origem renovável,


DIESEL MAIS LIMPO

PRODUÇÃO

1º de janeiro de 2009 • Diesel interior passou de S-2000 para S-1800 • Diesel S-50 começa a ser utilizado por frotas cativas de São Paulo e Rio de Janeiro 1º de maio de 2009 • Diesel S-50 chega às regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza e Recife 1º de agosto de 2009 • Diesel S-50 na frota de ônibus de Curitiba 1º de janeiro de 2010 • Diesel S-50 chega às frotas cativas de ônibus urbanos das regiões metropolitanas de Porto Alegre, Belo Horizonte, Salvador e São Paulo • Substituição de 11% do diesel interior S-1800 pelo diesel interior S-500 • Obrigatoriedade da adoção de 5% de biodiesel no diesel 1º de janeiro de 2011 • Diesel S-50 chega às frotas cativas de ônibus urbanos das regiões metropolitanas da Baixada Santista, Campinas, São José dos Campos e Rio de Janeiro • Substituição de 19% do diesel interior S-1800 pelo diesel interior S-500 1º de janeiro de 2012 • Substituição de 45% do diesel interior S-1800 pelo S-500 1º de janeiro de 2013 • Diesel S-10 para veículos novos da fase P-7 do Proconve • Substituição de 59% do diesel interior S-1800 pelo S-500 1º de janeiro de 2014 • Substituição de 100% do diesel interior S-1800 pelo S-500 Fonte: Conama

praticamente todos os gases de efeito estufa emitidos durante a sua produção e consumo são absorvidos na própria cadeia produtiva do combustível. Estimamos que a redução desses gases seja superior a 90% quando comparado ao uso do combustível mineral”, afirma Liebsch. Segundo ele, o novo combustível é similar ao biodiesel já comercializado no país porque ambos são provenientes de fontes renováveis (leia mais sobre biodiesel no texto ao lado). Porém, tecni-

“Por ser renovável, os gases emitidos na produção são reciclados na cadeia produtiva” ADILSON LIEBSCH, DIRETOR DE MARKETING DA AMYRIS NO BRASIL

Iniciativas reduzem emissões O Brasil mantém duas frentes de trabalho que têm como objetivo promover a produção e o consumo de combustíveis mais limpos e que também sejam provenientes de fontes renováveis. O Proconve (Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores), instituído em 1986 pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), estabelece um cronograma de redução gradual da emissão de poluentes para veículos leves e pesados por meio da adoção de novas tecnologias nos motores (veja quadro ao lado). A partir de janeiro de 2012, somente serão fabricados veículos ciclo diesel com motores com tecnologias que atendam a fase P-7, que prevê a obrigatoriedade do abastecimento dos mesmos com óleo diesel de baixo teor de enxofre, como o S50 (50 partes de enxofre por milhão) e o S10 (10 partes de enxofre por milhão). Mesmo que o uso do S50 seja obrigatório somente a partir de 2012, o combustível já pode ser encontrado nos principais centros urbanos do país. O S10 passará a ser distribuído somente em 2013. A segunda frente de trabalho envolve o PNPB (Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel) e estabelece uma mistura obrigatória de 5% de biodiesel ao diesel mineral, desde janeiro de 2010. Segundo Rodrigo Rodrigues,

coordenador da Comissão Executiva Interministerial do Biodiesel, esse percentual de mistura foi avaliado pela indústria automobilística e garantiu a eficiência dos motores sem prejuízo. “Hoje, embora tenhamos pesquisas já sendo realizadas em motores com o biodiesel puro, a certeza que temos é que a mistura de até 7% do combustível alternativo não requer adequação nenhuma nos veículos”, diz. Mesmo assim, não existe ainda a previsão para ampliar o percentual de biodiesel adicionado ao diesel mineral. De acordo com Rodrigues, isso requer ampliação da produção agrícola das diversas culturas que servem de matériaprima para o combustível e uma política de manutenção do preço do mesmo. Segundo estimativas do PNPB, o Brasil deve encerrar o ano de 2010 com a produção e o consumo de 2,4 bilhões de litros de biodiesel – a capacidade de produção do país é de 4,7 bilhões de litros. Com esse volume, o país alcança a segunda posição no mercado mundial, ficando atrás apenas da Alemanha, que fecha o ano com 2,6 bilhões de litros do combustível. Do total de biodiesel brasileiro leiloado no último trimestre de 2010, 83% são provenientes da soja, 13% de gordura animal, 2% de algodão e 2% de outras matérias-primas.


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AMYRIS/DIVULGAÇÃO

DESENVOLVIMENTO Diesel de cana conserva as mesmas propriedades do diesel de origem fóssil

camente, os dois combustíveis são diferentes. “O diesel que produzimos a partir da cana tem as mesmas características técnicas do diesel de origem fóssil e, por isso mesmo, é possível garantir a total substituição do combustível sem alterações nos motores existentes.” Testes de bancada realizados pela Mercedes-Benz comprovam isso. De acordo com Salvador Sanles, gerente de motores da montadora,

O Brasil pode produzir

4,7 bi de litros de biodiesel

nenhuma alteração de performance ou consumo foi verificado nos veículos movidos com 100% de diesel de cana. “Não identificamos a necessidade de modificação no motor nem no plano de manutenção dos veículos com qualquer percentual de diesel de cana. Foi mantida a mesma potência, o mesmo consumo e, ainda, reduziu-se a emissão de poluentes.” Os testes com 100% do novo combustível mostraram uma redução de

12% de material particulado e de 6% na emissão de NOX (óxido de nitrogênio). Segundo o gerente da Mercedes, existem planos de ampliar o percentual do diesel de cana em testes de campo, mas ainda não há data prevista para a realização dos mesmos. A redução das emissões não é a única vantagem do diesel de cana, garante a Amyris. Segundo a empresa, o combustível também não tem enxofre, o que ajuda ainda


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SAIBA MAIS Confira as principais características do diesel de cana

JÚLIO FERNANDES/CNT

• Ausência completa de enxofre, o que ajuda significativamente na qualidade do ar, reduzindo a emissão de particulados • Alto número de cetano, parâmetro que mede a qualidade de ignição de um combustível para motor diesel e tem influência direta na partida e no seu funcionamento sob carga • Baixo ponto de névoa, que permite sua utilização em baixas temperaturas sem ocasionar problemas de entupimento nos filtros • Lubricidade dentro dos limites especificados para a proteção dos sistemas de injeção de combustível

OBRIGATÓRIO Desde janeiro deste ano, diesel deve vir adicionado de 5% de biodiesel

mais na melhora da qualidade do ar, reduzindo a emissão de particulados, possui alto número de cetano, parâmetro que mede a qualidade de ignição de um combustível para motor diesel, e tem influência direta na partida e no seu funcionamento sob carga. Ainda mantém baixo ponto de névoa, que permite sua utilização em baixas temperaturas e a lubricidade dentro dos limites especificados para a proteção dos sistemas de

injeção de combustível. Para Itamar Lopes dos Santos, gerente de manutenção da Santa Brígida, ainda é preciso aguardar a finalização dos testes para verificar se não houve qualquer alteração nos componentes dos veículos, mas, segundo ele, “tudo colabora para a aprovação da nova matriz.” O processo de produção do diesel de cana é muito similar ao do etanol. Em ambos, é utilizado o caldo da cana, mas

No primeiro ano,

50 mi

de litros serão produzidos

Fonte: Amyris

no processo de fermentação do diesel, leveduras modificadas são capazes de produzir hidrocarbonetos (substância orgânica formada por átomos de carbono e hidrogênio) no lugar de álcool. Como os hidrocarbonetos são óleos, eles não se misturam à água e são facilmente separados após a fermentação. “Esse processo é realizado por meio de centrífugas, que aumentam a velocidade de separação. Há uma rápida


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EFICIÊNCIA

Cana tem potencial energético A grande eficiência energética da cana-de-açúcar faz dela uma das biomassas mais importantes para a produção de combustíveis no Brasil, segundo o doutor em engenharia química e chefe de comunicação e negócios da Embrapa Agroenergia, José Manuel Cabral. De acordo com ele, o balanço energético da cana é mais positivo do que o de todas as outras culturas conhecidas. O etanol de cana-de-açúcar tem acumulado oito vezes a quantidade de energia utilizada na sua produção. O índice para o etanol norte-americano, feito de milho, é de apenas uma vez e meia, e o de sorgo, produzido na Índia e na China, é de cinco vezes. “A grande quantidade de sacarose que a cana possui permite que ela possa ser transformada imediatamente em álcool (etanol). Essa conversão direta é muito vantajosa em termos econômicos e energéticos”, explica Cabral. O pesquisador também aponta a grande experiên-

cia do Brasil em produzir cana – o produto começou a ser cultivado por aqui em 1532 para a produção de açúcar – como um dos principais fatores para o domínio da tecnologia e até mesmo para a ampliação de sua utilização. “Hoje, com a mesma área plantada, temse aumentado a produção de etanol em quase 40% porque já existem tecnologias que permitem obter etanol do bagaço e até da palha da cana.” Porém, mesmo com todas essas vantagens, Cabral defende a ampliação da matriz para a produção de biocombustíveis no país. De acordo com ele, ser dependente de uma única fonte de energia, mesmo que seja limpa, é muito arriscado. “Podemos ser pegos de surpresa por um tipo de inseto que afeta a produção, como já aconteceu com a nossa produção de algodão há alguns anos. Além disso, não são todas as regiões do Brasil que têm condições de solo e clima para produzir cana. Defendemos a valorização das culturas regionais.”

