Observatório do Transporte

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EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT

CNT

ANO XX NÚMERO 228 SETEMBRO 2014

T R A N S P O R T E

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Observatório do Transporte ITL trabalha na proposta de implantação de um ambiente virtual com informações que contribuirão para o aumento da eficiência logística e da mobilidade do país JOHN KASARDA FALA SOBRE A IMPLANTAÇÃO DE AEROTRÓPOLIS NO MUNDO




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REPORTAGEM DE CAPA Instituto de Transporte e Logística apresenta proposta de criação do Observatório do Transporte, ambiente virtual com informações sobre o setor de transporte do país que deve contribuir para a melhoria da eficiência logística e da mobilidade Página 22

CNT TRANSPORTE ATUAL

ANO XX | NÚMERO 228 | SETEMBRO 2014

ENTREVISTA

John Kasarda apresenta o conceito de aerotrópolis PÁGINA

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BRASIL NOS TRILHOS • Evento discutiu os desafios e as oportunidades para o transporte ferroviário de cargas e de passageiros

CAPA SERGIO ALBERTO/CNT

PÁGINA

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BRASIL-CHINA

EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT CONSELHO EDITORIAL Bernardino Rios Pim Bruno Batista Etevaldo Dias Tereza Pantoja Virgílio Coelho Wesley Passaglia

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Encontro na CNT reúne empresários chineses PÁGINA

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Vanessa Amaral [vanessa@sestsenat.org.br] EDITOR-EXECUTIVO Americo Ventura [americoventura@sestsenat.org.br]

ATUALIZAÇÃO DE ENDEREÇO:

atualizacao@cnt.org.br Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do 1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053. Tiragem: 40 mil exemplares

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

SETOR AÉREO

Projetos para a implantação de dois aeroportos-cidades PÁGINA

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www.

cnt.org.br

Agência CNT Entrevista

A Agência CNT de Notícias publica, periodicamente, entrevistas com autoridades e especialistas sobre os mais diversos assuntos que envolvem o setor. Entre os temas recentes estão: transporte público, ferrovias, setor aquaviário, investimentos e mobilidade urbana. Atualize-se e conheça outros pontos de vista! Acesse: www.cnt.org.br/agencia.

AQUAVIÁRIO • Brasil ainda investe pouco em aproveitamento hídrico quando comparado com EUA e países europeus e asiáticos PÁGINA

DESPOLUIR

PASSAGEIROS

Programa consolida ações em sete anos de atuação

NTU debate demandas sociais para o setor

PÁGINA

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PÁGINA

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COMEMORAÇÃO

Seções Alexandre Garcia

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Duke

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Mais Transporte

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Rede ampliada

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Boletins

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Tema do mês

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Opinião

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Cartas

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Sest Senat festeja 20 anos com shows em todo o Brasil PÁGINA

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SEST SENAT

Circuito de Caminhada e Corrida de Rua continua no país PÁGINA

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“A China, nossa companheira de Brics, tem carga tributária equivalente a 20% do PIB. E isso explica seu crescimento gigantesco” ALEXANDRE GARCIA

Tudo pelo social

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economista Raul Veloso fez um estudo sobre a evolução dos gastos federais (custeio e investimento) de 1997 a 2013. E descobriu que esses gastos subiram, no período, de 14% do PIB para 19%. E que, entre os gastos federais do ano passado, 72,5% vão para as variadas bolsas, os abonos, as aposentadorias, o seguro-desemprego – os chamados gastos sociais. Antes de a Constituição de 1988 impor ao Estado uma pesada carga social dos gastos federais, 39% iam para algum tipo de assistência pública. Agora é quase o dobro disso. A consequência é que antes sobravam para investimento 16% dos recursos federais. Agora, a sobra caiu para uma terça parte disso: um resto de 5%. Eleições a cada dois anos estimulam a distribuição de bondades com o dinheiro alheio dos contribuintes. E a tendência é o crescimento das ações caritativas, não apenas federais, mas estaduais e municipais. Segundo a Cepal, em dados de 2010, temos jeito de Papai Noel da América Latina. O México e o Paraguai destinam 11% dos gastos sociais federais para o social; a Colômbia, 14%; o Chile, 16% a Costa Rica, 23%, para citar alguns países que têm números claros e confiáveis. Quer dizer, os vizinhos gastam, em números

relativos, de 15% a 30% da nossa assistência social. Os números ajudam a entender porque subiram, no mesmo período, os tributos em relação ao nosso PIB. Em 1997, já eram 27,81% do PIB; este ano, começou com 37,65% do PIB, segundo o IBPT. Tudo isso ajuda a entender porque se cresce pouco, porque se sofre a opressão tributária e não se tem serviços públicos eficientes nem infraestrutura de transportes. Por outro lado, a China, nossa companheira de Brics, tem carga tributária equivalente a 20% do PIB. E isso explica seu crescimento gigantesco. Como estamos em mais um ano eleitoral, são úteis os números acima. Números substantivos que explicam com simplicidade e clareza as nossas dificuldades. Os candidatos a presidente e a governador não têm como dourar esses números e se espera que expliquem como pretendem diminuir a carga tributária e aumentar os investimentos. Não precisa prometer milagre nem mágica. Basta usar o óbvio: a varinha de condão da inteligência, bom senso, trabalho e honestidade. Na verdade, precisaria também coragem para reduzir as bondades em curto prazo em troca de bem-estar em longo prazo. Porque com menos imposto e mais investimento virão resultados mais estáveis no social.


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“Os benefícios sociais de uma aerotrópolis planejada e desenvolvida e mais rápidos para o trabalho e para casa e volumes reduzidos de

ENTREVISTA

JOHN KASARDA - CRIADOR DO CONCEITO DE AEROTRÓPOLIS

Aeroporto-c POR

criação de uma cidade ao redor de um aeroporto vem ganhando fôlego por todo o mundo. A chamada aerotrópolis (aero, de aeroporto, e pólis, do grego, cidade) se baseia na tese da proximidade da infraestrutura urbana aos terminais aéreos de cargas e de passageiros. O conceito, desenvolvido por John Kasarda, diretor do Centro Comercial Aéreo na UCN (Universidade da Carolina do Norte) e professor de Estratégia do Instituto Kenan (instituição ligada à universidade onde são realizadas pesquisas nas áreas de empreendedorismo, desenvolvimento econômico e competitividade global), prevê o desenvolvimento de uma região de grande importância econômica, tendo como ponto central um aeroporto, em que a integração modal para o

A

LIVIA CEREZOLI

transporte de passageiros e de cargas é essencial. De acordo com Kasarda, uma aerotrópolis é uma sub-região metropolitana, cuja infraestrutura, uso da terra e economia são centrados em um aeroporto, oferecendo a conectividade rápida de seus negócios a seus fornecedores, clientes e parceiros de empresa, em nível nacional e mundial. “Uma definição simplificada é: uma cidade construída em torno de um aeroporto”, afirma ele. Kasarda tem mais de cem artigos e dez livros sobre infraestrutura da aviação, logística e desenvolvimento urbano publicados. Seu livro mais recente, “Aerotrópolis: o novo modo como vamos viver” (coautoria com Greg Lindsay), foi destaque na revista “Time”, em 2011, como uma das “dez ideias que vão mudar o mundo”. Em 2013, Kasarda tam-

bém foi classificado como “um dos cem maiores inovadores de cidades de todo o mundo” pela revista “Future Cities”. No Brasil, ele desenvolve um projeto em parceria com o governo de Minas Gerais para a implantação da aerotrópolis no Aeroporto Internacional Tancredo Neves–Confins, em Belo Horizonte, além de já ter contato com outros órgãos também interessados no projeto. Nesta entrevista, concedida à CNT Transporte Atual, ele detalha o conceito de aerotrópolis. Acompanhe os principais trechos. Quais as características principais de uma aerotrópolis? A aerotrópolis é composta do aeroporto e dos negócios dependentes da aviação periférica e empreendimentos residenciais associados. Quando

falo em aviação dependente, refiro-me a empresas que são capazes de operar, principalmente, por causa da conectividade nacional e global proporcionada pelo transporte de passageiros e de carga. A aerotrópolis também contém um conjunto completo de instalações comerciais que apoia os negócios dependentes da aviação de carga e dos milhares de viajantes aéreos que passam pelo aeroporto anualmente. Estão incluídos entre eles, a expedição, a logística de terceiros, as instalações de armazenamento e distribuição, hotéis, salas de exposições, salas de reuniões e complexos, edifícios de escritórios para executivos de viagens aéreas intensivas e profissionais, com lojas, restaurantes, lazer, entretenimento e locais de turismo.


ARQUIVO PESSOAL

incluem trajetos mais curtos tráfego e das emissões”

idade No mundo, esse conceito já está sendo empregado? Que exemplos o senhor citaria? Há mais de 40 aerotrópolis em desenvolvimento em todo o mundo. Bons exemplos incluem aquelas dentro e ao redor dos aeroportos de Amsterdã, Pequim, Dalas, Dubai, Hong Kong, Memphis e Seul. Qualquer aeroporto pode se tornar uma aerotrópolis? Existe uma área com tamanho específico para se criar essa estrutura? Nem todo aeroporto pode gerar uma aerotrópolis. Para a implantação, deve haver rotas aéreas suficientes (com pelo menos algum serviço internacional), economia local ou mercado de tamanho suficiente para criar uma demanda significativa para passageiros e cargas, uma força de trabalho com habilidades necessá-

rias para atender às indústrias dependentes da aviação e um local de apoio e governo do Estado. Também deve haver uma boa conectividade de superfície para o aeroporto, de interseções metropolitanas-chaves. O Brasil tem vocação para a implantação de aerotrópolis? Onde? Os melhores locais são as principais regiões metropolitanas do Brasil, onde já existem aeroportos internacionais com espaço para novos desenvolvimentos em torno deles. Em alguns casos, onde o espaço nas proximidades é limitado, pode haver uma reconversão industrial perto do aeroporto para permitir novos negócios voltados à aviação. Na implantação de uma aerotrópolis, como devem ser

divididas as responsabilidades do poder público e da iniciativa privada? Uma aerotrópolis não pode se desenvolver sem investimento público substancial e também do setor privado. Ela exige um novo reforço coordenado desses investimentos, por meio da comunicação eficaz, cooperação e colaboração entre os intervenientes dos dois setores. O governo é normalmente responsável pelo amplo planejamento da aerotrópolis, bem como de sua infraestrutura básica e serviços públicos de superfície. Enquanto o setor privado é o principal respon-

sável por investimentos de capital nos negócios. Em alguns casos, as PPPs (Parcerias PúblicoPrivadas) podem ser criadas tanto para infraestrutura, quanto para o desenvolvimento das facilidades dos negócios. Quais os benefícios econômicos e sociais das aerotrópolis? Os benefícios econômicos que ela fornece são: conectividade local, nacional e global mais eficiente, que reduz os custos de empresas, aumenta a produtividade e expande o alcance de mercado. Isso também contribui para aumentar o investimento, o


comércio, os empregos e a prosperidade global da região metropolitana. Os benefícios sociais de uma aerotrópolis, devidamente planejada e desenvolvida, incluem trajetos mais curtos e mais rápidos para o trabalho e para casa, volumes reduzidos de tráfego e das emissões, que contribuem para a sustentabilidade ambiental, e a sustentabilidade social, por meio da localização e do design adequados da comunidade residencial. Quais as vantagens que a aerotrópolis traz para o transporte de passageiros e de cargas? As principais vantagens são o trânsito mais rápido e eficiente, que contribui para uma melhor mobilidade local, regional, nacional e global. A implantação das aerotrópolis está muito ligada ao transporte aéreo de cargas, mas, no Brasil, essa atividade ainda é muito pequena na divisão da matriz de transporte. Isso pode ser um problema? Como solucioná-lo? Na verdade, o Brasil tem um mercado substancial de carga aérea, o maior da América do Sul e um dos maiores do mundo. Enquanto outras formas de transporte de cargas no Brasil podem ser consideravelmente maiores em peso, a carga aérea contribui com uma porcentagem muito elevada do valor do comércio do Brasil (importações

mais exportações). Muitas das principais indústrias do país, tais como equipamento aeroespacial, microeletrônica, farmacêutica, autopeças e perecíveis de alto valor (peixe fresco, flores frescas, frutas frescas etc) não poderiam existir sem o serviço de carga aérea da nação. Sempre se falou na necessidade de um distanciamento entre o aeroporto e a cidade por questões de segurança. O que mudou agora para que se defenda a construção de uma cidade ao redor de um aeroporto? O planejamento da aerotrópolis é voltado para a segurança. Ele coloca as comunidades residenciais e os edifícios altos fora das rotas de voo das aeronaves e fora das zonas de outros desenvolvimentos para minimizar os riscos de acidentes. Como está o desenvolvimento do projeto da aerotrópolis de Confins, em Minas Gerais? O desenvolvimento dentro e em torno do Aeroporto Internacional Tancredo Neves-Confins e da aerotrópolis da Grande Belo Horizonte está progredindo. Em menos de dez anos, desde que o modelo foi abraçado pela liderança do governo, a infraestrutura de transporte de superfície para o aeroporto foi melhorada, e grandes obras ainda estão em andamento. A zona do aeroporto industrial foi desenvolvida e está operando. A área de manutenção de aeronaves da Gol foi construí-

“O governo é responsável pelo amplo planejamento, bem como a infraestrutura básica e serviços públicos de superfície”

da, contribuindo com a geração de mais de 1.000 postos de trabalho, e grandes grupos comerciais evoluíram na região do aeroporto. Funcionários do governo local e de Minas Gerais estão colaborando com o setor privado e as principais universidades da região para facilitar novos investimentos na aerotrópolis. Fashion City Brasil, o maior showroom do mercado de moda de vestuário da América do Sul, a apenas cinco minutos do terminal do aeroporto, vai abrir nos próximos meses. Tão importante quanto, a Cidade Administrativa do Estado de Minas Gerais, empregando cerca de 16 mil pessoas, foi inaugurada há três anos, no corredor principal da aerotrópolis (Linha Verde),


AMSTERDAN SCHIPHOL AIRPORT/DIVULGAÇÃO

“Uma aerotrópolis não pode se desenvolver sem investimento público substancial e também do setor privado” EXEMPLO A aerotrópolis de Amsterdã é uma das 40 já existentes no mundo

que liga o terminal à cidade de fraestrutura aeroportuária e insBelo Horizonte. Tudo isso está le- talações estão em obras. vando mais desenvolvimento ao longo do corredor da aerotrópoEm quanto tempo a aerotrólis Belo Horizonte. polis de Belo Horizonte estará madura, em condições de comO aeroporto de Confins tem petir mundialmente? Desenvolver uma aerotrópoa infraestrutura necessária para a implantação de uma lis é mais como correr uma maratona do que uma disparada de aerotrópolis? O terminal está se expandindo cem metros. Dada a grande escarapidamente e melhorando a sua la e o escopo econômico da infraestrutura para se tornar uma aerotrópolis de Belo Horizonte, poderosa aerotrópolis. Isso inclui levará pelo menos duas décadas um segundo terminal de passa- para ela alcançar seu potencial geiros, uma segunda pista de competitivo total. No entanto, pouso e decolagem, áreas atuali- mesmo os gigantes nascem pezadas de carga, e melhores estra- quenos e, conforme acima mendas internas. Sob a nova conces- cionado, grandes progressos já são do operador aeroportuário, foram feitos com efeitos compeoutras grandes melhorias de in- titivos positivos. Eu teria a ex-

pectativa que isso fosse acumulativo com efeitos concorrenciais globais significativos sendo vistos nos próximos cinco anos. Com a implantação da aerotrópolis em Confins, qual deve ser o futuro do aeroporto da Pampulha? O aeroporto da Pampulha nunca poderá sustentar o desenvolvimento de uma aerotrópolis, nem tornar a região competitiva a nível mundial. Embora conveniente, é muito pequeno para essa função e um tanto perigoso, dada a densidade de desenvolvimento de seus arredores. Sua aparência é apertada, um pouco sem graça, e não oferece uma boa primeira impressão de Belo Horizonte para

os seus visitantes aéreos que passam pelo aeroporto. Também atrai o tráfego do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, necessário para esse aeroporto continuar a desenvolver novas rotas. Em minha opinião, a Região Metropolitana de Belo Horizonte seria mais bem servida, eliminando o tráfego aéreo comercial da Pampulha e convertendo-o em um aeroporto de aviação geral que sirva táxis aéreos, jatos executivos e demais aeronaves particulares para executivos. O terreno onde o aeroporto fica é tão bem posicionado e valioso que a Infraero poderia ter a sua própria mina de ouro se fosse para fechar o aeroporto e vender a terra para uso de desenvolvimento de qualidade mista comercial e residencial ou firmar uma PPP com o setor privado para desenvolver essa terra como outros aeroportos importantes têm feito na Europa. Além da consultoria que o senhor está prestando para o governo de Minas Gerais no desenvolvimento da aerotrópolis de Belo Horizonte, outros Estados brasileiros já procuraram pelo seu trabalho? Sim, tenho falado com outros operadores aeroportuários e governos no Brasil, mas a única relação concreta que eu tenho no momento é com a Secretaria do Estado de Minas Gerais de Desenvolvimento Econômico. l Leia mais sobre aerotrópolis na página 44.


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MAIS TRANSPORTE TÁXIS

Evento discute mercado de aplicativos de chamadas

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go (Fórum Especial Nacional do Transporte de Carga) e o Fórum de Prevenção ao Roubo de Cargas. Os expositores lançam ainda a Rede Transporte, um canal de compras de produtos e serviços voltado especificamente para o setor, que contará com uma representação em cada Estado. A expectativa é que 10 mil visitantes participem do evento. Interessados podem se cadastrar pelo site www.expotaxibrasil.com.br. Durante a feira, os taxistas

não pagam para estacionar no local. Aplicativos O número de passageiros que utilizam aplicativos de táxi é crescente. Só o Easy Taxi possui 5 milhões de usuários e 100 mil taxistas cadastrados em 23 países. No Brasil, está presente em 32 cidades. A 99Táxis entrou em funcionamento em 2012 e já atinge 60 cidades, com número de corridas que passou de 300 para 26 mil por dia, em um período de menos de um ano. O Rio de Janeiro foi escolhi-

do para sediar o evento por apresentar potencial promissor para esse tipo de tecnologia, já que metade da frota de táxis – que ultrapassa 70 mil veículos – possui cadastro em aplicativos de chamadas de corridas. “Os aplicativos são uma realidade no mercado de táxis. A principal vantagem é que eles suprem a demanda de tempo dos usuários, que precisam chegar rapidamente aos destinos”, ressalta o diretor executivo da Expotáxi, Cláudio Montenegro. (Evie Gonçalves) RICHARD HOLLANDA/EXPOTÁXI/DIVULGAÇÃO

om dois anos de existência, os aplicativos de chamadas de táxi já fazem parte da realidade dos passageiros que utilizam o transporte com frequência. Poucos toques na tela do celular são necessários para atender rapidamente à demanda de quem solicitou o veículo. Com o advento da tecnologia, o setor vai debater, entre os dias 26 e 28 de setembro, no Riocentro (RJ), como manter o mercado em alta. O 1º Seminário de Aplicativos de Chamadas de Táxi integra a Expotáxi Brasil – Feira Nacional do Táxi, Fretamento de Passageiros, Veículos Executivos, Frotistas e Similares. Motoristas, dirigentes de associações, cooperativas, proprietários de veículos executivos e de empresas de táxi e frotas terão a oportunidade de conhecer as novidades tecnológicas do setor automotivo, assistir palestras e apresentação de expositores gratuitamente. Nesta edição, a feira também tem foco educacional. Entidades do Sistema S, como Sest Senat, vão oferecer cursos de qualificação profissional para a categoria. Diversos fóruns estão previstos, como o Fenacar-

EXPOTÁXI Feira deve atrair 10 mil visitantes para debater o setor


GOL/DIVULGAÇÃO

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VAGÕES

Mais conforto nos trilhos COMBUSTÍVEL Abastecimento com produto da cana-de-açúcar

Voo com biocombustível A Gol, em parceria com a Amyris, empresa do segmento de combustíveis e químicos renováveis, tornou-se a primeira companhia aérea brasileira a realizar um voo internacional com biocombustível. O voo, realizado em um Boeing 737-800 NG, utilizou o primeiro bioquerosene produzido no Brasil e certificado após revisão da norma D7566, desenvolvida pelo Comitê da ASTM International (entidade norte-americana que desenvolve e publica normas técnicas para uma ampla gama de

materiais, produtos, sistemas e serviços, como produtos petrolíferos, combustíveis líquidos e lubrificantes). O abastecimento utilizou uma mistura com 10% do combustível renovável a partir da cana-de-açúcar, produzido em Brotas (SP), e 90% de combustível fóssil. O voo foi realizado entre Orlando (EUA) e Santo Domingo (República Dominicana), com destino ao Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). A expectativa da Gol é de realizar outros voos com o biocombustível ainda este ano.

