Criatividade, conhecimento e inovação

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EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT

CNT

ANO XIX NÚMERO 223 1º DE ABRIL 2014

T R A N S P O R T E

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Instituto de Transporte e Logística, criado pela CNT, busca promover a formação avançada de profissionais em nível acadêmico e profissional ENTREVISTA COM CARLOS CAMPOS, PESQUISADOR DE INFRAESTRUTURA DO IPEA




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1º DE ABRIL 2014

REPORTAGEM DE CAPA Instituto de Transporte e Logística tem entre seus objetivos a geração do conhecimento e a inovação do transporte, além de se transformar em um centro de referência em educação, pesquisa e inteligência para o setor Página 20

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ANO XIX | NÚMERO 223 | 1º DE ABRIL 2014

ENTREVISTA

Economista Carlos Campos defende mais investimento PÁGINA

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SONDAGEM • Levantamento feito pela CNT revela que 70,9% dos empresários não acreditam em aumento do dinamismo da economia

CAPA ISTOCKPHOTO

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PÁGINA

AVIAÇÃO

EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT CONSELHO EDITORIAL Bernardino Rios Pim Bruno Batista Etevaldo Dias Tereza Pantoja Virgílio Coelho Wesley Passaglia

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Super Tucano completa dez anos de atuação PÁGINA

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EDITORA RESPONSÁVEL

Vanessa Amaral [vanessa@sestsenat.org.br] EDITOR-EXECUTIVO Americo Ventura [americoventura@sestsenat.org.br]

ATUALIZAÇÃO DE ENDEREÇO:

atualizacao@cnt.org.br Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053. Tiragem: 40 mil exemplares

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

CARGA ESPECIAL

Transporte de medicamentos exige cuidados PÁGINA

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www.

cnt.org.br

Guia Turístico

MEDALHA JK • Meton Soares Júnior é agraciado com a medalha Grã-Cruz e recebe os cumprimentos do presidente da CNT, senador Clésio Andrade PÁGINA

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AQUAVIÁRIO

FERROVIÁRIO

Companhias Docas têm sua gestão posta em xeque

Projeto Ferrogrão vislumbra nova fronteira agrícola

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SAÚDE

Seções Alexandre Garcia

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Duke

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Mais Transporte

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Boletins

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Tema do mês

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Opinião

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Cartas

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A primeira etapa do projeto Comandos de Saúde em 2014 PÁGINA

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SEST SENAT

Balanço positivo das ações durante o ano passado PÁGINA

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Os taxistas de Belo Horizonte (MG) prestarão um serviço diferenciado aos turistas que visitarem a cidade, principalmente durante a Copa. O Sest Senat, em parceria com outras entidades do setor de transporte, lançou o ‘Guia Turístico para Taxistas’, material que contém informações, dias e horários de funcionamento de 36 pontos turísticos da capital mineira. Confira, no site da CNT, a reportagem completa e assista ao vídeo da campanha. Acesse: http://bit.ly/agenciacnt787


“Agora começa mais uma safra de soja, e os empecilhos de sempre ainda se agravam. Falta transporte, e o transporte está mais caro ainda” ALEXANDRE GARCIA

Buraco e burocracia

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rasília (Alô) - Na plataforma da rodoviária, o lugar mais central de Brasília, também chamado de quilômetro zero do Brasil, o MST pendurou uma faixa que lá ficou por dias: “Agronegócio dá câncer”. Cada vez que eu passava por lá lembrava que agronegócio dá PIB, dá equilíbrio na balança comercial, dá alimento, gera recurso para a saúde, para a educação e até para os estádios da Copa. Mas é tratado pelo governo com o silêncio com que se oculta a doença maldita. Agora começa mais uma safra de soja, e os empecilhos de sempre ainda se agravam. Falta transporte, e o transporte está mais caro ainda. Difícil de entender nossas prioridades. O que dá riqueza ao país cede lugar para o que só dá gasto. Um retrato disso é a estrada federal que liga Manaus à capital de Roraima. Uma imensa cratera impedia a passagem de caminhões com mais de 30 toneladas. Isso a poucos quilômetros e ao mesmo tempo em que mais um estádio era entregue para a Copa. E que foi construído, como os demais, com algumas centenas de milhões de reais além do orçado. Um motorista preso, há dias, com sua carga na BR-174, em sua justa ira, sugere que se faça a demolição do estádio para encher, com o entulho, o buraco que impede a passagem da riqueza. Histórias assim se repetem pelo país. Portos pouco eficientes enquanto investimos em porto cubano; falta de ferrovias, não aproveitamento de

hidrovias, depois de décadas de promessas; e rodovias que não fazem jus ao nome nem à nobre missão de transportar a riqueza que mantém o país. E, como se esse masoquismo não fosse suficiente, o país ainda inventa burocracia para se amarrar. Até para pagar imposto é difícil. O que se faz em minutos em países sensatos, aqui pode levar um mês. A burocracia detesta o progresso, detesta o crescimento. Se for discussão na Justiça, leva anos. E aqui no Brasil existe uma tal Justiça do Trabalho, tal como a jabuticaba. Já pensaram como é fácil, em outros países, onde as relações são diretas entre empregados e empregadores e regidas por contratos? Não nos iludamos, pensando que a sorte vai nos ajudar. Só nós podemos mudar isso - e haja mudança! A primeira delas é na cabeça de quem atrapalha o crescimento e opera o Estado burocrático, cobrador de impostos e sem eficiência na prestação de serviços. Aqui, no Brasil, a solução tem sido gastar mais. Como não há luzes para os neurônios, se pensa que mais dinheiro resolve. É fácil; o dinheiro vem do suor do contribuinte. Mas gastar mais não é solução; só agrava o problema. Precisamos aprender a usar bem o dinheiro do contribuinte. E recordar, de joelhos, Hélio Beltrão em sua desburocratização. Porque a burocracia, essa sim, dá câncer. O que é pior: buraco na estrada ou burocracia?


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“O valor investido em infraestrutura de transporte, no Brasil, significa de, pelo menos, multiplicar isso por quatro. Teria de ser algo em

ENTREVISTA

CARLOS CAMPOS - ECONOMISTA DO IPEA

Tem de investir 4 ve POR

recurso anual que o Brasil destina hoje para infraestrutura de transporte é pelo menos quatro vezes menor do que o valor que deveria, na avaliação do economista Carlos Campos, pesquisador de infraestrutura do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Um estudo que está sendo desenvolvido pelo Ipea (Investimentos na Infraestrutura de Transportes: Avaliação do Período 2002-2013 e Perspectivas para 2014-2016) vai mostrar que a participação da iniciativa privada tem sido muito expressiva nesses investimentos e que precisa ser estimulada. Carlos Campos critica a burocracia e as dificuldades no gerenciamento para que o recurso disponível possa ser de fato investido. Às vésperas da Copa do Mundo, o economista e pesquisador tam-

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CYNTHIA CASTRO

bém considera que o país perdeu a oportunidade de oferecer à população e aos visitantes estrangeiros uma melhoria efetiva da mobilidade urbana e das condições dos aeroportos a tempo do Mundial de Futebol. Ele critica ainda o elevado custo dos estádios e avalia que as intervenções de mobilidade serão importantes, mas chegarão com muito atraso. O Ipea está desenvolvendo um estudo sobre os investimentos em infraestrutura no país nos últimos anos. O que já é possível dizer em relação à participação da iniciativa privada? A participação dos investimentos privados na infraestrutura de transporte é, ao longo do período analisado (2002 a 2013), bastante expressiva, significando, em média, 46% do total investido. Ou seja, R$ 102 bilhões. Os investimen-

tos privados superaram os públicos nos anos de 2003, 2004, 2005 e 2013. O governo federal investiu, no período total, R$ 119 bilhões, o que representou 54% do total. Essa observação é relevante pela ideia geral de que os planos de investimento precisam estimular acentuadamente os investimentos privados em transportes. Qual a avaliação do senhor sobre os valores destinados atualmente no Brasil para infraestrutura de transporte? Esses valores ainda são absolutamente insuficientes. Se contabilizarmos os investimentos públicos e os privados em transportes, nos quatro modais, houve um crescimento significativo entre 2003 e 2010. Em 2003, foram R$ 7,8 bilhões públicos e privados na infraestrutura de transporte (incluindo investimentos das concessionárias de ferrovias, de rodovias, recur-

sos do orçamento fiscal, entre outros). Em 2010, foram R$ 26,6 bilhões. Em 2013, cresceu um pouco, atingindo a faixa de R$ 27 bilhões. Mas, apesar do crescimento nesse período, ainda é muito pouco diante das necessidades do país. Para atender às necessidades do Brasil, hoje, qual deveria ser o valor anual? Esse valor investido em infraestrutura de transporte significa apenas 0,6% do PIB (considerando investimentos públicos e privados). Precisávamos que o país, pelo menos, multiplicasse isso por quatro. O Brasil teria de investir algo em torno de R$ 100 bilhões por ano em sua infraestrutura de transporte. O senhor faria alguma comparação com o que ocorre em outro país? Se considerarmos os países emergentes, como Rússia, Índia,


JOÃO VIANA/IPEA/DIVULGAÇÃO

apenas 0,6% do PIB. Precisávamos torno de R$ 100 bilhões por ano”

zes mais China, Coreia do Sul, Vietnã, Chile, Colômbia, na média, eles estão investindo 3,4% do PIB. No Brasil, estamos em 0,6%. Só esse número mostra quão distante estamos de outros países que hoje concorrem com o Brasil. Crescemos entre 2003 e 2010. Mas estamos muito longe do que seria o ideal. Por isso digo que precisamos multiplicar por quatro para passar para, pelo menos, 2,4% do PIB. Ainda ficaria abaixo da média, mas já seria um volume de recursos que melhoraria nossa infraestrutura. Essa insuficiência de recursos pode ser um reflexo de décadas sem investir em transporte? O Brasil ficou praticamente 25 anos, entre 1985 e 2005 ou mais do que isso, fazendo pouco investimento em sua infraestrutura de transporte. Isso acabou degradando nossa infraestrutura. Há

um passivo de investimentos para se recuperar e ainda aumentou mais a necessidade. A economia vem crescendo e se tornou a sétima maior do mundo. Em vários produtos do agronegócio, somos os maiores do mundo. Somos os maiores exportadores de minério de ferro. Para o comércio internacional, é fundamental que nossa infraestrutura seja moderna e adequada. A falta de atenção no passado pode justificar a situação que estamos hoje, de investimentos abaixo da média de outros países emergentes? Houve um crescimento importante de 2003 a 2010 (nos investimentos). Mas, de 2010 para cá, estamos no mesmo ritmo. E os investimentos públicos até caíram, aumentaram os privados desde 2010. Realmente, não fizeram no passado. Mas não dá mais para

jogar a culpa nisso. Ainda estamos muito aquém do que precisa ser feito. Precisa ampliar os recursos. Mas há também problemas no gerenciamento para que os valores disponíveis possam ser de fato investidos? Hoje, um grande problema é conseguir aplicar esses recursos. Precisamos ter administração e gestão mais eficientes para que todas as barreiras possam ser vencidas com mais agilidade. Talvez, pela primeira vez na história da economia brasileira, há um volume de recursos, mas eles não estão sendo aplicados. Ao pegarmos os recursos públicos disponibilizados e autorizados no orçamento e também os de empresas

estatais (como as companhias Docas e a Infraero), grande parte não está se efetivando. Não estão sendo executados. Existe uma ineficiência, uma incapacidade administrativa e de gestão. Quais são as barreiras que precisam ser vencidas? Os marcos regulatórios mudam frequentemente. Todos os dias, há regras sendo alteradas. Essa mudança frequente traz insegurança jurídica ao investidor. Acaba inibindo o investimento privado, como acontece nos setores ferroviário e portuário e com os terminais arrendados nos portos públicos. As rodovias tiveram relativo sucesso, mas o governo teve que alterar os marcos regulatórios para atender o setor pri-


vado. Hoje, há também projetos mal-elaborados. Projetos básico e executivo que são malfeitos. Isso significa que a obra vai ficar mais cara, mais onerosa ao poder público e à sociedade. Quais outras barreiras o senhor citaria? As licenças ambientais, muitas vezes, demoram anos para serem emitidas. Há ainda problemas com desapropriações, que geralmente terminam em processos judiciais. E a Justiça é morosa demais. Tudo isso é um processo de pré-obra que se torna complicado. A lei de licitações está ultrapassada e requer uma série de procedimentos e recursos que levam lentidão ao processo. Todos esses fatores fazem com que os recursos fiquem disponibilizados no orçamento, mas não conseguem ser plenamente executados porque há problemas na parte administrativa e de gestão. Quando um governo anuncia um programa de obras, mas a sociedade não consegue ver o resultado desse programa, é um reflexo disso, de não se conseguir ultrapassar as barreiras administrativas e de gestão. Não é fácil vencer tudo isso, mas o Brasil precisa conseguir. É possível quantificar os prejuízos devido ao aumento do custo logístico das empresas? O custo de logística, no Brasil, é muito elevado quando comparamos a outros países. Estaria hoje

na faixa de quase 11% do PIB, enquanto nos Estados Unidos seria de 7%. E dentro do custo logístico, o mais importante de todos é o transporte. No Brasil, é em torno de 7% do PIB e nos Estados Unidos, 4%. Isso tudo mostra nossa ineficiência. Temos uma infraestrutura inadequada. Quem sai perdendo mais? Todo mundo perde com isso. Uns mais. A economia brasileira perde produtividade e competitividade. Perdem os exportadores porque têm impacto direto. Perdem os importadores porque os produtos importados chegam mais caros aos distribuidores finais. E o consumidor final acaba pagando o preço gerado por essa ineficiência no transporte. Quando falamos que é somente o empresário que perde mais, isso não é bem verdade. Porque ele vai repassar os preços. Um relatório do Fórum Econômico Mundial, do ano passado, mostrou que o Brasil perdeu posições no ranking internacional de competitividade. Qual a avaliação do senhor sobre o significado desse resultado? O significado é essa perda de produtividade e de competitividade. Os nossos custos são mais elevados do que o dos nossos competidores. E uma das razões principais é o fato de estarmos investindo apenas 0,6% do PIB em infraestrutura de transporte, enquanto eles investem 3,4%. Os outros países estão ficando

QUALIDADE Rodovia dos Imigrantes; pesquisador defende participação da ini

“Todo mundo perde, e o consumidor final paga o preço gerado por essa ineficiência”

com uma infraestrutura mais adequada do que a nossa. E os nossos custos logísticos estão aumentando. Em relação ao transporte de passageiros, qual a crítica o senhor faria da situação atual do Brasil? Essa é uma questão que não está tanto para o governo federal. São investimentos mais ligados a governos estaduais e municipais. Com o PAC Mobilidade, com o PAC Metrô, o governo federal tem procurado transferir recursos para Estados e municípios para que eles façam os investimentos. Quem tem de conseguir viabilizar os projetos básicos e executivos são os Estados e os municípios, que têm ainda mais dificuldades do que o governo fe-


JORGE HIRATA/ECOVIAS/DIVULGAÇÃO

“Os planos precisam estimular os investimentos privados em transporte” ciativa privada para melhorar infraestrutura

deral para tocar esses projetos. Por muitos anos, se deu-se prioridade ao transporte individual e se renegou ao segundo plano o transporte coletivo. Então, agora, o Brasil acordou para a importância do transporte coletivo. Mas não é fácil. Ocorrem as mesmas dificuldades em relação aos projetos básico e executivo, por exemplo. São dificuldades que postergam a intervenção. O país está no caminho certo em relação ao transporte de passageiros? O diagnóstico para a questão da mobilidade urbana já está bastante avançado, é bem conhecido. A questão é conseguir executar. Acho que o que o Brasil precisa em termos de metrô, VLT e outras medidas nas grandes ci-

dades já está mapeado. O negócio agora é realizar. Muitas vezes, municípios estão desaparelhados, não têm quadro técnico capaz e suficiente para fazer os projetos. Há muitos problemas. A Copa do Mundo chegou. O Brasil perdeu a oportunidade de desenvolver o transporte ou soube aproveitar bem o fato de o Mundial ser realizado no país? Acho que perdemos uma boa oportunidade. Não sou dos mais otimistas e costumo dividir as obras da Copa em três grandes blocos: estádios, aeroportos e mobilidade urbana. Em relação aos estádios, evidentemente, todo mundo sabe que ficarão prontos. Mesmo a um custo 40%, 50%, 60% maior do que o previsto. O de Brasília, por exemplo, que deveria

ter custado R$ 650 milhões, vai ficar em torno de R$ 1,3 bilhão. Só não haveria Copa se os estádios não ficassem prontos. Mas ficarão com o custo bem mais elevado e com uma participação de recursos públicos bem maior do que o inicialmente previsto. Mas tenho convicção de que de todos os estádios nas 12 cidades-sede, muitos não terão ocupação para manter o custo operacional. Pensa em um estádio para 70 mil lugares em Brasília. Eu moro em Brasília desde o início da cidade e posso até me equivocar. Mas acho que não será ocupado, mesmo falando que terão shows internacionais ou outras formas. E em relação aos aeroportos? Esses correm sério risco de não ficarem prontos a tempo. Alguns não ficarão. Penso que os investimentos em aeroportos não deveriam ser feitos pensando em Copa. Mas sim na necessidade do país e da sociedade brasileira. A demanda de passageiros cresceu 150% entre 2003 e 2012. É um número muito expressivo, e os aeroportos não conseguiram acompanhar. Dos 20 maiores aeroportos brasileiros, 16 estão estrangulados. O Ipea fez um estudo, no início de 2011, alertando que essas obras dos aeroportos, no ritmo em que estavam sendo tocadas, não ficariam prontas, que a situação era alarmante. Um dos reflexos foi que o governo fez o processo de concessão mais rapidamente. O setor privado tem traba-

lhado 24 horas por dia tentando terminar o investimento. Outros investimentos estão a cargo da Infraero. E muitos não ficarão prontos a tempo. E a mobilidade urbana? O terceiro bloco é esse, da grande promessa que nos foi dada, de melhoria da mobilidade urbana. Mas, infelizmente, as obras estão atrasadas. O problema ficou tão grave que a Lei da Copa do Mundo autorizou que em dias de jogos nas cidades-sede seja decretado feriado ou ponto facultativo para não se ter problemas com o trânsito. A maioria das obras de mobilidade não ficará pronta em nenhuma cidade. Um dia ficarão, em 2017, 2018, 2019. Espero que um dia fiquem prontas. Mas não serão como foi prometido. Então, na prática, o Brasil não soube mesmo aproveitar a oportunidade da Copa? Diante dos prazos que o Brasil tinha, não soubemos aproveitar. Os estádios ficarão prontos relativamente a tempo. Tirando isso, os aeroportos e as obras de mobilidade deixaram a desejar. Serão úteis um dia, mas não para a Copa. A argumentação do governo é que a única exigência da Fifa eram os estádios. Mas isso não é bem verdade. O pacote que foi apresentado à sociedade brasileira, como um pacote da Copa, não foi entregue. Não adianta meias-verdades agora na véspera da Copa. l


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MAIS TRANSPORTE NISSAN/FEDEX/DIVULGAÇÃO

Furgão 100% elétrico Nissan e FedEx Express iniciaram, no Brasil, os testes com o Nissan e-NV200, veículo comercial leve 100% elétrico. As avaliações estão sendo realizadas no Rio de Janeiro (RJ), onde fica a sede da

montadora. Os testes fazem parte do programa global de avaliação e do programa de desenvolvimento do veículo, concretizado conjuntamente pelas duas empresas. Foi a primeira vez que o modelo

rodou no continente americano. O furgão será usado como veículo de entrega pela FedEx Express por um mês. Após esse período, as empresas vão avaliar o potencial do modelo para a

entrega de cargas. Até o momento, a parceria viabilizou testes com o e-NV200 no Japão, no Reino Unido e em Cingapura. Em breve, avaliações serão realizadas também nos Estados Unidos.

FORD/DIVULGAÇÃO

Traje simula efeitos do álcool A Ford criou uma roupa que simula os perigos de dirigir sob os efeitos do álcool. A empresa desenvolveu na Alemanha a “Roupa de Motorista Embriagado”. A criação demonstra as dificuldades de visão, coordenação e equilíbrio experimentadas por quem abusa do consumo de bebidas alcoólicas e assume o volante de um carro. Elaborado em parceria com o Instituto Meyer-Hentschel, o traje é composto de óculos com visão de “túnel”, tampões de orelha, pesos no pulso e no tornozelo e ataduras nos cotovelos, pescoço

e joelhos. De acordo com a Ford, a indumentária torna tarefas simples, como andar em linha reta, muito mais difíceis e demonstra como uma atividade mais complexa, como dirigir, é afetada pelo álcool. Segundo Gundolf Meyer-Hentschel, presidente e fundador do instituto que desenvolveu o experimento, a roupa é um instrumento poderoso para reforçar a mensagem do que pode acontecer quando se dirige sob os efeitos do excesso de álcool.

