EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT
CNT
ANO XIX NÚMERO 220 JANEIRO 2014
T R A N S P O R T E AT UA L
Há 60 anos
A voz do transporte SENADOR CLÉSIO ANDRADE, PRESIDENTE DA CNT, FALA SOBRE A INSTITUIÇÃO
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JANEIRO 2014
REPORTAGEM DE CAPA Confederação Nacional do Transporte completa seis décadas de atuação em prol do setor. A criação do Sest Senat, a realização de pesquisas sobre os modais e a maior representatividade do setor transportador no país estão entre as conquistas Página 20
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ANO XIX | NÚMERO 220 | JANEIRO 2014
ENTREVISTA
João Alberto Viol critica os atrasos nas obras PÁGINA
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AVIAÇÃO • Ampliação das rotas de curto alcance no Brasil faz crescer o interesse de empresas na aquisição de turboélices
CAPA ARQUIVO CNT
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AQUAVIÁRIO
EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT CONSELHO EDITORIAL Bernardino Rios Pim Bruno Batista Etevaldo Dias Tereza Pantoja Virgílio Coelho Wesley Passaglia
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Cresce o interesse pela utilização da cabotagem PÁGINA
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EDITORA RESPONSÁVEL
Vanessa Amaral [vanessa@sestsenat.org.br] EDITOR-EXECUTIVO Americo Ventura [americoventura@sestsenat.org.br]
ATUALIZAÇÃO DE ENDEREÇO:
atualizacao@cnt.org.br Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053. Tiragem: 40 mil exemplares
Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual
MOBILIZAÇÃO
Empresários discutem soluções para o setor PÁGINA
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ACIDENTES DE TRÂNSITO SÃO A PRINCIPAL CAUSA EXTERNA DE INTERNAÇÕES HOSPITALARES
COMEMORAÇÃO • A 20ª edição do Prêmio CNT de Jornalismo homenageia os trabalhos que discutiram o transporte brasileiro durante o ano de 2013 PÁGINA
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PESQUISA
FERROVIAS
Estudos sobre transporte são premiados
Concessionárias investem em novas tecnologias
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TRÂNSITO
Seções Alexandre Garcia
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Duke
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Mais Transporte
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Boletins
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Opinião
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Cartas
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Ações visam a redução de acidentes no país PÁGINA
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SEST SENAT
Unidades vão dar orientação sobre nutrição PÁGINA
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Levantamento da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação mostra que, entre 1º de janeiro e 30 de junho de 2013, os acidentes de trânsito representaram 44,8% das origens que motivaram a chegada e permanência dos pacientes nas unidades de saúde em Brasília, Salvador, Belo Horizonte, São Luís e Fortaleza. As motocicletas respondem por quase metade dos casos, e a maioria dos acidentes ocorreu em rodovias. Saiba mais no Especial Acessibilidade em www.cnt.org.br.
ACORDO DEVE AGILIZAR TRANSPORTE DE ÓRGÃOS PARA TRANSPLANTE NO BRASIL A parceria entre empresas aéreas, Ministério da Saúde e órgãos da aviação civil prevê que aeronaves transportando órgãos terão prioridade em pousos e decolagens. A parceria entre empresas aéreas e o governo federal deve aumentar em 10% o transporte de órgãos no país. Mas a infraestrutura deficiente dos aeroportos ainda barra a evolução do serviço. Saiba mais: http://bit.ly/agenciacnt596
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Sest Senat
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“O Estado pune, mas deveria fazer a sua parte, dando ao setor melhores condições de circulação” ALEXANDRE GARCIA
Entre o céu e a terra
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rasília (Alô) - Em 2003, o Brasil tinha 35 milhões de veículos registrados. Hoje, mais de 80 milhões. Em 1976, o governo aplicava em rodovias 1,84% do PIB; hoje aplica 0,29%. Enquanto a frota sobre rodas mais do que duplicou, o investimento para as rodas rodarem caiu para 1/6 em relação ao PIB. O paradoxo fica mais marcante se considerar que o transporte da riqueza é que movimenta o PIB. É uma equação que não fecha. O pior é no que se refere a vidas humanas: as mortes no trânsito, nos últimos dez anos, quase triplicaram: mais 167%, embora o número de veículos tenha crescido 127%. O trânsito ficou mais mortífero. A quantidade de feridos graves subiu 235%. Uma das causas, certamente, é o pouco investimento nas vias. O Senado aprovou um projeto de maior rigor nas punições, principalmente para pegar o motorista alcoolizado. O Contran tenta reprimir a epidemia de anfetamina na direção, o conhecido rebite, exigindo exames para conceder habilitação. O Estado pune, mas deveria fazer a sua parte, dando ao setor melhores condições de circulação. Em 2014, os veículos novos serão obrigados a ter airbag e ABS. Muito bem-vindos esses equipamentos para proteger quem está dentro do veículo. Pena que cheguem com 30 anos de atraso. As estatísticas estão revelando que a morte vai aos poucos saindo de dentro dos veículos dotados de cinto de segurança, para ceifar os pedestres e condutores sobre duas rodas. Há 30 anos, eu participei de um comitê pa-
ra segurança do trânsito na capital do país. O mantra era “educar antes de punir”. E esse mantra continua sendo repetido hoje. E, pelo que vejo nas ruas, os motoristas parecem cada vez mais alheios à sua formação para dirigir. Pensam que carro é como um ventilador, que basta ligar. Poucos leem o manual do carro e menos ainda leem o Código de Trânsito. O resultado é que não sabem o que estão fazendo atrás do volante. Desconhecem o básico, como para que servem as luzes do veículo. Basta constatar a falta de uso das luzes indicadoras de mudança de direção e o uso abusivo e vicioso das luzes ofuscantes que servem para sinalizar carro perdido na neblina. Quando uma praga dessas está à minha frente, me ofuscando com o filamento extra da lanterna traseira ou vem no sentido contrário, me cegando, sugiro mentalmente que a pessoa que faz isso convide sua mãe para ficar à frente ou atrás dessa praga ambulante. A consequência do entupimento das estradas e das ruas, e da ausência de trens, é a busca do transporte aéreo, que tem crescido muitas vezes mais que a frota de veículos. Estou esperançoso com a privatização de cinco grandes aeroportos - Galeão, Brasília, Guarulhos, Campinas, Confins - e a construção de um totalmente privado, em Natal. Os projetos em andamento vão nos dar, finalmente, aeroportos modernos e eficientes. Aquilo que desejamos quando estamos presos em congestionamentos finalmente tem perspectiva de se realizar: ir pelo ar.
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“O tempo para se preparar para a Copa era suficiente. Infelizmente, As ações, agora, a poucos meses da abertura do Mundial, serão
ENTREVISTA
JOÃO ALBERTO VIOL - PRESIDENTE DO SINAENCO
O erro foi começ POR
alta de planejamento e gestão ruim são apontados pelo presidente do Sinaenco (Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva), João Alberto Viol, como graves problemas que contribuem para dificultar a melhoria da infraestrutura de transporte no Brasil, especialmente para atender à demanda da Copa do Mundo. Viol considera que o país perdeu a oportunidade de realizar uma grande preparação para o Mundial de futebol, começando tarde algumas obras que deveriam ser prioritárias. Ele cita, por exemplo, a situação dos aeroportos, com filas constantes e outros problemas, e também o estado crítico de muitas rodovias do país, como situa-
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CYNTHIA CASTRO
ções complicadas a serem enfrentadas nos próximos meses. Em relação à mobilidade urbana nos grandes centros, o presidente do Sinaenco defende a necessidade de haver mais atenção ao transporte sobre trilhos e diz que, “primeiro, é preciso aumentar os investimentos nesse setor para, depois, criar restrições ao uso do automóvel”. Leia a seguir a entrevista. Estamos a poucos meses da Copa do Mundo. O senhor considera que o Brasil soube aproveitar a oportunidade de ser sede do Mundial, em relação ao desenvolvimento do transporte? O Brasil foi escolhido sede da Copa do Mundo em outubro de 2007 e teve, portanto, pou-
co mais de 79 meses para se preparar para o evento. As 12 sedes foram definidas em maio de 2009, e a primeira matriz de responsabilidades apenas em janeiro de 2010. Dos projetos de mobilidade divulgados na ocasião, alguns foram excluídos por conta dos atrasos, como o VLT (veículo leve sobre trilhos) de Brasília. Algumas cidades-sede, principalmente São Paulo, Brasília e Manaus, desperdiçaram a oportunidade de avançar rapidamente no setor de transportes. Os projetos serão entregues, mas com atrasos. A Copa poderia servir como uma espécie de catalisador. O Brasil, sem dúvida, perdeu a chance de realizar uma grande preparação e entregar os projetos no tempo estipulado.
Qual foi o principal erro, em relação ao transporte, desde o anúncio de que o Brasil seria sede da Copa e da Olimpíada? O principal erro do Brasil foi começar tarde as obras. A matriz de responsabilidades do Mundial ficou pronta apenas em janeiro de 2010, e o Brasil foi escolhido em outubro de 2007. Esse delay, aliado à falta de um banco de projetos, atrasou o bom planejamento. Quais áreas do transporte trazem mais preocupação? A situação dos aeroportos é extremamente preocupante. A crise se estende há mais de dez anos e, nesse período, pouco ou quase nada foi feito. Em alguns aeroportos importantes foram construídos terminais
SINAENCO/DIVULGAÇÃO
os atrasos foram constantes. pontuais e provisórias”
ar tarde provisórios ou “puxadinhos” emergenciais que acabaram se tornando praticamente definitivos. Filas imensas, esteiras cheias, escadas rolantes e elevadores quebrados, serviços de má qualidade são frequentes na grande maioria dos aeroportos brasileiros. A concessão dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília ocorreu no início de 2012. O leilão para concessão do Galeão e de Confins ocorreu somente agora, a poucos meses do início da Copa do Mundo. O prazo é insuficiente para que se faça qualquer intervenção efetiva para melhoria desses aeroportos. Por outro lado, as rodovias brasileiras não passaram por grandes intervenções nesse período. O público que não conseguir pegar um avião terá que ir pelas
estradas que, em diversos pontos, apresentam deficiências. O que faltou e o que ainda é possível fazer pela melhoria da mobilidade urbana para a Copa? Faltou planejamento e também faltou boa gestão do governo. Isso não aconteceu em sete anos. O tempo para se preparar para a Copa do Mundo era suficiente. Infelizmente, os atrasos foram constantes durante todo o período. As ações, agora, a poucos meses da abertura do Mundial, serão pontuais e provisórias. Qual cidade-sede traz maior preocupação? Em relação à mobilidade, Manaus. A cidade não terá qualquer projeto no setor para
a Copa. Nos estádios, Curitiba. A Arena da Baixada dificilmente será entregue no tempo previsto no cronograma. Nos aeroportos, Porto Alegre, que teve um projeto excluído. Com o excesso de veículos particulares, o senhor considera que investir mais no transporte sobre trilhos (metrô, VLT, por exemplo) pode ser um bom caminho para se melhorar a mobilidade urbana no Brasil? É o único caminho. Mas é preciso reverter a lógica e a atitude do brasileiro. Primeiro, é preciso aumentar os investimentos nesse setor para de-
pois criar restrições ao uso do automóvel. O investimento em metrô é sabidamente caro e mais demorado, especialmente em metrópoles como São Paulo e Rio de Janeiro, devido ao alto custo de desapropriações, aliado à necessidade de licenciamentos ambientais. Porém, é sem dúvida o transporte de massa mais eficiente e efetivo. Ao justificar a demora no andamento de obras de infraestrutura de transporte, há uma crítica de que os projetos não são bons. O senhor concorda? Os projetos são mal contratados. Com prazo exíguo e re-
muneração inadequada. É preciso aumentar o investimento em projeto e dar tempo para que as melhores soluções para a obra aconteçam. O que se pode esperar de projetos contratados por “menor preço” ou, ainda pior, por pregão, que nada mais é do que um “leilão reverso”? Na grande maioria dos casos, são contratadas empresas que não possuem a capacitação técnica adequada para a elaboração dos projetos e que participam dos certames licitatórios, muitas vezes por questão de sobrevivência. Não bastasse essa situação, surge o RDC (Regime Diferenciado de Contratações) como o grande “salvador da pátria” para acelerar os processos de contratação. As obras são contratadas com base em anteprojetos, sem que se conheça o orçamento. As próprias empresas executoras contratadas se encarregam da elaboração dos projetos básicos e executivos. O que você acha que vai ocorrer? Sem dúvida, os projetos serão desenvolvidos no sentido de se obter a maior lucratividade possível para o executor, o que muitas vezes se faz com redução da qualidade da obra. Entendo que deixar a elaboração do projeto a cargo do executor funciona nos casos de PPP (parceria públicoprivada) ou concessões, quando o mesmo será o responsável pela operação e manuten-
ção do elemento construído por dez, 20 ou 30 anos. O correto seria que os projetos fossem contratados na modalidade “técnica e preço”, com preponderância da técnica em pelo menos 70%, e que as obras fossem contratadas somente com projetos executivos ou projetos básicos completos. O que falta para que as obras saiam do papel? O planejamento é um problema? Sem dúvida, o grande problema é a falta de planejamento. Não existe uma cultura de planejamento no Brasil. O horizonte dos governantes é apenas o período de sua gestão. Salvo algumas exceções, pouquíssimos empreendimentos são iniciados sem que se possa obter os frutos políticos de sua realização. O que se vê, em muitas ocasiões, no início de uma nova gestão de governo, quer seja na esfera federal, estadual ou municipal, é o abandono de projetos lançados por gestões anteriores, muitas vezes com obras iniciadas puramente por questões políticas. O planejamento é a base de qualquer grande empreendimento. Planejar é pensar antes. Eu gosto muito da frase de Peter Drucker, considerado o pai da administração moderna: “A melhor forma de prever o futuro é criá-lo”.
INFRAESTRUTURA Obras no aeroporto de Brasília;
O Brasil perdeu a chance de realizar uma grande preparação para a Copa
O governo federal tem uma dificuldade de investir. Em 2013, por exemplo, o total autorizado para as rodovias foi de R$ 12,7 bilhões. Mas até o início de outubro, somente 33,2% foram pagos. Na sua opinião, por que isso acontece? Creio que é uma combinação de fatores, entre eles a comentada falta de planejamento. Após a chamada “faxina” no Ministério dos Transportes ocorrida em 2011, observou-se uma redução nos investimentos, não por falta de recursos, mas por ineficiência do ministério. O excesso de controle por parte do Tribunal de Contas da
INFRAMERICA/DIVULGAÇÃO
Faltou planejamento e também faltou boa gestão do governo presidente do Sinaenco reclama de demora na execução de projetos
União e Ministério Público, além dos próprios controles internos do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes), gerou um aumento na burocracia e uma consequente redução no ritmo dos investimentos. Houve também o problema com a greve dos funcionários do Dnit. Some-se a isso a má contratação de projetos e de serviços de supervisão em regime de pregão ou RDC, com lances de preços que refletem consequentemente na má qualidade dos serviços de engenharia, que são a base fundamental para uma boa obra, realizada nos prazos e valores adequados.
O Brasil passa por um momento de anúncios de investimentos em sua infraestrutura de transporte, em todos os modais. O que o senhor diria sobre a oferta de mão de obra de engenharia e arquitetura? Já tivemos, no passado, problemas maiores com falta de mão de obra. Hoje, esse problema não é tão grave, as empresas estão mais bem estruturadas, com equipes montadas esperando novas ordens de serviço. É claro que não podemos parar de capacitar e treinar novos profissionais, tanto de nível superior quanto técnico de nível médio, para atender às novas demandas e à contínua evolução tecnológica.
Analisando os diferentes modais (aquaviário, rodoviário, ferroviário e aéreo), em qual deles está a maior carência de profissionais qualificados na área de engenharia? É difícil detectar se há e onde está a maior carência entre esses setores. O Brasil é um país tradicionalmente rodoviário. Obviamente, a maior oferta de profissionais de transportes está nesse modal, o que não significa que não possa haver carência. Os modais aquaviário e ferroviário não recebem o mesmo volume de investimentos, o que provoca uma procura menor do mercado por profissionais desses se-
tores. O setor ferroviário, especialmente o metroviário, requer desde engenheiros civis à participação de engenheiros mecânicos, metalúrgicos, eletricistas, de sistemas etc. A engenharia naval ainda é um mercado pequeno no Brasil, porém, com a revitalização da indústria naval brasileira promovida pela expansão da Petrobras e pelo crescimento da economia, têm surgido excelentes oportunidades. Quanto à engenharia aeronáutica, o Brasil tem poucos, mas excelentes cursos, como no ITA, em São José dos Campos. Há mão de obra suficiente para atuar no mercado do petróleo? O que precisa melhorar no Brasil em termos de mão de obra qualificada? Muitos cursos de graduação e pós-graduação em engenharia de petróleo foram criados em importantes universidades brasileiras, com uma grande procura por parte dos estudantes, que enxergam esse mercado como promissor no Brasil. Além disso, já existem muitos cursos técnicos profissionalizantes em petróleo e gás. A Petrobras, como grande indutora de desenvolvimento nesse setor, tem programas de treinamentos continuados. Esses programas são fundamentais para qualificação dos profissionais que atuam nessa área. l
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MAIS TRANSPORTE Primeiro ônibus elétrico brasileiro A Eletra, empresa brasileira especializada em veículos de transporte urbano com tração elétrica, e as japonesas Mitsubishi Heavy Industries e Mitsubishi Corporation apresentaram ao mercado o E-bus, primeiro ônibus elétrico brasileiro movido 100%
a baterias. O E-bus tem autonomia operacional de 200 km, considerando cargas rápidas. Segundo a Eletra, o veículo passa por testes no Corredor ABD, na Grande São Paulo, administrado pela concessionária Metra, no trecho Diadema-Brooklin. As baterias
podem ser recarregadas no terminal, de acordo com a necessidade da operação. A EMTU/SP (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo) e a Metra integram a parceria para operar, monitorar e avaliar o resultado dos testes. O E-bus
possui chassi Mercedes-Benz, carroceria Induscar/Caio e motor elétrico WEG. O veículo é articulado, tem ar-condicionado e capacidade para 150 passageiros, o que o torna também o primeiro ônibus elétrico a baterias com 18 metros de comprimento do mundo. ELETRA/DIVULGAÇÃO
PARCERIA Veículo tem autonomia operacional de 200 km e passa por testes na Grande São Paulo RENAULT/DIVULGAÇÃO
15 anos de produção A Renault completou 15 anos de produção no Brasil. Nesse período foram produzidos 1,8 milhão de veículos na fábrica instalada em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (PR), chamada de Complexo Ayrton Senna. O modelo Scénic foi o primeiro Renault fabricado no Brasil, inaugurando o segmento das minivans no país. Em seguida, foi produzido o Clio. Segundo a fabricante, esses veículos foram os primeiros com airbag de série
produzidos em solo brasileiro. Ao longo desses 15 anos, o Complexo Ayrton Senna recebeu investimentos de R$ 6 bilhões, incluindo as aplicações iniciais para operação. Os investimentos mais recentes foram destinados ao aumento da capacidade de produção, em um montante de R$ 500 milhões (de um total de R$ 1,5 bilhão que vem sendo aplicado em outras melhorias, desde 2010). O plano de investimento segue até 2015.
ANIVERSÁRIO Fábrica da Renault segue recebendo investimentos
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VLI/DIVULGAÇÃO
Novos pátios ferroviários A VLI, empresa de logística integrada com operações em ferrovias, terminais integradores e portuários, está investindo na construção e na ampliação de 24 pátios de cruzamento ferroviário. Segundo a empresa, o projeto vai permitir aumentar o tamanho dos trens que circulam na via,
além de incrementar o volume transportado na FCA (Ferrovia Centro-Atlântica), malha sob a concessão da VLI. A empresa construiu quatro pátios e ampliou outros 20. Desses 24 pátios, 13 estão em Minas Gerais, nove em São Paulo e dois em Goiás. A empresa pretende investir R$ 9 bilhões nos próximos cinco anos e aumentar a
movimentação de cargas na malha ferroviária de sua abrangência em mais de 50% até 2017. O montante será distribuído em melhorias da infraestrutura da empresa com a compra de 210 locomotivas e 7.500 vagões, além da construção e participação em novos terminais intermodais e terminais portuários.
PORTO ITAPOÁ/DIVULGAÇÃO
Mulheres Portuárias A ABRH-SC (Associação Brasileira de Recursos Humanos de Santa Catarina) concedeu ao porto Itapoá o prêmio “Ser Humano” pelo projeto “Mulheres Portuárias”. Entregue anualmente às empresas que se destacam com as melhores práticas em RH, o prêmio foi recebido pelo Departamento de Gestão e Desenvolvimento de Pessoas do terminal
catarinense. O programa foi lançado pelo porto em agosto de 2012 com o intuito de inserir a mão de obra feminina no segmento portuário. Atualmente, Itapoá conta com 17% de mulheres no quadro de 580 profissionais. Com a iniciativa, o terminal tem a meta de atingir 20% de mulheres no quadro de colaboradores nos próximos dois anos.
META Itapoá almeja ter 20% de mulheres no quadro
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MAIS TRANSPORTE FORD/DIVULGAÇÃO
Logística, Transporte, Comércio Exterior e Economia em Conta-Gotas Livro apresenta uma coletânea dos artigos mais representativos publicados pelo autor nos últimos anos, em jornais e revistas especializadas, e que podem ser considerados atuais, não correndo o risco de perecibilidade. De: Samir Keedi, Ed. Aduaneiras, 152 págs., R$ 33
Clássico se renova A Ford apresentou a sexta geração do Mustang. O veículo traz novas tecnologias, como o trem de válvulas e cabeçote, que gera mais de 420 cv de potência e maior economia de combustível. A cabine no estilo “cockpit” foi inspirada em aviões. O novo Mustang será comercializado nos EUA, na Europa e na Ásia.