Vale iniciou a operação do novo trem de passageiros da Estrada de Ferro Vitória-Minas. Única empresa do país a oferecer, diariamente, o transporte ferroviário de passageiros em longa distância, a mineradora investiu US$ 80,2 milhões na compra dos novos carros. Os 56 vagões foram fabricados na Romênia, sendo dez para a categoria executiva, com capacidade para 57 passageiros cada, e 30 para a categoria econômica, cuja capacidade é de 75 lugares cada carro. Completam o investimento carros restaurante, lanchonete, gerador e cadeirante

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(destinado a pessoas com dificuldade de locomoção). Todos são climatizados e contam com tomadas elétricas individuais nas poltronas para possibilitar o carregamento de equipamentos eletrônicos, como notebooks e telefones celulares. Os banheiros receberam novo layout e novas intervenções, como a substituição do papel toalha por ar quente para a secagem das mãos e sistema de descarga a vácuo, semelhante ao utilizado na indústria da aviação. Os novos carros também são equipados com monitores de vídeo como opção de entretenimento aos passageiros. AGÊNCIA VALE DIVULGAÇÃO

Novidades em rota O crescimento da demanda estimulou a Asia Shipping a investir no embarque consolidado próprio da Ásia, a partir do hub de Hong Kong, para o Norte do Brasil, no porto de Manaus. O terminal amazonense é o sexto a ser atendido no país pela Asia Shipping com embarque consolidado, tanto de contêineres como de cargas fracionadas. A ideia inicial da companhia foi oferecer saídas quinzenais com uma parceria,

mas, como a demanda seguia crescente, a Asia Shipping decidiu desenvolver um serviço consolidado próprio. No mercado mundial, a rota entre Hong Kong e Manaus é oferecida somente via Europa ou Estados Unidos. Segundo a empresa, com o novo serviço direto e regular, foi possível eliminar o transbordo ao cliente, além de melhorar o transit time (tempo gasto) e a qualidade logística da operação.

NOVIDADE Os carros têm monitores de vídeo

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MAIS TRANSPORTE MOPAR/DIVULGAÇÃO

Triciclo elétrico chega ao Brasil As concessionárias Chrysler do Brasil estão comercializando o triciclo de lazer Mopar Trikke Elétrico 48v. O veículo possui dois modos de condução: econômico (autonomia de 45 km e velocidade máxima de 19 km/h) e rápido (26 km e 28 km/h). O Mopar Trikke pode ser recarregado em qualquer tomada doméstica. A reposição total de energia leva cinco horas em rede 220 volts.

Prêmio Abear de Jornalismo A segunda edição do Prêmio Abear de Jornalismo, realizado pela Associação Brasileira das Empresas Aéreas, está com as

inscrições abertas. Criado para estimular, reconhecer e valorizar a produção jornalística com foco na aviação civil comercial nacional, o prêmio

conta com sete categorias. Podem concorrer trabalhos publicados em TV, rádio, revista, jornal ou internet. Serão aceitas matérias

publicadas entre 1º de outubro de 2013 e 30 de setembro de 2014. As inscrições seguem até o dia 5 de outubro. Mais informações no site da entidade.


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REPRODUÇÃO/FACEBOOK

Recorde de cargas na Ferroeste O volume de cargas transportado pela Ferroeste no primeiro semestre de 2014 foi superior em 19% ao movimento registrado no mesmo período do ano passado, conforme divulgou a concessionária. A aquisição de duas locomotivas MX620, de 2.000 HPs, que começaram a operar em março e abril deste ano, é apontada pela empresa como um dos fatores que impactaram de forma positiva a

produção da ferrovia. Nos seis primeiros meses de 2014, a Ferroeste transportou 415.892 TUs (toneladas úteis). Mesmo com a paralisação de dez dias, em junho, por causa dos estragos causados pelas chuvas na via permanente, o volume supera as 347.267 TUs movimentadas no primeiro semestre de 2013. Já em relação a 2012, o crescimento foi de 11% sobre o mesmo período.

COMUNIDADE Página é sucesso entre aeromoças FERROESTE/DIVULGAÇÃO

Aerolindas Criada há quase um ano no Facebook, a comunidade Aerolindas é sucesso entre as comissárias de voo de todo país. A página já possui mais de 15 mil curtidas (até fim de agosto) e exibe fotos de aeromoças no momento do trabalho. "Não importa o que tenha que enfrentar, o céu é meu sonho e lá que quero estar”, diz um dos comentários. A

ideia partiu de uma estudante mineira que sempre foi apaixonada pela carreira e resolveu criar um canal de aproximação entre as profissionais. Ela também criou o perfil @aerolindasoficial no Instagram, que já é seguido por 11 mil usuários. A atualização é feita diariamente e mostra momentos descontraídos durante o expediente.

ALTA Movimentação cresceu 19%

MITSUBISHI/DIVULGAÇÃO

Atendimento via WhatsApp

TECNOLOGIA Aplicativo auxilia consumidor

A Mitsubishi Motors investiu em mais um canal de atendimento para consulta de informações do modelo Lancer – o App (aplicativo) WhatsApp. Por meio do App, o consumidor pode obter toda a ficha do sedã, como cores, versões, fotos e vídeos, além de sanar dúvidas. Caso o cliente

queira adquirir o veículo, o App encaminha o consumidor para uma loja da marca para que o negócio seja fechado. A iniciativa é experimental e está disponível apenas nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Para utilizar o serviço, basta adicionar no WhatsApp o número (11) 94652-2111.


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TVH-DINAMICA/DIVULGAÇÃO

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MAIS TRANSPORTE DESEMPENHO

RUÍDO Aparelho elimina sons estridentes

Porto número 1 porto de Itapoá, especializado na movimentação de contêineres, localizado na baía da Babitonga (SC), conquistou a maior nota dos usuários portuários: 8,9, conforme a Pesquisa do Desempenho Portuário Brasileiro, realizada pelo Instituto Ilos. A pesquisa de opinião mostra a avaliação feita por 169 companhias, de 18 setores da economia brasileira. Este ano, a avaliação apresentou queda em relação às outras séries do estudo. Os profissionais de logística das empresas deram nota de 0 a 10 para os três principais portos que usam. As piores

O

Mais segurança na operação

avaliações vieram dos setores de mineração, químico, petroquímico, higiene e limpeza, cosmético e farmácia. Quando o trabalho foi iniciado, em 2007, a nota média dada pelos usuários dos portos era de 6,3; subiu para 6,9, em 2009; 7,3, em 2012; e, agora, caiu para 6,8. Conforme a pesquisa do Ilos, o segundo porto no ranking dos melhores avaliados é Pecém, no Ceará (7,90), seguido por Navegantes, em Santa Catarina (7,44), Rio Grande, no Rio Grande do Sul (7,30), e Vitória, no Espírito Santo (7,29). O porto de Santos ficou ranqueado na 11ª posição, com a avaliação de 6,36.

Uma nova opção para eliminar os sons estridentes dos avisos sonoros emitidos para a operação de empilhadeiras chega ao mercado brasileiro. Produzida pela TotalSource, o Red Safety Light (luz de segurança vermelha), que usa a tecnologia LED, sinaliza o percurso das empilhadeiras. Segundo a TVH-Dinamica, responsável pela comercialização, o componente de segurança visual garante áreas de

transição mais claras, uma vez que projeta no chão a luz vermelha, poucos metros à frente na direção que se dirige, funcionando como um alerta aos funcionários que se aproximam da empilhadeira. Composta por duas fontes luminosas de 12-48 V, geralmente instaladas no topo da estrutura da parte de proteção da empilhadeira, a lâmpada de segurança possui foco direcionado e elevada luminosidade. LOGISTIQUE/DIVULGAÇÃO

PORTO ITAPOÁ/DIVULGAÇÃO

FEIRA Foco no transporte e na logística

Logistique 2014

AVALIAÇÃO Porto recebeu nota 8,9

A Logistique (Feira Internacional de Logística, Transporte e Comércio Exterior) será realizada de 21 a 24 de outubro, no parque de exposições da Efapi, em Chapecó (SC). Com o tema Inteligência que Move o Mundo, o evento pretende reunir as mais recentes soluções para as principais áreas que impulsionam

e movimentam a economia global em três grandes focos: transporte, logística e comércio exterior. Esta edição vai contar com 165 expositores e pretende gerar R$ 140 milhões em negócios. A expectativa dos organizadores é de que a feira receba 15 mil visitantes nos quatro dias de evento.


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RENAULT/DIVULGAÇÃO

Líder dos furgões

CRESCIMENTO Vendas tiveram alta de 11%

A Renault comemora a marca alcançada pelo furgão Master nos primeiros sete meses do ano. Segundo a montadora, o comercial leve é o atual líder do segmento, com 6.472 emplacamentos no acumulado de janeiro a julho, um aumento de 11% em comparação ao mesmo

período do ano passado. A empresa celebra ainda o crescimento de 2,1% no volume de emplacamentos para o período, se comparado ao mesmo intervalo de 2013, em um mercado que registrou queda de 8,4%. A companhia totalizou 1,9 milhão de veículos emplacados de janeiro a julho deste ano. AIRBUS/DIVULGAÇÃO

Brasil na rota do A350 XWB O Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) participou do tour internacional do Airbus A350 XWB, considerada uma das aeronaves mais modernas e eficientes do mundo. A turnê mundial do modelo começou em 24 de

julho e envolveu uma série de testes em quatro viagens. Ao todo, o avião visitou 14 aeroportos em todo o mundo. O avião que pousou em São Paulo é um dos cinco protótipos do A350 XWB usados pela Airbus para realizar testes

de voo abrangentes e ensaios de desenvolvimento do modelo. A família A350 XWB é formada por três versões para passageiros, com capacidade real de longo alcance para voar até 15.580 km. De acordo com a

fabricante, em uma configuração típica de duas classes, o A350-800 vai oferecer 276 assentos, enquanto o A350-900 e o A350-1000 vão oferecer 315 e 369 assentos, respectivamente.


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MAIS TRANSPORTE CHRYSLER/DIVULGAÇÃO

Sedã mais potente do mundo A Dodge apresentou o novo Dodge Charger SRT Hellcat. O modelo, que será lançado apenas em 2015 no mercado norte-americano, será equipado com o motor HEMI Hellcat V8 Supercharged de 6,2 litros, que produz 717 cavalos de potência e 89,8 de torque. Segundo a

fabricante, essas características fazem do carro o sedã de produção mais potente do mundo. De acordo com a Dodge, o modelo pode atingir 328 km/h e acelerar de 0 a 100 km/h em 3,7 segundos. Há cinco modos de condução para adaptar o comportamento do carro às

preferências do motorista. O Dodge Charger SRT Hellcat vai ter duas chaves de série: vermelha, que permite liberar todo o poderio do motor, e preta, que vai “segurar” parte da potência. Com essa chave, o motor fica limitado a 4.000 rpm, entre outras restrições.

SINGAPORE AIRLINES/DIVULGAÇÃO

Nécessaire de luxo a bordo

EXCLUSIVIDADE Kits têm produtos italianos

A Singapore Airlines, reconhecida por ser uma das companhias mais luxuosas do mundo, apresentou um kit exclusivo com produtos da marca italiana Salvatore Ferragamo. A nécessaire é distribuída aos passageiros da primeira classe e está

disponível nos voos da rota São Paulo–Barcelona–Cingapura. Focado em produtos práticos para os viajantes, o kit traz itens, como perfume, creme de mão e protetor intensivo labial em duas fragrâncias: Signorina (feminino) ou Acqua Essenziale (masculino).


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REGIONAL

SAC (Secretaria de Aviação Civil) publicou, em agosto, o Plano Geral de Outorgas para exploração dos aeroportos públicos. O documento integra o Programa de Aviação Regional, que prevê investimentos na adequação física de 270 terminais no interior do país, a gestão por entes capacitados e incentivos para que as empresas aéreas incluam as rotas municipais nos seus trajetos. Com o plano, a concessão dos aeroportos a Estados e municípios passa a seguir regras bem definidas. Caso demonstrem interesse e capacidade técnica, os entes poderão construir, implantar, ampliar, reformar, administrar, operar, manter e explorar economicamente os terminais regionais. Além disso, terão a possibilidade de conceder a gestão dos aeroportos à iniciativa privada, se comprovarem, entre outras questões, que poderão fiscalizar a execução dos contratos. Outro critério previsto no plano é a necessidade de comprovação do PIB (Produto Interno Bruto) local acima de R$ 1 bilhão. Existe a possibilidade de que municípios

INFRAERO/DIVULGAÇÃO

SAC publica Plano Geral de Outorgas

A

AEROPORTOS Plano prevê investimentos em 270 terminais no interior do país

vizinhos se consorciem para chegarem ao valor previsto e administrem os aeroportos. A SAC definiu ainda que Estados têm preferência em relação aos municípios, se ambos manifestarem interesse. Mas isso não os isenta de demonstrar a capacidade técnica, administrativa, orçamentária e de planejamento para explorar o aeroporto.

Terminais de maior movimentação de passageiros em cada Estado, passíveis de exploração por meio de autorização e considerados estratégicos pela SAC, continuam sob alçada da União. As novas regras são uma forma de a União retomar a administração de aeroportos geridos, atualmente, por prefeituras no interior do país

que não se enquadram nos critérios definidos pela secretaria e que não possuem condições financeiras de manter os terminais. “O plano define quem é o pai mais adequado para fazer a gestão de cada aeroporto”, explica o secretário de Política Regulatória de Aviação Civil da SAC, Rogério Coimbra. (Evie Gonçalves)


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MAIS TRANSPORTE MOBILIDADE

Linha 15-prata do primeiro monotrilho de São Paulo e do Brasil foi aberta no último dia 30 de agosto. O trecho de 2,9 km, entre as estações Vila Prudente e Oratório, vai funcionar, das 10h às 15h, com operação assistida. Segundo o Metrô SP, essa primeira fase serve para os ajustes finais antes da liberação comercial. A linha vai funcionar no mínimo dois meses aos sábados e domingos sem cobrança de tarifas. Com oito meses de atraso, a Linha 15-prata é a primeira de transporte de massa a ser inaugurada com essa tecnologia no país. Até meados de 2018, o governo espera ter três linhas de monotrilho em operação. A tecnologia empregada na fabricação do monotrilho se assemelha à utilizada na aeronáutica. Os carros têm peso aproximadamente 30% menor que de um trem convencional e com desempenho equivalente. Para obter esse resultado, foram utilizados materiais mais leves e resistentes, como o alumínio, estrados de aço carbono e aplicação de “rebites” estruturais no fechamento da caixa em vez de soldas. No monotrilho, foram incorporadas inovações tecnológicas já presentes nos novos trens do metrô, entre as quais se destacam a operação totalmente au-

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO/DIVULGAÇÃO

São Paulo inaugura trecho do primeiro monotrilho do país

A

AMPLIAÇÃO Até meados de 2018, o governo espera ter três linhas de monotrilho em operação

tomática, passagem livre entre carros, ar-condicionado, câmeras de vigilância e baixo nível de ruído. Também estão contemplados itens de acessibilidade, como espaços apropriados para cadeiras de rodas, sinalização audiovisual de abertura e fechamento de portas, saída de emergência sinalizada, comunicação em braile e dispositivos de emergência de comunicação. De acordo com informações do governo do Estado de São Paulo, a capital será a primeira cidade do mundo a receber um monotrilho de alta capacidade. A frota contará com 54 trens

que poderão atingir velocidade máxima de 80 km/h. Quando concluída totalmente, a nova linha terá extensão de 25,8 km e 18 estações, entre Ipiranga e Cidade Tiradentes, e atenderá a uma demanda de até 48 mil usuários por hora e por sentido, o que equivale a meio milhão de pessoas diariamente. O monotrilho reduzirá para apenas 50 minutos o trajeto entre os bairros de Vila Prudente e Cidade Tiradentes, que hoje leva mais de duas horas. O monotrilho é uma opção ecologicamente limpa, por produzir menor impacto vi-

sual, ambiental e sonoro. Por ser um transporte elétrico, o sistema não emite gases poluentes para a atmosfera e é silencioso. Com recursos de controle totalmente automatizados, o veículo do monotrilho também é mais seguro e confiável. Sob a via elevada, está previsto um programa de tratamento paisagístico no entorno da linha, com área verde e ciclovia, para tornar o ambiente harmonioso, agradável e integrado à vida da população. (Ana Rita Gondim, com informações do governo do Estado de São Paulo)



REPORTAGEM DE CAPA

Para pensar


SERGIO ALBERTO/CNT

Instituto de Transporte e Logística trabalha na implantação de observatório voltado para analisar o setor

o transporte


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POR

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LIVIA CEREZOLI

gregar e disponibilizar informação e conhecimento pertinentes ao setor de transporte e de logística. Esse é o principal objetivo do Observatório do Transporte, uma iniciativa que está sendo elaborada pelo ITL (Instituto de Transporte e Logística), entidade ligada à CNT (Confederação Nacional do Transporte). O projeto de implantação do observatório foi apresentado durante reunião do Núcleo de Inteligência e Estratégia do Transporte, órgão de assessoramento do instituto, da Confederação e do Sest Senat composto por acadêmicos e pesquisadores em transporte, empresários e especialistas do setor. A proposta do observatório é possibilitar o debate sobre a atividade transportadora entre órgãos públicos e privados, academia e setor produtivo. Ele funcionará em um ambiente virtual, de acesso livre, na página do ITL (www.itl.org.br), e contará com informações capazes de

A

DISCUSSÃO Reunião de especialistas, acadêmicos e empresários estimula a geração de conhecimento

“O observatório vai ter o papel de apoiar as decisões de planejamento de transporte” ADALBERTO FEBELIANO, CONSULTOR TÉCNICO DA ABEAR

embasar, por exemplo, as análises sobre o atual sistema de transporte brasileiro. Além disso, essas informações auxiliarão no planejamento futuro e contribuirão para a elaboração de um plano de desenvolvimento do país, principalmente, para o transporte. Entre os objetivos do observatório estão coletar, organizar e disponibilizar números e características sobre as atividades do setor público, privado e acadêmico referentes aos diferentes

modos de transporte de cargas e de passageiros (rodoviário, ferroviário, aéreo e aquaviário). Para os membros do Núcleo de Inteligência e Estratégia do Transporte que trabalham diretamente no setor, a iniciativa de criação do observatório pode contribuir para um planejamento mais eficiente tanto na área de infraestrutura quanto na gestão dos sistemas. “O observatório, ao ser esse concentrador de dados, certamente vai ter um papel muito im-


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FERNANDO SOARES/FRAME PRODUÇÕES

ATUAÇÃO

Instituto trabalha na geração de conhecimento

na área de transporte e logística

portante a cumprir no futuro, apoiando todas as decisões de planejamento de transporte do setor público e do setor privado”, diz Adalberto Febeliano, consultor técnico da Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas). De acordo com ele, hoje, todas essas informações estão dispersas em diversos órgãos e instituições, dificultando o acesso. Por isso é tão importante organizar todas elas em um único ambiente para favorecer a to-

O ITL (Instituto de Transporte e Logística) foi criado pela CNT, em 2013, para gerar mais competitividade ao setor de transporte e promover a formação avançada de profissionais em nível acadêmico e profissional. O instituto tem como objetivos a geração do conhecimento, o aprimoramento do capital humano e a inovação da atividade transportadora, além de se transformar em um centro de referência em educação, pesquisa e inteligência para o setor. O trabalho do instituto vai

mada de decisões mais inteligentes e eficazes. “Não existe planejamento sem informação, e não se pode fazer planejamento, com achismos, especialmente quando se trata de recursos públicos”, destaca o consultor. Para André Dantas, diretor-técnico da NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos), a criação do observatório é uma iniciativa revolucionária porque possibilita ao setor conhecer a sua própria realidade. “A reunião de todas es-

além da formação técnica profissional já realizada pelo Sest Senat em todo o Brasil. As ações do ITL estão voltadas para a área empresarial, para o planejamento e para as discussões sobre o futuro do transporte, favorecendo a identificação de tendências e estimulando a inovação e o uso de novas tecnologias como solução para os problemas que a atividade enfrenta. Além da oferta de bolsas de estudo voltadas para a pesquisa, o instituto também está promovendo a especiali-

sas informações e a troca de experiências que será promovida por esse novo ambiente que está sendo projetado servirão para validar as necessidades de todo o setor de transporte. Teremos uma base de dados mais ampla para argumentar com todas as esferas de poder. Dessa forma, as demandas da nossa atividade ficam mais claras e evidentes.” Além de possibilitar consultas a dados e informações, a proposta é que o Observatório do Transporte

zação de gestores que já atuam em empresas do setor de transporte e de logística com a realização do curso de especialização em Gestão de Negócios da FDC (Fundação Dom Cabral). O curso tem como objetivo contribuir para o fortalecimento e a competitividade do setor, qualificando profissionais para superar os desafios atuais e futuros, além de formar um núcleo de especialistas capaz de discutir e contribuir para as questões emergentes do transporte.