“A quantidade de sacarose da cana permite que ela possa ser transformada de forma rápida em álcool” JOSÉ MANUEL CABRAL, CHEFE DA EMBRAPA AGROENERGIA

destilação para eliminar algumas impurezas orgânicas”, explica Liebsch, da Amyris. Numa segunda etapa do processo, após a purificação, é realizado um procedimento de saturação das moléculas, o que dá ao combustível as propriedades que o fazem adequado à distribuição, armazenamento e consumo nos veículos. A produção do diesel em escala comercial deve ser iniciada em 2012. A usina produtora será a São Martinho, em Pradópolis (SP). A previsão é que no primeiro ano sejam produzidos 50 milhões de

RENDIMENTO Cana-de

litros do produto, podendo ampliar a capacidade para até 100 milhões de litros. Além do diesel, a empresa também trabalha na produção de bioquerosene a partir da cana-de-açúcar, como mostrou reportagem da CNT Transporte Atual, em fevereiro deste ano (edição 174). O projeto faz parte de uma parceria estabelecida com a GE, Embraer e a Azul Linhas Aéreas. As pesquisas coordenadas pela empresa estão baseadas em processos fermentativos da cana-de-açúcar por meio de leveduras geneticamente


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-açúcar é uma das biomassas mais eficientes na produção de combustíveis

modificadas. Os micro-organismos, desenvolvidos na sede da empresa na Califórnia (EUA), são acrescentados à cana-de-açúcar logo após o processo de moagem, criando um óleo. O primeiro voo-teste está previsto para ser realizado no primeiro semestre de 2012. Segundo a ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível), a introdução de um novo combustível na matriz energética reveste-se de uma série de cuidados e diversos aspectos, como questões econômicas, geopolíticas, ambientais e,

principalmente, técnicas devem ser considerados. Nota divulgada pela assessoria de imprensa da agência afirma que não existe um procedimento formal e específico para se criar um novo combustível e que cada pesquisa é tratada de acordo com a sua especificidade. “Contudo, a ANP dispõe de um regulamento que pode ser usado para esse fim. A resolução nº 19/2007 estabelece regras para a concessão de autorização para uso de combustível não especificado. No início do programa de biodiesel, muitos testes com misturas de óleo diesel e bio-

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MATRIZ Biodiesel tem origem em diversas fontes

“Mesmo com pesquisas de biodiesel puro, só sabemos que a mistura de até 7% não altera os motores” RODRIGO RODRIGUES, COORDENADOR DA COMISSÃO DO BIODIESEL

diesel foram autorizados e, até hoje, existem autorizações referentes a usos de misturas com teores maiores que 5% de biodiesel”, diz a nota. Atualmente, existem no país 52 empresas autorizadas pela ANP produzindo biodiesel proveniente de diversas matérias-primas, como soja, sebo, girassol, algodão e palma. Porém, outras matérias-primas podem ser empregadas, desde que a especificação estabelecida pela agência seja atendida, como é o caso do novo combustível que está sendo desenvolvido pela Amyris. 


NEGÓCIOS NOS TRILHOS

POR

LETICIA SIMÕES

A

13ª edição da Feira e Seminário Negócios nos Trilhos, considerado um dos maiores eventos voltados para os setores ferroviário e metroviário, superou as expectativas de seus organizadores e expositores. Realizada entre os dias 9 e 11 de novembro, no Expo Center Norte, em São Paulo, a mostra reuniu 175 entidades de 15 países, entre fornecedores, operadores e instituições, e 8.000 visitantes durante os três dias. Uma mostra do saldo positivo do evento é que a organização já tem 50% dos espaços reservados para a edição do próximo ano. Gerson Toller, diretor-executivo da “Revista Ferroviária”, organizadora da Negócios nos Trilhos, afirma que o sucesso do evento está diretamente ligado à expansão dos setores ferroviário e metroviário. “Até então, era um mercado ou outro do setor que anotava algum crescimento. Ora foi o de carga, depois os metrôs, principalmente em São Paulo. Mais tarde, as companhias de carga estagnaram e voltaram a crescer. Agora, ambos estão em pleno desenvolvimento e isso refletiu nos resultados da feira. Registramos o maior público e a maior área ocupada por expositores desde a primeira edição.” A presença dos participantes

Crescimento Evento reflete momento positivo vivido pelo setor ferroviário e do exterior, diz Toller, traduz o crescimento do modal no Brasil. “O mercado é aberto e internacionalizado. A ferrovia passou décadas sem negócios e voltou a crescer com a retomada do setor. O país possui um parque industrial pequeno para o tamanho da malha. Contudo, toda a expectativa de expansão faz crer que essa indústria será forte e vai atender a demanda que se projeta.” A Empretec, fabricante de veículos para vias permanentes, foi uma das empresas expositoras que levou novidades para a Negócios nos Trilhos. A instituição apresentou um equipamento para

rodeiros travados, uma espécie de carrinho que retira, sem reboque, o trem da via, quando esse fica com as rodas agarradas. Guilherme Nurchis, diretor da Empretec, diz que o evento é uma oportunidade única para que o setor interaja. “O Brasil é um país continental e visitar cada cliente é complicado, pois leva tempo. Na feira estão todos concentrados e as empresas relevantes marcam presença.” Para ele, levar novos equipamentos em um evento do porte da Negócios nos Trilhos é fundamental para que a empresa se destaque. “Ainda não sabemos o que iremos apresentar na próxi-

ma edição. A Empretec sempre mostra algo especial e inovador. É preciso se sobressair em meio a tantos expositores importantes.” A fabricante nacional de locomotivas EIF também apresentou novidades. A empresa fechou uma parceria com a norte-americana Global Locomotive para produzir no Brasil uma locomotiva de 2.000 HP de potência, bitolas de 1.000 mm e 1.600 mm e tecnologia de tração da Global. A máquina vai competir nos mercados de ramais ferroviários e operações de manobras ferroviárias estratégicas. “A EIF sempre participa do evento. Esse é nosso mer-


ARGOFOTOS/DIVULGAÇÃO

consolidado já tem 50% dos espaços vendidos para a edição de 2011 cado, os clientes estão na feira e é vital a participação”, diz o diretor Carlos Braconi. Na avaliação dele, essa foi a melhor edição da Negócios nos Trilhos. “Pela procura que a EIF registrou, pelo número de visitantes e pelos múltiplos negócios que foram desenvolvidos, a empresa está muito satisfeita com a participação.” Para Braconi, a mostra é um evento para prospectar negócios futuros. “É uma grande chance para desenvolver novas parcerias e também para ‘sentir’ o mercado.” A Invensys Rail, empresa do setor metroferroviário que iniciou suas operações em janeiro

deste ano, também esteve presente. “A feira proporciona às empresas condições de encontrar vários clientes e parceiros em curto espaço de tempo, o que não seria possível por meio de visitas. O evento representa fortalecimento para todo o setor e para a imagem das entidades que participam”, diz Cláudio Zemella, diretor-geral da Invensys Rail. As atividades da empresa incluem concepção, fabricação, fornecimento, instalação, comissionamento e manutenção de equipamentos, bem como a elaboração e a execução de projetos de engenharia, suporte e treina-

mento para os setores de carga e de passageiros. Guilherme Quintella, diretor da EDLP (Estação da Luz Participações), holding de empreendimentos na área ferroviária, é um dos responsáveis pela concepção da Negócios nos Trilhos, ao lado de Gerson Toller. “O evento evoluiu muito. É a segunda feira de negócios ferroviários do mundo e seu sucesso é o espelho de todo o progresso do setor. Todos os negócios do modal ferroviário passam por ela.” Uma das mudanças mais expressivas nesses 13 anos de evento, de acordo com Quintella,

está na renovação profissional e tecnológica do segmento. “Antes, a feira era bem mais restrita. Hoje, tem muita gente jovem no mercado e acredito que seja uma demonstração de que o setor está aquecido.” Em breve, afirma o diretor, a EDLP vai apresentar a parceria estabelecida entre a subsidiária Contrail e a concessionária MRS para a logística ferroviária de contêineres. Rodrigo Vilaça, diretor-executivo da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), diz que a Negócios nos Trilhos consolida a imagem de recuperação do modal. “A feira despertou o interesse da indústria e dos fornecedores internacionais, para os quais o Brasil passou a se posicionar de maneira expressiva no que se refere ao transporte sobre trilhos.” Vilaça acredita que o evento sempre traz perspectivas de bons investimentos para seus participantes. “É também um ótimo canal para o setor se aproximar das melhorias tecnológicas e dos equipamentos desenvolvidos pela indústria.” A ANTF esteve presente com um estande, onde ofereceu suporte às suas associadas na realização de contatos e na possibilidade de novos negócios. A 14ª edição da Feira e Seminário Negócios nos Trilhos vai acontecer entre os dias 8 e 10 de novembro de 2011, em São Paulo. O evento permanece no Pavilhão Vermelho do Expo Center Norte. 


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AVIAÇÃO

Transtorno no desembarque Reclamação de bagagem extraviada em voo deve ser imediata; não despachar objetos de valor ajuda a amenizar futuros problemas POR

A Anac recebeu mais de

3.000

reclamações no primeiro semestre

O

avião aterrissa, muitas vezes depois de um estressante e comum atraso. Na hora de pegar a bagagem e ir para a casa descansar, a esteira roda, roda e nada. Vem então a difícil constatação: a mala foi extraviada. O fato, comum em qualquer aeroporto do mundo, irrita os passageiros e gera prejuízos. Tomar medidas como a identificação correta e não despachar objetos de valor pode ajudar a amenizar futuros transtornos. E se a mala for mesmo extraviada, o ideal é fazer a comunica-

CYNTHIA CASTRO

ção imediata à empresa aérea ainda na sala de desembarque, garantindo assim a comprovação de que a bagagem não chegou. O passageiro terá de preencher um documento chamado RIB (Registro de Irregularidade de Bagagem) e esperar. Guardar o comprovante de despacho da bagagem é importante para ajudar a garantir a restituição. Trinta dias é o período máximo que uma bagagem pode permanecer na condição de extraviada no Brasil, conforme determina a portaria nº 676, da Anac (Agência

Nacional de Aviação Civil). A partir daí, a companhia aérea precisa disponibilizar um auxílio emergencial, até que a mala seja encontrada. Conforme informações do Procon-DF, esse valor em espécie precisa ser suficiente para que o consumidor possa gastar em alimentação, roupas e produtos de higiene pessoal. No primeiro semestre de 2010, a Anac recebeu 3.263 reclamações de extravio, avaria, furto, entre outros danos a bagagens. Entretanto, conforme informações da assessoria de