PREVENÇÃO Ford quer alertar para os perigos de dirigir embriagado


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AÉREO

Abear lança guia com orientações para passageiros ara orientar passageiros que viajarão pela primeira vez de avião, e também passageiros já experientes, a Abear (Associação Brasileira de Empresas Aéreas) oferece o Voar Melhor – Guia do Passageiro, com informações úteis, desde o momento da compra da passagem até o desembarque no terminal. O material está disponível em formato eletrônico e pode ser acessado no site da associação (www.abear.com.br). De acordo com Adalberto Febeliano, consultor técnico da Abear, o objetivo do guia é fornecer orientações que ajudem a minimizar transtornos e possibilitar o melhor da experiência de voo. “Consolidamos as principais informações sobre o transporte aéreo para este passageiro novo que passou a viajar de avião e também reforçamos as orientações para os passageiros mais frequentes”, explica ele. Com uma linguagem simples e acessível, a publicação traz informações sobre os documentos obrigatórios que devem ser apresentados no momento do embarque, os cuidados nas viagens de mulheres grávidas, crianças acompanhadas ou não, pessoas com necessidades especiais e as regras para o transporte de animais. Além disso, também são dadas orientações sobre os cuidados com as bagagens, detalhando o que pode ou não ser transportado na cabine da aeronave,

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os produtos que devem ser despachados e como eles devem ser acomodados, bem como as regras que os passageiros devem seguir, principalmente em relação ao uso de aparelhos eletrônicos. “Muitos passageiros não lembram, por exemplo, de colocar uma identificação não só na parte externa, mas também dentro de cada uma das malas. Em casos de extravios, essa atitude ajuda a identificar a bagagem e evitar problemas maiores”, destaca Febeliano. O Voar Melhor ainda traz dicas sobre a compra das passagens, como os horários e os dias com os melhores preços, e as regras que devem ser observadas na aquisição de passa-

gens em promoção. No fim, o guia disponibiliza os contatos de todas as companhias aéreas associadas da Abear. Segundo o consultor, em breve, a associação deve disponibilizar uma versão impressa do guia para a distribuição nos aeroportos, além da tradução em língua estrangeira e a transformação do mesmo em um aplicativo para celular e tablet. Infraero A Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária) também lançou, em fevereiro, uma versão atualizada do seu “Guia do Passageiro”. A publicação traz informações sobre viagens, direitos e responsabilidades dos passageiros e das com-

panhias aéreas. O material, que chegou a sua quinta edição, está disponível, gratuitamente, nos balcões de informações da empresa nos aeroportos. Além da versão impressa, o guia pode ser acessado também pela internet (www.infraero.gov.br). Neste ano, o guia traz como novidade uma seção que esclarece dúvidas sobre câmbio e moeda. As informações apresentam onde comprar moeda estrangeira no Brasil e explicam se há limite de operações com moeda em espécie ou cheques de viagem. O leitor também pode consultar quais são os seus direitos em caso de atraso ou cancelamento dos voos. As orientações são voltadas tanto para viagens domésticas como internacionais. INFRAERO/DIVULGAÇÃO

AUXÍLIO Guia traz dicas sobre todas as etapas do voo

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MAIS TRANSPORTE RENAULT/DIVULGAÇÃO

Dia a Dia de um Cobrador Livro relata o cotidiano do autor como cobrador de ônibus urbano e a sua relação com os passageiros. Livro também traz depoimentos de passageiros de ônibus que tiveram convívio com o cobrador e aborda o tema acessibilidade. Informações de como adquirir o livro no site www.livrariaalb/suica.com ou na página do livro no Facebook

Renault atinge 3 milhões de motores A Renault alcançou a marca de 3 milhões de motores fabricados no Brasil. A conquista foi anotada pela produção de mais uma unidade do motor 1.6 8V que equipa o novo Logan e a linha Sandero. A fábrica, em São José dos Pinhais (PR), foi inaugurada em 1999 e sua capacidade é de 400 mil unidades por ano.

Investimento no porto de Suape A Wilson Sons Logística vai instalar uma Eadi (Estação Aduaneira de Interior) na região do Complexo de Suape, em Pernambuco. O projeto prevê a adequação de uma área total de 78.726 metros quadrados, que inclui o porto seco e o pátio alfandegado, além do Centro Logístico

Suape, totalizando um investimento de mais de R$ 11 milhões. A empresa tem um prazo de até 18 meses para concluir as adaptações e submeter a área à aprovação da Receita Federal. A adequação prevê obras civis e investimentos em equipamentos modernos

e em sistemas de segurança e TI (Tecnologia da Informação). Ao fim, a Eadi Suape vai ter capacidade de movimentar 29 mil TEUs ao ano, com 16 mil posições de pallet em seu armazém e 1.255 TEUs em posições para contêiner.

Faixas Exclusivas de Ônibus Urbanos – Experiências de Sucesso Publicação mostra os resultados nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro e Goiânia da adoção de faixas exclusivas. O livro mostra que houve ganhos de velocidade e melhoria da qualidade de serviço. O livro está disponível para download no site www.ntu.org.br


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GOODYEAR/DIVULGAÇÃO

Dirigível de última geração A Goodyear apresentou a nova versão de seu dirigível. Segundo a companhia, a aeronave é maior, mais rápida e tem mais dirigibilidade que o modelo anterior. A construção teve início em

março de 2013. Peças, como as aletas da cauda e a gôndola (área de passageiros), foram construídas na Alemanha e enviadas para montagem nos EUA. O corpo do dirigível em

forma de balão foi feito de poliéster com um filme fornecido pela DuPont™ em torno de uma estrutura interna semirrígida. O novo dirigível é preenchido com hélio e tem 75 metros de

comprimento (15 metros maior do que os anteriores). O nome será definido a partir de um concurso com consumidores. As sugestões podem ser feitas no site da Goodyear.

DICAVE/DIVULGAÇÃO

Horário estendido A Dicave, concessionária Volvo de caminhões e ônibus em Santa Catarina, ampliou o horário de atendimento nas cidades de Chapecó e Concórdia, para receber os motoristas que trafegam no período noturno ou com curto prazo de entrega. Os serviços são prestados de segunda

a quinta-feira, das 8h às 22h, na sexta-feira, das 8h às 21h, e sábado, das 8h às 13h. “Os empresários estão adaptando os seus serviços para melhor atender os clientes e suas rotinas”, afirma o gerente de Recursos Humanos da Dicave, Valdemir de Mello.

SERVIÇO Novo horário para receber os motoristas


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MAIS TRANSPORTE Filme destaca cabotagem A Aliança Navegação e Logística produziu um filme informativo que detalha a utilização da cabotagem no Brasil. Com pouco mais de 10 minutos de duração, a produção, que recebeu o nome

de “Cabotagem Sem Segredos”, pode ser usada no ambiente corporativo, educacional e acadêmico, divulgando a importância da atividade para estudantes, profissionais e professores de escolas

técnicas, faculdades e universidades em todo o país. O filme pode ser visto no site da companhia. “Com mais de 7.400 km de litoral e 80% da população vivendo a 200 km da costa, a cabotagem é a alternativa

mais viável de transporte, além de ser um modal sustentável, com baixa emissão de CO2 e que gera mais empregos que os modais concorrentes”, afirma Gustavo Costa, gerente de Cabotagem da Aliança. ALIANÇA/DIVULGAÇÃO

CRIATIVIDADE Produção da Aliança quer divulgar informações sobre o segmento

Coleta de óleo

Rádio Ônibus O Primeiro Clube do Ônibus Antigo, entidade que reúne aficionados por ônibus e responsável pela exposição anual “Viver, Ver e Rever” (encontro nacional de ônibus e caminhões antigos), lançou na web a “Rádio Ônibus”. O objetivo é que o canal seja mais um ponto de encontro dos apaixonados por ônibus, caminhões, pickups, veículos

militares e tratores antigos, além de colecionadores nacionais e internacionais, miniaturistas e empresas. A rádio vai transmitir entrevistas com personalidades do “antigomobilismo”, com registros históricos que permeiam a vida dos fanáticos por modelos antigos. O canal está disponível no site do Primeiro Clube (www.primeiroclubedoonibusantigo.com).

A Petrobras Biocombustível promove, em Fortaleza (CE), a campanha “Óleo usado e doado, Brasil Preservado”. Em parceria com a Coopmares (Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Fortaleza e Região Metropolitana) e com revendas da Liquigás, a subsidiária pretende incentivar o público a juntar o óleo de cozinha e fazer a doação para a cooperativa por

meio do entregador de botijão de gás. O morador também recebe folhetos explicativos sobre as vantagens ambientais e sociais do reaproveitamento do óleo de fritura. O material estimula o público a armazenar o resíduo líquido em garrafa de plástico e entregar a um colaborador das revendas autorizadas. Quem aderir concorre, mensalmente, a uma recarga de gás de cozinha.


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TURISMO

Sest Senat lança guia para taxistas de Belo Horizonte o desembarcar no aeroporto, um dos primeiros contatos dos turistas com as cidades se dá por meio dos taxistas, a quem são solicitadas as mais diversas informações: o que visitar, como fazer, onde comer, que roteiros seguir. Para aprimorar esse contato e buscar a excelência nos serviços prestados por esses profissionais em Belo Horizonte (MG), o Sest Senat lançou o Guia Turístico para Taxistas. O material foi produzido e será distribuído em parceria com a BHTrans (Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte), com a Fencavir (Federação Nacional dos Taxistas e Transportadores Autônomos de Passageiros) e com o Sin-

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cavir-MG (Sindicato dos Taxistas de Minas Gerais). O principal objetivo da iniciativa é aperfeiçoar o atendimento aos turistas durante a Copa do Mundo. Conforme o presidente do Conselho Regional do Sest Senat em Minas Gerais, Vander Costa, “essa é uma ferramenta inédita que surgiu da necessidade de divulgar mais o Estado para o Brasil e para o mundo”. A previsão é que os quase 13 mil taxistas que atuam em 6,5 mil veículos autorizados tenham acesso ao material. O guia contém informações gerais, dias e horários de funcionamento de 36 pontos turísticos da cidade e dicas sobre atendimento aos clientes. Além disso,

contém um filme, em DVD, que mostra um taxista atendendo a uma família que deseja conhecer a capital mineira. Por meio do material, o profissional pode ver em detalhes e incorporar mais informações que poderão ser repassadas aos passageiros. Para o presidente da BHTrans, Ramon Victor Cesar, embora o material seja feito para a Copa do Mundo, deverá ter desdobramentos depois do Mundial. “É muito importante para qualificar o profissional, que é o cartão de visita da cidade e que pode, também, se tornar uma espécie de guia turístico.” A necessidade de estar bem informado é consenso entre os profissionais. O presidente da

Fencavir, Edgar Ferreira de Sousa, avalia que o guia poderá atualizar os taxistas até mesmo sobre lugares que ainda não conhecem. “Precisamos estar prontos para atender o crescimento da demanda que haverá nos próximos meses”, complementa. O presidente do Sincavir-MG, Ricardo Luiz Faedda, concorda e diz que, apesar das qualificações periódicas realizadas pelos condutores, por meio do Sest Senat, a cartilha reforçará os conhecimentos adquiridos. “Nós poderemos oferecer ao turista uma condição melhor de usufruir tudo que a cidade oferece”, acrescenta. (Natália Pianegonda) ARY CHEDID/AGÊNCIA UAI

PARTICIPAÇÃO Autoridades estiveram presentes no lançamento do guia

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MAIS TRANSPORTE

LEONARDO VASCONCELOS/DIVULGAÇÃO

Novos silos para a Ferroeste O Centro Logístico da Ferroeste, em Cascavel (PR), vai ganhar dois novos silos graneleiros. Eles estão sendo construídos pela Cotriguaçu, grupo de cooperativas da região oeste do Paraná. O investimento é da ordem de R$ 39,4 milhões. O montante será aplicado também na ampliação da capacidade de armazenagem na área perto do terminal ferroviário.

Segundo a Ferroeste, com as intervenções, o terminal vai aumentar sua capacidade de estocagem em 60%, o que representa mais de 240 mil toneladas de grãos ou de insumos. O investimento conta com financiamento do BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul). A concessionária não informou o prazo para conclusão das obras.

INVESTIMENTO Ampliação com recursos privados

DIVULGAÇÃO

Expansão no Terlogs

ESTOCAGEM Obra vai aumentar a capacidade

armazenagem das atuais 107 mil para 182 mil toneladas. De acordo com o grupo Marubeni, a ampliação vai reduzir o tempo de espera dos navios para carregamento, que hoje é de aproximadamente cinco dias (considerado um dos menores do país), para o menor tempo de espera nos portos do Brasil. A companhia afirma que o investimento deve ser realizado com capital privado.

Atendimento em português

Chave na mão O Consórcio Nacional Suzuki lançou o plano “Chave na Mão”. Com ele, o cliente pode adquirir o modelo Suzuki GSR125S, zero quilômetro, com garantia de contemplação da motocicleta no pagamento da quinta parcela do financiamento. O consumidor que aderir ao plano paga ao

O grupo japonês Marubeni, operador do Terlogs (Terminal de Grãos do Porto de São Francisco do Sul/SC), divulgou o plano de expansão para o terminal. A ação prevê a criação de um novo píer no Berço 401, que vai permitir duplicar para até 16 milhões de toneladas a capacidade anual de embarque e desembarque do porto em dois anos. A intervenção também vai elevar a capacidade estática de

consórcio 36 parcelas no valor de R$ 290,22 cada. A GSR 125S possui rodas de liga leve de alumínio, suspensão traseira a gás, painel digital, motor de quatro tempos e sistema de eixo balanceador secundário que resulta em menor vibração e ruído.

A Air France e a KLM passam a oferecer assistência em português nas mídias sociais. A partir de agora, os clientes brasileiros podem tirar dúvidas sobre a viagem, o tempo de voo e a reserva de maneira rápida. A proposta das companhias é detectar os pedidos dos clientes

em menos de uma hora e fornecer uma solução em menos de 24 horas. No Facebook e no Twitter, os consultores Air France estão disponíveis todos os dias da semana, das 5h às 19h. Para a KLM, os consultores atendem tanto no Facebook quanto no Twitter, diariamente, 24 horas.


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FEIRA

Evento celebra mais um ano de sucesso 3ª edição da Feira do Polo Naval, realizada entre os dias 11 e 14 de março, em Rio Grande (RS), reuniu mais de 22 mil visitantes durante os três dias do evento. A estimativa da organização é de que os acordos fechados para os próximos 12 meses gerem US$ 56 milhões em negócios. A feira teve três eventos simultâneos. O Seminário de Direito, organizado pela Advocacia Rocha Baptista, teve uma extensa programação voltada à área do Direito Processual, Ambiental e Aduaneiro. A organização ainda proporcionou aos participantes uma aula de in-

A

glês jurídico transmitido diretamente de Londres. A Navtec (Conferência Internacional em Tecnologias Naval e Offshore), promovida pela Furg (Universidade Federal do Rio Grande), debateu a relação com as energias renováveis e a questão do sistema energético brasileiro. A conferência também discutiu alternativas para garantir que o desenvolvimento não seja barrado pela questão da energia elétrica. As Rodadas de Negócios do Sebrae/RS registraram 908 reuniões. De acordo com a organização da feira, 21 grandes compradoras do se-

tor público e privado conheceram 241 micro e pequenos empreendedores que têm interesse em negociar com a indústria naval. Dessas reuniões, R$ 7,8 milhões em expectativas de negócio foram prospectados. Um dos acordos assinados durante a feira foi entre a Furg e o estaleiro Ecovix. A empresa será âncora do Parque Tecnológico Oceantec da universidade. Com a parceria, o Ecovix passa a ser o primeiro estaleiro do Brasil a fazer parte de um polo tecnológico. O parque vai ocupar uma área de cinco hectares do campus da Furg. Diversas delegações inter-

nacionais estiveram presentes ao evento, como a comitiva da Noruega, que conheceu as potencialidades da região de Rio Grande. China, Alemanha e Polônia também enviaram representantes. Helle Moen, da Innovation Norway, foi uma das palestrantes dessa edição. Ela fez uma apresentação do Centro Norueguês de Expertise Marítimo, detalhando a história, os mecanismos de cooperação e um perfil do setor naval da Noruega, incluindo dados sociais e econômicos. A executiva também abordou a participação norueguesa na economia brasileira. MARCEL STREICHER/DIVULGAÇÃO

RESULTADOS Evento resultou em R$ 7,8 milhões em expectativas de negócios

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REPORTAGEM DE CAPA

Inteligência


ISTOCKPHOTO

Instituto ligado à CNT acompanha a realidade do transporte e da logística para identificar tendências e formar profissionais preparados para atender às demandas do mercado

para o setor


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POR

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LIVIA CEREZOLI

om foco na geração de novos conhecimentos técnicos e científicos, o ITL (Instituto de Transporte e Logística) foi criado pela CNT, em 2013, para gerar mais competitividade ao setor de transporte e promover a formação avançada de profissionais em nível acadêmico e profissional. O instituto tem como objetivos a geração do conhecimento, o aprimoramento do capital humano e a inovação da atividade transportadora, além de se transformar em um centro de referência em educação, pesquisa e inteligência para o setor. “O ITL vai elevar o nível de eficiência das atividades relacionadas ao transporte, pesquisando e gerando conhecimento em todos os modais, com o apoio de universidades. Com a criação do instituto, a CNT atende à necessidade permanente de inovação e modernização do setor de transporte”, afirma o presidente da CNT, senador Clésio Andrade. De acordo com ele, o trabalho do instituto vai além da formação

C

CAPACITAÇÃO Alunos da primeira turma do curso de especiali

“O ITL vai elevar o nível de eficiência das atividades relacionadas ao transporte” SENADOR CLÉSIO ANDRADE, PRESIDENTE DA CNT

técnica profissional já realizada pelo Sest Senat em todo o Brasil. As ações do ITL estão voltadas para a área empresarial, para o planejamento e para as discussões sobre o futuro do transporte, favorecendo a identificação de tendências e estimulando a inovação e o uso de novas tecnologias como solução para os problemas que a atividade enfrenta. A atuação do instituto está baseada em três eixos: a geração de inteligência competitiva, a gestão do conhecimento e a implantação

da Faculdade de Tecnologia do Transporte, que vai oferecer, em breve, cursos de graduação tecnológica em logística e mobilidade urbana. Entre as ações do ITL já realizadas em 2013 estão: o desenvolvimento do Programa Avançado de Capacitação do Transporte, a criação do Núcleo de Inteligência e Estratégia do Transporte e a realização do Prêmio CNT de Produção Acadêmica. O núcleo é um órgão de assessoramento da CNT, do ITL e do Sest Senat, e tem como objetivo


ESPECIALIZAÇÃO CNT/DIVULGAÇÃO

zação realizado em parceria com a FDC

estimular a geração de conhecimento na área de transporte e de logística, contribuindo para o aumento do desempenho e da integração operacional e estrutural dos modos de transporte rodoviário, ferroviário, aquaviário e aeroviário, além da mobilidade urbana. A composição do núcleo é formada por acadêmicos e pesquisadores em transporte, empresários e especialistas do setor. Nos encontros, realizados na sede da confederação, em Brasília (DF), são discutidos diversos temas, en-

Curso capacita gestores para empresas Empresas de qualquer área de atuação buscam uma performance operacional cada vez mais eficiente para garantir a competitividade em seus mercados. E no setor de transporte isso não é diferente. Para atender essa demanda, o ITL oferece o curso de especialização semipresencial lato sensu em Gestão de Negócios para profissionais que já atuam em empresas de transporte e de logística. As aulas da primeira turma tiveram início, em fevereiro, em Brasília (DF). Outras três turmas já têm início marcado para abril, em Brasília, maio, em São Paulo (SP), e agosto, em Belo Horizonte (MG). O curso, ministrado pela FDC (Fundação Dom Cabral), tem como objetivo contribuir para o fortalecimento e a competitividade do setor, qualificando profissionais para superar os desafios atuais e futuros, além de formar um núcleo de especialistas capaz de discutir e contribuir para as questões emergentes do transporte. De acordo com Tatiana Junqueira Goulart de Aguiar, gerente de projetos da FDC, o programa

tre eles, os que auxiliam no desenvolvimento sustentável do transporte e da logística. Segundo Rodrigo Vilaça, presidente da seção de transporte ferroviário da CNT e presidente interino da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), o núcleo é o local apropriado para o debate do transporte no país, porque ele possibilitará a realização de análises, de diagnósticos e de possíveis soluções. “Queremos, com esse trabalho, estabelecer um plano de atuação voltado para o alinha-

vai oferecer às empresas a oportunidade de darem um salto em seus processos de gestão. “O curso busca a alta performance operacional, por meio de uma visão crítica e analítica do setor de transporte, além de promover a troca de experiência entre os profissionais.” O conteúdo está dividido em três módulos: dimensões do indivíduo na organização, visão sistêmica e instrumentos da gestão de negócios. A carga horária total é de 360 horas/aula. Os encontros presenciais são realizados a cada dois meses e têm duração de uma semana. Além disso, também são realizadas atividades a distância, completando a carga horária. Para aprovação, os participantes devem entregar um projeto, que busca cruzar os ensinamentos teóricos e práticos, que será avaliado por uma banca examinadora. Entre as disciplinas trabalhadas estão a visão integrada da gestão, a organização e os modelos de gestão, a gestão da performance organizacional, a gestão

“Essa é uma oportunidade para promover a difusão do que está sendo produzido” ADELAIDE FIGUEIREDO, PESQUISADORA DA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BRASÍLIA

de processos, de pessoas e da comunicação, a liderança baseada em valores, a visão integrada da cadeia de valor, a infraestrutura e a logística de transporte no Brasil, entre outras. Para Marcelo Neder Machado, gerente de Estratégia de Operações Ferroviárias da MRS Logística e aluno da primeira turma, o curso oferece uma oportunidade única de troca de experiências profissionais. “No mercado, ainda existe uma barreira de entendimento sobre os processos operacionais das diversas empresas de transporte. É claro que cada uma tem as suas particularidades, mas os processos de gestão são bastante semelhantes, e o contato com outros profissionais permite apreender o melhor de cada empresa.” Os alunos do curso são profissionais que possuem potencial para assumir cargos de gestão nas empresas de transporte e de logística. Para participar, é preciso ter nível superior completo e ter perfil para assumir cargos de liderança no setor.