“Teremos uma base de dados mais ampla para argumentar com todas as esferas de poder” ANDRÉ DANTAS, DIRETOR-TÉCNICO DA NTU

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OBSERVATÓRIO DO TRANSPORTE Conheça o projeto MISSÃO • Atuar na produção de informações, na geração do conhecimento voltado para a eficiência logística e mobilidade e na integração do sistema de transporte VISÃO • Ser reconhecido como uma ferramenta tecnológica indutora da geração e da disseminação do conhecimento do setor de transporte OBJETIVOS Gerais • Atuar na geração e disseminação de conhecimento voltado para o aumento da eficiência logística e mobilidade do país • Gerar conhecimento dos diferentes modos de transporte, proporcionando uma visão integrada das informações produzidas pelo setor público, privado e acadêmico Estratégicos • Monitorar o planejamento e execução dos projetos de governo • Implementar fóruns técnicos • Monitorar a competitividade logística do país • Monitorar os projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação do setor Científicos • Disponibilizar para sociedade um repositório de informações provenientes de pesquisas de campo feitas pela academia ou por parceiros do ITL • Monitorar a produção de artigos, teses, livros e dissertações sobre transporte Econômicos e Sociais • Direcionar os investimentos em infraestrutura do setor de transporte, por meio da coleta das informações e necessidades de cada um dos modos de transporte Fonte: ITL

também realize debates por meio da realização de fóruns temáticos virtuais. As discussões serão abertas para que os interessados possam apresentar problemas e sugerir soluções para o aperfeiçoamento de todos os modais que compõem o complexo sistema de transporte nacional. “Isso também favorece o desenvolvimento de soluções para os entraves que enfrentamos hoje”, lembra Dantas. Geração de conhecimento

“O observatório permite ter a real noção de como o país caminha” ANA PAULA LAROCCA, DOUTORA EM TRANSPORTE

SOLUÇÕES Observatório também deve reunir dados

O ambiente virtual ainda deve atuar como um agente disseminador do conhecimento gerado a partir das demais ações desenvolvidas pelo ITL, como reunir os resultados das discussões do Núcleo de Inteligência e Estratégia do Transporte e todo o material produzido pelo Programa Avançado de Capacitação do Transporte, que está sendo desenvolvido pelo instituto. A doutora em transporte e professora do Departa-

mento de Engenharia de Transporte da Escola de Engenharia da USP (Universidade de São Paulo) Ana Paula Larocca afirma que isso é fundamental para divulgar a pesquisa em transporte no Brasil. “Hoje, existe uma carência enorme na forma como os dados sobre transporte são coletados e disponibilizados. Essa proposta do observatório vai permitir que a academia e os órgãos públicos e privados possam ter a real noção de como o país


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SERGIO ALBERTO/CNT

CIA DOCAS DO RIO DE JANEIRO/DIVULGAÇÃO

sobre o transporte de passageiros no país

caminha. Além disso, os dados serão instrumentos de fomento de novas pesquisas nessa área”, explica. Segundo Orlando Fontes Lima Júnior, professor titular do Lalt (Laboratório de Aprendizagem em Logística e Transporte) da Unicamp (Universidade de Campinas), essa é uma grande oportunidade de crescimento para um setor carente na área de desenvolvimento de conhecimento. “Em outros setores, há alguns anos, já tivemos

INTEGRAÇÃO A utilização dos diversos modos de transportes é um dos focos dos projetos financiados pelo ITL

esse salto, como na química e na nanotecnologia. Mas a atividade transportadora precisava disso. O ITL traz essa nova perspectiva para o setor produtivo do transporte”, afirma. Programa Avançado O Programa Avançado de Capacitação do Transporte promove cursos de especialização (lato sensu) e bolsas de estudo (stricto sensu) para garantir a formação de mão de obra e o desenvolvimento

Primeira etapa selecionou

58 projetos de

pesquisa em transporte

de soluções para os principais problemas do setor. Na primeira etapa do programa, 58 projetos de pesquisa em transporte de universidades públicas e privadas, sem fins lucrativos, são apoiados pelo ITL. Ao todo, 216 pesquisadores de mestrado, de doutorado e de pósdoutorado irão receber bolsas de estudo para desenvolver pesquisas relacionadas a temas pertinentes ao setor. Do total de projetos apoiados, 33 estão relacionados ao


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PROGRAMA DE BOLSAS Distribuição dos projetos Por modo Rodoviário

33

Multimodal

14

Aéreo

5

Aquaviário

3

Ferroviário Total

3 58

Universidades participantes Instituição

Projetos aprovados

Cefet-MG (Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais)

1

UFF (Universidade Federal Fluminense)

1

Unesp (Universidade Estadual Paulista)

1

Unicamp (Universidade Estadual de Campinas)

1

Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo)

4

IME (Instituto Militar de Engenharia)

4

UFC (Universidade Federal do Ceará)

5

UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina)

5

UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

6

UnB (Universidade de Brasília)

6

UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro)

9

USP (Universidade de São Paulo)

15

Bolsas por especialização Mestrado

115

Doutorado

66

Pós-doutorado acadêmico

30

Pós-doutorado empresarial

5 Fonte: ITL

IMPORTÂNCIA As informações sobre transporte disponibilizadas

modal rodoviário, cinco ao modal aéreo e 14 são multimodais. Os setores ferroviário e aquaviário têm três projetos aprovados cada um. Na visão do professor associado da Escola de Engenharia da USP (Universidade de São Paulo) de São Carlos, Antônio Nélson Rodrigues da Silva, esse incentivo à pesquisa que está sendo realizado pelo ITL terá consequências bastante positivas para a academia e o setor empresarial, uma vez que está focado na busca de

“A iniciativa do ITL em reunir o setor produtivo do transporte e a academia é muito rica” ANTÔNIO NÉLSON RODRIGUES DA SILVA, PROFESSOR DA ESCOLA DE ENGENHARIA DA USP SÃO CARLOS


EVENTO

TAM/DIVULGAÇÃO

servirão de base para planejar o setor

soluções para os entraves que ainda impedem o desenvolvimento do setor transportador no Brasil. “Como pesquisadores, estamos atrás de problemas. E os transportadores, muitas vezes, têm, dentro de suas empresas, os problemas, mas não as soluções. Por uma questão de falta de aproximação, não conseguimos chegar a eles e nem eles a nós. A iniciativa do ITL em reunir o setor produtivo do transporte e a academia é muito rica.” Para ele, esse é um ciclo

ITL participa de congresso da Anpet As ações desenvolvidas pelo ITL também serão apresentadas durante a 28ª edição do Congresso Nacional de Pesquisa e Ensino em Transporte da Anpet (Associação Nacional de Pesquisa e Ensino em Transporte). O evento acontece de 24 a 28 de novembro, no Centro de Eventos Sistema Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), em Curitiba (PR). Na programação do congresso, estão previstos debates sobre aspectos técnicos, gerenciais, políticos, ambientais, econômicos e sociais relativos a todos os modos de transporte. O evento é aberto para acadêmicos, pesquisadores, especialistas e empresários do setor, que discutirão os problemas enfrentados no dia a dia dos diferentes sistemas de transportes. Durante o congresso, também será realizada a entrega do Prêmio CNT de Produção Acadêmica 2014 para os dez melhores trabalhos selecionados para o congresso. Criado em 1996 e organizado

virtuoso, uma vez que os trabalhos desenvolvidos nas universidades podem gerar novas questões dentro das empresas que, por sua vez, gerarão novas pesquisas. “No fim, todos os lados são beneficiados, mas ganha é o país com a geração de novos conhecimentos e o desenvolvimento de um setor econômico de extrema importância.” O ITL já trabalha na formulação do segundo edital para o programa de bolsas de estudos para mestrado acadê-

desde o ano passado pelo ITL, o prêmio é uma parceria entre a CNT e a Anpet e tem como objetivo principal incentivar a pesquisa e estimular a descoberta de inovações que contribuam para a melhoria da produtividade e da competitividade do setor de transporte no país. Os critérios de seleção dos trabalhos consideram: a originalidade, a atualidade, a relevância para a atividade transportadora, o rigor científico e a clareza nas exposições do conteúdo e da conclusão. Os trabalhos são avaliados pelo Comitê Científico da Anpet e por uma comissão julgadora especialmente constituída por especialistas em transportes do ITL. Todos os artigos premiados serão publicados no livro “Transporte em Transformação XIX”, que será lançado em 2015. O lançamento do livro com os premiados em 2013 acontece durante o congresso deste ano. A publicação serve como ferramenta de pesquisa no meio em-

Ao todo,

216

pesquisadores irão receber bolsas de estudo

presarial, entre os órgãos do poder público das diversas esferas e também como referência bibliográfica para novas pesquisas dentro da academia. Os exemplares são distribuídos para as entidades representativas do setor de transporte, para as universidades que ofereçam cursos voltados para a área e para os participantes do congresso. O download do livro também pode ser realizado no site da CNT (www.cnt.org.br).

SERVIÇO 28º Congresso Nacional de Pesquisa e Ensino em Transporte da Anpet Data: 24 a 28 de novembro de 2014 Local: Centro de Eventos Sistema Fiep (Federação das Indústrias do Estado do Paraná), em Curitiba (PR) Inscrições e mais informações: www.anpet.org.br

mico e doutorado acadêmico. A previsão é que ele seja divulgado em março de 2015. O novo edital trará uma proposta de aprimoramento dos projetos apoiados pelo ITL, como uma maior participação do setor empresarial na identificação dos problemas que poderão ser objetos de pesquisa da academia. O edital também buscará integrar os centros de pesquisas em transporte nas diferentes regiões do país. l (Com Ana Rita Gondim)


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COMPETITIVIDADE

Brasil nos trilhos Evento em Brasília debateu os desafios e as oportunidades para o transporte ferroviário; propostas serão entregues aos presidenciáveis POR

ara garantir o crescimento econômico sustentável, a melhoria da logística e também da mobilidade urbana de muitas cidades brasileiras, é imprescindível investir no transporte sobre trilhos, tanto na área de cargas como na de passageiros. O país passa por um momento em que há muitos projetos voltados para esse modal, mas é necessário dar mais agilidade e resolver questões cruciais para que eles sejam efetivados. Os desafios e as oportunidades para esse se-

P

CYNTHIA CASTRO

tor, contidos na Agenda 2020, estiveram em debate, em Brasília, nos dias 20 e 21 de agosto, durante o VI Brasil nos Trilhos. As propostas seriam entregues aos candidatos à Presidência da República para que sejam incorporadas como prioridade em seus programas de governo a partir de 2015. Segundo o presidente da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários), Gustavo Bambini, qualquer investimento em malha ferroviária, por ser um investimento

pesado em termos de recursos, sempre vai depender do auxílio do setor público. “Essa parceria entre o setor público e o privado é fundamental para que as obras públicas do setor ferroviário saiam do papel”, disse Bambini. Ele considera que um importante desafio que se coloca neste momento é a conciliação do atual modelo ferroviário para o transporte de cargas com as novas concessões propostas no PIL (Programa de Investimentos em Logística), lançado há mais de


ANTF/DIVULGAÇÃO CPTM/ANPTRILHOS/DIVULGAÇÃO


PASSAGEM EM NÍVEL

Gargalos merecem atenção Além da necessidade de adequação e expansão da malha ferroviária, gargalos históricos que aumentam os riscos e reduzem a produtividade precisam ser resolvidos no Brasil. Os cruzamentos críticos de ferrovias com rodovias (passagens em nível) e as invasões de faixas de domínio (trechos próximos das linhas férreas) são alguns temas que merecem atenção especial do poder público nesse processo de retomada dos investimentos no modal ferroviário. Atualmente, há no Brasil 12.289 passagens em nível, sendo 2.659 consideradas críticas e 276 prioritárias, segundo informações da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários). As passagens em nível são cruzamentos entre ruas e ferrovias que precisam de soluções, passando pela melhoria na sinalização, até a construção de con-

dois anos, mas que ainda não saiu de fato do papel. “O modelo novo, por tratar de forma diferente o operador ferroviário daquele que vai construir a malha, vai ter algumas questões diferentes. No nosso modelo vigente, o operador ferroviário é também o operador que gera manutenção e garante a viabilidade da malha. Isso traz diferenças”, comentou Bambini, ao ressaltar que está otimista e enxerga com bons olhos as novas medidas no sentido de tornar o mo-

tornos ou passarelas para torná-las mais seguras. A malha ferroviária brasileira tem pelo menos 355 invasões de faixa de domínio. São locais em que as casas e os estabelecimentos comerciais estão muito próximos das ferrovias. Elas não apenas prejudicam o desempenho ferroviário como causam riscos para a população. O diretor executivo da CNT, Bruno Batista, participou do VI Brasil nos Trilhos e destacou que esses problemas precisam de solução urgente. “Tudo isso faz com que as composições tenham que trafegar em velocidade muito mais baixa do que o possível, onerando o transporte. Existem situações absurdas no Brasil em que a velocidade operacional cai a um quinto do que poderia se dar. Isso prejudica o desempenho e, de certa forma, desestimula a migração modal do transporte rodoviário para o ferroviário.”

dal mais competitivo. O PIL prevê a construção ou o melhoramento de 11 mil quilômetros de linhas férreas. O transporte de cargas conta hoje, no Brasil, com uma malha ferroviária de cerca de 28 mil quilômetros de extensão, por onde circulam 25% de todas as riquezas do país. Somente em 2012, foram movimentados mais de 481 milhões de toneladas de cargas, como minério de ferro, commodities agrícolas, carvão, combustíveis e açúcar. Em relação ao transporte de

ENCONTRO VI Brasil nos Trilhos reuniu representantes do setor

passageiros sobre trilhos, o Brasil possui 15 sistemas urbanos, distribuídos em 11 Estados e o Distrito Federal. Juntos, há um movimento de mais de 9 milhões de pessoas todos os dias. Há projetos previstos e em andamento em diversas cidades. Entretanto, é necessário fazer mais, pois o sistema metroferroviário existente não está conseguindo absorver a demanda crescente de passageiros. Neste momento em que o Brasil está às vésperas de realizar eleições presidenciais e

também para os governos de Estado, o presidente da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), Joubert Flores, destaca que deve haver um alinhamento de interesse das três esferas de poder e ressalta também que o transporte público é uma obrigação constitucional. “A mobilidade passou a ser vista como algo muito importante. Nas cidades com mais de 10 milhões de habitantes, não faz sentido as pessoas levarem


FOTOS SERGIO ALBERTO/CNT

GUSTAVO BAMBINI – ANTF “A parceria entre o setor público e o privado é fundamental para que as obras saiam do papel”

ferroviário de cargas e de passageiros e representantes do poder público

duas horas para trabalhar e outras duas para voltar. Isso reduz a qualidade de vida e a produtividade.” Segundo dados dos organizadores do VI Brasil nos Trilhos, a perspectiva para o transporte de passageiros é de que a malha dobre de tamanho nos próximos cinco anos. Já há pelo menos 24 projetos em andamento, que preveem o aumento em mais de mil quilômetros de extensão, o que ainda será insuficiente para a demanda, na

avaliação dos organizadores do encontro. Flores considera que, atualmente, há projetos interessantes no Brasil voltados para a área de passageiros. Entretanto, ele afirma que falta agilidade. “A maturação é lenta, e não precisava ser assim. O licenciamento é altamente demorado. Então, é importante todos os órgãos públicos envolvidos entenderem que quanto mais demora, mais se retarda o benefício dado à população.” O presidente da ANPTrilhos citou que os li-

JOUBERT FLORES – ANPTRILHOS “Não faz sentido as pessoas levarem duas horas para trabalhar e outras duas para voltar”

LUÍS ROBERTO BARROSO – STF “Há um comprometimento da qualidade técnica das agências como consequência da politização”


PASSAGEM EM NÍVEL Cruzamentos de vias com rodovias requerem cuidado

cenciamentos ambientais, por exemplo, são importantes, mas que precisam de maior rapidez para serem concluídos. Sobre as principais demandas solicitadas aos presidenciáveis, Flores destaca que, além da expansão da malha, é necessário reduzir o gasto com operação. Esse custo é muito impactado pela energia. A ANPTrilhos propõe ao governo federal que seja adotado o desconto de

ANPTrilhos reivindica

75% de desconto em tarifa de energia

75% na tarifa de energia elétrica aplicada ao transporte sobre trilhos. Desse modo, o percentual desonerado poderia ser revertido em investimentos na modernização dos sistemas. “O desconto para o transporte de passageiros sobre trilhos eletrificado já foi de 75%. Com isso, o custo da energia dentro do custo operacional era de 2%. Hoje é de 20%, dez vezes mais, o que impacta na tarifa”, disse o

presidente da ANPTrilhos. Segundo ele, o maior custo operacional se refere à mão de obra, seguido de energia e manutenção. Flores destaca ainda que, ao longo de décadas, o Brasil priorizou o transporte individual e que essa lógica precisa ser mudada. “Quando falamos do transporte público, do transporte de massa, não estamos inventando a roda. É o que as outras cidades desenvolvidas fizeram. Mas nós fazemos exata-


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FOTOS ANTF/DIVULGAÇÃO

DEMANDAS Temas incluídos nas reivindicações do setor ferroviário Cargas • Passivo trabalhista da RFFSA (Rede Ferroviária Federal) • Prosefer (Programa Nacional de Segurança Ferroviária em Áreas Urbanas) • Campanhas de segurança • Licenciamento ambiental para empreendimentos ferroviários • Curso de engenharia ferroviária • Regime tributário para incentivo à modernização e à ampliação da estrutura ferroviária • Desoneração da folha de pagamento • Diesel ferroviário • Acesso aos portos • Agenda regulatória • Biodiesel • Prorrogação das concessões Passageiros • Redução da tarifa de energia elétrica metroferroviária • Integralização das cargas elétricas • Desoneração da folha de pagamento • Investimento público federal obrigatório nos sistemas sobre trilhos • Redução a zero do ICMS cobrado sobre a venda de energia elétrica por parte dos Estados • Redução a zero do ISS cobrado dos municípios sobre os serviços de transporte • Isenção do pagamento de IPTU sobre a servidão das vias férreas urbanas e estações de passageiros Fontes: ANTF, ANPTrilhos

ATENÇÃO Buzina de locomotiva; invasões de faixa de domínio trazem riscos

mente o contrário. Investimos em transporte individual, que é mais caro, mais poluente e mais arriscado”, afirmou. Concessões O debate sobre as concessões em andamento das ferrovias que atenderão ao transporte ferroviário no Brasil foi destaque durante o VI Brasil nos Trilhos. Conforme o ministro dos Transportes, Paulo Passos, um dos projetos que estão

prontos para ser licitado é o trecho de Lucas do Rio Verde (MT) a Campinorte (GO), com 883 km de extensão e investimento de R$ 5,4 bilhões. “Estamos buscando esclarecer todos os aspectos para que, com segurança, coloquemos a licitação na rua e tenhamos a primeira concessão ferroviária com sucesso”, disse o ministro. Outros seis trechos receberam 81 manifestações de interesse para a apresentação de

“O Brasil tem uma percepção clara da importância de uma logística eficiente e de baixo custo” PAULO PASSOS, MINISTRO DOS TRANSPORTES

projetos. Essas empresas têm de seis a oito meses para apresentar as propostas. “O Brasil tem uma percepção muito clara da importância e da necessidade de estruturar uma logística eficiente e de baixo custo, moderna e de alta produtividade. Para estruturar essa logística, a área ferroviária tem um papel fundamental.” Entre as obras ferroviárias previstas, o presidente da ANTF considera que a Norte-


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INVESTIMENTO ESTRANGEIRO

País está aberto a parcerias São inúmeras as necessidades do Brasil para se melhorar e ampliar o transporte sobre trilhos. O governo federal já reconheceu a necessidade de se chamar a iniciativa privada para participar dos projetos em andamento. Durante o VI Brasil nos Trilhos, o assunto foi reforçado tanto por parte do poder público como pelos representantes das ferrovias presentes no encontro. O ministro dos Transportes, Paulo Passos, afirmou em entrevista à imprensa que a participação dos estrangeiros é muito bem-vinda. “A possibilidade de participação nesse programa de grande dimensão na área ferroviária do Brasil traz oportunidades que podem e devem ser aproveitadas pelo setor privado do país e também de outros países”, disse o ministro. Segundo ele, qualquer empresa estrangeira que venha para o Brasil, que se instale aqui formalmente, tanto para a construção da infraestrutura como para a operação, será bem acolhida. O presidente da ANTF, Gustavo Bambini também considera positiva a possível participação dos estrangeiros e citou a China e a Rússia. “Os chineses são experts em fazer ferrovia. É muito gratificante poder con-

tar não só com o aporte financeiro que eles farão, caso venham a ganhar alguns dos leilões, como também com todo o conhecimento que têm para construção de ferrovias em um país de dimensões continentais. Os russos também têm grande expertise nesse setor e deverão colaborar bastante com o novo modelo e com o modelo vigente.” Na opinião de Bambini, para que esses investimentos estrangeiros possam chegar ao Brasil com maior rapidez, é necessário saber vender bem a imagem do país para o mundo. “Recentemente, o encontro do Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) ajudou muito. Trouxe os chefes de Estado, proporcionou um espaço importante de discussão do setor. Acho que esse é o caminho”, afirmou. Em abril deste ano, a CNT abriu um Escritório em Pequim, na China, para tentar atrair investimentos estrangeiros para infraestrutura de transporte no Brasil. Alguns encontros já foram realizados no Brasil, e os chineses se mostraram interessados em investir em infraestrutura de transporte, especialmente na área ferroviária (leia matéria na página 38).