ISTOCKPHOTO


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MANUAL DO PASSAGEIRO

DIREITO

Confira dicas para recuperar sua bagagem O que fazer? • Procure a empresa aérea ainda na sala de desembarque e preencha o Registro de Irregularidade de Bagagem • Tenha o comprovante de despacho da bagagem • Registre queixa no escritório da Anac, no aeroporto • Guarde o comprovante de despacho, o cartão de embarque e as notas fiscais referentes aos gastos com alimentação, transporte, hospedagem, comunicação Onde receber? • Caso seja localizada pela empresa aérea, a bagagem deverá ser encaminhada para o endereço fornecido no RIB Se não achar? • A bagagem poderá permanecer na condição de extraviada por 30 dias. Após o período, a empresa deverá indenizar o passageiro • Se a empresa não pagar, o passageiro deve dirigir-se à Anac e reclamar na Internet (www.anac.gov.br/faleanac), pelo telefone 0800 725 4445 ou pessoalmente • A abertura de procedimento administrativo junto à Anac não impede a busca por indenizações por danos morais e/ou materiais na Justiça e em órgãos de defesa do consumidor • Como agência reguladora, a Anac poderá aplicar multas à empresa Se estiver danificada? • Procure a empresa aérea preferencialmente no desembarque • O RIB só poderá ser preenchido em até sete dias após a data do desembarque • Se houver furto ou roubo, o fato deve ser relatado à polícia Fontes: Anac/Idec/Procon-DF

imprensa da agência, “as reclamações que chegam à Anac não representam o universo de problemas com bagagens, uma vez que a maioria dos casos é resolvida diretamente entre o passageiro e a companhia aérea”. De acordo com a agência, na bagagem a ser despachada, o passageiro deve evitar transportar bens de valor (como joias ou eletroeletrônicos). A Anac orienta que, se a empresa aérea deixar de

cumprir com suas obrigações, o passageiro deverá procurar o órgão para registrar sua reclamação. Como agência reguladora, pode ser aplicada alguma multa à empresa aérea. Entretanto, a Anac orienta que “a abertura de procedimento administrativo não prejudica nem impede o passageiro de buscar eventuais indenizações por danos morais e/ou materiais decorrentes do descumprimento do contrato

Indenização de R$ 5.000 Uma indenização de R$ 5.000 por danos morais e reembolso de R$ 780 pelo valor gasto com roupas e outros objetos pessoais durante uma viagem sem mala. Foi essa a sentença determinada pela Justiça em uma ação movida pelo fonoaudiólogo Guaraci de Oliveira Lima Júnior, 29, nascido no Recife e morador de Brasília. Em fevereiro deste ano, ele viajou para a Europa, saindo de São Paulo. Mas teve de ficar nove dias em Paris e Londres sem mala. E, o pior, sem poder usar o casaco especial e outras roupas que havia comprado para enfrentar o rigoroso inverno europeu. No primeiro dia em Paris, em vez de se divertir com os inúmeros pontos turísticos da Cidade Luz, Júnior teve de se dedicar às compras de objetos pessoais e roupas. “Isso atrapa-

de transporte aéreo perante os órgãos de defesa do consumidor e do Poder Judiciário”. No Procon do Distrito Federal, foram registradas pelo menos 80 reclamações em relação a problemas com bagagens, de janeiro a outubro deste ano. De acordo com o diretor-geral Oswaldo Morais, essas reclamações acontecem de forma sazonal. “É muito mais comum a ocorrência de malas extravia-

lhou muito a minha viagem. Deixei de subir na torre porque estava com um casaco muito fino. Depois que comprei o casaco mais grosso, tentei subir novamente, mas a torre havia sido fechada por causa de uma tempestade de vento”, diz. A sorte, conta Júnior, é que a máquina fotográfica estava na bagagem de mão. A mala com as roupas para a estreia na Europa só chegou ao fonoaudiólogo novamente no dia de ir embora, no aeroporto de Paris. Um amigo de Júnior, que viajou com ele, também teve a mala extraviada. No Brasil, os dois decidiram entrar na Justiça e cada um recebeu indenização de R$ 5.000. “Os representantes da empresa chegaram a me oferecer R$ 1.000 na conciliação. Mas eu não podia aceitar esse valor. Foram transtornos demais e gastos também.”

das em épocas de férias, como julho, dezembro, janeiro e fevereiro”, diz Morais. O diretor-geral reforça a necessidade de que a pessoa que tiver algum problema de mala extraviada cobre imediatamente da empresa aérea, fazendo o registro ainda na sala de embarque. Nesse momento, é importante fazer uma relação bem detalhada de todos os objetos que estavam dentro da mala


VIAGEM TRANQUILA Veja algumas dicas para evitar transtornos em viagens aéreas Check-in • Apresente-se no horário indicado pela empresa aérea • Fique atento ao fuso horário da localidade de destino e ao horário de verão em vigor em alguns Estados ARQUIVO PESSOAL

Documentos • Certifique-se sobre a documentação • Verifique procedimentos para embarque de crianças e adolescentes com a Vara da Infância e Juventude • Confira a validade do passaporte e visto, no caso de viagens internacionais Necessidades • Passageiros com necessidades especiais devem informar à empresa com antecedência de 48 horas para receber assistência Bagagem • Não perca de vista a bagagem enquanto permanecer no terminal de passageiros • Identifique a mala com etiquetas que contenham seu nome, endereço completo e telefone Objetos de valor • Evite despachar bagagem com bens de valor, como joias, laptops, câmeras fotográficas, eletroeletrônicos • Se quiser, declare o valor da bagagem antes do embarque mediante pagamento de taxa • Assim, caso ocorra extravio, a indenização será no valor declarado e aceito pela empresa • Objetos de valor (joias, dinheiro e eletroeletrônicos) não podem ser incluídos na declaração • Por isso, é importante guardar esses objetos de valor na bagagem de mão Peso • Verifique a franquia de bagagem permitida para voos internacionais • Para voos domésticos, nas aeronaves acima de 31 assentos, o passageiro poderá despachar bagagens com até 23 kg • Consulte previamente a empresa sobre a possibilidade de levar excesso de bagagem e se informe sobre o valor Bagagem de mão • Para voos domésticos, certifique-se de que a soma das dimensões de sua bagagem de mão (altura, comprimento, largura) não ultrapassa 115 cm e o peso não exceda 5 kg • Nos voos internacionais, consulte a empresa sobre as dimensões permitidas Fontes: Anac/Idec

SENTENÇA Guaraci de Oliveira Lima Júnior foi indenizado por extravio

no momento do embarque. “A empresa tem a obrigação de ressarcir os eventuais prejuízos”, afirma Morais, ao citar o CDC (Código de Defesa do Consumidor). Ele ressalta que é importante pegar notas fiscais dos eventuais gastos com produtos de higiene pessoal e alguma roupa, até que a bagagem seja restituída. Outro caminho que pode ser seguido, caso a mala tenha

“Foram transtornos demais e gastos também” GUARACI JÚNIOR, FONOAUDIÓLOGO

mesmo se perdido, é o registro de uma reclamação no Procon ou até mesmo dar entrada em uma ação judicial. De acordo com Morais, os valores previstos por indenização pelas companhias aéreas são R$ 20 por quilo nos voos domésticos e US$ 20 por quilo nos internacionais. “Em virtude desse baixo valor previsto, orientamos que se ajuíze uma ação indenizatória na esfera judicial,

como reparação pelos danos causados em decorrência da má prestação de serviço.” O Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) reforça que, “a partir do check-in, seja no aeroporto ou na rodoviária, a empresa é responsável pela bagagem do passageiro e deve indenizá-lo em caso de extravio ou danos”. No site de algumas companhias aéreas, há informações


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TRANSTORNO

Sem mala na Amazônia O biólogo mineiro Rodrigo Antônio de Souza, 31, passou uma semana na Amazônia sem as roupas que estavam na mala de viagem. Ele foi para a floresta para fazer um curso no Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia). Saiu de Belo Horizonte para Manaus em um voo com escala em Brasília. Mas quando chegou ao destino final, nada de bagagem. “Cheguei a Manaus uma hora da madrugada. Todo mundo pegou a mala, e a minha não apareceu. A companhia informou que tinha sido extraviada. Ficou em Brasília. E disse que no dia seguinte seria entregue no hotel onde eu estava.” O problema é que o biólogo teria que partir com o grupo de colegas para dentro da floresta logo no início da manhã e não podia esperar. Era um grupo de mais de 20 pessoas que iria fazer pesquisas durante um mês. Não havia como fornecer um

endereço na Amazônia para a companhia aérea. Na mochila, que levou como bagagem de mão, Rodrigo tinha escova de dentes e alguns livros. As roupas para um mês, equipamentos como lanterna e bússola, tudo estava dentro da mala despachada e extraviada, que só chegou à floresta depois de uma semana. Ele forneceu para a companhia aérea o endereço do Inpa em Manaus. A alternativa durante esses dias sem mala foi mesmo contar com a ajuda dos companheiros para emprestar o mínimo necessário e lavar a roupa do corpo no rio. “Foi um transtorno. E, com a umidade da Amazônia, é difícil secar. Eu usava a calça molhada. Blusas de manga comprida, por exemplo, para entrar na floresta sem se cortar, ficaram na mala.” Depois da experiência, Rodrigo passou a levar sempre uma roupa sobressalente na mala de mão, principalmente em viagens mais longas.