mento da expertise acadêmica e da prática empresarial. Essa integração entre a academia e a iniciativa privada é que garante o sucesso do instituto”, lembra ele. De acordo com a doutora em transporte, Adelaide dos Santos Figueiredo, pesquisadora associada da Universidade Católica de Brasília, essa é uma iniciativa que pode revolucionar a atividade transportadora, porque une os conhecimentos acadêmicos ao setor produtivo. “A universidade produz um volume considerável de co-


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PROJETOS DO ITL Conheça um pouco mais sobre as propostas de atuação do instituto EDUCAÇÃO • Oferta de bolsas de pós-graduação stricto sensu (mestrado, doutorado e pós-doutorado): a ação contribui para a formação de pesquisadores e de intelectuais para o setor de transporte por meio da oferta de bolsas de estudo. As parcerias estão sendo realizadas com instituições de ensino e pesquisa consagradas no Brasil e no exterior • Cursos de pós-graduação (lato sensu): os cursos serão ministrados em parceria com instituições de ensino para o aperfeiçoamento de gestores e executivos • Publicações técnicas e científicas: o ITL vai promover a publicação de revistas técnicas e científicas para divulgar o conhecimento desenvolvido nas pesquisas e nos programas educacionais EVENTOS • Seminários e palestras: realização de seminários e palestras com a participação de especialistas para a discussão de temas de grande relevância para o setor • Feiras e eventos de exposição: realização de feiras e eventos de exposição de âmbito nacional e internacional, em parceria com empresas promotoras e entidades do setor, e divulgação de novidades do setor de transportes, como novos produtos e tecnologias • Painéis e debates setoriais: realização de painéis e debates com a participação de especialistas do setor para identificar problemas, demandas, tendências, oportunidades, além de colaborar para a formação de uma agenda para a atividade transportadora e de logística NÚCLEO DE INTELIGÊNCIA E ESTRATÉGIA DO TRANSPORTE • Geração de conhecimento: o núcleo vai estimular a geração de conhecimento na área de transporte e logística, com a participação de especialistas, acadêmicos e agentes decisórios do setor • Estudos e pesquisas: participação em estudos, pesquisas, análises, diagnósticos e ações orientadas ao desenvolvimento do setor, com o objetivo de cooperar para o aumento do desempenho e a integração dos sistemas • Inteligência competitiva: o núcleo vai estimular a inteligência competitiva do mercado, visando o fortalecimento das empresas, por meio de uma atuação sistêmica e integrada • Observatório do Transporte: o ambiente representará um canal de divulgação e de troca de informações e de gestão do conhecimento pertinentes ao setor de transporte e logística Fonte: ITL

INTEG

nhecimento que nem sempre é divulgado e aplicado nas empresas. Essa é uma grande oportunidade para promover a difusão do que está sendo produzido”, afirma ela. Para o coordenador do Programa de Engenharia de Transportes da Coppe/UFRJ (Instituto Alberto Luiz de Coimbra de Pósgraduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro), Márcio de Almeida D'Agosto, a implantação do núcleo permite planejar o transporte a partir de uma visão sistêmica, formando mão de

Programa vai oferecer

212 bolsas de estudos


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FERNANDO SOARES/FRAME PRODUÇÕES

“O financiamento de projetos nessa área, pela iniciativa privada, nunca aconteceu” RAÇÃO Núcleo é formado por empresários e pesquisadores do transporte

obra de qualidade para atuar não apenas na parte operacional, mas para gerir os negócios. Entre os empresários que atuam no setor, a expectativa é que o Núcleo de Inteligência e Estratégia do Transporte apresente, em um futuro próximo, uma consistência para as questões mais urgentes que permeiam a atividade transportadora. “Pretendemos, com o núcleo, criar novos conceitos para corrigir as falhas que ainda temos na gestão e na operação das nossas empresas”, destaca Flávio Benatti, presidente da Fet-

cesp (Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de São Paulo) e da seção de transporte de cargas da CNT. Capacitação Na área educacional, o ITL desenvolve o Programa Avançado de Capacitação do Transporte que oferece cursos de especialização (lato sensu) e bolsas de estudo (stricto sensu) para garantir a formação de mão de obra de alta performance e o desenvolvimento de soluções para os principais problemas do setor.

SÉRGIO RONALDO GRANEMANN, DIRETOR DO CEFTRU DA UNB

Nesta primeira fase, 212 pesquisadores de mestrado, de doutorado e de pós-doutorado, de universidades públicas e privadas, sem fins lucrativos, terão seus projetos de pesquisa em transporte apoiados pelo ITL por meio de bolsas de estudo. A seleção dos trabalhos obedeceu aos critérios estabelecidos no edital lançado em dezembro de 2013. Os projetos foram avaliados, inicialmente, por consultores doutores em transporte contratados pelo ITL e, em um segundo momento, pelo Núcleo de Inteligência

e Estratégia do Transporte. Os 58 projetos de pesquisa aprovados abordam temas, como infraestrutura, planejamento e operação, transporte público, mobilidade urbana, logística, sustentabilidade, novas tecnologias e equipamentos, meio ambiente e energia, economia, regulação e gestão do transporte. Segundo Sérgio Ronaldo Granemann, diretor do Ceftru (Centro Interdisciplinar de Estudos em Transportes) da UnB (Universidade de Brasília), essa é uma iniciativa histórica no setor de pesquisa e estudos em transporte no Brasil. “O financiamento de projetos nessa área, pela iniciativa privada, nunca aconteceu e, por isso, esse programa é tão importante. Além disso, sempre trabalhamos com poucos recursos para financiar pesquisas. O envolvimento da CNT, por meio do ITL, possibilita ampliar o nosso horizonte de estudos.” Na visão de Glen Gordon Findlay, presidente da Fenamar (Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima) e da seção de transporte aquaviário da CNT, o que será produzido pelos pesquisadores deve contribuir para um melhor planejamento do transporte brasileiro. “Como empresários do setor, já estamos ansiosos para ter acesso aos resultados


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DIVULGAÇÃO

Instituto terá observatório Dentro do planejamento estratégico do ITL também está prevista a criação do Observatório do Transporte, um ambiente que vai possibilitar a disseminação do conhecimento gerado a partir de todas as outras ações que já estão sendo desenvolvidas pelo instituto. O observatório vai reunir, em um espaço virtual dentro da página do ITL na internet, todo o material produzido pelo Programa Avançado de Capacitação do Transporte e os resultados das discussões do Núcleo de Inteligência e Estratégia do Transporte. O espaço tem como objetivo ser um canal de relacionamento

de todos esses projetos. Temos convicção da aplicação prática deles no dia a dia das nossas organizações.” A direção do ITL acredita que essa parceria entre o setor de transporte e a academia pode ir ainda mais além e gerar novos objetos de estudo. De acordo com a direção, ao financiar as bolsas, o sistema pode ser o indutor do desenvolvimento de novas pesquisas no

entre o setor de transporte, os pesquisadores e outras pessoas que queiram discutir a atividade transportadora como um todo. Os trabalhos e relatórios serão de livre acesso, permitindo, assim, ampliar o conhecimento sobre o setor. Além de possibilitar consultas aos materiais disponíveis, o Observatório do Transporte realizará debates por meio de fóruns temáticos virtuais. Os interessados poderão participar das discussões, apresentando problemas e sugerindo soluções para o aperfeiçoamento de todos os modais que compõem o complexo sistema de transporte nacional.

setor de transporte, apresentando demandas a serem estudadas, fundamentais para a inovação tecnológica. E a iniciativa de oferecer recursos para o desenvolvimento de pesquisas relacionadas ao setor vai além da geração de novos conhecimentos e da aplicação prática deles. “O nosso objetivo é aumentar a inteligência em transporte, subsidiando as políticas públicas re-

PESQUISA Instituto atua no desenvolvimento de novas

lacionadas à nossa atividade”, diz o consultor técnico da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), Adalberto Febeliano. Além do financiamento de projetos de pesquisa, o ITL também está promovendo a qualificação de gestores que já atuam em empresas do setor de transporte e de logística com a realização do curso de especialização em Gestão de Negócios em par-

ceria com a FDC (Fundação Dom Cabral), uma das mais renomadas escolas de negócios do mundo. As aulas da primeira turma tiveram início em fevereiro deste ano. A duração prevista do curso é de 14 meses. Outras três turmas já estão formadas e aguardam o início das aulas (veja mais detalhes do curso na página 23). Valorização Para incentivar ainda mais a


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INFRAERO/DIVULGAÇÃO

“O contato com outros profissionais permite apreender o melhor de cada empresa” tecnologias para o setor, como a utilizada no aeromóvel de Porto Alegre (RS)

pesquisa e estimular a descoberta de inovações que contribuam para a melhoria da produtividade e da competitividade do setor de transporte no país, o ITL também passou a coordenar, em 2013, o Prêmio CNT de Produção Acadêmica, realizado em parceria com a Anpet (Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transportes), que está em sua 18ª edição. A premiação acontece durante o Congresso Nacional de Pesquisa e Ensino em Transporte.

A cada ano, dez trabalhos científicos são premiados e publicados no livro “Transporte em Transformação” que é distribuído para as entidades representativas do setor de transporte e para as universidades que oferecem cursos voltados para a área. O download do livro também pode ser realizado pelo site do ITL (www.itl.org.br). Os critérios de seleção dos trabalhos le-

MARCELO NEDER MACHADO, GERENTE DA MRS LOGÍSTICA

vam em conta a originalidade, a atualidade, a relevância para a atividade transportadora, o rigor científico e a clareza nas exposições do conteúdo e da conclusão. Entre os principais temas presentes nos trabalhos vencedores da edição 2013 estão a eficiência energética no setor de transporte, a transferência de modelos de previsão de acidentes nas cidades brasileiras, a

avaliação de desempenho de terminais de contêiner sob o enfoque econômico-financeiro e ambiental e a avaliação de diferentes metodologias para obtenção do módulo de resiliência de misturas asfálticas. Produção de conteúdo Outra área de atuação do ITL é a elaboração de conteúdos e materiais didáticos para os programas de formação, de capacitação e de qualificação profissional oferecidos pelo Sest Senat aos trabalhadores do transporte em todo o país. Alguns desses cursos integram o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego) e o projeto Jovem Aprendiz. Ainda na área de qualificação profissional, o instituto desenvolve ações em parceria com o Sest Senat e o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas). O projeto Gestão de Negócios para Microempresas e para Empreendedores Individuais do Transporte é voltado para o empreendedor do setor de transporte de cargas, escolar e fretamento e turismo. O projeto Taxista Nota 10 oferece cursos de idiomas (inglês e espanhol) e de gestão para preparar os motoristas de táxis para receber os turistas que visitam o Brasil. l


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SONDAGEM ECONÔMICA

Menos otimismo Levantamento realizado pela CNT revela que 70,9% dos empresários não acreditam em aumento do dinamismo da economia POR

s transportadores brasileiros – dos modais rodoviário, aquaviário e ferroviário – estão menos otimistas com os rumos da economia neste ano e mais receosos em relação à capacidade de gerenciamento do governo federal, conforme indica a Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador 2014 – Fase 1, divulgada pela CNT no fim de março. Do

O

CYNTHIA CASTRO

total de transportadores entrevistados, 70,9% não acreditam em um aumento do dinamismo da economia brasileira em 2014. Somente 29,1% estão otimistas e acham que haverá elevação da taxa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) em 2014. No mesmo período de 2013, 42,9% dos entrevistados acreditavam no aumento do crescimento econômico. Já no segun-

do semestre do ano passado, a proporção era de 30,3%. Segundo o presidente da CNT, senador Clésio Andrade, a expectativa de baixo crescimento e a alta da inflação impactam os planos de investimentos. Na avaliação de Clésio Andrade, “esse resultado pode estar relacionado também, entre outros fatores, à elevação da taxa de juros, à expectativa de elevação do preço dos insu-


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Boletim Econômico Somente 5,2% dos transportadores conhecem o volume de recursos investidos, em 2013, pelo governo federal. Para sanar essa deficiência, a CNT desenvolve um trabalho mensal com o objetivo de informar os transportadores sobre dados orçamentários e macroeconômicos relevantes para a análise dos investimentos e crescimento do setor de transporte. Esses dados são apresentados nos Boletins Econômicos, divulgados em todas as edições da revista CNT Transporte Atual e também no site www.cnt.org.br. É um acompanhamento mensal do que é autorizado e executado no país por cada modal de transporte.

mos e à dificuldade do governo federal em realizar os investimentos necessários.” Essa é a quinta vez que a confederação realiza a avaliação com os empresários do setor nos últimos três anos. São feitas duas sondagens a cada ano. O público-alvo são empresas de transporte rodoviário de cargas e de passageiros, empresas de navegação marítima e interior e as concessionárias de transporte ferroviário de cargas. Foram entrevistados 516 transportadores entre 11 de janeiro e 24 de fevereiro. Ao conhecer as necessidades apontadas, a CNT conseguirá desenvolver um trabalho mais direcionado para

promover ações que fortaleçam o setor de transporte. O baixo investimento em infraestrutura de transporte preocupa os entrevistados e é apontado, em todos os modais, como uma das ações urgentes a serem tomadas pelo governo. A expectativa de ampliação do montante investido em 2014 é baixa, e 49,7% dos entrevistados esperam por manutenção na qualidade da infraestrutura disponível. A falta de planejamento das ações é, segundo os empresários, o principal motivo para que os investimentos previstos não sejam realizados. A Sondagem revela que 52,3% dos transportadores dis-


AÇÕES EMERGENCIAIS

seram ter baixo grau de confiança na gestão econômica do governo federal. Para a maior parte deles, o menor desempenho da economia é consequência da política econômica adotada no país (78,9%), contra apenas 20,1% que acreditam haver reflexos de crises econômicas internacionais. Os empresários se mostraram cautelosos em relação ao desempenho na atividade. Do total de entrevistados, 43,2% esperam ter aumento na receita bruta e 33,3% disseram que haverá aumento nas contratações formais. Nesta edição de 2014, é a primeira vez que os transportadores ferroviários participam do levantamento. Eles têm a percepção de que o ano está complicado, mas devem investir e estão mais otimistas com o volume a ser transportado. E, para melhorar a participação do modal na matriz, eles deixam clara sua posição sobre a necessidade de que os recursos pagos pelo arrendamento sejam revertidos para a malha ferroviária nacional. A maioria das concessionárias de ferrovias (80%) acredita que o novo modelo de concessões ferroviárias será menos eficiente. Inflação e pressão nos custos Para 63,2% dos transportadores, haverá aumento da in-

Fonte: Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador 2014 – Fase 1

flação. E 49,8% consideram que a inflação tem elevado impacto em sua atividade, podendo representar pressão sobre os custos e comprometer o desempenho do setor no ano. Diante das dificuldades, 80,2% apoiam a participação da iniciativa privada para a melhoria da infraestrutura. Em relação à carga tributária, 53,5% dos transportadores rodoviários acreditam no aumento do custo com pagamento de tri-

butos em 2014. Entretanto, para os empresários que operam na navegação e para as concessionárias ferroviárias, a expectativa é de manutenção para 52,8% e 80%, respectivamente. Sobre os juros, os transportadores acreditam na continuação do processo de elevação dessa taxa. Após sucessivos aumentos, desde abril de 2013, a taxa básica de juros (Selic) chegou a 10,75% em fevereiro de 2014. E a expectativa dos empresários do transpor-

te é de que ela ultrapasse esse valor até o fim do ano. Para 70,7%, os juros praticados no país terão patamar superior ao de 2013. Mão de obra Outro ponto relevante se refere à mão de obra: 85,9% têm dificuldade em contratar mão de obra qualificada para atuar em diversos segmentos do setor. Conforme a conclusão da Sondagem Econômica, esse problema é um fator que limita a expansão


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EXPECTATIVA PARA O CRESCIMENTO DO PIB DE 2014 (%)

MEDIDAS Fonte: Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador 2014 – Fase 1

EXPECTATIVA PARA A TAXA DA INFLAÇÃO EM 2014 (%)

Desonerar combustível é urgência O estudo da CNT também traz a opinião dos empresários sobre quais ações emergenciais precisam ser implementadas pelo governo federal para solucionar os atuais entraves. Investimento em infraestrutura, desoneração do diesel, redução da carga tributária e desburocratização são questões apontadas como urgentes para serem solucionadas, conforme destaca o senador Clésio Andrade, presidente da CNT.

A Sondagem indica que 85,1% dos entrevistados acreditam que o preço do diesel/bunker (combustível marítimo) irá aumentar. Em setembro de 2013, 79,3% tinham essa expectativa. E o ano de 2013 registrou aumento no diesel de 15,62%. Deve-se considerar que a elevação do preço de combustível tem um impacto elevado no custo operacional do transporte, por ser o principal insumo.

Fonte: Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador 2014 – Fase 1

EXPECTATIVA PARA CARGA TRIBUTÁRIA POR MODAL EM 2014 (%)

Fonte: Sondagem Expectativas Econômicas do Transportador 2014 – Fase 1

e compromete o desenvolvimento do serviço de transporte. O Sest Senat vem desempenhando um papel importante no sentido de formar e qualificar mão de obra para atuar no setor. Em fevereiro, foi lançado o projeto Primeira Habilitação, que prevê habilitação para 50 mil jovens de baixa renda. l A pesquisa completa está disponível no site da CNT (www.cnt.org.br).


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AÉREO

aeronave A-29 Super Tucano, projetada pela Embraer, está completando dez anos de utilização na FAB (Força Aérea Brasileira). Já foram pelo menos 99 aviões entregues no Brasil e outros 79 a forças aéreas de outros países da América Latina, África e Ásia-Pacífico, como Colômbia, Equador, República Dominicana, Mauritânia e Chile. Uma encomenda recente foi feita pelos Estados Unidos para ser utilizada no Afeganistão. O contrato de US$ 500 milhões prevê a aquisição inicial de 20 aeronaves, com uma pré-autorização para extensão a até US$ 1 bilhão. De acordo com a Embraer, o mercado potencial para a categoria de aviões do Super Tucano (ataque leve e treinamento avançado), até 2025, é de 344 aeronaves, no valor de US$ 4,1 bilhões. Nesses dez anos, são mais de 200 pedidos e mais de 170 aero-

A

Fronteira protegida Há dez anos na Força Aérea Brasileira, a aeronave A-29 Super Tucano opera em outros países e contabiliza mais de 200 pedidos POR

naves entregues. O turboélice teve seu projeto iniciado em 1995, para atender uma necessidade da FAB de cumprimento de missões aéreas de responsabilidade da aviação caça. Era necessário haver uma aeronave leve, de baixo custo operacional e que fosse capaz de realizar várias

CYNTHIA CASTRO

missões armadas, com precisão nos acertos nas áreas de fronteira e na Amazônia brasileira, em suporte ao Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia). Além disso, com a fabricação da aeronave, ficou evidente a possibilidade de atender uma lacuna no mercado internacio-

nal militar. Segundo a Força Aérea Brasileira, até o início da produção dos primeiros Super Tucanos, em 2002, não havia disponível no mercado mundial nenhuma outra aeronave pronta e testada que tivesse as características operacionais do A29. E, atualmente, o avião conti-


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FOTOS AGÊNCIA FORÇA AÉREA/JOHNSON BARROS/DIVULGAÇÃO

nua sem um concorrente, conforme afirma o coronel aviador Samir Mustafá, gerente do projeto AL-X, da Copac (Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate). O coronel aviador considera que esses dez anos em operação na FAB representam um

bom motivo para se comemorar, tanto pelo sucesso no papel operacional desempenhado no Brasil como pelo ponto de vista econômico e de incentivo à indústria brasileira. “É uma aeronave concebida por requisição da FAB, que conseguiu conquistar o mercado de defesa em vá-

rios países e com um potencial de exportação para muitos outros. O programa é um sucesso em todos os aspectos, operacionalmente, no incentivo à indústria brasileira, na geração de empregos, no desenvolvimento de tecnologia de alto valor agregado”, avalia.