Destaque no setor de rastreamento A Sascar, empresa com atuação no segmento de soluções de monitoramento de veículos voltadas para a gestão de operações de transporte, recebeu o prêmio de melhor empresa de rastreamento eletrônico
da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística). O “Prêmio NTC Fornecedores do Transporte” é coordenado pelo Instituto Datafolha e realizado a partir de pesquisa com as principais
empresas nacionais de transporte. O prêmio foi criado, em 1997, com o objetivo de estimular o desenvolvimento no mercado de fornecedores de produtos e prestadores de serviços para o transporte rodoviário de cargas.
Escolas de Líderes Sustentáveis Livro discute como as escolas de negócios estão preparando líderes para promover a transição para uma economia verde e traz depoimentos de presidentes de empresas que adotaram estratégias de envolvimento de seus líderes para a sustentabilidade. De: Ricardo Voltolini, Ed. Elsevier, 248 págs., R$ 59
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DESPOLUIR
mpresas do setor de transporte de cargas e de passageiros receberam, em dezembro de 2013, o Prêmio Regional Excelência em Meio Ambiente, oferecido pela Fetracan (Federação das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Nordeste). A solenidade foi realizada durante o 30º Jantar de Confraternização dos Empresários do Transporte Rodoviário de Cargas, em Recife (PE). A premiação tem como objetivo estimular a adoção de medidas que resultem no uso correto dos combustíveis na movimentação de bens e serviços, além de divulgar e disseminar ações bem-sucedidas das empresas que participam do Despoluir – Programa Ambiental do Transporte, desenvolvido pela CNT e pelo Sest Senat. O Prêmio Excelência em Meio Ambiente reconhece as ações que aumentam a eficiência do uso do óleo diesel nos serviços de transporte rodoviário, resultando em menos emissão de poluentes e melhoria das condições ambientais. A proposta também visa sistematizar e multiplicar boas práticas, aumentando a competitividade e a imagem das empresas do setor.
FOTOS FETRACAN/DIVULGAÇÃO
Fetracan premia empresas no Nordeste
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PASSAGEIROS Newton Gibson (dir.) e o representante da Capiberibe Viagens (centro)
O vice-presidente da CNT e presidente da Fetracan, Newton Gibson, participou da entrega dos prêmios. Na categoria Transporte de Passageiros, as empresas vencedoras foram a Transportadora Marcan Ltda. e a Capiberibe Viagens Turismo e Locadora Ltda. O segundo lugar ficou com a RCR Locação Ltda. A terceira colocação, com a Star Turismo e Transporte Ltda. Na categoria Transporte de Cargas, a Garfor S.A. conquistou o primeiro lugar. A empresa Motoliner Amazonas Ltda. ficou com a segunda colocação e a EBD Nordeste Comércio Ltda. ficou em terceiro lugar. Todos os premiados receberam troféu e um certificado de participação.
PASSAGEIROS Newton Gibson e a representante da Garfor
CARGA Vereador Vicente Gomes (dir.) e o representante da Marcan
GOODYEAR/DIVULGAÇÃO
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MAIS TRANSPORTE Gaseiro é lançado ao mar A Transpetro e o Estaleiro Vard Promar lançaram ao mar o navio Oscar Niemeyer, primeiro gaseiro construído no Rio de Janeiro. A embarcação é a primeira de uma encomenda de oito navios gaseiros realizada por meio do Promef (Programa de Modernização e Expansão da Frota da Transpetro). O investimento no Oscar
Niemeyer é de R$ 115 milhões. Ao todo, o Promef está investindo R$ 920 milhões na construção dos oito gaseiros. O navio tem 117,63 metros de comprimento, 34 metros de altura, 19,2 metros de largura e capacidade para transportar 7.000 metros cúbicos de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo). AGÊNCIA PETROBRAS/DIVULGAÇÃO
ENCOMENDA Primeiro gaseiro construído por meio do Promef
DESEMPENHO Modelo destinado a veículos de passeio
Goodyear lança pneus A Goodyear do Brasil apresentou três novos pneus destinados aos veículos de passeio e aos modelos SUV. O Eagle Sport possui design esportivo e proporciona maior quilometragem, performance e economia de combustível. Nos testes aplicados, o pneu entregou 12 mil quilômetros a mais do que o seu antecessor. O Wrangler SUV foca um segmento que cresce continuamente, o dos carros de grande porte. Esse modelo pode ser encontrado em dez medidas,
dos raios 15” ao 18”. Já o Assurance foi desenvolvido para o segmento médio de pneus de passeio, focando o uso diário. Ele visa maior quilometragem e economia de combustível. Conforme os testes da fabricante, o pneu tem 16% a mais de quilometragem, aproveitamento 14% superior na tração em pisos molhados e melhoria de 6% na eficiência de frenagem, se comparado ao seu antecessor, o GPS 3 Sport. TAM/DIVULGAÇÃO
TAM tem novo terminal A TAM Cargo iniciou as operações em seu novo Teca (Terminal de Cargas) de Manaus (AM). Com 13 mil metros quadrados, dos quais 5.000 são de área construída, o Teca é o maior terminal de cargas da companhia no Brasil. A estrutura conta com um armazém 100% verticalizado, 2,6 mil posições de estocagem, sistema exclusivo de armazenagem e identificação
de cargas, câmara fria para acondicionamento de perecíveis e estacionamento para 70 veículos de pequeno, médio e grande porte. Os clientes da TAM Cargo também vão ter à disposição uma área para recebimento de grandes lotes (full pallet) e 20 pontos de atendimento ao cliente, sendo 14 docas e seis posições distribuídas em duas rampas.
ESTRUTURA Terminal em Manaus (AM) é o maior da TAM Cargo
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IVECO/DIVULGAÇÃO
Grupo renova frota O Grupo MRJS, operadora logística com sede no Espírito Santo e especializada no transporte de cargas e armazenagem, incorporou à sua frota atual, de 100 caminhões, outros 23 caminhões Iveco. São 20 do modelo Stralis Ecoline de 400 cavalos de potência, duas Daily 70C17 e um Stralis Hi-Way, primeiro caminhão da
marca a ser adquirido no Estado capixaba. A parceria entre a companhia e a Iveco teve início em março de 2013 com três caminhões Stralis. O Grupo MRJS possui filiais em Santa Catarina, São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Distrito Federal, Espírito Santo e Pernambuco.
DIVULGAÇÃO
Embraer fecha encomenda A Embraer confirmou ter recebido um pedido da American Airlines para a venda de 60 jatos E175, incluindo opções de compra para 90 jatos adicionais do modelo. A encomenda tem potencial total para até 150 aeronaves. Os pedidos firmes, que têm valor de US$ 2,5 bilhões a preço de lista, seriam incluídos na carteira de pedidos (backlog) da Embraer do quarto trimestre de 2013. Segundo a fabricante, a American Airlines vai configurar os jatos com 76
lugares, incluindo 12 assentos na primeira classe e 64 na econômica, sendo 20 com espaço extra. A entrega do primeiro avião está prevista para o primeiro trimestre de 2015. Em 2013, incluindo o pedido da American Airlines, a Embraer recebeu encomendas firmes e opções para mais de 700 E-Jets de companhias aéreas dos Estados Unidos, tanto para a geração atual quanto para os E-Jets E2 (70 a 130 passageiros).
VENDA Encomendas podem chegar a 150 aviões
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MAIS TRANSPORTE AVIAÇÃO
Projeto em Viracopos elimina burocracia de processos ma parceria firmada entre a Iata (Associação Internacional de Transporte Aéreo) e a concessionária Aeroportos Brasil Viracopos vai permitir que o projeto e-AWB (Air Way Bill) seja desenvolvido no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas, a 99 km de São Paulo (SP). O e-AWB visa reduzir papéis e desburocratizar os processos de tramitação de cargas internacionais. A iniciativa tem o apoio da Receita Federal e das empresas Lufthansa e DB Schenker. Segundo Luiz Alberto Küster, diretor-presidente de Viracopos, o sistema utilizado
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nos principais aeroportos do mundo vai propiciar maior agilidade às exportações brasileiras. “O e-AWB desobriga a tramitação de cópias físicas do Conhecimento Aéreo, por meio da troca eletrônica dos dados entre os elos da cadeia logística, amparados por contratos regulamentados diretamente pela Iata e firmados entre as empresas participantes”, afirma Küster. Lufthansa e DB Schenker iniciaram os primeiros voos com o novo sistema na rota Viracopos-Frankfurt em dezembro de 2013. A intenção é acrescentar, gradualmente, novas empresas e rotas ao
processo a partir de janeiro de 2014. Em meados de junho, será feita uma avaliação para
que o sistema também seja utilizado para a área de importação. AEROPORTOS BRASIL VIRACOPOS/DIVULGAÇÃO
INICIATIVA Projeto em Viracopos visa reduzir a burocracia
LOCAR/DIVULGAÇÃO
Balsa de dutos é batizada A Locar Pipe, primeira balsa de lançamento de dutos brasileira, foi batizada no Rio de Janeiro (RJ). Com um investimento de R$ 140 milhões, a embarcação vai servir ao mercado de óleo e gás. De acordo com a fabricante Locar, o primeiro contrato de uso da balsa já está sendo negociado para 2014. A Locar Pipe tem índice
de nacionalização de 70%. Todo o equipamento de lançamento de dutos é italiano e é capaz de lançar dutos de 6 a 34 polegadas, com solda 100% automatizada. A embarcação conta com um heliponto, guindaste de 400 toneladas e flotel (hotel flutuante) para até 150 pessoas.
DUTOS Embarcação recebeu recursos de R$ 140 milhões
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OPERAÇÕES FISCAIS
MDF-e passa a ser obrigatório em janeiro odas as empresas de cargas dos modais aéreo e ferroviário e 278 empresas de grande porte que operam no transporte rodoviário estão obrigadas, a partir de 2 de janeiro de 2014, a emitirem o MDF-e (Manifesto Eletrônico de Documentos Fiscais). O documento deve ser emitido por empresas prestadoras de serviço de transporte para operações com mais de um CT-e (Conhecimento Eletrônico de Transporte), ou pelas demais empresas, quando o serviço for feito em veículos próprios, arrendados ou contratados de transportador autônomo de cargas com mais de uma nota fiscal. As demais prestadoras de serviços rodoviários, exceto as optantes pelo Simples Nacional, e as empresas do modal aquaviário ficam obrigadas a emitir o documento eletrônico a partir de 1º de julho. Os contribuintes que optaram pelo Simples Nacional devem emitir o MDF-e a partir de 1º de outubro de 2014. De acordo com Eudaldo Almeida de Jesus, coordenador geral do Encat (Encontro Nacional de Coordenadores e Administradores Tributários Estaduais), órgão responsável pela criação do documento eletrônico, a finalidade do manifesto é agilizar os trâmites burocráticos para o despacho das cargas. “O manifesto eletrônico vem para reduzir os custos das transportadoras e da fiscalização, além de melhorar a logística de uma forma geral.”
T
No documento, devem constar as informações do veículo, do condutor, a previsão de itinerário, o valor e o peso da carga e os documentos fiscais. O manifesto será assinado eletronicamente e transmitido pela internet. Entre as vantagens que o manifesto eletrônico traz para os transportadores estão a redução de custos de impressão do documento fiscal, de armazenagem de documentos e de tempo de parada em Postos Fiscais de Fronteira. Para o fisco, aumenta a confiabilidade da fiscalização do transporte de cargas, melhora os processos de controle fiscal e diminui a sonegação de impostos.
Para Gildete Menezes, assessora jurídica da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística), embora a implantação do documento eletrônico seja trabalhosa para as empresas, o setor acredita que a obrigatoriedade trará mais agilidade ao transporte. “O manifesto eletrônico foi criado justamente com esse propósito, e a nossa expectativa é que esses efeitos sejam sentidos em breve.” Segundo Jesus, do Encat, o manifesto também vai permitir a implantação do Brasil-ID, um projeto, ainda em fase de testes, de fiscalização dos cami-
nhões e das mercadorias por meio de pequenos chips instalados nos veículos. Ao passar pelos postos fiscais, os caminhões serão identificados pelo chip e as informações do veículo e da carga estarão disponíveis nos computadores. O projeto piloto já instalou 13 antenas nos Estados do Amazonas, Bahia, Ceará, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo, Sergipe, Rio Grande do Norte, Maranhão, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Pernambuco e Paraná. De acordo com Jesus, o sistema ainda não tem prazos definidos para a implantação definitiva no país. (Livia Cerezoli) VOLVO/DIVULGAÇÃO
RAPIDEZ Documento eletrônico vai agilizar o desembaraço das cargas
RODRIGO LEAL/APPA/DIVULGAÇÃO
REPORTAGEM DE CAPA
60 anos pelo tra A CNT (Confederação Nacional do Transporte) completa seis décadas em janeiro criação do Sest Senat, o desenvolvimento de importantes pesquisas e a maior
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Ata de fundação O Brasil tinha necessidade de uma entidade da natureza da que se fundava. País de vasta extensão territorial até hoje, ou melhor, até ontem, se vira privado de um organismo que reunisse os transportes rodoviários, cujos serviços que vêm sendo prestados à Nação têm sido os mais relevantes, cobrindo as lacunas de outras atividades econômicas e propiciando a movimentação da riqueza em bases econômicas
POR
CYNTHIA CASTRO E KATIANE RIBEIRO
trecho acima consta na ata de fundação da CNTT (Confederação Nacional dos Transportes Terrestres), criada em janeiro de 1954 por um grupo de transportadores rodoviários de carga e autônomos que se reuniram no Rio de Janeiro. Naquela época, há 60 anos, o grupo indicava a necessidade de organizar um se-
O
tor tão essencial para o desenvolvimento do país e para a qualidade de vida da população. Em 1990, a CNTT passou a se chamar CNT (Confederação Nacional do Transporte), ganhou novo estatuto e começou a desempenhar um papel muito mais amplo, voltado para a promoção da multimodalidade e para o fortalecimento do setor.
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Rio de Janeiro, 1954
JÚLIO FERNANDES/AGÊNCIA FULL TIME
NTU/DIVULGAÇÃO
MRS/DIVULGASÇÃO
nsporte de 2014. Entre as conquistas, estão a representatividade do setor transportador CNT/DIVULGAÇÃO
METRÔ RIO/ANPTRILHOS
SCANIA/DIVULGAÇÃO
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CNT TRANSPORTE ATUAL
JANEIRO 2014
INÍCIO DA CONFEDERAÇÃO 12.1.1954 • Representantes de federações de transportes rodoviários e de condutores autônomos reuniram-se no Rio de Janeiro para fundar a CNTT (Confederação Nacional dos Transportes Terrestres) • O objetivo era criar uma entidade máxima do setor transportador 28.1.1954 • O decreto 34.986 reconhece a Confederação Nacional dos Transportes Terrestres, entidade sindical de grau superior, com sede e foro na capital da República (na época, o Rio de Janeiro), e área de atuação em todo o território brasileiro
ATA DE FUNDAÇÃO “Se até hoje o nosso parque rodoviário tinha crescido tanto, isso se devia à coragem de bons brasileiros, que com a sua iniciativa particular, sem contar com qualquer apoio governamental, já que leis específicas para as suas atividades inexistem, com a criação da Confederação, só podia ver dias melhores com um maior desenvolvimento, e também a solução de todos os nossos problemas de comunicação, já que em grande parte os mesmos dependiam de um órgão capaz de centralizar toda essa força econômica, em prol de um Brasil melhor” “Se os presentes que representavam tão poderosa força tinham tido capacidade de realizar tão nobre missão sem que nada os amparasse, esperava que os seus futuros companheiros de entidade, com essa mesma capacidade realizadora, a transportassem para a Confederação, para tornar a entidade tão grande como o Brasil”
CNT TRANSPORTE ATUAL
JANEIRO 2014
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FOTOS ARQUIVO CNT
Biblioteca guarda parte da história do setor
Auditório com espaço para mais de 200 pessoas
ESTRUTURA Edifício da CNT, em Brasília, onde se reúnem representantes de todos os modais de transporte
Em todas essas décadas, a Confederação consolidou sua atuação e, hoje, realiza um trabalho imprescindível na área de cargas e de passageiros, apresentando soluções para os transportadores, para a sociedade e para o governo em relação a situações que envolvam todos os modais – rodoviário, ferroviário, aéreo e aquaviário (transporte marítimo de longo curso, cabotagem e navegação interior). Nesta reportagem, a CNT Transporte Atual ouviu pessoas que fa-
zem parte dessa história. Elas falaram sobre a importância da Confederação e de suas principais conquistas. Uma das mais importantes vitórias relatadas foi a criação do Sest Senat (Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte), em 1993, já na gestão do atual presidente da CNT, senador Clésio Andrade, que também preside o Sest Senat. Na ocasião, Clésio Andrade mencionou que a história registraria que “a criação do Sest e do Senat represen-
tou um gesto de coragem da classe transportadora, que lutou para assumir suas responsabilidades no campo da assistência social e da formação profissional de seus trabalhadores.” Entre as prerrogativas de atuação da CNT, já estava previsto o aperfeiçoamento da formação de mão de obra e assistência social para os integrantes das categorias representadas. E as unidades do Sest Senat espalhadas por todo o país, que somam mais de 140, estão cumprindo esse papel. Até a criação
Sala de reuniões e de coletivas
do Sest Senat, as contribuições compulsórias do setor eram feitas para a indústria. E essa mudança foi uma das mais relevantes conquistas. O vice-presidente de Transporte de Cargas da CNT, Newton Gibson, considera que a criação do Sest Senat é um dos grandes marcos da história do transporte no Brasil. “Essa foi uma importante conquista do trabalhador. Uma luta que teve à frente a determinação do presidente Clésio Andrade. Na estrutura anterior, com a con-
CNT
Confira alguns momentos e trabalhos importantes desenvolvidos pela Confederação Nacional do Transporte 1990
1991
A Confederação Nacional dos Transportes Terrestres passou a denominar-se CNT (Confederação Nacional do Transporte)
Inaugurada a sede da CNT no edifício Camilo Cola, em Brasília
Instituído o regulamento da medalha da Ordem do Mérito do Transporte Brasileiro, a Medalha JK, que homenageia lideranças políticas, empresariais e sindicais. Tem como patrono Juscelino Kubitschek
Medalha JK 2004 1994
1995
É criado o Prêmio CNT de Jornalismo, um estímulo à produção de reportagens sobre a realidade do transporte brasileiro
tribuição sendo recolhida pela indústria, o transporte não tinha a atenção que merecia, sempre ficava em segundo plano. Os cursos profissionalizantes e os atendimentos do Sest Senat são de extrema importância para a qualidade de vida dos trabalhadores do setor e
para promover a melhor formação profissional.” O consultor Geraldo Vianna, que atua há muitos anos no setor de transporte, é diretor da CNT e já foi vice-presidente executivo da entidade, também cita a criação do Sest Senat. Ele comenta que, a partir daquele momento, a
Começa a ser publicada a Revista CNT Transporte Atual, um canal de comunicação que reúne os principais assuntos de interesse de todos os modais. Já são mais de 200 edições
CNT se fortaleceu como entidade representativa do setor. “A criação do Sest Senat marcou definitivamente a transformação da CNT naquilo que ela é hoje.” Ele também enfatiza que a CNT consolidou o seu papel de inserir o transportador nos mais importantes debates na-
Realizada a primeira Pesquisa CNT de Rodovias, que avalia as condições da infraestrutura rodoviária do país. O estudo é uma referência na área de transporte e ja tem 17 edições
cionais, de lutar pela melhoria da infraestrutura do país e também de fortalecer cada vez mais o setor de transporte e os seus trabalhadores. “A CNT se tornou uma marca muito forte. É uma referência para todos nós. Passamos a ser foro de repercussão de as-
1993
A lei nº 8.706 cria o Sest Senat (Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte)
Clésio Andrade assume a presidência da Confederação Nacional do Transporte
1996
Primeira pesquisa CNT de opinião. Hoje, a Pesquisa CNT/MDA avalia questões políticas, do transporte e outros temas da atualidade
O Prêmio CNT de Produção Acadêmica destaca os dez melhores trabalhos acadêmicos inscritos no Congresso Nacional de Ensino e Pesquisa em Transportes, promovido anualmente pela Anpet (Associação Nacional de Ensino e Pesquisa em Transportes)
Criação da FuMTran (Fundação Memória do Transporte) - uma organização que tem como objetivo preservar a memória e a cultura do transporte brasileiro. Em 2001, a FuMTran passou a se chamar Fundação Museu do Transporte 116ª CNT/MDA (setembro de 2013)
suntos que não interessam somente ao setor, mas têm interesse nacional.” Vianna citou também a importância da instituição da Medalha JK para incentivar as boas iniciativas entre os representantes do setor. “Juscelino Kubitschek foi escolhido como
patrono porque ele é uma referência de governo bem-sucedido, com otimismo, preocupação com o desenvolvimento e com a infraestrutura”, diz Pesquisas Além de fortalecer a imagem do setor e de representar ativa-
Fontes: Cedoc, sites da CNT e outras
mente os seus confederados, a existência da CNT tem contribuído positivamente para as melhorias no transporte, com a elaboração de pesquisas e com o estímulo ao desenvolvimento sustentável. Um dos estudos mais importantes é a Pesquisa CNT de Rodovias, que, neste ano, chegou
à 17ª edição. O primeiro levantamento foi realizado em 1995 e, atualmente, toda a malha federal pavimentada e os principais trechos estaduais são avaliados. O presidente da seção de Transporte de Cargas da CNT, Flávio Benatti, também destacou o desenvolvimento das
CNT
Confira alguns momentos e trabalhos importantes desenvolvidos pela Confederação Nacional do Transporte 2006
2007
Pesquisa CNT de Ferrovias é realizada pela primeira vez e traz um panorama das condições da malha, dos investimentos e da modernização do transporte ferroviário brasileiro
Lançado o primeiro Plano CNT de Transporte e Logística. O estudo indica as obras prioritárias de infraestrutura de transporte em todo o Brasil e aponta também o valor dos investimentos que devem ser feitos por modal. Já foram feitas quatro edições
Lançado o Despoluir – Programa Ambiental do Transporte, que tem como um dos focos principais a redução da emissão de poluentes por ônibus e caminhões. O programa também incentiva a promoção da eficiência energética, entre outras ações
Pesquisa Aquaviária teve o objetivo de quantificar e qualificar os elementos que retratam o estágio de desenvolvimento da navegação no Brasil
2010
2012
Realização do primeiro Seminário Internacional sobre Reciclagem de Veículos e Renovação de Frota. Em 2012, foi realizado o segundo
Pesquisa CNT do Transporte Marítimo analisa o sistema portuário brasileiro, identifica as principais mudanças, avalia o nível de satisfação dos agentes marítimos, entre outros assuntos
pesquisas e a criação do Sest Senat como dois fatos marcantes da história da Confederação. “São trabalhos fantásticos já consolidados. Além da Pesquisa de Rodovias, há a de Ferrovias, a de Navegação Interior, o Plano CNT de Transporte e Logística”, diz Benatti.