APUROS Rodrigo Antônio de Souza recorreu aos colegas

sobre como proceder em relação às bagagens. A TAM informa que “objetos como dinheiro, joias, papéis negociáveis, objetos frágeis e artigos eletrônicos de uso pessoal só podem ser transportados como bagagem de mão”. A TAM esclarece, por meio de sua assessoria de imprensa, que em caso de violação, danos, extravio ou qualquer anormalidade com a bagagem, o passa-

“Todo mundo pegou a mala, e a minha não apareceu” RODRIGO SOUZA, BIÓLOGO


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PREJUÍZO

Roubo dentro da aeronave Ao chegar de uma viagem de Nova York para o Brasil, a servidora pública Renata Freire Soares, 35, teve uma desagradável surpresa. Uma bagagem de mão, colocada dentro do compartimento superior da aeronave, acima dos assentos, desapareceu. Renata viajava com o marido, a mãe e uma prima. Ela conta que, ao entrar no avião, não havia vaga no compartimento mais próximo e a solução foi acomodar uma pequena mala um pouco à frente. Logo que foi iniciado o procedimento de descida, a servidora pública se levantou para pegar essa bagagem, mas não encontrou. “Falei com a aeromoça, mas ela disse para eu me assentar porque estávamos descendo. Quando o avião pousou, confirmei que realmente a mala não estava lá”, conta. Segundo Renata, a comissária sugeriu que esperasse todos os passageiros saírem, para depois conferir se a mala teria sido deslocada durante o pouso. Como realmente a mala

geiro deve mesmo procurar um dos funcionários da empresa antes de deixar a sala de desembarque. “Assim, fica caracterizado que o problema ocorreu dentro dos domínios do aeroporto”. De acordo com a assessoria de imprensa, será registrada a ocorrência, no documento chamado RIB, e o passageiro ficará com uma cópia do documento. “Caso a mala não seja localizada no prazo de 24

não foi encontrada, Renata se dirigiu ao setor de bagagens da companhia aérea. Ela conta que o chefe desse setor informou que o procedimento padrão em casos como esses é a tripulação não permitir a abertura das portas, até que a bagagem apareça, e chamar a Polícia Federal. Entretanto, de acordo com Renata, apesar de ter confirmado que o procedimento da tripulação não foi correto, o funcionário disse que naquele momento não havia mais nada que a companhia poderia fazer, pois a responsabilidade da bagagem de mão é do passageiro. “Isso é um absurdo. A conduta da tripulação precisa ser revista. Ninguém podia ter saído do avião antes que a mala aparecesse.” A funcionária pública estima que o prejuízo tenha sido de pelo menos R$ 3.000, já que dentro da bagagem havia relógios de pulso e parede, taças de licor, perfumes, entre outros objetos, além da própria mala. A ocorrência foi registrada na polícia, dentro do aeroporto do Galeão.

horas após a abertura do RIB, conforme as recomendações da Anac, a companhia oferece o auxílio emergencial”. A TAM também informa que passados 30 dias sem a localização da bagagem, a empresa deve enviar a proposta de indenização ao passageiro. O valor dessa indenização, conforme a TAM, é baseado em legislações vigentes, de acordo com a viagem. A assessoria de imprensa da

JÚLIO FERNANDES/CNT

DESCASO Renata Freire Soares registrou ocorrência

“A conduta da tripulação precisa ser revista“ RENATA SOARES, FUNCIONÁRIA PÚBLICA

Gol informou que os passageiros podem consultar o site da companhia para verificar alguns cuidados e procedimentos, caso ocorra algum problema com as bagagens. A Gol também orienta o passageiro a procurar os atendentes da empresa ainda na sala de desembarque, caso haja violação, danos, extravio ou qualquer anormalidade com a bagagem ou com objetos esquecidos na aeronave. 


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PASSAGEIROS

Definindo prioridades Feira e congresso promovidos pela Fetranspor debatem sustentabilidade e transporte público POR

M

obilidade Inteligente foi o tema do 14º Etransport (Congresso sobre Transportes de Passageiros), realizado pela Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro) em novembro, que contou com a presença de pelo menos 8.000 na Marina da Glória, na capital fluminense, onde também estava sendo promovida a 8ª Fetransrio (Feira Rio Transportes). Foram apresentados 23

CYNTHIA CASTRO

painéis sobre assuntos que envolvem temas como sustentabilidade, tecnologia e melhoria do transporte público. O presidente-executivo da Fetranspor, Lélis Teixeira, destacou que “é preciso priorizar o transporte coletivo para termos cidades mais organizadas e oferecer melhor qualidade de vida à população”. O ônibus híbrido desenvolvido pela Coppe (Coordenação dos Programas de PósGraduação em Engenharia), da

UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), ficou exposto no evento. Os participantes puderam conhecer uma miniestação de BRT (Bus Rapid Transit) – proposta de ônibus de tráfego mais rápido, em corredores exclusivos, que deve ser expandida no Brasil. Cem expositores mostraram seus produtos e novidades na Fetransrio. Entre eles, diversas montadoras e fornecedores do setor de transporte, desde empresas que pro-

duzem uniformes até fabricantes de tintas automotivas. De acordo com os organizadores da Fetranspor, a expectativa é que a Fetransrio contribua para a geração de negócios que ultrapassem R$ 500 milhões. Com a Copa do Mundo de 2014 no Brasil (o Rio receberá a final da competição) e a escolha da cidade para sediar a Olimpíada de 2016, o assunto mobilidade urbana tornou-se ainda mais propício, conforme os debates durante o congresso.


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FETRANSPOR/DIVULGAÇÃO

Um dos painéis do segundo dia de atividades teve como temática central a preparação das cidades para esses grandes eventos. Foram apresentadas algumas transformações ocorridas em Johanesburgo, na África do Sul, com a construção de estádios, sistemas de BRT e modificação da sinalização. Neste ano, o Etranspor firmou também um compromisso de compensação socioambiental, conforme destacou o

diretor de marketing e comunicação da Fetranspor, João Augusto Monteiro. Nesse período pós-congresso, está sendo feito um inventário de todos os materiais gastos, como papéis e plásticos. Até mesmo os gases emitidos pelos veículos que transportaram os participantes estão sendo estimados. A ideia da Fetranspor, de acordo com Monteiro, é fazer alguma compensação ambiental depois que estiver

“É preciso priorizar o transporte coletivo para termos cidades mais organizadas” LÉLIS TEIXEIRA, PRESIDENTE-EXECUTIVO DA FETRANSPOR

determinado qual foi o volume de material gasto e também a estimativa de emissões. Essa compensação pode ser, por exemplo, o plantio de árvores. “Essa iniciativa está dentro do princípio da mobilidade inteligente, que também significa ter um compromisso ambiental para melhorar a qualidade de vida das pessoas”, disse. A Fetranspor firmou convênios durante o Etranspor com o Inea (Instituto Estadual do


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ESTÍMULO

Boas práticas são premiadas A Fetranspor promoveu pela primeira vez o Prêmio Mobilidade Urbana 2009-2010, para estimular e reconhecer as melhores práticas ligadas direta ou indiretamente à mobilidade urbana no Rio de Janeiro. Os vencedores foram conhecidos durante o Etranspor. O prêmio teve 70 cases inscritos nas cinco diferentes categorias (educação e cultura, jornalismo, planejamento de transportes e tecnologia, relacionamento com clientes e responsabilidade socioambiental). Além da eleição dos vencedores, também foram concedidas menções honrosas. Em jornalismo, o valor da premiação foi de R$ 15 mil para mídia impressa e mais R$ 15 mil para mídia eletrônica. Nas demais categorias, o prêmio foi de R$ 5.000. A reportagem “O Y do problema no metrô”, de Amanda Pinheiro, do jornal “O Dia”, venceu na categoria mídia impressa. E “As dificuldades enfrentadas pelos passageiros de trem e metrô no Rio de Janeiro”, de Alexandre Mata Tortoriello, da TV Bandeirantes, foi a vencedora de mídia eletrônica. Na categoria educação e cultura, o prêmio foi para o

Programa Trânsito e Escola, do Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro. O Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários de Petrópolis ganhou na categoria planejamento de transportes e tecnologia, com o projeto de integração tarifária temporal. O SAC (Serviço de Atendimento ao Cliente) do Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro venceu a categoria relacionamento com clientes, e o projeto Rio Ônibus Criança, também do Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro, foi o ganhador na categoria responsabilidade socioambiental. De acordo com a Fetranspor, dentro dos critérios da premiação, mobilidade urbana é entendida como “toda e qualquer ação que assegure deslocamentos de pessoas dentro do espaço urbano, para desenvolvimento de suas atividades, no desempenho de papéis diversos, variando de acordo com o meio de locomoção utilizado e a atividade exercida”. Essas ações incluem pedestres, ciclistas, motociclistas, usuários de transportes coletivos e motoristas.

FETRANSPOR/DIVULGAÇÃO

HÍBRIDO Ônibus desenvolvido pela Coppe-UFRJ

Ambiente) e com o Instituto Ethos – organização sem fins lucrativos que trabalha a responsabilidade social, criada por um grupo de empresários. Durante o congresso no Rio de Janeiro, também foi realizado o 3º Encontro Anual da Equipe Técnica do Despoluir – Programa Ambiental do Transporte, desenvolvido pela CNT. Entre os assuntos que foram discutidos, estão os cuidados no manuseio, arma-

zenamento e uso do diesel B-5, a fase P-7 do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores) e seus impactos no setor de transporte. Também foi debatido o PCPV (Plano de Controle de Poluição Veicular), que tem que ser implantado pelos Estados brasileiros e o Distrito Federal, conforme prevê resolução do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente). 


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15º PRÊMIO CNT DE PRODUÇÃO ACADÊMICA Vencedores de 2010

ANPET

Trabalhos premiados

Trabalho: Variação sistemática da preferência em modelos de escolha de modo no acesso terrestre a aeroportos considerando a confiabilidade do tempo de viagem Autores: Bianca Bianchi Alves e Orlando Strambi Trabalho: Aplicação da análise envoltória de dados na avaliação da eficiência de rodovias federais concessionadas Autores: Juliana Quintanilha da Silveira, Guilherme Henrique Ismael de Azevedo e João Carlos Correia Baptista Soares de Mello Trabalho: Entendendo a rede de atores de um projeto de transporte urbano: caso do VLT de Brasília Autores: Artur Carlos de Morais, Elaine Rabelo Neiva e Joaquim José Guilherme de Aragão

Produções acadêmicas sobre transporte recebem homenagens

Trabalho: Análise comparativa da eficiência energética entre os ciclos de vida do gás natural veicular comprimido e da energia termelétrica a gás para uso final em automóveis leves Autores: Mauro Pereira Hill e Márcio de Almeida D`Agosto

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Trabalho: Proposta de sistema BRT com segmento de faixa exclusiva única bidirecional Autores: Luiz Alberto Koehler, Eduardo Camponogara e Werner Kraus Junior

s vencedores da 15ª edição do Prêmio CNT de Produção Acadêmica foram conhecidos no dia 1º de dezembro, durante a realização do 24º Congresso de Pesquisa e Ensino em Transporte, em Salvador (BA). Ao todo, dez trabalhos científicos foram premiados com temáticas relacionadas ao transporte de cargas e passageiros, logística, soluções tecnológicas e gestão para o setor. Os critérios de seleção dos trabalhos levam em conta a originalidade, atualidade, relevância para a atividade transportadora, o rigor científico e a clareza nas exposições do conteúdo e da conclusão. O prêmio, criado em 1996, é uma parceria entre a CNT e a Anpet (Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes) e tem como objetivo principal incentivar

a pesquisa e estimular a descoberta de inovações que contribuam para a melhoria da produtividade e a competitividade do setor de transporte no país. As produções premiadas estão relacionadas com temas que abordam soluções para a redução de custos operacionais nas empresas, aumento de qualidade e desempenho dos serviços, propostas ou estudos de regulamentação do setor e iniciativas de responsabilidade social e ambiental. Os trabalhos foram analisados pelo Comitê Científico da Anpet e por uma comissão julgadora constituída por especialistas em transportes da Confederação Nacional do Transporte. Depois de premiados, os trabalhos integram o livro “Transporte em Transformação”, que em 2010 também chega a sua 15ª edição. A publicação dos trabalhos sempre acontece no ano seguinte ao prêmio. 