Entre as características relevantes do A-29 Super Tucano, Samir Mustafá destaca o baixo custo de operação ao comparar com aeronaves de alta performance (os caças), a capacidade de atuar em conflitos de menor intensidade e a vigilância de fronteira. “Ele foi concebido com es-


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MANOBRAS

Esquadrilha treina com aeronave

FICHA TÉCNICA Saiba mais sobre o turboélice A-29 Super Tucano Envergadura: 11,14 m Comprimento: 11,30 m Altura: 3,97 m Peso vazio: 3.200 kg Peso máximo de decolagem: 5.400 kg Carga de combate máxima: 1.550 kg (cargas externas/munições) Tripulação: 1 piloto no monoposto ou 2 (1 piloto + 1 operador de sistemas/aluno) no biposto Velocidade máxima nivelada: 590 km/h (é a velocidade máxima atingida pela aeronave quando estiver voando num determinado nível) Velocidade de cruzeiro: 520 km/h (velocidade em que ocorre o melhor aproveitamento entre desempenho e consumo de combustível) Velocidade de estol: 148 km/h (velocidade mínima a ser atingida antes que haja diminuição da sustentação da aeronave) Autonomia: 3,4 h (combustível interno) e 8,4 h (com tanques externos) Raio de combate: 550 km Fonte: www.esquadrilhadafumaca.com.br

A Esquadrilha da Fumaça, chamada oficialmente de EDA (Esquadrão de Demonstração Aérea), irá utilizar o A-29 Super Tucano em suas apresentações. Atualmente, a equipe está envolvida no programa de implantação da aeronave, que abrange uma série de treinamentos. O objetivo é consolidar as manobras que serão apresentadas com o uso desse novo equipamento. Por enquanto, nesse processo de desativação do T-27 Tucano, estão suspensas as demonstrações da Esquadrilha, e não há uma previsão oficial sobre quando o público poderá ver novamente as manobras. De acordo com a FAB (Força Aérea Brasileira), o A-29 Super Tucano coloca o EDA no atual contexto tecnológico da aviação. “Como estamos realizando o programa de implantação da aeronave, e, atualmente, estamos envolvidos na fase de desenvolvimento de manobras, já podemos afirmar que o avião permite realizar acrobacias novas que irão compor a demonstração aérea”, diz a FAB por meio de sua assessoria de comunicação. Entre as atividades dos treinamentos estão a realização de voos de readaptação dos pilotos, aulas teóricas so-

bre o A-29 e testes em simuladores. No ano passado, durante um treinamento em Pirassununga (SP), uma aeronave caiu e os dois ocupantes morreram. A Força Aérea disse que aguarda o relatório do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) para emitir algum parecer a respeito do assunto. Mas, de acordo com a FAB, “a segurança é um fator essencial para qualquer tipo de atividade realizada no Esquadrão”. As demonstrações acontecem com formações que envolvem sete aeronaves. Criada oficialmente em 1952, a Esquadrilha da Fumaça é responsável pela divulgação da FAB em territórios nacional e internacional. Composta por 13 pilotos, realiza, em média, cem demonstrações ao ano. Em cada uma delas, o público pode acompanhar mais de 50 acrobacias de alta performance, que incluem o voo de dorso (com o avião de cabeça para baixo), especialidade da equipe. A reportagem da revista CNT Transporte Atual já esteve na sede da Esquadrilha da Fumaça, em Pirassununga. Leia na edição nº 173, de janeiro de 2010.

TESTE Pilotos da Esquadrilha da Fumaça

sa finalidade, de interceptar aeronaves de baixa performance no cenário da Amazônia. Um caça voa muito mais rápido. E essa aeronave consegue baixar para interceptar, consegue chegar bem perto da aeronave que está fazendo o tráfego ilícito.” Um grande diferencial do A29 Super Tucano é a efetividade no emprego dos armamentos. É uma aeronave com alta precisão nos acertos, sendo muito eficaz para interceptar outras aeronaves de pequeno porte. “O A-29


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NOVIDADE Acrobacias novas vão compor apresentações da Fumaça

treinam com o A-29 Super Tucano; por enquanto, demonstrações estão suspensas

chegou como uma aeronave que pode operar em vários perfis, com uma gama variada de armamentos e configurações múltiplas que lhe permitem realizar missões de emprego ar-solo, lançando bombas inteligentes ou convencionais, além de foguetes diversos. Tudo com precisão de metros ou, até mesmo, de centímetros. Além das missões de emprego ar-ar, de interceptação de aeronaves de baixo desempenho ou de helicópteros”, informa o coronel aviador.

Na América do Sul, o A-29 Super Tucano tem sido muito utilizado contra a atuação de guerrilheiros, narcotraficantes e contrabandistas. De acordo com a FAB, em algumas operações, são realizadas missões de ataque ao solo para lançar bombas em pistas clandestinas, principalmente na região amazônica, com o objetivo de interditá-las e dificultar a incidência dos chamados tráfegos ilícitos no espaço aéreo brasileiro. A aeronave também é utiliza-

AMAZÔNIA A-29 protege espaço aéreo contra tráfego ilícito

da nas missões de treinamento, preparando os pilotos para que eles consigam prosseguir para outros esquadrões da aviação de caça. E, durante grandes eventos, como a Copa do Mundo que será realizada no Brasil, o avião atua para monitorar o espaço aéreo. A proposta é assegurar que qualquer aeronave que esteja entrando de maneira irregular no espaço aéreo brasileiro possa ser interceptada. A fabricante Embraer reforçou a importância das caracte-

rísticas do A-29 Super Tucano para os objetivos propostos no projeto inicial, dizendo que a aeronave é preparada para operação em ambientes inóspitos e sob condições rústicas, onde há pouca infraestrutura de apoio. “É capaz de realizar missões de contrainsurgência, reconhecimento aéreo e apoio a tropas terrestres. Oferece mais de 130 configurações de armamentos comprovadas e operacionais”, diz a Empresa Brasileira de Aeronáutica. l


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CARGA ESPECIAL

Operação cuidadosa Transporte de medicamentos exige cuidados extras, como o uso de equipamentos para controle de temperatura e baús refrigerados POR

quipamentos para controle de temperatura, baús refrigerados e embalagens especiais. Esses são apenas alguns itens que envolvem a logística do transporte de medicamentos. A atividade segue resoluções determinadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). As especificidades desse tipo de transporte estimularam

E

LETICIA SIMÕES

os operadores brasileiros a buscar o máximo de eficiência para o manuseio, o acondicionamento e a condução dos produtos farmoquímicos. A Anvisa, por meio de sua assessoria de imprensa, afirma que toda a cadeia de medicamentos, desde a fabricação até a aquisição pelo consumidor, incluindo o transporte, é regulada pela agência. Todas as empre-

sas envolvidas na armazenagem e no transporte de medicamentos devem possuir autorização da Anvisa para operar. De acordo com o órgão, também é exigida uma licença sanitária, expedida pela autoridade sanitária local competente. As transportadoras de medicamentos devem cumprir com os requisitos previstos na portaria nº 1.052, de 1998, e ainda com as

condições aplicáveis de Boas Práticas de Distribuição, previstas na portaria nº 802, também de 1998. A primeira define a documentação necessária para habilitar a empresa a exercer a atividade de transporte de produtos farmacêuticos e farmoquímicos, sujeitos à vigilância sanitária. Além das duas portarias, as transportadoras também devem se adequar ao que está previsto na portaria nº 344 de maio de 1998. Essa determina o regulamento técnico obrigatório para substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial. O documento concede às empresas habilitadas o direito de exercer atividades de extração, produção, transformação, fabricação, fracionamento, manipulação, embalagem, distribuição, transporte, reembalagem, importação e exportação das substâncias farmoquímicas, bem como dos medicamentos que tais substâncias contêm. Jair Calixto, gerente de Boas Práticas e Auditorias do Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos no Estado de São Paulo), afirma que o setor necessita de uma “resolução consolidada” para o transporte de medicamentos.


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ATIVA LOGÍSTICA/DIVULGAÇÃO

“Existe uma expectativa de que a Anvisa realize, este ano, ou em 2015, uma revisão das portarias para incluir todas as normativas em um só documento”, diz Calixto. A assessoria de imprensa da Anvisa não confirmou se a agência pretende executar essa mudança. Apesar de defender uma regra geral para o transporte de

medicamentos, o dirigente diz que o transportador conhece todos os requisitos necessários para a atividade. “A indústria farmoquímica exige excelência do operador logístico no manuseio e no transporte desses produtos. As condições para esse tipo de carga forçam essa normatização que é requerida pelo mercado de medicamentos.” Geraldo Monteiro, diretor

executivo da Abradilan (Associação Brasileira dos Distribuidores de Laboratórios Nacionais), afirma que tanto o transportador que quer entrar no mercado de medicamentos como aquele que já atua no setor têm plena consciência das regras determinadas. “Os distribuidores de medicamentos no Brasil são 100% terceirizados e aten-

dem às exigências, além de conhecer o ramo de negócio.” Segundo o dirigente, o operador especializado nesse tipo de transporte é preparado para atender ao segmento. “Esse nicho de negócio lida com produtos que demandam cuidados especiais, como os indicados para diabéticos. O operador logístico tem a infraestrutura adequada para todos os artigos que requerem tais especificidades.”


RESTRIÇÕES

Adaptação para operar O transporte de cargas médicas também tem de lidar com as restrições de tráfego em alguns centros. Essa necessidade fez com que os transportadores se adaptassem e, de acordo com o setor, ela não afeta a operação a ponto de prejudicar a logística. O especialista em logística Edson Carillo, membro da Abralog, consultor e professor da FGV, afirma que os operadores logísticos têm a possibilidade de conseguir a liberação de políticas de restrição de tráfego, com a dispensa do rodízio municipal, como acontece em São Paulo, por exemplo. “Não se trata de uma isenção automática. É preciso solicitála junto ao órgão municipal responsável pela liberação.” De acordo com o gerente de Boas Práticas e Auditorias do Sindusfarma, Jair Calixto, as empresas trabalham com um redimensionamento de profissionais para lidar com as restrições que limitam os horários de entrega. A medida, segundo ele, aumenta o custo da operação para toda a cadeia, incluindo também a indústria farmacêutica. “Redefinir rotas pode ser uma saída. Contudo, a alternativa mais viável seria uma infraestrutura voltada para a multimodalidade para permitir a redução do custo de transporte para o negócio.” Para Sonja Helena Macedo, gerente Farma da Ativa Logística, as empresas transportadoras contam com frota adaptada para as exigências de restrição.

Marcelo Nicioli, gerente de produto Truck & Trailer para América Latina da Thermo King, fabricante de equipamentos de refrigeração para a cadeia logística, afirma que os VUCs são os modelos utilizados pelos operadores para a entrega de medicamentos quando há restrição de tráfego para caminhões e modelos similares. O gerente alerta que, caso o planejamento do transporte não seja eficiente, a conservação da carga médica pode ser afetada, quando se trata dos VUCs. “Normalmente esses veículos possuem equipamentos de refrigeração que dependem do motor diesel. Com a baixa rotação dos motores, o controle de temperatura fica afetado, uma vez que o compressor do equipamento que refrigera a carga é acoplado ao motor.” Nicioli destaca que a correta escolha do equipamento de refrigeração para cada aplicação e para cada tipo de operação é fundamental. Segundo ele, alguns fatores, como quantidade de entregas, tempo de abertura de portas na entrega, tipo de produto transportado, isolamento térmico e acabamento da carroceria, tempo de espera para carga e descarga e a temperatura exigida para a conservação do produto, devem ser considerados levando em conta o equipamento de refrigeração adequado e o modelo de carroceria que melhor se adeque à operação.

CUIDADOS Produtos médicos exigem

O especialista em logística Edson Carillo, membro da Abralog (Associação Brasileira de Logística), consultor e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), diz que a resolução RDC nº 25, de março de 2007, que dispõe sobre a terceirização da armazenagem de medicamentos, também orienta o operador logístico para o negócio, além de normatizar as condições de armazenamento desses produtos. Para Carillo, entre os diferenciais da operação logística en-

volvendo cargas médicas destacam-se a aplicação das Boas Práticas e a exigência de contar com um farmacêutico responsável na atividade. “A principal implicação desse tipo de transporte se refere ao controle de temperatura e vibração. Longas distâncias podem ter impacto nesses quesitos, sendo preciso ainda considerar o shelf-life (validade dos produtos). Distâncias maiores para esse tipo de transporte podem exi-


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DICAS PARA O TRANSPORTE DE CARGA MÉDICA • O operador logístico da cadeia de medicamentos deve ter autorização da Anvisa e licença de funcionamento da Autoridade Sanitária local para operar • É necessária a contratação de um farmacêutico responsável para fiscalizar o manuseio e o acondicionamento dos produtos nos armazéns • Avaliar todo o processo detalhadamente para garantir a conservação do produto, como: - Quantidade de entregas - Tempo de abertura de portas na entrega - Tipo de produto transportado - Isolamento térmico e acabamento da carroceria - Tempo de espera para carga e descarga - Temperatura exigida para cada tipo de produto a ser transportado - Armazéns com estrutura adequada às normas de armazenagem de produtos farmoquímicos - Frota adaptada com equipamentos para controle de temperatura - Frota disponível para entregas em áreas com restrição de tráfego

armazenamento especial, como o que a Ativa Logística oferece a seus clientes

gir o uso do modo aéreo”, diz Carillo. De acordo com o especialista, para percursos com distâncias a partir de 400 km, o ideal é que a carga seja transportada por avião. A norte-americana Thermo King, fabricante de equipamentos de refrigeração para a cadeia logística, atua no Brasil há 40 anos. Marcelo Nicioli, gerente de produto Truck & Trailer para América Latina, afirma que o controle preciso de temperatura é um fator de extrema impor-

tância no segmento farmacêutico. “Para manter a qualidade e a integridade de produtos médicos e biológicos durante o transporte, o operador deve contar com equipamentos para controle de temperatura.” Segundo Nicioli, um dos equipamentos utilizados pelas transportadoras é uma espécie de “minicontêiner” ou “freezer móvel”, que se aplica em vans ou caminhões. Esse tipo de peça é comum no transporte de vacinas. “Para

caminhões, vans e VUCs (Veículo Urbano de Carga), que possuem baús com paredes isoladas e requerem preparação especial para instalação desses componentes, existe uma gama de equipamentos de refrigeração disponíveis.” Ele destaca que, para assegurar a qualidade de exames clínicos, matérias-primas, vacinas e outros medicamentos, é importante que o transportador obedeça as recomendações fornecidas pelos fabricantes. “Em

geral, essas indicações têm a ver com a temperatura e a umidade do local onde está ou será armazenado o produto.” De acordo com o gerente, existe uma demanda importante para medicamentos sensíveis ao calor, que devem ser acondicionados a temperaturas de 15° C a 30° C. “Outros necessitam de conservação em ambiente congelado, como os hemoderivados. Há os medicamentos que necessitam de ambiente refrigera-


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THERMO KING/DIVULGAÇÃO

CUIDADOS Refrigeração da Thermo King acoplada a um caminhão

do, como vacinas e insulinas, entre 2° C a 8° C, e os que requerem ambiente resfriado, entre 8° C e 15° C.” Sonja Helena Macedo, gerente Farma da Ativa Logística, operadora da área de medicamentos, define a atividade como “exigente”. “Os produtos requerem condições adequadas de conservação, segurança e atendimento aos prazos de entrega. São cargas muitas vezes urgentes”, diz. Segundo ela, produtos como

os termolábeis (sensíveis às condições extremas de temperatura) e os controlados pela portaria nº 344 requerem segurança extrema durante o trajeto até a entrega final. “As empresas de logística, em sua maioria, manuseiam diretamente as embalagens, seja em nível terciário ou secundário. As embalagens especiais são aplicadas em produtos de cadeia fria (termolábeis) para garantir a conservação adequada em todo o processo logístico.”

De acordo com Sonja, por ser uma atividade muito específica, o uso de embalagens especiais é essencial, desde a saída da fábrica até sua venda no varejo. Nicioli, da Thermo King, afirma que o fabricante é o responsável pela embalagem inicial dos produtos que, normalmente, exigem determinadas condições específicas para o acondicionamento, conforme suas características. “Porém, toda cadeia tem sua responsabilidade pelo acondicionamento apro-

priado desses produtos. Nessa questão, a responsabilidade é compartilhada entre o fabricante, o distribuidor, o armazenador e o transportador.” A Thermo King oferece treinamento de boas práticas de distribuição às transportadoras e para todos os membros da equipe de logística dos operadores logísticos, desde os colaboradores da área de qualidade aos motoristas. O treinamento abrange noções de carregamento, a cadeia do frio (transporte refrigerado) e a distribuição de produtos. “O objetivo é que o transportador possa aproveitar todos os recursos do equipamento adquirido e também estar seguro de sua operação”, diz Nicioli. Para Calixto, do Sindusfarma, a cadeia logística de medicamentos deve contar com constante aprimoramento de seus processos. Segundo ele, é preciso integrar os agentes dessa operação. “O transporte nacional tem muitas falhas, como a precariedade das rodovias e a falta de segurança. Um país com dimensões continentais precisa ter intermodalidade. Para longos percursos, o caminhão não é viável nem para o produto farmacêutico, nem para o custo de operação do distribuidor.” l





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MEDALHA JK

Trabalho dedicado ao setor de transporte FOTOS FERNANDO SOARES/FRAME PRODUÇÕES

POR

CYNTHIA CASTRO

dedicação à atividade transportadora, seja na área de cargas ou de passageiros, foi reconhecida pela CNT durante a entrega da Medalha JK – Ordem do Mérito do Transporte Brasileiro no dia 12 de março. Dezoito personalidades que atuam nos diferentes modais, em todas as regiões, foram homenageadas na sede da confederação em Brasília. Durante a solenidade, o presidente da CNT, senador Clésio Andrade, destacou a importância do trabalho desses profissionais para o fortalecimento de um setor tão essencial para o país. Clésio também ressaltou que esses trabalhadores do transporte, grande parte deles empresários, contribuem para a melhoria da atuação da Confederação. “Estamos aqui na casa do transportador brasileiro. Hoje, a CNT faz uma homenagem a pessoas importantes que tiveram, de alguma forma, participação decisiva no que a CNT é hoje. Ao longo de todos esses anos, a Confederação tem desempenhado um papel importante, atuando fortemente nos grandes debates

A

DEFINIÇÃO Dezoito personalidades que atuam no setor transportador foram homenageadas em Brasília

que envolvem o setor, realizando pesquisas, como o Plano CNT de Transporte e Logística. Estamos homenageando pessoas que ajudaram a construir tudo isso”, disse Clésio Andrade. Também foi destaque, durante a solenidade, a atuação do Sest Senat na formação e qualificação dos trabalhadores. Em fevereiro, foi lançado o projeto Primeira Habilitação para o Transporte, que fornece de forma gratuita o processo para a retirada da primeira carteira a jovens de baixa renda. O objetivo

é incentivar a formação de novos motoristas para suprir uma demanda existente. Neste ano, a maior homenagem da Medalha JK, na categoria Grã-Cruz, foi feita ao vice-presidente da CNT, Meton Soares, que atua no transporte aquaviário e é conselheiro da Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação Marítima, Fluvial, Lacustre e de Tráfego Portuário). “Quero exprimir minha extraordinária gratidão aos transportadores brasileiros.”

Meton Soares também falou sobre a luta da CNT para que o país invista em infraestrutura, permitindo um transporte de maior qualidade no Brasil. “A CNT tem se destacado como principal interlocutor para o fortalecimento do setor transportador e, portanto, como agente do desenvolvimento econômico e social do país.” A revista CNT Transporte Atual perguntou aos agraciados quais as prioridades nas áreas em que eles atuam. Leia a seguir.


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De que o Brasil precisa para se desenvolver? Voltar os olhos para o transporte Brasil precisa de tanta coisa. Tem de “O voltar os olhos verdadeiramente para o transporte. Não adianta haver um volume de dotação orçamentária e, no fim, investir 10% ou 20% em transporte. Precisa ter um sistema de navegação que coloque o produto do exportador brasileiro a preços competitivos. Precisa ter cabotagem. Precisa de estradas em condições de se fazer um transporte rodoviário seguro. Os aeroportos têm de estar condizentes com o movimento”

Grã-Cruz - Meton Soares Júnior Conselheiro da Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação Marítima, Fluvial, Lacustre e de Tráfego Portuário), vice-presidente da CNT, conselheiro da Associação Comercial do Rio de Janeiro e da Confederação Nacional do Comércio

Meton Soares (Grã-Cruz) e o presidente da CNT, senador Clésio Andrade

Mais atenção aos terminais rodoviários recisamos de estradas de maior qualidade, “P que gerem maior segurança e menor custo operacional. Também precisamos melhorar a qualidade dos terminais rodoviários. Eles não recebem a atenção das autoridades como tem ocorrido em relação aos aeroportos. Há algumas organizações privadas procurando desenvolver um trabalho importante, mas muitas pessoas ainda se referem às rodoviárias de forma pejorativa. Esses terminais são importantes para oferecer ao passageiro a sensação de conforto”

Grande Oficial - Cláudio Nelson Calhau Rodrigues de Abreu

Cláudio Nelson (Grande Oficial) e José Luiz Santolin, superintendente da Abrati

Diretor da Viação Santa Cruz, em Mogi Mirim (SP), vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado de São Paulo e vice-presidente da Abrati (Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros)

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MEDALHA JK De que o Brasil precisa para se desenvolver? Menor carga tributária necessário mais infraestrutura, “É especialmente nas rodovias, e uma carga tributária mais justa, menos onerosa e menos complexa. O país é muito grande. E há diversas legislações espalhadas pelos Estados, de forma diferente, em relação ao ICMS, o PIS e o Cofins. A apuração é difícil. Imagina a complexidade da carga tributária de uma carreta que sai de São Paulo e vai para Fortaleza. Acaba ficando muito tempo parada na fiscalização. Tem que descomplicar e manter a desoneração da folha de pagamento”

Grande Oficial - Adriano Depentor Diretor da Fetcesp (Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de São Paulo) e da NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística). Presidente da Jamef Transportes Ltda

Adriano Depentor (Grande Oficial) e Flávio Benatti, presidente da seção de Transporte de Cargas da CNT

Visão sistêmica alta compreensão da estrutura e da importância do transporte como “F agente da economia. É preciso promover o desenvolvimento da intermodalidade, fazer a integração. Falta ao setor público uma visão sistêmica, pensar na importância de cada um dos modais e na articulação entre eles. Para isso, precisa investimento do Estado. Tem de melhorar a gestão dos recursos. Infelizmente, no Brasil, gasta-se muito e aproveita-se pouco. Tem de haver formação, e o Sest Senat realiza um importante trabalho nesse sentido”

Grande Oficial Aristides França Neto Aristides França (Grande Oficial) e Newton Gibson, vice-presidente da CNT para Transporte de Cargas

Formado em Comunicação Social e Sociologia. É assessor da presidência da CNT e participou da criação do Sest Senat