TECNOLOGIA Centro de controle

Sul é a espinha dorsal do setor. “A ligação da Norte-Sul com a atual malha existente vai permitir que as atuais concessões possam adentrar essa malha, percorrer distâncias desse país continental e conquistar esse mercado que hoje está chegando ao porto de Santos por caminhões.” Sobre a possibilidade de não haver muito interesse da iniciativa privada em investir nas ferrovias propostas, o presidente da ANTF disse que tem expecta-

“Existem situações absurdas em que a velocidade operacional cai a um quinto” BRUNO BATISTA, DIRETOR EXECUTIVO DA CNT


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ANTF/DIVULGAÇÃO

SUPERVIA/ANPTRILHOS/DIVULGAÇÃO

operacional de sistema de metrô

tiva de que aumente essa vontade de participação. “Todos os modelos novos geram, de certa forma, algumas apreensões. Esse modelo de concessões que está sendo pensado não existe no Brasil. Mas eu acredito que isso vai melhorar. Mais empresas vão participar.” Agências A programação do VI Brasil nos Trilhos também foi composta por palestras de representantes de outros setores, além do trans-

EXPANSÃO Brasil tem plano de ampliar e construir novas ferrovias

porte. O ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), falou sobre o papel das agências reguladoras. Na avaliação do ministro, há uma queixa de que o espaço das agências perdeu a neutralidade, passando a ser cobiçado pelos partidos políticos. “Há um comprometimento da qualidade técnica das agências como consequência da politização”, afirmou Barroso. Na avaliação do ministro do STF, “o excesso de ingerência política pode, eventualmente, com-

Brasil tem cerca de

28 mil km de ferrovias

prometer a autonomia das agências”. Sobre como reverter essa situação, Barroso considera que essa não é uma questão que seja papel do Judiciário ou doLegislativo. Na opinião do ministro, deve haver umdebatepúblicodequalidadesobre essa atuação das agências. “Eu achoqueafilosofiadeumaagência deve ser pela predominância da neutralidade política. Mas sou apenas uma voz, e não o dono da verdade.Háumdebatepúblicosobreo papeldasagências.” l (Com Natália Pianegonda)


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COOPERAÇÃO

Parceria chinesa CNT e Câmara de Comércio da China assinam acordo para estimular os investimentos em infraestrutura de transporte, especialmente ferroviária, no Brasil POR

CNT e a Câmara Chinesa de Comércio para Importação e Exportação de Máquinas e Produtos Eletrônicos – CCCME – assinaram um memorando de cooperação no início do mês de agosto com o objetivo de estimular os investimentos chineses em infraestrutura de transporte no Brasil. Um grupo de empresários chineses participou de um encontro da delegação chinesa e a CNT, realizado na sede da Confederação, em Brasília. Entre os termos contidos no memorando, está prevista a troca de informações comerciais, econô-

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CYNTHIA CASTRO

micas e tecnológicas regularmente. O objetivo é ajudar no entendimento do mercado de comércio e investimentos, especialmente na área de transporte e serviços ferroviários no Brasil. Os representantes dos dois países também se comprometeram em fazer todos os esforços possíveis para disseminar nos círculos de negócios de cada lado informações sobre a evolução dos mercados, incluindo a compra, a venda e a cooperação para estimular oportunidades de parceria. A organização de seminários econômicos e comerciais, visitas e pesquisas de

mercado e divulgação de informações relevantes para o comércio bilateral e para os investimentos em transporte ferroviário, especialmente, também estão incluídas nessa parceria. Na reunião que ocorreu na sede da CNT, em Brasília, os empresários chineses se mostraram interessados em participar dos projetos no Brasil. “Trouxemos as principais empresas na área de logística e transportes. Nossas empresas ficaram muito satisfeitas. Acreditamos que temos ótimas oportunidades aqui para investimentos no setor de infraestrutura de trans-

REUNIÃO

porte e também na área de energia e outras”, disse o vice-presidente da Câmara Chinesa de Comércio, Shi Yonghong. Neste ano, a CNT abriu um Escritório em Pequim, na China, para tentar atrair os investimentos para o Brasil. A reunião, em agosto, foi uma das ações no âmbito desse escritório. No mês de julho, durante a visita do presidente Xi Jinping ao Brasil, a CNT também participou de um seminário com os chineses para a troca de informações entre os empresários dos dois países. “Os chineses são fundamentais


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FOTOS SERGIO ALBERTO/CNT

Delegação de empresários chineses se encontrou com representantes da CNT para debater investimentos em transporte

nesse momento em que o Brasil precisa melhorar sua infraestrutura. Eles têm expertise. Há empresas grandes, muito capitalizadas. Eles estão com essa necessidade de mercado, e o Brasil é um mercado potencial para eles”, afirmou o diretor de Assuntos Internacionais da CNT, Harley Andrade. Shi Yonghong explicou que a delegação da Câmara Chinesa de Comércio veio ao Brasil recomendada pelo Ministério do Comércio da China. No último mês de julho, o presidente da China, Xi Jinping, assinou acordos bilaterais de cooperação com o governo brasileiro,

APOIO Shi Yonghong e Harley Andrade

prevendo várias medidas na área de transporte. Ele considera que o Escritório da CNT, em Pequim, terá um papel fundamental no sentido de aproximar os empresários dos dois países, permitindo o intercâmbio de informações e estimulando a ajuda mútua. “Gostaríamos de avançar mais na implementação de alguns projetos chineses no mercado local. Temos alguns que já estão em andamento e alguns que estamos acompanhando e temos interesse em participar da licitação. Gostaríamos do apoio da parte brasileira nesse processo. Assim, faremos a nossa contribuição para o maior desenvolvimento brasileiro”, disse Yonghong. Por enquanto, a área ferroviária é a que mais tem despertado o interesse dos chineses em relação à infraestrutura de transporte no Brasil. Liu Ming, vice-presidente da chinesa CNR, afirmou que com o apoio da CNT será possível avançar muito nos investimentos em transporte sobre trilhos no Brasil. Ele explicou que a CNR produz trilhos e outros equipamentos. O escritório-sede está em Pequim e há 28 empresas agregadas. Segundo ele, a capacidade de produção é de mil locomotivas e 4.000 vagões por ano. Além do mercado chinês, a empresa exporta para 80 países do mundo. Qian Lizhe, do Departamento Internacional da Companhia


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INTERESSE Chineses conheceram o Plano CNT de Transporte e Logística

Ferroviária da China, reforçou que há um interesse enorme em participar dos projetos de construção de infraestrutura ferroviária no Brasil. A empresa que ela representa exerce, principalmente, a função de construção de infraestrutura ferroviária. Mas as ações se expandiram e há projetos também voltados para portos, aeroportos e áreas urbanas. “Construímos 80 mil quilômetros de ferrovias. Mais de dois terços das ferrovias da China, incluindo 8.000 quilômetros de vias de alta velocidade”, disse. Segundo ela, nesse momento, há um interesse em expandir os projetos realizados no exterior. “Nossos serviços estão focados na Venezuela, África do Sul, Nigéria e outros países.” Durante a reunião na CNT, a

delegação chinesa conheceu detalhes do Plano CNT de Transporte e Logística 2014, que indica a necessidade de investimentos de R$ 987 bilhões em 2.045 projetos prioritários no Brasil, nos diferentes modais (ferroviário, aquaviário, rodoviário, aéreo e também em terminais). Somente para as ferrovias, são necessários R$ 449 bilhões. O diretor executivo da CNT, Bruno Batista, comentou que os projetos propostos no Plano CNT de Transporte e Logística estimulam o investimento na integração dos diferentes modais. Ele destacou que o Brasil tem pouco mais de 28 mil quilômetros de ferrovias e que essa malha precisa ser aumentada com urgência. “A participação das empresas estrangeiras com knowhow e capacidade de fazer investi-

mentos se mostra fundamental.” Durante a reunião, o diretorpresidente da ITB (Investimento em Infraestrutura do Transporte Brasileiro S.A.), Ivan De Filippo, detalhou alguns projetos que podem receber recursos estrangeiros. A ITB busca parceiros internacionais para estimular o setor transportador do Brasil. “Buscamos trazer tecnologia e recursos para que a infraestrutura ocorra”, disse Filippo. Também participou da reunião na sede da CNT o ex-embaixador do Brasil na China, Clodoaldo Hugueney Filho. Hoje ele é um dos consultores do Escritório da Confederação em Pequim. Na avaliação de Hugueney, a parceria é positiva para os dois países. Ele enfatizou a necessidade de melhoria da infraestrutura e ci-

APROXIMAÇÃO

tou que a produção agropecuária brasileira vem se deslocando para o centro e norte do país, o que indica a maior necessidade de investimentos em transporte. “O Brasil é o terceiro maior exportador de produtos do agronegócios do mundo. O melhor mercado para as exportações brasileiras é a China. Há um déficit grande de infraestrutura, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. E o desenvolvimento dependerá muito da construção ferroviária”, afirmou. Na avaliação do diretor de Assuntos Internacionais da CNT, o encontro com a delegação e a assinatura do memorando foram muito positivos no sentido de estimular ainda mais a atração dos investimentos. “Tenho certeza de que, em breve, vamos


ENTREVISTA - SHI YONGHONG

“Queremos identificar novos projetos” Para o vice-presidente da Câmara Chinesa de Comércio, Shi Yonghong, o estabelecimento do Escritório da CNT, em Pequim, será muito positivo para aproximar os dois países e estimular os investimentos. Ele afirma haver um forte interesse dos empresários chineses em participar dos projetos de transporte no Brasil.

CNT abriu Escritório em Pequim

colher frutos dessa parceria”, disse Harley Andrade. Antes da reunião na sede da CNT, a delegação chinesa esteve no Ministério dos Transportes e também na Valec – Engenharia, Construções e Ferrovias, conhecendo o que está previsto pelo governo federal. Os empresários tiveram acesso a mais detalhes sobre os projetos da Ferrovia Norte-Sul e da Ferrovia de Integração Oeste-Leste. O PIL (Programa de Investimentos em Logística), lançado há dois anos pelo governo federal, prevê a construção e modernização de 11 mil quilômetros de ferrovias com investimento estimado de R$ 99,6 bilhões. (Com Natália Pianegonda) Leia mais sobre transporte ferroviário na página 30.

Como atua a entidade que o senhor representa? Represento a maior Câmara de Comércio na área de negócio internacional na China. Hoje em dia são mais de 10 mil associados que trabalham basicamente em mais de 20 setores, como ferroviário, energia nova etc. Estamos aqui para visitar a CNT, a principal organização representativa do setor de infraestrutura de transporte, com o objetivo de colocar em prática o consenso chegado pelos dois chefes de Estado na recente visita do presidente chinês (Xi Jinping) ao Brasil, sobretudo na área de cooperação de ferrovia. Estamos aqui com várias empresas muito capacitadas chinesas na área de ferrovia, justamente para buscar a parceria com as empresas brasileiras. Temos conosco empresas de fabricação de equipamentos, de elaboração de projetos de ferrovia, de construção e também de fornecimento de materiais e equipamentos. Quais são os quatro objetivos principais dessa visita ao Brasil? Primeiro, apresentar nossas empresas e produtos para as empresas brasileiras e tam-

bém para o governo do Brasil. Segundo, queremos conhecer o plano de desenvolvimento na área ferroviária do Brasil para identificar algumas oportunidades de investimentos e de negócios. E também prover o conhecimento das empresas chinesas sobre o Brasil, na área de investimentos e de cooperação. Queremos impulsionar os projetos que eventualmente as empresas chinesas já ganharam para a sua execução e identificar novos projetos para o investimento. Outro importante objetivo da visita é exatamente assinar o memorando de cooperação com a CNT para estimular essa cooperação, sobretudo na área de transporte sobre trilhos, com a perspectiva de construir essa plataforma de intercâmbio entre as duas entidades. Fico feliz em saber que a CNT está abrindo o escritório em Pequim e gostaria de manter esse contato frequente e institucional entre as duas entidades, por meio desse escritório.

Na área de ferrovia, quais exemplos o senhor poderia citar na China em relação à construção, projetos, tecnologia? A malha ferroviária da China conheceu o desenvolvimento nos últimos 60 anos, especialmente nas últimas três décadas houve um salto quantitativo. Hoje em dia, a China conta com uma malha ferroviária de mais de 100 mil quilômetros (entre passageiros e cargas), com destaque para o trem de alta velocidade, com velocidade superior a 250 km/h. Já são mais de 10 mil quilômetros. É o número 1 do mundo. E há ainda 15 mil quilômetros em construção de trem de alta velocidade. Por isso, com todo esse desenvolvimento, as empresas chinesas conseguiram avanços tecnológicos nas áreas de projeção das obras, execução e também de produtos, os materiais rodantes. E, sobretudo na área de trens de alta velocidade, a tecnologia chinesa é a dianteira no mundo. l




AVIAÇÃO

POR LIVIA

CEREZOLI

crescimento do transporte aéreo e o processo de urbanização registrados nos últimos anos, em todo o mundo, trouxeram para a discussão a necessidade de criação de uma nova estrutura para as cidades, favorecendo os deslocamentos. É nesse sentido que surge o conceito de aerotrópolis, criado e defendido por John Kasarda, autor do livro “Aerotrópolis: o novo modo como vamos viver” (veja entrevista com o autor na página 8). O modelo prevê a implantação de uma região de grande importância econômica, tendo como ponto central um aeroporto, conectado com a cidade por meio de sistemas de transportes eficientes. “Nessa região, deve ser instalado um conjunto complexo de estabelecimentos industriais e comerciais, hotéis, edifícios de escritórios, restaurantes e áreas de lazer e entretenimento, além, é claro, de uma área residencial”, explica Kasarda. Segundo Carlos Leite, arquiteto, urbanista, professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie, esse novo conceito é o rótulo de uma

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Projetos pa País já tem estudos para a implantação de aeroportos-cidades; tendência do século 21 que procura reinventar as cidades a partir de núcleos autônomos, uma das correntes em voga do urbanismo hoje, em que é possível fazer todas as coisas do dia a dia. “Por isso, a implantação desses aeroportos-cidades é muito coerente com aquilo que se busca no mundo. Ainda mais quando se leva em consideração o

crescimento do transporte aéreo nos últimos anos em vários países”, afirma Leite. Em todo o mundo já existem mais de 40 aerotrópolis em desenvolvimento, como as áreas dentro e ao redor dos aeroportos de Amsterdã, Pequim, Dalas, Dubai e Hong Kong. E a ideia da implantação de aeroportos-cidades já começou a

ser discutida no Brasil. Dois estudos independentes avaliam as potencialidades dos aeroportos de Belo Horizonte-Confins, em Minas Gerais, e de Viracopos, em São Paulo, de se tornarem aerotrópolis. De acordo com a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico do governo de Minas Gerais, o projeto Aerotrópolis Belo Horizonte


GIL LEONARDO/SECRETARIA DE COMUNICAÇÃO/GOVERNO DE MINAS GERAIS

PARCERIA Em Minas Gerais, projeto está sendo desenvolvido pelo governo do Estado desde 2004

ra o Brasil novidade esbarra na falta de espaço dos terminais em operação começou a tomar forma, em 2004, com a transferência dos voos do aeroporto da Pampulha para o Aeroporto Internacional Tancredo Neves-Confins. O projeto do governo mineiro tem consultoria de John Kasarda. A BH Airport, concessionária que administra o aeroporto de Confins desde agosto deste ano, não quis comentar o assunto, já

que se trata de um projeto do governo do Estado em andamento anterior à assinatura do contrato de cessão da operação do terminal. A concessão tem duração de 30 anos. No aeroporto de Viracopos, a ideia de criação da aerotrópolis está em fase inicial, e os estudos de viabilidade para a definição de quanto investir e qual a área de

abrangência ainda estão em andamento. De acordo com Aluízio Margarido, diretor comercial do Consórcio Aeroportos Brasil, que administra o terminal, a proposta pretende transformar o aeroporto em um vetor de crescimento da região. “Os aeroportos são grandes centralizadores de investimentos, e o nosso projeto está focado nisso. Um

aeroporto-cidade precisa ter motivação financeira para existir, e o terminal de Viracopos tem o maior volume de cargas eletrônicas do país. Esse é um grande estímulo”, afirma ele. O aeroporto de Viracopos foi concedido em 2013 também por um período de 30 anos. Mesmo com os pontos positivos, os projetos esbarram em algumas dificuldades. Para Mozart Mascarenhas Alemão, especialista em infraestrutura e operações aeroportuárias, só é possível implantar aerotrópolis no Brasil com a construção de novos terminais por causa da necessidade de espaço físico para todos os empreendimentos que o conceito engloba. “Só conseguimos pensar nessa inovação a partir de novos aeroportos, em novas áreas. E essa é uma necessidade urgente do Brasil. Nos últimos 20 anos, mesmo com o crescimento da aviação, não tivemos nenhum novo aeroporto construído (o de São Gonçalo do Amarante apenas substituiu o de Natal). Temos demanda suficiente para isso”, explica ele. Na visão do especialista, os locais mais propícios para a instalação desses novos terminais seriam os Estados do Paraná e de Minas


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CNT TRANSPORTE ATUAL

Gerais, a região Nordeste ou o entorno de Brasília (DF). “Quando falo de Minas Gerais, não é necessariamente Confins, justamente porque lá existem agravantes que impõem dificuldades para fazer novas obras, como as áreas de preservação ambiental e os patrimônios arqueológico e espeleológico.” Alemão explica que as áreas operacionais para a instalação das aerotrópolis precisam ser grandes para que seja preservada a segurança de passageiros, trabalhadores e residentes da região. De acordo com ele, é importante pensar também na localização dos empreendimentos em relação ao posicionamento das pistas de pouso e de decolagem dos aeroportos, uma vez que o ruído das aeronaves durante essas operações podem causar grandes transtornos. “O ruído é algo que não pode ser eliminado. Ele sempre vai existir. Por isso, o mais correto é pensar em posicionar os espaços residenciais em áreas nas laterais das pistas onde o barulho é menor. Nas cabeceiras, não existe problema em instalar indústrias, por exemplo.” O arquiteto e urbanista Carlos Leite acredita que é possível implantar aeroportos-cidades nos terminais já em operação no Brasil, mas, para isso, é fundamental garantir a mobilidade de pessoas e de

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PROJETO Estudos avaliam a viabilidade de implantação

“Só conseguimos pensar nessa inovação a partir de novos aeroportos, em novas áreas” MOZART ALEMÃO, ESPECIALISTA EM INFRAESTRUTURA E OPERAÇÕES AEROPORTUÁRIAS

cargas de maneira eficiente. “Os sistemas de transporte disponíveis podem determinar o sucesso ou o fracasso das aerotrópolis.” Segundo Leite, o grande desafio do Brasil é complementar a rede de transporte que vai permitir aos aeroportos do país se transformarem em um hub de transporte multimodal, com linhas de ônibus urbanos, trens e metrôs para garantir que as pessoas se movimentem com facilidade. “Nenhum aeroporto merece ser chamado de aerotrópolis sem uma rede de transporte eficiente e integrada”, alerta ele. A Secretaria de Estado de De-

senvolvimento Econômico do governo de Minas Gerais afirma que até o fim deste ano está investindo R$ 380 milhões em obras na rede viária da região e do entorno do terminal, além de projetos para ampliar a capacidade de tráfego e a conectividade de cargas e de passageiros, uma das principais premissas da criação de um aeroporto-cidade. Segundo o órgão, nas aerotrópolis, as distâncias não são medidas por quilômetros, e sim por minutos. Dessa maneira, a ideia é que a agilidade proporcionada pelo modal aéreo seja estendida até o destino final para passa-


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AEROPORTOS BRASIL/DIVULGAÇÃO

DUBAI AIRPORT/DIVULGAÇÃO

de uma aerotrópolis em Viracopos

geiros e cargas, por isso, o sistema viário planejado para a região contempla rodovias de padrão internacional de tráfego rápido. Aluízio Margarido, de Viracopos, diz que a concessionária do terminal busca estabelecer parcerias com os governos municipal, estadual e federal para que seja implantada uma rede de transporte que garanta a mobilidade de quem trabalhará e viverá no entorno do terminal. “Essa interface é necessária e já estamos realizando um trabalho conjunto.” A SAC (Secretaria de Aviação Civil) afirma que a implantação de

EXPERIÊNCIA Em Dubai, o conceito de aeroporto-cidade já está implantado

novas infraestruturas aeroportuárias está associada a estudos de demanda por transporte aéreo no Brasil e ao desenvolvimento desse modal de forma estratégica. “O desenvolvimento específico de uma aerotrópolis envolve um conjunto de interesses do governo federal, no sentido do desenvolvimento da infraestrutura aeroportuária nacional, e dos Estados e municípios, no sentido do planejamento e desenvolvimento das cidades e de seus centros logísticos”, diz Martha Seillier, diretora do Departamento de Regulação e Concorrência da secretaria.