Trabalho: O uso da microssimulação na avaliação do desempenho da segurança viária Autores: Flávio José Craveiro Cunto e Carlos Felipe Grangeiro Loureiro Trabalho: Programação de veículos com múltiplas garagens: soluções de apoio ao processo de licitação de linhas urbanas Autores: Gustavo Peixoto Silva Trabalho: Uma aplicação da busca tabu para o problema de carregamento no transporte de carga parcelada Autores: Cláudio Barbieri da Cunha e Marcos Roberto Silva Trabalho: Sistema de transporte rodoviário de cargas: uma proposta para sua estrutura e elementos Autores: Thaís Maria de Andrade Villela e Giovanna Megumi Ishida Tedesco Trabalho: Adaptação do HCM 2000 para análise da capacidade e do nível de serviço em rodovias de pista simples no Brasil Autores: José Reynaldo Setti, José Elievam Bessa Júnior, Márcia Lika Mon-Ma, Cíntia Y. Egami

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AQUAVIÁRIO

POR LIVIA

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CEREZOLI

crescimento na movimentação de cargas nos portos brasileiros, registrado nos últimos anos, reacende a necessidade de alterações nas leis que regem o transporte aquaviário no país. O assunto foi o tema central do 3º Seminário de Direito Portuário realizado entre os dias 10 e 12 de novembro, na sede da CNT, em Brasília. Organizado pela Escola da AGU (Advocacia Geral da União) em parceria com a APCF (Associação Nacional de Peritos Criminais) e o Instituto Perspectiva, o evento, que teve apoio institucional da confederação, contou com a participação das principais autoridades públicas do setor portuário, advogados especialistas no assunto e representantes da iniciativa privada. Com o tema “O direito portuário e as perspectivas frente às alterações do marco regulatório”, o seminário teve como objetivo principal fomentar as discussões sobre assuntos considerados complexos e polêmicos, como as novas regras para os terminais de arrendamento portuário, os terminais de uso privativo no contexto econômico atual e as mudanças no marco

Modernização das regras Evento realizado na CNT discutiu a legislação portuária vigente e sugeriu alterações nas normas que regulam o setor regulatório, responsável pela definição das regras que vão orientar o setor nos próximos anos. Na abertura do seminário, o vice-presidente da CNT para transporte aquaviário, ferroviário e aéreo, Meton Soares, destacou a importância de discussões como essa. Para ele, que também é diretor-presidente da Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação Marítima, Fluvial, Lacustre e de Tráfego Portuário), é fundamental ter uma visão ampla do que são os portos, identificar as deficiências e projetar soluções. “Passamos mais de 20 anos sem investimentos nos portos nacionais e agora, com esse tipo de discussão, conseguimos planejar ações futuras para tornar o país mais competitivo.” Durante o evento, a Antaq

(Agência Nacional de Transportes Aquaviários) reconheceu a necessidade de modificações na regulamentação das atividades portuárias e afirmou já estar trabalhando para isso. Segundo Fernando Fialho, diretor-geral da agência, a lei aplicada aos portos marítimos brasileiros se mostrou eficiente até agora, porém, ainda é preciso avançar. “Trabalhamos com um cenário de rápidas mudanças, seja na movimentação das cargas, seja na tecnologia empregada nos navios. Por isso mesmo, acreditamos na necessidade de atualizar a nossa regulamentação para o setor continuar crescendo”, afirmou ele na palestra de abertura do seminário. Na última década, a movimentação comercial do Brasil com o resto do mundo saltou de US$ 100

bilhões para US$ 400 bilhões e a expectativa da Antaq para este ano é que 760 milhões de toneladas sejam movimentadas nos portos do país. Desse total, 88,4% na importação e 95,94% na exportação. A possibilidade da criação de uma lei específica para a concessão portuária, a exemplo do que já acontece no setor de petróleo, foi um dos principais pontos levantados pela Antaq. “A agência avalia, internamente, questões para agilizar os procedimentos de concessão dos portos públicos no país, isso porque a Lei de Concessões tem caráter geral e não leva em consideração as especificidades de cada setor.” Presente ao evento, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Gilmar Mendes, desta-


JÚLIO FERNANDES/CNT

OPORTUNIDADE Representantes do governo federal e da iniciativa privada estiveram reunidos para traçar os novos rumos dos portos brasileiros

cou a importância da instalação da Lei de Concessões do setor público a partir da instituição da Constituição de 1988. De acordo com Mendes, para se ter segurança jurídica nos serviços concedidos, é fundamental que os órgãos reguladores dos diversos setores tenham independência política. “Não se trata de travar discussões ideológicas partidárias, mas é preciso que a direção das agências transcenda os mandatos políticos.” Para Osvaldo Agripino de Castro Júnior, professor de direito regulatório do transporte aquaviário, portuário e direito marítimo e internacional da Univali (Universidade do Vale do ItajaíSC), a legislação brasileira não precisa passar por alterações. “Temos a regulamentação ideal, o

que precisamos fazer é colocar as regras em prática. Elas precisam valer para que os custos sejam reduzidos e o país seja realmente competitivo”, afirmou. Ponto polêmico também durante o seminário foi o modelo de utilização dos terminais de usos privativo e misto. O decreto nº 6.620/08 estabelece que esses terminais, além de operar cargas próprias, poderão operar cargas de terceiros somente em caráter subsidiário e eventual. A regra é questionada por Wilen Manteli, presidente da ABTP (Associação Brasileira dos Terminais Portuários). De acordo com ele, esse tipo de limitação não garante segurança econômica para os terminais de uso privativo e impede a ampliação de investimentos nos mesmos. “O

terminal de uso privativo não deve ter restrição na operação de cargas, sejam elas próprias ou de terceiros. O país passa por um grande momento econômico, então por que impedir determinadas operações”, questionou ele. Segundo Manteli, o decreto modifica o que diz a lei nº 8.630/93, chamada Lei de Modernização dos Portos, que prevê três formas de exploração destas áreas: as de uso público (destinadas a movimentar carga de terceiros), as de uso privativo (para movimentação de carga própria) e as de uso misto (movimentação de carga própria e de terceiros), mas não determina qual seria a proporção da carga própria e da carga de terceiros a ser movimentada nos terminais mistos. Para Fabrízio Pierdomênico,

secretário de Planejamento e Desenvolvimento Portuário da SEP (Secretaria de Portos), a regra não impede os investimentos nos portos. “Os números falam por si só”, afirmou ele apresentando os valores investidos pelo governo federal e a previsão de investimentos da iniciativa privada para os próximos anos. Segundo números da secretaria, atualmente R$ 1,8 bilhão está sendo gasto pela União em obras de infraestrutura portuária e outros R$ 2,6 bilhões nas obras de dragagem realizadas em dez portos. Além disso, Pierdomênico apresentou números que mostram uma expectativa de recursos privados na ordem de R$ 31,7 bilhões para os próximos dez anos. “Diante disso, é fato que o modelo regulatório existente hoje não inibe os investimentos.” 




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AÇÃO SOCIAL

Saúde nas estradas

Sest Senat e PRF realizam última etapa do ano do Comandos de Saúde em 23 pontos de rodovias federais do país POR

A

última etapa de 2010 do Comandos de Saúde nas rodovias, uma parceria entre o Sest Senat e a PRF (Polícia Rodoviária Federal), teve como foco principal os cuidados com a coluna e a postura dos motoristas profissionais. Em 23 postos de atendimentos montados nas estradas federais do país, profissionais da área da saúde orientaram os caminhoneiros e motoristas de ônibus sobre a importância dos alongamentos e exercícios físicos na

LIVIA CEREZOLI

prevenção de doenças mais graves da coluna. A blitz foi realizada no último dia 24 de novembro e prestou atendimento a aproximadamente 2.200 motoristas profissionais. A campanha, desenvolvida desde 2006, tem como objetivo principal promover o bem-estar e cuidar da saúde dos motoristas profissionais. A cada etapa, um tema principal é trabalhado. Nas edições anteriores foram abordadas questões como alcoolismo e sonolência na direção. Durante o atendimento, os

motoristas receberam uma cartilha elaborada pelo Sest Senat com orientações sobre exercícios de alongamentos que podem ser feitos até mesmo dentro do caminhão. De acordo com a fisioterapeuta do Sest Senat de Brasília, Ana Paula Alves dos Santos, são práticas simples que evitam complicações maiores. “Um exercício de alongamento antes de começar a jornada de trabalho não demora muito e pode garantir um dia mais agradável”, afirmou ela, durante o evento.