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Renovação de frota renovação da frota é o que eu mais “A quero que aconteça. Tem de melhorar a situação dos caminhoneiros autônomos. O governo precisa diminuir o preço para os caminhoneiros e facilitar o acesso ao crédito. É uma situação muito complicada. Os autônomos são sofredores, têm caminhões com mais de 35 anos. E não é porque querem. Eles não têm condições de ter um caminhão novo. Dormem à beira de estrada, sem área de apoio, correndo risco. Precisa ter um olhar para essa categoria”

Grande Oficial Delso Guimarães Bellas Presidente da Fecam (Federação dos Caminhoneiros Autônomos do Estado do Rio de Janeiro) e fundador do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Cargas de Araruama (RJ)

Delso Guimarães (Grande Oficial) e José da Fonseca, presidente da seção de Transportadores Autônomos, de Pessoas e de Bens da CNT

Aprimorar a logística recisamos aprimorar a logística. Isso “P passa por uma utilização maior de outros modais mais eficientes: hidrovia e ferrovia. Precisamos ter participação maior do setor hidroviário. Temos como ter e com baixo custo de investimento. Temos grandes rios que chegam à parte produtora do Brasil. A Antaq é a agência reguladora e trabalhamos para esse fomento. Mas não basta só investir na navegação interior. Temos a cultura do rodoviário e precisamos tirar as amarras que atrapalham a utilização da multimodalidade”

Grande Oficial - Adalberto Tokarski Adalberto Tokarski (Grande Oficial) e Raimundo Holanda Cavalcante, presidente da Fenavega

Superintendente de Navegação Interior da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários)

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MEDALHA JK De que o Brasil precisa para se desenvolver? Transporte sobre trilhos m relação ao transporte ferroviário de “E passageiros, estamos muito incipientes ao compararmos com a situação de outros países. As cidades estão com as malhas viárias cada vez mais caóticas. A única saída é o transporte sobre trilhos – mais rápido, mais seguro e menos poluente. E é muito importante para o desenvolvimento das cidades. Nosso apelo é para que ocorra a desoneração da energia. E que isso possa ser convertido para investimentos no setor”

Grande Oficial João Gouveia Ferrão Neto Diretor de operações da SuperVia, empresa concessionária de transporte ferroviário metropolitano do Rio de Janeiro e diretor técnico da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos)

João Gouveia (Grande Oficial) e Rodrigo Vilaça, presidente da seção de Transporte Ferroviário da CNT

Prioridade orçamentária recisa de disposição política e social para priorizar o transporte coletivo em dois “P aspectos fundamentais: prioridade de acesso nas vias públicas e prioridade orçamentária. O Brasil é um país que tem muito dinheiro, mas investe mal, e não atende, muitas vezes, as demandas. Querem que todo investimento recaia sobre as passagens. É necessário ter disposição política de priorização do transporte coletivo em termos orçamentários. Somente a passagem não suporta os custos, e os ônibus não podem disputar espaço com veículos particulares”

Oficial Dimas Humberto Silva Barreira

Dimas Barreira (Oficial) e Eurico Galhardi, presidente do Conselho Diretor da NTU

Diretor-presidente do Sindiônibus (Sindicato Patronal das Empresas de Transportes de Passageiros de Fortaleza/ CE), vice-presidente da Cepimar (Federação das Empresas de Transportes Rodoviários dos Estados do Ceará, Piauí e Maranhão) e diretor operacional da Auto Viação São José


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Mão de obra qualificada alta mais investimento na área de “F transporte. Tanto investimento do governo como da iniciativa privada. Falta também mão de obra qualificada para atuar no transporte e no turismo, como motorista, guia. O Brasil precisa investir nisso, oferecer maior mão de obra trabalhadora. As unidades do Sest Senat têm um papel muito importante nessa formação na área do transporte”

Oficial - José Medeiros Atua no transporte urbano e interestadual e também em turismo, no Nordeste. Fundou a empresa Taguatur

José Medeiros (Oficial) e Otávio Cunha, vice-presidente da seção de Transporte de Passageiros da CNT

Priorização do transporte público transporte, como qualquer negócio, “O passa por suas fases difíceis. Hoje estamos atravessando uma fase difícil, com todos esses problemas que têm acontecido. Mas acho que a tendência é melhorar. Nossos dirigentes vão colocar os olhos sobre o transporte. As autoridades têm que investir na infraestrutura de mobilidade e em todas as coisas que são realmente necessárias. Tem que priorizar o transporte público, com vias e mais condições de poder operar”

Oficial - Adilson Nunes Tamanqueira Adilson Nunes (Oficial) e Mário Martins Júnior, diretor do Sest Senat de Belém

Diretor-presidente da Transportadora Arsenal Ltda., em Belém (PA), e associado do Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros de Belém

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MEDALHA JK De que o Brasil precisa para se desenvolver? Integração dos modais stá faltando maior infraestrutura do “E governo federal em termo de rodovia e transporte fluvial e ferroviário. Trabalhar pela intermodalidade, trabalhar as longas distâncias. Tem algumas ações que só o governo federal teria como resolver. As ferrovias precisam interligar mais as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste. O transporte precisa se tornar mais prático. Falta integração dos modais em todas as regiões. Tem havido investimento, mas é preciso muito mais”

Oficial - Luciano Vieira de Farias Sócio titular da empresa de transporte de cargas Auto Viação Santa Luíza em Alagoas. É presidente do Setcal (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Estado de Alagoas)

Luciano Vieira (Oficial) e Newton Gibson, vice-presidente da CNT para Transporte de Cargas

Estar na pauta do poder público questão prioritária é considerar o transporte um segmento imprescindível “A ao desenvolvimento. Durante anos, o transporte ficou segregado do processo econômico. Agora, as lideranças do setor estão conseguindo inserir o segmento na pauta do poder público. Isso é importante para que as reivindicações do setor que carrega as riquezas do país e o nosso povo possam merecer o olhar do governo federal. Há questões burocráticas e políticas públicas equivocadas que não possibilitam o ingresso do transporte de maneira satisfatória na pauta econômica”

Oficial Flávio Henrique Ramos dos Santos

Flávio Henrique (Oficial) e Newton Gibson, vice-presidente da CNT para Transporte de Cargas

Assessor jurídico da Fetracan (Federação das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Nordeste) e da ABTC (Associação Brasileira das Empresas de Transporte de Cargas e Logística)


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Duplicação de rodovias evemos melhorar bastante as “D rodovias do país, que estão em uma situação muito ruim. Os acessos aos portos também precisam de investimentos, pois temos dificuldades de entrar e sair dessas áreas. Mas acho que as rodovias estão caóticas. O pavimento precisa melhorar, a sinalização e a organização. Na região Sul, tem muito engarrafamento. As duplicações precisam acelerar. Toda essa situação ruim gera custos adicionais muito grandes”

Oficial - Rui Acácio Lima Fundador da Lima e Lima Transportes Ltda., empresa pioneira no transporte de granéis de silo em Santa Catarina

Rui Acácio (Oficial) e Pedro Lopes, vice-presidente da seção de Transporte de Cargas da CNT

Pontos de parada nas estradas s políticos e o governo teriam que ter mais seriedade e investir mais na área “O de transporte, principalmente na malha rodoviária. O estado de muitas rodovias é preocupante. São muitos buracos, estradas sem acostamento, sem sinalização. As rodovias precisam de mais pontos de parada para que os motoristas possam descansar e atender à legislação. A maioria deles fica hoje parada em locais não apropriados. O pedágio é uma solução. Pode ser caro, mas acaba compensando”

Oficial - Luís Antônio da Silva Luís Antônio (Oficial) e Luiz Maldonado (presidente da Federação dos Taxistas e Transportadores Autônomos do Paraná)

Presidente do Sindicato dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários de Catanduva e Região (SP) e sócio proprietário do Grupo Silva, que atua no segmento de transporte rodoviário de cargas e de passageiros

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MEDALHA JK De que o Brasil precisa para se desenvolver? Reduzir o preço do combustível melhoria das estradas é muito “A importante. E o preço do combustível é muito alto. Os táxis acabam tendo, muitas vezes, uma tarifa elevada para os usuários devido ao fato de o combustível ser um insumo muito caro. O álcool, que é um combustível renovável, poderia ser uma boa solução, mas também tem preço alto. Os motoristas de caminhão também precisam de um auxílio para renovar a frota e melhorar a situação. Eles lutam com muita dificuldade”

Oficial - Mario Costa

De que o Brasil

Membro e um dos fundadores do Sincaver (Sindicato dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários de Santa Maria), do Sinditaxi (Sindicato dos Taxistas de Santa Maria) e da Coopaver (Cooperativa dos Condutores Autônomos de Veículos de Santa Maria) no Rio Grande do Sul

Mario Costa (Oficial) e Moacir da Silva (presidente da Coopaver)

Dragagem nos portos o setor marítimo, precisa investir em “N dragagem. No porto de Alagoas, está havendo um assoreamento. Não temos a profundidade necessária para as embarcações. Sempre estamos esperando as verbas, mas vem um ministro, daí a pouco troca. Não tem uma continuidade. Essa questão de dragagem está muito atrasada em muitos portos. E o produto brasileiro acaba perdendo competitividade. Também é necessário oferecer uma melhor infraestrutura e integrar os modais”

Oficial André Luiz Macena de Lima André Luiz (Oficial) e Glen Gordon Findlay, presidente da seção de Transporte Aquaviário da CNT

Vice-presidente da Fenamar (Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima)


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Menos burocracia na navegação interior s políticas têm de traduzir em “A investimentos e diminuição da carga burocrática na navegação interior. Na região amazônica, por exemplo, há uma enorme dificuldade na regularização de uma pequena empresa de navegação ou de um pequeno porto. A dificuldade da carga burocrática é a mesma em relação a qualquer porto. E a região amazônica precisa ter um olhar diferenciado porque ela é diferenciada. Ao se buscar o desenvolvimento da região, precisa desenvolver também o transporte fluvial”

Oficial - Alcy Hagge Cavalcante Diretor-presidente das empresas Amazonav (Amazonas Navegação Ltda.) e Ronav (Rondônia Navegação Ltda.)

Alcy Hagge (Oficial) e Raimundo Holanda Cavalcante, presidente da Fenavega

Segurança nos contratos a nossa visão ferroviária, o Brasil precisa desatar os nós. A infraestrutura é um “N grande gargalo. Espero que o governo de fato implemente o novo Programa de Investimentos em Logística, que é o PIL Ferrovias, que possa construir novas ferrovias, para que possamos crescer de forma sustentável. Que possamos atender o volume de carga existente. O desafio é compatibilizar o sistema de hoje com os novos que virão de um modo seguro. O que precisamos realmente é de uma política segura do governo. Queremos segurança nos contratos” l

Oficial - Sérgio Henrique Carrato Sérgio Carrato (Oficial) e Rodrigo Vilaça, presidente da seção de Transporte Ferroviário da CNT

Gerente-geral de regulação e relações institucionais em Minas Gerais e Brasília da MRS Logística

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AQUAVIÁRIO

POR LETICIA

SIMÕES

s Companhias Docas do Brasil, empresas federais de economia mista vinculadas à SEP (Secretaria de Portos) da Presidência da República), são responsáveis pela administração de 23 portos em sete Estados brasileiros, entre eles São Paulo, onde se localiza o porto de Santos, maior terminal do país. Institucionalizadas pelo governo a partir de 1990, as companhias Docas, na visão do setor portuário, necessitam de reestruturação, sobretudo no que diz respeito ao atual modelo de gestão. Algumas companhias ainda operam diretamente parte minoritária da movimentação portuária nacional nos portos públicos, como é o caso da Codern (Companhia Docas do Rio Grande do Norte), que opera diretamente o Tersab (Terminal Salineiro de Areia Branca), entre outros. Tais companhias são empresas de controle estatal, cabendo à SEP o papel de ministério supervisor. Para João Emílio Freire Filho,

A

Gestão e As companhias Docas, na visão do setor portuário, diretor-executivo da Comissão Portos, entidade que congrega organizações envolvidas com a atividade portuária, as companhias Docas se ressentem de uma administração mais técnica. “A escolha dos gestores deve ser por meio da meritocracia, e não por uma opção político-partidá-

ria. A administração dos portos públicos deve ser gerida por técnicos da área que conheçam o cotidiano das operações.” Ele defende uma revisão geral no atual modelo gestor. “Hoje, 97% do comércio do país depende dos portos. Há uma preocupação do setor para que seja esta-

belecido um novo modelo de gestão. Não existe um planejamento operacional. As Docas não têm planos de desenvolvimento em médio e longo prazo.” A SEP, por meio de seu Departamento de Gestão e Logística Portuária, reconhece que as companhias docas necessitam se


ACERVO CDRJ/DIVULGAÇÃO

PORTO DE ITAGUAÍ, NO RIO DE JANEIRO

m xeque necessitam de reestruturação no modelo gerencial modernizar e aprimorar seus mecanismos de gestão. De acordo com o departamento, capacitar os profissionais envolvidos nas administrações é primordial para manter o país em uma condição de igualdade com outros mercados. Segundo a SEP, o novo marco

regulatório estabelecido pela lei nº 12.815, de 2013, aliado ao decreto nº 8.033, de 1993, permitiu às Docas realizar novos investimentos e eliminar passivos trabalhistas. Conforme a secretaria, a regulamentação propiciou ainda o aprimoramento das estruturas organizacionais e dos modelos

de gestão, além da correção salarial e modernização dos processos e sistemas tecnológicos, entre outras mudanças. Wilen Manteli, diretor-presidente da ABTP (Associação Brasileira dos Terminais Portuários), afirma que as intervenções não mudaram o cenário da

administração portuária. “Existe centralismo na gestão, o que prejudica a administração. A composição das estruturas administrativas é feita sem levar a questão técnica a cabo.” Manteli destaca ainda que, em virtude dessa composição, a governança dentro do porto é depreciada. “Não há uma delegação clara para metas e planejamento. Os próprios conselheiros não têm a autonomia que deveriam ter para gerir os terminais.” Na opinião do dirigente, as competências estão centralizadas na SEP. “A gestão melhora quando o gestor tem autonomia.” Ele ressalta que a competitividade entre portos exige uma gestão autônoma, inclusive para taxar tarifas. “Todo esse mecanismo depende da SEP. A centralização da gestão portuária tem incentivado a implantação de terminais privados no país.” O Departamento de Gestão e Logística Portuária da SEP afirma que todos os cargos de dirigentes das companhias Docas são de livre provimento. Segundo o departamento, existem nos


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SAIBA MAIS SOBRE AS DOCAS Funcionamento • As companhias Docas administram 23 dos 34 portos públicos marítimos sob gestão da Secretaria de Portos • As companhias Docas exercem a função conhecida como “LandlordPort” (gestor de patrimônio público) • As empresas federais de economia mista são responsáveis, entre outros aspectos, pelo acesso aquaviário, pela infraestrutura portuária terrestre, pela manutenção de áreas comuns e pela segurança portuária Docas CDP (Companhia Docas do Pará) CDC (Companhia Docas do Ceará) Codern (Companhia Docas do Rio Grande do Norte) Codeba (Companhia das Docas do Estado da Bahia) Codesa (Companhia Docas do Espírito Santo) CDRJ (Companhia Docas do Rio de Janeiro) Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo)

Administração Portos de Belém, Santarém, Vila do Conde, Altamira, Itaituba e Óbidos, Terminal Portuário do Outeiro e Terminal de Miramar Porto de Fortaleza Portos de Natal e Maceió, Tersab (Terminal Salineiro de Areia Branca) Portos de Salvador, Ilhéus e Aratu Portos de Vitória, Barra do Riacho e Capuaba Portos do Rio de Janeiro, Niterói, Angra dos Reis e Itaguaí Porto de Santos Fonte: SEP

quadros das companhias dirigentes provenientes do quadro de carreira, mas também vindos de fora do sistema. A secretaria afirma que a regra de admissão para as gerências médias, responsáveis pelo desenvolvimento das atividades diárias das companhias, é que tais cargos sejam ocupados por especialistas dos quadros das próprias companhias. Bruno Lima Rocha, presidente

do Syndarma (Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima) e vice-presidente da Fenavega (Federação Nacional das Empresas de Navegação Marítima, Fluvial, Lacustre e de Tráfego Portuário), diz que um dos gargalos da gestão das companhias Docas é justamente a contratação de profissionais. “Por serem empresas públicas, elas têm dificuldades enormes para atrair novos profissio-

nais. É preciso um sistema mais livre, que diminua a burocratização e ofereça níveis salariais compatíveis com o mercado. Sem essa combinação, o andamento do porto fica prejudicado.” Segundo a SEP, existem estudos em andamento para promover o recrutamento e a seleção de dirigentes de companhias Docas a partir de critérios técnicos, que serão aferidos para qualquer candidato postulante ao cargo.

Ainda de acordo com a secretaria, o recrutamento vai permitir um processo formal para se avaliar os requisitos mínimos de escolaridade e experiência, aliados à comprovação da idoneidade. Dessa maneira, afirma a autarquia, é possível aproveitar experiências vindas tanto de dentro quanto de fora do sistema portuário. A SEP não informou os prazos para a conclusão desses estudos


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CDC/DIVULGAÇÃO

ATUAÇÃO As Docas administram a grande maioria dos portos públicos marítimos sob a gestão da SEP

e a data de uma possível realização da seleção. Rocha, do Syndarma e da Fenavega, afirma que o governo tem demonstrado vontade em mudar o estatuto das companhias Docas. “Modelos de PPPs (Parcerias Público-Privadas), em que a administração seja compartilhada entre governo e setor privado, envolvendo um grupo de concessionários para gerir o porto, podem ser uma solução viá-

vel. Uma gestão repartida traria maior agilidade no gerenciamento das taxas cobradas nos portos para embarcações e dragagem, por exemplo, além de otimizar todos os quesitos que envolvem a administração portuária.” O diretor-executivo da Comissão Portos João Emílio Freire Filho, também acredita que o panorama começa a mudar. “O Plano de Logística de Transporte, estabelecido pelo governo, é

o começo. Mas, para ser efetivo para o setor portuário, é preciso o estudo de todos os portos, separadamente, para que a realidade de cada terminal seja levantada em detalhes.” A SEP afirma que não há qualquer mudança prevista para o atual modelo organizacional do sistema portuário. Com isso, as companhias Docas continuam existindo e administrando seus respectivos portos.

A secretaria ratifica que, a partir da nova Lei dos Portos, as companhias Docas devem assinar com a SEP compromissos de metas empresariais que incorporem objetivos, metas e resultados a serem atingidos, prazos para a sua consecução, indicadores e critérios de avaliação de desempenho, retribuição adicional aos dirigentes em virtude do seu cumprimento e critérios para a profissionalização da gestão das Docas. Manteli, da ABTP, reconhece que, em curto prazo, não há como definir mudanças importantes, uma vez que a lei é recente. “O governo se comprometeu com a melhoria da administração das Docas e em buscar outro modelo para essa gestão. O setor está na expectativa de como o processo será feito.” O dirigente afirma que as entidades ligadas ao setor portuário estão disponíveis para contribuir com o governo. “A principal reivindicação a ser proposta é de que a gestão seja descentralizada. A SEP tem o apoio do setor, mas a certeza de revisão no atual modelo administrativo das companhias Docas é unânime entre todas as organizações ligadas ao segmento.” l


FERROVIÁRIO

POR LETICIA

SIMÕES

ma nova ferrovia para o escoamento da produção de grãos da região Centro-Oeste pode mudar a logística do país. O projeto, que vem sendo chamado de Ferrogrão, vai abrir caminho para os portos do Norte e do Nordeste, redefinindo a rota que antes levava toda a carga agrícola para os portos de Santos, em São Paulo, ou Paranaguá, no Paraná. A EDLP (Estação da Luz Participações) protocolou, em meados de fevereiro, pedido para desenvolver os estudos de viabilidade da Ferrogrão, cujo traçado está projetado entre Lucas do Rio Verde (MT) e Miritituba (PA), usando o trecho de domínio da rodovia BR-163 que liga o Mato Grosso ao Pará. O diretor de projetos da EDLP, Fernando Sanches, afirma que, depois de protocolada a carta com o pedido, a EDLP foi orientada pelo governo a não se pronunciar sobre o assunto, até que alguma divulgação oficial seja realizada.

U

Nova rota Projeto chamado de Ferrogrão pretende abrir Procurada pela reportagem, a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) não se manifestou sobre em que ponto está o processo da Ferrogrão. A nova ferrovia tem estimativa de investimento de R$ 6 bilhões.