“Os sistemas de transporte podem determinar o sucesso ou o fracasso das aerotrópolis” CARLOS LEITE, ARQUITETO E URBANISTA

Ela explica que diversas leis, decretos e atos normativos regulamentam a construção de novos terminais aeroportuários no Brasil, diferenciando os públicos dos privados. Esses últimos apenas podem ser utilizados com a permissão de seus proprietários, mas não podem ser explorados comercialmente. Os aeroportos públicos podem ser construídos, mantidos e explorados pela União, por empresas especializadas da administração federal indireta, por Estados e municípios (mediante convênio com a União) ou por concessão, ou autorização. l



LONDON GATEWAY/DIVULGAÇÃO

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AQUAVIÁRIO

Uso múltiplo das águas Comparado a outros países, o Brasil ainda possui aproveitamento hídrico reduzido devido ao pouco planejamento POR

Brasil ainda possui poucos projetos de uso múltiplo das águas, quando comparado com Estados Unidos e países da Ásia e Europa. A conclusão é do consultor do Instituto de Desenvolvimento, Logística, Transporte e Meio Ambiente, Frederico Bussinger, que visitou quase uma centena de propostas de expansão portuária pelo mundo nos últimos 30 anos. Ele esteve presente, em agosto, no seminário sobre

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LONDON GATEWAY Porto de águas profundas é um dos projetos de referência na Europa

EVIE GONÇALVES

produção de sedimentos, assoreamento e dragagem, uma parceria da CNT (Confederação Nacional do Transporte) e do MMA (Ministério do Meio Ambiente). Representantes do setor também participaram do encontro, que ocorreu na sede da confederação em Brasília (DF). De acordo com o consultor, o Brasil esbarra em vários entraves para desenvolver sua tecnologia hidroviária. Entre eles está o foco no licenciamento ambiental em

detrimento do planejamento, gerenciamento e previsibilidade nos processos decisórios. Bussinger relatou que, em muitos países, a obtenção da licença não é feita de forma independente, sendo igualmente priorizadas as áreas econômicas e sociais, o que garante celeridade aos processos. Outro ponto abordado foi o excesso de normas, leis e resoluções existentes no Brasil. “Os outros países focam na jurisprudência e gover-


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nança. Além disso, as autorizações e as licenças, quando demandadas, são resolvidas em instâncias administrativas, sendo pouco utilizados recursos ao Judiciário e até mesmo a interferência de órgãos, como Ministério Público e Tribunais de Contas”. A ideia também é compartilhada pela consultora da CNT, Patrícia Boson, que representou a entidade durante o evento. “Caímos sempre na velha história de falta de planejamento e de articulação entre as normas. Temos vários agentes, mas eles não conversam, cada um age de um jeito”. Para o presidente da Fenamar (Federação Nacional das Agências de Navegação Marítima), Waldemar Rocha Júnior, a iniciativa da CNT permitiu o aprofundamento da discussão, sobretudo no que tange à retirada de sedimentos do fundo dos rios, lagos, marés, baías e canais de acesso aos portos. “Nós precisamos de portos dragados, seja a dragagem de aprofundamento, seja a manutenção constante dessa dragagem. Os novos navios demandam águas mais profundas e, ao mesmo tempo, há a preocupação com a questão ambiental. Precisamos de uma

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SEMINÁRIO Especialistas discutem melhor

“Os novos navios demandam águas mais profundas e, ao mesmo tempo, há a preocupação com a questão ambiental” WALDEMAR ROCHA JÚNIOR, PRESIDENTE DA FENAMAR

linha conjunta de atuação para desenvolver cada vez mais o setor”, disse. Projetos internacionais Existem diversos projetos de aproveitamento hídrico no mundo. A Europa, por exemplo, possui uma malha hidroviária de quase 30 mil quilômetros, sendo que, em um terço dessa extensão, existem canais artificiais construídos. Além disso, os países investem na construção de outros 10 mil quilômetros de canais. A medida faz parte do White Paper, um plano hidroviá-

rio de transporte para o continente até 2050. Entre esses projetos, existe o canal SenaNorte, que vai permitir conectar a bacia do rio Sena com a do rio Scheldt, que corta a Bélgica e a Holanda. O sistema prevê a navegação entre Paris e Londres ainda nesta década. Em relação à dragagem, Londres trabalha na implantação do London Gateway, um megaporto de águas profundas a poucos quilômetros do Big Ben. O porto vai dragar o rio Tâmisa, aterrar milhões de metros quadrados de espelhos- d’água e utilizar


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SÉRGIO ALBERTO/CNT

DEPARTAMENTO HIDROVIÁRIO DE SÃO PAULO/DIVULGAÇÃO

aproveitamento do setor hidroviário

boa parte do antigo parque de tanques de petróleo e derivados. Na Índia e na China, há cerca de 30 projetos de expansão portuária, a maioria ocupando os espelhosd’água. Em todos eles foram feitas dragagens e aterros expressivos, inclusive em alguns manguezais, para a implantação dos novos portos e terminais. Hidroanel metropolitano No Brasil, o projeto já iniciado com potencial semelhante aos internacionais é o do Hidroanel Metropolitano

PREJUÍZO Estiagem no sudeste afetou o transporte na hidrovia Paraná-Tietê

em São Paulo. Trata-se de interligação, por meio de um grande canal, entre os rios Tietê e Pinheiros e as represas de Billings e Taiaçupeba. A ligação total, quando concluída, vai formar um hidroanel circular de aproximadamente 180 km. Uma das principais vantagens é a superposição em relação ao rodoanel e ao ferroanel, formando uma integração trimodal. O hidroanel compõe um plano de uso múltiplo das águas e envolve um conjunto de obras que podem ser realizadas separadas e gradativamente. São várias contri-

Índia e China possuem cerca de

30 projetos de expansão portuária

buições para o Estado, além da navegação. Entre elas: controle de inundações, abastecimento de água, despoluição do rio Pinheiros, agricultura em áreas possíveis de ser irrigadas e geração de energia. O projeto também favorece o lazer, o turismo e a requalificação de áreas lindeiras para uso imobiliário. Atualmente, a eclusa do Cebolão, primeira parte da obra, na confluência das marginais Pinheiros e Tietê com a rodovia Castelo Branco, já está concluída. Por eclusa entende-se a possibilidade de


BALANÇO

Movimentação nos portos tem alta O setor portuário brasileiro movimentou 460 milhões de toneladas no primeiro semestre deste ano. Os dados constam do relatório semestral, divulgado pela Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), em agosto, e indicam um acréscimo de 5,2% em relação ao mesmo período de 2013. O minério de ferro foi líder em movimentação, com 160 milhões de toneladas transportadas. Os TUPs (Terminais de Uso Privativo) transportaram a maior parte da carga no país, com 293 milhões de toneladas em 2014. Ponta da Madeira (MA), Tubarão (ES) e Almirante Barroso (SP) foram os líderes em movimentação. Já os portos públicos foram responsáveis pelo transporte de 167 milhões de toneladas. O porto de Santos (SP) continua sendo o recordista no volume de cargas movimentadas. Entretanto, transportou 2% a menos em 2014. Itaguaí (RJ) ficou em segundo lugar, e o porto de Paranaguá (PR), em terceiro. Navegação marítima Em relação ao transporte de longo curso, os dados da Antaq revelam que houve um aumento de 17,3% na carga transportada. No total, foram 260 milhões de toneladas exportadas contra 78 milhões importadas. Contudo, o crescimento da importação foi superior. Em relação ao primeiro semestre de 2013, a quantidade de carga embarcada teve crescimento de

5%. Já o desembarque teve incremento de 9%. O granel sólido representou 85% do volume exportado. A carga importada, entretanto, teve distribuição mais equânime: 43% de granel sólido, 30% de granel líquido e 23% de carga transportada por contêineres. A China foi o principal destino das exportações. Já a principal origem dos granéis importados pelo Brasil foi a África Ocidental/Golfo da Guiné. Os dados da agência reguladora revelam ainda que a cabotagem teve um incremento de 17,2% em relação ao primeiro semestre de 2013, o equivalente a 70 milhões de toneladas transportadas. Navegação interior Este ano, duas situações antagônicas foram responsáveis pela redução significativa no transporte de grãos nas duas principais hidrovias do país, em relação ao ano passado. De um lado, a cheia histórica do rio Madeira na região Norte. De outro, a forte estiagem na região Sudeste, que afetou o transporte na hidrovia Paraná-Tietê. Segundo os dados da Antaq, houve redução de 38% no transporte da soja e de 18% no do milho, o que representou cerca de 1,4 milhão de toneladas a menos movimentadas entre os primeiros meses de 2013 e de 2014. Com o excesso de chuvas, o corredor do rio Madeira (Porto VelhoItacoatiara e Porto Velho-

Santarém) chegou a ficar dois meses fechado. A situação mais complicada, porém, ocorre na hidrovia Tietê-Paraná. Com a seca evidente há meses, nos trechos entre São Simão–Anhembi e São Simão-Pederneiras, ambos em São Paulo, não houve o transporte de grão de milho. No caso da soja, a queda foi superior a 50%, dependendo do trecho. O assunto foi abordado em reportagem da edição de agosto da revista CNT Transporte Atual. “Não imaginamos outra alternativa a não ser a volta da chuva na hidrovia. Nossa previsão é de que a situação só se normalize em novembro ou dezembro, quando o volume de água aumenta na região”, declarou o gerente de desenvolvimento e regulação de navegação interior da Antaq, José Renato Fialho. Ele ressaltou que a situação climática acabou gerando desemprego nos portos. Outra consequência foi a migração da carga transportada para as rodovias e ferrovias. Sem concorrência, o valor do transporte ferroviário aumentou consideravelmente. “A situação nas hidrovias gerou um acréscimo de 20 mil caminhões bitrens (com dois semirreboques em uma mesma composição) para transportar a demanda excedente desses produtos agrícolas”, afirmou Adalberto Tokarski, diretor da agência, ao mencionar a alternativa encontrada de escoar a produção também pelas rodovias.

embarcações subirem ou descerem os rios ou mares em locais onde há desnível. No fim do ano passado, o governo de São Paulo iniciou a segunda parte da obra: a eclusa da Penha, que fica em uma região considerada estratégica, entre as rodovias Dutra e Ayrton Senna, ao lado do aeroporto de Guarulhos e da antiga ferrovia que dá acesso ao Vale da Paraíba e ao Rio de Janeiro. Com a conclusão do novo trecho, serão 55 km de navegação possíveis no hidroanel,


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PORTO DE SANTOS/WWW.IMAGENSAEREAS.COM/DIVULGAÇÃO

DRAGAGEM O porto de Santos está entre as áreas de maior concentração de sedimento no Brasil

cerca de um terço dos 180 km previstos inicialmente. Hoje, o rio Tietê já possui 41 km navegáveis. “Com a eclusa da Penha, 5 milhões de metros cúbicos de água serão dragados no rio para formação do canal de navegação. Também será formado um grande lago, que passa a integrar o sistema de combate às enchentes”, afirma Bussinger. Não há previsão para o término total da obra. Dragagem Atualmente, as áreas com maior concentração de sedi-

mento no Brasil são os portos de Santos (SP), Paraty (RJ), Aratu (BA) e Itapoã (SC). Existem vários tipos de depósitos, como areia e argila, por exemplo, que são trazidas por meio da erosão formada a partir da água das chuvas. Mas também existem os sedimentos contaminantes, que são vistos com preocupação por representantes do setor. “Antes de fazermos a dragagem, temos de mapear as áreas, ver a qualidade do material e analisar de que maneira podemos fazer a ex-

O Brasil deveria investir

R$ 6 bi por ano para limpeza dos reservatórios

tração do sedimento”, explicou, durante o evento, o coordenador-geral da Amazônia Legal, da Secretaria de Patrimônio da União, Fernando Campagnoli. Ele afirmou que o Brasil deveria investir, anualmente, R$ 6 bilhões para limpeza dos reservatórios. Só em São Paulo, o custo de limpeza por ano seria de R$ 700 milhões. Outro ponto mencionado no evento foi a resolução do Conama nº 454/2012, que estabelece as diretrizes gerais e os procedimentos necessários para dragagem em território nacional. “A norma introduziu um plano detalhado de retirada de sedimentos no país. Agora, acompanhamos passo a passo a natureza do que é extraído”, disse o diretor de avaliação de impacto ambiental da Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), José Eduardo Bevilacqua. Ele disse que o Brasil passou oito anos sem nenhuma regulamentação sobre o setor, o que poderia explicar o atraso em relação à tecnologia já adotada nos outros países. l


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SUSTENTABILIDADE

Mais forte e

consciente O Despoluir, Programa Ambiental do Transporte, completa 7 anos e consolida ações voltadas à responsabilidade socioambiental POR

setor de transporte está mais forte e mais consciente do seu papel fundamental em busca da sustentabilidade, com a consolidação das ações do programa ambiental lançado há sete anos pela CNT e pelo Sest Senat. O

O

CYNTHIA CASTRO

Despoluir, desenvolvido em diferentes cidades de todo o país, tem mudado as atitudes de muitos transportadores, que passaram a aliar responsabilidade socioambiental a benefícios econômicos em seu trabalho do dia a dia. Desde o início do progra-

ma, em julho de 2007, já foram realizadas mais de 1,1 milhão de aferições de ônibus e de caminhões, contribuindo assim para a menor emissão de poluentes, para a economia de combustível e para a melhoria da imagem do setor. São cerca de 11 mil empresas e 12,7 mil

transportadores autônomos cadastrados. O Projeto de Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos, realizado em parceria com 27 federações de passageiros e de cargas (incluindo os autônomos), é um dos primeiros e principais eixos


FOTOS SERGIO ALBERTO/CNT

do Despoluir. Os técnicos verificam, com base em normas do Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), se a opacidade da fumaça preta emitida por caminhões e ônibus está de acordo com os padrões estabelecidos. Se estiver tudo certo, é

emitido um selo do Despoluir. Se não estiver, as equipes repassam orientações de manutenção para a correção do problema e posterior reavaliação do veículo. Nesses sete anos, a média de aprovação aumentou de 82,4% para 88,87%.

A frota de veículos das unidades de atendimento foi totalmente renovada no último ano. Hoje são 89 veículos novos que levam os equipamentos (opacímetro, tacômetro e computador portátil) para fazer as aferições de caminhões e ônibus.

Em muitas regiões, o selo do Despoluir tem contribuído, inclusive, para validar a contratação de serviços, conforme destaca o presidente da Fetram (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado de Minas Gerais), Waldemar Araújo. Segundo ele, o selo é um diferencial na área de fretamento de ônibus. “Há empresas que só aceitam contratar se o veículo tiver o selo do Despoluir.” Muitas federações participantes realizam premiações anuais para estimular as empresas a manterem seus veículos com a manutenção adequada. O programa também atua em diversas outras frentes, como a busca da melhoria da gestão e eficiência energética, a defesa de um programa nacional de renovação de frota de caminhões, a importância da logística reversa. São realizados, periodicamente, seminários, workshops e discussões sobre temas que envolvem sustentabilidade e transporte e também são produzidos materiais informativos, criando um banco de da-


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ABRANGÊNCIA

Foco na eficiência energética

dos para o setor. Em todas as edições da revista CNT Transporte Atual, são publicados boletins ambientais com dados ambientais. A execução de outros projetos ligados ao Despoluir tem fortalecido a representatividade e a participação do setor de transporte nos debates e nas definições de políticas públicas sustentáveis. Isso tem ocorrido por meio da atuação com o governo federal, meio acadêmico, câmaras técnicas, fóruns e grupos de trabalho voltados à gestão. A atuação pela sustentabilidade é reforçada também com a capacitação de milhares de caminhoneiros autônomos, taxistas e outros trabalhadores do setor por meio do trabalho nas unidades do Sest Senat e de outras ações das federações espalhadas por todo o país. Incentivo Na Cepimar (Federação das Empresas de Transportes Rodoviários dos Estados do Ceará, Piauí e Maranhão), já foram realizados mais de 80 mil testes de veículos desde o iní-

Dois temas têm tido destaque na atuação do Despoluir: a necessidade de se renovar a frota de caminhões do país e a importância da aplicação de medidas de eficiência energética no transporte de cargas e de passageiros. O Brasil tem hoje mais de 230 mil caminhões com mais de 30 anos. Esses veículos têm tecnologia ultrapassada, emitem muitos poluentes, contribuem para aumentar os riscos de acidentes e os congestionamentos porque apresentam defeitos mecânicos com maior frequência. No fim do ano passado, a CNT e outras entidades entregaram ao governo federal uma proposta prevendo a renovação. As medidas, voltadas especialmente para o caminhoneiro autônomo, foram baseadas no RenovAR, o Plano Nacional de Renovação de Frota de Caminhões, desenvolvido pela CNT em 2009.

cio do Despoluir. As ações pela redução de emissão também são complementadas por iniciativas, como a realização de um prêmio anual de melhoria da qualidade do ar. “O processo de conscientização do empresariado do transporte é constante e evolutivo. Temos sentido que cada vez mais o profissionalismo e a visão de futuro estão presentes na prática das em-

O Despoluir também tem incentivado cada vez mais a promoção de ações que estimulem a eficiência energética no setor. Um seminário internacional foi realizado no ano passado, em Brasília, e mostrou diversas iniciativas para a redução do consumo de energia, passando por tecnologia, gestão de frota, melhoria de infraestrutura e treinamento de motoristas. A CNT realizou neste ano a Pesquisa Eficiência Energética no Transporte Rodoviário de Cargas. A ideia é avaliar os resultados para propor mais ações de incentivo à melhoria da eficiência energética de veículos rodoviários de carga no Brasil. No início de setembro, o Despoluir participou de um workshop internacional, em São Paulo, sobre eficiência energética. Foram debatidas experiências de outros países, como China, França, Estados Unidos.

presas. E isso se aplica também à questão ambiental. Projetos muitas vezes simples, mas de grandes resultados, vêm sendo desenvolvidos”, diz o presidente da Cepimar, David Lopes. Segundo ele, tem havido uma busca por capacitação e educação ambiental envolvendo empresários, trabalhadores, comunidade e também por meio de maior parceria

MOBILIZAÇÃO Frota utilizada no


CNT TRANSPORTE ATUAL

programa foi toda renovada; mais de 23 mil transportadores já foram atendidos

com os órgãos ambientais. “Tenho toda a certeza e orgulho em afirmar que muito disso se deve à atuação do programa Despoluir.” Na opinião do presidente da Fetergs (Federação das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio Grande do Sul), Pedro Antonio Teixeira, o Despoluir permite uma avaliação objetiva das emissões de poluentes, indicando a necessidade de mudanças, e estimula outras iniciativas de interesse ambiental, como a reciclagem de lixo e o reúso da água. “A utilização da água da chuva e da reciclagem para a lavagem de ônibus é uma prática que vem crescendo nas empresas. Há uma consciência que se forma. Cada peça que se acrescenta em busca da sustentabilidade desperta o interesse de uma nova atitude. E o Despoluir tem trabalhado nesse sentido de mostrar cada vez mais a importância da sustentabilidade”, afirma Teixeira. Segundo ele, uma lavagem normal de ônibus gasta cerca de 500 litros de água. Com a re-

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ciclagem, é possível reduzir para 50 ou 60 litros. Sobre a redução de emissões, o Despoluir tem mais de cem empresas de passageiros participando com a Fetergs, entre ônibus urbanos, metropolitanos, intermunicipais e de fretamento. Desde o início do programa, foram realizadas mais de 72 mil aferições. Somente neste ano, o número chega a 8.000. Na região da Amazônia, o Programa Ambiental desenvolvido pela CNT também tem contribuído para aumentar a conscientização do setor transportador sobre a importância da sustentabilidade. O coordenador do Despoluir na Fetramaz (Federação das Empresas de Logística, Transporte e Agenciamento de Cargas da Amazônia), Augusto Neto, afirma que hoje os transportadores buscam a entidade para participar do programa com maior frequência. “Mudou muito a mentalidade de todos desde o início da implantação do Despoluir. Há um interesse maior em fazer as aferições”, comenta Augusto Neto. l


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MOBILIDADE

ma tarifa social justa de transporte público urbano não pode comprometer a renda nem deve onerar o trabalhador. É o que avaliam gestores públicos, empresários, parlamentares, especialistas, representantes de movimentos sociais, jornalistas e acadêmicos ouvidos pela NTU (Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos) para a elaboração de uma pesquisa de opinião sobre o transporte urbano de passageiros no país. Os resultados foram apresentados no Seminário Nacional da entidade, que aconteceu em agosto na capital federal, e debateu, além do estudo, as principais demandas sociais relacionadas ao setor. As manifestações de junho de 2013, que caracterizaram, entre outros aspectos, a indignação da sociedade com as tarifas cobradas no transporte público urbano, motivaram a NTU a realizar o trabalho. Os 91 entrevistados apontaram a necessidade de haver gratuidades no transporte público para idosos e estudantes, com rígido controle na concessão, com-