Ele afirma também que foi a partir da criação do Sest Senat que a CNT passou a ter independência e maior importância no cenário nacional. “E destaco aqui o papel do presidente Clésio Andrade, que foi o grande articulador para que o setor pudesse se desvincu-
Lançada a Pesquisa CNT da Navegação Interior, que analisa o sistema hidroviário brasileiro, identifica os principais entraves e aponta soluções
lar da arrecadação que era feita pela indústria. A criação de um sistema de formação profissional e de assistência social para o trabalhador em transporte foi realmente muito importante para o setor”, considera Flávio Benatti. Os trabalhos técnicos de-
senvolvidos pela CNT são referência, não somente para o transportador, mas para a sociedade, para a área acadêmica e para o governo, em todos os níveis. Essas pesquisas, que englobam os diferentes modais, contribuem para o melhor planejamento das em-
2009
CNT ganha sede nova, um edifício de 14 andares, em Brasília, que passa a abrigar entidades de diferentes modais
Elaboração do RenovAr (Plano Nacional de Renovação de Frota de Caminhões), que propõe melhorias de acesso ao crédito por parte dos caminhoneiros autônomos e também a instalação de centros de reciclagem de veículos no Brasil RICARDO NOGUEIRA/FUTURA PRESS
2008
representam o transporte nos Estados e regiões.
2013
O programa Despoluir atinge a marca de 1 milhão de aferições de emissão em ônibus e caminhões
Pesquisa CNT do Transporte Aquaviário – Cabotagem mensura a importância econômica da cabotagem no Brasil, identifica os principais gargalos e as ações para mitigar os problemas
Fontes: Cedoc, sites da CNT e outras
presas de transporte e para que o próprio governo possa se orientar sobre a necessidade de fazer investimentos em infraestrutura. A CNT também se estruturou para conhecer o pensamento da sociedade sobre temas relevantes e realiza, há
vários anos, uma pesquisa de opinião sobre assuntos políticos e econômicos, entre outras questões da atualidade. Com a Pesquisa CNT/MDA, é possível identificar qual a percepção da população em relação ao desempenho do governo federal e a temas es-
pecíficos que estejam em foco no momento. Há ainda uma atuação forte da Confederação na área institucional, com um trabalho direcionado a fortalecer o setor com as diferentes esferas – Executivo, Legislativo, e Judiciário – e com as entidades que
Passageiros Trabalhar pela melhoria do transporte de passageiros também é uma das missões da Confederação. O presidente executivo da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), Otávio Cunha, destaca a importância da entidade e parabeniza a CNT e todos aqueles que atuam diariamente em prol do crescimento do transporte no Brasil. “Há 60 anos, a CNT trabalha em defesa dos interesses do setor e da sociedade, mediando, em especial, questões relacionadas ao desenvolvimento do transporte urbano de passageiros. Isso mostra a importância da entidade como uma das mais atuantes representantes do segmento”, diz Otávio Cunha. A CNT também tem forte atuação no transporte rodoviário de passageiros. Segundo o diretor geral da Viação Águia Branca, Renan Chieppe, "a representação de todo o setor de transporte só pode ser feita por uma entidade dessa envergadura e que atue de forma séria em favor desse Brasil tão grande e diverso". Desoneração Uma vitória recente da CNT foi a desoneração da folha de paga-
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CNT TRANSPORTE ATUAL
JANEIRO 2014
SEST SENAT/DIVULGAÇÃO
SEST SENAT São mais de 140 unidades que atendem trabalhadores do transporte em todas as regiões do país
mento, que começa a valer neste ano de 2014 e contribuirá para reduzir os gastos das empresas de transporte. A CNT também conseguiu estar à frente de uma articulação importante para que seja instituído no Brasil um Programa Nacional de Renovação de Frota. No fim do ano passado, foi entregue ao governo federal uma proposta criada por dez entidades ligadas ao transporte, à indústria automotiva, à indústria de aço e de peças para se implantar no Brasil um programa que permita ao caminhoneiro autônomo ter acesso mais facilitado ao crédito. Assim, ele terá condições de adquirir um caminhão mais novo e, simultaneamente, deve ser implantada no Brasil uma rede que viabilize a destruição dos caminhões velhos e a reciclagem da sucata.
A base para a elaboração da proposta entregue ao governo federal foi o RenovAr (Plano Nacional de Renovação de Frota), desenvolvido pela CNT em 2009. Agora, o governo federal se comprometeu em analisar a proposta. “Essa é uma necessidade urgente sob os aspectos social, ambiental e econômico”, afirma o senador Clésio Andrade. Meio ambiente Levar uma agenda ambiental para dentro das empresas de transporte, tanto na área de cargas como na área de passageiros, também tem sido um trabalho de destaque. Essa proposta de renovação de frota foi pensada no âmbito do Despoluir – Programa Ambiental do Transporte, que tem mudado a
mentalidade no setor. No segundo semestre do ano passado, por exemplo, o Despoluir alcançou a expressiva marca de mais de 1 milhão de aferições de emissão de caminhões e de ônibus, o que contribui para reduzir a poluição e para introduzir nas empresas uma maior consciência ambiental. E, ao longo da história da CNT, muitos representantes da Confederação consideram que a partir do momento em que os trabalhos foram sendo estruturados e que as pesquisas foram sendo feitas, o governo também começou a pensar em se preparar para tentar dar uma resposta às reivindicações. Na área de comunicação, além da Revista CNT Transporte Atual (que já passou de 200
edições) e da Agência CNT de Notícias (que divulga diariamente informações de interesse do setor), o Prêmio CNT de Jornalismo é uma importante iniciativa. Essa premiação anual estimula a mídia de todo o Brasil a produzir reportagens que contribuem para o crescimento do setor. O vice-presidente da CNT para Transportadores Autônomos, de Pessoas e de Bens, José Fioravanti, conclui que a CNT tem representado muito bem o setor de transporte em todos esses anos. “Fico muito feliz de poder participar do trabalho tão importante dessa Confederação. As pesquisas, os seminários, os assuntos que a CNT defende e todas as outras iniciativas têm sido essenciais para o fortalecimento do setor de transporte.”
ENTREVISTA DO SENADOR CLÉSIO ANDRADE, PRESIDENTE DA CNT E DO SEST SENAT
“O setor está mais forte” O presidente da CNT e do Sest Senat, senador Clésio Andrade, afirma que com a consolidação do trabalho da Confederação Nacional do Transporte, o setor transportador está mais forte, com maior representatividade e mais reconhecimento. De acordo com Clésio Andrade, a Confederação continuará lutando para que os investimentos aconteçam e para que seja dada a importância devida a um setor tão imprescindível para o crescimento da economia do país. A CNT também continuará desenvolvendo as pesquisas técnicas, que já se tornaram uma referência pela profundidade e qualidade. O que mudou no setor de transporte com a consolidação da CNT? O setor ganhou representatividade, passou a ter mais peso. A Confederação tem conseguido trabalhar para que ocorra uma visão sistêmica do transporte, dando a devida importância para todos os modais. O setor está mais forte agora. Governo e sociedade começaram a valorizar mais o trabalho do transportador. Passaram a entender melhor o papel relevante do setor. A CNT sempre defendeu a necessidade de se aumentar os investimentos em infraestrutura de transporte. E hoje percebemos esse entendimento, por parte do governo, de que é preciso investir mais. Mas, embora
haja esse reconhecimento, o governo tem uma dificuldade gerencial. Não consegue investir o recurso que tem disponível. E vamos continuar lutando para que os investimentos aconteçam e para que os outros problemas do transporte sejam solucionados. A CNT também tem trabalhado para incentivar a modernização e o aprimoramento gerencial das empresas de transporte de cargas e de passageiros, buscando divulgar novos conhecimentos e novas tecnologias aplicadas ao setor. E qual o papel do Sest Senat nesse fortalecimento do setor? O Sest Senat é uma conquista de todo o setor de transporte. Trabalhamos muito para que esse sonho do setor transportador acontecesse. E, em todos esses anos, o Sest Senat tem desempenhado um papel fundamental na capacitação e qualificação do profissional em transporte. Também tem cumprido a missão importantíssima de melhorar a qualidade de vida desses profissionais. Os estudos técnicos são uma prioridade do trabalho da CNT? Essa tem sido sim uma prioridade do trabalho da Confederação. Além do fortalecimento político e institucional do transporte, o setor precisa de dados técnicos para poder es-
timular o seu desenvolvimento. De forma geral, há uma carência de informações nessa área no país. As diversas pesquisas que a CNT realiza periodicamente, há vários anos, têm como objetivos formar esse banco de dados e ser uma referência para o transportador, para o meio acadêmico, para o governo e para a sociedade em geral. Por isso, realizamos trabalhos em todas as áreas – rodovias, ferrovias, cabotagem e navegação interior. Tem também o Plano CNT de Transporte e Logística, que indica quais são as obras prioritárias e os investimentos necessários em todo o país, além de outros estudos que são referência. A área ambiental tem sido uma preocupação constante da CNT? É importante pensar no desenvolvimento sustentável em qualquer atividade que você esteja exercendo. E o setor de transporte tem demonstrado sua responsabilidade ambiental. Essa preocupação é antiga e, em 2007, lançamos o Despoluir – Programa Ambiental do Transporte. Entre os projetos dessa iniciativa, temos o de Redução
da Emissão de Poluentes pelos Veículos, que já realizou mais de 1 milhão de aferições em caminhões e ônibus. Esse projeto contribui para reduzir a emissão de poluentes e também diminui o gasto com combustível. Como será a atuação da Confederação nos próximos anos? Vamos continuar trabalhando para fortalecer o setor para que os investimentos em infraestrutura aconteçam de fato. Estaremos ampliando e aprimorando nossas ações para fortalecer ainda mais a CNT junto às esferas legislativa, executiva e jurídica. Também continuaremos desenvolvendo nossos estudos técnicos. O volume de carga transportada deve crescer nos próximos anos e também está aumentando a demanda pelo transporte de passageiros. Vamos acompanhar as ações que têm sido feitas pelo governo e trabalhar para que a infraestrutura receba a atenção necessária. Também devemos ampliar os temas de nossos estudos e continuar realizando seminários e debates importantes sobre assuntos relevantes para o transporte.
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CNT TRANSPORTE ATUAL
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IMAGENS AÉREAS/CODESP/DIVULGAÇÃO
DESENVOLVIMENTO
Mais integração dos modais Trabalhar para que o Brasil enxergue o transporte com uma visão sistêmica, dando a devida importância para todos os modais, tem sido uma prioridade da CNT. O presidente da seção de Transportadores Autônomos, de Pessoas e de Bens, José da Fonseca Lopes, destaca que o trabalho da Confederação é essencial para valorizar os diferentes profissionais e setores da área de transporte. “A CNT é uma entidade essencial para unir todos os segmentos, trabalhando sempre para fortalecer a situação do caminhoneiro autônomo, do taxista, da aviação, do aquaviário, do ferroviário e do transporte rodoviário de forma geral”, diz José da Fonseca. Na opinião do presidente executivo da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), Rodrigo Vilaça, nesses 60 anos de atuação, a CNT fortaleceu as ações sobre a necessidade de uma visão sistêmica do transporte, que deve ser moderno, ambientalmente correto, seguro e rentável. Segundo Vilaça, nos próximos anos, a CNT tem o grande desafio de trabalhar para que o setor possa estar sempre atualizado e consiga obter os investimentos necessários para que o Brasil tenha o sistema logístico do
qual precisa. “Nesse sentido, a Confederação e seus confederados têm um papel extremamente importante, no sentido de contribuir para que o país possa se tornar uma grande potência. O setor de transporte precisa estar cada vez mais fortalecido”, diz Vilaça, que também é presidente da seção de Transporte Ferroviário da CNT. O vice-presidente para Transporte Aquaviário, Ferroviário e Aéreo da CNT, Meton Soares, também destacou a importância da Confederação para articular o trabalho integrado dos diferentes modais. Ele enfatizou que não existe um modal que possa se julgar totalmente independente. Para que a logística do país funcione da melhor forma, todos precisam estar integrados. “E essa integração precisa ser feita por meio de uma unidade, colocando todos os sistemas juntos, para discutir os problemas e pensar nas soluções. A CNT tem esse papel de favorecer a integração dos trabalhos, de unir as lideranças. Temos sempre que pensar que um país só vai ser grande de verdade no momento em que tiver o transporte eficiente de toda sua economia. E, para isso, são necessários todos os modais”, afirma Meton Soares. A Abear (Associação Bra-
MULTIMODALIDADE Transporte precisa ser integrado
sileira das Empresas Aéreas) se associou à CNT há pouco mais de um ano. De acordo com o presidente da entidade, Eduardo Sanovicz, o principal ganho até agora tem sido poder participar intensamente do debate sobre o planejamento do setor de transporte no país e das discussões pela integração de todos os modais. “Por meio da CNT, estamos projetando para breve também nossa contribuição para ampliar a oferta de cursos e aumentar a qualificação dos profissionais que atuam nessa área no Brasil”, diz Sanovicz.
Em 2007, a Confederação Nacional do Transporte ganhou sede nova – um edifício de 14 andares, em Brasília (DF), com auditório, salas especiais de reunião, biblioteca e outros espaços. Na avaliação de Newton Gibson, vice-presidente para Transporte de Cargas, essa sede tem possibilitado a maior aproximação dos modais e permitiu a ampliação do trabalho da CNT, pois no edifício são realizados seminários, reuniões e outros eventos sobre temas importantes e atuais do setor. l
AVIAÇÃO
POR LETICIA
SIMÕES
ampliação da malha aérea regional aliada ao aumento da demanda interna vem aquecendo o mercado de turboélices no Brasil. A previsão do setor é que até 2015 o país se torne o maior operador desse tipo de aeronave. Atualmente, pouco mais de 80 turboélices estão em operação, número que será acrescido de mais 56 dentro de dois anos. Azul, Trip, Passaredo e Brava são algumas companhias que investem na renovação de frota, com vistas às rotas de curto alcance. O setor aposta que as novas encomendas devem colocar o Brasil à frente de mercados como Estados Unidos e Índia no que diz respeito à operação de turboélices. A ATR, empresa do grupo Eads, proprietário da Airbus, é a principal fabricante de turboélices do mundo. A companhia confirma o aumento da utilização desse tipo de aeronave no Brasil. Segundo Filippo Bagnato, gerente-executivo da empresa, os modelos turboélices são ideais
A
Mercado e
Ampliação das rotas de curto alcance no Brasil faz
para o mercado regional, uma vez que possuem baixos custos de operação e apresentam capacidade de operar e pousar em pequenos aeródromos com pistas curtas. “Aeronaves com capacidade para até 90 passageiros se tornaram o avião mais popular do Brasil. Os mais de 80 ATRs voando no país representam um
número quatro vezes maior quando comparado a 2006.” Bagnato ratifica que até 2015 haverá mais de 100 ATRs voando no Brasil. “O país certamente vai continuar sendo um dos maiores mercados em todo o mundo, com a maior utilização de turboélices. O mercado nacional tem todas as condições de se posicionar à
frente dos negócios norte-americano e indiano.” Ele diz ainda que 20% das aeronaves ATR são comercializadas para empresas de leasing. “Muitas delas estão sendo operadas por companhias aéreas brasileiras.” De acordo com o executivo, nos últimos anos, Brasil, Indonésia e Rússia, além do sudeste asiático,
FOTOS ATR/DIVULGAÇÃO
m ascensão
crescer o interesse na aquisição de turboélices têm movimentado o segmento de turboélices. “A conectividade regional está sendo desenvolvida de maneira muito contundente nesses países. Somado a isso, existe a crescente demanda de empresas de arrendamento mercantil. Hoje, os modelos ATR são operados por mais de 180 companhias aéreas em mais de 90 países.”
Respício Espírito Santo, professor de transporte aéreo da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), é mais cauteloso ao avaliar a expectativa de crescimento para a operação de turboélices no Brasil. Segundo ele, o mercado regional norte-americano é muito maior que o mercado regional brasileiro, tanto em número de
passageiros como em localidades servidas. “Existem dezenas de pequenas empresas nos EUA que operam turboélices de pequeno porte, como Cessna Caravans e Havilland Twin-Otters, por exemplo. Há também companhias de médio porte como Colgan Air, Mesa e SkyWest, além das maiores como Alaska Airlines e American
Eagle, que operam turboélices de grande porte. Considerando as frotas de todas essas companhias, fica difícil acreditar que as encomendas brasileiras ultrapassem a frota norte-americana.” Apesar de não acreditar que o Brasil supere os Estados Unidos em número de turboélices em operação, ele destaca que o mercado brasileiro vem apresentando crescimento ao longo dos anos. “A Trip atuou por vários anos como monopolista em dezenas de ligações do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste e isso fez a companhia ganhar mercado e musculatura, levando-a a ampliar a frota. Além disso, a mudança do modelo de negócios da Azul, que não pensava em operar turboélices em seu plano de negócios original, e a sua fusão com a Trip fortaleceram esse mercado.” A fusão entre Azul e Trip está praticamente concluída, segundo a assessoria de comunicação da companhia. A empresa aguarda pela unificação dos COAs (Certificado de Operador Aeronáutico). As aeronaves da frota estão sendo gradualmente repintadas com
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CNT TRANSPORTE ATUAL
JANEIRO 2014
SAIBA MAIS Características dos turboélices • Propulsão: motor a jato, que aciona uma hélice (90% pela hélice e 10% pelos gases de escapamento) • Capacidade: até 90 lugares • Consumo: 50% menor se comparado aos jatos equivalentes • Autonomia: ideal para distâncias de até 400 km percorridos, Pode ser operada em aeroportos de pistas com menos de 1.500 metros, comuns nos aeroportos do interior do país
MERCADO Pedidos de turboélices significaram 70% das vendas de aviões até 90 lugares nos últimos três anos
a nova marca da empresa. Os aviões novos já saem de fábrica com o novo layout. Bagnato, da ATR, diz que as encomendas de turboélices representaram 70% das vendas de aeronaves regionais sub 90 assentos, em todo o mundo, nos últimos três anos. O volume está bem acima das vendas de jatos regionais, segundo o executivo. Uma das principais vantagens dos turboélices está ligada ao consumo de combustível. Aeronaves do tipo queimam até 50% menos
querosene quando comparadas a jatos de porte equivalente. “Devido ao seu tamanho (50, 70 ou 90 lugares), esses aviões oferecem rápido embarque e desembarque, otimizando os tempos de rotação de cada voo”, afirma Bagnato. O professor Respício Espírito Santo afirma que, para voos de até 400 quilômetros, os turboélices são bastante competitivos. “Essa distância é tida como a máxima em termos de eficiência para essas aeronaves. Até essa extensão, o custo operacional do turboélice é significativamen-
te menor que o dos jatos. Quanto menor a distância, menores são os custos operacionais dos turboélices, se comparados aos jatos.” Azul/Trip e Passaredo devem receber, em breve, o modelo ATR72-600s, cujo principal concorrente é o Q-400 da De Havilland Canada, de propriedade da Bombardier Aerospace. O modelo da ATR é equipado com assentos mais finos, oferecendo mais espaço para as pernas e maior capacidade de armazenamento.