Conforme os estudos iniciais, a Ferrogrão vai ter uma extensão de 1.200 km e capacidade para transportar 60 milhões de grãos ao ano. O projeto prevê ainda que a integração da malha projetada com a Ferrovia da Soja (já existente) permita o escoamento da safra

do Mato Grosso somente via modal ferroviário até 2020. O especialista em logística, Edson Carillo, membro da Abralog (Associação Brasileira de Logística), consultor e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas), afirma que o


ANTF/DIVULGAÇÃO

ALÍVIO Portos das regiões Sul e Sudeste do país devem ser desafogados com a construção da nova ferrovia

agrícola caminhos para os portos do Norte e do Nordeste escoamento de exportação pela região Norte, em vez do tradicional corredor Sul-Sudeste, pode impactar a logística de transporte em diversos aspectos, principalmente na redução do fluxo de caminhões. “Pela Ferrogrão, deve-

se ter uma sensível redução nos custos de frete, aproximadamente de 40% a 50%, refletindo em aumento de competitividade das commodities agrícolas, além de outros benefícios para o país”, afirma. O economista e consultor

em logística, Josef Barat, diz que o projeto da Ferrogrão é um grande estímulo ao desenvolvimento do agronegócio e das atividades ligadas à comercialização e à logística. “Os sistemas logísticos implicam investimentos vultosos

em infraestruturas e sistemas operacionais combinados e coordenados. Nesse sentido, com a implantação de uma ferrovia especializada no escoamento de grãos, podem surgir grandes oportunidades para parcerias entre interesses privados e governamentais.” Ele diz que a configuração de sistemas logísticos voltados para a consolidação de infraestruturas integradas, que ele denomina de “eixo de transporte regionalizado”, pode propiciar o aumento da competitividade no deslocamento das cargas com níveis elevados de produtividade e custos mais baixos para produtores e consumidores. “Esse processo vai estimular grandes mudanças na economia regional.” O engenheiro Paulo Resende, professor e coordenador do Núcleo de Logística e Infraestrutura da FDC (Fundação Dom Cabral), ressalta que os novos projetos logísticos do país devem priorizar a multimodalidade. “Tanto a


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EXPANSÃO

Portos precisam se adaptar O projeto da Ferrogrão envolve diretamente os portos localizados nas regiões Norte e Nordeste para o escoamento da produção de grãos do Mato Grosso. De acordo com a assessoria de imprensa da SEP (Secretaria de Portos), as regiões contam com seis importantes terminais portuários. Para especialistas, todos eles necessitam de projetos de expansão e melhorias para estarem aptos a receber a carga de 60 milhões de toneladas anuais, projetada para a nova ferrovia. Segundo a SEP, entre os principais portos localizados na região de abrangência da Ferrogrão estão o Ponta da Madeira, terminal de uso privado contíguo ao porto do Itaqui (MA), administrado pela Vale, o porto do Itaqui, administrado pela Emap (Empresa Maranhense de Administração Portuária), o porto de Suape (PE), o porto do Pecém (CE) e os portos de Salvador e Aratu (BA), administrados pela Codeba (Companhia das Docas do Estado da Bahia).

Questionada quanto à previsão de obras para os portos visando a demanda projetada para a Ferrogrão e o que a nova ferrovia pode representar para esses terminais, a SEP não se pronunciou. Josef Barat, economista e consultor em logística, afirma que os gargalos dos terminais portuários, de modo geral, estão relacionados à própria infraestrutura e à acessibilidade aos terminais. “Do ponto de vista do acesso marítimo, as deficiências resultam comumente do descuido ou atraso nos processos de dragagem. Já as dificuldades no acesso terrestre são consequências de limitações de capacidade de tráfego e deficiências nos pavimentos de rodovias e da malha viária, bem como nas restrições nas infraestruturas ferroviárias.” Segundo ele, levando em conta os aspectos físicos e operacionais, os portos do Norte e do Nordeste do país requerem “grandes mudanças nos modelos de gestão e operação portuária”.

Barat aponta como principais gargalos a acessibilidade precária aos terminais, o tempo elevado de caminhões e trens nos períodos de escoamento e também de rotatividade, carência de áreas de retroportos e deficiências nos canais de acesso (dragagem). Para Edson Carillo, especialista em logística e membro da Abralog, o país carece de um plano diretor que oriente os projetos de infraestrutura. “O PNLT (Plano Nacional de Logística e Transportes) indica as melhorias. No entanto, ele pouco ou nada tem servido para orientar os projetos necessários.” O economista Ricardo Amorim destaca que os portos do Norte e do Nordeste não estão prontos para a carga projetada para a Ferrogrão. “Até então esses terminais não tinham essa demanda que estimulasse as respectivas expansões. Será necessário planejamento para garantir eficiência de ponta a ponta nesse projeto logístico.” NECESSIDADE Portos do

Ferrogrão como as demais obras com foco na logística devem ser constituídas com característica planejada para pátios de transbordo, formando um tronco principal alimentado nas laterais por rodovias.” Segundo Resende, a eficiência da nova malha depende desse tipo de planejamento. “A Ferrogrão será inserida em uma fronteira agrícola de-

“O maior custo do agronegócio éo transporte” RICARDO AMORIM, ECONOMISTA

senvolvida. Por isso, o tratamento como corredor multimodal é primordial para o êxito do projeto.” Para o economista Ricardo Amorim, diretor-executivo da Ricam Consultoria, a Ferrogrão pode reduzir os custos de produção do agronegócio brasileiro e aumentar a competição entre os modais rodoviário e ferroviário para o escoamento da sa-

fra. “O maior custo do agronegócio é o transporte. Com esse novo corredor o panorama pode ser modificado. Além disso, terminais portuários das regiões atingidas pela ferrovia, hoje menos ativos, têm a possibilidade de escoar essa carga.” Amorim acredita que a expansão do agronegócio no Brasil foi fundamental para incentivar novos projetos lo-


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EMAP DIVULGAÇÃO

Norte e do Nordeste precisam passar por adaptações para receber a carga que será transportada pela nova ferrovia

gísticos. Segundo ele, o país viveu um grande hiato de investimentos na infraestrutura de transportes, retomando, agora, essa postura com novos projetos estruturais em outros modais, além do rodoviário. “Nos últimos dez anos, o crescimento forte do agronegócio forçou investimentos na área de transportes para combater os gargalos formados por essa ausên-

cia de aplicações ao longo dos anos.” Resende, da FDC, afirma que a região tipicamente de cerrado, onde a Ferrogrão será construída, vai facilitar a execução da obra. Amorim também acredita que o projeto da nova ferrovia não deve apresentar grandes problemas para sua implantação. “As maiores dificuldades não são de execução. Elas es-

“Pela Ferrogrão, deve-se ter redução nos custos de frete” EDSON CARILLO, MEMBRO DA ABRALOG

tão ligadas ao processo de autorização ambiental. Em outros casos, na captação de financiamento para as obras. Os maiores gargalos dos projetos de infraestrutura são a parte burocrática e a financeira.” Barat destaca que, além das recorrentes dificuldades de recursos e da relutância de incorporar o capital privado em investimentos de grande porte, como o da Ferrogrão, é importante desencadear ações coordenadas de planejamento. “É preciso compatibilizar os investimentos em logística e em transporte com uma visão sistêmica, com vistas a atender às necessidades dos mercados consumidores, interno e externo.” Ele ressalta ainda que a maior eficiência na integração e na coordenação das cadeias de suprimentos espalhadas regionalmente, além da maior promoção de conhecimento para preparar mão de obra compatível às vocações regionais, deve estar inserida em todo o projeto de infraestrutura. “O objetivo também deve ser o de superar as desigualdades sociais, gerar empregos e reduzir os danos ambientais causados.” l


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SAÚDE

Atenção aos motoristas Exames rápidos de saúde são realizados durante ação conjunta do Sest Senat e da PRF nas rodovias do país LIVIA CEREZOLI

ara oferecer mais qualidade de vida aos motoristas e garantir mais segurança nas rodovias de todo o país, o Sest Senat, em parceria com a PRF (Polícia Rodoviária Federal), deu início a mais uma edição do projeto Comandos de Saúde nas Rodovias. A primeira ação de 2014 foi realizada, entre os dias 18 e 19 de março, em 26 cidades. Mais de 3.000 motoristas receberam orientações sobre a importância dos cuidados básicos com a saú-

P

de. As demais etapas estão previstas para acontecer em abril, em outubro e em novembro. Em 2013, 12.234 profissionais foram atendidos. Desde o lançamento do projeto, em 2006, mais de 79 mil motoristas já participaram da ação. Os profissionais são abordados nas rodovias pelos agentes da Polícia Rodoviária Federal e convidados a realizar os exames. Não existe fiscalização de documentos do caminhão ou da carga. O projeto tem caráter apenas social e de prestação de serviço.

Depois de realizado um cadastro, os motoristas passam por exames rápidos, como aferimento de pressão, verificação de peso, altura, massa corpórea, circunferência cervical e abdominal, acuidade visual e auditiva, frequência cardíaca, glicemia, triglicerídeos e colesterol. A realização dos exames é sempre acompanhada por um médico que, quando necessário, encaminha o motorista para atendimento e tratamento nas unidades do Sest Senat ou, em casos mais específicos, na rede pública de saúde.

De acordo com Daniel Bomfim, inspetor da PRF, o bem-estar dos motoristas é fundamental para garantir a segurança nas rodovias de todo o país. “Queremos, com essa ação, permitir que os motoristas tenham melhores condições de saúde para reduzir o número de acidentes. Realizamos exames simples, mas fundamentais para identificar problemas mais graves.” Com 22 anos de profissão, Wanderlúcio Sardinha Nascimento participou da ação realizada na


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FERNANDO SOARES/FRAME PRODUÇÕES

AÇÃO Motoristas receberam informações sobre cuidados com a saúde

BR-070, em Brasília (DF), e foi alertado sobre a necessidade de perder peso. Os resultados dos exames mostraram que o motorista autônomo está obeso e com a pressão alta. “Fiquei preocupado com os meus exames. Confesso que nunca dei muita atenção à minha saúde. Não sou de comer fruta e verdura, não faço nenhuma atividade física, mas vou mudar isso. As orientações que recebi serviram para eu entender que preciso mudar se eu quiser continuar trabalhando.”

Nascimento não é o único motorista nessa situação. A grande maioria desses profissionais também apresenta resultados bastante preocupantes. Segundo dados do Comandos de Saúde de 2013, 40,49% estavam acima do peso e 32,53% apresentavam características de obesidade, com circunferência abdominal elevada. Além disso, 28,09% foram identificados com alto nível de triglicerídeos, o que representa uma alimentação irregular e rica em carboidratos e

gordura. Outro dado preocupante é o grande número de motoristas com pressão alta (31,85%). Segundo a médica do Cerest (Centro de Referência em Saúde do Trabalhador) de Brasília, Elienai de Alencar, o mais preocupante é que jovens motoristas já estão apresentando problemas, como colesterol e triglicerídeos altos. “Por isso é tão importante a conscientização desses profissionais. Eles precisam mudar os hábitos com urgência. Um homem de 30 anos não deveria ter esses índices

altos. Nosso trabalho é mostrar os riscos que eles correm ao dar a atenção necessária à própria saúde”, afirma ela. Mesmo com os resultados dos exames considerados satisfatórios, o motorista Paulo Roberto da Silva afirma que vai mudar alguns hábitos e tentar incluir no seu dia a dia os exercícios físicos e uma alimentação melhor. “Meus exames estão bons, mas sei que não posso relaxar. Na correria do dia, a gente acaba comendo mal e não dando importância para a saúde. Eu sei que se eu não estiver bem, coloco a minha vida e a das outras pessoas em risco”, destaca ele que realiza viagens transportando cimento e gesso entre Goiás e o Maranhão. A cada edição do Comandos de Saúde, além da realização dos exames, um tema principal é trabalhado. Nessa primeira etapa de 2014, os motoristas foram orientados sobre as doenças endêmicas, como a dengue, a Aids e as demais doenças sexualmente transmissíveis. “Os profissionais do Sest Senat passam orientações para os motoristas, e esperamos que eles sejam multiplicadores dessas informações entre os familiares e seus colegas de trabalho”, explica o coordenador de promoção social do Sest Senat Brasília, Paulo Cabral. l


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SEST SENAT

Crescimento contínuo Em 20 anos de atuação, o número de atendimentos realizados nas unidades de todo o país já chegou a quase 100 milhões; só em 2013, foram 8,5 milhões POR

número de atendimentos realizados pelo Sest Senat nas áreas de promoção social e de desenvolvimento profissional cresce a cada ano. Nas duas décadas de atuação da instituição, já são quase 100 milhões. Em 2013, de acordo com o balanço geral das atividades desenvolvidas nas mais de 140 unidades em funcionamento em todo o país, foram realizados 8,5 milhões de

O

LIVIA CEREZOLI

atendimentos, um crescimento de 4,6% em relação a 2012. No ano passado, o número de capacitações realizadas na área de desenvolvimento profissional chegou a 1, 5 milhão. Na área de promoção social, o total de atendimentos realizados nos consultórios e durante as atividades físicas, esportivas, sociais, culturais e recreativas foi de 6,9 milhões. Segundo o presidente do Sest

Senat e da CNT, senador Clésio Andrade, os resultados consolidam o compromisso assumido pela instituição desde a sua criação: oferecer mais qualidade de vida aos trabalhadores do setor de transporte e seus dependentes. “O trabalho do Sest Senat vem crescendo a cada ano. E isso fortalece a atividade transportadora, tão essencial para o desenvolvimento do nosso país. Os números do ano passado con-

firmam a atuação do Sest Senat como uma instituição consciente de sua responsabilidade, pautada pela eficiência dos serviços prestados à sociedade.” Para garantir aos trabalhadores em transporte o aprimoramento das competências profissionais necessárias ao aumento da empregabilidade no setor, o Sest Senat oferece cursos, presenciais e a distância, de qualificação, de atualização,


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FOTOS SEST SENAT/DIVULGAÇÃO

OPORTUNIDADE Cursos de capacitação garantem a colocação dos profissionais no mercado de trabalho

de aperfeiçoamento (formação inicial e continuada) e de formação técnica de nível médio, além de palestras sobre educação profissional. Em 2013, 591.079 matrículas foram realizadas nos cursos presenciais e 34.633 nos cursos oferecidos a distância. As campanhas, as palestras e os seminários receberam 930.257 pessoas. Na área de desenvolvimento profissional, uma das novidades

de 2013 foi a criação de cursos voltados para a formação de mão de obra para o setore aéreo. Nas unidades de Brasília (DF) e de Belo Horizonte (MG), foram ministrados cursos técnicos de nível médio em Manutenção de Aeronaves. Outros cursos voltados para o setor aéreo também foram desenvolvidos durante o ano passado, como o de Atendente de Aeroporto, de Conferente de Mercadoria, de

Vendedor de Passagens Aéreas, de Operador de Telemarketing, de Atendimento Eficaz ao Cliente do Setor Aéreo, de Visão Sistêmica do Setor de Transporte para Pessoa com Deficiência, de Comissário de Voo e de Despachante de Voo. No setor aquaviário, o Sest Senat, em parceria com o Ministério da Pesca e Aquicultura e a SEP (Secretaria de Portos), passou a trabalhar no mapeamen-

to da demanda de cursos que atendam às necessidades dos empregadores e dos trabalhadores do modal. Entre os demais cursos oferecidos na modalidade presencial, merecem destaque aqueles que fazem parte do Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego). O programa, desenvolvido em parceria com o Ministério da Educação, apresentou um crescimento


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de 92% no número de vagas em relação a 2012. Ao todo, foram registradas 80.540 matrículas nas unidades do Sest Senat em 2013, voltadas, principalmente, para os eixos ligados ao setor de transporte. As ações desenvolvidas pelo projeto Formação de Novos Motoristas também ampliam os resultados conquistados pelo Sest Senat na área de qualificação profissional na modalidade presencial. No ano passado, 4.765 novos motoristas foram formados para atuarem em empresas de transporte rodoviário de cargas e de passageiros. Os cursos de formação e de qualificação têm carga horária mínima de 160 horas e são compostos por aulas teóricas e práticas. Para o treinamento prático, em 2013, o Sest Senat passou a contar com 20 caminhões, que estão sendo utilizados pelas unidades de todos os Estados. Nas aulas, os alunos aprendem desde questões básicas de operação do cavalo mecânico até manobras em pista fechada e a condução do veículo em ruas e em rodovias. Essa iniciativa é mais uma estratégia da instituição para garantir aos profissionais uma formação adequada que atenda às necessidades do setor. Motorista profissional há 20 anos, José Roberto Vaz já participou dos cursos de primeiros so-

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ATENÇÃO Atendimento de fisioterapia prioriza os cuidados com a coluna

“Os instrutores são capacitados para ensinar tudo que devemos saber sobre o mundo do transporte” JOSÉ ROBERTO VAZ, MOTORISTA

corros, de direção econômica e segura e de transporte de produtos perigosos na unidade do Sest Senat em Ponta Grossa (PR). “Dos cursos que já fiz, só o de transporte de produtos perigosos é obrigatório pela legislação, mas acredito que todos os outros são importantes. Por isso procurei o Sest Senat. Aqui, os instrutores são capacitados para ensinar de maneira bem simples tudo que devemos saber sobre o mundo do transporte”, destaca ele.

Na modalidade a distância, o Sest Senat oferece cursos realizados pela internet ou com material didático impresso para atender à demanda de pessoas que querem investir em desenvolvimento profissional para conquistar novas oportunidades no mercado de trabalho, mas que não podem participar regularmente das aulas presenciais. No ano passado, o Portal EaD (Educação a Distância) do Sest Senat na internet foi totalmente


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1994

1995

1996

2.340.445

1.662.146

5.070.279

4.493.073

4.701.010

8.175.133

6.181.605

841.800

590.560

1.000.000

45.590

2.000.000

1.032.101

3.000.000

2.246.206

4.000.000

2.960.148

5.000.000

4.556.741

3.973.679

6.000.000

5.029.038

7.000.000

5.772.229

8.000.000

7.883.124

7.128.585

9.000.000

8.470.551

ATUAÇÃO DO SEST SENAT EVOLUÇÃO ANUAL

1997

1998

1999 2000 2001

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

2011

2012

2013

Fonte: Sest Senat

reformulado para oferecer mais acessibilidade, portabilidade e usabilidade durante a navegação. Ao todo, foram ofertados 16 cursos (14 deles de Formação Inicial e Continuada e dois Técnicos de Nível Médio). Entre os cursos com material impresso estão: o Taxista Nota 10 e o Gestão de Negócios para o Transporte. Promoção social Dentro dos programas de promoção social, os atendimen-

tos na área de saúde ultrapassaram a marca de 1 milhão. Além das especialidades de odontologia, de fisioterapia e de psicologia, em 2013, também foi implantado o atendimento nutricional nas unidades tipo A, B e C (que oferecem infraestrutura maior de consultórios e salas de aula). O foco dos serviços de saúde é a melhora da qualidade de vida dos trabalhadores. Os atendimentos estão voltados para solucionar os principais problemas

No ano passado, foram realizados

8,5 milhões de atendimentos

que esses profissionais enfrentam durante o desempenho da atividade. Na assistência nutricional, são realizadas orientações sobre as melhores escolhas a serem feitas na hora das refeições. As ações já estão sendo implantadas nas unidades, e uma cartilha com orientações sobre a alimentação saudável também está sendo elaborada. Os tratamentos psicológicos auxiliam os profissionais a enfrentarem as lon-


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AVALIAÇÃO

Usuários aprovam atuação As ações desenvolvidas pelo Sest Senat nas áreas de promoção social e de desenvolvimento profissional tiveram avaliações bastante positivas pelos usuários em 2013. Segundo a Pesquisa de Satisfação, realizada nas unidades em janeiro deste ano, a maioria dos serviços foi considerada como excelente ou ótima, e 99% das pessoas entrevistadas afirmaram que recomendariam o Sest Senat para amigos, parentes e colegas de trabalho. O levantamento é realizado com o objetivo de avaliar e monitorar o nível de satisfação dos usuários em relação aos serviços prestados, dando subsídios necessários para a prestação de serviços cada vez mais eficientes e adequados às necessidades dos trabalhadores do transporte e de seus dependentes. Na área de promoção social, voltada para a saúde, a pesquisa foi realizada com 7.836 pessoas. O atendimento dos profissionais de saúde foi considerado excelente e ótimo por 91% dos entrevistados; 9% avaliaram como bom. A pontualidade nos atendimentos também foi avaliada como excelente e ótima por 83%. Outros 15% a consideram como

boa, e 2% como regular. No item instalações físicas, os percentuais foram de 83,5%, 15% e 1,5%, respectivamente. A pesquisa também ouviu 2.901 pessoas sobre as ações de esporte, lazer e atividades socioculturais desenvolvidas pelas unidades do Sest Senat. O desempenho dos instrutores foi avaliado como excelente e ótimo por 81% dos entrevistados. Outros 17% responderam que o desempenho é bom, e 2% que é regular. As ações oferecidas pelo Sest Senat na área de desenvolvimento profissional também foram bem avaliadas por quem frequenta os cursos e as demais atividades realizadas na área de educação e de qualificação profissional. Entre as 4.833 pessoas que responderam à Pesquisa de Satisfação, a maior parte (59%) avaliou o desempenho dos instrutores como excelente. Outros 30% consideraram ótimo, 10% bom e 1% regular. Na avaliação do conteúdo das aulas teóricas, 47% consideraram excelente, 36% disseram que eles são ótimos e 15% bom. Nas aulas práticas, 42% consideraram excelente, 15% ótimo, 18% bom, 3% regular e apenas 1% ruim.

gas jornadas de trabalho e a exposição a riscos. O atendimento atua, prioritariamente, na prevenção e no tratamento daqueles envolvidos com o uso de álcool, de drogas e de outras substâncias químicas. Na área odontológica, além dos procedimentos de limpeza, curativos e de emergência, as unidades oferecem atendimentos nas áreas de dentística, endodontia, periodontia, ortodontia e prótese. Para os aten-

“No particular, nós nunca teríamos como pagar as consultas da família toda” ANTONIA EDNA DOS SANTOS, USUÁRIA


CNT TRANSPORTE ATUAL

“Os números confirmam a atuação do Sest Senat como uma instituição consciente de sua responsabilidade” FORMAÇÃO Jovens são preparados para atuarem no setor de transporte

dimentos, o Sest Senat também passou a contar, em 2013, com um equipamento de radiologia. Nas clínicas de fisioterapia, são trabalhados os cuidados que os motoristas devem ter em relação à coluna, principalmente porque passam horas na mesma posição. O foco do tratamento é a prevenção de problemas posturais. Antonia Edna dos Santos é esposa de um trabalhador do setor e, desde 1996, ela, o mari-

do e o filho utilizam os serviços oferecidos pela unidade do Sest Senat em Manaus (AM). “Há quase 20 anos, só faço o meu tratamento de dentes aqui. O atendimento é excelente. No particular, nós nunca teríamos como pagar as consultas da família toda”, conta ela. Nas demais ações desenvolvidas dentro dos programas de promoção social, os resultados de 2013 também são bastante positivos. No ano passado,