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JÚLIO FERNANDES/CNT


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JÚLIO FERNANDES/CNT

PREVENÇÃO Caminhoneiro Elói Rodrigues de Faria faz exames médicos no evento em Brasília

Entre as orientações da cartilha estão os exercícios para pernas, braços e coluna, que, segundo a fisioterapeuta, são fundamentais para os motoristas. Além disso, o atendimento também ofereceu exames de aferição de pressão, acuidade visual e auditiva, glicemia, colesterol e medição do IMC (índice de massa corporal). Em Brasília, a ação foi realizada no posto da PRF, na BR-040, na saída para Belo Horizonte (MG). Segundo o coordenador da unidade local, Haroldo de Oliveira,

os casos específicos e identificados como mais graves receberam atendimento especial e foram encaminhados para tratamento especializado. “Alguns motoristas apresentaram problemas mais sérios na coluna ou até mesmo nos exames de IMC e, por isso mesmo, precisam de um acompanhamento.” Para o chefe da divisão de saúde e assistência social da PRF, Lejandre Bezerra de Menezes Monteiro, ações desse tipo são fundamentais para a garantia da boa qualidade do trânsito no

“Alguns motoristas apresentaram problemas na coluna e precisam ser acompanhados” HAROLDO DE OLIVEIRA, COORDENADOR DO SEST SENAT DE BRASÍLIA

Brasil. “Sabemos que um motorista saudável dirige de forma muito mais segura. Por isso, é tão necessário investir em ações desse tipo.” De acordo com ele, não existem números oficiais sobre como a questão da saúde interfere diretamente nos acidentes de trânsito do país, mas estima-se que a relação exista em pelo menos 10% dos casos. “A abordagem inicial dos caminhoneiros é feita pelos policiais”, disse Monteiro. Segundo ele, não existe fiscali-


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SEST SENAT CONTAGEM

INICIATIVA Ação do Comandos de Saúde em Betim (MG)

zação de documentos, os motoristas são convidados a participar dos exames de forma voluntária e a adesão é muito satisfatória. Foi a segunda vez que o motorista Elói Rodrigues de Faria participou do Comandos de Saúde. Com 15 anos de profissão, ele admite sempre deixar para depois os cuidados com a saúde. “A nossa desculpa é sempre a falta de tempo e eu aproveito essas oportunidades para verificar se está tudo bem. Fiz os exames e os

resultados foram positivos”, contou ele. Faria é autônomo e transporta verduras entre Minas Gerais, São Paulo e o Distrito Federal e passa até 12 horas ao volante por dia. “Esta é a primeira vez que faço parte desse evento. É muito bom, principalmente para a gente que não tem tempo de parar e ir ao médico. Descobri que estou um pouco acima do peso ideal e tenho que controlar a minha comida”, afirmou Edvaldo Araújo de Carvalho, de 55

“Sabemos que um motorista saudável dirige de forma muito mais segura” LEJANDRE DE MENEZES MONTEIRO, CHEFE DE SAÚDE E ASSISTÊNCIA SOCIAL DA PRF

anos. O caminhoneiro, que transporta carga frigorificada entre o Distrito Federal e Goiás, foi atendido no posto montado em Brasília. Em Minas Gerais, a ação foi realizada na BR-381, na saída para São Paulo, no município de Betim. A parceria entre o Sest Senat, a PRF e a OHL, concessionária que administra a rodovia, atendeu 94 motoristas. Segundo a coordenadora de promoção social da unidade de Contagem, Meirivane Vieira Costa, foram realizados exercícios de alongamentos com os motoristas que participaram do evento, além da divulgação do início dos atendimentos psicológicos no Sest Senat Contagem. No Nordeste, em Recife, os Comandos de Saúde prestaram atendimento a, aproximadamente, cem motoristas que passaram pela BR-101, em direção a Maceió. Durante as quatro horas de ação, profissionais do Sest Senat e policiais prestaram esclarecimentos sobre a necessidade de atenção à saúde. “Os atendimentos de fisioterapia foram um sucesso. Os motoristas entenderam como é importante praticar exercícios e alongamentos para evitar problemas durante a viagem”, ressaltou Erlene Fonseca Cabral, coordenadora de promoção social do Sest Senat Recife. 


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IDET

Transporte rodoviário de cargas cresce em outubro Tendência é de que o total movimentado em 2010 supere os volumes de 2008 e 2009 do no mês anterior. Enquanto que o acumulado no ano está 4,1% maior do que o acumulado no mesmo período de 2009 e 5,8% maior do que em 2008. O transporte coletivo urbano cresceu 0,7% no total movimentado em outubro. Desse modo, novamente atingiu o patamar de um bilhão de passageiros transportados. Comparado ao mesmo mês do ano passado, houve aumento de 0,7% no total transportado, mas em relação a outubro de 2008 houve queda de 1,9%. Contudo, no acumulado do ano, o total transportado de 2010 já supera em 1,5% e 2,5% para o acumulado no mesmo período de 2008 e 2009, respectivamente. No mês de outubro, o transporte rodoviário intermunicipal voltou a crescer, transportando 5,2% a mais de passageiros que em setem-

bro. Transportando mais passageiros que em 2008 e 2009 para todos os meses, o transporte acumulado no ano supera o acumulado nos mesmos períodos para os respectivos anos em 3,6% e 4,3%. Ocorreu um aumento de 3,3% no transporte rodoviário interestadual de passageiros em outubro em relação ao mês anterior. O acumulado em 2010 já representa 86,6% e 89,9% do total de passageiros transportados ao longo dos doze meses de 2009 e 2008, respectivamente. O modal ferroviário manteve-se no patamar de movimentação de aproximadamente de 44 mil toneladas/mês, houve crescimento de 0,9% no total movimentado de setembro em relação a agosto. Com isto, o terceiro trimestre de 2010 movimentou 8,0% a mais que o segundo trimestre do ano,

além de ter superado o mesmo período de 2008 e 2009 em 1,2% e 11,3% no total movimentado, respectivamente. O modal aquaviário de cargas cresceu 4,6% no volume transportado no mês de setembro. No acumulado do trimestre (julho-setembro) o crescimento foi de 0,6% em relação ao segundo trimestre do ano. Comparativamente aos mesmos trimestres de 2008 e 2009, o modal transportou 8,6% e 22,7% a mais em 2010. O Idet CNT/Fipe-USP é um indicador mensal do nível de atividade econômica do setor de transporte no Brasil. 

O

volume transportado pelo modal rodoviário de cargas aumentou 2,7% no mês de outubro e mantém a tendência de subida desde o início do ano, crescendo a uma média de 0,8%ao mês. Caso essa tendência se confirme até o fim do ano, o volume total transportado em 2010 deverá superar 2009 e 2008 em cerca de 55 milhões e 3 milhões de toneladas, respectivamente. Em outubro, o transporte rodoviário de cargas por terceiros cresceu 6,8%. No acumulado no ano, em relação ao mesmo período de 2009, observa-se um aumento de 5,1% namovimentação. Em relação ao período de janeiro a outubro de 2008, o total acumulado em 2010 é 7,0% menor. Já o transporte de outras cargas em outubro foi 1,2% menor do que o verifica-

Para a versão completa da análise, acesse www.cnt.org.br. Para o download dos dados, www.fipe.org.br


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ESTATÍSTICAS DO TRANSPORTE BRASILEIRO Transporte Rodoviário de Cargas - Total

Transporte Rodoviário de Cargas Industriais por Terceiros 55

Milhões de toneladas

Milhões de Toneladas

110 105 100 95 90

50

45

85 80

40 jan

fev

mar

abr

mai

jun

jul

ago

set

2008

out

nov

2009

jan

dez

abr

mai

jun

jul

ago

set

2008

out

nov

2009

dez 2010

Transporte Rodoviário Interestadual de Passageiros

1050

8

990

Milhões de Passageiros

Milhões de Passageiros

mar

2010

Transporte de Passageiros - Coletivo Urbano

930

870

810

7

6

5 jan

fev

mar

abr

mai

jun

jul

ago

set 2008

out

nov

2009

jan

dez

fev

mar

abr

mai

jun

jul

ago

set 2008

2010

out

nov

2009

dez 2010

Transporte Aquaviário de Cargas

Transporte Ferroviário de Cargas

80

50

Milhões de Toneladas

45 Milhões de Toneladas

fev

40 35 30

70

60

50

25 40

20 jan

fev

mar

abr

mai

jun

jul

ago 2008

set

out 2009

nov

dez 2010

jan

fev

mar

abr

mai

jun

jul

ago

set

2008

out

2009

nov

dez

2010

Fonte: Idet CNT/Fipe-USP


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CNT TRANSPORTE ATUAL

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FERROVIÁRIO MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM* Total Nacional* Total Concedida* Concessionárias Malhas concedidas

BOLETIM ESTATÍSTICO RODOVIÁRIO MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM TIPO

PAVIMENTADA

Federal Estadual Coincidente Estadual Municipal Total

NÃO PAVIMENTADA

61.920 17.197 111.375 27.342 217.834

TOTAL

13.775 75.695 6.224 23.421 111.474 222.849 1.236.128 1.263.470 1.367.601 1.585.435

Malha rodoviária concessionada Adminstrada por concessionárias privadas* Administrada por operadoras estaduais FROTA DE VEÍCULOS - UNIDADES Caminhão Cavalo mecânico Reboque Semirreboque Ônibus interestaduais Ônibus intermunicipais Ônibus fretamento Ônibus urbanos Nº de Terminais Rodoviários

15.809 14.745 1.064

2.016.493 363.717 674.451 584.083 13.907 40.000 25.120 105.000 173

AQUAVIÁRIO INFRAESTRUTURA - UNIDADES Terminais de uso privativo Portos FROTA MERCANTE - UNIDADES Embarcações de cabotagem e longo curso HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA Rede fluvial nacional Vias navegáveis Navegação comercial Embarcações próprias

42 40

MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM Companhia Vale do Rio Doce/FCA MRS Logística S.A. ALL do Brasil S.A. Outras Total

44.000 29.000 13.000 1.148

9.863 1.674 7.304 9.473 28.314

MATERIAL RODANTE - UNIDADES Vagões Locomotivas Carros (passageiros urbanos)

87.150 2.624 1.670

PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total Críticas

12.273 2.611

VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL Brasil EUA

25 km/h 80 km/h

AEROVIÁRIO AEROPORTOS - UNIDADES Internacionais Domésticos Pequenos e aeródromos

33 33 2.498

AERONAVES - UNIDADES A jato Turboélice Pistão Total

820 1.700 9.354 11.874

MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS MODAL

141

29.817 28.314 11 12

MILHÕES

(TKU)

PARTICIPAÇÃO

(%)

Rodoviário

485.625

61,1

Ferroviário

164.809

20,7

Aquaviário

108.000

13,6

Dutoviário

33.300

4,2

Aéreo

3.169

0,4

Total

794.903

100


CNT TRANSPORTE ATUAL

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BOLETIM ECONÔMICO

INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES* Investimentos da União por Modal acumulados no ano até Outubro/2010 (R$ 4.688,3 milhões) - Liquidados (em R$ milhões)

Orçamento de Investimentos Ministério dos Transportes (Outubro/2010)

20,0 18,0 16,0 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0,0

16,4

R$ bilhões

R$ 3.512,7 (74,9%)

R$ 1.037,8 (22,1%)

10,1 4,6

R$ 91,9 (2,0%)

R$ 45,9 (1,0%) Rodoviário

Autorizado Total pago Investimento liquidado Obs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos do ano anterior.