A Azul/Trip, por meio da assessoria de comunicação, afirma que a companhia é o maior operador de turboélices ATR do mundo. A empresa vai receber os novos ATR72600, com capacidade para 70 passageiros, ao longo dos próximos anos. Hoje, a empresa serve a 87 cidades com sua frota de turboélices. A companhia, que também conta com jatos, opera três modelos turboélices com capacidade de até 48 assentos (ATR42500) e para até 70 passageiros (ATR 72-500 e 72-600). A assesso-
CNT TRANSPORTE ATUAL
COMPARAÇÃO Aviões consomem até 50% menos querosene do que jatos de porte semelhante
ria não forneceu detalhes dos planos, mas confirma que o investimento em novos turboélices vai possibilitar a ampliação do número de voos e de destinos. A companhia afirma ainda que, havendo demanda e infraestrutura nos aeródromos, pode vir a atuar em novas cidades. Os destinos mais recentes atendidos com turboélices pela empresa são Araraquara (SP) e Três Lagoas (MS). Esse último já tem passagens disponibilizadas para venda e a pre-
visão para o início das viagens é a partir de 2014. De acordo com a Azul/Trip, os turboélices apresentam o melhor custo benefício para atender cidades de menor densidade, com quantidade certa de assentos, segurança e conforto aos passageiros. Conforme a assessoria, essas aeronaves ligam as cidades menores às capitais e aos hubs (centro de distribuição de voos) da empresa, evitando que os clientes gastem horas nas es-
tradas rumo às metrópoles de cada Estado. A Brava Linhas Aéreas, empresa que pertencia à holding JMT de Santa Maria (RS), vendida ao Grupo Acauã em 2012, opera voos regionais em 11 cidades dos três Estados da região Sul do Brasil, com conexão a outras capitais brasileiras. Operando dois turboélices Let 410 UVP E-20, com capacidade para 19 passageiros, a companhia está investindo em novas aeronaves. A Brava vai incorporar à frota quatro turboélices Embraer
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120 Brasília, que transporta até 30 passageiros. As aeronaves, que estão sendo adquiridas de companhias do exterior, devem ser entregues até o final de 2014. A Embraer não fabrica mais o modelo. O presidente da Brava, Jorge Barouki, afirma que tripulantes e pilotos já estão sendo treinados para operar os turboélices. “O mercado vai apontar a necessidade de novas rotas, mas, tudo indica que a companhia vai atender outros destinos.” Para a Azul/Trip, as perspectivas de crescimento do uso de turboélices no Brasil são promissoras, uma vez que novos aeroportos regionais estão sendo cogitados. Barouki, da Brava, diz que apesar de a aviação passar por um momento difícil com a alta do dólar e do elevado preço do querosene, o modal tem uma agenda positiva. “As empresas despertaram para a aviação regional. A quantidade de passageiros aumentou e existe uma mobilização das autoridades para atender melhor os aeroportos menores.” Dos 63 aeroportos administrados pela Infraero, 32 estão no interior do país. Outros terminais que servem à aviação regional são geridos pelos municípios ou pelos Estados. A Infraero não possui dados específicos da movimentação de passageiros da aviação regional. l
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AQUAVIÁRIO
Longo caminho a percorrer Cabotagem cresce no país, mas ainda requer uma série de melhorias POR
pesar de serem várias as vantagens, muitas delas visíveis, a cabotagem ainda tem um longo caminho para avançar no Brasil. Transportadores do setor revelam crescimento ano após ano, mas é preciso pensar a integração dos modais existentes e muito mais. Nesse sentido, eles ressaltam que não é preciso disputar com o modal rodoviário, principal meio de transporte brasileiro de car-
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ANA RITA GONDIM
gas, mas incumbi-lo da movimentação em curtas distâncias e deixar os longos percursos para as embarcações de cabotagem. As discussões ocorreram no primeiro evento sul-americano sobre o assunto, ”A Hora da Cabotagem”, realizado em São Paulo, nos dias 26 e 27 de novembro. Segundo o diretor da revista “Guia Marítimo” e idealizador da conferência, Martin von Simson, o setor vem crescendo bastante, mas vários entraves, há dé-
cadas, permanecem, como infraestrutura, licenças ambientais, entre outros (exceto a privatização dos portos). Para reverter esse quadro, ele diz que não são necessários investimentos vultosos, mas vontade. “Temos falado de tudo que estamos precisando, porém, seria possível quadruplicar a atuação da cabotagem sem necessariamente ter uma nova infraestrutura, mas com inovação e eficiência”, explica. E acrescenta: “Está tudo aí. O que falta real-
mente é vontade, trabalho conjunto, discussão de como fazer esse setor fluir”. Especialistas foram unânimes ao enfatizar, por exemplo, a necessidade de se integrar os modais existentes de forma que cada um cumpra melhor o seu papel. Dessa forma, os custos e o tempo serão reduzidos, e a sustentabilidade será promovida. Uma questão que contribui para essa intermodalidade, segundo o diretor comercial da Log-In Mercosul, Fábio Siccherino, é o con-
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Porto de Santos (SP)
têiner. É ele que facilita o transporte de carga por diversos meios de transporte. “Hoje, o contêiner está preparado para receber quase todos os produtos. A restrição não existe mais”, afirma. Assim, muito do que atualmente é transportado em rodovias por longas distâncias poderia ser feito por meio aquático. Conforme Siccherino, em 2011, dos R$ 15 bilhões investidos em transporte, R$ 11 bilhões foram para o modal rodoviário, que hoje tem 60% das suas ro-
dovias inadequadas. Com relação a acidentes ocorridos nas rodovias, são gastos mais R$ 22 bilhões, 1,2% do PIB (Produto Interno Brasileiro). “Se a gente pensa uma logística sustentável, não dá para colocar todas as fichas no rodoviário. A gente precisa mudar essa matriz de transporte no Brasil”, conclui. Além disso, ele afirma que a Lei do Motorista, apesar de proteger os condutores, causa impactos e vai aumentar custos. Outro fator que dificulta o
crescimento da cabotagem no país, segundo o diretor da LogIn, é o combustível. No caso do modal rodoviário, que é o diesel, ele recebe diversos subsídios do governo, diferentemente do que ocorre com o bunker, combustível das embarcações. Além de não ter subsídios, o bunker tem fornecedor único, não dá prazo para pagamento, entre outras dificuldades. De acordo com o diretor da Log-In, a cabotagem cresce, desde 2008, 9% ao ano e tem 18 por-
tos mapeados e preparados para operar com contêiner. Siccherino também ressalta a função social da cabotagem: a construção de um único navio gera 3.000 empregos diretos. Soma-se a isso a vantagem de o país ter 8.000 km de costa marítima. A cabotagem é também o meio de carga com menos interferência no meio ambiente e tem baixo consumo de combustível. De todas as emissões de CO2 liberadas no país, 38% são atribuídos ao transporte. Dessa quantidade,
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ENTRAVES
Falta de investimento dificulta a multimodalidade A Confederação Nacional do Transporte apresentou, no evento, a Pesquisa CNT do Transporte Aquaviário – Cabotagem. O estudo, lançado em maio de 2013, foi o foco da palestra realizada pelo diretor-executivo da confederação, Bruno Batista, no primeiro evento sul-americano sobre cabotagem. Segundo Bruno Batista, o transporte oferece boas oportunidades para embarcadores e transportadores brasileiros, mas alguns problemas acabam se concentrando e prejudicam o desenvolvimento do setor. Para ele, há um ente que falta nessa cadeia que poderia alavancar de forma geral o transporte. “O governo, que acaba não realizando suas ações específicas, é quem poderia destravar todo esse processo”, afirma. Um dos problemas que travam o avanço da cabotagem e, consequentemente, da multimodalidade é a burocracia. De acordo com a pesquisa realizada com as empresas, o excesso de burocracia foi relatado como uma das causas que as levaram a deixar de usar esse tipo de transporte. Por exemplo, são exigidos, no mínimo, 44 documentos para operação de cabotagem no país. Outros nove podem ser demandados de acordo com o tipo da carga movimentada. “Uma vez destravado o processo e solucionada a buro-
cracia, há uma tendência de aumento do transporte de cabotagem”, declara Batista. Outra barreira são os custos elevados com mão de obra, pois há baixa oferta de trabalhadores marítimos qualificados. Apenas duas escolas no país preparam esses profissionais, e as atividades de exploração do pré-sal têm concorrido na busca por esses trabalhadores capacitados. Além disso, faz-se necessário um planejamento da infraestrutura de transporte. "Para haver multimodalidade, é preciso planejamento integrado, mas falta isso no governo”, diz o diretor da CNT. Segundo Bruno Batista, são dez grandes órgãos do governo que gerenciam o transporte. E essa quantidade elevada acabou por não propiciar o diálogo, gerando falha na evolução do sistema de transporte. Os baixos investimentos no setor são também outro obstáculo que, segundo o diretor, fazem parte do histórico da infraestrutura brasileira. O governo federal investiu R$ 5,1 bilhões em transporte marítimo, em 11 anos. “Isso é muito aquém do necessário”, ressalta. Para 2013, foram reservados R$ 2,6 bilhões, mas, até o dia 2 de novembro, só foi pago efetivamente R$ 314 milhões. “Como se incentiva uma mo-
dalidade investindo apenas isso? É difícil”, afirma. Para haver multimodalidade, é preciso planejamento integrado. Há ainda outros problemas para o não desenvolvimento da cabotagem no país: alta carga tributária que incide sobre o serviço, qualidade da infraestrutura, demora no trânsito das cargas, política de combustíveis, processo moroso para a obtenção de financiamentos para a compra de navios, por meio do Fundo da Marinha Mercante (20 grandes e longas etapas que traduzem a burocracia do Brasil), entre outros. Para promover o avanço da cabotagem no país, Bruno Batista sugere como soluções a simplificação dos processos e a redução do volume de documentos exigidos, o aumento da oferta de infraestrutura portuária, a implantação de hub ports (porto concentrador de cargas e de linhas de navegação, com infraestrutura apropriada e capacidade para atender navios de grande porte) e feeder ports (porto secundário, que atende a pequenas embarcações, redistribuindo as cargas) e a criação de mecanismos econômicos para estimular a construção naval. “Evidentemente que o processo precisa ser melhor equacionado e há oportunidades muito grandes de ampliar a cabotagem no país”, enfatiza.
boa parte é oriundo do modal rodoviário. Já o navio emite 1/4 do que emite o caminhão, um consumo oito vezes menor. Segundo a diretora de vendas da Mercosul Line, Luiza Bublitz, 20% do custo de cada produto é relacionado a transporte. Essa informação é confirmada por Martin von Simson, que acrescenta ainda que, dependendo da mercadoria, essa percentagem pode chegar a 80%. Além disso, a diretora da Merco-
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ANDRESSA CASTRO/FOTO ANDRES/GUIA MARÍTIMO
acontecendo, tanto públicos como privados”, revela.
DEBATE Evento discutiu a cabotagem e o longo caminho que falta para o modal avançar no Brasil
sul Line informa que as empresas brasileiras investem aproximadamente R$ 120 bilhões em excesso de estoque para se proteger no caso de eventualidade na logística de transporte. Isso tudo devido ao modal rodoviário, que representa 58% da matriz de transporte brasileira. O rodoviário teve um custo logístico, em 2011, de US$ 17 bilhões para reconstrução de menos de 5% das estradas brasileiras (quase 60 mil km). Os
custos médicos com acidentes chegam a R$ 4 bilhões ao ano. O Brasil é um dos três países (com México e África do Sul) que tem maior probabilidade de roubo de carga. O custo logístico do rodoviário representa entre 15% e 18% do PIB, quando a média mundial não passa dos 11%. Com a Lei do Motorista, o condutor passou a rodar 500 km por dia, contra a média dos 750 km que ele atingia anteriormente.
Com a problemática e os altos custos do modal rodoviário e o crescimento contínuo da cabotagem, Luiza Bublitz vê com otimismo as mudanças no setor. Ela menciona novos terminais construídos, antigos terminais sendo ampliados, dragagens sendo feitas, vias de acesso sendo melhoradas, entre outras. “Temos um longo caminho ainda a percorrer, mas é importante reconhecer que avançamos, que investimentos estão
Caso de sucesso Uma das empresas que tem mais se utilizado da cabotagem para a movimentação dos seus produtos é a Bauducco. Segundo o diretor de Logística e Distribuição da Pandurata Alimentos (Bauducco), Homero Bastos, a empresa teve um crescimento de 305% em dez anos. “Para termos alcançado isso, tivemos que buscar alternativas para garantir uma logística eficiente, como a cabotagem”, revela. Bastos disse que o modal serviu, principalmente, para alcançar a região Nordeste e, hoje, a cabotagem representa 6% de todo o transporte da empresa. “Ainda é muito pouco, temos que captar muito ainda”, conta. No entanto, a empresa percebe gargalos na cabotagem, como condições do tráfego e restrições em grandes centros, falta de mão de obra especializada, congestionamentos dos portos, concentração e picos sazonais de alguns produtos (no caso dos panetones), alto custo com improdutividades (entregas, avarias). Em contrapartida, Bastos ressalta que é preciso “pensar fora da caixa” para crescer. Isso significa que é preciso quebrar paradigmas e pensar de forma diferente. l
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MOBILIZAÇÃO
Reunião debate
o transporte rodoviário Empresários se reúnem com o presidente da CNT, Clésio Andrade, em Brasília, e discutem problemas e soluções para o setor POR
lguns problemas do transporte rodoviário de cargas e possíveis soluções foram debatidos durante uma reunião na sede da CNT, em Brasília, no final do ano passado. O presidente da Confederação, senador Clésio Andrade, recebeu um grupo de 20 empresários que atuam nessa área. A necessidade de se acabar com a burocracia
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ENCONTRO
CYNTHIA CASTRO
de alguns procedimentos foi um dos temas importantes em debate. Na reunião, também foram discutidas questões referentes a PIS e Cofins, mão de obra na área de transporte, entre outros assuntos. Segundo o presidente da Fetcesp (Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de São Paulo), Flávio Benatti, que também é
presidente da seção de Transporte de Cargas da CNT, o encontro foi importante para promover maior integração entre os transportadores. E, além de discutir os problemas que precisam de soluções, Benatti disse que a reunião em Brasília foi um momento para se comemorar vitórias do setor, como a desoneração da folha de pagamento, que começa a valer em 2014.
Depois de uma forte mobilização de entidades do transporte, lideradas pela CNT, a atividade transportadora foi incluída em uma legislação federal, o que deverá proporcionar redução de custos ao setor. “A reunião foi também um momento para se agradecer ao presidente Clésio Andrade pelo trabalho desenvolvido pela CNT, especialmente em relação a essa desonera-
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PATRICK SANTOS
Transportadores e o presidente da CNT, Clésio Andrade, em reunião na sede da confederação, em Brasília
ção. Haverá um impacto positivo muito grande, principalmente para as empresas que empregam muitos funcionários”, afirmou Benatti. Segundo Benatti, em relação às necessidades do transporte rodoviário de cargas, debatidas na reunião, deverão ser traçadas linhas de trabalho com os principais temas que precisam de melhorias.
O diretor-presidente da Braspress Transportes Urgentes, Urubatan Helou, enfatizou que é preciso desburocratizar alguns procedimentos para que a atividade possa fluir da melhor forma possível. De acordo com Urubatan Helou, uma das principais dificuldades é a existência de uma verdadeira guerra fiscal entre os Estados, que prejudica muito o trabalho do transporte rodoviário de cargas.
“Quando passamos de um Estado para o outro, na realidade, passamos por verdadeiras aduanas. Se o contribuinte estiver com algum débito, isso gera um processo burocrático absurdo para as empresas de transporte”, considera Helou. Ele afirma também que são as transportadoras que arcam com o armazenamento de mercadorias que são apreendidas.
“A transportadora acaba sendo o fiel depositário e somos obrigados a manter o armazenamento, sem nenhuma contrapartida de remuneração. As secretarias de Fazenda dos Estados deveriam manter sua infraestrutura e fiscalizar o contribuinte, retirando o ônus das transportadoras”, diz o diretor-presidente da Braspress. Outro representante do setor de transporte que também participou da reunião na sede da CNT foi o presidente da Fetcemg (Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais), Vander Costa. Ele destacou que a reunião no final do ano passado tratou de diferentes assuntos do setor de transporte, mas foi essencial para dar início a importantes discussões que devem ocorrer em 2014. De acordo com o presidente da Fetcemg, será feito um levantamento de dados para que seja concluída uma proposta conjunta sobre o que precisa ser melhorado no transporte rodoviário de cargas. “O transportador está preocupado em se aproximar das esferas do governo e também do Legislativo para que as reivindicações possam ser encaminhadas da melhor forma”, disse Vander Costa. l
FOTOS FRAME PRODUÇÕES
PREMIAÇÃO
POR
LIVIA CEREZOLI
enúncias de corrupção, de falta de infraestrutura, de crimes contra empresas de transporte, de violência gratuita no trânsito e uma das alternativas que pode auxiliar na solução dos problemas da mobilidade urbana compõem o seleto grupo de temas que venceram a 20ª edição do Prêmio CNT de Jornalismo em 2013. Ao todo foram distribuídos R$ 90 mil. A série de reportagens “Fora dos Trilhos: As Revelações do Cartel Ferroviário no Brasil”, do jornal “Folha de S.Paulo”, foi a vencedora do Grande Prêmio e recebeu R$ 30 mil. O trabalho dos jornalistas Catia Seabra, Dimmi Amora, Julianna Sofia e Flávio Machado apresentou documentos, segundo os quais representantes do governo e autoridades de São Paulo e do Distrito Federal interferiram em concorrências para beneficiar determinadas empresas do setor ferroviário de passageiros. A cerimônia de entrega do prêmio foi realizada no dia 4 de dezembro, em Brasília (DF). A festa foi embalada pelo som da cantora Paula Fernandes. Outros seis trabalhos também foram premiados e receberam R$ 10 mil cada um. Nesses 20 anos, mais de R$ 1
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Duas décadas A 20ª edição do Prêmio CNT de Jornalismo home milhão foi entregue aos 114 trabalhos vencedores. As reportagens são avaliadas de acordo com critérios que valorizam a atividade jornalística, como esforço incomum, coragem, determinação, isenção, senso de oportunidade e estética na apresentação. Entre os premiados de cada categoria, o melhor colocado é o ganhador do Grande Prêmio. Na categoria Impresso, o vencedor foi o jornal “O Globo” com a série de reportagens “Celeiro em
Xeque”, dos jornalistas Henrique Gomes Batista e Daniele Nogueira. O trabalho mostra um retrato do caos logístico que o Brasil enfrenta para escoar sua safra agrícola. O fotógrafo JB, do jornal “O Tempo”, venceu a categoria Fotografia com a imagem “Violência no Trânsito”. JB flagrou um motorista cometendo irregularidades no trânsito e registrou o momento em que ele atirou contra o carro do jornal. A vencedora da categoria tele-
visão foi a série exibida no “Fantástico”, da Rede Globo, “Brasil: Quem Paga é Você”, dos jornalistas André Modenesi, Sônia Bridi, Paulo Zero, Ana Pessoa, Tiago Ornaghi, André Alaniz, Bernardo Medeiros e Gustavo Visconti. As reportagens mostram a falta de projetos para a execução de obras de infraestrutura e como os gargalos travam o desenvolvimento do país. A rádio Gaúcha venceu novamente a categoria Rádio com a reportagem “Roubo de Cargas:
de reconhecimento nageia trabalhos que discutiram o transporte brasileiro em 2013 Mais um Custo Brasil”, realizada pelos jornalistas Cid Martins e Giane Heidrich Guerra. Na categoria Internet, quem levou o prêmio foi o trabalho “Cidades Possíveis”, da jornalista Ana Cláudia Dolores, do “Diário de Pernambuco”. O trabalho mostra como as cidades colombianas de Bogotá e Medellín conseguiram superar os desafios urbanos, como o da mobilidade. E o Prêmio Especial de Meio Ambiente e Transporte foi para o programa “Cidades e
Soluções”, da Globo News, que apresentou reportagem sobre o aeromóvel, um tipo de transporte coletivo movido a ar. O Prêmio CNT de Jornalismo tem por objetivo estimular as redações dos veículos de imprensa brasileiros a produzirem trabalhos a respeito da atividade transportadora para que a sociedade reflita sobre a importância do setor no processo de desenvolvimento social e econômico do Brasil. “Nesses 20 anos, reconhece-
mos o esforço da imprensa brasileira em discutir a atividade transportadora. As reportagens produzidas contribuem para a confirmação da importância do setor em todos os seus aspectos, sejam eles econômicos ou sociais”, afirma o presidente da CNT, senador Clésio Andrade. De acordo com ele, é importante perceber que a qualidade das reportagens vem crescendo a cada ano. “Além de reconhecer o trabalho dos jornalistas, a pre-
miação estimula esses profissionais a continuarem denunciando problemas, apontando soluções e valorizando as questões do transporte no nosso país”, destaca o senador Clésio Andrade. Anualmente, a comissão julgadora do prêmio é formada por três jornalistas que atuam em diferentes veículos de comunicação do país, um professor da área de comunicação e um especialista em transporte. Em 2013, integraram a comis-
GRANDE PRÊMIO Confira os trabalhos que ganharam a premiação máxima desde a primeira edição 1994 – Jornal “O Globo” “Denúncia de irregularidades no Ministério dos Transportes” Vencedor: Ascânio Seleme Resumo: Denúncia de tentativas do marido da ministra dos Transportes em favorecer empresas e pessoas. Depois da reportagem, a ministra deixou o cargo
1995 – Jornal “O Estado de S. Paulo” “Corrupção domina aeroportos e portos do país” Vencedores: Luiz Augusto Falcão e Hélio Gama Neto Resumo: Série de reportagens denuncia corrupção nas alfândegas e aeroportos de São Paulo (SP) e Manaus (AM) e também no Porto de Santos
1996 - SBT “Automóveis e caminhões roubados no Brasil” Vencedor: Domingos Meirelles Resumo: O jornalista viajou até a Bolívia e localizou, em grandes feiras, automóveis e caminhões roubados no Brasil, legalizados e vendidos naquele país
1997 - “Jornal do Brasil” “Metrô mais caro do mundo” Vencedor: Marcelo Moreira Resumo: Um levantamento dos gastos com o metrô do Rio de Janeiro concluiu que cada km custou R$ 204,87 milhões, sendo a obra de metrô mais cara do planeta
1998 - TV Globo “Morte nos trilhos” Vencedor: Carlos Eduardo Salgueiro Resumo: A reportagem mostrou a violência que acontece nos trens suburbanos do Rio de Janeiro
2004 – Jornal “O Dia” “Transporte preferido: os pés” Vencedora: Viviane Barreto Resumo: Matéria sobre o sistema de transporte do Rio mostrou que, de 19,7 milhões de viagens diárias na região metropolitana, 6,7 milhões eram feitas a pé
2005 – Jornal “O Estado de S. Paulo” “Na Lama da Cuiabá-Santarém” Vencedor: José Luis da Conceição Resumo: A reportagem mostrou a BR-163 abandonada, no meio da floresta Amazônica, numa terra povoada por migrantes de diversas partes do país
2006 – Jornal “Folha de S.Paulo” “Vícios de gestão afundaram Varig” Vencedoras: Elvira Lobato, Janaina Lage e Maeli Prado Resumo: Matéria retratou como a maior companhia da história da aviação brasileira ficou em ruínas por ter reproduzido vícios de má administração estatal
2007 – Jornal “Zero Hora” “Propina na ruta 14” Vencedor: Rodrigo Cavalheiro Resumo: Ao percorrer 732 km de Uruguaiana (RS) a Buenos Aires, o repórter mostrou uma rede de extorsão envolvendo a Polícia Rodoviária da Argentina
2008 – Jornal “O Globo” “A impunidade é verde: atrás das grades só os animais” Vencedores: Daniel Engelbrecht, Elenilce Bottari, Paulo Marqueiro e Tulio Brandão Resumo: A reportagem mostrou que, de 1998 a 2008, 99% das ações de crimes ambientais no Estado do Rio foram extintas sem condenação