U

Demandas sociais Seminário da NTU debate reinvindicações da população para melhorar o transporte público urbano POR

provação da idade, no caso dos idosos, e de inscrição regular em instituição de ensino, no caso dos estudantes. Também acreditam que a tarifa deve ser subsidiada pelo governo federal. Várias fontes de subvenção do transporte coletivo com orçamento público foram citadas pela pesquisa. No total, 92% dos ouvidos pela entidade avaliam que os estacionamentos públicos poderiam ser cobrados, 85% acreditam que o

EVIE GONÇALVES

governo deveria taxar a gasolina, 65% pensam que uma saída é a cobrança de pedágio urbano nas áreas centrais das grandes cidades e 52% disseram que a solução é aumentar o IPTU dos imóveis mais caros. Uma mesma pergunta permitia múltiplas respostas. De acordo com os dados, entre os principais atributos para um transporte de qualidade estão regularidade do serviço (cumprimento de horário), tempo

total da viagem, incluindo o de espera, segurança no exterior e interior dos veículos, gentileza e educação dos funcionários, informações aos usuários nos terminais e veículos, assim como a limpeza e iluminação deles. Em relação à mobilidade urbana, representantes do setor, em sua maioria, julgam os sistemas de alta capacidade, como o BRT (Bus Rapid Transit) e o metrô primordiais. As faixas exclusivas para ôni-


SÉRGIO ALBERTO/CNT

MOVE Corredores exclusivos de BH contemplam 390 mil pessoas por dia

bus e a adoção de tecnologias, como sistemas inteligentes de transporte e bilhetagem eletrônica, também são consideradas importantes para a qualidade do transporte. A pesquisa revela ainda que 81% dos entrevistados acreditam que a população está mais preocupada com os reajustes dados ao transporte público do que com as contas de água, luz e telefone, por exemplo. A principal razão é porque se trata de um custo diário, ou

seja, mais perceptível do que os gastos mensais de outros serviços, diluídos ao longo do tempo. “Precisamos melhorar consideravelmente a qualidade do transporte público. As avenidas no Brasil estão congestionadas de tantos veículos. É preciso fazer com que as viagens de ônibus sejam mais rápidas. Assim, o usuário do carro certamente vai querer experimentar o transporte público como ocorre no mundo todo”, afirmou o

presidente da NTU, Otávio Cunha, durante o evento. Em seu discurso na abertura do seminário, o ministro das Cidades, Gilberto Occhi, ressaltou o que tem sido feito pelo governo, como por exemplo o compromisso com a criação do PAC da Mobilidade, com investimento de R$ 143 bilhões para o setor. “Vamos continuar trabalhando para buscar uma condição melhor de vida para a população brasileira e nossa meta só será

cumprida quando todos, sem distinção de classe e renda, usarem o transporte público", garantiu. Gilberto Perre, secretário executivo da Frente Nacional de Prefeitos, afirmou que atender às demandas sociais no que se refere ao transporte coletivo urbano requer medidas, como a instituição de um conselho em cada região do país e a aprovação da proposta que cria o Reitup (Regime Especial de Incentivos para o Transporte Coletivo Ur-


bano e Metropolitano de Passageiros), que permite a queda no valor das tarifas. Ele também defende que parte da cobrança da Cide Combustíveis, um recurso próprio do setor de infraestrutura de transportes, que está suspenso desde junho de 2012, fique para os municípios investirem em projetos de mobilidade urbana. De acordo com o diretor de Juventude da Conam (Confederação Nacional das Associações de Moradores), Getúlio Vargas, o primeiro passo para atender aos anseios da sociedade é ouvir a população organizada, dentro dos conselhos dos transportes e das cidades. "O nosso desafio é muito grande porque precisamos mudar a cultura da população. Isso se dará com o envolvimento dos diversos segmentos, inclusive do setor público. Temos de colocar o transporte coletivo no mesmo patamar das infraestruturas básicas", argumentou. BRT Um dos principais assuntos discutidos no seminário foi a necessidade de implementação do BRT em grandes cidades do país para desafogar o tráfego nessas regiões. São sistemas de transporte em que os ônibus circulam em uma rede de canaletas exclusivas com atributos especiais, como possibilidade de ultrapassagem, embarque em nível,

SEMINÁRIO Painel de abertura debateu

“É preciso fazer com que as viagens de ônibus sejam mais rápidas” OTÁVIO CUNHA, PRESIDENTE DA NTU

acessibilidade universal, veículo articulado e pagamento em bilheterias fora dos veículos. Entre as vantagens, o BRT custa de quatro a 20 vezes menos que os sistemas de VLT (Veículos Leves sobre Trilhos) e entre dez e cem vezes menos que a implantação de uma rede de metrô. O sistema tem capacidade para transportar até 45 mil passageiros por hora, possui integração com outros modais, como metrô, VLT e bicicletas, além de um centro de controle operacional que realiza o monitoramento contínuo da frota via GPS e câmeras integradas. Os usuários possuem o benefício da redução do tempo de viagem e da

espera nos pontos de parada, além do pagamento das tarifas nas estações de embarque. O Brasil já possui 45 projetos de BRT, incluindo cidades, como Goiânia, Curitiba, Brasília, São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. “Temos de mudar um paradigma de mobilidade e rever o modelo do carro. A maioria da população atualmente usa o transporte público. Precisamos fazer com que a parcela que prefere os automóveis migre também. O BRT é uma das peças desse mosaico”, acredita Clarisse Linke, diretora do ITDP (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento).


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FOTOS NTU/DIVULGAÇÃO

pesquisa sobre demandas sociais

No Rio de Janeiro, já existem dois corredores do BRT em funcionamento: o Transoeste, desde 2012, e o Transcarioca, inaugurado em junho deste ano. O primeiro liga a Barra da Tijuca a Santa Cruz e tem 56 quilômetros de extensão, 57 estações, 191 veículos e 3 milhões de passageiros transportados por mês. Já o segundo vai da Barra da Tijuca ao Aeroporto Internacional Tom Jobim, passando por 27 bairros e fazendo integração com o metrô e o trem. Quando suas 47 estações e 147 veículos estiverem em pleno funcionamento, os cerca de 320 mil usuários que serão transpor-

TRANSCARIOCA Corredor inaugurado este ano liga a Barra da Tijuca ao aeroporto Galeão

No RJ, os corredores de BRT transportam mais de

3 milhões

de passageiros por mês

tados por mês irão economizar até 60% do seu tempo. Existem ainda outros dois corredores previstos para serem concluídos até 2016. São eles, Transolímpica, que vai ligar a Barra da Tijuca a Deodoro e Transbrasil, interligando o centro e Deodoro. Juntos, os quatro sistemas formam a Rede Integrada de Mobilidade. “A intenção é que trens, metrôs, barcas e BRT estejam conectados até 2018. Queremos extrair o máximo do sistema já na Olimpíada”, afirmou o presidente da Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro), Lélis Teixeira.

Em Belo Horizonte, o sistema de BRT Move já está plenamente em funcionamento desde março deste ano. No total, 390 mil pessoas são contempladas diariamente. São cinco estações de integração, três com o metrô e duas com corredores exclusivos. “É possível ir do extremo norte ao extremo sudeste da cidade com uma única passagem. O belo-horizontino teve uma redução de até 50% no tempo de viagem em um sistema mais eficiente, com um trânsito bem menor”, comemorou Ramon Victor, presidente da BHTrans (Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte). l


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Presente aos trabalhadores Sest Senat realiza shows musicais em todo o Brasil para comemorar 20 anos de atuação. Até o fim do ano, serão mais de 50 apresentações POR

ara agradecer a confiança dos trabalhadores do setor de transporte nessas duas décadas de atuação, o Sest Senat realiza uma extensa programação com shows musicais em todo o Brasil. Até o fim do ano, serão mais de 50 apresentações gratuitas das duplas sertanejas Alan & Alex e César Menotti & Fabiano.

P

LIVIA CEREZOLI

Neste mês de setembro, serão realizados shows em Palmas (TO), Rio de Janeiro (RJ), Divinópolis, Santana do Paraíso (MG), Juiz de Fora (MG), Guarulhos (SP), Sobral (CE) e Curitiba (PR). Em outubro, estão programadas mais oito apresentações. Em algumas cidades acontecem shows duas duplas (veja na página 63 o calendário com as datas). A programa-

ção completa das apresentações está no site do Sest Senat (www.sestsenat.org.br). Com a realização dos shows, o Sest Senat contribui para o bem-estar dos trabalhadores em transporte, proporcionando a eles um momento de lazer e descanso das suas atividades rotineiras. Além disso, é uma forma de agradecimento da ins-


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EDNEY CARVALHO/SEST SENAT/DIVULGAÇÃO

SHOWS PELO BRASIL Veja as datas e os locais das próximas apresentações AGENDA Data

Cidade

Apresentação

7/9

Palmas (TO)

Alan & Alex

14/9

Rio de Janeiro (RJ)

Alan & Alex / César Menotti & Fabiano

19/9

Divinópolis (MG)

Alan & Alex

20/9

Santana do Paraíso (MG)

Alan & Alex

21/9

Juiz de Fora (MG)

Alan & Alex

24/9

Guarulhos (SP)

Alan & Alex / César Menotti & Fabiano

26/9

Sobral (CE)

Alan & Alex

28/9

Curitiba (PR)

Alan & Alex / César Menotti & Fabiano

3/10

Teresina (PI)

Alan & Alex

9/10

Caruaru (PE)

Alan & Alex / César Menotti & Fabiano

10/10

Ribeirão Preto (SP)

Alan & Alex

14/10

Luziânia (GO)

César Menotti & Fabiano

15/10

Goiânia (GO)

César Menotti & Fabiano

16/10

Brasília (DF)

Alan & Alex / César Menotti & Fabiano

19/10

Recife (PE)

Alan & Alex

24/10

Rio Claro (SP)

Alan & Alex Fonte: Sest Senat

SUCESSO Shows da dupla Alan & Alex empolgam público do Sest Senat

tituição pela confiança desses trabalhadores nos serviços prestados ao longo de todos esses anos. A dupla Alan & Alex, de Belo Horizonte (MG), está na estrada desde 2004. Com três CDs lançados, os sertanejos viraram febre nos carnavais fora de época do país com o projeto Alan & Alex Elétrico.

Em 2012, gravaram o primeiro DVD, “A Pressão do Brasil”, com participações de Edson e Hudson, Marcelinho de Lima e Camargo e Alexandre Peixe. A dupla realiza uma média de 20 shows por mês em todo o Brasil e já fez turnês pela Europa e pelos Estados Unidos. Com dez anos de carreira, a dupla César Menotti & Fabiano


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MARCOS HERMES/DIVULGAÇÃO

HISTÓRIA César Menotti & Fabiano já têm dez anos de carreira

Em Montes Claros,

12 mil pessoas participaram do show

já vendeu quase 1 milhão de cópias. Os irmãos também começaram a ganhar espaço nos bares da noite belo-horizontina, e a projeção nacional veio, em 2005, com o lançamento do CD “Palavras de Amor”, com músicas que até hoje fazem sucesso, como “Leilão” e “Anjo”. Em 2009, a dupla recebeu o Grammy Latino na categoria melhor álbum de música romântica com o CD “Com Você”. A programação de shows do Sest Senat teve início em agosto, quando foram realizadas dez apresentações da du-

pla Alan & Alex. Na região Centro-Oeste, as apresentações aconteceram em Anápolis e Goiânia (GO), Brasília, no Distrito Federal, e Cuiabá e Rondonópolis (MT). Milhares de trabalhadores do setor cantaram os sucessos com a dupla. Minas Gerais recebeu duas apresentações. Em Montes Claros, o evento foi realizado dentro da programação da 175ª Festa de Agosto e do 36º Festival Folclórico da cidade. Mais de 12 mil pessoas estiveram presentes na praça da Matriz. “Foi tudo mágico, indescritível. Não pode-

ríamos nem de longe imaginar o quanto é caloroso e animado o pessoal aqui de Montes Claros”, disse Alex após o show. Em Uberlândia, o show encerrou um dia todo de atividades voltadas para o cuidado da saúde e do bem-estar dos trabalhadores do setor. Profissionais do Sest Senat prestaram diversos atendimentos e deram orientações na praça Sérgio Pacheco. Capitais da região Norte do país, como Manaus (AM), Rio Branco (AC) e Porto Velho (RO), também receberam os shows da dupla no mês de agosto. l


FETRANCESC/DIVULGAÇÃO

INAUGURAÇÃO Representantes do setor e autoridades participam de cerimônia na nova unidade do Sest Senat

DA

REDAÇÃO

ara ampliar a sua rede de atendimento ao trabalhador em transporte, o Sest Senat inaugurou uma nova unidade em Três Barras, Santa Catarina. A cerimônia foi realizada no dia 22 de agosto e contou com a presença de representantes do setor, dos trabalhadores e de autoridades locais. A unidade vai oferecer qualificação e atualização profissional de qualidade e atendimentos na área de saúde para os trabalhadores e seus dependentes. Com a nova sede, o Sest Senat passa a contar agora com 11 unidades no Estado de Santa Catarina e 147 em todo o país. O presidente do Conselho Regional do Sest Senat e da Fetrancesc (Federação das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Santa Catarina), Pedro Lopes, enfatizou a necessidade de investir em melhorias no setor de transporte, principalmente investindo em mão de obra. “O setor de transporte movimenta 100% da economia do Estado de Santa Catarina. E é por isso que devemos

P

Rede ampliada Sest Senat inaugura unidade em Três Barras, Santa Catarina, para oferecer ainda mais qualidade de vida e qualificação para os profissionais do transporte estar empenhados em desenvolver projetos na área da mobilidade urbana, de infraestrutura e de qualificação de profissionais. Temos de preparar a cidade para o futuro e isso começa agora, em oportunidades como essa.” Na cerimônia, o presidente do Sindivale (Sindicato das Empresas de Transporte do Vale do Canoinhas), Nestor Ferens, disse que a nova unidade era o resultado de um esforço conjunto entre poder público e iniciativa privada. “Esse é

um dia especial para nós transportadores. Todos da região serão beneficiados com essa unidade.” Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Transporte de Canoinhas, Ézio Rodrigues, o Sest Senat Três Barras irá permitir que trabalhadores tenham seu espaço de aprendizagem e qualificação, aumentando as possibilidades de ganhar melhores salários. “Não tenho dúvida que o Sest Senat vai cuidar da saúde do trabalhador. Estamos engajados

na campanha dessa entidade no sentido de profissionalizar o nosso motorista”, disse ele. O prefeito da cidade, Elói Queje, destacou que esse é o primeiro estabelecimento inaugurado, em sua gestão, voltado para qualificar a mão de obra local e da região. “Essa é mais uma conquista. O nosso único objetivo é proporcionar educação e oferecer melhores condições de vida aos três-barrenses”, afirmou. l (Com informações da Fetrancesc)


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Bem-estar

e qualidade de vida Sest Senat realiza novas etapas do Circuito de Caminhada e Corrida de Rua pelo Brasil POR

roporcionar mais qualidade de vida e incentivar a prática esportiva entre os trabalhadores do setor de transporte. Esse é o objetivo principal do Circuito Sest Senat de Caminhada e Corrida de Rua. Neste mês de setembro, mais duas etapas do

P

LIVIA CEREZOLI

projeto estavam previstas. O evento faz parte das ações realizadas para comemorar os 20 anos de atuação da instituição, em todo o país, em prol do trabalhador em transporte. Em Campo Grande (MS), a prova estava marcada para o dia 14. Em Chapecó (SC), o circuito

acontece dia 28 de setembro. Com o circuito, o Sest Senat busca incentivar a prática de exercícios, fundamental para a saúde e o bem-estar físico e mental, prevenindo e controlando doenças, aliviando ou combatendo o estresse, exercendo efeitos no convívio social dos trabalhado-


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FOTOS SERGIO ALBERTO/CNT

BRASÍLIA Etapa realizada na capital federal abriu o circuito organizado pelo Sest Senat


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AGENDE-SE Confira mais informações sobre o Circuito ETAPA CHAPECÓ (SC) Prova: 28/9, às 8h, na avenida Getúlio Vargas Retirada dos kits e dos chips: 26/9, das 13h30 às 17h, e 27/9, das 9h às 17h, na unidade do Sest Senat (avenida Leopoldo Sander, 3.500 D, Engenho Braun) PRÓXIMAS ETAPAS Dia 9/11 30/11 7/12 21/12

Etapa Campos dos Goytacazes (RJ) Ribeirão Preto (SP) Cariacica (ES) Recife (PE)

CATEGORIAS Prova de caminhada • Inscrições gratuitas para todos os participantes Prova de corrida • Inscrições gratuitas: beneficiários cadastrados no Sest Senat (como aposentado de empresa de transporte, proprietário de empresa do transporte, trabalhador de empresa e autônomo) e funcionários do Sest Senat • Inscrições no valor de R$ 25: público em geral Fonte: Sest Senat

res do setor de transporte e da população em geral. Todas as etapas têm provas de 5 km e 10 km para corrida e 2 km para caminhada. A inscrição para as provas de corrida é gratuita para os trabalhadores autônomos ou contratados, aposentados e proprietários de empresas do setor de transporte e funcionários do Sest Senat. A taxa para o público em geral é de R$ 25. A inscrição para a caminhada é gratuita para to-

Em Brasília,

3.400

pessoas participaram da prova

dos os públicos. Os participantes do circuito de corrida recebem kit contendo camiseta de poliamida, toalha, squeeze, mochila, porta-celular e medalha de participação. As inscrições para todas as etapas podem ser feitas pela internet (http:// corrida.sestsenat.org.br). Em Chapecó, a prova acontece na avenida Getúlio Vargas, com largada em frente à Catedral, às 8h. A entrega dos kits e dos chips na cidade está mar-

cada para o dia 26 de setembro, das 13h30 às 17h, e 27 de setembro, das 9h às 17h, na própria unidade. E já tem equipe se preparando para a prova. O Sest Senat de Chapecó, por exemplo, organizou um grupo formado por profissionais da área da saúde, que atuam na unidade, como nutricionista, fisioterapeuta, educador físico e instrutor de esporte, para passar orientações a quem está ini-


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“Queremos incentivar os trabalhadores do setor a praticar exercícios e a conquistar uma melhor qualidade de vida” BELO HORIZONTE Prova aconteceu na orla da Lagoa da Pampulha

ciando as atividades físicas. O grupo se reúne, duas vezes por semana, em um parque da cidade por aproximadamente uma hora e meia. Os interessados em participar devem procurar a unidade. “Nossa ideia é passar as principais dicas sobre preparo físico e alimentação. Queremos incentivar os trabalhadores do setor e toda a comunidade a praticar exercícios e a conquistar uma melhor qualidade de vida”, afir-

ma Geila Beck, diretora do Sest Senat de Chapecó. Até o fim deste ano, oito cidades terão recebido o projeto. As próximas etapas serão realizadas em Campos dos Goytacazes (RJ), Recife (PE) e Cariacica (ES) (veja na página 68 o calendário com as datas). A primeira etapa aconteceu dia 17 de agosto, em Brasília, (DF), e 3.400 pessoas movimentaram o Parque da Cidade Dona Sarah Kubitschek. No dia

GEILA BECK, DIRETORA DO SEST SENAT DE CHAPECÓ

31 de agosto foi a vez de Belo Horizonte (MG) receber o circuito. A prova foi realizada na Lagoa da Pampulha e contou com a participação de mais de 2.400 pessoas. Lucas Silva de Souza é assistente administrativo de uma empresa de transporte de passageiros no Distrito Federal e venceu a prova de 10 km na categoria beneficiários da etapa de Brasília. “Corro há 11 anos, mas nunca tinha ganha-

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do nenhuma prova. Estou muito satisfeito. Não esperava chegar tão bem. Essa foi a minha melhor corrida.” Segundo ele, a realização do Circuito Sest Senat incentiva, principalmente, os trabalhadores do setor de transporte, que passam grande parte do dia sentados, a iniciarem uma atividade física regular. “Correr faz bem para a saúde, e todo mundo deveria começar.” O segundo colocado e também assistente administrativo de uma empresa de transporte de passageiros na capital do país, Márcio Luiz Vieira, sempre gostou de praticar exercícios e começou a correr há cinco anos. De acordo com ele, a prática da atividade física, além da saúde, proporciona mais disposição no trabalho e favorece as amizades. “Hoje, tenho mais ânimo para trabalhar e muito mais amigos. A corrida é boa também por isso”, diz ele. Uma das vantagens do circuito, organizado pelo Sest Senat, destacada por Vieira, é o fato de a inscrição ser gratuita para os trabalhadores do setor. “Geralmente as provas têm valores altos. Na do Sest Senat, além do valor em conta para o público geral, nós trabalhadores não pagamos nada. É um incentivo a mais.” l


Estat铆stico, Econ么mico, Despoluir e Ambiental


FERROVIÁRIO MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM Total Nacional Total Concedida Concessionárias Malhas concedidas

30.129 28.190 11 12

BOLETIM ESTATÍSTICO RODOVIÁRIO MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM TIPO