CIDE

(R$ Milhões)

Arrecadação no mês Outubro/2010 Arrecadação no ano (2010) Investimentos em transportes pagos (2010) CIDE não utilizada em transportes (2010) Total Acumulado CIDE (desde 2002)

704,0 6.399,0 3.161,3 3.237,7 63.010,0

Valores Pagos (CIDE) Não Utilizado

Aquaviário

Ferroviário

Outros

CONJUNTURA MACROECONÔMICA - OUTUBRO/2010 2009 PIB (% cresc a.a.) -0,2 Selic (% a.a.) 8,75 IPCA (%) 4,31 Balança Comercial(4) 25,3 Reservas 239,64(5) Internacionais Câmbio (R$/US$) 1,74

acumulado em 2010 8,88(1)

últimos 12 meses

Expectativa para 2010

9,00(1)

7,55 10,75 5,31 16,00

10,75

(2)

5,20(3) 17,42(4)

4,38(3) 14,63(4) 285,20(5)

1,70(6)

1,76

70 60 50 40 30 20 10 0 2 200

Observações:

63,0

1 - Taxa de crescimento do PIB para o 1º semestre 2010 e acumulada em 12 meses até setembro/2010 2 - Meta Taxa Selic conforme Copom 20/10/2010 3 - Inflação acumulada no ano e em 12 meses até outubro/2010 4 - Balança Comercial acumulada no ano e em 12 meses até outubro/2010

26,2

5 - Posição dezembro/2009 e outubro/2010 em US$ Bilhões 6 - Câmbio de fim de período outubro/2010, média entre compra e venda.

3 200

4 200

Arrecadação Acumulada

5 200

6 200

7 200

8 200

9 200

0 201

Investimento Pago Acumulado

CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Lei 10.336 de 19/12/2001. Atualmente é cobrada sobre a comercialização de gasolina (R$ 0,23/liltro) e diesel (R$ 0,07/litro) e a destinação dos recursos engloba o subsídio e transporte de combustíveis, projetos ambientais na indústria de combustíveis e investimentos em transportes.

Fontes: Receita Federal, COFF - Câmara dos Deputados (outubro/2010), IBGE e Focus - Relatório de Mercado (05/11/10), Banco Central do Brasil.

R$ bilhões

Arrecadação X Investimentos Pagos: Recursos da CIDE

* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br

NECESSIDADES DE INVESTIMENTOS DO SETOR DE TRANSPORTES BRASILEIRO: R$ 373,0 BILHÕES (PLANO CNT DE LOGÍSTICA - 2010)


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CNT TRANSPORTE ATUAL

DEZEMBRO 2010

EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL (EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA) EMISSÕES DE CO2 POR SETOR CO2 t/ANO 1.202,13 136,15 114,62 47,78 48,45 25,43 1.574,56

SETOR

Mudança no uso da terra Transporte Industrial Outros setores Energia Processos industriais Total

BOLETIM AMBIENTAL DO DESPOLUIR RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS NÚMEROS DE AFERIÇÕES 2007 A 2009

2010 ATÉ SETEMBRO

228.866

361.539

Aprovação no período 85,63% 89,28%

89,43%

86,99%

Rodoviário Aéreo Outros meios Total

(%) 90,46 5,65 3,88 100

PARTICIPAÇÃO

EMISSÕES DE CO2 NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO POR TIPO DE VEÍCULO

Estrutura do Despoluir Federações participantes Unidades de atendimento Empresas atendidas Caminhoneiros autônomos atendidos

Japão EUA Europa

Caminhões Veículos leves Comerciais leves - Diesel Ônibus Total

Diesel interior

m3 32,71 0,69 0,48 33,88

MODAL

MILHÕES DE

Rodoviário Ferroviário Hidroviário Total

500 ppm de S

PARTICIPAÇÃO

2006

2007

2008

2009

Diesel 39,01 Gasolina 24,01 Etanol 6,19

41,56 24,32 9,37

44,76 25,17 13,29

44,29 25,40 16,47

TIPO

2010 (ATÉ SETEMBRO) 36,43 21,85 10,72

* Em partes por milhão de S - ppm de S

NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - OUTUBRO 2010 1,5% 3,0%

Corante 3,0% Aspecto 26,1%

26,1%

47,4%

Pt. Fulgor 15,3% Enxofre 6,7% 15,3%

Teor de Biodiesel 47,4% Outros 1,5%

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br

6,7%

Trimestre Anterior

ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - OUTUBRO 2010

3,5

Brasil

TO 0

3,0

2,7

SE

SP

1,1

SC

RS

1,0

6,0 2,5

RO

RR

1,9

RN

PR

PI

0,9

3,3

4,0

2,8

PB

PA

MT

PE

5,3

3,8

MS

0,9

MA

MG

0,8

GO

ES

DF

7,7

7,8 6,9 2,0

1,4

CE

AP

AM

AL

0

1,8

2,1

3

BA

4,9

8 5

AC 0

% NC

10

RJ

15 13

0

Trimestre Atual

15,3

18

(%) 96,6 2 1,4 100

CONSUMO POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões m3)

1.800 ppm de S

(substituição de 11% do Diesel 1.800 ppm de S por Diesel 500 ppm de S)

(%) 44 39 10 7 100

CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE

50 ppm de S

(grandes centros urbanos)

PARTICIPAÇÃO

CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL

10 ppm de S 15 ppm de S 50 ppm de S Frotas cativas de ônibus urbanos das cidades do Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador. Regiões metropolitanas de São Paulo, Belém, Fortaleza e Recife Diesel metropolitano

CO2 t/ANO 36,65 32,49 8,33 5,83 83,30

VEÍCULO

21 70 5.641 6.288

QUALIDADE DO ÓLEO DIESEL TEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL*

Brasil

CO2 t/ANO 123,17 7,68 5,29 136,15

MODAL

OUTUBRO

12.440

(%) 76,30 8,60 7,30 3,12 3,10 1,60 100

EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE

TOTAL

120.233

PARTICIPAÇÃO



“É por meio da união do uso de tecnologia com infraestrutura adequada que daremos um salto de qualidade nos serviços de ônibus” DEBATE

Quais as alternativas para o transporte urbano nas gran

Uma política energética para o transporte público MARCOS BICALHO DOS SANTOS

O

MARCOS BICALHO DOS SANTOS Diretor-superintendente da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos)

s sistemas de transporte público das cidades brasileiras são altamente dependentes dos ônibus e essa situação ainda perdurará por muito tempo no país. Hoje, cerca de 90% das viagens em transporte coletivo urbano são realizadas por ônibus movidos a diesel. Em que pese os avanços tecnológicos recentes com a chegada dos motores eletrônicos movidos a um diesel mais limpo, que proporcionam uma redução considerável do volume de emissões, o setor ainda pode avançar muito no campo ambiental. Disposição é o que não falta às empresas operadoras para se engajarem em programas de proteção ao meio ambiente. Exemplos como o Programao Despoluir da CNT (Confederação Nacional do Transporte) e o Programa Selo Verde da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro) mostram o avanço da consciência ecológica do setor.

Outras iniciativas, como as experiências com o biodiesel B20 em São Paulo e no Rio de Janeiro, com o biodiesel B100 na Linha Verde em Curitiba, com o gás e o álcool, mostram o interesse das empresas operadoras de ônibus em contribuir para o desenvolvimento de soluções tecnológicas que venham ao encontro dos anseios da sociedade no que se refere à preservação do meio ambiente. Recentemente, começou a rodar nas ruas da capital paulista um ônibus híbrido, movido a energia elétrica e a biodiesel. Ainda em teste, o experimento vai comprovar se a tecnologia reduz as emissões de gases poluentes entre 80% a 90% e se é mais viável economicamente. Entretanto, para que todas essas iniciativas se consolidem como opções viáveis para o setor, elas precisam ser respaldadas por uma política energética clara que traga segurança no médio e longo prazo. Assim, as empresas poderão investir em novas tecnologias. É

por meio da união do uso de tecnologia com infraestrutura adequada que conseguiremos dar um salto de qualidade nos serviços de ônibus urbanos. Em especial, precisamos de uma política de preços de combustíveis no país mais transparente e mais estável, que permita avanços tecnológicos e ambientais sem comprometer o equilíbrio financeiro de um setor que tem seus preços administrados pelo poder público. A realização de dois megaeventos esportivos no Brasil – a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016 – abriu as portas para uma nova era dos transportes coletivos nas cidades brasileiras. Foram aprovados bilhões de reais para investimento em um transporte público de qualidade focado em oferecer uma vida melhor aos cidadãos. Tudo indica que estamos no limiar de novos tempos para os transportes coletivos urbanos no Brasil. Cabe aos diversos agentes, públicos e privados, que atuam no setor aproveitar este momento.


“Todas as cidades com mais de 300 mil pessoas devem planejar sistemas de transporte coletivo de grande capacidade e qualidade”

des metrópoles?

Situação requer diversas ações de forma integrada LAURA MACHADO DE MELLO BUENO

O

s problemas decorrentes da ineficácia dos sistemas de mobilidade urbana nas cidades são gravíssimos: tempo enorme perdido nas viagens, falta de conforto e até de segurança para o usuário, pouca oferta de alternativas com qualidade, alto custo de viagens cotidianas e curtas, impactos na saúde decorrentes da poluição atmosférica e do estresse etc. A mudança desse quadro requer ações em diversas dimensões a serem transformadas de forma integrada: • No planejamento de sistemas de transporte intrametropolitano: desenvolver seriamente planos e projetos para implantação de sistemas de rede de metrôs – subterrâneos e de superfície. Para isso, é necessário abrir espaço para a construção de novas linhas e duplicação de linhas de superfície existentes, retificando-as e criando-se redes, que permitam a mobilidade por toda a região metropolitana. Na verdade, todas as cidades com mais de 300 mil pessoas (e não só as grandes cidades e as metrópoles) devem planejar sistemas de transporte coleti-

vo de grande capacidade e qualidade. Mas nas metrópoles trata-se de uma situação emergência. • No espaço urbano: priorização das vias e suportes para o transporte coletivo, para o transporte não motorizado e para o pedestre. Isso deve ser entendido de maneira mais profunda. Além dos corredores exclusivos para ônibus, deve ser restringida a oferta de vagas de estacionamento nas áreas comercias e de serviços com oferta de transporte coletivo, devem ser implementados sistemas de ciclovias, incluindo-se bicicletários em estações intermodais. • Na legislação urbanística (edificação, uso e ocupação do solo, operações urbanas): integração das estações intermodais, de metrô etc, com shopping centers, serviços de atendimento ao público, incentivando o uso do transporte coletivo e a pedestrialização do dia a dia. Ao longo das estações destes sistemas, estimular o adensamento populacional, limitando a oferta de apartamentos e escritórios com vagas de garagem, com reserva de áreas para habitação de interes-

se social; Inclusão de exigências de, em novos parcelamentos, desmembramentos ou remembramentos com demolição e reconstrução, aumento das larguras das calçadas, implantação de baias para transporte coletivo; exigência de dispositivos para guarda de bicicletas em atividades comércio e serviços, tais como escolas, agências bancárias, livrarias. • Na gestão pública municipal, estadual, metropolitana e federal: implementação de uma autoridade de gestão compartilhada metropolitana com capacidade financeira; definição de orçamentos plurianuais (de todos os níveis) vinculados a planos de implantação de longo prazo – 10 anos ou mais – com aprovação legislativa, de forma a continuidade das ações; Aumento dos subsídios para uso do transporte coletivo e aumento dos custos (IPVA, pedágio, estacionamento etc) do uso do transporte individual, em especial que usem óleo diesel. Apoio à indústria de produção de materiais para sistemas sob trilhos e ônibus híbridos, a gás e a biodiesel; Fim do subsídio à produção de automóveis.

LAURA MACHADO DE MELLO BUENO Arquiteta urbanista doutora em Estruturas Ambientais Urbanas pela FAUUSP, professora do mestrado em Urbanismo da PUC-Campinas e conselheira do IAB-SP



CNT TRANSPORTE ATUAL

DEZEMBRO 2010

81

“O presidente operário pode se orgulhar de ter feito um governo grandioso para o país e para seu povo” CLÉSIO ANDRADE

OPINIÃO

O

É preciso ampliar o investimento

Brasil está no último mês do governo do presidente Lula. Parece um bom momento para agradecer, em nome dos transportadores brasileiros, todo o êxito que nosso país obteve, especialmente nos últimos quatro anos, no campo econômico e social. O Brasil sai do governo Lula ostentando uma posição de maior respeito e prestígio no cenário mundial e seu povo com autoestima revigorada por novas possibilidades de conquistas pessoais. Apesar da crise mundial que ainda assola Estados Unidos e Europa, o Brasil de Lula surgiu com vigor econômico capaz de mostrar ao mundo um país competente, sério e confiável o bastante para torna-se o centro dos investimentos internacionais. Internamente, o presidente criou os mecanismos para retirar quase 30 milhões de brasileiros da miséria absoluta. Lula realizou uma gestão eficiente e generosa. Investimentos na infraestrutura de transporte garantiram a retomada do crescimento do setor, assegurando a expansão das empresas e a geração de novos empregos. Conforme constatou a Pesquisa CNT de Rodovias 2010, houve significativas melhoras para o modal rodoviário. Os investimentos em hidrovias, ferrovias e portos também permitiram importantes avanços. Portanto, o presidente operário pode se orgulhar de ter feito um governo grandioso para o país e para seu povo, pelo qual somos gratos. Mesmo com tanto realizado, não há como esquecermos que falta muito a ser feito. O que nos

remete às expectativas dos transportadores em relação ao próximo governo. Muito embora tenham atingidos níveis nunca vistos na história do país, os investimentos do governo Lula não foram suficientes para que a infraestrutura de transporte atingisse padrões superiores, semelhantes aos países mais desenvolvidos. Não vemos muitas opções ao novo governo que se inicia em 2011 que não seja avançar bem mais do que Lula. Dizendo em outras palavras: tem que investir muito mais. A CNT tem a medida exata da carência da infraestrutura de transporte nacional. Resultado de estudos e levantamentos feitos em todo o país, o Plano CNT de Transporte e Logística pode ser utilizado pela presidente Dilma Rousseff, ou outro governo de qualquer esfera pública, como parâmetro para os projetos e investimentos necessários para a construção da infraestrutura que desejamos ao Brasil. Diante das perspectivas de gastos em infraestrutura de transporte do PAC 2, o Plano CNT de Transporte e Logística apresenta muito mais possibilidades de sustentação do desenvolvimento econômico do que as projeções do governo. Os transportadores são gratos ao presidente Lula por criar um novo Brasil e aguardam do novo governo iniciativas que garantam a sustentabilidade do crescimento econômico, colocando o Plano CNT de Transporte e Logística à disposição, como instrumento de ampliação dos horizontes de prosperidades que foram descortinados por Luiz Inácio Lula da Silva.


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CNT TRANSPORTE ATUAL

CNT CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE PRESIDENTE Clésio Andrade PRESIDENTE DE HONRA DA CNT Thiers Fattori Costa

DEZEMBRO 2010

Marcus Vinícius Gravina Tarcísio Schettino Ribeiro José Severiano Chaves Eudo Laranjeiras Costa Antônio Carlos Melgaço Knitell Francisco Saldanha Bezerra Jerson Antonio Picoli José Nolar Schedler Mário Martins

Escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL As cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes

DOS LEITORES imprensa@cnt.org.br

VICE-PRESIDENTES DA CNT TRANSPORTE DE CARGAS

Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Meton Soares Júnior TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Marco Antonio Gulin TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José Fioravanti PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Otávio Vieira da Cunha Filho Ilso Pedro Menta TRANSPORTE DE CARGAS

Flávio Benatti Antônio Pereira de Siqueira

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Luiz Anselmo Trombini Eduardo Ferreira Rebuzzi Paulo Brondani Irani Bertolini Pedro José de Oliveira Lopes Oswaldo Dias de Castro Daniel Luís Carvalho Augusto Emílio Dalçóquio Geraldo Aguiar Brito Viana Augusto Dalçóquio Neto Euclides Haiss Paulo Vicente Caleffi Francisco Pelúcio

TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José da Fonseca Lopes Edgar Ferreira de Sousa

Edgar Ferreira de Sousa José Alexandrino Ferreira Neto José Percides Rodrigues Luiz Maldonado Marthos Sandoval Geraldino dos Santos Dirceu Efigenio Reis Éder Dal’ Lago André Luiz Costa José da Fonseca Lopes Claudinei Natal Pelegrini Getúlio Vargas de Moura Braatz Nilton Noel da Rocha Neirman Moreira da Silva Moacir da Silva

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO

Glen Gordon Findlay Paulo Cabral Rebelo TRANSPORTE FERROVIÁRIO

Rodrigo Vilaça TRANSPORTE AÉREO

Urubatan Helou José Afonso Assumpção CONSELHO FISCAL (TITULARES) David Lopes de Oliveira Éder Dal’lago Luiz Maldonado Marthos José Hélio Fernandes CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) Waldemar Araújo André Luiz Zanin de Oliveira José Veronez DIRETORIA TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS

Luiz Wagner Chieppe Alfredo José Bezerra Leite Jacob Barata Filho José Augusto Pinheiro

SEST SENAT

VIGILÂNCIA EM NAVIOS

É com muita satisfação que escrevo à equipe da CNT Transporte Atual. A edição nº 182 chegou às minhas mãos por meio da unidade do Sest Senat, que foi inaugurada aqui em minha cidade (Três Lagoas, MS). Foi um grande privilégio ter lido essa revista, que é voltada totalmente ao setor de transportes no Brasil, área essa que sou admirador número um. Trabalho em uma empresa de transporte rodoviário de cargas, na filial da Translopes aqui de Três Lagoas. Adorei a matéria que fala a respeito da tradição dos pescadores artesanais que trabalham honestamente nos mares do litoral deste imenso Brasil. Um ótimo trabalho a todos vocês da equipe da CNT Transporte Atual.

Estou programando uma viagem de férias em um cruzeiro marítimo e a reportagem sobre o assunto da revista CNT Transporte Atual foi ótima. Agora, ficarei mais atenta antes de contratar um serviço desse tipo e vou sempre procurar as informações no guia que a Anvisa está preparando.

Ismael Ribeiro de Souza Três Lagoas - MS CELULAR EM AVIÕES

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Paulo Duarte Alecrim André Luiz Zanin de Oliveira Moacyr Bonelli José Carlos Ribeiro Gomes Claudomiro Picanço Carvalho Filho George Alberto Takahashi Marcos Machado Soares José Eduardo Lopes Fernando Ferreira Becker Luiz Ivan Janau Barbosa Jorge Afonso Quagliani Pereira Eclésio da Silva

Gostei muito da reportagem sobre a liberação do uso de celulares nos aviões, da edição nº 183 da revista CNT Transporte Atual. Além de explicações claras sobre as regras que deverão ser cumpridas, o texto faz o alerta sobre o bom senso na hora de realizar as ligações dentro das aeronaves. Rodrigo Coutinho Belo Horizonte - MG

Selma Ribeiro Ribeirão Preto - SP ACIDENTES Fiquei bem assustado com o número registrado de mortes por acidentes todos os anos no Brasil quando li a reportagem sobre o projeto da OMS na revista CNT Transporte Atual. Todos os dias, presenciamos cenas chocantes nas cidades e nas estradas do país, mas não imaginei que esse fosse um número tão grande. Torço para que o projeto tenha bons resultados. Marcelo Braga São Paulo - SP

CARTAS PARA ESTA SEÇÃO

SAUS, quadra 1, bloco J Edifício CNT, entradas 10 e 20, 10º andar 70070-010 - Brasília (DF) E-mail: imprensa@cnt.org.br Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes




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