são julgadora os jornalistas Mariana Godoy, apresentadora do “Jornal das Dez”, da Globo News, Juca Varella, repórter-fotográfico independente e sócio do site Fotos Públicas, Cyro Martins, gerente de jornalismo da rádio Gaúcha, a pósdoutora em comunicação e professora adjunta da Faculdade de Comunicação da UnB (Universidade de Brasília), Nélia Rodrigues Del Bianco, e o doutor em transportes e professor titular da Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) da Universidade de São Paulo, José Vicente Caixeta Filho. Para a professora Nélia, premiações como a da CNT reforçam os valores da profissão jornalística, como a boa apuração, o bom texto, a qualidade técnica do material e, principalmente, o compromisso com a verdade. “A seleção dos trabalhos foi bastante difícil. Todos eles tinham uma qualidade excepcional, com textos muito bem elaborados. A minha decisão de escolha foi mesmo pelo impacto que as reportagens causaram e ainda estão causando na sociedade.” De acordo com a apresentadora
Mariana Godoy, o trabalho dos jornalistas não está focado nas premiações, mas quando elas acontecem são gratificantes. “No dia a dia da profissão, a produção das reportagens não está voltada para a conquista de prêmios, mas sim para a prestação de um serviço à população. Quando o reconhecimento acontece, é muito legal.” Na visão de Mariana, discutir o transporte é fundamental para o desenvolvimento de um país. “O transporte é necessidade básica, assim como a saúde e a educação. Infelizmente, a situação do transporte brasileiro é o retrato do país que temos hoje. A qualidade das nossas rodovias, ferrovias, portos e aeroportos mostra exatamente como somos pouco exigentes com o país.” O fotógrafo Juca Varella garante que a experiência de avaliar os trabalhos também é bastante gratificante. Segundo ele, o que mais chamou a sua atenção foi a qualidade das reportagens apresentadas. “Tem matéria que é mais do que uma simples reportagem. Elas são verdadeiros do-
APRESENTAÇÃO A cantora Paula
1999 – Jornal “O Globo” “Fabricação e uso de peças falsas de veículos” Vencedor: Rolland Gianotti e equipe Resumo: Por mais de um mês, os jornalistas investigaram a atuação de falsários de peças de veículos no Rio de Janeiro e em outros pontos do país e no exterior
2000 - TV Globo “Lotação Brasil” Vencedor: Carlos Dornelles Resumo: O jornalista mostrou na série de reportagens os problemas enfrentados pelos passageiros do transporte urbano tendo como foco as pessoas
2001 – Jornal “Correio Braziliense” “Série DNER” Vencedores: Rudolfo Lago e Olímpio Cruz Neto Resumo: A série de reportagens fez um panorama sobre a máfia dos precatórios do antigo DNER (Departamento Nacional de Estradas de Rodagem)
2002 - TV Globo “Série estradas” Vencedores: Edimilson Ávila e Ricardo Azeredo Resumo: Jornalistas viajaram mais de 4.200 km, de Porto Alegre a Fortaleza (BR-101) e de Fortaleza a Porto Alegre (BR-416), mostrando as condições das rodovias
2003 – Jornal “Zero Hora” “Viagem aos Confins do Brasil” Vencedor: Carlos Etchichury Resumo: Série narra as aventuras e os dramas de uma viagem de 32 dias e 12.656 km na boleia de dois caminhões do Rio Grande do Sul a Roraima
2009 - TV Globo “A tropa do Zé Merenda” Vencedores: André Fellipe Gatto, Eloides Paulo, Fábio Ibiapina, Lúcio Alves e Marcelo Canellas Resumo: Matéria sobre um tropeiro analfabeto que garante o sustento das crianças de uma escola na zona rural de Cavalcante (GO)
2010 – Jornal “Diário de Pernambuco” “O caminho sem volta” Vencedores: Juliana Colares e Fred Figueiroa Resumo: Raio x da situação dos motociclistas no Nordeste. Histórias, tragédias e mudanças vividas nos centros urbanos e nas áreas rurais da região
2011 - TV Globo “Aeroportos: última chamada” Vencedores: Patrícia Casanova, Paulo Renato Soares, Rosângela Del Gesse, Luiz Barroso, Júlio Aguiar e Lucas Louis Resumo: Os jornalistas viajaram para viver a rotina dos passageiros e fazer um panorama dos terminais das cidades-sede da Copa de 2014
2012 – Jornal “O Globo” “O Brasil que não viaja de avião” Vencedores: Liane Thedim e Henrique Gomes Batista Resumo: A série mostrou o perfil dos passageiros e suas motivações para optar por meios mais lentos e antiquados que os aviões
2013 – Jornal “Folha de S. Paulo” “Fora dos trilhos: as revelações do cartel ferroviário no Brasil” Vencedores: Catia Seabra, Dimmi Amora, Julianna Sofia e Flávio Machado Resumo: A série de reportagens revelou a existência de um cartel em licitações para a compra de equipamentos e manutenção de trens e metrô em São Paulo e no Distrito Federal
Fernandes em show durante a festa de entrega do Prêmio CNT de Jornalismo
cumentos sobre os sistemas de transporte no nosso país.” Com 28 anos de carreira, Varella acredita na importância de premiações como a da CNT para manter a paixão pela profissão. “Quando se faz uma boa reportagem, você tem o reconhecimento já na publicação, seja com a primeira página do jornal, seja com a abertura do noticiário na televisão. Ganhar um prêmio com esse mesmo trabalho completa ainda mais esse reconhecimento”, diz ele. Entre os premiados em anos anteriores, a satisfação em participar também ganha destaque. Vencedor por dois anos consecutivos, em 2008 e 2009, o repórter da TV Globo Marcelo Canellas diz que fazer parte do grupo de premiados tem um valor especial pela consolidação do prêmio no país. “A premiação oferecida pela CNT já está consolidada como uma das mais importantes do Brasil. Vencer é a coroação do esforço de toda uma equipe.” Para Canellas, a importância do prêmio não termina no reconhecimento do trabalho, mas na certeza que a reportagem não acaba na
sua exibição. “Quando se ganha um prêmio desses, você tem a certeza de que a discussão daquele tema continuará. Essa é a importância e a grande função da nossa profissão.” Em 2008, o repórter venceu a categoria Meio Ambiente, com a série “Terra do Meio: O Brasil Invisível”, que retratava os conflitos fundiários no país. Em 2009, Canellas levou o Grande Prêmio, com a reportagem “Tropa do Zé Merenda”, a história de um tropeiro que levava merenda no lombo de um burro para escolas no interior de Goiás. De acordo com Lilian Tahan, vencedora na categoria Impresso em 2012, com a série de reportagens “Órfãos do Asfalto”, publicada no Correio Braziliense, ter no currículo uma premiação como a da CNT acrescenta muito ao jornalista. “Foi uma honra enorme vencer. Esse é um estímulo para a gente continuar a se debruçar em grandes temas, como o transporte.” Conheça, a seguir, mais detalhes dos trabalhos vencedores da 20ª edição do Prêmio CNT de Jornalismo.
CNT TRANSPORTE ATUAL
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GRANDE PRÊMIO – “Folha de S.Paulo”
Corrupção nos trilhos revelação de um esquema de corrupção na contratação de empresas que atuam no transporte ferroviário em São Paulo e no Distrito Federal foi a grande vencedora da 20ª edição do Prêmio CNT de Jornalismo. A série de reportagens “Fora dos Trilhos: As Revelações do Cartel Ferroviário no Brasil”, do jornal “Folha de S.Paulo”, trouxe a público a lista, até então inédita, das cinco empresas – Siemens, Alston, CAF, Mitsui e Bombardier - envolvidas no cartel e detalhou como funcionava o esquema. De acordo com Julianna Sofia, repórter da equipe vencedora, o trabalho foi o casamento perfeito do jornalismo investigativo e da apuração mais técnica, mais detalhada, sobre o que é e como acontece um cartel. “Trabalhamos muito na apuração dos fatos e na lapidação dos documentos que recebemos. O jornal também soube reconhecer a importância dessas reportagens e acreditou no nosso trabalho.”
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Na série produzida pelos jornalistas, foram apresentados, com exclusividade, diversos documentos que apontavam o envolvimento de representantes do governo e de autoridades de São Paulo em concorrências fraudulentas. A investigação também exigiu um trabalho de pesquisa de reportagens
antigas da própria “Folha de S.Paulo” que já denunciavam, há alguns anos, um suposto esquema de corrupção no setor. “E essa ainda é uma obra em andamento. Muitos fatos estão sendo apurados, as reportagens estão sendo publicadas, e só teremos a conclusão do caso com o fim das investigações e a punição dos culpados.”
❛Trabalhamos muito na apuração dos fatos e na lapidação dos documentos que recebemos Julianna Sofia
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Jornalistas Julianna Sofia, Dimmi Amora e Flávio Ferreira com o senador Clésio Andrade, presidente da CNT
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FOTOGRAFIA – “O TEMPO”
Acredito ❛que essa fotografia faz um alerta para a sociedade
Violência no trânsito que era apenas para ser a volta para a redação do jornal depois de uma reportagem acabou se transformando em matéria de destaque no jornal “O Tempo”, de Belo Horizonte (MG), e foi a grande vencedora da categoria Fotografia, no Prêmio CNT de Jornalismo 2013. O fotógrafo JB, uma repórter e o motorista do veículo seguiam pela avenida Cristiano Machado, uma das principais ligações entre o centro e a região norte da capital mineira, quando foram surpreendidos pela imprudência de um motorista que seguia em um carro atrás. “Ele deu sinal de luz pedindo passagem e quando já estava na nossa frente começou a frear e acelerar. Decidi fotografar o veículo, pensando em aproveitar a imagem
O
para uma pauta sobre trânsito. Nesse momento, ele apontou uma arma para a nossa equipe”, lembra o fotógrafo, que, na reportagem, não teve o nome completo divulgado por questão de segurança e recomendação policial. JB revela que, diante da situação, acreditou que a câmera fotográfica intimidaria o motorista, mas ele acabou atirando contra o carro da reportagem e fugiu em seguida. “Naquele momento, confesso que fui muito frio, mas sei que corri risco. Percebi o quanto somos vulneráveis diante de situações como essa. De qualquer maneira, acredito que essa fotografia faz um alerta para a sociedade. Não vale a pena se envolver em conflitos banais no trânsito. A gente pode perder a vida por muito pouco.”
JB, fotógrafo
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José da Fonseca Lopes, presidente da Conftac e o fotógrafo JB
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IMPRESSO – “O Globo”
Vencer o ❛prêmio da CNT sempre foi um sonho
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Henrique Batista Jornalista Henrique Gomes Batista e Meton Soares, vice-presidente da CNT
Deficiências no transporte da fazenda ao porto ma viagem de três dias na boleia de um caminhão entre Sinop, no Mato Grosso (principal Estado produtor de soja no Brasil), e o porto de Paranaguá, no Paraná, revelou os principais problemas logísticos enfrentados para escoar a produção agrícola nacional. O resultado dessa aventura de 2.450 km é a série de reportagens “Celeiro em Xeque”, do jornalista Henrique Gomes Batista, do jornal “O Globo”, vencedora da categoria Impresso. “Acompanhamos o transporte de um carregamento de soja da fazenda até o porto dentro do caminhão. Vivenciamos os principais problemas enfrentados pelos motoristas que vão muito além da qualidade da infraestrutura”, conta Batista.
U
De acordo com ele, a ideia da reportagem surgiu depois de observar as enormes filas que se formaram no início do ano nos portos da região Sudeste do país. “Falou-se muito dessas filas, mas a nossa proposta era ir mais a fundo, investigar o que realmente atrapalha o escoamento da produção. Não imaginávamos que os problemas seriam tantos”, revela o jornalista. Uma das descobertas mais marcantes na visão de Batista foi o perigo do roubo de cargas que persegue os caminhoneiros. A reportagem conta como os viciados em crack agem para roubar a soja dos caminhões e trocar pela droga nas imediações do porto. Em 2012, o jornalista venceu o Grande Prêmio com a série de
reportagens “O Brasil que não Viaja de Avião”. “Fico muito feliz por essa conquista. Vencer o
Prêmio da CNT sempre foi um sonho. E por dois anos, então, é muito bom”, afirma Batista.
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INTERNET – “Diário de Pernambuco”
Exemplos para o Recife e para o Brasil trabalho vencedor na categoria Internet apresenta as soluções implantadas por duas das maiores cidades colombianas – Bogotá e Medellín – para um dos principais problemas urbanos: a mobilidade nos grandes centros populacionais. Por meio de um hotsite, o Diário de Pernambuco apresentou como essas cidades se tornaram referências para a América Latina. O trabalho “Cidades Possíveis” tem reportagem e produção de Ana Cláudia Dolores. “Conheci a realidade das cidades colombianas quando participei de um congresso em Bogotá. Fui tentando enxergar o Recife nessas localidades e percebi que os problemas enfrentados por elas no passado, como desordem, falta de planejamento urbano e altos índices de violência, eram muito semelhantes com nossa atual realidade”, conta a jornalista. O trabalho multimídia traz vídeos, fotos, textos, depoimentos e impressões de quem
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vive em cada uma das cidades retratadas e mostra que é preciso tratar dos problemas urbanos de maneira conjunta. “Essa é a ideia defendida por vários urbanistas que já entrevistei. É preciso olhar para esses problemas como algo único. Foi isso que aconteceu na Colômbia. Não adianta querer encontrar soluções separadas”, alerta Ana Cláudia.
De acordo com a jornalista, a repercussão do trabalho na capital pernambucana foi bastante satisfatória, e ganhar o prêmio com esse trabalho é mais do que uma realização profissional. “Para mim, é uma realização pessoal. Nasci no Recife e quero que essa cidade seja cada dia melhor.”
❛Percebi que os problemas eram muito semelhantes com nossa atual realidade
❛
Ana Cláudia Dolores
A jornalista Ana Cláudia Dolores e José Hélio Fernandes, presidente da Fenatac
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TELEVISÃO – TV Globo
❛Entrevistamos pessoas que pudessem traduzir os problemas apresentados Tiago Ornaghi
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Jornalistas Ana Pessoa e Tiago Ornaghi e Otávio Cunha, presidente-executivo da NTU
Desperdício de dinheiro público uanto custa as obras malfeitas nos aeroportos, nos portos, nas ferrovias e nas rodovias? Quais os problemas que a má execução dessas obras causa ao país? O “Fantástico”, da Rede Globo, respondeu a esses questionamentos com a série de reportagens “Brasil: Quem Paga é Você”, vencedora na categoria Televisão do Prêmio CNT de Jornalismo 2013. As reportagens revelaram o absurdo da falta de projetos para a execução de obras de infraestrutura no Brasil, os gargalos que ainda travam o desenvolvimento do país e como o dinheiro público é desperdiçado. “Esse não é um tema novo. Os problemas de infraestrutura são bastante conhecidos no nosso país. O que fizemos foi reunir todos eles em uma série e apresentá-los com uma linguagem mais acessível”, conta Tiago Ornaghi, editor do material. Para a produção da série, a equipe do “Fantástico” percorreu vários corredores logísticos do Brasil utilizados para o transporte de cargas e de pessoas, como a BR-163, a Ferrovia Norte-Sul e os princi-
Q
pais terminais aeroportuários. O trabalho reuniu imagens das obras mal executadas e números sobre os valores gastos para a realização das mesmas. Uma das grandes preocupações da equipe, segundo Ornaghi, foi humanizar os problemas e, para isso, os jornalistas entrevistaram
pessoas que foram impactadas pelas obras não acabadas ou mal realizadas. “Procuramos por personagens que pudessem traduzir os problemas que estavam sendo apresentados. Um desses personagens é um senhor que perdeu as filhas em um acidente na BR-163 devido às condições precárias da rodovia.”
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RÁDIO – Rádio Gaúcha
Crime nas rodovias s prejuízos causados pelo roubo de cargas é o tema central da série de reportagens da Rádio Gaúcha, vencedora pelo nono ano do Prêmio CNT de Jornalismo na categoria Rádio. O trabalho “Roubo de Cargas: Mais um Custo Brasil”, dos jornalistas Cid Martins e Giane Heidrich Guerra, revela levantamento exclusivo da polícia sobre roubo de cargas nos últimos três anos no Rio Grande do Sul, mostrando o prejuízo desse tipo de crime no Estado, inclusive o aumento do preço dos produtos que chegam ao consumidor. “Já fizemos muitas reportagens sobre o roubo de cargas, mas, desta vez, nossa ideia era aprofundar no tema. Queríamos ir além do crime. Unimos as editorias de Polícia e de Economia da rádio e investigamos o impacto causado não só ao Rio Grande do Sul, mas ao Brasil, já que o crime acontece em várias rodovias do país”, explica Martins. De acordo com o jornalista, uma
O
das descobertas da reportagem que mais chama a atenção é o quanto os produtos brasileiros custam mais caro devido ao roubo de cargas. As transportadoras investem muito em sistemas de segurança e esse custo é repassado ao consumidor. “É impressionante perceber como poderíamos pagar mais barato em vários produtos
se não existisse esse tipo de crime”, comenta Martins. Essa foi a quinta vitória do jornalista na categoria Rádio. Segundo ele, a visibilidade que o prêmio proporciona reflete no reconhecimento profissional enquanto jornalista. “As rádios são muito regionais e ganhar um prêmio nacional é muito importante para o meu trabalho.”
Nossa ❛ideia era aprofundar no tema. Queríamos ir além do crime
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Cid Martins
Rodrigo Vilaça, presidente-executivo da ANTF, e o jornalista Cid Martins
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PRÊMIO ESPECIAL DE MEIO AMBIENTE E TRANSPORTE – Globo News
foco do ❛O nosso trabalho é mostrar soluções para as cidades Aline Peres
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Flávio Benatti, presidente da seção de cargas da CNT, e a jornalista Aline Peres
O ar como fonte de energia presentar ideias criativas para melhorar a vida das pessoas nos centros urbanos é a proposta do programa “Cidades e Soluções”, da Globo News, canal de televisão fechado da Rede Globo. Ao apresentar reportagem sobre o aeromóvel, uma espécie de trem movido a ar e utilizado para o transporte coletivo de passageiros, o programa conquistou o Prêmio Especial de Meio Ambiente e Transporte da 20ª edição do Prêmio CNT de Jornalismo. Em 2012, a equipe do programa acompanhou a linha de montagem do aeromóvel, que tem tecnologia 100% nacional e tinha previsão de entrar em funcionamento no primeiro semestre de 2013, em Porto Alegre (RS). Esse é o primeiro projeto do tipo que está sendo implantado no Brasil. “O foco do nosso trabalho é mostrar soluções para as cidades. Nossa opção por apresentar esse sistema de transporte movido a ar tem muito a ver com esse momento de discussão sobre mobilidade urbana”, conta Aline Peres, produtora e editora do programa. Também integram a
A
equipe vencedora os jornalistas André Trigueiro (apresentador, repórter e editorchefe do programa) e Klara Duccini (produtora e editora). De acordo com Aline, receber o prêmio por esse trabalho é emocionante
porque reforça a necessidade da discussão de soluções para as cidades que priorizam as pessoas e o meio ambiente. “Essa é a preocupação que sempre tivemos. Mostrar o que pode trazer mais bem-estar às pessoas.” l
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FOTOS ANPET/DIVULGAÇÃO
RECONHECIMENTO
POR
LIVIA CEREZOLI
ez trabalhos científicos receberam o Prêmio CNT/ITL de Produção Acadêmica durante o 27º Congresso Nacional de Pesquisa e Ensino em Transporte, realizado em novembro de 2013, em Belém (PA). Ao todo, foram inscritos 465 trabalhos. Criado em 1996, o prêmio é uma parceria entre a CNT e a Anpet (Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transporte) e tem como objetivo incentivar a pesquisa e estimular a descoberta de inovações que contribuam para a melhoria da produtividade e da competitividade do setor de transporte no país. Em 2013, o prêmio foi organizado pelo ITL (Instituto de
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Incentivo à pesquisa Trabalhos universitários sobre transporte foram premiados pela CNT/ITL e pela Anpet durante congresso em Belém Transporte e Logística), ligado à confederação. Os critérios de seleção dos trabalhos levam em conta a originalidade, a atualidade, a relevância para o setor de
transportes, o rigor científico e a clareza nas exposições do conteúdo e da conclusão. A entrega das premiações foi feita pelo presidente da Fetranorte (Federação das Empre-
sas de Transportes Rodoviários da Região Norte) e presidente do Conselho Regional Norte do Sest Senat, Francisco Saldanha Bezerra. Com esse evento, a CNT rei-
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PRÊMIO CNT/ITL DE PRODUÇÃO ACADÊMICA Veja os trabalhos vencedores de 2013 Trabalho: Análise da evolução da eficiência energética no setor de transporte brasileiro Autores: Vanessa de Almeida Guimarães, Márcio de Almeida D’Agosto, Ilton Curty Leal Júnior, Marcelino Aurélio Vieira da Silva, Juliana de Castro e Luíza Santana Franca Trabalho: Caracterização da utilização de painel de mensagem variável nos pontos de parada de ônibus em São Paulo Autores: Patrícia Sauri Lavieri, Orlando Strambi, Renato Arbex e Elaine Cristina Schneider de Carvalho Trabalho: Transferência de modelos de previsão de acidentes entre cidades brasileiras Autores: Flávio José Craveiro Cunto, Christine Tessele Nodari e Heloisa Maria Barbosa Trabalho: Aplicação de CDM com utilização de teoria dos jogos para o sequenciamento de decolagens em aeroportos Autores: Vitor Filincowsky Ribeiro e Li Weigang Trabalho: Uma análise dos efeitos da fusão All-Brasil Ferrovias no preço do frete ferroviário de soja no Brasil Autores: Paulo Augusto P. de Britto e Bruno Ribeiro Alvarenga Trabalho: Análise de variações temporais na estimação de acidentes em segmentos artesanais urbanos Autores: Lucas Tito Pereira Sobreira e Flávio José Craveiro Cunto Trabalho: Equipamento triaxial cíclico de grande escala para análise mecânica de lastro ferroviário Autores: Antonio Merheb, Rosângela Motta, Liedi Bernucci, Edson Moura, Robson Costa, Tiago Vieira e Fernando Sgavioli Trabalho: Estimativas da porcentagem de tempo viajando em pelotões baseados em dados coletados em campo Autores: José Elievam Bessa Júnior, Mariana Corrêa Posterlli e José Reinaldo Setti Trabalho: Avaliação de desempenho de terminais de contêiner sob o enfoque econômico-financeiro e ambiental Autores: Ilton Curty Leal Júnior, Vanessa de Almeida Guimarães e Renata Ribeiro Fonseca Trabalho: Avaliação de diferentes metodologias para obtenção do módulo de resiliência de misturas asfálticas Autores: Raul Serafim Ponte, Verônica Teixeira Franco Castelo Branco, Aurea Silva de Holanda e Jorge Barbosa Soares Fonte: Anpet
tera seus esforços para aproximar o meio acadêmico aos empresários do setor, promovendo, ao mesmo tempo, o incentivo à produção acadêmica e oferecendo possibilidades de aplicações práticas para os projetos premiados. Além disso, apresenta aos transportadores soluções, reflexões e oportunidades de aperfeiçoamento da atividade, oferecendo um transporte de mais qualidade à sociedade. Os trabalhos inscritos devem ser de fácil implementação e abordar questões, como soluções para os problemas reais enfrentados pelo transportador; desenvolvimento de ferramentas de gestão empresarial ou estratégicas; soluções para a redução de custos operacionais, para o aumento de qualidade e para o desempenho dos serviços; soluções tecnológicas e logísticas; gestão de recursos; propostas ou estudos de regulamentação para o setor e responsabilidade social e ambiental. Os trabalhos são avaliados pelo Comi-
Premiação completou
17
anos
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Última edição teve
465 trabalhos inscritos HOMENAGEM O presidente da Fetranorte, Francisco Saldanha Bezerra, entrega prêmio aos vencedores
tê Científico da Anpet e por uma comissão julgadora especialmente constituída por especialistas em transportes do ITL. Entre os principais temas presentes nos trabalhos vencedores da edição 2013 estão a eficiência energética no setor de transporte, a transferência de modelos de previsão de acidentes nas cidades brasileiras,
a caracterização da utilização de painel de mensagem variável nos pontos de parada de ônibus em São Paulo, a avaliação de desempenho de terminais de contêiner sob o enfoque econômico-financeiro e ambiental e a avaliação de diferentes metodologias para obtenção do módulo de resiliência de misturas asfálticas.