PAVIMENTADA

NÃO PAVIMENTADA

TOTAL

66.275 110.842 26.827 203.943

12.793 111.334 1.234.918 1.359.045

79.068 222.176 1.261.745 128.815 1.691.804

Federal Estadual Municipal Rede Planejada Total

MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KM Adminstrada por concessionárias privadas 15.454 Administrada por operadoras estaduais 1.195 FROTA DE VEÍCULOS Caminhão Cavalo mecânico Reboque Semi-reboque Ônibus interestaduais Ônibus intermunicipais Ônibus fretamento Ônibus urbanos Nº de Terminais Rodoviários

2.518.220 553.180 1.106.956 807.171 17.340 57.000 25.852 107.000 173

AQUAVIÁRIO INFRAESTRUTURA - UNIDADES Terminais de uso privativo misto Portos

37

MATERIAL RODANTE - UNIDADES Vagões Locomotivas

101.916 3.211

PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total Críticas

12.289 2.659

VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONAL Brasil EUA

25 km/h 80 km/h

AEROVIÁRIO AERÓDROMOS - UNIDADES Aeroportos Internacionais Aeroportos Domésticos Outros aeródromos - públicos e privados

37 29 2.471

AERONAVES REGISTRADAS NO BRASIL - UNIDADES Transporte regular, doméstico ou internacional Transporte não regular: táxi aéreo Privado Outros Total

669 1.579 8.825 8.328 19.401

MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS MODAL

176

HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA Vias Navegáveis Vias economicamente navegadas Embarcações próprias

11.953 7.427 1.674 7.136 28.190

122

FROTA MERCANTE - UNIDADES Embarcações de cabotagem e longo curso

MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KM ALL do Brasil S.A. FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A. MRS Logística S.A. Outras Total

41.635 20.956 1.944

MILHÕES

(TKU)

PARTICIPAÇÃO

(%)

Rodoviário

485.625

61,1

Ferroviário

164.809

20,7

Aquaviário

108.000

13,6

Dutoviário

33.300

4,2

Aéreo

3.169

0,4

Total

794.903

100


72

CNT TRANSPORTE ATUAL

SETEMBRO 2014

BOLETIM ECONÔMICO

R$ bilhões

INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE* Investimentos em transporte da União por Modal (total pago acumulado - até julho/2014 (R$ 6,11 bilhões)

Investimentos em Transporte da União (Orçamento Fiscal) (dados atualizados julho/2014)

25 20 15 10 5 0

1,12 (18,2%)

16,24 6,11

4,83

1,28

4,71 (77,1%) 0,07 (1,1%)

Autorizado Valores Pagos do Exercício Total Pago Restos a Pagar Pagos Obs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos de anos anteriores

0,21 (3,4%)

RECURSOS DISPONÍVEIS E INVESTIMENTO FEDERAL ORÇAMENTO FISCAL E ESTATAIS (INFRAERO E CIA DOCAS) (R$ milhões correntes - até julho de 2014)

Aquaviário

Ferroviário

Aéreo

CONJUNTURA MACROECONÔMICA - AGOSTO/2014

Recursos Disponíveis 16.236,75 2.962,78 19.199,53

Autorizado União Dotação das Estatais (Infraero e Cia Docas) Total de Recursos Disponíveis Investimento Realizado Rodoviário Ferroviário Aquaviário (União + Cia Docas) Aéreo (União + Infraero) Investimento Total (Total Pago)

Rodoviário

4.707,45 1.117,38 216,19 891,30 6.932,30

Fonte: Orçamento Fiscal da União (SIGA BRASIL - Senado Federal); Orçamento de Investimentos das Empresas Estatais (MPGO/DEST). Notas: (A) A) Dados atualizados até 30.07.2014 (SIGA BRASIL). (B) Para fins de cálculo do investimento realizado, utilizou-se o filtro GND = 4 (investimento) Nota sobre a CIDE: Até o boletim econômico de março de 2013, a CNT realizava o acompanhamento da arrecadação e do investimento com recursos da CIDE-combustíveis, Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, criada pela Lei 10.336, de 19/12/2001. Esse acompanhamento deixou de ser realizado, já que a alíquota da CIDE foi reduzida a zero pelo Decreto nº 7.764, de junho de 2012. Os recursos da CIDE eram destinados aos seguintes fins: (a) ao pagamento de subsídios a preços ou transporte de álcool combustível, gás natural e seus derivados e derivados de petróleo; (b) ao financiamento de projetos ambientais relacionados com a indústria do petróleo e do gás; e (c) ao financiamento de programas de infraestrutura de transportes.

2013 PIB (% cresc a.a.)1 Selic (% a.a.)2 IPCA (%)3 Balança Comercial6 Reservas Internacionais4 Câmbio (R$/US$)5

Acumulado Expectativa Expectativa em 2014 para 2014 para 2015

2,50 10,00 5,91 2,55

1,92* 11,00 3,75 -0,92

0,86 11,00 6,39 2,00

1,50 12,00 6,24 8,50

375,79

376,79

-

-

2,29

2,44

2,34

2,26

Fontes: Receita Federal, SIGA BRASIL - Senado Federal, IBGE e Focus (Relatório de Mercado 01/08/14), Banco Central do Brasil. Observações: (1) Expectativa de crescimento do PIB para 2014 e 2015 - O valor de crescimento do PIB 2013 foi revisado pelo IBGE de 2,3% para 2,5%. (2) Taxa Selic conforme Copom 16/07/2014 e Boletim Focus. (3) Inflação acumulada no ano e em 12 meses até julho/2014 e expectativas segundo o Boletim Focus. (4) Posição Dezembro/2013 e Julho/2014 em US$ bilhões. (5) Câmbio de fim de período divulgado em 31/07/2014, média entre compra e venda. (6) Saldo da balança comercial até julho/2014. * A taxa de crescimento do PIB para 2014 diz respeito ao desempenho econômico no primeiro trimestre de 2014 (janmar 2014).

EVOLUÇÃO DO INVESTIMENTO FEDERAL EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE 16,0 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0 2009 Investimento Total

ORÇAMENTO FISCAL DA UNIÃO E ORÇAMENTO DAS ESTATAIS (INFRAERO E CIA DOCAS) (valores em R$ bilhões correntes) 2009 2010 2011 2012 7,8 10,3 11,2 9,4 Rodoviário 1,0 2,5 1,6 1,1 Ferroviário 1,3 1,0 0,8 Aquaviário (União + Cia Docas) 1,3 0,5 0,7 1,2 1,4 Aéreo (União + Infraero) 10,6 14,8 15,0 12,7 Investimento Total

2010

2011 Rodoviário

Ferroviário

2012 Aquaviário

2013 Aéreo

2013 8,4 2,3 0,6 1,8 13,1

Fonte: Orçamento Fiscal da União (SIGA BRASIL - Senado Federal) e Orçamento de Investimentos das Empresas Estatais (DEST-MPOG).

8

R$ bilhões correntes

Orçamento Fiscal da União e Orçamento das Estatais (Infraero e Cia Docas)

* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br


REGIÕES3

Estados

INVESTIMENTO PÚBLICO FEDERAL EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE POR ESTADOS E REGIÕES (valores em R$ milhões correntes)1 Orçamento Fiscal (total pago2 por modal de transporte) Acre Alagoas Amazonas Amapá Bahia Ceará Distrito Federal Espírito Santo Goiás Maranhão Minas Gerais Mato Grosso do Sul Mato Grosso Pará Paraíba Pernambuco Piauí Paraná Rio de Janeiro Rio Grande do Norte Rondônia Roraima Rio Grande do Sul Santa Catarina Sergipe São Paulo Tocantins Centro Oeste Nordeste Norte Sudeste Sul Nacional Total

Rodoviário 29,19 152,73 20,92 49,98 229,84 141,34 0,00 17,57 38,73 253,64 220,21 511,78 92,11 303,56 56,60 0,00 0,00 259,75 60,82 186,47 92,52 204,31 155,86 57,13 174,83 83,19 620,27 415,45 0,00 67,10 0,00 143,74 67,81 4.707,45

Ferroviário 0,00 0,00 0,00 0,00 429,28 0,00 0,00 0,00 0,00 447,90 0,00 74,36 0,18 0,00 84,43 0,21 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,03 3,71 0,00 0,00 0,00 0,91 0,00 0,00 0,00 0,00 71,90 4,47 1.117,38

Aquaviário 0,00 0,00 14,78 0,00 0,00 2,00 0,00 0,00 18,31 0,00 9,73 2,03 0,00 0,00 14,07 0,00 0,43 0,20 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,09 1,90 0,00 0,00 0,00 10,77 0,00 75,31

Aéreo 0,67 0,10 3,02 0,30 0,91 0,30 1,80 0,00 0,05 0,12 0,88 1,15 0,14 2,36 164,54 0,19 8,14 5,31 0,09 0,62 0,55 0,55 1,30 0,02 1,85 0,34 0,38 0,31 8,41 0,08 0,12 0,92 0,27 205,78

Total 29,86 152,83 38,73 50,28 660,02 143,65 1,80 17,57 57,09 701,65 230,82 589,31 92,43 305,92 319,65 0,40 8,56 265,26 60,91 187,10 93,06 204,89 160,86 57,15 176,68 83,53 622,65 417,65 8,41 67,19 0,12 227,33 72,54 6.105,90

Maiores Desembolsos4 (total pago acumulado até julho - 2014)5 Ordem 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º

Ações orçamentárias7

Ranking

Manutenção de trechos rodoviários na região Nordeste Manutenção de trechos rodoviários na região Sudeste Manutenção de trechos rodoviários na região Norte Manutenção de trechos rodoviários na região Centro-Oeste Adequação de trecho rodoviário - Porto Alegre - Pelotas - na BR-116 - no Estado do Rio Grande do Sul Adequação de trecho rodoviário - Palhoça - divisa SC/RS - na BR-101 - no Estado de Santa Catarina Manutenção de trechos rodoviários na região Sul Construção da ferrovia de integração Oeste-Leste - Ilhéus - Caetité - no Estado da Bahia Construção da ferrovia Norte-Sul - Ouro Verde de Goiás - São Simão - GO Construção da ferrovia de integração Oeste-Leste - Ilhéus - Caetité - BA Total Part. (%) no total pago do orçamento fiscal da união até junho Elaboração: Confederação Nacional do Transporte Dados atualizados até 30.07.2014 (SIGA BRASIL).

R$ milhões6 501,14 434,09 375,68 252,19 220,70 219,11 206,80 205,11 181,68 178,09 2.774,60 45,4%

Notas: (1) Foram utilizados os seguintes filtros: função (26), subfunção (781=aéreo, 782=rodoviário, 783=ferroviário, 784=aquaviário), GND (4=investimentos). Para a subfunção 781 (aéreo), não foi aplicado nenhum filtro para a função. Fonte: SIGA BRASIL (Execução do Orçamento Fiscal da União). (2) O total pago é igual ao valor pago no exercício acrescido de restos a pagar pagos. (3) O valor investido em cada região não é igual ao somatório do valor gasto nos respectivos estados. As obras classificadas por região são aquelas que atendem a mais de um estado e por isso não foram desagregadas. Algumas obras atendem a mais de uma região, por isso recebem a classificação Nacional. (4) As obras foram classificadas pelo critério de maior desembolso (Valor Pago + Restos a Pagar Pagos) em 2014. (5) Ações de infraestrutura de transporte contempladas com os maiores desembolsos do Orçamento Fiscal da União no acumulado de janeiro a julho de 2014. (6) Os valores expressos na tabela dizem respeito apenas ao total pago pela União no período em análise. Não foram incluídos os desembolsos realizados pelas Empresas Estatais. (7) As ações orçamentárias são definidas como operações das quais resultam produtos (bens ou serviços) que contribuem para atender o objetivo de um programa segundo o Manual Técnico de Orçamento 2014.

Para consultar a execução detalhada, acesse o link http://www.cnt.org.br/Paginas/Boletim-economico.aspx


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CNT TRANSPORTE ATUAL

SETEMBRO 2014

BOLETIM DO DESPOLUIR DESPOLUIR

PROJETOS

A Confederação Nacional do Transporte (CNT) e o Sest Senat lançaram em 2007 o Programa Ambiental do Transporte - DESPOLUIR, com o objetivo de promover o engajamento de empresários, caminhoneiros autônomos, taxistas, trabalhadores em transporte e da sociedade na construção de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.

• Redução da emissão de poluentes pelos veículos • Incentivo ao uso de energia limpa pelo setor transportador • Aprimoramento da gestão ambiental nas empresas, garagens e terminais de transporte • Cidadania para o meio ambiente

RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS ESTRUTURA

NÚMEROS DE AFERIÇÕES 2014

2007 A 2013

ATÉ JUNHO

JULHO

101.268

16.199

1.033.455 Aprovação no período 88,87%

91,08%

TOTAL 1.150.922

86,58%

89,03%

Federações participantes

21

Unidades de atendimento

82

Empresas atendidas

11.027

Caminhoneiros autônomos atendidos

12.683

PUBLICAÇÕES DO DESPOLUIR

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES Para participar do Projeto Redução da Emissão de Poluentes pelos Veículos, entre em contato com a Federação que atende o seu Estado.

Carga (empresas)

FEDERAÇÃO FETRAMAZ FETRACAN FETRABASE FENATAC FETRANSPORTES FETCEMG FETRANSPAR FETRANSCARGA FETRANSUL FETRANCESC FETCESP

Carga (autônomos)

FECAM-SP

Passageiros

FETRANORTE FETRONOR FETRABASE CEPIMAR FETRASUL FETRANSPORTES FETRAM FETRAMAR FEPASC FETRANSPOR FETERGS

UFs ATENDIDAS

TELEFONE

AC, AM, AP, PA, RO e RR AL, CE, MA, PB, PE, PI e RN BA e SE DF, GO, MS, MT e TO ES MG PR RJ RS SC SP

92.3658-6080 81.3441-3614 71.3341-6238 61.3361-5295 27.2125-7643 31.3490-0330 41.3333-2900 21.3869-8073 51.3374-8080 48.3248-1104 11.2632-1010

SP

19.3585-3345

AC, AM, AP, PA e RR AL, PB, PE e RN BA e SE CE, MA e PI DF, GO, SP e TO ES MG MS, MT e RO PR e SC RJ RS

92.3584-6504 84.3234-2493 71.3341-6238 85.3261-7066 62.3233-0977 27.2125-7643 31.3274-2727 65.3027-2978 41.3244-6844 21.3221-6300 51.3228-0622

A pesquisa “Caminhoneiros no Brasil - Relatório Síntese de Informações Ambientais” apresenta a realidade e as necessidades de um dos principais agentes do setor de transporte. Informações econômicas, financeiras, sociais e ambientais, além de dados relacionados à frota, como distribuição e idade média; características dos veículos e dos deslocamentos; intensidade de uso e autonomia (km/l) da frota permitem aprofundar os conhecimentos relativos ao setor de transporte rodoviário.

8

SETOR

Conheça abaixo duas das diversas publicações ambientais que estão disponíveis para download no site do DESPOLUIR:

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br

O governo brasileiro adotou o biodiesel na matriz energética nacional, através da criação do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel e da aprovação da Lei n. 11.097. Atualmente, todo o óleo diesel veicular comercializado ao consumidor final possui biodiesel. Essa mistura é denominada óleo diesel B e apresenta uma série de benefícios ambientais, estratégicos e qualitativos. O objetivo desta publicação é auxiliar na rotina operacional dos transportadores, apresentando subsídios para a efetiva adoção de procedimentos que garantam a qualidade do óleo diesel B, trazendo benefícios ao transportador e, sobretudo, ao meio ambiente.


CNT TRANSPORTE ATUAL

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SETEMBRO 2014

CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL

BOLETIM AMBIENTAL

CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE (em milhões de m3)

EMISSÕES DE CO2 POR SETOR CO2 t/ANO 1.202,13 140,05 136,15 48,45 47,76 1.574,54

SETOR

Mudança no uso da terra Industrial* Transporte Geração de energia Outros setores Total

(%) 76,35 8,90 8,65 3,07 3,03 100,00

PARTICIPAÇÃO

Rodoviário Aéreo Outros meios Total

2011

2012

2013

VOLUME

VOLUME

VOLUME

Rodoviário

38,49

34,46

36,38

38,60

40,61

Ferroviário

0,83

1,08

1,18

1,21

1,20

Hidroviário

0,49

0,14

0,14

0,16

0,18

39,81

35,68

37,7

39,97

41,99

CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões de m3)* TIPO 2009 2010 2011 2012 2013 2014** (junho)

EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE CO2 t/ANO 123,17 7,68 5,29 136,15

2010 VOLUME

Total

*Inclui processos industriais e uso de energia

MODAL

2009 VOLUME

MODAL

EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL (EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA)

Diesel

(%) 90,46 5,65 3,88 100,00

44,29

49,23

52,26

55,90

58,49

28,64

Gasolina 25,40

29,84

35,49

39,69

41,36

21,50

Etanol

15,07

10,89

9,85

11,75

6,02

PARTICIPAÇÃO

EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO OTTO*

EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO DIESEL

80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%

CO2 NOx NMHc CO CH4

16,47

* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc). ** Dados atualizados em 04 de agosto de 2014.

60% 50% 40% CO2 NOx CO NMHc MP

30% 20% 10% 0%

Automóveis GNV Comerciais Leves (Otto) Motocicletas * Inclui veículos movidos a gasolina, etanol e GNV Dados de 2009 fornecidos pelo último Inventário Nacional de Emissões Atmosféricas por Veículos Automotores Rodoviários – MMA,2011.

Ônibus Urbanos

Caminhões Pesados

10 15 10 a 50

CE: Fortaleza, Aquiraz, Horizonte, Caucaia, Itaitinga, Chorozinho, Maracanaú, Euzébio, Maranguape, Pacajus, Guaiúba, Pacatuba, São Gonçalo do Amarante, Pindoretama e Cascavel. PA: Belém, Ananindeua, Marituba, Santa Bárbara do Pará, Benevides e Santa Isabel do Pará. PE: Recife, Abreu e Lima, Itapissuma, Araçoiaba, Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo Agostinho, Moreno, Camaragibe, Olinda, Igarassu, Paulista, Ipojuca, Itamaracá e São Lourenço da Mata. Frotas cativas de ônibus dos municípios: Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Porto Alegre e São Paulo. RJ: Rio de Janeiro, Belford Roxo, Nilópolis, Duque de Caxias, Niterói, Guapimirim, Nova Iguaçu, Itaboraí, Paracambi, Itaguaí, Queimados, Japeri, São Gonçalo, Magé, São João de Meriti, Mangaratiba, Seropédica, Maricá, Tanguá e Mesquita. 10** Brasil SP: São Paulo, Americana, Mairiporã, Artur Nogueira, Mauá, Arujá, Mogi das Cruzes, Barueri, Mongaguá, Bertioga, Monte Mor, Biritibamirim, Nova Odessa, Caçapava, Osasco, Caieiras, Paulínia, Cajamar, Pedreira, Campinas, Peruíbe, Carapicuíba, Pindamonhangaba, Cosmópolis, Pirapora do Bom Jesus, Cotia, Poá, Cubatão, Praia Grande, Diadema, Ribeirão Pires, Embu, Rio Grande da Serra, Embuguaçu, Salesópolis, Engenheiro Coelho, Santa Bárbara d’ Oeste, Ferraz de Vasconcelos, Santa Branca, Francisco Morato, Santa Isabel, Franco da Rocha, Santana de Parnaíba, Guararema, Santo André, Guarujá, Santo Antônio da Posse, Guarulhos, Santos, Holambra, São Bernardo do Campo, Hortolândia, São Caetano do Sul, Igaratá, São José dos Campos, Indaiatuba, São Lourenço da Serra, Itanhaém, São Vicente, Itapecerica da Serra, Sumaré, Itapevi, Suzano, Itaquaquecetuba, Taboão da Serra, Itatiba, Taubaté, Jacareí, Tremembé, Jaguariúna, Valinhos, Jandira, Vargem Grande Paulista, Juquitiba e Vinhedo. Demais estados e cidades 500*** * Em partes por milhão de S - ppm de S ** Municípios com venda exclusiva de S10. Para ver a lista dos postos que ofertam o diesel S10, consulte o site do DESPOLUIR: www.cntdespoluir.org.br *** A partir de janeiro de 2014, o diesel interiorano passou a ser S500. Para mais informações, consulte a seção Legislação no Site do DESPOLUIR: www.cntdespoluir.org.br

5,3%

3,7%

18,7% 32,5%

9,3%

30,5% Teor de Biodiesel 18,7% Outros 5,3%

Pt. Fulgor 30,5% Enxofre 9,3%

Corante 3,7% Aspecto 32,5%

% NC

ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - JULHO 2014 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0

Caminhões Leves

NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - JULHO 2014

QUALIDADE DO ÓLEO DIESEL TEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL (em ppm de S)* Japão EUA Europa

Ônibus Caminhões Comerciais Leves Rodoviários (Diesel) médios

Trimestre Anterior Trimestre Atual 11,0

6,4 4,9

2,3

0,0 AC 0 0

AL 4,9 4,3

AM 6,4 8,3

AP 2,3 2

1,4 BA 1,4 1,6

2,1

1,9

0,0

2,3

CE 1,9 2,6

DF 0 1,9

ES 2,3 1,5

4,3 1,4

GO 2,1 2,3

6,1

MA 1,4 1,6

3,7

4,7

3,9

PA 3,7 3,4

PB 4,7 4,3

PE 3,9 3,6

0,0 MG 4,3 3,7

MS 0 0

Percentual relativo ao número de não-conformidades encontradas no total de amostras coletadas. Cada amostra analisada pode conter uma ou mais não-conformidades.

MT 6,1 5,5

2,0

0,8

3,3

2,1

0,0

PI 2 0,9

PR 0,8 0,6

RJ 3,3 2

RN 2,1 2,9

RO 0 0

RR 11 10,8

1,5

1,9

1,3

2,3

RS 1,5 1,4

SC 1,9 1,4

SE 1,3 2,6

SP 2,3 2,2

0,0 TO 0 0

2,6 Brasil 2,6 2,4


EFEITOS DOS PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS DO TRANSPORTE POLUENTES

PRINCIPAIS FONTES

CARACTERÍSTICAS

EFEITOS SAÚDE HUMANA

1

Monóxido de carbono (CO)

Resultado do processo de combustão de fonte móveis2 e de fontes fixas industriais3.

Gás incolor, inodoro e tóxico.

Diminui a capacidade do sangue em transportar oxigênio. Aspirado em grandes quantidades pode causar a morte.

Dióxido de Carbono (CO2)

Resultado do processo de combustão de fonte móveis2 e de fontes fixas industriais3.

Gás tóxico, sem cor e sem odor.

Provoca confusão mental, prejuízo dos reflexos, inconsciência, parada das funções cerebrais.

Metano (CH4)

Resultado do processo de combustão de fontes móveis2 e fixas3, atividades agrícolas e pecuárias, aterros sanitários e processos industriais4.

Gás tóxico, sem cor, sem odor. Quando adicionado a água torna-se altamente explosivo.

Causa asfixia, parada cardíaca, inconsciência e até mesmo danos no sistema nervoso central, se inalado.

MEIO AMBIENTE

Causam o aquecimento global, por serem gases de efeito estufa.

Compostos orgânicos voláteis (COVs)

Resultado do processo de combustão de fonte móveis2 e processos industriais4.

Composto por uma grande variedade de moléculas a base de carbono, como aldeídos, cetonas e outros hidrocarbonetos leves.

Causa irritação da membrana mucosa, conjuntivite, danos na pele e nos canais respiratórios. Em contato com a pele pode deixar a pele sensível e enrugada e quando ingeridos ou inalados em quantidades elevadas causam lesões no esôfago, traqueia, trato gastro-intestinal, vômitos, perda de consciência e desmaios.

Óxidos de nitrogênio (NOx)

Formado pela reação do óxido de nitrogênio e do oxigênio reativo presentes na atmosfera e queima de biomassa e combustíveis fósseis.

O NO é um gás incolor, solúvel. O NO2 é um gás de cor acastanhada ou castanho avermelhada, de cheiro forte e irritante, muito tóxico. O N2O é um gás incolor, conhecido popularmente como gás do riso.

O NO2 é irritante para os pulmões e Causam o aquecimento global, diminui a resistência às infecções por serem gases de efeito estufa. respiratórias. A exposição continuada ou frequente a níveis elevados pode provocar Causadores da chuva ácida5. tendência para problemas respiratórios.

Formado pela quebra das moléculas dos hidrocarbonetos liberados por alguns poluentes, como combustão de gasolina e diesel. Sua formação é favorecida pela incidência de luz solar e ausência de vento.

Gás azulado à temperatura ambiente, instável, altamente reativo e oxidante.

Resultado do processo de combustão de fontes móveis2 e processos industriais4.

Provoca irritação e aumento na produção de muco, desconforto na Gás denso, incolor, não inflamável respiração e agravamento de e altamente tóxico. problemas respiratórios e cardiovasculares.

Causa o aquecimento global, por ser um gás de efeito estufa. Causador da chuva ácida5, que deteriora diversos materiais, acidifica corpos d'água e provoca destruição de florestas.

Conjunto de poluentes constituído de poeira, fumaça e todo tipo de material sólido e líquido que se mantém suspenso. Possuem diversos tamanhos em suspensão na atmosfera. O tamanho das partículas está diretamente associado ao seu potencial para causar problemas à saúde, quanto menores, maiores os efeitos provocados.

Altera o pH, os níveis de pigmentação e a fotossíntese das plantas, devido a poeira depositada nas folhas.

Ozônio (O3)

Dióxido de enxofre (SO2)

Material particulado (MP)

Resultado da queima incompleta de combustíveis e de seus aditivos, de processos industriais e do desgaste de pneus e freios.

Provoca problemas respiratórios, irritação aos olhos, nariz e garganta.

Incômodo e irritação no nariz e garganta são causados pelas partículas mais grossas. Poeiras mais finas causam danos ao aparelho respiratório e carregam outros poluentes para os alvéolos pulmonares, provocando efeitos crônicos como doenças respiratórias, cardíacas e câncer.

Causa destruição e afeta o desenvolvimento de plantas e animais, devido a sua natureza corrosiva. Além de causar o aquecimento global, por ser um gás de efeito estufa.

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1. Em 12 de junho de 2012, segundo o Comunicado nº 213, o Centro Internacional de Pesquisas sobre o Câncer (IARC, em inglês), que é uma agência da Organização Mundial da Saúde (OMS), classificou a fumaça do diesel como substância cancerígena (grupo 1), mesma categoria que se encontram o amianto, álcool e cigarro. 2. Fontes móveis: motores a gasolina, diesel, álcool ou GNV. 3. Fontes fixas: Centrais elétricas e termelétricas, instalações de produção, incineradores, fornos industriais e domésticos, aparelhos de queima e fontes naturais como vulcões, incêndios florestais ou pântanos. 4. Processos industriais: procedimentos envolvendo passos químicos ou mecânicos que fazem parte da fabricação de um ou vários itens, usualmente em grande escala. 5. Chuva ácida: a chuva ácida, também conhecida como deposição ácida, é provocada por emissões de dióxido de enxofre (SO2) e óxidos de nitrogênio (NOx) de usinas de energia, carros e fábricas. Os ácidos nítrico e sulfúrico resultantes podem cair como deposições secas ou úmidas. A deposição úmida é a precipitação: chuva ácida, neve, granizo ou neblina. A deposição seca cai como particulados ácidos ou gases.

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br



“Valorizar o deslocamento humano sustentável se mostra como a solução mais racional, simples e econômica dentro de sistemas de transporte” TEMA DO MÊS

Vagas de estacionamento devem dar lugar às ciclovias?

Ciclovias geram melhoria na qualidade de vida ANTONIO FILHO

ssunto fervilhante do momento e prática usual desde a origem do automóvel, a apropriação do espaço público nas vias e outras áreas de convívio para fins de estacionamento particular tramita entre a falsa premissa do direito adquirido e a obviedade da apropriação indevida. Considerando que as normas legislativas são em crua instância reflexos do comportamento social, a questão vai além do direito constitucional de ir e vir e de regras específicas de trânsito. Trata-se da reinvenção das cidades, da humanização dos conglomerados urbanos transformados em malhas de corredores automobilísticos em que a soberania absoluta é dos veículos automotores, subordinados a todos os outros meios de locomoção não motorizados. Modelo esgotado, principalmente, pela superlotação das vias, repensar como são utilizadas e valorizar o deslocamento humano sustentável se mostra como a solução mais racional, simples e econômica, plenamente justificável, dentro

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ANTONIO FILHO Fundador e diretor-presidente do Instituto DBike

de sistemas intermodais de transporte. Estudos aprofundados de implementações em comunidades internacionais avalizam a implantação de malhas cicloviárias extensas, realizadoras, em primeiro momento, da interligação de pontos de maior interesse. Entre os “efeitos colaterais”, são promovidas melhorias na qualidade de vida da comunidade, principalmente na saúde, disposição física, redução do estresse e aumento do envolvimento social. Pontualmente quanto à substituição das vagas de estacionamento para automóveis nas ruas por ciclovias, a questão tem aspectos aparentemente invisíveis que são desconsiderados pelos resistentes à medida. Comerciantes argumentam que seus negócios seriam prejudicados pela falta de local para estacionamento, o que acarretaria em menor fluxo de clientes aos estabelecimentos e consequentes prejuízos financeiros. Desconhecem, esquecem ou, propositalmente, ignoram que tal alteração viária arrasta consigo uma grande mudança comportamental, benéfica para o tráfego de moradores próximos e que,

pelas características do deslocamento à baixa velocidade, expõe melhor suas vitrines e instalações. Os passantes de bicicleta se mostram mais receptivos aos apelos de marketing de fachada e às relações interpessoais no caminho. Isso ecoa positivamente no desempenho comercial. Outras questões se referem à perda do estacionamento permanente de seus automóveis e ao risco que as bicicletas representam para os moradores vizinhos das ciclovias. A primeira alegação evidencia o uso privado do espaço público e por si mesma se esvazia. Quanto ao risco, trata-se apenas da falta de comparação honesta entre os veículos: bicicletas causam muito menos acidentes graves, mesmo com a intensificação do uso. A conclusão remete à readequação do uso dos espaços urbanos, em que os benefícios à maioria superpõem-se aos interesses pessoais e comerciais. É o resgate da cidade para a comunidade, a sensatez da adoção de medidas simples e politicamente corajosas, impulsionadas pela urgente necessidade de desobstrução e rehumanização da estrutura viária.


“Para implantar uma ciclovia, é preciso autorização, mas para liberar faixas aos automóveis não é preciso. Que cidade queremos ter?”

Estacionamento para carros deve ser a última prioridade HORÁCIO AUGUSTO FIGUEIRA

os anos 50, quando a indústria automobilística se instalava no país, o automóvel era objeto de consumo de poucos. De lá para cá, a população mais que dobrou, e os automóveis e motos tomaram conta das ruas e avenidas, provocando congestionamentos que já comprometem a mobilidade urbana, agravando ainda mais os problemas de circulação, de “acidentes” de trânsito, de poluição sonora e ambiental, além da queda vertiginosa da qualidade de vida nas cidades em todo o Brasil. Sem uma inversão de foco, uma quebra de paradigma, a ampliação da malha viária de nada adianta, servindo apenas para facilitar o acesso de mais automóveis no sistema e que terminam por congestioná-lo rapidamente, criando os chamados estacionamentos em vias públicas, as garagens verticais gratuitas ou ainda as garagens subterrâneas gratuitas. É um modelo “suicida” em que todos saem prejudicados. O uso da bicicleta pode trazer benefícios, como a diminuição do tempo de deslocamento, para viagens curtas, a eco-

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nomia no valor da passagem, a melhoria na saúde e no condicionamento físico. Para implantar uma faixa exclusiva para ônibus ou uma ciclovia, precisamos pedir autorização para toda a sociedade, mas para liberar faixas, nos dois sentidos de uma via, aos automóveis, achamos normal e ninguém precisa autorizar. Que cidade queremos ter? Nem o planeta aguenta mais. A viabilização da “mobilidade sustentável” passa necessariamente pela reorganização do uso do espaço viário, incluindo as calçadas. Essas mudanças dependem de decisões políticas e técnicas que quebrem paradigmas, até então considerados imutáveis, como “tirar” espaço e tempo semafórico do “deus automóvel”. É necessário e imprescindível criar, urgentemente, e implantar o conceito de “engenharia de transporte de pessoas”, e não mais só de veículos. Isso muda tudo ou quase tudo na alocação do espaço viário, que sai da posição de mero escoador do fluxo de automóveis ou, pior ainda, de mero estacionamento para rece-

ber uma nova estrutura e filosofia de operação, prioridades e privilégios a favor dos pedestres, do transporte coletivo público, do transporte coletivo privado e, agora, dos ciclistas. Para tanto, proponho para as prefeituras uma “ordem de prioridades para o uso do espaço público viário”: pedestres; transporte coletivo público, por ônibus; transporte coletivo privado, por ônibus; ciclistas; transporte de cargas com veículos urbanos; transporte de cargas com caminhões; táxi: com passageiro; automóveis/utilitários com duas ou mais pessoas; táxi: só o condutor; automóveis/utilitários: só o condutor; motocicletas; veículos em geral parando; veículos em geral estacionando. Nessa ordem, fica claro que veículos “parando” ou “estacionando”, em vias públicas, devem ser a última prioridade, devendo ser permitidos somente se as calçadas forem largas o suficiente para o fluxo seguro de pedestres, para os “clientes” do transporte coletivo, na espera e no embarque/desembarque, e, agora, para as bicicletas, HORÁCIO AUGUSTO FIGUEIRA como transporte não motoriza- Vice-presidente da Abraspe (Associação Brasileira de Pedestres) do e sustentável.



CNT TRANSPORTE ATUAL

SETEMBRO 2014

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“Essa iniciativa fará com que novas tecnologias sejam incorporadas à atividade transportadora, promovendo aumento de produtividade” JOSÉ FIORAVANTI

OPINIÃO

Observatório do Transporte Instituto de Transporte e Logística, mais uma vez, inova e surpreende o setor de transporte com iniciativa pioneira. Desta vez, com a proposta de implantação do Observatório do Transporte, que reunirá informações capazes de embasar o planejamento futuro do setor, bem como o desenvolvimento do país. A proposta é inédita no que se refere à coleta, à organização e à disponibilidade de números e características sobre as atividades do setor público, privado e acadêmico, referentes aos diversos modos de transporte. Com isso, mais um acalentado sonho dos transportadores se concretiza. Num mundo veloz e conectado como o que vivemos, o observatório agregará ainda mais valor e utilidade ao conhecimento e as inovações que já estão sendo geradas para o setor. Essa iniciativa fará com que novas tecnologias sejam incorporadas à atividade transportadora, promovendo aumento de produtividade, de qualidade e de lucratividade. O transporte brasileiro avançou bastante nas últimas décadas, com absorção de novas tecnologias, que foram incorporadas aos equipamentos, especialmente para os modais aéreo e rodoviário. Os modais aquaviário e ferroviário também tiveram seus avanços, ainda que em compasso mais lento, devido, principalmente, aos gargalos de infraestrutura portuária e das estradas de ferro, que os travaram, tornando menos acelerada a sua modernização. Sem sombra de dúvida muito ainda há para ser criado, redesenhado, aperfeiçoado, melho-

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rado e reinventado em termos de transporte em nosso país. E não estamos falando apenas em termos de tecnologias de produtos, mas também em tecnologias de processos, em especial os de gestão micro e macrossetorial, de modernização da infraestrutura, dos processos de gestão das políticas públicas e na gestão de investimentos. O observatório conterá documentos, análises, estudos, pesquisas, relatórios, artigos, planos, propostas, estatísticas, informações e dados. Enfim, será um repositório importante de conhecimento em transporte em todas as suas modalidades. Além de possibilitar a obtenção de novas informações e de democratizar o conhecimento, o observatório permitirá o intercâmbio de experiências acadêmicas e empresariais, aproximando, de forma efetiva e duradoura, empresários e executivos do transporte, professores de várias áreas do conhecimento, pesquisadores e estudiosos do transporte. Com esse espaço inspirador e rico em conhecimento, o ITL estará cumprindo seus objetivos, superando expectativas, revelando oportunidades, gerando e transferindo mais conhecimento e oferecendo à sociedade, em especial ao setor público e privado, possibilidades de inovação e de renovação que farão a inserção do transporte brasileiro na sociedade do conhecimento. José Fioravanti é presidente em exercício da CNT


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CNT TRANSPORTE ATUAL

SETEMBRO 2014

CNT CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE PRESIDENTE EM EXERCÍCIO José Fioravanti VICE-PRESIDENTES DA CNT TRANSPORTE DE CARGAS

José Severiano Chaves Eudo Laranjeiras Costa Antônio Carlos Melgaço Knitell Eurico Galhardi Francisco Saldanha Bezerra Jerson Antonio Picoli João Rezende Filho Mário Martins

Newton Jerônimo Gibson Duarte Rodrigues TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Meton Soares Júnior TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Jacob Barata Filho TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José Fioravanti PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

Marco Antonio Gulin Otávio Vieira da Cunha Filho TRANSPORTE DE CARGAS

Flávio Benatti Pedro José de Oliveira Lopes TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

José da Fonseca Lopes Edgar Ferreira de Sousa

Luiz Anselmo Trombini Urubatan Helou Irani Bertolini Pedro José de Oliveira Lopes Paulo Sérgio Ribeiro da Silva Eduardo Ferreira Rebuzzi Oswaldo Dias de Castro Daniel Luís Carvalho Augusto Emílio Dalçóquio Geraldo Aguiar Brito Viana Augusto Dalçóquio Neto Euclides Haiss Paulo Vicente Caleffi Francisco Pelúcio

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO

TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

Edgar Ferreira de Sousa José Alexandrino Ferreira Neto José Percides Rodrigues Luiz Maldonado Marthos Sandoval Geraldino dos Santos Éder Dal’ Lago André Luiz Costa Diumar Deléo Cunha Bueno Claudinei Natal Pelegrini Getúlio Vargas de Moura Bratz Nilton Noel da Rocha Neirman Moreira da Silva

TRANSPORTE FERROVIÁRIO

TRANSPORTE AÉREO

Urubatan Helou José Afonso Assumpção CONSELHO FISCAL (TITULARES) David Lopes de Oliveira Éder Dal’lago Luiz Maldonado Marthos José Hélio Fernandes CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) Waldemar Araújo André Luiz Zanin de Oliveira José Veronez Eduardo Ferreira Rebuzzi DIRETORIA TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS

DOS LEITORES TRANSPORTE NA AMAZÔNIA

SINALIZAÇÃO FERROVIÁRIA

Excelente a reportagem sobre os ribeirinhos que vivem na Amazônia, publicada na edição nº 227 da revista CNT Transporte Atual. Conheço um pouco a realidade daquelas pessoas, porque já trabalhei na região, mas é tudo tão distante do que vivemos no restante do Brasil. É importante retratar esse outro Brasil e apresentar as necessidades de uma população que muitas vezes fica esquecida. Além disso, é preciso olhar para o transporte hidroviário na região e entender a importância dele para o desenvolvimento das economias locais.

Muito válida a iniciativa da ANTF de solicitar a inclusão da sinalização ferroviária como item obrigatório a ser ensinado aos novos motoristas. Felizmente, o número de acidentes nos cruzamentos das linhas férreas vem reduzindo nos últimos anos, mas ainda ficamos sabendo de alguns casos, muitas vezes, por imprudência de pedestres e motoristas. Para que o nosso trânsito seja mais pacífico, um dos grandes pontos a ser trabalhado é a questão da conscientização e da educação.

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

Glen Gordon Findlay Paulo Cabral Rebelo Rodrigo Vilaça Júlio Fontana Neto

Escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL As mensagens devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

Hernani Goulart Fortuna Paulo Duarte Alecrim André Luiz Zanin de Oliveira Moacyr Bonelli George Alberto Takahashi José Carlos Ribeiro Gomes Roberto Sffair Luiz Ivan Janaú Barbosa José Roque Fernando Ferreira Becker

Luiz Wagner Chieppe Alfredo José Bezerra Leite Lelis Marcos Teixeira José Augusto Pinheiro

Alcy Hagge Cavalcante

Victorino Aldo Saccol

Eclésio da Silva

Raimundo Holanda Cavacante Filho Jorge Afonso Quagliani Pereira

Juarez Camilo Porto Alegre/RS CAMINHADA E CORRIDA Participei da prova realizada em Brasília e adorei a iniciativa do Sest Senat. Trabalho no setor de transporte, há mais de 20 anos, e sempre acreditei na necessidade do incentivo da atividade física para melhorar o desempenho dos nossos colaboradores. A organização da prova está de parabéns. Foi uma manhã de domingo muito agradável. Fiquei bastante satisfeita em encontrar motoristas da empresa onde eu trabalho na prova correndo 5k ou até 10 km. Que essa iniciativa seja realizada mais vezes não só em Brasília, como em todo o Brasil. Márcia Faria Brasília/DF

Pedro Araújo Vitória/ES ECONOMIA DE COMBUSTÍVEL As dicas sobre como economizar combustível, publicadas na edição de agosto da revista CNT Transporte Atual, são muito úteis para nós motoristas. O gasto com o diesel é um dos mais altos que temos hoje no transporte e, além disso, ainda existe a preocupação ambiental. Eu conhecia algumas técnicas para economizar porque já fiz o curso oferecido pelo Sest Senat, e lendo a reportagem, recordei várias delas. Esse tipo de assunto é muito válido para o nosso trabalho. Obrigado. Éderson Santana Recife/PE Cartas: SAUS, quadra 1, bloco J Edifício CNT, entradas 10 e 20, 11º andar 70070-010 - Brasília (DF) E-mail: imprensa@cnt.org.br Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes




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