SENADOR CLÉSIO ANDRADE, PRESIDENTE DO SEST SENAT E DA CNT

4.954.986 de pessoas participaram das ações de esporte, de lazer e atividades socioculturais. O Sest Senat oferece esse tipo de assistência por acreditar que essas ações refletem em um melhor desempenho dos trabalhadores do setor em suas tarefas profissionais diárias. E o trabalho da instituição ainda vai além. Campanhas de mobilização nacional também fazem parte do calendário anual de atividades. O Coman-

1º DE ABRIL 2014

69

dos de Saúde nas Rodovias atendeu 12.234 motoristas nas quatro edições realizadas em 2013. O projeto, desenvolvido em parceria com a Polícia Rodoviária Federal, desde 2006, tem como objetivo principal promover o bem-estar e cuidar da saúde dos motoristas profissionais. Desde o seu lançamento, mais de 74 mil motoristas já participaram das atividades. Neste ano, a primeira edição do projeto foi realizada em março (leia mais na página XX). Para ampliar os conhecimentos oferecidos aos trabalhadores do setor de transporte tanto na área da saúde como na qualificação profissional, o Sest Senat desenvolve um projeto com palestras sobre temas variados ministradas nas unidades e nas empresas do setor. No ano passado, 2,5 milhões de pessoas receberam orientações sobre a combinação álcool, drogas e trânsito, violência doméstica, doenças endêmicas, noções básicas de educação financeira, direção defensiva, mobilidade urbana, fidelização de clientes e segurança, meio ambiente e saúde, entre outros temas. Para 2014, o Sest Senat prevê a continuidade dos seus programas e a ampliação no número de atendimentos realizados em todas as suas unidades. l


Estat铆stico, Econ么mico, Despoluir e Ambiental


FERROVIÁRIO MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM Total Nacional Total Concedida Concessionárias Malhas concedidas

30.129 28.692 11 12

BOLETIM ESTATÍSTICO RODOVIÁRIO MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM TIPO

PAVIMENTADA

NÃO PAVIMENTADA

TOTAL

65.930 110.842 26.827 203.599

12.577 111.334 1.234.918 1.358.829

78.507 222.176 1.261.745 129.095 1.691.522

Federal Estadual Municipal Rede Planejada Total

MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KM Adminstrada por concessionárias privadas 15.454 Administrada por operadoras estaduais 1.195 FROTA DE VEÍCULOS Caminhão Cavalo mecânico Reboque Semi-reboque Ônibus interestaduais Ônibus intermunicipais Ônibus fretamento Ônibus urbanos Nº de Terminais Rodoviários

2.488.680 541.118 1.070.606 789.614 17.309 57.000 23.489 107.000

122 37

FROTA MERCANTE - UNIDADES Embarcações de cabotagem e longo curso

MATERIAL RODANTE - UNIDADES Vagões Locomotivas Carros (passageiros urbanos)

104.931 3.212 1.670

PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total Críticas

12.289 2.659

VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL Brasil EUA

25 km/h 80 km/h

AEROVIÁRIO AERÓDROMOS - UNIDADES Aeroportos Internacionais Aeroportos Domésticos Outros aeródromos - públicos e privados

29 34 2.503

AERONAVES REGISTRADAS NO BRASIL - UNIDADES Transporte regular, doméstico ou internacional Transporte não regular: táxi aéreo Privado Outros Total

155

41.635 20.956 1.864

669 1.579 8.825 8.328 19.401

MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS MODAL

HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA Vias Navegáveis Vias economicamente navegadas Embarcações próprias

11.816 8.066 1.674 7.136 28.692

173

AQUAVIÁRIO INFRAESTRUTURA - UNIDADES Terminais de uso privativo misto Portos

MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM ALL do Brasil S.A. FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A. MRS Logística S.A. Outras Total

MILHÕES

(TKU)

PARTICIPAÇÃO

(%)

Rodoviário

485.625

61,1

Ferroviário

164.809

20,7

Aquaviário

108.000

13,6

Dutoviário

33.300

4,2

Aéreo

3.169

0,4

Total

794.903

100


72

CNT TRANSPORTE ATUAL

1º DE ABRIL 2014

BOLETIM ECONÔMICO

R$ bilhões

INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES* 25 20 15 10 5 0

Investimentos em transporte da União por Modal (total pago acumulado - até fevereiro/2014 (R$ 1,91 bilhão)

Investimentos em Transporte da União (Orçamento Fiscal) (dados atualizados fevereiro/2014)

0,29 (15,0%) 0,02 (1,0%)

16,11 1,53 (80,0%)

0,07 (4,0%)

1,91

1,89

0,02

Autorizado Valores Pagos do Exercício Total Pago Restos a Pagar Pagos Obs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos de anos anteriores

RECURSOS DISPONÍVEIS E INVESTIMENTO FEDERAL (ATÉ FEVEREIRO DE 2014) Orçamento Fiscal e Estatais (Infraero e Cia Docas) (R$ milhões correntes) Recursos Disponíveis 16.111,56 Autorizado União Dotação das Estatais (Infraero e Cia Docas) 0,00 Total de Recursos Disponíveis 16.111,56 Investimento Realizado 1.534,12 Rodoviário 294,59 Ferroviário 19,89 Aquaviário (União + Cia Docas) 69,70 Aéreo (União + Infraero) 1.918,29 Investimento Total (Total Pago) Fonte: Orçamento Fiscal da União (SIGA BRASIL - Senado Federal); Orçamento de Investimentos das Empresas Estatais (DEST-MPOG). Notas: (A) Dados atualizados até 08.03.2014 (SIGA BRASIL). (B) Até o fechamento deste Boletim a dotação das estatais não havia sido disponibilizada.

Rodoviário

Aquaviário

Ferroviário

Aéreo

CONJUNTURA MACROECONÔMICA - MARÇO/2014

PIB (% cresc a.a.)1 Selic (% a.a.)2 IPCA (%)3 Balança Comercial Reservas Internacionais4 Câmbio (R$/US$)5

2013

acumulado em 2014

últimos 12 meses

expectativa para 2014

2,28 10,00 5,91 2,55

-

2,28

1,68 11,00 6,01 6,36

10,75 0,55 -4,58

375,79

5,59 2,54 377,21

2,34

2,33

2,49

Fontes: Receita Federal, SIGA BRASIL - Senado Federal, IBGE e Focus (Relatório de Mercado 07/03/14), Banco Central do Brasil. Observações:

Nota sobre a CIDE: Até o boletim econômico de março de 2013, a CNT realizava o acompanhamento da arrecadação e do investimento com recursos da CIDE-combustíveis, Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, criada pela Lei 10.336, de 19/12/2001. Esse acompanhamento deixou de ser realizado, já que a alíquota da CIDE foi reduzida a zero pelo Decreto nº 7.764, de junho de 2012. Os recursos da CIDE eram destinados aos seguintes fins: (a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; (b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; e (c) ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes.

(1) Expectativa de crescimento do PIB para 2014. (2) Taxa Selic conforme Copom 26/02/2014. (3) Inflação acumulada no ano e em 12 meses até janeiro/2014. (4) Posição Dezembro/2013 e fevereiro/2014 em US$ bilhões. (5) Câmbio de fim de período divulgado em 06/03/2014, média entre compra e venda.

Evolução do Investimento Federal em Infraestrutura de Transporte 16,0 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0 2009 Investimento Total

ORÇAMENTO FISCAL DA UNIÃO E ORÇAMENTO DAS ESTATAIS (INFRAERO E CIA DOCAS) (valores em R$ bilhões correntes) 2009 2010 2011 2012 7,8 10,3 11,2 9,4 Rodoviário 1,0 2,5 1,6 1,1 Ferroviário 1,3 1,0 0,8 Aquaviário (União + Cia Docas) 1,3 0,5 0,7 1,2 1,4 Aéreo (União + Infraero) 10,6 14,8 15,0 12,7 Investimento Total

2010

2011 Rodoviário

Ferroviário

2012 Aquaviário

2013 Aéreo

2013 8,4 2,3 0,6 1,8 13,1

Fonte: Orçamento Fiscal da União (SIGA BRASIL - Senado Federal) e Orçamento de Investimentos das Empresas Estatais (DEST-MPOG).

8

R$ bilhões correntes

Orçamento Fiscal da União e Orçamento das Estatais (Infraero e Cia Docas)

* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br


INVESTIMENTO PÚBLICO FEDERAL EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE POR ESTADOS E REGIÕES (VALORES EM R$ MILHÕES CORRENTES)1

REGIÕES3

Estados

ORÇAMENTO FISCAL (TOTAL PAGO2 POR MODAL DE TRANSPORTE) Acre Alagoas Amazonas Amapá Bahia Ceará Distrito Federal Espírito Santo Goiás Maranhão Minas Gerais Mato Grosso do Sul Mato Grosso Pará Paraíba Pernambuco Piauí Paraná Rio de Janeiro Rio Grande do Norte Rondônia Roraima Rio Grande do Sul Santa Catarina Sergipe São Paulo Tocantins Centro Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Nacional Total

Rodoviário

Ferroviário

Aquaviário

Aéreo

Total

7,40 60,07 12,61 37,05 72,84 82,26 4,43 16,89 70,25 67,85 179,72 34,48 110,25 98,26 17,43 43,90 29,45 46,37 27,09 37,02 32,94 28,03 202,27 138,37 17,27 7,97 27,06 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 24,57 1.534,12

0,00 0,00 0,00 0,00 104,54 0,00 0,00 0,00 141,83 0,00 24,45 0,18 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,03 2,79 0,00 0,00 0,00 0,79 0,00 0,00 13,25 1,98 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 4,74 294,59

0,00 0,00 4,60 0,00 0,00 0,00 0,00 3,87 0,00 0,00 1,56 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,28 0,00 0,00 0,15 0,00 0,00 0,00 0,31 0,00 0,00 9,11 19,89

0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 69,70 69,70

7,40 60,07 17,21 37,05 177,39 82,26 4,43 20,76 212,08 67,85 205,73 34,66 110,25 98,26 17,43 43,90 29,45 46,40 29,89 37,02 32,94 28,03 203,34 138,37 17,27 21,37 29,05 0,00 0,00 0,31 0,00 0,00 108,12 1.918,29

Elaboração: Confederação Nacional do Transporte *Dados atualizados até 08.03.2014 (SIGA BRASIL).

Notas: (1) Foram utilizados os seguintes filtros: função (26), subfunção (781=aéreo, 782=rodoviário, 783=ferroviário, 784=aquaviário), GND (4=investimentos). Para a subfunção 781 (aéreo), não foi aplicado nenhum filtro para a função. Fonte: SIGA BRASIL (Execução do Orçamento Fiscal da União). (2) O total pago é igual ao valor pago no exercício acrescido de restos a pagar pagos. (3) O valor investido em cada região não é igual ao somatório do valor gasto nos respectivos estados. As obras classificadas por região são aquelas que atendem a mais de um estado e por isso não foram desagregadas. Algumas obras atendem a mais de uma região, por isso recebem a classificação Nacional.

Nota técnica CNT

Mudança de fonte de dados de investimentos públicos federais A partir de janeiro de 2013, a CNT passa a utilizar o SIGA BRASIL como fonte de dados da execução do Orçamento Fiscal da União. Até então, eram utilizados os bancos de dados elaborados pela COFF (Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira) disponibilizados pela Câmara dos Deputados. O SIGA BRASIL é um sistema de informações sobre orçamento público, que permite acesso amplo e facilitado ao SIAFI e a outras bases de dados sobre planos e orçamentos públicos, por meio de uma única ferramenta de consulta . Por ser atualizado periodicamente, o SIGA BRASIL permite uma análise mais dinâmica da execução orçamentária federal. Além disso, o SIGA BRASIL disponibiliza na mesma base de dados os valores pagos no exercício e os restos a pagar pagos. Esta característica confere ao sistema maior precisão e segurança no acompanhamento dos investimentos em infraestrutura de transporte. Os dados de execução orçamentária para investimento em infraestrutura de transporte são divulgados mensalmente pela Confederação Nacional do Transporte por meio de seu Boletim Econômico disponível na revista CNT Transporte Atual e no site da instituição (www.cnt.org.br).

Para consultar a execução detalhada, acesse o link http://www.cnt.org.br/Paginas/Boletim-economico.aspx


74

CNT TRANSPORTE ATUAL

1º DE ABRIL 2014

BOLETIM DO DESPOLUIR DESPOLUIR

PROJETOS

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o Sest Senat lançaram em 2007 o Programa Ambiental do Transporte - DESPOLUIR, com o objetivo de promover o engajamento de empresários, caminhoneiros autônomos, taxistas, trabalhadores em transporte e da sociedade na construção de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.

• Redução da emissão de poluentes pelos veículos • Incentivo ao uso de energia limpa pelo setor transportador • Aprimoramento da gestão ambiental nas empresas, garagens e terminais de transporte • Cidadania para o meio ambiente

RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS ESTRUTURA

NÚMEROS DE AFERIÇÕES 2014

2007 A 2013

JANEIRO

FEVEREIRO

13.916

17.911

1.033.455 Aprovação no período 89,80%

91,56%

TOTAL 1.065.282 89,82%

90,13%

Federações participantes

20

Unidades de atendimento

68

Empresas atendidas

10.667

Caminhoneiros autônomos atendidos

12.527

PUBLICAÇÕES DO DESPOLUIR

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES Para participar do Projeto Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos, entre em contato com a Federação que atende o seu Estado. FEDERAÇÃO FETRANSPORTES

27.2125-7643

BA e SE

71.3341-6238

SP

11.2632-1010

FETRANCESC

SC

48.3248-1104

FETRANSPAR

PR

41.3333-2900

FETRANSUL

RS

51.3374-8080

FETRACAN

AL, CE, PB, PE, PI, RN e MA

81.3441-3614

FETCEMG

MG

31.3490-0330

FENATAC

DF, TO, MS, MT e GO

61.3361-5295

RJ

21.3869-8073

AC, AM, RR, RO, AP e PA

92.2125-1009

ES

27.2125-7643

BA e SE

71.3341-6238

RJ

21.3221-6300

RN, PB, PE e AL

84.3234-2493

FETRAM

MG

31.3274-2727

FEPASC

SC e PR

41.3244-6844

CEPIMAR

CE, MA e PI

85.3261-7066

FETRAMAR

MS, MT e RO

65.3027-2978

AM, AC, PA, RR e AP

92.3584-6504

FETRASUL

DF, GO, SP e TO

62.3598-2677

FETERGS

RS

51.3228-0622

FETRANSCARGA FETRAMAZ FETRANSPORTES FETRABASE FETRANSPOR FETRONOR Passageiros

TELEFONE

ES

FETCESP

FETRABASE

Carga

UFs ATENDIDAS

FETRANORTE

A pesquisa “Caminhoneiros no Brasil - Relatório Síntese de Informações Ambientais” apresenta a realidade e as necessidades de um dos principais agentes do setor de transporte. Informações econômicas, financeiras, sociais e ambientais, além de dados relacionados à frota, como distribuição e idade média; características dos veículos e dos deslocamentos; intensidade de uso e autonomia (km/l) da frota permitem aprofundar os conhecimentos relativos ao setor de transporte rodoviário.

8

SETOR

Conheça abaixo duas das diversas publicações ambientais que estão disponíveis para download no site do DESPOLUIR:

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br

O governo brasileiro adotou o biodiesel na matriz energética nacional, através da criação do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel e da aprovação da Lei n. 11.097. Atualmente, todo o óleo diesel veicular comercializado ao consumidor final possui biodiesel. Essa mistura é denominada óleo diesel B e apresenta uma série de benefícios ambientais, estratégicos e qualitativos. O objetivo desta publicação é auxiliar na rotina operacional dos transportadores, apresentando subsídios para a efetiva adoção de procedimentos que garantam a qualidade do óleo diesel B, trazendo benefícios ao transportador e, sobretudo, ao meio ambiente.


CNT TRANSPORTE ATUAL

75

1º DE ABRIL 2014

CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL

BOLETIM AMBIENTAL

CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE (em milhões de m3)

EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL (EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA)

EMISSÕES DE CO2 POR SETOR CO2 t/ANO 1.202,13 140,05 136,15 48,45 47,76 1.574,54

SETOR

Mudança no uso da terra Industrial* Transporte Geração de energia Outros setores Total

(%) 76,35 8,90 8,65 3,07 3,03 100,00

PARTICIPAÇÃO

Rodoviário Aéreo Outros meios Total

2011

2012

VOLUME

VOLUME

VOLUME

Rodoviário

38,49

34,46

36,38

38,60

Ferroviário

0,83

1,08

1,18

1,21

Hidroviário

0,49

0,14

0,14

0,16

39,81

35,68

37,7

39,97

CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões de m3)* TIPO 2009 2010 2011 2012 2013 2014** (janeiro)

EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE CO2 t/ANO 123,17 7,68 5,29 136,15

2010

VOLUME

Total

*Inclui processos industriais e uso de energia

MODAL

2009 MODAL

Diesel

(%) 90,46 5,65 3,88 100,00

44,29

49,23

52,26

55,90

58,49

4,54

Gasolina 25,40

29,84

35,49

39,69

41,36

3,58

Etanol

15,07

10,89

9,85

10,81

1,01

PARTICIPAÇÃO

EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO OTTO*

EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO DIESEL

80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%

CO2 NOx NMHc CO CH4

16,47

* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc). ** Dados atualizados em 28 de fevereiro de 2014.

60% 50% 40% CO2 NOx CO NMHc MP

30% 20% 10% 0%

Automóveis GNV Comerciais Leves (Otto) Motocicletas * Inclui veículos movidos a gasolina, etanol e GNV Dados de 2009 fornecidos pelo último Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários – MMA,2011.

Caminhões Pesados

Ônibus Urbanos

10 15 10 a 50

CE: Fortaleza, Aquiraz, Horizonte, Caucaia, Itaitinga, Chorozinho, Maracanaú, Euzébio, Maranguape, Pacajus, Guaiúba, Pacatuba, São Gonçalo do Amarante, Pindoretama e Cascavel. PA: Belém, Ananindeua, Marituba, Santa Bárbara do Pará, Benevides e Santa Isabel do Pará. PE: Recife, Abreu e Lima, Itapissuma, Araçoiaba, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Moreno, Camaragibe, Olinda, Igarassu, Paulista, Ipojuca, Itamaracá e São Lourenço da Mata. Frotas cativas de ônibus dos municípios: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Porto Alegre e São Paulo. RJ: Rio de Janeiro, Belford Roxo, Nilópolis, Duque de Caxias, Niterói, Guapimirim, Nova Iguaçu, Itaboraí, Paracambi, Itaguaí, Queimados, Japeri, São Gonçalo, Magé, São João de Meriti, Mangaratiba, Seropédica, Maricá, Tanguá e Mesquita. 10** Brasil SP: São Paulo, Americana, Mairiporã, Artur Nogueira, Mauá, Arujá, Mogi das Cruzes, Barueri, Mongaguá, Bertioga, Monte Mor, Biritibamirim, Nova Odessa, Caçapava, Osasco, Caieiras, Paulínia, Cajamar, Pedreira, Campinas, Peruíbe, Carapicuíba, Pindamonhangaba, Cosmópolis, Pirapora do Bom Jesus, Cotia, Poá, Cubatão, Praia Grande, Diadema, Ribeirão Pires, Embu, Rio Grande da Serra, Embuguaçu, Salesópolis, Engenheiro Coelho, Santa Bárbara d’ Oeste, Ferraz de Vasconcelos, Santa Branca, Francisco Morato, Santa Isabel, Franco da Rocha, Santana de Parnaíba, Guararema, Santo André, Guarujá, Santo Antônio da Posse, Guarulhos, Santos, Holambra, São Bernardo do Campo, Hortolândia, São Caetano do Sul, Igaratá, São José dos Campos, Indaiatuba, São Lourenço da Serra, Itanhaém, São Vicente, Itapecerica da Serra, Sumaré, Itapevi, Suzano, Itaquaquecetuba, Taboão da Serra, Itatiba, Taubaté, Jacareí, Tremembé, Jaguariúna, Valinhos, Jandira, Vargem Grande Paulista, Juquitiba e Vinhedo. Demais estados e cidades 500*** * Em partes por milhão de S - ppm de S ** Municípios com venda exclusiva de S10. Para ver a lista dos postos que ofertam o diesel S10, consulte o site do DESPOLUIR: www.cntdespoluir.org.br *** A partir de janeiro de 2014, o diesel interiorano passou a ser S500. Para mais informações, consulte a seção Legislação no Site do DESPOLUIR: www.cntdespoluir.org.br

2,2%

2,8%

% NC

36,3%

22,9%

10,1%

25,7% Teor de Biodiesel 22,9% Outros 2,8%

Pt. Fulgor 25,7% Enxofre 10,1%

Corante 2,2% Aspecto 36,3%

ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - JANEIRO 2014 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0

Caminhões Leves

NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - JANEIRO 2014

QUALIDADE DO ÓLEO DIESEL TEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL (em ppm de S)* Japão EUA Europa

Ônibus Caminhões Comerciais Leves Rodoviários (Diesel) médios

Trimestre Anterior Trimestre Atual

15,6 10,5

6,3 4,6 0,0 AC 0,0 0,0

AL 4,6 2,7

AM 15,6 22,0

AP 6,3 6,0

2,1

2,8

BA 2,1 1,7

CE 2,8 2,8

0,9 DF 0,9 0,0

1,6 ES 1,6 2,0

6,3

3,5 0,0

0,7

GO 0,0 0,0

MA 0,7 0,7

5,1

3,3

4,4

PB 3,3 2,7

PE 4,4 3,6

0,0 MG 3,5 4,1

MS 0,0 0,0

Percentual relativo ao número de não-conformidades encontradas no total de amostras coletadas. Cada amostra analisada pode conter uma ou mais não-conformidades.

MT 6,3 4,2

PA 5,1 4,9

1,2

0,7

2,1

0,2

0,0

PI 1,2 1,7

PR 0,7 0,9

RJ 2,1 2,1

RN 0,2 1,2

RO 0,0 0,0

RR 10,5 7,9

0,9

0,7

1,3

2,6

RS 0,9 1,0

SC 0,7 0,4

SE 1,3 1,9

SP 2,6 2,4

0,0 TO 0,0 0,0

2,6 Brasil 2,6 2,6


EFEITOS DOS PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS DO TRANSPORTE POLUENTES

PRINCIPAIS FONTES

CARACTERÍSTICAS

EFEITOS SAÚDE HUMANA

1

Monóxido de carbono (CO)

Resultado do processo de combustão de fonte móveis2 e de fontes fixas industriais3.

Gás incolor, inodoro e tóxico.

Diminui a capacidade do sangue em transportar oxigênio. Aspirado em grandes quantidades pode causar a morte.

Dióxido de Carbono (CO2)

Resultado do processo de combustão de fonte móveis2 e de fontes fixas industriais3.

Gás tóxico, sem cor e sem odor.

Provoca confusão mental, prejuízo dos reflexos, inconsciência, parada das funções cerebrais.

Metano (CH4)

Resultado do processo de combustão de fontes móveis2 e fixas3, atividades agrícolas e pecuárias, aterros sanitários e processos industriais4.

Gás tóxico, sem cor, sem odor. Quando adicionado a água torna-se altamente explosivo.

Causa asfixia, parada cardíaca, inconsciência e até mesmo danos no sistema nervoso central, se inalado.

MEIO AMBIENTE

Causam o aquecimento global, por serem gases de efeito estufa.

Compostos orgânicos voláteis (COVs)

Resultado do processo de combustão de fonte móveis2 e processos industriais4.

Composto por uma grande variedade de moléculas a base de carbono, como aldeídos, cetonas e outros hidrocarbonetos leves.

Causa irritação da membrana mucosa, conjuntivite, danos na pele e nos canais respiratórios. Em contato com a pele pode deixar a pele sensível e enrugada e quando ingeridos ou inalados em quantidades elevadas causam lesões no esôfago, traqueia, trato gastro-intestinal, vômitos, perda de consciência e desmaios.

Óxidos de nitrogênio (NOx)

Formado pela reação do óxido de nitrogênio e do oxigênio reativo presentes na atmosfera e queima de biomassa e combustíveis fósseis.

O NO é um gás incolor, solúvel. O NO2 é um gás de cor acastanhada ou castanho avermelhada, de cheiro forte e irritante, muito tóxico. O N2O é um gás incolor, conhecido popularmente como gás do riso.

O NO2 é irritante para os pulmões e Causam o aquecimento global, diminui a resistência às infecções por serem gases de efeito estufa. respiratórias. A exposição continuada ou frequente a níveis elevados pode provocar Causadores da chuva ácida5. tendência para problemas respiratórios.

Formado pela quebra das moléculas dos hidrocarbonetos liberados por alguns poluentes, como combustão de gasolina e diesel. Sua formação é favorecida pela incidência de luz solar e ausência de vento.

Gás azulado à temperatura ambiente, instável, altamente reativo e oxidante.

Resultado do processo de combustão de fontes móveis2 e processos industriais4.

Provoca irritação e aumento na produção de muco, desconforto na Gás denso, incolor, não inflamável respiração e agravamento de e altamente tóxico. problemas respiratórios e cardiovasculares.

Causa o aquecimento global, por ser um gás de efeito estufa. Causador da chuva ácida5, que deteriora diversos materiais, acidifica corpos d'água e provoca destruição de florestas.

Conjunto de poluentes constituído de poeira, fumaça e todo tipo de material sólido e líquido que se mantém suspenso. Possuem diversos tamanhos em suspensão na atmosfera. O tamanho das partículas está diretamente associado ao seu potencial para causar problemas à saúde, quanto menores, maiores os efeitos provocados.

Altera o pH, os níveis de pigmentação e a fotossíntese das plantas, devido a poeira depositada nas folhas.

Ozônio (O3)

Dióxido de enxofre (SO2)

Material particulado (MP)

Resultado da queima incompleta de combustíveis e de seus aditivos, de processos industriais e do desgaste de pneus e freios.

Provoca problemas respiratórios, irritação aos olhos, nariz e garganta.

Incômodo e irritação no nariz e garganta são causados pelas partículas mais grossas. Poeiras mais finas causam danos ao aparelho respiratório e carregam outros poluentes para os alvéolos pulmonares, provocando efeitos crônicos como doenças respiratórias, cardíacas e câncer.

Causa destruição e afeta o desenvolvimento de plantas e animais, devido a sua natureza corrosiva. Além de causar o aquecimento global, por ser um gás de efeito estufa.

8

1. Em 12 de junho de 2012, segundo o Comunicado nº 213, o Centro Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC, em inglês), que é uma agência da Organização Mundial da Saúde (OMS), classificou a fumaça do diesel como substância cancerígena (grupo 1), mesma categoria que se encontram o amianto, álcool e cigarro. 2. Fontes móveis: motores a gasolina, diesel, álcool ou GNV. 3. Fontes fixas: Centrais elétricas e termelétricas, instalações de produção, incineradores, fornos industriais e domésticos, aparelhos de queima e fontes naturais como vulcões, incêndios florestais ou pântanos. 4. Processos industriais: procedimentos envolvendo passos químicos ou mecânicos que fazem parte da fabricação de um ou vários itens, usualmente em grande escala. 5. Chuva ácida: a chuva ácida, também conhecida como deposição ácida, é provocada por emissões de dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de nitrogênio (NOx) de usinas de energia, carros e fábricas. Os ácidos nítrico e sulfúrico resultantes podem cair como deposições secas ou úmidas. A deposição úmida é a precipitação: chuva ácida, neve, granizo ou neblina. A deposição seca cai como particulados ácidos ou gases.

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br



“O rodízio provoca a compra de mais carros pelas famílias e, pior, aumenta a circulação de carros velhos, mais antigos e poluentes” TEMA DO MÊS

O rodízio pode ajudar no trânsito das grandes cidades?

Para acabar com o trânsito, torne-o infernal LEÃO SERVA

rodízio de veículos foi adotado originalmente em São Paulo como forma de reduzir a poluição. Em seguida, passou a ser adotado também como forma de reduzir o congestionamento na cidade. Sua eternização, no entanto, é um erro: os benefícios estão se reduzindo, e os problemas aumentam. A política deveria ter sido uma medida transitória, pois só tem efeito em curto ou médio prazo. Como se vê em todos os países que o adotaram, o rodízio provoca a compra de mais carros pelas famílias e, pior, aumenta a circulação de carros velhos, mais antigos e poluentes; induz as pessoas que não estão em seu dia de rodízio a saírem de carro para aproveitar a melhora do trânsito (pelo efeito chamado de "induced traffic", ou trânsito provocado); no caso da fórmula adotada em São Paulo (funciona em horários determinados durante a manhã e a tarde), altera os horários, mas não tira inteiramente os carros das ruas. Sem contar que

O

LEÃO SERVA Jornalista e escritor, colunista da “Folha de S.Paulo”, no qual escreve sobre temas ligados a cidade. Co-autor do guia anual "Como Viver em São Paulo Sem Carro".

controle e vigilância têm custos enormes. Embora possa parecer um contrassenso, a melhor forma de reduzir o congestionamento é aumentá-lo. Os economistas sabem que a receita mais eficiente para criar consenso contra a inflação é a hiperinflação. A lógica se aplica ao trânsito: ninguém deixa o conforto do carro se não se vir obrigado a isso; apesar do que muitos dizem, até sinceramente, ninguém adota o transporte público voluntariamente: algo precisa forçar essa decisão. E a razão mais forte é o desconforto com o congestionamento. O conceito de "trânsito induzido" é fruto da constatação feita por engenheiros de trânsito nos EUA e na Inglaterra ao observarem que toda obra de melhoria viária resultava, depois de um benefício em curtíssimo prazo, em um congestionamento ainda maior a partir de um ano, aproximadamente. É como se as pessoas que antes deixavam o automóvel em casa, sabendo que o trânsito melhorou com a abertura de uma nova avenida ou o alargamen-

to de uma via, passassem a ir de carro para sua atividade. Inversamente, o trânsito pode ser reprimido, por assim dizer, reduzindo as faixas de rolamento, fechando avenidas, tirando carros particulares de faixas reservadas para transporte público, criando um pedágio urbano de tal forma caro a ponto de o ir e vir não se tornar direito apenas de ricos e, em casos específicos, por determinado período de tempo, lançando mão do rodízio, por exemplo. Enfim, soluções que agravam o congestionamento para aqueles que, enfrentando essas medidas, insistirem em andar de carro. Nada disso será novidade: as grandes cidades do Primeiro Mundo, todas elas com boa infraestrutura de transportes públicos, têm congestionamentos, como o de São Paulo ou do Rio. O importante é que aquelas cidades não gastam fortunas construindo soluções viárias para os automóveis. Ao contrário, melhoram a vida dos pedestres, dos ciclistas e dos usuários de transporte público, por vezes atazanando os donos de carros.


“A Política Nacional de Mobilidade Urbana define princípios e diretrizes voltados para a qualificação e priorização do transporte público coletivo”

Rodízio de veículos em áreas urbanas: ajuda, mas não resolve OTÁVIO VIEIRA CUNHA FILHO

equivocada a ênfase dada à discussão sobre a validade e a efetividade do rodízio de veículos motorizados em áreas urbanas. Recorrentemente, surgem inúmeros debates em relação aos méritos relativos da adoção do rodízio como forma de redução dos “problemas” de mobilidade urbana no Brasil. Esses debates, via de regra, discutem os resultados alcançados e como melhorar a eficiência das medidas de controle, fiscalização e penalização (multas) dos esquemas de rodízio. Ademais, partem da premissa questionável de que o rodízio contribui para a diminuição de veículos, utilizando o sistema viário e, consequentemente, para a alteração dos padrões de viagens, que pode incluir a transferência para o modo transporte público. Dessa forma, os debates tendem a ignorar o conjunto de evidências, que demonstram a urgência do enfoque em medidas estruturantes, como a priorização do transporte público. Como único município brasileiro que adota o rodízio, São Paulo é o exemplo vivo dessa realidade. Instituído por meio

É

da lei municipal nº 12.490/1997 e regulamentado pelo decreto nº 37.085/1997, o rodízio afeta a circulação de veículos particulares, que não podem trafegar em uma região denominada Centro Expandido. De acordo com a numeração da placa do veículo, fica proibida a circulação em um dia específico da semana (segunda a sexta-feira). Teoricamente, haveria uma redução da ordem de 20% dos veículos trafegando no Centro Expandido da capital paulista. Existem muitos questionamentos quanto àvalidade dessa estimativa na prática. Entre eles, pode-se destacar a aquisição de mais de um veículo para evitar a proibição e o incentivo a mais viagens daqueles veículos não proibidos. Os relatos encontrados na literatura técnico-científica são controversos no sentido de apontar os benefícios alcançados em termos da redução dos congestionamentos e dos níveis de poluição. Felizmente, a sanção da Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei federal nº 12.587/2012) estabelece um horizonte de atuação muito mais amplo do

que aquele apresentado pelo rodízio de veículos. Além de definir princípios e diretrizes voltados para a qualificação e priorização do transporte público coletivo em relação transporte individual motorizado, a lei indica que os entes federativos poderão utilizar uma série de instrumentos de gestão do sistema de transporte e mobilidade urbana (Artigo nº 23). Alguns deles, como o pedágio urbano e as políticas de estacionamentos, já demonstraram resultados significativos como parte de iniciativas de planejamento urbano e de transportes em diversas cidades mundiais e podem ser explorados de acordo com o contexto nacional. Idealmente, essas iniciativas devem ocorrer como parte de políticas de desenvolvimento urbano que estejam detalhadas em planos diretores e de mobilidade urbana e que promovam a priorização do transporte público. Acima de tudo, espera-seque essas políticas estabeleçam a contínua disponibilização de recursos públicos para a qualificação e racionalização dos serviços de transportes públicos.

OTÁVIO VIEIRA CUNHA FILHO presidente executivo da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos)



CNT TRANSPORTE ATUAL

1º DE ABRIL 2014

81

“O ITL tem como objetivo a geração de conhecimentos técnicos e científicos que elevem a preparação dos gestores das empresas” CLÉSIO ANDRADE

OPINIÃO

Por mais inovação no transporte

O

que todo empresário deseja é que a economia prospere e que haja aumento de qualidade e de produtividade em toda a cadeia produtiva, promovendo um efeito positivo em cascata sobre a sociedade e aumentando os lucros, os salários, os empregos e, consequentemente, a renda nacional. Mas, infelizmente, não é isso que os dados econômicos demonstram. O ranking de competitividade global de 2013-2014, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, revela uma perda de aproximadamente 15% na nossa posição atual em relação ao ano passado, passamos da 48ª posição para a 56ª. Só temos a lamentar que, ao invés de prosperar, o país sequer mantém posições conquistadas anteriormente, ficamos aquém da Índia e da China. A situação está aí para nos fazer refletir sobre como podemos trabalhar para, pelo menos, recuperar o que foi perdido. Não proponho nenhuma hierarquia de ações públicas e privadas, todas as que serão mencionadas são importantes para que o conjunto possa, efetivamente, imprimir uma marca de crescimento estável e duradoura para a economia brasileira. Nessa situação, será importante conduzir um movimento pela recuperação da competitividade brasileira, juntando estímulos de aumento da poupança interna, com redução dos juros para investimento e dos gastos públicos, regras consistentes para gerir os negócios na economia, uma profunda e séria revisão da carga tributária sobre a produção de bens e serviços e, principalmente, melhoria na gestão pública. A equação ficará completa com programas eficientes de competitividade, qualidade e produtividade para as empresas, cujo foco deverá considerar qualificação profissional dos trabalhadores, preparação de gestores, inovação e tecnologia como base para a sustentação de uma economia com elevação crescente de produtividade.

Para melhorar a competitividade do setor de transporte e logística, criamos o ITL (Instituto de Transporte e Logística) que tem como objetivo a geração de conhecimentos técnicos e científicos que fortaleçam as lideranças empresariais, que elevem a preparação gerencial dos gestores e dos executivos das empresas, que estimulem a implantação de inovações que elevem a produtividade, qualidade e rentabilidade do setor. Está previsto atuar também com estratégias e propostas que promovam a integração dos sistemas de transporte, elaboração de estudos sobre logística focada em maximizar o potencial de cada elo da cadeia produtiva, proposições de soluções criativas para uma mobilidade urbana que contemple maior segurança e fluidez do tráfego e do trânsito e a melhoria da infraestrutura de transportes do país. O Núcleo de Inteligência e Estratégia do ITL reunirá acadêmicos, empresários e especialistas do setor em um fórum permanente de discussões para um Brasil mais próspero. O núcleo, em curto prazo, será um formulador de propostas, planos e programas que ajudem o país a superar a estagnação. Funcionará como um elo de conexão entre o público e o privado fornecendo, ao poder público o suporte de conhecimento setorial indispensável às decisões e políticas públicas. Outro importante foco do instituto é o Programa Avançado de Capacitação do Transporte que oferece cursos de especialização em gestão de negócios e bolsas de estudo para mestrado, doutorado e pós-doutorado em áreas de transporte e de logística. A atuação do ITL é baseada em três eixos: inteligência competitiva, gestão do conhecimento e a criação da Faculdade de Tecnologia do Transporte. Superar entraves ao crescimento econômico é o que desejo para o meu país, todo o meu trabalho tem por objetivo resgatar o país da inércia e dar a contribuição para o setor de transporte. O futuro tem pressa, e as novas gerações merecem um Brasil melhor.


82

CNT TRANSPORTE ATUAL

CNT CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE PRESIDENTE Clésio Andrade VICE-PRESIDENTES DA CNT TRANSPORTE DE CARGAS

1º DE ABRIL 2014

José Severiano Chaves Eudo Laranjeiras Costa Antônio Carlos Melgaço Knitell Eurico Galhardi Francisco Saldanha Bezerra Jerson Antonio Picoli João Rezende Filho Mário Martins

Escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL As cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes

DOS LEITORES

Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Meton Soares Júnior TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Jacob Barata Filho TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José Fioravanti PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Marco Antonio Gulin Otávio Vieira da Cunha Filho TRANSPORTE DE CARGAS

Flávio Benatti Pedro José de Oliveira Lopes TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José da Fonseca Lopes Edgar Ferreira de Sousa

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Luiz Anselmo Trombini Urubatan Helou Irani Bertolini Pedro José de Oliveira Lopes Paulo Sérgio Ribeiro da Silva Eduardo Ferreira Rebuzzi Oswaldo Dias de Castro Daniel Luís Carvalho Augusto Emílio Dalçóquio Geraldo Aguiar Brito Viana Augusto Dalçóquio Neto Euclides Haiss Paulo Vicente Caleffi Francisco Pelúcio

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO

TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

Glen Gordon Findlay Paulo Cabral Rebelo

Edgar Ferreira de Sousa José Alexandrino Ferreira Neto José Percides Rodrigues Luiz Maldonado Marthos Sandoval Geraldino dos Santos Éder Dal’ Lago André Luiz Costa Diumar Deléo Cunha Bueno Claudinei Natal Pelegrini Getúlio Vargas de Moura Bratz Nilton Noel da Rocha Neirman Moreira da Silva

TRANSPORTE FERROVIÁRIO

Rodrigo Vilaça Júlio Fontana Neto TRANSPORTE AÉREO

Urubatan Helou José Afonso Assumpção CONSELHO FISCAL (TITULARES) David Lopes de Oliveira Éder Dal’lago Luiz Maldonado Marthos José Hélio Fernandes CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) Waldemar Araújo André Luiz Zanin de Oliveira José Veronez Eduardo Ferreira Rebuzzi DIRETORIA TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Hernani Goulart Fortuna Paulo Duarte Alecrim André Luiz Zanin de Oliveira Moacyr Bonelli George Alberto Takahashi José Carlos Ribeiro Gomes Roberto Sffair Luiz Ivan Janaú Barbosa José Roque

Luiz Wagner Chieppe Alfredo José Bezerra Leite Lelis Marcos Teixeira José Augusto Pinheiro

Fernando Ferreira Becker

Victorino Aldo Saccol

Eclésio da Silva

Raimundo Holanda Cavacante Filho Jorge Afonso Quagliani Pereira Alcy Hagge Cavalcante

PRIMEIRA HABILITAÇÃO

GESTÃO AMBIENTAL

O projeto lançado pelo Sest Senat para oferecer a primeira habilitação aos jovens de baixa renda merece um grande destaque. Essa é uma iniciativa que vai permitir aos nossos jovens ter acesso a uma carreira profissional, além de trazer a solução para um dos grandes problemas enfrentados, hoje, pelas empresas do setor de transporte rodoviário: encontrar mão de obra qualificada. Temos caminhões parados nas garagens de todo o país pela falta de motoristas. Pelo número de inscrições recebidas já deu para saber que o projeto do Sest Senat é um sucesso.

É bom saber que empresas do setor de transporte estão preocupadas com o meio ambiente e já oferecem vagas de gestor ambiental em seus quadros de funcionários. Como profissional da área, fico bastante satisfeita em perceber que existem oportunidades no mercado de trabalho com salários atrativos. As atividades de transporte precisam ter um cuidado especial com cada uma das etapas do processo, e o gestor ambiental é o responsável por isso.

Genivaldo Maia Anápolis/GO

ÔNIBUS ANFÍBIO

CONDIÇÃO DO PAVIMENTO O problema no pavimento das nossas rodovias é visível. Basta uma viagem curta para perceber que falta manutenção adequada, como mostrou a reportagem da edição nº 222 da revista CNT Transporte Atual. A discussão sobre a falta de cuidados com as nossas rodovias é antiga. Não podemos mais aceitar essa situação. Viajar de carro pelo Brasil tem se tornado um verdadeiro sacrifício pela quantidade de buracos e problemas que as estradas apresentam. Isso, citando apenas as rodovias pavimentadas, porque a grande maioria nem asfalto tem. Paulo André Gouveia Contagem/MG

Ivanilde Gonçalves João Pessoa/PB

Achei muito interessante a reportagem sobre o ônibus que navega pela Baía de Guanabara no Rio de Janeiro. Conhecia o projeto e fiquei sabendo pela revista que ele já está circulando. Moro na capital fluminense, há 20 anos, e sou apaixonado por essa cidade, mas ainda não tive a oportunidade de fazer esse passeio. Acho que esse ônibus anfíbio permite conhecer o Rio de Janeiro de uma maneira diferente e divertida. Maurício Albuquerque Rio de Janeiro/RJ CARTAS PARA ESTA SEÇÃO

SAUS, quadra 1, bloco J Edifício CNT, entradas 10 e 20, 11º andar 70070-010 - Brasília (DF) E-mail: imprensa@cnt.org.br Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes




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