Todos os dez artigos serão publicados no livro “Transporte em Transformação XVIII”, que será lançado no fim de 2014. Durante o congresso, foi lançado o livro com os premiados em 2012. A publicação serve como ferramenta de pesquisa no meio empresarial, entre os órgãos do poder público das diversas esferas e
também como referência bibliográfica para novas pesquisas dentro da academia. Os exemplares são distribuídos para as entidades representativas do setor de transporte e para as universidades que ofereçam cursos voltados para a área. O download do livro também pode ser realizado no site da CNT (www.cnt.org.br). l
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FERROVIAS
Operação sustentável Concessionárias investem em novas tecnologias com foco na sustentabilidade e na eficiência energética POR
s ações com foco na sustentabilidade e na eficiêcia energética das operações têm motivado as concessionárias que atuam no modal ferroviário a investirem em novas tecnologias e métodos. A Vale, por exemplo, desenvolveu um sistema que checa o desempenho do motor a diesel das máquinas que operam na EFVM (Estrada de Ferro Vitória a Minas). Ele permite que a leitura do gasto
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LETICIA SIMÕES
do combustível seja feita em tempo real, proporcionando redução no consumo de combustível. A Vale, por meio de seu Departamento de Comunicação, afirma que, para se chegar a uma manutenção focada em eficiência energética, era imprescindível que a companhia tivesse o controle preciso do consumo de combustível das locomotivas. Foi então que a concessionária iniciou o projeto do siste-
ma de leitura, chamado Medidor de Consumo, acionado por injeção eletrônica e que fica conectado ao computador de bordo das locomotivas. A iniciativa foi da própria Vale por meio da equipe de Confiabilidade da Gerência de Manutenção de Locomotivas e Combustíveis da EFVM. As pesquisas e o desenvolvimento do sistema foram realizados na sede da companhia, em um dos laboratórios da área de manutenção.
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MRS/DIVULGAÇÃO
SUSTENTABILIDADE Na MRS, o Departamento de Engenharia de Transportes é o responsável pelas ações com foco na eficiência energética
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Os estudos começaram há quatro anos. Em meados de 2011, o protótipo funcional para iniciar os testes de campo foi posto em prática. A aplicação sistemática da inovação teve início no fim daquele ano e vem sendo aplicada desde então. Antes do sistema, a operação demandava cerca de 2.500 litros de diesel. Com o novo processo, as locomotivas que operam na EFVM passaram a utilizar 740 litros de combustível – uma redução de 70%. Segundo a empresa, o processo anterior de identificação de locomotivas com consumo elevado de diesel era baseado no método tradicional da balança. Nesse modo, as leituras de tempo, potência e peso do combustível não são feitas de forma automatizada, o que gera imprecisão nas leituras necessárias. Com o novo medidor de consumo de combustível, a empresa tem condições de identificar as máquinas com baixa eficiência energética, utilizando 1.760 litros de diesel a menos por locomotiva, se comparado ao método anterior. Consequentemente, o sistema reduz as emissões de CO2 das operações. A empresa afirma que um dos principais resultados alcançados com o projeto foi a identificação de todas as locomotivas com alto
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TECNOLOGIA FTC investe em desenvolvedores de equipamentos
consumo de combustível. A partir desse diagnóstico, os trens passaram por uma intervenção mecânica em seus motores, com a substituição das peças que estavam contribuindo para o aumento do consumo. De acordo com a Vale, o sistema atual permite aplicar nova-
mente o teste de medição para autenticar a eficácia da manutenção realizada. O sistema está em processo de validação de patente. Conforme a concessionária, nada impede que ele seja disponibilizado para outros interessados depois do término do trâmite.
Atualmente, a companhia trabalha na adequação do medidor de consumo para auxiliar as operações de seus trens. Segundo a empresa, outras variáveis e funções estão sendo incorporadas ao sistema como forma de disponibilizar uma ferramenta que auxilie na operação das lo-
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FTC/DIVULGAÇÃO
Composições da MRS oferecem ganhos de eficiência acima de
40% em relação a uma máquina antiga e softwares para reduzir o consumo e aumentar a segurança das operações
comotivas de maneira mais econômica e também para prover informações para análise e tomada de decisões. Até o momento, o medidor de consumo foi utilizado apenas pela equipe de manutenção de locomotivas, a fim de identificar possíveis máquinas com consu-
mo elevado de diesel. Com as adequações projetadas, o aparelho será instalado nos trens, e os maquinistas da companhia vão passar por reciclagem na sede da Vale para operar o medidor com suas possíveis inovações. Na MRS, o Departamento de Engenharia de Transportes é o
responsável pelas ações com foco na eficiência energética. O setor utiliza uma série de sistemas de controle das variáveis operacionais para chegar às soluções desejadas, como o consumo sustentável de combustível. O gerente-geral de Engenharia de Transportes, Arnaldo Soa-
res da Silva, afirma que a concessionária possui um sistema que acompanha diariamente os abastecimentos de cada locomotiva, os volumes produzidos, o uso adequado dos recursos dos trens e vagões e a forma como a locomotiva é conduzida. “Dessa forma, o departamento consegue gerir o consumo e reduzir a relação entre litros e o TKB (volume bruto de tonelada transportada por quilômetro).” A MRS adquiriu 195 locomotivas com motores de corrente alternada a partir de 2008, quando foram entregues as primeiras 65. As demais entraram em operação de forma gradativa até 2011. Todas se encontram em uso. Segundo Silva, investir na renovação da frota é também um meio de garantir maior eficiência energética. “Essas locomotivas mais modernas apresentam desempenho muito superior por diversos aspectos em termos de tecnologia. Os controles são mais efetivos tanto para a condução quanto para o aproveitamento das forças geradas.” Silva afirma que o modelo de trem utilizado pela MRS pode oferecer ganhos de eficiência nominal acima de 40% em relação a uma máquina mais antiga. “A eficiência energética nas decisões sobre aquisição e reno-
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ECONOMIA Com o novo processo implantado, as locomotivas da Vale na
vação de frota é fator relevante para a escolha dos modelos de locomotivas. Em algumas situações, ela é o aspecto decisivo.” A concessionária está investindo em outras frentes com vistas à sustentabilidade de suas operações. De acordo com Silva, projetos na via permanente e em sistemas de bordo estão sendo desenvolvidos. “A lubrificação das linhas (curvas) e instalação dos computadores de bordo são alguns exemplos. O SIC (Sistema de Informação da Condução) per-
“A FTC tem um programa de melhoria contínua e esses investimentos vão dar continuidade a essa política” BEL PASSAGNOLO SERGIO,
FTC
mite identificar formas mais eficientes de condução dos trens.” Outra ação da MRS é o novo sistema Golden Run. “O programa está em fase final de implantação e vai subsidiar análises estatísticas complexas a respeito de dados reais de condução e consumo, por trechos da linha segregados por maquinistas, locomotivas, formações de trens e pesos rebocados, entre outros aspectos”, diz Silva. A concessionária conta ainda com o sistema Torneio Die-
sel, que permite a gestão de cada viagem e da atuação de cada maquinista. “Ele propicia uma competição saudável entre os maquinistas, com reflexos no desempenho desses profissionais ao longo do ano”, diz Silva. Segundo ele, a MRS estuda a inclusão de outras ferramentas e tecnologias, como os programas Trip Optimizer e Leader. “Esses sistemas informam sobre a condução do trem, em tempo real, levando em conta, inclusive, a si-
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VALE/DIVULGAÇÃO
SISTEMAS QUE CONTRIBUEM PARA A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA Vale • Medidor de consumo: leitura do gasto do combustível em tempo real • Economia: 70% de combustível • Aplicação: todas as locomotivas que operam na EFVM (Estrada de Ferro Vitória a Minas) MRS • Economia: eficiência de 40% com os novos modelos de motores de corrente alternada • Sistemas: SIC (Sistema de Informação da Condução): identifica formas eficientes de condução dos trens Golden Run: auxilia nas análises estatísticas de dados reais de condução e consumo Torneio Diesel: gerenciador de viagens Aplicação: toda a frota da MRS FTC • Sistemas: CBL (Computador de Bordo de Locomotiva) e SIG (Sistema de Informações Gerenciais): os gerenciadores propiciam ganho no consumo e na segurança operacional Aplicação: toda a frota da FTC
EFVM passaram a utilizar 740 litros de combustível – uma redução de 70%
tuação das locomotivas distribuídas ao longo da malha.” A FTC (Ferrovia Tereza Cristina) investe em desenvolvedores de equipamentos e softwares. “A empresa aplica esses recursos para melhoria contínua das operações desde 2010”, afirma Abel Passagnolo Sergio, gerente de Manutenção e Transporte da concessionária. A empresa aplica os sistemas CBL (Computador de Bordo de Locomotiva) e SIG (Sistema de Informações Gerenciais) em suas
operações. Segundo Sergio, com a implantação dos sistemas e com o registro dos comportamentos da locomotiva e dos operadores, a concessionária atingiu um nível de operação ideal. “O CBL e o SIG possibilitaram um ganho no consumo e na segurança operacional da empresa.” Ele afirma que a FTC pretende investir em sistemas de tração em corrente alternada e em motores com injeção eletrônica, como outras alternativas de economia e de eficiência energética. “A
“O consumo de combustível é uma das maiores despesas em qualquer ferrovia.” ARNALDO SOARES DA SILVA,
MRS
empresa tem um programa de melhoria contínua, e esses investimentos vão dar continuidade a essa política.” Para Arnaldo Silva, da MRS, o consumo elevado de combustível ainda é uma preocupação importante para o modal ferroviário. “Trata-se de uma das maiores despesas em qualquer ferrovia. Por isso, as concessionárias vêm buscando a todo momento melhorias contínuas com controles rigorosos e investimentos nas mais diversas tecnologias disponíveis.” l
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TRÂNSITO
Diversão educativa Iniciativas para reduzir os acidentes se espalham pelo país e têm na internet uma grande aliada POR LETICIA
pontada por governos e entidades como a melhor alternativa para a redução de acidentes, a educação no trânsito para crianças começa a ser mais valorizada, diante do crescimento das cidades e do aumento da frota de veículos. Iniciativas espalhadas pelo país oferecem jogos educativos e orientações para essa faixa etária. Uma delas é o Espaço Kids, programa hospedado no site do CRBM-RS (Comando Rodoviário da Brigada
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SIMÕES
Militar do Rio Grande Sul), criado há pouco menos de um ano. Outras ações também auxiliam os adultos na divulgação de ações de trânsito. As iniciativas contam com o apoio da internet na educação de crianças e adultos. De acordo com a Assessoria de Comunicação do Comando, a ideia de abrigar um hotsite educativo direcionado às orientações de trânsito surgiu com a reformulação do site da corporação. O objetivo da mudança consistia em oferecer al-
go novo para o cidadão que acessa a página, incluindo um espaço com foco nas crianças. A carência de informações sobre o trânsito para o público infantil foi outro aspecto avaliado pelo CRBM-RS para desenvolver o Espaço Kids. O Comando confia que a infância seja a fase ideal para educar os futuros motoristas. “A decisão em usar jogos que chamam a atenção desse público está no fato de que, hoje em dia, jovens e crianças do-
minam o mundo virtual. Por isso, a corporação procurou se beneficiar dos recursos que a TI (Tecnologia da Informação) oferece”, afirma o sargento Clayton Vigano Pinter, criador e idealizador do projeto. Para o psicólogo Hartmut Günther, professor e coordenador do Laboratório de Psicologia Ambiental da UnB (Universidade de Brasília), quanto antes se tem acesso ao conhecimento, mais o cidadão se educa e maior é o aprendizado. “À medida que o ser humano cresce, ele vai aperfeiçoando o que aprendeu. De modo geral, o comportamento do jovem testa limites, seja com pais e professores ou com suas habilidades motoras. É na adolescência que a pessoa assume uma série de comportamentos de risco. Portanto, é uma tendência natural que uma boa educação paute o jovem a se controlar e o condicione a ter ciência das regras e dos limites, tanto na fase juvenil quanto na adulta”, diz Günther. O Espaço Kids oferece quatro jogos lúdicos que envolvem identificação de placas de trânsito e um jogo de perguntas e respostas sobre regras e boas práticas. De acordo com o sargento Pinter, foram feitas pesquisas de campo e na internet para que o projeto ganhasse corpo e se tornasse ao mesmo tempo instrutivo, divertido e agradável para as crianças.
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BPTRAN P5 MG/DIVULGAÇÃO
PRÁTICA Transitolândia em Belo Horizonte educa crianças em idade escolar para a rotina no trânsito
“O Comando não criou os jogos. Todos estão disponíveis e têm livre acesso na web. Foi feita uma seleção dos mais apropriados ao projeto, e tais dinâmicas foram agrupadas para o hotsite. Dessa maneira, todos os jogos podem ser acessados mais facilmente.” O Espaço Kids não recebe apoio financeiro ou institucional de autoridades ou entidades. Segundo Pinter, o projeto é mantido pelos servidores do CRBM-RS. O esforço da corporação tem
valido a pena. Apesar de as estatísticas apontarem os acessos gerais ao site do Comando, e não especificamente ao Espaço Kids, de acordo com o sargento, as visualizações tiveram aumento significativo no decorrer do ano. “As visitas superaram em muito as expectativas do CRBM-RS. Em fevereiro de 2013, primeiro mês depois da revitalização, foram registrados 267 acessos. Esse montante deu um salto para 16.660 visitas em agosto último.”
O sargento afirma que o Comando não está preocupado com números, quando se trata do projeto educacional. “No que se refere a crianças e à vida da população, qualquer que seja o benefício já faz com que o projeto seja considerado de grande utilidade pública e pessoal.” Pinter acredita que o Espaço Kids possa fazer com que os motoristas do futuro sejam mais conscientes e responsáveis, mudando os patamares
de acidentes e de mortes registrados no país. De acordo com dados do DPRF (Departamento de Polícia Rodoviária Federal), em 2011, ano do último levantamento disponível, foram registrados 188.925 acidentes nas estradas federais do Brasil. Desses, mais de 7.000 foram fatais e 63.980 tiveram vítimas. No ano anterior, foram contabilizados 182.900 acidentes nas estradas federais, com mais de 7.000 mortos. Em 2009, 158.893 acidentes foram registrados, sendo 5.976 deles fatais. O professor Günther, da UnB, enfatiza a importância da educação no trânsito para as crianças. “É fundamental incentivá-las em atividades mais positivas no dia a dia. Isso envolve pais, professores e responsáveis. Apresentar dinâmicas educativas auxilia em uma formação mais adequada em qualquer aspecto, inclusive nas práticas de trânsito.” Professores O pedagogo Neri Antonio Santos desenvolveu o site Atividades Educativas há oito anos. Morador de Chapecó (SC), ele criou a página para auxiliar os professores que utilizavam os laboratórios de informática da cidade. “Naquela época, a informática estava sendo implantada nas escolas do município e havia muito pouco material pedagógi-
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APRENDER COM DIVERSÃO Veja alguns sites com jogos e dinâmicas educativas de trânsito Espaço Kids • Desenvolvido e mantido pelo Comando Rodoviário da Brigada Militar do Rio Grande Sul, no ar desde fevereiro de 2013 • Direcionado ao público infantil, traz quatro jogos lúdicos http://www.crbm.bm.rs.gov.br/espaco-kids/ Atividades Educativas • Criado pelo pedagogo Neri Antonio dos Santos, disponível há oito anos • As temáticas ligadas ao trânsito foram incorporadas em 2007 • Direcionado a crianças e adolescentes, o site conta com mais de 200 atividades ligadas ao tema http://www.atividadeseducativas.com.br Trânsito Ideal • Desenvolvido pela Perkons, empresa especializada em soluções para a segurança no trânsito • O site está no ar desde 2003. O nome atual foi lançado em maio deste ano • Direcionado a instrutores e professores ligados à educação infantil e a instrutores de cursos de formação de condutores e de reciclagem, o site traz dicas de comportamento seguro http://www.transitoideal.com.br/ Detran de Sergipe • O link Jogos Educativos está no portal da autarquia e possui três opções, entre elas o jogo da forca e o jogo da memória http://www.detran.se.gov.br/jogos.asp Fonte: Pesquisa da reportagem
DISTRITO FEDERAL Estudantes aprendem desde cedo como
co on-line disponível. Além disso, o conteúdo existente era vinculado a materiais inapropriados para a utilização e visualização de crianças e adolescentes.” As temáticas ligadas à educação no trânsito surgiram na página em 2007. Santos desenvolveu um projeto com os alunos (crianças e adolescentes) do Centro Social Marista de Chapecó, onde atuava como orientador social de informática. “Pesquisei as atividades interativas sobre o assunto e constatei que quase não existia esse tipo de material. Para facilitar o acesso ao conteúdo, decidi cen-
tralizar no site as dinâmicas encontradas na internet.” O link das atividades ligadas à educação no trânsito possui mais de 200 itens, entre jogos, histórias e cartilhas. Algumas delas foram criadas pelo próprio pedagogo. Segundo Santos, a escolha do conteúdo é realizada em cooperação com os usuários da página, que incluem professores, crianças e adolescentes. Eles enviam sugestões, indicações e solicitações de novas atividades. De acordo com ele, as temáticas de trânsito possuem vários acessos diários. Em setembro de
2013, foram computadas mais de 1.400 visitas ao conteúdo. Santos é o único responsável pela manutenção do Atividades Educativas. Ele arca com os custos de hospedagem, pesquisa e desenvolvimento. “As publicidades disponibilizadas no site ajudam na manutenção da página.” O Denatran (Departamento Nacional de Trânsito), por meio de sua Assessoria de Comunicação, afirma que iniciativas semelhantes ao Espaço Kids e ao Atividades Educativas são disseminadas por todo o país, de forma independente. A autarquia ratifica que o programa Parada pela Vida, lan-
çado em setembro do ano passado, é considerado o principal movimento do país para a redução de acidentes e concentra três pilares: educação, fiscalização e sensibilização. A assessoria destaca que o Parada realiza várias ações direcionadas à educação no trânsito, baseada nas orientações da Portaria nº 147/2009, que determina as Diretrizes Nacionais da Educação para o Trânsito na Pré-Escola e no Ensino Fundamental. O Denatran enfatiza que tem realizado os esforços necessários para que as ações voltadas à mobilidade urbana e à segurança no
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DER-DF/DIVULGAÇÃO
SÃO PERKONS/DIVULGAÇÃO
usar corretamente a faixa de pedestre
trânsito sejam traduzidas na diminuição dos acidentes. E ressalta ainda que, para que uma mudança relevante aconteça, é necessária a participação de toda a sociedade. O site do Detran de Sergipe possui um link com jogos educativos, entre eles o popular jogo da forca, em que o internauta é desafiado a adivinhar palavras referentes à sinalização de trânsito. O link traz também um jogo da memória com figuras do trânsito e o Desafio do Trânsito. A reportagem tentou falar com o Detran de Sergipe sobre a iniciativa, mas não conseguiu contato. A Perkons, empresa que de-
PERKONS Ferramenta para instrutores e professores
senvolve tecnologias para a segurança no trânsito, com sede em Pinhais (PR), mantém, desde 2003, o site Trânsito Ideal. A especialista em trânsito Maria Amélia Marques Franco, gerente de Marketing da companhia, afirma que o projeto é uma ferramenta para instrutores e professores ligados à educação infantil e a cursos de formação de condutores e de reciclagem. “A escolha da internet foi decisiva para democratizar o conteúdo a todas as pessoas que trabalham com o trânsito ou buscam dicas de segurança para seu dia a dia”, diz a gerente.
O site traz dicas de comportamento seguro para cada um dos papéis exercidos no trânsito: o motorista, o motociclista, o ciclista, o passageiro e o pedestre. Segundo Maria Amélia, desde que foi colocada no ar, a página é atualizada com novos conteúdos e com nova identidade visual, acompanhando as inovações da plataforma web. “O objetivo é levar dicas de educação para o trânsito de forma rápida, prática e atualizada.” O site foi lançado com o nome Educação para o Trânsito. A nova versão está disponível desde maio de 2013, quando houve a mudança de nome. “A troca traduz a mensa-
gem que a empresa quer passar:; a de que um trânsito ideal é possível”, destaca Maria Amélia. “A Perkons leva, por meio dos professores e instrutores, a educação a centenas de milhares de pessoas. O professor do 1° ao 5° ano do ensino fundamental tem um espaço especial com sugestões de atividades e jogos para aplicar aos alunos.” Os temas, de acordo com a gerente, são desenvolvidos por um profissional com especialização em Gestão da Mobilidade Urbana e da Saúde Pública. “Ele realiza o trabalho de pesquisa e elaboração dos textos e também recebe contribuições de outros profissionais, como na área denominada Espaço para o Educador.” O Trânsito Ideal é promovido em ações institucionais da Perkons com os clientes da empresa e para os profissionais da área de trânsito que compõem o mailing da companhia. A página é também recomendada em links e em espaços de outras organizações que apoiam o projeto. Além disso, o site possui uma fanpage nas redes sociais com mais de 3.000 seguidores. Maria Amélia afirma que a informação é essencial para a mudança de comportamento no trânsito. “Por isso, a empresa compartilha o conhecimento com todos os interessados.” l
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SEST SENAT
Cardápio saudável Unidades começarão a oferecer atendimento de nutrição para orientar os trabalhadores em transporte POR
ma alimentação saudável faz bem para a saúde e pode contribuir para o melhor desempenho no dia a dia do trabalhador em transporte. Alimentos mais leves proporcionam menor sonolência ao volante e ajudam a evitar os riscos de problemas graves, como hipertensão, colesterol alto e sobrepeso. Para orientar os trabalhadores do transporte sobre as melhores
U
ESCOLHA
CYNTHIA CASTRO
escolhas na hora das refeições, as unidades tipo A, B e C do Sest Senat (que têm mais infraestrutura) começarão a oferecer neste ano atendimentos na área de nutrição. Está sendo elaborada uma cartilha informativa, e os atendimentos estão sendo estruturados. A nutricionista Ana Paula Miranda Tranqueira comenta que, muitas vezes, mesmo em locais onde há disponibilidade de legumes, ver-
duras ou frutas, muitas pessoas buscam somente os alimentos menos saudáveis. Nos últimos meses, uma equipe do Sest Senat visitou restaurantes instalados em postos de combustível e conversou com alguns motoristas de caminhão. “Percebemos que há uma carência de conhecimento sobre essa área. Mas muitos motoristas se mostraram abertos a tentar bus-
car melhores hábitos em relação à alimentação”, diz Ana Paula. Na cartilha que está sendo preparada pelo Sest Senat, haverá várias dicas. Algumas recomendações da nutricionista são reduzir a quantidade de sal, ingerir menos açúcar e evitar o consumo de carnes gordurosas. Não ficar muitas horas sem se alimentar é outra orientação importante. Frutas como banana, maçã e laranja tam-
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FOTOS JÚLIO FERNANDES/DIVULGAÇÃO
Nutricionista orienta que verduras e legumes devem fazer parte das refeições
bém são opções para os lanches durante o dia do profissional. “Não se deve exagerar na manteiga e também é importante não colocar muito açúcar no café ou no leite”, diz Ana Paula. Na hora do almoço, os motoristas de caminhão devem optar pela refeição. “Percebemos que muitos preferem comer um salgado, que é mais prático, mais rápido. Mas a refeição é bem mais saudável,
pois oferece mais nutrientes. Os salgados têm muita gordura.” Mudança de hábito No restaurante de um posto de combustível que fica às margens da BR-040, no município de Luziânia, perto de Brasília (DF), a revista CNT Transporte Atual conversou com alguns motoristas que fizeram uma pausa em suas viagens para almoçar. Alguns deles disseram estar ho-
HÁBITO O motorista Roberto Silva passou a se alimentar melhor
je mais conscientes sobre a importância da alimentação saudável. Ao ser questionado pela reportagem sobre quais alimentos prefere na hora do almoço, o paulista Roberto José da Silva, 50, respondeu com bom humor. “Gosto de tudo, mas não posso.” Há quase cinco anos, ele descobriu que estava com diabetes e, a partir do diagnóstico, mudou completamente os hábitos alimentares.
Menos quantidade de comida, menos macarrão no prato, carnes mais magras e muita verdura e legumes. Agora, o prato de Roberto Silva é sempre mais saudável. “Eu bebia muito refrigerante. Cortei tudo. Não dá para ficar comendo coisas gordurosas. A gente precisa ter um cuidado com a saúde”, diz Silva. Frutas fazem parte do dia a dia na estrada. “Gosto de tudo. De laranja, banana e mamão.”
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CONSCIENTIZAÇÃO
Necessidade de cuidar da saúde Um dos projetos importantes do Sest Senat, o Comandos de Saúde, realizado periodicamente nas rodovias brasileiras, tem mostrado que a saúde de muitos motoristas de caminhão está precisando de maiores cuidados. O projeto é realizado em parceria com a Polícia Rodoviária Federal. Os índices de algumas doenças detectados durante as ações foram um estímulo a mais para se viabilizar os atendimentos de nutrição, conforme informou a nutricionista Ana Paula Miranda Tranqueira. Mais da metade dos motoristas que passam pelos atendimentos estão acima do peso ou têm a circunferência abdominal alterada. Colesterol alto também é problema detectado em muitos atendimentos.
“A mudança de hábitos alimentares pode ajudar e muito a melhorar a saúde das pessoas. Por isso, estamos buscando orientar melhor esses profissionais do transporte para que eles estejam mais saudáveis”, diz a nutricionista. O Comandos de Saúde é realizado desde 2006 nas principais rodovias do país e tem por finalidade reforçar junto aos profissionais do transporte a necessidade da manutenção da saúde. Os motoristas são abordados nas rodovias, passam por alguns exames, recebem informações no local e também são orientados a estarem sempre em contato com alguma unidade do Sest Senat. Em 2013, foram cerca de 12 mil atendimentos SAÚDE Motoristas de caminhão são atendidos em programa do Sest Senat
O colega dele, Isael Joaquim da Silva, 33, comenta que nem sempre é fácil se alimentar bem quando se trabalha viajando pelas rodovias de todo o Brasil. Mas para melhorar os hábitos alimentares, ele considera que é necessário criar algumas alternativas. Escolher alguns restaurantes como referência pelas estradas por onde vai passar é uma delas. “Nem sempre encontramos um lugar bom para almoçar. Então, é importante tentar conhecer alguns restaurantes e ir sempre neles. Mas também não vai dar pa-
ra parar naquele restaurante específico em todas as viagens. Então, se a pessoa estiver com tempo, cozinhar a própria comida pode ser uma alternativa”, diz Silva. Ele comenta que já fez alguns cursos do Sest Senat e que considera muito importante o trabalho que está sendo desenvolvido para orientar os motoristas de caminhão e outros trabalhadores em transporte sobre como melhorar a alimentação. O motorista Henrique Tscha, nascido no Estado de Santa Catarina, também mudou os hábi-
tos alimentares nos últimos anos. Trabalhando na estrada há 55 anos, ele conta que no início da profissão e até alguns anos atrás tinha uma alimentação pouco saudável. “Mas hoje mudei demais os meus hábitos. Tive orientação médica e gosto de me alimentar melhor.” Tscha, que tem descendência húngara e alemã, conta que sempre gostou muito de carne vermelha. Agora, tenta optar por carne branca, como a de frango, na hora do almoço. “E não gosto de colocar muito sal porque isso
faz mal demais, aumenta a pressão. Sempre coloco muita salada no meu prato e procuro comer menos quantidade.” Ele também considera que os atendimentos de nutrição no Sest Senat serão muito importantes para os trabalhadores em transporte. “O que eu percebo na estrada é que tem muita gente que come muito, repete várias vezes e escolhe uma comida mais gordurosa. Vai ser ótimo poder receber essas orientações. Temos que cuidar agora de nossa saúde para não sofrer depois”, diz Tscha. l
Estat铆stico, Econ么mico, Despoluir e Ambiental
FERROVIÁRIO MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM Total Nacional Total Concedida Concessionárias Malhas concedidas
30.129 28.692 11 12
BOLETIM ESTATÍSTICO RODOVIÁRIO MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM TIPO
PAVIMENTADA
NÃO PAVIMENTADA
TOTAL
65.320 110.842 26.827 202.988
12.662 111.334 1.234.918 1.358.914
77.981 222.176 1.261.745 129.262 1.691.164
Federal Estadual Municipal Rede Planejada Total
MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KM Adminstrada por concessionárias privadas Administrada por operadoras estaduais FROTA DE VEÍCULOS Caminhão Cavalo mecânico Reboque Semi-reboque Ônibus interestaduais Ônibus intermunicipais Ônibus fretamento Ônibus urbanos Nº de Terminais Rodoviários
14.768 1.195
2.461.762 528.223 1.041.704 771.322 17.309 57.000 23.489 107.000
122 37
FROTA MERCANTE - UNIDADES Embarcações de cabotagem e longo curso
MATERIAL RODANTE - UNIDADES Vagões Locomotivas Carros (passageiros urbanos)
104.931 3.212 1.670
PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total Críticas
12.289 2.659
VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL Brasil EUA
25 km/h 80 km/h
AEROVIÁRIO AERÓDROMOS - UNIDADES Aeroportos Internacionais Aeroportos Domésticos Outros aeródromos - públicos e privados
29 34 2.523
AERONAVES REGISTRADAS NO BRASIL - UNIDADES Transporte regular, doméstico ou internacional Transporte não regular: táxi aéreo Privado Outros Total
155
41.635 20.956 1.864
669 1.579 8.825 8.328 19.401
MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS MODAL
HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA Vias Navegáveis Vias economicamente navegadas Embarcações próprias
11.816 8.066 1.674 7.136 28.692
173
AQUAVIÁRIO INFRAESTRUTURA - UNIDADES Terminais de uso privativo misto Portos
MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM ALL do Brasil S.A. FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A. MRS Logística S.A. Outras Total
MILHÕES
(TKU)
PARTICIPAÇÃO
(%)
Rodoviário
485.625
61,1
Ferroviário
164.809
20,7
Aquaviário
108.000
13,6
Dutoviário
33.300
4,2
Aéreo
3.169
0,4
Total
794.903
100
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BOLETIM ECONÔMICO
R$ bilhões
INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES* Investimentos em transporte da União por Modal (total pago acumulado - até novembro/2013 (R$8,72 bilhões)
Investimentos em Transporte da União (Orçamento Fiscal) (dados atualizados novembro/2013)
25 20 15 10 5 0
1,86 (21,3%)
15,91 6,65 (76,4%)
8,72 6,06
2,66
Autorizado Obs.: ???
Valores Pagos do Exercício
Restos a Pagar Pagos
0,08 (1,0%)
Total Pago
0,13 (1,4%)
RECURSOS DISPONÍVEIS E INVESTIMENTO FEDERAL (ATÉ NOVEMBRO DE 2013) Orçamento Fiscal e Estatais (Infraero e Cia Docas) (R$ milhões correntes) Recursos Disponíveis 15.909,04 Autorizado União Dotação das Estatais (Infraero e Cia Docas) 3.203,93 Total de Recursos Disponíveis 19.112,97 Investimento Realizado 6.654,98 Rodoviário 1.856,77 Ferroviário 444,49 Aquaviário (União + Cia Docas) 1.287,97 Aéreo (União + Infraero) 10.244,16 Investimento Total (Total Pago) Fonte: Orçamento Fiscal da União (SIGA BRASIL - Senado Federal); Orçamento de Investimentos das Empresas Estatais (DEST-MPOG). Nota (A) Dados atualizados até 29.11.2013 (SIGA BRASIL). (B) Em 18 de junho de 2013 foram excluídos R$ 6 bilhões do valor autorizado para investimento em transporte no Orçamento Fiscal. Esses recursos eram referentes a créditos extraordinários autorizados pela MP nº 598 de 27/12/2012. Findo o prazo para a apresentação do Projeto de Decreto Legislativo para a MP, esta perdeu a validade e os créditos previstos foram devidamente retirados do orçamento. Nota sobre a CIDE: Até o boletim econômico de março de 2013, a CNT realizava o acompanhamento da arrecadação e do investimento com recursos da CIDE-combustíveis, Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, criada pela Lei 10.336, de 19/12/2001. Esse acompanhamento deixou de ser realizado, já que a alíquota da CIDE foi reduzida a zero pelo Decreto nº 7.764, de junho de 2012. Os recursos da CIDE eram destinados aos seguintes fins: (a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; (b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; e (c) ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes.
Rodoviário
Ferroviário
Aquaviário
Aéreo
CONJUNTURA MACROECONÔMICA - NOVEMBRO/2013
PIB (% cresc a.a.)1 Selic (% a.a.)2 IPCA (%)3 Balança Comercial Reservas Internacionais4 Câmbio (R$/US$)5
2012
acumulado em 2013
últimos 12 meses
expectativa para 2013
0,9 7,25 5,84 19,43
2,40
2,26
2,50 5,81 1,30
10,00 4,38 -0,93
5,84 2,15
373,14
376,09
2,04
2,32
2,30
Fontes: Receita Federal, SIGA BRASIL - Senado Federal, IBGE e Focus (Relatório de Mercado 29/11/13), Banco Central do Brasil. Observações: (1) Expectativa de crescimento do PIB para 2013. (2) Taxa Selic conforme Copom 27/11/2013. (3) Inflação acumulada no ano e em 12 meses até outubro/2013. (4) Posição dezembro/2012 e novembro/2013 em US$ bilhões. (5) Câmbio de fim de período divulgado em 04/12/2013, média entre compra e venda.
Evolução do Investimento Federal em Infraestrutura de Transporte 16,0 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0 2008 Investimento Total
ORÇAMENTO FISCAL DA UNIÃO E ORÇAMENTO DAS ESTATAIS (INFRAERO E CIA DOCAS) (valores em R$ bilhões correntes) 2008 2009 2010 2011 5,1 7,8 10,3 11,2 Rodoviário 0,9 1,0 2,5 1,6 Ferroviário 1,3 1,3 1,0 Aquaviário (União + Cia Docas) 0,8 0,5 0,5 0,7 1,2 Aéreo (União + Infraero) 7,3 10,6 14,8 15,0 Investimento Total
2009 Rodoviário
2010 Ferroviário
2011 Aquaviário
2012 Aéreo
2012 9,4 1,1 0,8 1,4 12,7
Fonte: Orçamento Fiscal da União (SIGA BRASIL - Senado Federal) e Orçamento de Investimentos das Empresas Estatais (DEST-MPOG).
8
R$ bilhões correntes
Orçamento Fiscal da União e Orçamento das Estatais (Infraero e Cia Docas)
* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br
INVESTIMENTO PÚBLICO FEDERAL EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE POR ESTADOS E REGIÕES (VALORES EM R$ MILHÕES CORRENTES)1
REGIÕES3
Estados
ORÇAMENTO FISCAL (TOTAL PAGO2 POR MODAL DE TRANSPORTE) Acre Alagoas Amazonas Amapá Bahia Ceará Distrito Federal Espírito Santo Goiás Maranhão Minas Gerais Mato Grosso do Sul Mato Grosso Pará Paraíba Pernambuco Piauí Paraná Rio de Janeiro Rio Grande do Norte Rondônia Roraima Rio Grande do Sul Santa Catarina Sergipe São Paulo Tocantins Centro Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Nacional Total
Rodoviário
Ferroviário
Aquaviário
Aéreo
Total
69,55 323,25 45,25 36,95 232,21 271,02 6,13 123,77 495,21 325,04 773,70 185,22 342,30 431,58 143,37 148,98 110,64 270,73 309,57 111,31 314,10 27,21 875,54 404,36 114,04 27,00 68,41 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 68,53 6.654,98
0,00 0,00 0,00 0,00 804,71 0,00 0,00 0,00 732,13 0,00 155,94 11,77 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,60 26,36 0,00 0,00 0,00 0,14 0,15 0,00 89,15 2,56 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 29,25 1.856,77
0,00 0,00 8,00 0,00 1,35 2,95 0,00 12,24 0,00 16,21 0,00 0,00 0,00 0,36 0,00 0,00 0,00 0,00 0,20 0,00 0,00 0,00 4,99 0,96 0,00 15,73 0,00 0,00 0,00 9,88 0,00 0,15 10,79 83,81
0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,32 0,00 0,00 124,50 125,82
69,55 323,25 53,25 36,95 1.038,26 273,97 6,13 136,01 1.227,34 341,25 929,64 197,00 342,30 431,94 143,37 148,98 110,64 275,33 336,13 111,31 314,10 27,21 880,68 405,47 114,04 131,88 70,97 0,00 0,00 11,20 0,00 0,15 233,07 8.721,39
Elaboração: Confederação Nacional do Transporte *Dados atualizados até 29.11.2013 (SIGA BRASIL).
Notas: (1) Foram utilizados os seguintes filtros: função (26), subfunção (781=aéreo, 782=rodoviário, 783=ferroviário, 784=aquaviário), GND (4=investimentos). Para a subfunção 781 (aéreo), não foi aplicado nenhum filtro para a função. Fonte: SIGA BRASIL (Execução do Orçamento Fiscal da União). (2) O total pago é igual ao valor pago no exercício acrescido de restos a pagar pagos. (3) O valor investido em cada região não é igual ao somatório do valor gasto nos respectivos estados. As obras classificadas por região são aquelas que atendem a mais de um estado e por isso não foram desagregadas. Algumas obras atendem a mais de uma região, por isso recebem a classificação Nacional.
Nota técnica CNT
Mudança de fonte de dados de investimentos públicos federais A partir de janeiro de 2013, a CNT passa a utilizar o SIGA BRASIL como fonte de dados da execução do Orçamento Fiscal da União. Até então, eram utilizados os bancos de dados elaborados pela COFF (Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira) disponibilizados pela Câmara dos Deputados. O SIGA BRASIL é um sistema de informações sobre orçamento público, que permite acesso amplo e facilitado ao SIAFI e a outras bases de dados sobre planos e orçamentos públicos, por meio de uma única ferramenta de consulta . Por ser atualizado periodicamente, o SIGA BRASIL permite uma análise mais dinâmica da execução orçamentária federal. Além disso, o SIGA BRASIL disponibiliza na mesma base de dados os valores pagos no exercício e os restos a pagar pagos. Esta característica confere ao sistema maior precisão e segurança no acompanhamento dos investimentos em infraestrutura de transporte. Os dados de execução orçamentária para investimento em infraestrutura de transporte são divulgados mensalmente pela Confederação Nacional do Transporte por meio de seu Boletim Econômico disponível na revista CNT Transporte Atual e no site da instituição (www.cnt.org.br).
Para consultar a execução detalhada, acesse o link http://www.cnt.org.br/Paginas/Boletim-economico.aspx
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BOLETIM DO DESPOLUIR DESPOLUIR
PROJETOS
A Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o Sest Senat lançaram em 2007 o Programa Ambiental do Transporte - DESPOLUIR, com o objetivo de promover o engajamento de empresários, caminhoneiros autônomos, taxistas, trabalhadores em transporte e da sociedade na construção de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.
• Redução da emissão de poluentes pelos veículos • Incentivo ao uso de energia limpa pelo setor transportador • Aprimoramento da gestão ambiental nas empresas, garagens e terminais de transporte • Cidadania para o meio ambiente
RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS ESTRUTURA
NÚMEROS DE AFERIÇÕES 2013
2007 A 2012
ATÉ OUTUBRO
NOVEMBRO
174.619
14.486
820.587 Aprovação no período 88,18%
88,68%
TOTAL 1.009.692
88,53%
88,48%
Federações participantes
20
Unidades de atendimento
68
Empresas atendidas
10.226
Caminhoneiros autônomos atendidos
12.320
PUBLICAÇÕES DO DESPOLUIR
INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES Para participar do Projeto Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos, entre em contato com a Federação que atende o seu Estado. FEDERAÇÃO FETRANSPORTES
27.2125-7643
BA e SE
71.3341-6238
SP
11.2632-1010
FETRANCESC
SC
48.3248-1104
FETRANSPAR
PR
41.3333-2900
FETRANSUL
RS
51.3374-8080
FETRACAN
AL, CE, PB, PE, PI, RN e MA
81.3441-3614
FETCEMG
MG
31.3490-0330
FENATAC
DF, TO, MS, MT e GO
61.3361-5295
RJ
21.3869-8073
AC, AM, RR, RO, AP e PA
92.2125-1009
ES
27.2125-7643
BA e SE
71.3341-6238
RJ
21.3221-6300
RN, PB, PE e AL
84.3234-2493
FETRAM
MG
31.3274-2727
FEPASC
SC e PR
41.3244-6844
CEPIMAR
CE, MA e PI
85.3261-7066
FETRAMAR
MS, MT e RO
65.3027-2978
AM, AC, PA, RR e AP
92.3584-6504
FETRASUL
DF, GO, SP e TO
62.3598-2677
FETERGS
RS
51.3228-0622
FETRANSCARGA FETRAMAZ FETRANSPORTES FETRABASE FETRANSPOR FETRONOR Passageiros
TELEFONE
ES
FETCESP
FETRABASE
Carga
UFs ATENDIDAS
FETRANORTE
A pesquisa “Caminhoneiros no Brasil - Relatório Síntese de Informações Ambientais” apresenta a realidade e as necessidades de um dos principais agentes do setor de transporte. Informações econômicas, financeiras, sociais e ambientais, além de dados relacionados à frota, como distribuição e idade média; características dos veículos e dos deslocamentos; intensidade de uso e autonomia (km/l) da frota permitem aprofundar os conhecimentos relativos ao setor de transporte rodoviário.
8
SETOR
Conheça abaixo duas das diversas publicações ambientais que estão disponíveis para download no site do DESPOLUIR:
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br
O governo brasileiro adotou o biodiesel na matriz energética nacional, através da criação do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel e da aprovação da Lei n. 11.097. Atualmente, todo o óleo diesel veicular comercializado ao consumidor final possui biodiesel. Essa mistura é denominada óleo diesel B e apresenta uma série de benefícios ambientais, estratégicos e qualitativos. O objetivo desta publicação é auxiliar na rotina operacional dos transportadores, apresentando subsídios para a efetiva adoção de procedimentos que garantam a qualidade do óleo diesel B, trazendo benefícios ao transportador e, sobretudo, ao meio ambiente.
CNT TRANSPORTE ATUAL
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CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL
BOLETIM AMBIENTAL
CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE (em milhões de m3)
2009 EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL (EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA)
EMISSÕES DE CO2 POR SETOR CO2 t/ANO 1.202,13 140,05 136,15 48,45 47,76 1.574,54
SETOR
Mudança no uso da terra Industrial* Transporte Geração de energia Outros setores Total
(%) 76,35 8,90 8,65 3,07 3,03 100,00
PARTICIPAÇÃO
Rodoviário Aéreo Outros meios Total
38,49
Ferroviário
0,83
2%
1,08
3%
1,18
3%
Hidroviário
0,49
1%
0,14
0%
0,14
0%
35,68 100%
37,7
100%
36,38
% 97%
(outubro)
Diesel
(%) 90,46 5,65 3,88 100,00
44,76
44,29
49,23
52,26
55,90
48,93
Gasolina 25,17
25,40
29,84
35,49
39,69
33,94
Etanol
16,47
15,07
10,89
9,85
8,68
PARTICIPAÇÃO
13,29
* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc). ** Dados atualizados em 27 de novembro de 2013.
EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO OTTO* - 2009**
EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO DIESEL - 2009**
80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%
CO2 NOx NMHc CO CH4
39,81 100%
VOLUME
34,46
% 97%
VOLUME
CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões de m3)* TIPO 2008 2009 2010 2011 2012 2013**
EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE CO2 t/ANO 123,17 7,68 5,29 136,15
Rodoviário
VOLUME
Total
*Inclui processos industriais e uso de energia
MODAL
2011
2010 % 97%
MODAL
60% 50% 40% CO2 NOx CO NMHc MP
30% 20% 10% 0%
Automóveis GNV Comerciais Leves (Otto) Motocicletas * Inclui veículos movidos a gasolina, etanol e GNV ** Dados fornecidos pelo último Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários – MMA, 2011.
Ônibus Urbanos
Caminhões Pesados
10 15 10 a 50
CE: Fortaleza, Aquiraz, Horizonte, Caucaia, Itaitinga, Chorozinho, Maracanaú, Euzébio, Maranguape, Pacajus, Guaiúba, Pacatuba, São Gonçalo do Amarante, Pindoretama e Cascavel. PA: Belém, Ananindeua, Marituba, Santa Bárbara do Pará, Benevides e Santa Isabel do Pará. PE: Recife, Abreu e Lima, Itapissuma, Araçoiaba, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Moreno, Camaragibe, Olinda, Igarassu, Paulista, Ipojuca, Itamaracá e São Lourenço da Mata. Frotas cativas de ônibus dos municípios: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Porto Alegre e São Paulo. RJ: Rio de Janeiro, Belford Roxo, Nilópolis, Duque de Caxias, Niterói, Guapimirim, Nova Iguaçu, Itaboraí, Paracambi, Itaguaí, Queimados, Japeri, São Gonçalo, Magé, São João de Meriti, Mangaratiba, Seropédica, Maricá, Tanguá e Mesquita. 10** Brasil SP: São Paulo, Americana, Mairiporã, Artur Nogueira, Mauá, Arujá, Mogi das Cruzes, Barueri, Mongaguá, Bertioga, Monte Mor, Biritibamirim, Nova Odessa, Caçapava, Osasco, Caieiras, Paulínia, Cajamar, Pedreira, Campinas, Peruíbe, Carapicuíba, Pindamonhangaba, Cosmópolis, Pirapora do Bom Jesus, Cotia, Poá, Cubatão, Praia Grande, Diadema, Ribeirão Pires, Embu, Rio Grande da Serra, Embuguaçu, Salesópolis, Engenheiro Coelho, Santa Bárbara d’ Oeste, Ferraz de Vasconcelos, Santa Branca, Francisco Morato, Santa Isabel, Franco da Rocha, Santana de Parnaíba, Guararema, Santo André, Guarujá, Santo Antônio da Posse, Guarulhos, Santos, Holambra, São Bernardo do Campo, Hortolândia, São Caetano do Sul, Igaratá, São José dos Campos, Indaiatuba, São Lourenço da Serra, Itanhaém, São Vicente, Itapecerica da Serra, Sumaré, Itapevi, Suzano, Itaquaquecetuba, Taboão da Serra, Itatiba, Taubaté, Jacareí, Tremembé, Jaguariúna, Valinhos, Jandira, Vargem Grande Paulista, Juquitiba e Vinhedo. Demais estados e cidades 500 ou 1800*** * Em partes por milhão de S - ppm de S ** Municípios com venda exclusiva de S10. Para ver a lista dos postos que ofertam o diesel S10, consulte o site do DESPOLUIR: www.cntdespoluir.org.br *** A partir de 2013, 59% do chamado diesel interiorano passam a ser S500. Para mais informações, consulte a seção Legislação no Site do DESPOLUIR: www.cntdespoluir.org.br
4,0%
3,5% 21,5%
13,0%
43,5% 14,5%
Teor de Biodiesel 21,5% Outros 3,5%
Pt. Fulgor 14,5% Enxofre 13,0%
Corante 4,0% Aspecto 43,5%
% NC
ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - OUTUBRO 2013 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0
Trimestre Anterior Trimestre Atual
18,4
4,9
3,6
3,8 0,0 AC 0 0
AL 3,8 3,8
AM 18,4 12,5
Caminhões Leves
NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - OUTUBRO 2013
QUALIDADE DO ÓLEO DIESEL TEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL (em ppm de s)* Japão EUA Europa
Ônibus Caminhões Comerciais Leves Rodoviários (Diesel) médios
AP 3,6 3,8
1,5 BA 1,5 1,8
0,9 CE 4,9 6,3
DF 0,9 0,9
1,8 ES 1,8 2,3
3,7 0,0
0,0
GO 0 0
MA 0 0,2
3,8
2,5
4,8
2,5
2,6
0,0 MG 3,7 4,2
MS 0 0
Percentual relativo ao número de não-conformidades encontradas no total de amostras coletadas. Cada amostra analisada pode conter uma ou mais não-conformidades.
MT 3,8 4,6
PA 2,5 3,2
PB 4,8 5,3
PE 2,5 2,7
PI 2,6 3,4
5,3 1,5
3,0
PR 1,5 1,8
RJ 3 2,9
2,3 RN 2,3 2,3
0,0
2,4
1,7
1,0
RO 0 0
RR 2,4 5,1
RS 1,7 1,5
SC 1 0,9
2,7
2,4 0,0 SE 5,3 4,6
SP 2,4 2,8
TO 0 0
Brasil 2,7 3
EFEITOS DOS PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS DO TRANSPORTE POLUENTES
PRINCIPAIS FONTES
CARACTERÍSTICAS
EFEITOS SAÚDE HUMANA
1
Monóxido de carbono (CO)
Resultado do processo de combustão de fonte móveis2 e de fontes fixas industriais3.
Gás incolor, inodoro e tóxico.
Diminui a capacidade do sangue em transportar oxigênio. Aspirado em grandes quantidades pode causar a morte.
Dióxido de Carbono (CO2)
Resultado do processo de combustão de fonte móveis2 e de fontes fixas industriais3.
Gás tóxico, sem cor e sem odor.
Provoca confusão mental, prejuízo dos reflexos, inconsciência, parada das funções cerebrais.
Metano (CH4)
Resultado do processo de combustão de fontes móveis2 e fixas3, atividades agrícolas e pecuárias, aterros sanitários e processos industriais4.
Gás tóxico, sem cor, sem odor. Quando adicionado a água torna-se altamente explosivo.
Causa asfixia, parada cardíaca, inconsciência e até mesmo danos no sistema nervoso central, se inalado.
MEIO AMBIENTE
Causam o aquecimento global, por serem gases de efeito estufa.
Compostos orgânicos voláteis (COVs)
Resultado do processo de combustão de fonte móveis2 e processos industriais4.
Composto por uma grande variedade de moléculas a base de carbono, como aldeídos, cetonas e outros hidrocarbonetos leves.
Causa irritação da membrana mucosa, conjuntivite, danos na pele e nos canais respiratórios. Em contato com a pele pode deixar a pele sensível e enrugada e quando ingeridos ou inalados em quantidades elevadas causam lesões no esôfago, traqueia, trato gastro-intestinal, vômitos, perda de consciência e desmaios.
Óxidos de nitrogênio (NOx)
Formado pela reação do óxido de nitrogênio e do oxigênio reativo presentes na atmosfera e queima de biomassa e combustíveis fósseis.
O NO é um gás incolor, solúvel. O NO2 é um gás de cor acastanhada ou castanho avermelhada, de cheiro forte e irritante, muito tóxico. O N2O é um gás incolor, conhecido popularmente como gás do riso.
O NO2 é irritante para os pulmões e Causam o aquecimento global, diminui a resistência às infecções por serem gases de efeito estufa. respiratórias. A exposição continuada ou frequente a níveis elevados pode provocar Causadores da chuva ácida5. tendência para problemas respiratórios.
Formado pela quebra das moléculas dos hidrocarbonetos liberados por alguns poluentes, como combustão de gasolina e diesel. Sua formação é favorecida pela incidência de luz solar e ausência de vento.
Gás azulado à temperatura ambiente, instável, altamente reativo e oxidante.
Resultado do processo de combustão de fontes móveis2 e processos industriais4.
Provoca irritação e aumento na produção de muco, desconforto na Gás denso, incolor, não inflamável respiração e agravamento de e altamente tóxico. problemas respiratórios e cardiovasculares.
Causa o aquecimento global, por ser um gás de efeito estufa. Causador da chuva ácida5, que deteriora diversos materiais, acidifica corpos d'água e provoca destruição de florestas.
Conjunto de poluentes constituído de poeira, fumaça e todo tipo de material sólido e líquido que se mantém suspenso. Possuem diversos tamanhos em suspensão na atmosfera. O tamanho das partículas está diretamente associado ao seu potencial para causar problemas à saúde, quanto menores, maiores os efeitos provocados.
Altera o pH, os níveis de pigmentação e a fotossíntese das plantas, devido a poeira depositada nas folhas.
Ozônio (O3)
Dióxido de enxofre (SO2)
Material particulado (MP)
Resultado da queima incompleta de combustíveis e de seus aditivos, de processos industriais e do desgaste de pneus e freios.
Provoca problemas respiratórios, irritação aos olhos, nariz e garganta.
Incômodo e irritação no nariz e garganta são causados pelas partículas mais grossas. Poeiras mais finas causam danos ao aparelho respiratório e carregam outros poluentes para os alvéolos pulmonares, provocando efeitos crônicos como doenças respiratórias, cardíacas e câncer.
Causa destruição e afeta o desenvolvimento de plantas e animais, devido a sua natureza corrosiva. Além de causar o aquecimento global, por ser um gás de efeito estufa.
8
1. Em 12 de junho de 2012, segundo o Comunicado nº 213, o Centro Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC, em inglês), que é uma agência da Organização Mundial da Saúde (OMS), classificou a fumaça do diesel como substância cancerígena (grupo 1), mesma categoria que se encontram o amianto, álcool e cigarro. 2. Fontes móveis: motores a gasolina, diesel, álcool ou GNV. 3. Fontes fixas: Centrais elétricas e termelétricas, instalações de produção, incineradores, fornos industriais e domésticos, aparelhos de queima e fontes naturais como vulcões, incêndios florestais ou pântanos. 4. Processos industriais: procedimentos envolvendo passos químicos ou mecânicos que fazem parte da fabricação de um ou vários itens, usualmente em grande escala. 5. Chuva ácida: a chuva ácida, também conhecida como deposição ácida, é provocada por emissões de dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de nitrogênio (NOx) de usinas de energia, carros e fábricas. Os ácidos nítrico e sulfúrico resultantes podem cair como deposições secas ou úmidas. A deposição úmida é a precipitação: chuva ácida, neve, granizo ou neblina. A deposição seca cai como particulados ácidos ou gases.
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br
tornou-se um marco institucional ❛AdoCNT país, ocupando toda capilaridade por onde CLÉSIO ANDRADE
OPINIÃO
60 anos de con
T
oda grande instituição tem um histórico de determinação, lutas e conquistas realizadas por homens abnegados, entregues a causas superiores. A Confederação Nacional do Transporte está entre as grandes instituições brasileiras, e sua história vem sendo construída exatamente assim, com todos esses elementos e com a vontade inquebrantável dos transportadores. Em 60 anos de história, a CNT tornou-se um marco institucional pelo crescimento do transporte do país, ocupando toda capilaridade por onde atua a atividade transportadora. A CNT é protagonista de grandes realizações e com essas vieram grandes responsabilidades, em especial as adquiridas com a criação do Sest Senat, em benefício do trabalhador em transporte. Estabelecidas, principalmente, para a promoção da profissionalização, para a qualificação, para a atualização e para a reciclagem dos profissionais do transporte, mantendo a empregabilidade do trabalhador nesses tempos de globalização e de muita competitividade de mercado. Na parte social, o Sest Senat presta assistência integral, porém, são proporcionadas especiais ênfases àquelas especialidades que o trabalhador mais necessita e que não estão facilmente disponíveis na rede pública de saúde, que são odontologia, tratamentos de coluna e orientações para com
a alimentação para uma vida saudável e para a prevenção de doenças. As ações do Sest Senat têm sido decisivas para a ascensão profissional, econômica e social dos trabalhadores em transporte, de seus familiares e da comunidade na qual se instala. Atualmente, contamos quase uma centena e meia de unidades do Sest Senat, em todas as capitais e nas principais cidades brasileiras. A CNT atua no principal foco de interesse do empresariado transportador que trata do fortalecimento da atividade transportadora. Cientes que um sistema de transporte integrado e eficiente é fator decisivo para o crescimento social e econômico de um país, os transportadores, por meio de sua confederação, participam das principais agendas setoriais do Brasil, sempre na defesa de um transporte de qualidade. Entretanto, muito além da atuação corporativa, a CNT conta também ações efetivas de interesse imediato da sociedade. Sua pesquisa sobre rodovias é o estudo mais abrangente e revelador das condições das estradas brasileiras e referência para estudiosos, legisladores, representantes públicos e empresários para a adoção de políticas e estratégias em suas áreas. Assim é também com outros importantes estudos voltados para o transporte ferroviário, hidroviário, navegação de cabotagem e interior, portuário e aeroportuário. Necessá-
CNT TRANSPORTE ATUAL
❛
pelo crescimento do transporte atua a atividade transportadora
81
JANEIRO 2014
quistas dalidades, para a melhoria da mobilidade urbana e para a logística integrada de transportes. Outra importante ação é o Programa Avançado de Capacitação que contribuirá com a formação de profissionais em nível de especialização, MBA, mestrado, doutorado suprindo a carência de gestores, especialistas e pesquisadores em transporte, formando pessoas que contribuam para fortalecer a competitividade do transporte e que proponham políticas públicas efetivas para a consolidação desse importante segmento da economia brasileira. As responsabilidades adquiridas ao longo de seis décadas de existência moldaram o caráter contemporâneo, arrojado e comprometido com os ideais de progresso que norteiam a atuação da Confederação Nacional do Transporte, que, nesses 60 anos, tornou-se orgulho do transportador do Brasil, mantendo vivo e renovado seu ânimo para atuar, por muitos anos mais, em defesa do transporte nacional. Nós, os transportadores, temos toda convicção de que a atuação da CNT é determinante para o desenvolvimento de nosso país e para o bem-estar de nosso povo.
❛Os transportadores, por meio de sua confederação, participam das principais agendas setoriais do Brasil, sempre na defesa de um transporte de qualidade
❛
rio destacar também a atuação da CNT na realização de uma das mais tradicionais pesquisas de opinião pública, reveladora da aceitação popular dos governantes, da conjuntura econômica e social do país. Com relevância crescente nos diversos espaços da organização política e social do país, a CNT levou sua voz aos principais fóruns relacionados à atividade transportadora e, assim, os debates mais profícuos de interesse específico do transportador e da sociedade têm o ponto de vista de nossa confederação. Um bom exemplo é a participação no Conselho Nacional do Meio Ambiente, do Ministério do Meio Ambiente, em razão de nossas medidas de controle da emissão de poluentes levadas a todos os níveis da atividade transportadora. Com muitas conquistas ainda a empreender, a CNT identificou temas que figuram em destaque em sua agenda institucional, tais como o recém-instaurado Núcleo de Inteligência e Estratégia do Transporte, cujo objetivo principal será contribuir com propostas estratégicas para o desenvolvimento do transporte em suas diversas mo-
82
CNT TRANSPORTE ATUAL
CNT CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE PRESIDENTE Clésio Andrade VICE-PRESIDENTES DA CNT TRANSPORTE DE CARGAS
JANEIRO 2014
José Severiano Chaves Eudo Laranjeiras Costa Antônio Carlos Melgaço Knitell Eurico Galhardi Francisco Saldanha Bezerra Jerson Antonio Picoli João Rezende Filho Mário Martins
Escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL As cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes
DOS LEITORES
Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Meton Soares Júnior TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Jacob Barata Filho TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José Fioravanti PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Marco Antonio Gulin Otávio Vieira da Cunha Filho TRANSPORTE DE CARGAS
Flávio Benatti Pedro José de Oliveira Lopes TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José da Fonseca Lopes Edgar Ferreira de Sousa
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
Luiz Anselmo Trombini Urubatan Helou Irani Bertolini Pedro José de Oliveira Lopes Paulo Sérgio Ribeiro da Silva Eduardo Ferreira Rebuzzi Oswaldo Dias de Castro Daniel Luís Carvalho Augusto Emílio Dalçóquio Geraldo Aguiar Brito Viana Augusto Dalçóquio Neto Euclides Haiss Paulo Vicente Caleffi Francisco Pelúcio
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
Glen Gordon Findlay Paulo Cabral Rebelo
Edgar Ferreira de Sousa José Alexandrino Ferreira Neto José Percides Rodrigues Luiz Maldonado Marthos Sandoval Geraldino dos Santos Éder Dal’ Lago André Luiz Costa Diumar Deléo Cunha Bueno Claudinei Natal Pelegrini Getúlio Vargas de Moura Bratz Nilton Noel da Rocha Neirman Moreira da Silva
TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Rodrigo Vilaça Júlio Fontana Neto TRANSPORTE AÉREO
Urubatan Helou José Afonso Assumpção CONSELHO FISCAL (TITULARES) David Lopes de Oliveira Éder Dal’lago Luiz Maldonado Marthos José Hélio Fernandes CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) Waldemar Araújo André Luiz Zanin de Oliveira José Veronez Eduardo Ferreira Rebuzzi DIRETORIA TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Hernani Goulart Fortuna Paulo Duarte Alecrim André Luiz Zanin de Oliveira Moacyr Bonelli George Alberto Takahashi José Carlos Ribeiro Gomes Roberto Sffair Luiz Ivan Janaú Barbosa José Roque
Luiz Wagner Chieppe Alfredo José Bezerra Leite Lelis Marcos Teixeira José Augusto Pinheiro
Fernando Ferreira Becker
Victorino Aldo Saccol
Eclésio da Silva
Raimundo Holanda Cavacante Filho Jorge Afonso Quagliani Pereira Alcy Hagge Cavalcante
AGÊNCIA CNT
FUTEBOL SOCIETY
Excelente a iniciativa da Agência CNT de Notícias em destinar um espaço especial no site para as pessoas com deficiência. O conteúdo das reportagens é bastante rico em informações sobre um tema que ainda é pouco discutido no nosso país. Falamos muito em mobilidade urbana, mas esquecemos que a acessibilidade é também fundamental. As pessoas com deficiência devem ser respeitadas de maneira séria. Parabéns pelo belo trabalho.
A iniciativa do Sest Senat em promover a Copa de Futebol Society é muito boa. O evento promove momentos de integração e de lazer aos trabalhadores do setor que têm, muitas vezes, jornadas duras e cansativas de trabalho. Lendo a reportagem da edição nº 219 da revista CNT Transporte Atual é possível perceber a importância dessa ação para esses profissionais. Parabéns às equipes vencedoras e ao Sest Senat pelo trabalho.
Miriam Carvalho Uberaba/MG
TRANSPORTE HIDROVIÁRIO
RENOVAÇÃO DE FROTA Há alguns anos, os caminhoneiros autônomos aguardam ansiosos pela criação de um programa nacional que permita não só a troca, mas a retirada dos veículos antigos das rodovias do país. Ficamos muito satisfeitos com a notícia da possibilidade de implantação desse programa já em 2014. Esperamos que o governo federal compre essa ideia já defendida pela CNT há tanto tempo. Precisamos urgente retirar esses veículos de circulação. Clayton Ramos Caxias do Sul/RS
Afonso Tavares Vitória/ES
A CNT acerta ao divulgar mais um estudo sobre a infraestrutura de transporte. A Pesquisa CNT da Navegação Interior é completa em dados sobre esse modal. Já conhecia os benefícios ambientais do transporte realizado pelos rios, mas depois de descobrir que ele é também mais eficiente e barato, passei a defender ainda mais a sua utilização no Brasil. Cláudia Magalhães Teresina/PI CARTAS PARA ESTA SEÇÃO
SAUS, quadra 1, bloco J Edifício CNT, entradas 10 e 20, 11º andar 70070-010 - Brasília (DF) E-mail: imprensa@cnt.org.br Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes