Coletivos sob fogo

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edição informativa da cnt

CNT

ano XXi número 238 julho 2015

T R A N S PO R T E

A T U A L

Coletivos sob fogo Dados revelam que incêndios a ônibus subiram mais de 690% nos dois últimos anos. Em 12 anos, foram cerca de 1.400 coletivos atacados

entrevista com DONIZETE TOKARSKI, consultor em meio ambiente




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REPORTAGEM DE CAPA em dois anos, o registro de casos de incêndios em ônibus urbanos cresceu mais de 690% no brasil. ataques agravam ainda mais a já difícil situação da mobilidade urbana no país e prejuízos chegam a r$ 830 milhões Página 20

CNT TRANSPORTE ATUAL ano XXi | número 238 | julho 2015

ENTREVISTA

donizete tokarski, da ubrabio, analisa os biocombustíveis Página

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VEÍCULOS A DIESEL • Para supostamente economizar, motoristas têm adulterado o sistema de uso do arla 32, o que pode causar danos ao motor do caminhão Página

CAPA sergio alberto/cnt

EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT CONSELHO EDITORIAL aloisio carvalho bernardino rios Pim bruno batista etevaldo dias lucimar coutinho nicole goulart

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ATUALIZAÇÃO DE ENDEREÇO:

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Publicação da cnt (confederação nacional do transporte), registrada no cartório do 1º ofício de registro civil das Pessoas jurídicas do distrito federal sob o número 053. tiragem: 40 mil exemplares

os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

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RODOVIÁRIO

AVIAÇÃO

brs em condições precárias na região norte

aeroporto de brasília vai operar nas duas pistas

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FERROVIÁRIO

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AQUAVIÁRIO

eurotúnel completa Índice ambiental 21 anos. obra ainda avalia portos impressiona brasileiros Página

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www.

cnt.org.br

Boletins direcionados para o setor de transportes

DIREÇÃO PERIGOSA • depois de sete anos da lei seca, números de acidentes envolvendo álcool reduz, mas uso de drogas no trânsito ainda preocupa Página

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BALANÇAS

FORMATURA

dnit vai investir na modernização dos postos de pesagem

itl concede diploma a novos especialistas em gestão de negócios

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PEDALANDO

Seções duke

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opinião

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mais transporte

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boletins

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tema do mês

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alexandre garcia

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cartas

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Passeio ciclístico do sest senat acontece em outubro Página

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SEST SENAT

instituição forma 58 mecânicos de aeronaves Página

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organizar e divulgar dados de interesse para o setor de transportes. É com esse objetivo que a equipe técnica da cnt mantém atualizada a sessão “informações” no site institucional. o boletim econômico, por exemplo, é resultado de uma coletânea de dados orçamentários e macroeconômicos relevantes para a análise dos investimentos e crescimento do setor. já o economia em foco, traz uma análise sobre assuntos da atualidade de interesse do transportador. todas essas informações são disponibilizadas, gratuitamente, no site da cnt. acesse: www.cnt.org.br<http://www.cnt.org.br/>.


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Duke

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“em tempos de crise, é imprescindível fortalecer nossas instituições e setores produtivos, bem como garantir as melhores condições de trabalho possíveis” OPINIÃO

clÉsio andrade

A discussão da terceirização não pode esfriar

A

pós um primeiro semestre movimentado, o congresso nacional entrou em recesso deixando em aberto uma trilha de importantes agendas para o crescimento social e econômico do brasil. É o caso do projeto de lei que busca regulamentar a terceirização, aprovado na câmara dos deputados em regime de urgência e, agora, aguardando todo o processo de tramitação no senado federal. não podemos permitir que essa discussão arrefeça e perca sua força no segundo semestre. em tempos de crise, é imprescindível fortalecer nossas instituições e setores produtivos, bem como garantir as melhores condições de trabalho possíveis. embora a clt (consolidação das leis do trabalho) venha exercendo forte tutela ao trabalhador, vivemos uma nova era, com diferentes concepções de linha de produção. em um mundo cada vez mais competitivo e globalizado, não cabe mais nossas relações de trabalho serem regidas à luz de uma legislação burocrática, pouco eficaz, sem aderência à realidade e com encargos que aumentam, de maneira desproporcional na comparação com outras economias, a despesa do empregador com o empregado. em alguns casos, esse acréscimo chega a 102%. muitos setores sociais e atores institucionais devem parar de pensar o brasil segundo a estrutura produtiva da época da instituição da clt, em 1943. hoje em dia, uma empresa não é mais responsável por produzir tudo: dos insumos até a distribuição do produto ao consumidor. o mundo contemporâneo tem outra realidade e o país precisa embarcar de vez nela. a terceirização, devidamente regrada, é estratégica para a nossa economia. a partir dessa prática, asseguraremos ganhos de produtividade, especiali-

zação e eficiência por meio da divisão do trabalho e produção por empresas especializadas. tudo isso é essencial para encarar os desafios de um mercado cada vez mais globalizado, além de permitir a criação de empregos, reduzir custos de produção e garantir preços mais justos ao consumidor. com a terceirização, as empresas reforçariam o foco em sua atividade principal, estimulando, assim, o surgimento de novas empresas especializadas, prestadoras de serviços. o resultado disso seria a redução da informalidade, que deve ser permanentemente combatida. nesse sentido, não propomos a quebra de quaisquer direitos, nem tampouco revogá-los, mas sim o rompimento de paradigmas nos processos trabalhistas. esse avanço representará um visível aprimoramento dos padrões vigentes e o ajuste das relações entre capital e trabalho. É sempre salutar relembrar que as regras são fundamentais para o controle social, a paz e a governança, mas há que se cuidar para que haja total liberdade para a negociação, respeito aos direitos fundamentais do trabalho e liberdade sindical. o mundo mudou e, com ele, surgiram formas inovadoras de trabalho e de emprego. Por isso, essa questão, tão vital ao nosso desenvolvimento socioeconômico, não deve ficar à margem de outras agendas. trata-se de uma proposta que objetiva proporcionar proteções e garantias, que se somarão às existentes, assim como regrar, de uma vez por todas, a diferenciação entre atividades-meio e atividades-fim. Portanto, em vez de lutar contra esse tipo de mudança, devemos centrar nossas forças para impedir fraudes e garantir que o direito dos trabalhadores seja respeitado.


“o brasil precisa perceber imediatamente a relevância do biodiesel para a geração de emprego e renda e para a atividade social como

ENTREVISTA

DONIZETE TOKARSKI - consultor em meio ambiente

O combustível do Por

onte alternativa de energia renovável, o biocombustível é tido como um importante instrumento de desenvolvimento socioeconômico e regional. o processo de produção já está consolidado no brasil e as tecnologias de processamento das diversas matériasprimas estão bem desenvolvidas. Prova disso é a vigência do b7, que substitui 7% do diesel importado pelo biocombustível doméstico. a meta é que, nos próximos anos, essa mistura chegue a 20%. “o biodiesel, só na produção, reduz a emissão de gases do efeito estufa em até 70%”, informa donizete tokarski, diretor superintendente da ubrabio (união brasileira do biodiesel e bioquerosene). Produtor rural e consultor em meio ambiente e recursos hídricos, tokarski avalia que o brasil deve atentar, imediata-

F

DIEGO GOMES

mente, à relevância do biocombustível na geração de emprego e renda e na melhoria da contabilidade socioambiental. o questionamento, contudo, fica por conta de como atender à demanda por combustíveis sem comprometer o desenvolvimento de países emergentes. Qual é o cenário atual da produção de combustíveis renováveis no Brasil, em particular o biodiesel? Economicamente, a conta é viável? Percebemos que a curva econômica demonstra maior eficiência do que o próprio diesel. isso sem considerar as questões sociais e ambientais. nos últimos dez anos, a economia de escala e os avanços tecnológicos reduziram em cerca de 40% o custo do biodiesel. além disso, hoje, o brasil, com a demanda

do b7, tem uma produção anual estimada em 4,2 bilhões de litros para atender o mercado. mas, segundo a anP (agência nacional do Petróleo, gás natural e biocombustíveis), a capacidade instalada de produção é de 7,5 bilhões de litros. Quais os reais benefícios socioeconômicos e ambientais com o acréscimo do biodiesel ao diesel? do ponto de vista ambiental, o biodiesel, só na produção, reduz a emissão de gases do efeito estufa em até 70% em relação ao diesel fóssil. já na combustão, se compararmos um ônibus usando b7 com um veículo abastecido a diesel puro, cada ônibus, por ano, evita a liberação de co2 equivalente ao plantio de 44 árvores. se utilizássemos o b20, esse número saltaria para 132 ár-

vores. além disso, o biodiesel é isento de enxofre e reduz significativamente a emissão dos particulados, poluentes que são verdadeiras ameaças à saúde. outro benefício é a transformação de passivos ambientais, como o óleo de fritura e o sebo bovino usados em biocombustíveis. cada litro de óleo descartado incorretamente pode contaminar 50 mil litros de água. ou seja, o biodiesel reduz a quantidade de resíduo descartado no meio ambiente e oferece mais energia. no âmbito socioeconômico, o biodiesel cria postos de trabalho desde o campo até a indústria, gera impacto positivo na balança comercial brasileira pela redução da importação de diesel, garante renda ao agricultor familiar, aumenta o Pib e estimula o uso e o desenvolvimento de tecnologias limpas.


arquivo Pessoal/divulgação

para a economia, um todo”

momento Pode-se considerar o biodiesel como o combustível do futuro mesmo com o início da exploração do pré-sal? o biodiesel é o combustível do momento. o brasil precisa perceber, imediatamente, a relevância dele para a economia, para a geração de emprego e renda e para a atividade social como um todo. o pré-sal não inviabiliza o biodiesel porque o brasil pode ser um grande exportador de diesel, mas nós podemos consumir o biodiesel. então, essa perspectiva de aumentar a produção de diesel no brasil não inviabiliza a conta da produção de biodiesel. O país tem condições para adotar o B20? temos condições de adotar o b20 imediatamente. hoje, estamos com o b7, que demanda cerca de 4 bilhões de litros de biodiesel

por ano. se a gente for para o b20, vai demandar 12 bilhões de litros por ano. essa é a proposta em longo prazo da ubrabio. o que nós defendemos para agora é o uso imediato do b20 nas regiões metropolitanas. Primeiro nas cidades com mais de 500 mil habitantes, depois nas cidades acima de 300 mil habitantes, e assim sucessivamente. adotar o b20 hoje, nas 40 cidades brasileiras com mais de 500 mil habitantes, significa acrescentar, aproximadamente, 300 milhões de litros por ano de biodiesel. a indústria está mais do que preparada para fazer isso de maneira eficiente. a adoção do b20 metropolitano não vai gerar problema de abastecimento, porque nós temos, pela ociosidade da indústria, capacidade para isso. Como tem sido esse processo de adição gradual do

biodiesel ao diesel aqui no Brasil? Como as empresas têm se adaptado? a adaptação está sendo muito tranquila. as empresas produtoras de biodiesel estão sempre demandando o aumento gradual. a ubrabio defende um marco regulatório com o aumento da mistura gradativa para que a indústria se prepare para isso, apesar de ela já estar instalada e autorizada, buscando os contratos com os agricultores do selo combustível social e com os produtores de matéria-prima como um todo. as indústrias de biodiesel estão adaptadas a esse crescimento, só que preci-

samos da participação de todos os segmentos. Quais seriam as implicações tributárias e “mecânicas” (adaptações de veículos) ao se adotar o B20? não é preciso fazer nenhuma adaptação mecânica para o b20, apenas para misturas a partir de 30%. a eficiência do veículo não é alterada. muito pelo contrário, há uma eficiência maior nessa combustão. com relação à questão tributária, nós participamos de um grupo de trabalho junto ao ministério de minas e energia. tivemos uma reunião com a pasta e solici-


tamos que o ministério articule com todos os segmentos ligados ao setor para definir uma política tributária que não impeça ou que não dê desvantagem aos estados na arrecadação dos impostos. O biodiesel pode baratear ou encarecer o diesel? Quais fatores devem ser levados em consideração para essa conta? se levarmos em conta somente o fator financeiro, já percebemos que o biodiesel concorre com o diesel em várias regiões do país. nas produtoras, principalmente, ele pode baratear significativamente o diesel. Por isso, a ubrabio defende uma mistura imediata do que nós chamamos de b+, ou seja, naquelas regiões onde o diesel é mais barato, aumentando a mistura para 20%. o b+ seria facultativo. as distribuidoras teriam esse poder de definir o uso, lógico que com a fiscalização da anP. Para as máquinas agrícolas, o uso seria de 30%. Em São Paulo, houve uma experiência piloto na qual 2 mil ônibus utilizaram a mistura de 20%. Como se deu essa iniciativa e qual é a avaliação? a experiência foi extremamente importante, não só para a melhoria da qualidade do ar, mas para demonstrar que os veículos, mesmo sem nenhuma alteração de motor, podem usar o b20. tanto deu certo que a empresa b100 Participações, associada à ubra-

bio, quer continuar com esse trabalho e está fazendo articulações junto ao governo municipal para o uso do biodiesel em 6 mil ônibus. No que diz respeito à competitividade em relação ao diesel fóssil, o que podemos destacar quanto à adição do biodiesel? essa competitividade tem que ser verificada por vários eixos: econômico, social e ambiental. o que nós podemos destacar é que o biodiesel é um combustível que agrega tecnologia, gera emprego, redistribui a renda, interioriza a indústria e pode ser associado à segurança nacional tanto na área de energia como na alimentar. quanto mais se esmaga oleaginosas no brasil para a produção de biodiesel, mais aumenta a disponibilidade de matérias-primas para a produção de proteína. ou seja, a competitividade do biodiesel é muito grande. O que precisa ser aperfeiçoado no novo marco regulatório do biodiesel? a previsibilidade. a primeira questão é essa. o aumento gradual, semestral e permanente. cada semestre aumentar 1% da mistura. É isso que a ubrabio defende. imediatamente o b8. em 2016, o b9. no segundo semestre, o b10, e assim por diante. as empresas produtoras tiveram um grande desempenho, um grande envolvimento, uma grande confiança no governo com relação ao uso desse

ALTERNATIVA encontrada em grande parte do território brasileiro, a macaúba

“No Brasil, é preciso adotar um paradigma de consumo mais sustentável e repensar o modelo de mobilidade”

biocombustível. entretanto, essa definição não está sendo feita a médio e longo prazo. Precisamos de um novo marco regulatório. a sociedade precisa entender que o ar que respiramos é um ar contaminado em função dos combustíveis fósseis. a própria organização mundial da saúde já define o diesel como um causador de câncer. o marco regulatório do biodiesel tem que compreender toda essa leitura do momento que nós estamos vivendo agora, em que o g7 rediscute o uso dos combustíveis fósseis. o efeito estufa interfere na vida das pessoas e o diesel influencia nas mudanças climáticas. o biodiesel está em consonância até com a carta encíclica do Papa francisco, que diz que nós precisamos cuidar da nossa casa comum. e a nossa casa comum é o ar que respiramos, é o ambiente que vivemos.


daniela collares/ubrabio/divulgação

“O biodiesel, só na produção, reduz a emissão de gases do efeito estufa em até 70%” pode ser matéria-prima do biodiesel

De que maneira a agricultura familiar pode ser envolvida no processo produtivo do biodiesel? Não corre-se o risco de os donos de grandes lavouras serem beneficiados? se trabalharmos somente com a soja, a agricultura empresarial teria vantagens, porque tem muito mais eficiência nisso. entretanto, o que a ubrabio defende é uma diversificação da matériaprima. Por um lado, não podemos deixar de usar o que nós temos em abundância, mas, por outro, estamos deixando de usar todo um potencial de oleaginosas. as lideranças da agricultura familiar precisam trabalhar mais esse tema da diversificação, propondo e defendendo isso aos seus líderes, aos seus parlamentares e ao próprio governo para que possamos ter essa leitura das potencialida-

des regionais. a falta de investimentos na diversificação acaba favorecendo a participação de uma monocultura. Para equilibrar, precisamos de previsibilidade, agregando oleaginosas que possam dar uma amplitude maior à questão do uso da diversificação das potencialidades do brasil, como a macaúba, a palma, o babaçu e tantas outras plantas que podem ser utilizadas na produção de biodiesel. Como o Brasil está no âmbito da pesquisa de alternativas de produção agroextrativista? o brasil tem um potencial muito grande, mas não incorporou isso ainda nas políticas públicas de maneira que inclua, no modelo de agricultura familiar e no modelo de produção, a biodiversidade associada à produção

agrícola. nós perdemos, diariamente, por falta de conhecimento e incorporação das tecnologias. apesar de a embrapa já ter muitas pesquisas nessa área, isso não está sendo traduzido no campo da produção. o agroextrativismo não faz parte ainda de políticas que valorizem a biodiversidade. existem políticas públicas para a agricultura familiar, porém, elas incentivam ainda a introdução de culturas exóticas e não das nativas, como é o caso de centenas de plantas que ainda não foram adaptadas para a produção rural.

É possível reprimir a demanda por combustíveis sem comprometer o desenvolvimento de países emergentes, por exemplo? É possível,- desde que haja transporte público de qualidade. no brasil, é preciso ampliar o uso das ferrovias e das hidrovias, adotar um paradigma de consumo mais sustentável e repensar, principalmente nas grandes cidades, o modelo de mobilidade. a ubrabio defende não só uma mobilidade mais eficiente, mas também com combustíveis limpos.

Especialistas e autoridades internacionais consideram os biocombustíveis uma ameaça à oferta de alimentos no mundo. Para eles, o uso do milho (e outras matérias-primas) por usinas de álcool desencadeará uma disputa entre donos de carros e os mais pobres do planeta. O que o senhor tem a dizer sobre isso? no caso do biodiesel, essa concorrência não existe. os óleos vegetais não têm o aumento do consumo equiparado ao crescimento da população, ou seja, cada vez mais a população usa menos óleo. além disso, quanto maior o esmagamento de oleaginosas, maior é a disponibilidade no mercado de farelos protéicos que servem para a produção de alimentos. o biodiesel não tem a mesma concorrência do etanol.

No que diz respeito à inclusão da agenda do biodiesel na pauta global, qual é a expectativa para a Conferência do Clima a ser realizada em dezembro, em Paris? nós já tivemos uma reunião com a ministra do meio ambiente, izabella teixeira, e vamos conversar com o mme. estamos solicitando que o brasil discuta a ampliação do uso de biodiesel e a introdução do bioquerosene no âmbito do indc (contribuição nacionalmente determinada Pretendida, da sigla em inglês). a agenda do clima é uma agenda de desenvolvimento, na qual esses biocombustíveis podem fornecer uma contribuição real, até para que os outros países também percebam a possibilidade de substituição, a exemplo do brasil. l


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MAIS TRANSPORTE

volkswagen/divulgação

Ônibus movido a Ethabiodiesel a empresa de ônibus metra, responsável pela operação de 13 linhas que circulam pelo corredor abd (são mateus-jabaquara e diadema-berrini), na região metropolitana de são Paulo, colocou em teste um ônibus modelo superarticulado movido a ethabiodiesel. trata-se de um biocombustível 100% renovável, produzido por meio de transesterificação de óleos vegetais com etanol anidro e, por fim, aditivo de ethabio. Para esse

projeto, a empresa tem como parceiros a emtu (empresa metropolitana de transportes urbanos de são Paulo), vinna e ethabio. enquanto a emissão de particulados do óleo diesel e do biodiesel são de 0,048 grama e 0,096 grama, respectivamente, a do ethabiodiesel é de apenas 0,03 grama. o óleo diesel libera no ar 18,68 gramas de óxidos nitrosos (gás poluente) por quilometro por hora e o biodiesel, 10,39. já o ethabiodiesel, 1,33. ethabiodiesel/metra/divulgação

RENOVÁVEL veículo utiliza combustível à base de vegetais

Serviço eletrônico em Manaus o grupo chibatão, administradora do Porto chibatão (am), implantou, desde 7 de julho, um sistema de agendamento eletrônico para a entrega de contêineres aos seus clientes. o objetivo é melhorar o escoamento de cargas do Polo industrial de manaus (am), evitando filas de caminhões e congestionamentos na área portuária da capital. chamado pela sigla sae (sistema de

agendamento eletrônico), o método está sendo utilizado, a princípio, para a entrega de contêineres. Posteriormente, servirá para os recebimentos do porto. o sistema funciona de maneira similar ao que existe no Porto de Paranaguá (Pr), que já utiliza uma rede eletrônica de agendamento, impedindo o acesso de caminhões que não agendaram sua entrada no terminal.

MONTANTE valor será aplicado no início da produção de propulsores

Investimento de R$ 460 milhões a volkswagen do brasil anunciou, em- junho, que investirá, até 2018, r$ 460 milhões na fábrica de motores localizada no município de são carlos (sP). a intenção é iniciar a produção no brasil de propulsores com tecnologia tsi, que apresenta desempenho aprimorado e com menor consumo de combustível.

o aporte será dividido em três fases na nova família de motores ea211, que consiste em uma linha de produção, preparação para o aumento da capacidade produtiva da fábrica e uma inédita linha de produção de virabrequim a partir de 2016, peça que atualmente é importada pela empresa.

Milhas para taxa de embarque a rede de programas de fidelidade smiles informou, no mês de junho, que os clientes podem pagar taxa de embarque com milhas para voos nacionais da gol. a smiles vai cobrar 1.500 milhas para o cliente que usar o serviço. atualmente, as taxas de embarques nos aeroportos brasileiros vão

de r$ 21,70 a r$ 35. no primeiro trimestre deste ano, o smiles teve lucro líquido de r$ 69,6 milhões, queda de 11% na comparação com o mesmo período do ano passado. o acúmulo de milhas entre janeiro e março subiu 36% ano a ano, e os resgates aumentaram 13,4%.


aviação

HUB: Fortaleza, Recife e Natal na disputa grupo latam airlines, formado pelas companhias lan e tam, anunciou, no mês de junho, que terá um novo centro de voos internacionais e nacionais – conhecido como hub – na região nordeste a partir de 2016. três cidades estão no páreo: forta-

O

leza, natal e recife. os critérios para a definição da vencedora, que terá o privilégio de ter voos diretos para a américa do sul e europa, são: localização geográfica, infraestrutura aeroportuária, potencial de desenvolvimento e que ofereça uma melhor experiência ao cliente.

a previsão é que haja uma definição até o final de 2015. com investimento previsto de até r$ 4 bilhões para concentrar conexões em voos internacionais na região que tem o turismo cada vez mais forte, a expectativa da latam é de que sejam criados cerca de 10 mil empregos. o grupo

já iniciou as análises de viabilidade para a iniciativa que pretende ampliar a atuação em voos entre a américa do sul e a europa, considerando a posição geográfica estratégica da região. serão 14 voos diários para a europa e 46 para a américa do sul a partir do hub. infraero/divulgação

CENTRO DE VOOS iniciativa deve ampliar a atuação em voos entre a américa do sul e a europa

clóvis ferreira/digna imagens/divulgação

Rodovias de SP mais caras

BANDEIRANTES Pedágios da rodovia também foram reajustados

desde o dia 1º de julho, quem trafega pelas rodovias estaduais de são Paulo concedidas está pagando mais. os pedágios sofreram reajustes que variam entre 4,11% e 8,47%, dependendo da rodovia e do trecho. o acréscimo vale para carros de passeio, ônibus e caminhões. o reajuste acompanha variação do igP-m (Índice geral de Preços do mercado) – 4,11% – ou do iPca (Índice nacional de Preços ao consumidor amplo) –

8,47% - no acumulado dos últimos 12 meses. o atrelamento a cada indicador é determinado pelos contratos firmados em cada um dos dois lotes do Programa estadual de concessão de rodovias. os trechos que registraram o maior reajuste foram o oeste e o sul, do rooanel mario covas, e as rodovias d. Pedro i, raposo tavares, marechal rondon (oeste e leste) e ayrton senna/carvalho Pinto.


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MAIS TRANSPORTE acs/divulgação

Primeiro avião elétrico brasileiro foi registrado no último dia 23 de junho, à 14h15, o voo do primeiro avião elétrico desenvolvido no brasil. o “sora-e”, projeto criado pela itaipu binacional e pela empresa acs aviation, é uma aeronave de dois lugares (piloto e passageiro) fabricada com estrutura de fibra de carbono e previsão de autonomia de uma hora e meia. o modelo decolou do aeroporto de itaipu, localizado na margem paraguaia da usina, no município de hernandarias. segundo dados do “Programa ve”, que também está vinculado ao ministério da ciência, tecnologia e inovação, o avião é equipado com dois motores elétricos enrax, de 35 kw (47 cv) cada um, e seis conjuntos de baterias de lítio. o interesse das partes envolvidas no Programa ve é aprofundar seus conhecimentos sobre materiais compostos, como a fibra de carbono, fundamentais para a redução do peso de veículos elétricos.

cometa/divulgação

Reajuste no transporte rodoviário a antt (agência nacional de transportes terrestres) autorizou, em 25 de junho, o reajuste de 7,7% das passagens de ônibus interestadual e internacional de passageiros. o novo valor entrou em vigor em 1º de julho de 2015. o reajuste foi aplicado

sobre o coeficiente tarifário, considerando a necessidade de manter o equilíbrio econômico-financeiro das permissionárias e autorizatárias do transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros.

VALORES nova tarifa entrou em vigor em 1º de julho


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mercado

SelecTrucks alavanca vendas de caminhões da Mercedes-Benz comercialização de veículos por meio da selectrucks, loja de venda de caminhões seminovos de todas as marcas em mauá (sP), tem contribuído para alavancar as vendas de caminhões da mercedes-benz no brasil. em um período de 18 meses, cerca de 680 caminhões novos foram vendidos pela empresa a partir de negócios com usados. além disso, a selectrucks também tem colaborado para um maior volume de serviços e de peças, gerando mais resultados para a mercedes-benz e para os concessionários. segundo o vice-presidente

A

de marketing, vendas e Pósvenda da mercedes-benz do brasil, roberto leoncini, o segmento de caminhões usados vem crescendo no país. ele informa que o mercado de seminovos é duas vezes maior do que o de zero quilômetro. “em 2014, 332,4 mil veículos seminovos foram vendidos no brasil. isso contribui para que a mercedes-benz mantenha-se competitiva num mercado extremamente disputado como o que estamos vivendo hoje no país”, reforçou. os resultados fizeram com que a mercedes-benz decidisse investir em uma nova loja no estado de mi-

nas gerais, além da criação de postos avançados em concessionários por todo o brasil. “o selectrucks tem sido uma ferramenta importante para alavancar as vendas da marca no país”, disse o executivo. a selectrucks da mercedesbenz negocia com todas as marcas de caminhões, modelos e ano de fabricação. além disso, a empresa oferece cobertura de até 12 meses para todas as marcas de seminovos e reembolso de 100% dos custos com reparos até o valor de venda do veículo sem limite de quilometragem. “a característica mais marcante de nosso

portfólio é a variedade de modelos, que é a maior do país”, garante leoncini. a mercedes-benz também oferece gerenciamento e rastreamento de frota com a máxima economia. Pelo sistema fleetboard, que utiliza recursos de telecomunicações, internet e informática, a empresa proporciona uma gestão moderna da frota e dos motoristas. os serviços ajudam a empresa a poupar combustível e gerir seus processos logísticos além de permitir o bloqueio do caminhão garantindo a segurança do veículo e da carga. (Jane Rocha) mercedes-benz/divulgação

CRESCIMENTO loja de mauá (sP) contribuiu para alavancar as vendas de caminhões da mercedes-benz no brasil

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MAIS TRANSPORTE sergio alberto/cnt

Ferrovia Vitória-Rio anunciada o governo federal anunciou, em junho, a construção da ferrovia ef 118, que ligará a grande vitória à cidade do rio de janeiro. a obra, de 572 quilômetros de extensão, tem investimento estimado em r$ 7,8 bilhões e está incluída no programa de concessões anunciado pela presidenta dilma rousseff. o projeto do ramal ferroviário

ef 118 vai fazer a ligação de vitória com o rio, passando pelo Porto central, em Presidente kennedy, no sul do estado e também pelo Porto de açu, em são joão da barra, no rio de janeiro. e ainda aproveita o traçado da ferrovia litorânea sul, que vai de vitória a anchieta, feito pela vale.

PIL obra está incluída no programa de concessões infraero/divulgação

PROCEDIMENTO empresas adotaram manual desenvolvido pela iata

Serviços de solo nos aeroportos passam por padronização as empresas aéreas estão buscando a padronização dos serviços de apoio às aeronaves prestados em terra, como abastecimento de combustível, alimentos e bagagens. Para isso, estão adotando um manual

que foi desenvolvido pela iata (associação internacional de transporte aéreo, na sigla em inglês), em parceria com companhias de todo o mundo. isso ajuda a reduzir custos e danos

causados aos aviões. segundo o diretor da iata no brasil, carlos ebner, em 2010, foram gastos mais de us$ 4 bilhões em reparos de aeronaves por danos causados em solo. além disso, deve melhorar os serviços prestados aos

passageiros. sem a padronização, cada empresa terceirizada que atua no setor presta o serviço de uma forma diferente. os procedimentos indicados seguem as melhores práticas internacionais de treinamento de pessoal e fluxo de serviços.


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fiat automóveis/divulgação

Queda na venda de veículos as vendas de veículos caíram 20,7% no primeiro semestre deste ano, na comparação com o ano passado, revelou a fenabrave (federação nacional da distribuição de veículos automotores). trata-se do pior resultado para o período desde 2007, quando 1.082.257 unidades foram vendidas. ao todo, foram emplacados 1.318.985 carros, caminhões e ônibus entre

janeiro e junho, contra 1.662.837 em 2014. diante disso, a fenabrave decidiu revisar pela segunda vez, para baixo, as projeções de vendas no ano. em janeiro, a previsão era de 10% de queda nas vendas sobre 2014. em maio, foi revisada para 18,9% e agora passa para 23,9%, estimando um total de 2.662.857 veículos emplacados, 834 mil a menos do que no ano passado.

REDUÇÃO foi o pior resultado para o período desde 2007

Governo veta isenção para óleo diesel a presidente dilma rousseff vetou a emenda incluída, pela câmara dos deputados, à medida provisória que reajusta a tabela do imposto

de renda, que buscava conceder isenção de Pis e cofins para óleo diesel. a carga tributária sobre o diesel é estimada em 23%.

ou seja, se a proposta fosse preservada, haveria uma redução significativa no valor do combustível. a justificativa para veto foi a

de que a emenda resultaria em uma perda de arrecadação mensal estimada em r$ 1,15 bilhão ou em r$ 13,8 bilhões por ano. sergio alberto/cnt

JUSTIFICATIVA a manutenção da emenda resultaria em perda de arrecadação para o governo


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MAIS TRANSPORTE biocombustÍvel

Scania debate alternativas para o diesel ombustíveis alternativos ao diesel. esse foi um dos principais assuntos discutidos durante almoço entre jornalistas e o gerente de pré-vendas da scania, celso mendonça, em junho, em são Paulo. mundialmente, a marca utiliza combustíveis como biogás, gás natural, gás liquefeito, biodiesel e bioetanol. no brasil, tem em operação veículos movidos a etanol, biometano e gnv (gás natural veicular), além de trólebus em são Paulo. “a scania desenvolve veículos mais eficientes, a fim de diminuir o nível de emissões de

C

gás carbônico e demais poluentes. nossa proposta é trabalhar com uma matriz energética mista, com diferentes opções em combustíveis renováveis”, afirmou celso mendonça.

Para a linha de ônibus, a empresa testa,, desde novembro, um modelo movido a biometano/gás natural veicular. além disso, possui caminhões e ônibus movidos a

etanol. esses veículos emitem até 90% menos co2. na capital paulista, 60 ônibus da frota pública urbana são movidos ao combustível. (Evie Gonçalves) scania/divulgação

ETANOL montadora possui caminhões e ônibus movidos ao combustível; em sP, são 60 veículos

anderson bueno Pereira/divulgação

Novo sistema de etiquetagem a tam linhas aéreas instalou no aeroporto Presidente juscelino kubitschek, em brasília (df), sua funcionalidade de impressão de etiquetas de bagagens, chamada “self bag tag”, nos totens de autoatendimento para os voos domésticos da companhia. com a nova ferramenta, os passageiros podem realizar o check-in prévio via web ou nos seis totens de autoatendimento, localizados em frente aos balcões da tam, com a opção de imprimir a própria etiqueta de bagagem a ser

despachada. após a impressão das etiquetas, os clientes são direcionados para posições exclusivas de despacho de bagagem, gerando maior agilidade e praticidade no atendimento, segundo a empresa. o serviço foi implementado em abril no terminal de voos internacionais do aeroporto de guarulhos, em são Paulo. os aeroportos do galeão, no rio de janeiro, e de natal, no rio grande do norte, serão os próximos contemplados no projeto até o fim de 2015.

CONFORTO Passageiros podem realizar check-in prévio


Passageiros

Marcopolo apresenta novos ônibus marcopolo apresentou, no início do mês de julho, cinco novos modelos urbanos e rodoviários: o Paradiso 1350, o mais novo modelo rodoviário da geração 7; o novo ideale, para linhas intermunicipais e fretamento; e mais três veículos para a família torino – o express, o low entry e o torino motor traseiro. com o objetivo de atender os operadores em viagens de média e longas distâncias, o Paradiso 1350 foi o destaque entre os veículos lançados. o modelo, que já é utilizado no mercado mexicano e em países vizinhos, tem como grandes diferenciais o maior espaço para bagagens – a maior capacidade volumétrica do mercado, com até 19,57 metros cúbicos –, as novas poltronas fabricadas pela empresa e a moderna iluminação no salão dos passageiros em led, o que cria um ambiente de comodidade e sofisticação. o Paradiso 1350 completa a família de rodoviários da geração 7 da marca – viaggio 900, viaggio 1050, Paradiso 1050, Paradiso 1200, Paradiso 1600 low driver e Paradiso 1800 double decker. a empresa lançou ainda o novo ideale, mais uma opção para as linhas intermunicipais e fretamento, bem como para as regulares de médias e curtas distâncias. o modelo passa a contar com maior espaço de circulação no corredor, novas poltronas e configuração interna totalmente renovada, como novos revestimentos, porta-pacotes e porta-focos redesenhados e redimensionados, além de ilu-

fotos marcoPolo/divulgação

A

GERAÇÃO 7 Paradiso 1350, modelo rodoviário lançado pela marcopolo

DESTAQUE ambiente sofisticado e confortável

minação de led. a grade dianteira e os para-choques também receberam uma atenção especial e estão de visual novo. o veículo tem capacidade para transportar 48 passageiros sentados, mais auxiliar e motorista, na configuração sem toalete. já a linha torino, utilizada no transporte coletivo urbano, ganhou três novos modelos, o que garante uma grande variedade de veículos na modalida-

de. “o objetivo é oferecer aos nossos parceiros a melhor solução, de acordo com as características do seu negócio. desde o torino com motor dianteiro, o modelo de menores custos de aquisição e operação, até o express articulado, com capacidade para mais de 130 passageiros”, explica Paulo corso, diretor de operações comerciais da marcopolo. o torino express é um veículo articulado que se adapta

bem ao padrão de vias segregadas básicas e aos sistemas brt. o modelo garante também menores custos operacionais e de manutenção em relação aos veículos exclusivos para o brt. outra novidade que estará em breve nas ruas é o torino low entry, que mantém a concepção robusta da linha e a boa relação custo/benefício. o veículo é bastante indicado para quem busca agilidade nas operações de embarque e desembarque. o piso baixo e a suspensão pneumática facilitam o acesso para todos os passageiros, inclusive cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida sem a necessidade de elevador. o modelo que fecha a família é o torino motor traseiro. a grande mudança deste veículo está no nome. a troca da posição do motor no torino permite uma melhora significativa no conforto termoacústico no salão dos passageiros. (Luiz Renato Orphão)


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viacão são josÉ/divulgação

REPORTAGEM DE CAPA

Itinerário inflamável levantamento da ntu revela que, em 12 anos, cerca de 1.400 ônibus foram incendiados. ataques subiram mais de 690% nos dois últimos anos Por

fenômeno dos ônibus incendiados não é exatamente uma novidade para a sociedade brasileira. da revolta da vacina, no início do século 20, aos manifestos de meados de 2013 que varreram o brasil, a prática tem ganhado força e tomado feição mais organizada. as causas para esse tipo de ação variam de acordo com a natureza dos eventos, sejam eles sociais, políticos ou econômicos. as características e especificidades de cada região também influem nas motivações para inviabilizar o principal meio de trans-

O

DIEGO GOMES

porte coletivo do país. ataques orquestrados por facções criminosas, manifestações populares, revolta de comunidades carentes, boicotes organizados pelos chamados “piratas”. muitos são os motivos para tentar explicar essa manifestação social que agrava ainda mais a situação da mobilidade urbana no brasil, já tão prejudicada, inutilizando veículos e isolando pessoas. em comum, os episódios guardam uma extrema necessidade de vocalizar descontentamentos, ganhar visibilidade e confrontar as autoridades.

levantamento realizado pela ntu (associação nacional das empresas de transportes urbanos), a partir de dados dos últimos 12 anos, revela que 1.389 ônibus foram incendiados em 132 cidades brasileiras. no período, foram 52 vítimas. em média, um ônibus foi queimado a cada três dias (72 horas). nos últimos dois anos, contudo, houve um expressivo aumento no número de ataques: 851, sendo 662 em 2014 e 189 no primeiro semestre de 2015. isso representa uma escalada de 691%, se for levada em consideração a média proporcional de


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cada ano da série histórica. coração econômico do país, a região sudeste registrou a ampla maioria das ocorrências de ônibus queimados, com 1.122 casos, o equivalente a 80,8% do total. na sequência, estão nordeste, que registrou 154 (11,1%), e sul, com 64 (4,6%). estima-se que o custo total com ônibus incendiados foi de aproximadamente r$ 830 milhões. as perdas econômicas e financeiras sofridas levam em consideração a soma dos prejuízos das empresas (compra de novos veículos e perda da receita) e da sociedade (perda de um dia de trabalho dos passageiros afetados). “ao longo dos últimos 12 anos, mais de 694 mil passageiros não foram transportados diariamente. as empresas arcam com os prejuízos e as populações são penalizadas, porque significa menos ônibus rodando”, explica o presidente da ntu, otávio cunha. segundo ele, a queima de veículos reduz a capacidade de investimento das empresas, pois exige a substituição de ônibus que ainda não alcançaram o fim da vida útil. “a insegurança também deteriora o serviço, pois motoristas e cobradores são afastados por problemas psicológicos com consequências graves de médio e longo prazo. a diminuição da frota impacta na capacidade de co-

PREJUÍZO o custo total com ônibus queimados foi de aproximadamente r$ 830 milhões

bertura do sistema e diminui a frequência e o conforto.” em média, um ônibus transporta 500 passageiros por dia. “cada vez que um veículo é queimado, não apenas os usuários que estavam dentro do veículo são prejudicados. aqueles que iriam utilizar o transporte público ao longo do dia também são afetados”, declara o presidente da ntu. o preço médio de um ônibus convencional novo é de aproximadamente r$ 350 mil. esse valor não contempla sistemas embarcados como bilhetagem, plataformas, gPs e outros equipamentos cada vez mais comuns ao transporte público. caso o veícu-

lo seja do tipo articulado, esse valor é bastante superior, podendo alcançar até r$ 1 milhão. a queima de um ônibus faz com que seja necessária a reposição, e esse processo leva de quatro a cinco meses até que um novo veículo comece a circular. Para além do entendimento do que é bem público, esse tipo de depredação de patrimônio é utilizado para assustar a sociedade, já que a imagem de um grande veículo sendo cosumido por gigantescas labaredas é simbologicamente impactante. na visão da socióloga julita tannuri lemgruber, coordenadora do centro de estudos, segurança e cidadania da universidade cândido

mendes, trata-se de uma ação que interfere na vida e na mobilidade, tanto para quem usa quanto para quem não é usuário de ônibus. “a cada semana, temos esses episódios que são reveladores. são pessoas ou grupos que encontram, na violência, um meio para serem ouvidas e expressar sua revolta”, diz. sobre uma possível influência da mídia na incidência dessas ações, a socióloga avalia que o principal objetivo dos veículos de comunicação hoje é vender notícias e, portanto, situações que envolvem medo e terror dão mais audiência. “a mídia transforma e ‘magnifica’ esses episódios, em alguns casos até falseando a rea-


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viação urubuPungá/divulgação

Ônibus incendiados

EVOLUÇÃO DAS OCORRÊNCIAS 700 600 500 400 300 200 100 0

662

28

25

43

67 20

100

73

189

132

32

18

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 fonte: ntu

REGIÕES BRASILEIRAS: TOTAL DE OCORRÊNCIAS 1122

Quantidade de ônibus

1200 1000 800 600 400 200 0

154 20 norte

29 centro-oeste

64 sul

nordeste

sudeste fonte: ntu

lidade, conferindo uma repercussão exagerada, dando a impressão de que são mais comuns do que realmente são. nesse sentido, há uma retroalimentação da violência por meio da mídia”, diz. uma prática que tem chamado atenção é o crescente número de garagens inteiras sendo alvos desse tipo de ação. no início de junho, pelo menos 20 veículos de uma garagem na zona sul de são Paulo foram consumidos pelas chamas. segundo a sPtrans, a garagem, localizada em guarapiranga, era usada pela empresa viP para receber coletivos que estão fora de circulação. até então, não se sabe as causas do ataque. em abril deste ano, um incêndio de

grande proporção atingiu a garagem da empresa urubupungá, em osasco (sP), em que cerca de 40 coletivos foram destruídos. apesar de as autoridades divergirem quanto aos motivos, o expediente tem se tornado comum e já preocupa empresários, que se veem desamparados pelo poder público. Pelo levantamento da ntu, o estado de são Paulo é o campeão em ocorrências dessa natureza, sendo responsável por quase 40% do total (537). o problema, no entanto, está longe de ter uma solução. o setor defende que o poder público indenize as empresas em caso de ataques. na teoria, é dever do estado fazer o policiamento pre-

ATAQUE garagem da urubupungá (sP) teve 34 ônibus queimados

ventivo e garantir a segurança dos cidadãos e a continuidade dos serviços públicos. “nos últimos três anos, tivemos um prejuízo de aproximadamente de r$ 100 milhões. e esse custo todo recai nas costas das empresas, que não têm seguro, por não compensar assegurar uma frota inteira. aqui em são Paulo, uma empresa pequena tem, pelo menos, 300 veículos”, diz francisco christovam, presidente da sPurbanuss (sindicato das empresas de transporte coletivo urbano de Passageiros de são Paulo). entre as tipificações sugeridas pelas empresas, estão periclitação (expor a risco a vida de pessoas), homicídio (como no caso registrado

no maranhão), lesão corporal e tentativa de homicídio. “acrescente-se aí o aspecto da impunidade. incêndio de ônibus é caso de polícia. eu sempre disse que o infrator precisa saber que vai responder por esse ato. infelizmente, isso é qualificado como dano material”, pondera francisco christovam. na realidade, o artigo 250 do código Penal já prevê pena de três a seis anos de prisão e multa a quem causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem. quando o incêndio é causado em veículo de transporte coletivo, a pena aumenta em um terço. além dessa previsão legal, estão no congres-


análises

a CNT Transporte Atual contou com a colaboração de acadêmicos, na sua edição nº 133, em 2006, que

avaliaram a questão dos coletivos incendiados sob o prisma da sociologia e psicanálise. Para esta edi-

ção, voltamos a procurá-los a fim de revalidar suas visões. Primeiramente, o professor francisco ra-

francisco ramos de farias, psicanalista e doutor em psicologia

A estratégia do medo e o entendimento do so nacional diferentes projetos de lei que tratam sobre punições para queima de ônibus. um deles é o Pl nº 499/13, de autoria do senador romero jucá (Pmdb-rr), que tipifica o crime de dano ao patrimônio público ou privado durante manifestações públicas. a pena de reclusão seria de dois a cinco anos, mais uma multa. além dessa proposta, o Pls nº 508/2013, do senador armando monteiro (Ptb-Pe), prevê 35 anos de prisão para atos de terrorismo. há também um Pl na câmara dos deputados (nº 7462/2014), de autoria do deputado hugo leal (Pros-rj), que altera a lei de mobilidade urbana (nº 12.587/12) e pretende estabelecer como obrigações do estado garantir a segurança necessária à continuidade do transporte público e ressarcir danos nos casos de dolo e culpa. Motivações a socióloga julita tannuri lemgruber chama atenção para o fato de que, nos últimos meses, no rio de janeiro, muitas desses casos estejam relacionadas à ação da polícia, “que entra nas favelas atirando em busca de traficantes e acaba baleando moradores da comunidade que nada têm a ver com o tráfico”. em retaliação, explica julita, as pessoas ateiam fogo em ônibus, em pneus

Por que os ônibus são os alvos favoritos de grupos e movimentos que querem expressar seu descontentamento? faz parte do imaginário social a concepção de que um ônibus é um meio de deslocamento de uma camada da população e que sua destruição além de ser um fenômeno de intimidação (para um setor da classe dominante), significa também uma forma de “impotencializar” e imobilizar a população carente. a escolha de

eventos também está relacionada ao fato de que existem muitas pessoas mobilizadas e sendo assim o objetivo é causar dano, tanto para o poder público e empresários no sentido de prejuízo quanto pela produção de desamparo para os participantes desses eventos. Qual é o entendimento do brasileiro em relação ao o que é bem público? tudo indica que o momento atual testemunha um esfumaçamento dos limites entre o que

se entende na relação públicoprivado. os fenômenos divulgados pela mídia retratam ações de pessoas que devem estar revestidas por uma posição subjetiva, em função da qual se apropriam do poder e a partir de então agem segundo mandatos de sua própria vontade, provavelmente desconhecendo qualquer vínculo em termos de solidariedade. além disso, a esperança de que essas ações seriam reveladoras de insatisfações não atinge seu objetivo, pois sequer são ouvidas nesse sentido, visto

natália braga de oliveira, socióloga e mestre em antropologia

Problema social e o sentimento de A senhora mantém as mesmas teses sobre o fato de os ônibus serem os alvos favoritos desse tipo de ação? apesar dos avanços no sentido de consolidar as instituições democráticas, tivemos ao mesmo tempo muitos retrocessos nos últimos anos. se, por um lado, os mecanismos de "vigilância" interna (ouvidoria e corregedoria) e externa (ministério Público e ongs) das forças policiais têm sido aperfeiçoados e estão mais atuantes, por outro, eles ainda não se encontram consolidados no imaginário político e social brasileiro por diversos motivos. dessa forma, a explicação de que protestos que têm a violência como recurso ocorrem em função da des-

confiança da população na eficácia das instituições democráticas não pode ser descartada. tal fato também está relacionado ao alto grau de hierarquia presente nas relações sociais brasileiras que impedem o tratamento igualitário, prevalecendo nas instituições públicas, mesmo em períodos democráticos, as relações pessoais e de poder. em contrapartida, o ideal democrático representativo se encontra cada vez mais desgastado, não só no brasil, como também em grande parte do mundo ocidental. O fenômeno deixou de ser isolado e tomou feição mais organizada e sistêmica? de fato, há vários relatos sobre

a participação de indivíduos ligados a atividades criminosas e, ao que me parece, se assemelham com ações terroristas que, ao disseminar o medo entre a população, expõe as forças policiais e, consequentemente, o governo (em seus diferentes níveis). mas é importante frisar que a depredação de transportes públicos, no brasil, como forma de protesto não são atos isolados. Pelo contrário, ao analisarmos somente a história republicana do país, iremos encontrar inúmeros casos semelhantes, especialmente no rio de janeiro. fato que está relacionado aos motivos que já elenquei, mas também à má qualidade dos serviços que são prestados.


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mos de farias, com a colaboração de lobelia da silva faceira, doutora em serviço social e professora da

escola de serviço social da unirio, comenta a estratégia de se valer do medo como imposição de poder. em

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seguida, a socióloga natália braga de oliveira busca entender as causas desse fenômeno.

bem público que a interpretação que circula é de que se trata de um estado de barbárie. não deveríamos deixar de considerar que grande parte desses jovens que colocam fogo nos meios de transporte fazem parte de uma geração cujos pais foram marcados pelo regime de opressão, que terminou nos anos 1980. eu diria que provavelmente esses pais – em função da vivência de um período de opressão – fazem a opção pela liberdade e, por vezes, omissão no processo de transmissão de valores aos seus filhos.

De certa forma, esse tipo de prática tem sua função social? em certo sentido, reforça o aparato coercitivo do estado. essas ações devem ser interpretadas, por outro lado, como um tipo de denúncia num momento histórico em que, no brasil, são ensaiados os primeiros passos em direção à democracia, constituindo, assim, a redução do estado social e a ênfase num estado Penal, que clama pelo encarceramento de pobres, negros e indivíduos em vulnerabilidade social.

Por que o terror e o medo são formas eficazes de imposição do poder? o medo social como instrumento de imobilização reduz praticamente todas as alternativas de criação do sujeito e de ação, tornando-o vulnerável, passivo e facilmente controlável. a contrapartida dessa transformação no sujeito consiste no aumento do poder punitivo do estado. com seus aparatos devidamente azeitados para demonstrar suas ações de produção de terror.

to inferior, que não se coaduna com o pensamento aristocrático do brasileiro, elitista. assim, já haveria um desconforto em ser usuário de transporte coletivo no país, somando-se a isso as condições do trânsito nas grandes cidades, ao preço das passagens e ao serviço que é prestado, teremos a "ponta do fio desenrolar esse novelo".

vandalismo. nesses casos, a motivação que levou ao ato violento "desaparece" naquilo que é noticiado, sobrando apenas um reforço na cultura do medo. tal posicionamento, obviamente, dependerá da linha editorial adotada pelo veículo e de quem, naquele momento, ocupa o governo. muitas vezes, a ênfase dada ao evento está relacionada a questões políticas, numa tentativa de desgaste do governo e de sua política de segurança pública. assim, o debate não se aprofunda, sobrando apenas a "espetacularização" do uso da violência. considero que tal atitude não deve ser lida como um estímulo aos protestos, pois na verdade, tendem a criminalizá-los.

impotência A senhora saberia explicar por que a região mais importante economicamente para o país (Sudeste) é o berço desse fenômeno? sem precisar recorrer a dados estatísticos, sabemos que a questão da mobilidade é um grande problema dos centros urbanos brasileiros, principalmente na região sudeste. a explosão de violência nos protestos, que é dirigida aos transportes coletivos, provavelmente está relacionada à indignação e ao sentimento de dependência e impotência em relação aos mesmos. o antropólogo roberto damatta, já na década de 1980, enfatizava que precisar dos transportes coletivos, no brasil, significava estar submetido a um tratamen-

Os veículos de comunicação de massa contribuem para estimular esse tipo de ato? de certa forma sim, pois ampliam a repercussão do evento. em muitos casos, há uma tentativa clara de deslegitimar os protestos através de recursos linguísticos que o associam à barbárie e ao

e impendem a circulação na região. o estado do rio de janeiro é o segundo do país com mais ocorrências, com 26,4% dos registros da série histórica (367 incidentes). “esse tipo de situação é uma clara demonstração de que há populações que já chegaram além do limite do suportável.” em contrapartida, lélis marcos teixeira, presidente da fetranspor (federação das empresas de transportes de Passageiros do estado do rio de janeiro), considera que o número de ônibus atacados em comunidades vem caindo desde o início do processo de pacificação nas favelas cariocas. “antes de qualquer coisa, é preciso esclarecer que nenhum desses ataques tem relação com a qualidade do serviço. sempre teve a ver com outros problemas, como disputas nos morros e protestos da população. mas posso afirmar que, depois das uPPs (unidades de Polícia Pacificadora), foi sensível a redução desses crimes contra o patrimônio público”, avalia. no entanto, a ação de grupos milicianos que controlam as chamadas cooperativas de vans ainda faz estragos nos concessionários do serviço de transporte. segundo reportagem do jornal “o globo”, na zona oeste, no ano passado, empresários do consórcio santa cruz ameaçaram desistir de operar 31 linhas de ônibus que


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fotos arquivo sPurbanuss/divulgação

conscientização

Campanhas denunciam diante da aparente apatia das autoridades públicas, entidades, sindicatos e empresas investem em iniciativas educativas para tentar envolver a sociedade nessa discussão e estimular a denúncia de atos criminosos contra o transporte público. com esse propósito, o sPurbanuss criou, em 2014, a campanha “Ônibus queimado não leva a lugar nenhum”, na qual há uma fila de passageiros tentando embarcar nas cinzas de um veículo. desenvolvida em parceria com o cmt (consórcio metropolitano de transportes) e a fecootransp (federação das cooperativas de transporte do estado de são Paulo), a ação contou com o apoio do ministério Público, da secretaria de segurança Pública estadual e da secretaria mu-

atendem bairros da região, em função da concorrência ilegal de kombis e vans piratas, cujos donos são obrigados a pagar a milicianos taxas semanais de até r$ 200 para poder circular. em muitos casos, o crime organizado pode estar por trás dos episódios, que acabam tendo suas reais causas maquiadas por “convulsões sociais”. o ministério Público deu início, no ano passado, a uma investigação em torno da suspeita de participação de uma facção criminosa que atua dentro e fora dos presídios de são Paulo nos mais diversos ca-

nicipal de transportes da Prefeitura de são Paulo. "o grande desafio é mostrar que a população é a principal prejudicada e que a denúncia é o caminho", afirma francisco christovam, presidente do sPurbanuss. no rio de janeiro, o sindicato que representa as empresas do município lançou a campanha "Ônibus queimado não serve à população". foi elaborado um vídeo que mostra a extensão do terror além do dano material com relatos de funcionários e passageiros aterrorizados com essas ações criminosas. a ntu também divulgou a manifestação pública “vandalismo compromete serviços de ônibus urbanos”, que foi publicada nas editorias de opinião dos principais veículos de comunicação do brasil.

sos de incêndios a ônibus na capital, desde o início de 2013. a ideia é apurar todos os casos juntos, buscando relacioná-los, para descobrir os mentores dos atos. com isso, espera-se entender por que apenas 7% dos alvos são carros de empresas permissionárias (normalmente cooperativas que atuam no transporte local de passageiros, operando trechos de bairros e mais curtos). a maioria dos ataques teve como alvo veículos de concessionárias. Medidas paliativas enquanto não há alterações

MOBILIZAÇÃO campanha reflete sobre a utilidade dos ônibus queimados

REVOLTA moradores de bairro paulista protestam contra mais uma ação

na legislação, algumas medidas pontuais buscam restabelecer algum equilíbrio nessa equação. desde o início deste ano, a Polícia militar e a guarda civil metropolitana atuam em conjunto para tentar inibir a queima de ônibus nos bairros mais distantes de são Paulo. a iniciativa saiu do papel após cinco coletivos terem sido alvos de vandalismo na primeira semana de janeiro na avenida belmira marin, na zona sul de são Paulo. um levantamento da secretaria da segurança Pública de são Paulo constatou que 90% dos ataques a ônibus na capital,

entre os meses de janeiro e outubro de 2014, ocorreram em quatro avenidas. “são dois na zona sul, um na zona leste e outro na zona norte, mais especificamente na brasilândia”, disse o secretário alexandre moraes. segundo ele, ao se analisar os ataques nesses locais específicos foi possível determinar que “há um modus operandi” que indicaria a atuação de quadrilhas. “o próximo passo é identificar os integrantes dessas quadrilhas”, afirma. a primeira medida efetiva da parceria entre as corporações foi a presença de uma base


Concorrência desleal no entorno do distrito federal, região que compreende 11 municípios goianos que estão mais próximos de brasília do que de goiânia, os tentáculos do crime organizado interferem no transporte público. diariamente, centenas de milhares de pessoas dependem dos chamados ônibus semiurbanos para se descolarem até a capital do país. Presidente da associação de transporte interestadual de Passageiros semiurbano e da taguatur (empresa de ônibus da região), carlos alberto medeiros atribui a maioria dos ataques a coletivos aos responsáveis pelo transporte pirata. “temos aqui a maior incidência de vans e ônibus piratas do país. os donos desses veículos colocam fogos nos veículos das empresas sob a alegação de que são cidadãos insatisfeitos com o serviço”, diz. responsável pela fiscalização, a antt (agência nacional de transportes terrestres)

da gcm no copom, a sala de comunicação da Polícia militar. “isso vai permitir a troca de informações mais rapidamente. o copom já tem estrutura física para atuar de forma integrada com as forças de segurança, como a guarda e os bombeiros”, informa o coronel ricardo gambaroni, comandante da Polícia militar. de acordo com ele, a gcm já está presente nas regiões onde há subprefeituras. com a integração, a guarda se fará ainda mais presente nas proximidades dos corredores de ônibus, que são equipamentos municipais.

vem acompanhando a situação. desde 2014, a agência discute a criação de consórcio com os governos do distrito federal e de goiás e as prefeituras a fim de reorganizar o sistema e integrar os serviços. “também abrimos licitações de quatro lotes para renovar toda a frota, mas, em função das especificidades da região (longos deslocamentos e baixas tarifas), o interesse foi aquém da expectativa”, informa alexandre muñoz, gerente de transporte fretado de Passageiros e de acompanhamento econômico da antt. na contramão do que disse o dirigente da agência, medeiros acredita que o baixo interesse para operar no entorno esteja relacionado à concorrência desleal do transporte pirata e à falta de aderência das licitações às reais características da região. “nos atuais moldes, o empresário só tem prejuízo”, arremata.

algumas empresas têm adotado as próprias medidas de segurança para tentar evitar os ataques, contratando serviço de brigadistas e instalando sistema de vigilância por meio de câmeras. em alguns casos, fiscais, motoristas, moradores, policiais e batalhões locais montaram uma rede de informações a fim de prevenir possíveis investidas nos veículos. “são iniciativas paliativas. o ideal seriam medidas estruturantes e a criação de uma delegacia especializada. o poder público precisa criar formas para atuar com prioridade

Ônibus incendiados

CIDADES BRASILEIRAS COM MAIS OCORRÊNCIAS

entorno do df

400 350 300 250 200 150 100 50 0

370 247

114 47

33

39

37

37

34

30

j g s g g a a )* sP -sP -m -m o-r a-e r-b lorm ará-m ros-m co uiz eir do nte óri au as j( l t a b a n o P s i l r v z a a o o l v c o s j ri o sã sa sã ho eir tes de an lo on j e rio m b de rio

* região metropolitana

fonte: ntu

IMPACTO ANUAL SOBRE A PRESTAÇÃO DO SERVIÇO 2015 2014 2013 2012 2011 2010 2009 2008 2007 2006 2005 2004

1.081.009 3.786.393 754.991 417.533 183.028 571.963 383.215 102.953 114.393 245.944 142.991 160.150

0

00 00 0.0 0.0 50 .1 00

00 0.0 0 5 1.

00 0.0 .2 00

00 00 00 0.0 0.0 0.0 .2 50 .3 50 .3 00

00 0.0 .4 00

Quilômetros que deixaram de ser percorridos fonte: ntu

para esse tipo de caso, porque se trata de ações que colocam a vida de pessoas em risco”, alerta o presidente da sPurbanuss, francisco christovam. no rio de janeiro, o policiamento foi reforçado nos brts transcarioca e transoeste. “contratamos policiais em horários alternativos aos do expediente regular. com isso, o número de casos de depredação contra ônibus se tornou praticamente nulo. infelizmente, não é possível fazer isso em todos os terminais. mas essa ação demonstra que é possível ter resultados

com investimento em segurança”, destaca o presidente da fetranspor. segundo ele, já está em curso um programa que envolverá as redes sociais e uma central de comando para denúncia de ataques. oficialmente, o governo federal não tem projetos estruturantes e políticas públicas voltadas especificamente para essa questão. Procurado pela reportagem, o ministério da justiça apenas informou que tem trabalhado para fortalecer o combate à violência ao crime organizado no país. l


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VEÍCULOS A DIESEL

alerta sobre adulteração

em sistema do arla mau uso pode levar a danos e fabricante alerta sobre perda de garantia; substância é fundamental para reduzir a poluição emitida por caminhões e ônibus Por

adulteração do sistema de uso do arla 32, um aditivo para o tratamento de gases de escape de alguns motores a diesel, pode levar a danos ao veículo e à perda de garantia. Para economizar com a compra do produto, muitos motoristas estão burlando o sistema ou mesmo deixando de usar o agente redutor líquido automotivo, o que tem trazido preocupação para os fabricantes e para o setor transporta-

A

CYNTHIA CASTRO

dor. essa substância é indispensável para veículos a diesel que saem de fábrica, desde 2012, com a tecnologia chamada scr (catalisador de redução seletiva). o não uso faz o veículo perder a potência. Para não comprar o arla e tentar não ter problemas, muitos motoristas estão colocando chips ilegais ou outros dispositivos que agem para minimizar essa perda. utilizam o agente adulterado, não colocam a

substância no veículo ou adotam outras estratégias. o problema é que isso pode gerar prejuízos bem maiores, conforme alerta a anfavea (associação nacional dos fabricantes de veículos automotores). o presidente da associação, luiz moan, reforça que a utilização desse aditivo é fundamental, tanto para evitar danos ao veículo como ao meio ambiente. “um sistema que burle a utilização do arla 32 gera a perda da garantia. esse

é um alerta importantíssimo que queremos dar aos nossos consumidores, para que eles não percam a garantia. além disso, a não utilização é um ilícito ambiental”, diz. no final deste ano, durante a 20ª edição da fenatran, a anfavea pretende organizar um seminário junto a entidades do setor transportador, para alertar sobre o arla. a fenatran é um grande evento que acontece em são Paulo, voltado para a cadeia do


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mercedes-benz/divulgação

PROCONVE desde 2012, veículos pesados saem de fábrica no brasil com nova tecnologia que contribui para reduzir as emissões

Saiba mais Arla 32 • o agente redutor líquido automotivo é um fluido necessário para a tecnologia scr • É injetado no sistema de escapamento para reduzir quimicamente as emissões de nox (óxidos de nitrogênio) de veículos movidos a diesel • É uma solução composta, em sua maioria, por um terço de ureia de alta pureza e dois terços de água desmineralizada • o uso do aditivo é necessário devido à tecnologia de controle de emissão que equipa veículos com motores a óleo diesel fabricados a partir de 2012 • a redução ocorre por meio de uma reação química entre a ureia presente no arla 32 e o gás proveniente do motor do veículo em funcionamento fontes: man, ibama

transporte rodoviário de cargas da américa latina. o assunto preocupa porque para implantar o mecanismo para a não utilização do arla 32, há violação do sistema do veículo, podendo gerar danos. esse aditivo passou a ser utilizado na maior parte dos veículos pesados que saem de fábrica, desde 2012. naquele ano, começou a valer, no brasil, a fase 7 do Proconve (Programa de controle da Poluição do ar por veículos auto-

motores), correspondente à euro 5, na europa. todos os caminhões e ônibus tiveram que ser fabricados com nova tecnologia para reduzir as emissões e passaram a usar um combustível com menor teor de enxofre. a maior parte dos veículos pesados novos tem uma tecnologia que necessita do arla 32 para que os ganhos ambientais sejam de fato alcançados. a cnt tem uma publicação “a fase P7 do Proconve e o impacto


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joao luiz oliveira/tecnifoto/divulgação

fiscalização

Operação em SP e MS no início do mês de julho, o ibama (instituto nacional do meio ambiente e dos recursos naturais renováveis) realizou ações simultâneas em são Paulo e no mato grosso do sul, junto com a Polícia rodoviária federal, gerando 20 autos de infração e r$ 65 mil em multas devido a fraudes no sistema do arla. as informações são da assessoria de imprensa do instituto. segundo o ibama, a ação foi desencadeada para fiscalizar a questão do arla e outros ilícitos ambientais, como o transporte interestadual de produtos perigosos. “as transportadoras e os motoristas de caminhões com

no setor de transporte”, que orienta os transportadores, motoristas e outros integrantes do setor sobre as tecnologias dos novos veículos, implicações dessa fase do programa de controle de poluição, entre outras medidas. o informativo da cnt também aborda o uso do arla e pode ser consultado no site do despoluir – Programa ambiental do transporte (www.cntdespoluir.org.br). há alguns meses, a ntc&logística (associação nacional

irregularidades na composição do arla 32 foram autuados com base no artigo 68 do decreto federal nº 6.514/2008, que prevê multas de r$ 1.000 a r$ 10.000 por condução ou permissão/autorização de condução de veículo automotor em desacordo com os limites e exigências ambientais previstos na legislação”, diz a assessoria do instituto. Para medir o percentual de ureia na composição do arla 32, o ibama informou que a Prf utilizou um equipamento chamado refratômetro. algumas rodovias onde foram realizadas as ações são a br-262, br-158 e br-163.

do transporte de cargas e logística) fez um estudo com mais de cem empresas sobre a fase 7 do Proconve e o uso do arla. mais de um terço (35,4%) das empresas disseram ter conhecimento de algum tipo de ação para desabilitar o sistema de tratamento de gases de escape e 8% delas afirmaram que pretendiam aplicar essa medida. segundo a ntc, a prática é mais comum entre os autônomos. na internet, há

ALERTA Presidente da anfavea diz que tema será debatido na fenatran

anúncios sobre venda do sistema ilegal e blogs que discutem o assunto. o ibama (instituto brasileiro do meio ambiente e dos recursos naturais renováveis) faz um alerta aos proprietários de veículos movidos a óleo diesel, fabricados a partir de 2012, com tecnologia scr. “a instalação de botões, chaves, sensores, softwares ou qualquer outro dispositivo que vise enganar o sistema de

controle de emissões para a não utilização do arla 32 causará problemas técnicos ao veículo, que trarão prejuízos financeiros futuros”. além disso, o órgão reforça que a medida caracteriza-se um “ilícito ambiental, tanto para quem vende/executa a instalação como para o proprietário do veículo”. de acordo com a assessoria de imprensa do ibama, a multa pode chegar a r$ 50 milhões.


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uso

Produto precisa de maior controle no Brasil

“Um sistema que burle a utilização do Arla 32 gera a perda da garantia do veículo” LUIZ MOAN Presidente da anfavea

o gerente-executivo de serviços e assistência técnica da man latin america, jorge carrer, também destaca que o uso inadequado do arla não permite o tratamento dos gases de escape, principalmente em relação ao nox (óxidos de nitrogênio). “com isso, há um nível mais elevado de emissões ao meio ambiente.” além disso, “o uso do arla adulterado pode resultar em danos irreversíveis

os fabricantes consideram que é necessário definir um órgão do governo específico para ser o responsável pelo arla 32. segundo o presidente da anfavea (associação nacional dos fabricantes de veículos automotores), luiz moan, “hoje, nenhum órgão governamental se declarou totalmente responsável pelo controle do arla.” conforme moan, isso não deve ser feito necessariamente pelo ibama (instituto brasileiro do meio ambiente e dos recursos naturais renováveis), mas por algum organismo definido especificamente para o assunto. sobre o preço do arla, ele defende a comercialização a granel, pois a embalagem encarece. de acordo com a anP (agência nacional do Petróleo, gás natural e biocombustíveis), o arla é regulado pelo ibama, que possui convênio

aos componentes do sistema de pós-tratamento, como a unidade dosadora de arla e o catalisador”. de acordo com carrer, o principal problema é a utilização de soluções adulteradas ou até água pura em vez do arla, o que também tem efeitos nocivos ao veículo. o gerente da man alerta sobre a necessidade de ficar atento à origem do produto, fazendo a aquisição em est-

com o inmetro (instituto nacional de metrologia, normalização e qualidade industrial) para fiscalização e controle da qualidade. Por esse termo, “o ibama delega ao inmetro a competência para implementar as atividades de regulamentação, registro e fiscalização relativas ao procedimento e avaliação de conformidade para o arla 32”. o inmetro informou que a diretoria de avaliação da conformidade do instituto regulamentou, na portaria nº 139/2011, o Programa de avaliação da conformidade para o arla 32, por meio de um mecanismo de certificação compulsória. os fornecedores devem submeter o arla ao programa antes da comercialização. a portaria prevê as modalidades de certificação para o arla - a granel e envasilhado. a fiscalização se dá pela rede brasilei-

abelecimentos de confiança. também é importante garantir as especificações do fabricante do veículo. “a economia com arla 32 de procedência duvidosa pode se tornar um péssimo negócio com o comprometimento de componentes do caminhão e multas por poluição ambiental”, afirma o gerente da man. a mercedes-benz informou que realiza um forte trabalho

ra de metrologia legal e qualidade, que é a rede pública nacional formada por órgãos federais, estaduais e municipais conveniada ao inmetro. mas o instituto informou que “não é de competência do inmetro fiscalizar o uso que o consumidor está fazendo do arla 32 em seu veículo, tampouco inspecionar fraudes quanto ao uso irregular de chips”. a maior parte da venda do arla 32 é feita em galões e não a granel, segundo a fecombustíveis (federação nacional do comércio de combustíveis e de lubrificantes). como é necessário alto investimento em infraestrutura no posto e como ainda não há regulamentação específica sobre detalhes dessa infraestrutura, há poucos postos que disponibilizam a granel. conforme a fecombustíveis, a norma abnt está em desenvolvimento.

no pós-venda para multiplicar as informações de alerta aos proprietários e condutores de veículos a diesel. “o correto funcionamento do sistema (sgr), com a utilização do arla 32, faz a redução química das emissões de nox de veículos movidos a diesel, com importante papel no tratamento desses gases produzidos no motor, reduzindo assim o impacto ambiental”, diz a mercedes-benz. l


RODOVIÁRIO

Por EVIE

GONÇALVES

caminhoneiro di assis guedes da silva é motorista profissional há 35 anos. desde então, percorre diferentes rotas de escoamento de produção, sobretudo agrícola. a principal delas é o trecho cuiabá (mt) – santarém (Pa), composto por 1.760 quilômetros, na br-163. a rodovia, que corta os estados do mato grosso e Pará, é um dos meios para deslocar a safra produzida no centro do brasil até o arco norte – expressão utilizada para denominar os portos das regiões norte e nordeste. atualmente, a maior dificuldade que o caminhoneiro encontra para transportar a carga de grãos na rodovia, principalmente soja e milho, é o intervalo de 126 quilômetros entre novo Progresso (Pa) e trairão (Pa), município que antecede o complexo poertuário de miritituba. o terminal estratégico possui interligação, por hidrovia, pelo rio tapajós, até os portos de santarém e barcarena, também

O

Falta de obras Precariedade nas br-163, br-158 e br-364 dificulta no Pará. o trecho ainda não está pavimentado. “em época de chuvas, fica impossível transitar. além do caminhão atolar, temos que lidar com a água na pista, o que dificulta a passagem. o jeito é dormir no veículo e fazer comida na estrada”,

conta silva. em condições normais, o motorista vai de cuiabá a santarém em três dias. contudo, quando chove muito, tem que esperar 12 dias até chegar ao destino final. segundo o movimento Prólogística do mato grosso, os ala-

gamentos na br-163 e a consequente permanência dos caminhões na rodovia por um período maior aumentam os custos operacionais do transporte e encarecem o frete. “quanto mais tempo para escoar a carga, maior o custo do transporte”, ex-


fotos movimento Pró-logÍstica do mato grosso/divulgação

prejudica Arco Norte transporte; intervenções são cruciais para deslocamentos e exportações plica edeon vaz ferreira, diretor do movimento. de acordo com o estudo transporte & desenvolvimento – entraves logísticos ao escoamento de soja e milho, divulgado pela cnt (confederação nacional do transporte), em maio, consi-

derando a qualidade do pavimento das rotas atualmente utilizadas para o transporte de grãos, o custo médio operacional do transporte pode aumentar 48,3% quando a carga é direcionada aos portos do norte e nordeste. o sifreca (sistema de

informações de fretes da universidade de são Paulo) aponta que, nesse corredor, o preço dos fretes por tonelada-quilômetro cresce cerca de 7%. Para reduzir o custo do transporte, o estudo da cnt sugere a integração modal entre rodovia

e hidrovia. de lucas do rio verde (mt), por exemplo, principal região produtora de soja e milho, até o Porto de santos (sP), o valor do transporte por tonelada é de r$ 258,72. o trecho é feito apenas pelo modal rodoviário. já da mesma região até o Porto


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Porto de santarÉm/divulgação

de santarém, transportando a carga por rodovia até miritituba e, em seguida, por hidrovia até o terminal portuário, o valor do frete cai para r$ 167,49, redução de 33,3% no custo. responsável por grande parte da produção nacional de grãos, os estados do centro-oeste passam por um desafio logístico: desafogar os portos do sul e sudeste, sobretudo santos, vitória (es) e Paranaguá (Pr) e migrar a carga para o norte. Para se ter uma ideia, do total de exportações de grãos produzidos no mato grosso em 2014, cerca de 75% foram escoados por esses três portos do sudeste. apenas 17,2% foram transportados por terminais como santarém, itacoatiara, são luís e barcarena. Para que a transferência de regiões ocorra, entretanto, existem obstáculos rodoviários a serem superados, uma vez que obras anunciadas pelo dnit (departamento nacional de infraestrutura de transportes) para diversas rodovias estão atrasadas. a duplicação do trecho entre sorriso (mt) e miritituba, por exemplo, na br-163, deveria ter sido concluída em 2011 com recursos do Pac (Programa de aceleração do crescimento). mas após problemas com empresas

SANTARÉM chegada da carga até o porto, no Pará, é dificultada devido aos gargalos rodoviários

A duplicação na

BR-163 só deve ser concluída em 2016

contratadas, só deve ser finalizada em 2016. o leilão do trecho de 976 quilômetros entre sinop (mt) e miritituba está previsto no Pil (Programa de investimento em logística) e deve ocorrer ainda este ano. o valor estimado é de r$ 6,6 bilhões. além disso, a iniciativa privada deve investir cerca de r$ 800 milhões na rodovia. a expectativa é que as intervenções reduzam o tempo

de viagem no corredor cuiabá santarém. além disso, segundo dados do setcam (sindicato das empresas de agenciamento, logística e transportes aéreos e rodoviários de cargas do estado do amazonas), com a pavimentação e a duplicação, até 50% da produção do centrooeste poderia ser exportada pelo Porto de santarém. “se a safra chegasse a miritituba de for-


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ARCO NORTE Confira as principais rotas para o escoamento da produção agrícola

BR-163/MT-PA

BR-158/MT-PA

BR-364/MT-RO

INTERVENÇÕES RODOVIÁRIAS SELECIONADAS PARA O ESCOAMENTO DA PRODUÇÃO DE GRÃOS - BRASIL

ma adequada, por essa rodovia, e fosse escoada pelo rio tapajós até o porto, poderíamos ter uma economia de até 12%”, destaca raimundo de araújo neto, secretário do sindicato. a cnt alerta para a importância da rodovia desde 2007, na primeira edição do Plano cnt de transporte e logística. o estudo indica pontos necessários de adequação, duplicação, constru-


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INVESTIMENTO MÍNIMO - REGIÃO NORTE

PRÊMIO CNT DE JORNALISMO fonte: Plano cnt de transporte e logística 2014

INVESTIMENTO MÍNIMO - REGIÃO CENTRO-OESTE

a situação da br-163 foi o tema da foto “na lama da cuiabá-santarém”, do fotógrafo josé luis da conceição, do jornal o estado de s. Paulo. em 2005, a imagem foi a grande vencedora da premiação da cnt. essa foi a única vez que uma fotografia ganhou na principal categoria. dez anos depois, o que se observa é que a falta de pavimentação e duplicacão na rodovia continua causando ranstornos aos motoristas

fonte: Plano cnt de transporte e logística 2014

ção, pavimentação e recuperação de pavimento de rodovias em todo país (ver tabelas de investimentos mínimos para as regiões norte e centro-oeste). a Pesquisa cnt de rodovias 2014 também revelou a necessidade de investimento na br-163. entre cuiabá e miritituba, dos 765 quilômetros pesquisados, 91% receberam a classifição regular. outros 9% se enquadraram na categoria ruim. o estudo avaliou mais de 98 mil quilômetros de rodovias pavimentadas em todo o brasil,

O frete até Santarém fica

33,3% menor com o uso de rodovia e hidrovia

com as classificações ótimo, bom, regular, ruim e Péssimo. e não é apenas esse trecho que precisa de obras. no mato grosso, existem pontos de estrangulamento, problemas geológicos, falta de duplicação e de manutenção da rodovia, o que ocasiona muitos buracos na pista. os caminhoneiros que fazem o transporte da safra também se deparam com pequenas cidades ao longo da br, que retêm o tráfego e aumentam o tempo de deslocamento até o destino final.

edeon ferreira explica que entre os municípios de rondonópolis (mt) e sinop, por exemplo, existem trechos de muito trânsito. um deles está entre Posto gil (mt) e rosário do oeste (mt). apesar da duplicação da via, na região conhecida como serra da caixa, uma falha geológica foi responsável por danificações na pista. Por causa disso, nesse ponto, a br se tornou mão única, o que gera grandes pontos de lentidão. mesmo com a necessidade de


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josÉ luis da conceição/o estado de s. Paulo

reparos, o dnit informou que as obras já foram concluídas. já entre rosário do oeste e o trevo do lagarto, que fica no município de várzea grande (mt), falta manutenção na pista. com isso, o número de buracos, sobretudo com as chuvas, tem aumentado, o que também provoca a redução de velocidade dos veículos. além disso, o trecho não possui acostamento. de acordo com o dnit, o edital para as obras no local foi anulado no ano

passado e não há previsão de novas intervenções. entre cuiabá e rondonópolis, existem pequenas cidades ao longo da rodovia, o que também retém o tráfego. o trecho será duplicado, mas só deve ser concluído no final de 2017. “são 220 quilômetros de muita complicação e trânsito intenso nesse ponto. chego a levar cinco horas em uma situação normal. se tiver acidente, são dez horas”, relata o caminhoneiro di assis. segundo dados do movimen-

“Em época de chuvas, fica impossível transitar” DI ASSIS GUEDES DA SILVA motorista Profissional

to Pró-logística do mato grosso, na safra passada, foram transportadas 3 milhões de toneladas de grãos pela br-163, contra aproximadamente 600 mil toneladas no ano anterior. o dnit anunciou 14 lotes de obras para a rodovia, desde a divisa do mato grosso com o Pará até o Porto de santarém. no total, são cerca de 900 quilômetros previstos, tendo sido concluída a pavimentação de 600 quilômetros. entretanto, para especialistas, com o aumento espe-


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br-319

Transporte precisa de integração importante corredor na região norte, a br-319, que liga manaus (am) a Porto velho (ro), tem sido responsável por grandes prejuízos na região. o trecho de 380 km entre igapó-açú (am) e humaitá (am) está totalmente interditado para o tráfego de caminhões. Por ser considerada área de preservação ambiental, o ibama (instituto brasileiro do meio ambiente e dos recursos naturais renováveis) não concede licença para a liberação de obras no local. sem a possibilidade de trafegar, as carretas dos caminhões são transportadas por hidrovia entre manaus e Porto velho, levando, em média, seis dias para a conclusão do trajeto. se a rodovia fosse liberada, o que proporcionaria a integração modal, o mesmo percurso poderia ser concluído em até 48 horas. “essa rota seria vital para o escoamento da produção do Polo industrial de manaus e para a entrada de hortifrutigranjeiros que saem do centro do país pela br-364 com destino a Porto velho e à capital amazonense”, acredita raimundo de araújo neto, se-

cretário do setcam (sindicato das empresas de agenciamento, logística e transportes aéreos e rodoviários de cargas do estado do amazonas). ele ressalta que a rodovia já foi trafegável, mas passou a segundo plano após ficar intransitável devido sobrepesos de carga. “como não houve manutenção, a estrada ficou esquecida. temos uma série de pareceres acadêmicos favoráveis à recuperação da via, mas a burocracia ambiental e ausência de vontade política atrapalham o processo”, lamenta araújo neto. apenas os trechos entre Porto velho e humaitá e entre manaus e igapó-açú são liberados para os caminhoneiros. a única obra realizada na rodovia com recursos do Pac (Programa de aceleração do crescimento) foi uma ponte sobre o rio madeira, no estado de rondônia, na divisa com o amazonas, 180 quilômetros após humaitá. Para o trecho entre o município e igapó-açú, não existe nenhuma obra prevista pelo dnit (departamento nacional de infraestrutura de transportes).

GRÃOS a soja é um dos principais

rado do volume de tráfego, quando a rodovia ficar pronta, ela não terá capacidade suficiente para atender à demanda e precisará ser duplicada. BR-364/MT-RO e BR-158/MT-PA outras rodovias importantes para o escoamento da safra agrícola são a br-364 e a br-158. a primeira vai de cuiabá a Porto velho. já a segunda liga os estados do mato grosso ao Pará com destino da carga ao Porto de itaqui.

O novo PIL prevê dois leilões de

R$ 10,4 bilhões na BR-364


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sergio alberto/cnt

“Se a safra chegasse a Miritituba de forma adequada, teríamos economia de até 12%” produtos produzidos no centro do país e transportados até o arco norte

a br-364 é destaque, principalmente, para o transporte de grãos, pois os produtos que saem do centro são levados pela rodovia e depois transferidos, via barcaças, pela hidrovia do madeira até os portos de itacoatiara e santarém. Pelo trecho, passam, anualmente, cerca de 4 milhões de toneladas para a exportação pelo norte. entretanto, a rodovia também possui problemas, como passagens por dentro de cidades, ausência de viadutos e de passare-

las. “essa rota tende a crescer, podendo chegar a 12 milhões de toneladas transportadas por ano. Para isso, precisamos de obras. não podemos falar em aumentar o escoamento da produção sem melhorias nos acessos rodoviários e construção de novos terminais portuários. só assim, o sul e o sudeste vão deixar de ficar sobrecarregados. no contexto atual, não vejo solução até 2020”, enfatiza o diretor do movimento Pró-logística do mt.

RAIMUNDO DE ARAÚJO NETO secretário do setcam

a Pesquisa cnt de rodovias 2014 apontou para a necessidade de intervenção na rodovia. entre diamantino (mt) e Porto velho, dos 1.313 quilômetros pesquisados, 75% receberam a classificação regular, 17% bom e 8% ruim. a segunda etapa do Pil prevê o leilão de 806 km entre comodoro (mt) e Porto velho para 2016. o valor previsto é de r$ 6,3 bilhões. já o trecho entre goiânia (go) e rondonópolis, de 704 quilômetros, deve ser leiloa-

do ainda este ano, com custo previsto de r$ 4,1 bilhões. na br-158, a situação também é complicada, pois a rodovia contorna uma reserva indígena de 121 quilômetros. e neste local, vários pontos estão com situação precária. de ribeirão cascalheira (mt) até o povoado de alô brasil (mt), por exemplo, o asfalto foi construído com tsd (tratamento superficial duplo), um tipo de revestimento asfáltico econômico, diferente do padrão de concreto utilizado para rodovias. “Por causa disso, a pista está cheia de buracos”, lamenta edeon vaz ferreira. outros trechos precisam ser pavimentados, não têm acostamento, possuem problemas de manutenção e necessitam de duplicação da via, além de sinalização. no trecho entre barra das garças (mt) e redenção (Pa), o dnit anunciou obras de pavimentação em parte da rodovia e informou que estuda a mudança de traçado entre os km 201 e 330, trecho não pavimentado, em decorrência da aldeia. segundo a Pesquisa cnt de rodovias 2014, nesse ponto, dos 809 quilômetros pesquisados, 70% obtiveram classificação ruim e 30% regular, o que revela a necessidade de reparação da br. l


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AVIAÇÃO

Operações paralelas aeroporto de brasília será o primeiro da américa latina a realizar, a partir de novembro, pousos e decolagens em duas pistas simultâneas Por

partir de novembro, o aeroporto internacional juscelino kubitschek, em brasília (df), inicia a operação independente de aeronaves em suas duas pistas. o aeródromo é o primeiro da américa latina a permitir que dois aviões pousem ou decolem simultaneamente. as chamadas operações paralelas simultâneas independentes irão possibilitar um aumento do

A

LIVIA CEREZOLI

fluxo aéreo do terminal. o número de pousos e decolagens, por hora, passará dos atuais 60 para 80 movimentos. na prática, é como se houvesse dois aeroportos funcionando no mesmo espaço, já que cada pista terá suas três posições de controle na torre. a autorização para a operação foi dada pelo decea (departamento de controle do espaço aéreo), órgão ligado a aeronáutica que avaliou a distância existente entre

os eixos das pistas. de acordo com a icao (international civil aviation organization), órgão da onu (organização das nações unidas) regulador do transporte aéreo civil em todo mundo, a distância entre as pistas para executar pousos e decolagens simultâneos com segurança deve ser de, pelo menos, 1.025 metros. no terminal de brasília, a distância é de 1.850 metros. as pistas têm comprimento de 3.300 metros e 3.200 metros e am-

bas estão ao alcance visual de uma torre. segundo a inframerica, concessionária que administra o terminal, além do crescimento na movimentação de passageiros, as operações abrem oportunidades de novos negócios e possibilidades de mais rotas e destinos para os usuários. Para o presidente da inframerica, josé luis menghini, trabalhar com as pistas simultaneamente coloca o


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infraero/divulgação

AMPLIAÇÃO utilização das duas pistas vai aumentar o número de voos no aeroporto de brasília

aeroporto em um patamar importante na aviação civil. “a operação gera diversas oportunidades adicionais para as linhas aéreas que, consequentemente, acarreta opções aos passageiros, além de impulsionar nossos planos para aumentar a eficiência dos nossos aeroportos.” as operações simultâneas são exclusividade de grandes hubs internacionais e dos maiores aeroportos do mundo, como atlanta,

nos estados unidos, Pequim, na china, e londres, na inglaterra, que transportaram, no ano passado, 95, 86 e 73 milhões de passageiros respectivamente, segundo dados da aci (airports council international). nos últimos anos, o aeroporto de brasília tem registrado crescimento gradativo na movimentação. o terminal já transporta mais passageiros do que os aeroportos de congonhas, em

são Paulo, e galeão, no rio de janeiro, ocupando o segundo lugar em movimentação de passageiros do brasil e o terceiro em movimentação internacional. a média diária de voos é de 500 movimentos aéreos, já de usuários, entre embarques, desembarques e conexões são, 49 mil. em dois anos de concessão do terminal, o crescimento na movimentação registrado foi de 14%. somente no primeiro trimestre de

2015, o aumento foi de 8,1% quando comparado ao mesmo período de 2014. ao todo, foram 4,7 milhões de passageiros transportados. em janeiro deste ano, o aeroporto bateu seu próprio recorde de movimentação de usuários com aproximadamente 1,8 milhão de passageiros entre embarques, desembarques e conexões. a área internacional também apresentou aumento, encerrando o ano de 2014 com 20% de incremento. l


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FERROVIÁRIO

um feito da

engenharia

com a conexão ferroviária submarina mais longa do mundo, eurotúnel completa 21 anos de uma história de integração Por

emblemático e histórico túnel ferroviário de 50,5 quilômetros de extensão que liga a frança à inglaterra, atravessando o canal da mancha, completou 21 anos. em 6 de maio de 1994, o então presidente francês françois mitterrand e a rainha elizabeth inauguraram a faraônica obra do eurotúnel, na qual trabalharam nada menos que 13 mil pessoas e foram usa-

O

DIEGO GOMES

das 11 máquinas a 100 metros abaixo do nível do mar. o custo total da obra foi de aproximadamente us$ 16 bilhões, financiados por franceses e britânicos. Por mais de dois séculos, atravessar o canal por baixo do mar foi um sonho para líderes das duas regiões. mais engenhosa e ambiciosa obra do seu tempo, o túnel liga a cidade de folkstone, do distrito de kent, no reino unido, com coquelles,

em Pas-de-calais, perto de calais, no norte da frança, sob o canal da mancha. o eurotúnel oferece três serviços principais: o le shuttle, um trem que carrega veículos; o eurostar, com comboios de alta velocidade, que ligam londres a Paris, lille e bruxelas; e trens de carga. quase 7 milhões de passageiros fazem a travessia de 35 minutos, anualmente, em velocidade média de 160 quilôme-

tros por hora. segundo a eurotunnel, empresa responsável pela gestão da obra, desde a sua criação, cerca de 400 milhões de pessoas foram transportadas. trata-se do segundo maior túnel ferroviário do planeta, ficando atrás apenas do túnel de seikan, que liga as ilhas de hokkaido e honshu, no japão. contudo, ele cairá uma posição em 2017, quando o túnel suíço gothahard deve ser inau-


fotos eurotúnel/divulgação

gurado, assumindo o primeiro posto na lista dos mais longos do planeta. em contrapartida, a obra franco-britânica possui o mais extenso trecho submerso do mundo. o túnel é considerado pela sociedade americana dos engenheiros civis uma das sete maravilhas do mundo moderno. trata-se de um dos símbolos da contemporaneidade, tal qual a ponte gonden gate, em san francisco, e o empire

INTEGRAÇÃO a estrutura retirou da grã-bretanha o status de ilha

state building, em new York, ambos na terra do tio sam, estados unidos. sua construção foi de fundamental importância para o processo de aproximação da inglaterra aos demais países do continente europeu, uma vez que facilitou o acesso ao país. isso incrementou a economia das nações envolvidas, especialmente a da frança, já que o deslocamento para o país vizinho


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foi otimizado. no final dos anos 1980, o projeto começou a ser implementado com o anúncio da eurotunnel, grupo encarregado pela obra, e o simbólico aperto de mãos entre operários franceses e britânicos em 1º de dezembro de 1990. eles foram fotografados com bandeiras dos dois países após abrirem o buraco que conectou por terra, pela primeira vez, as duas nações. mas os europeus, em especial ingleses e franceses, acompanhavam aquelas obras nababescas com olhares céticos, sobretudo em função da recessão que o continente atravessava à época e das divergências entre as empresas construtoras e as concessionárias. tal cenário levou a perdas econômicas para centenas de milhares de pequenos acionistas que apostaram no projeto. o deficit foi encerrado apenas em 2007, e transformou o eurotúnel em uma empresa viável, que, em 2013, "aumentou em 12% seu faturamento em relação ao ano anterior", anunciou, em coletiva na frança, o presidente da companhia, jacques gounon. o aumento é consequência dos mais de 20 milhões de passageiros que utilizaram o corredor ferroviá-

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TRANSPORTE dois dos seus

OS TÚNEIS MAIS LONGOS DO MUNDO gottahard (previsão para 2017) suíça

57 km

seikan japão

53,8 km

eurotúnel frança-reino unido

50,5 km

lotschberg suíça

34,6 km

guadarrama espanha

28,3 km 25,8 km

iwate-ichinohe japão laerdal noruega dai-schimizu japão simplon suíça-itália vereina suíça

24,5 km 22,2 km 19,8 km 19,1 km fonte: eurotúnel / afP


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MARÍTIMO o projeto chegou a ser ameaçado por inundações

Curiosidades • antes da escavação, os projetistas utilizaram sonares, radares e explosões de dinamite para definir o ponto do subsolo onde os túneis seriam construídos. optaram por uma faixa de rocha calcária porosa e macia conhecida como greda. já o trajeto, escolhido com base no nível de segurança, foi definido por 94 perfurações realizadas entre 1958 e 1987 • o tatuzão (equipamento que perfura o solo a um ritmo de 15 a 18 metros por dia) trabalhava num ciclo de escavação e revestimento, dois processos que não ocorreram ao mesmo tempo. inicialmente, a parte frontal girava para perfurar a terra. a lama e as pedras escavadas eram lançadas em uma esteira instalada dentro da própria máquina, pela qual eram carregadas até a outra ponta. em seguida, eram transportadas à superfície por bombas, vagões e tratores

túneis são utilizados para o transporte de carros, caminhões e passageiros

rio em 2013. gounon qualificou os recentes resultados como extremamente positivos. o eurotúnel disputa mercado, atualmente, com as empresas marítimas e das companhias aéreas low cost. ainda assim, a cada dia, 400 trens cruzam o canal e transportam, em média, 50 mil passageiros, 6.000 carros, 180 ônibus e 54 mil toneladas de carga. o diretor comercial do eurotúnel, jo willacy, comentou, no início deste ano, que o projeto foi um "sucesso tremendo do ponto de vista co-

mercial", pois a cada dois veículos que cruzam o canal, um faz a travessia pelo túnel. "nós somos a primeira escolha ao atravessar o canal, porque temos um serviço veloz e simples", acrescentou. em comemoração ao aniversário de 20 anos, no ano passado, o eurotúnel organizou uma exibição da história da obra no terminal de coquelles, no norte da frança. na ocasião, o presidente do instituto britânico de engenheiros civis, geoff french, disse que o túnel é um "uma verdadeira façanha de enge-

• bombas de drenagem foram instaladas para retirar a água vinda de infiltrações. Pequenos dutos, ligando a parte superior dos três túneis, foram instalados a cada 250 m para aliviar a pressão do ar produzida pelo deslocamento dos trens. outros dutos, de água fria, foram fixados nas paredes para garantir a refrigeração, controlando o calor gerado pelo atrito • as primeiras ideias de uma ligação fixa por meio do canal foram cogitadas no início do século 19, mas a pressão política e da imprensa britânica em relação à segurança da ilha inviabilizou qualquer tentativa de integração via túnel • nos últimos anos, imigrantes ilegais e requerentes de asilo têm tentado usar o túnel para entrar no reino unido • mais de 1 milhão de cães e gatos já viajaram pelo túnel. É cobrada uma taxa de £ 15 (r$ 56) por animal • conhecidas pela sigla tbm (de "tunnel boring machines", em inglês), as escavadeiras pesavam 1,1 mil toneladas e tinham 200 m de comprimento


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TRANSPORTE Os 21 anos do Eurotúnel as escavações começam em ambas as margens do canal 1987-reino unido 1988-frança

1986

1987 1988

12 de fevereiro o então presidente francês, françois mitterrand, e a então premier britânica, margaret thatcher, assinam um acordo em canterbury para o início das obras

nharia que teve a colaboração de milhares de pessoas para tornar este sonho realidade". Construção dos 50,5 quilômetros de extensão, 3,9 quilômetros ficam submersos, razão pela qual é considerada a maior conexão ferroviária submarina do planeta. Para sua construção, foram gastos seis anos, período relativamente curto se levar em consideração a magnitude e envergadura do empreendimento. a obra passou por diversas fases. a primeira foi concretizada antes mesmo das próprias escavações. nessa etapa, os engenheiros utilizaram radares e explosões que definiram onde os túneis deveriam ser construídos. Posteriormente, foi definido o trajeto, estabelecido a partir do

6 de maio inauguração do túnel e abertura do tráfego

1990

1994

1º de dezembro equipes britânicas e francesas concluem o túnel

nível de segurança e por 94 perfurações feitas entre os anos de 1958 e 1987. na fase seguinte, decidiu-se que seria composto por três túneis, sendo dois externos com 7,6 metros de diâmetro e um no meio, com 4,8 metros. os túneis externos teriam como função abrigar ramais ferroviários a fim de cumprir o percurso inglaterra–frança. o do meio, por sua vez, iria se destinar à manutenção e à saída de emergência. nesse processo, foram utilizadas 11 escavadeiras que saíram ao mesmo tempo de ambos os lados (coquelles e folkestone). a terceira fase foi constituída pela escavação e pelo revestimento. cada túnel é sustentado por seis segmentos de concreto, formando um aro de 1,5 metro de largura. na sequência,

MOBILIDADE Passageiros


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após passar por reforma, o túnel foi totalmente reaberto aos trens

1996

2009

18 de novembro o túnel sul é seriamente danificado durante um incêndio causado por um caminhão transportado em um trem

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comemoração dos 21 anos da obra

2010

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o túnel celebra 20 anos da primeira galeria construída no mar entre a frança e a inglaterra fonte: eurotúnel/afP

foram instaladas bombas de drenagem responsáveis por retirar a água proveniente de infiltrações. tanto a colocação de trilhos quanto a instalação dos sistemas elétrico e de comunicação só foram feitas após o término de todo o revestimento.

acomodam-se em um dos 750 lugares do eurostar, cuja tarifa é de 39 libras

Incidente em função de sua complexa engenharia, o túnel precisa ser fechado para administrar eventuais problemas operacionais e incidentes. em 18 de novembro de 1996, ocorreu o primeiro considerado grave. um trem que transportava caminhões pegou fogo. não houve vítimas fatais e o túnel foi reaberto em 21 de novembro do mesmo ano. entretanto, o transporte de passageiros só voltou a funcionar normalmente em 4 de dezembro, quase

um mês depois. um segundo incêndio aconteceu em 11 de setembro de 2008, do lado francês da obra e provocou o fechamento do túnel. na ocasião, pelo menos 32 pessoas foram retiradas do local, sendo a maioria motoristas que estavam transportando seus caminhões, mas também não houve vítimas fatais. Para quem pretende viajar à europa, é uma ótima opção de transporte, não só pela rapidez, mas pela segurança que oferece. o “eurostar” tem capacidade para 750 pessoas e a passagem custa 39 libras, cerca de r$ 150. contudo, se você deseja viajar de carro, pode transportar seu veículo por meio do “le shuttle”, que tem capacidade para 120 carros e 12 ônibus. a taxa é de 23 libras, algo em torno de r$ 90. l


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AQUAVIÁRIO

Boas práticas ambientais Índice divulgado pela antaq revela desempenho satisfatório dos portos brasileiros na gestão ambiental. são sebastião (sP) alcançou a melhor nota Por

busca por melhores padrões de produção e consumo, baseados no conceito de desenvolvimento sustentável, ganhou destaque, efetivamente, por parte das autoridades e do mercado, no brasil e no mundo, nas duas últimas décadas. a partir da escassez dos recursos naturais, somada ao crescimento desordenado da população mundial e aos visíveis impactos

A

DIEGO GOMES

dessas condições, a gestão ambiental é tida, hoje, como questão central para o desenvolvimento econômico sustentável. com esse pano de fundo, os portos brasileiros emergem como potenciais espaços à transformação de práticas impactantes ao meio ambiente para a adoção de medidas politicamente ecológicas, objetivando a redução e atenuação dos danos ambientais.

boas práticas, como a implantação de coleta seletiva e o gerenciamento unificado dos resíduos sólidos, já podem ser observadas nas regiões portuárias. também são verificadas a construção de estações e tratamento de efluentes e ligação com a rede pública de esgoto, campanhas de educação e conscientização dos trabalhadores e remoção de equipamentos em desuso


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sergio alberto/divulgação


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ou sucateados para evitar a presença de animais na área portuária. mas ainda há muito a se avançar nessa área. em consonância com essa questão, a antaq (agência nacional de transportes aquaviários) divulgou pela primeira vez, em junho, em brasília, os resultados do ida (Índice de desempenho ambiental Portuário). o levantamento é realizado desde 2012, mas só agora foi apresentado publicamente. com o objetivo de medir o estágio da gestão ambiental em instalações portuárias, o ida também estimula uma maior utilização do modal aquaviário. “o índice serve como um indicador, garantindo mais segurança ao setor e atraindo empresas que buscam vincular suas marcas a portos com excelência ambiental”, afirmou marcos Porto, gerente de meio ambiente e sustentabilidade da antaq. com base nos resultados apresentados, Porto declarou que alguns portos brasileiros alcançaram índices de excelência similares a países desenvolvidos, como estados unidos, bélgica, holanda e china. “a tendência é que o uso contínuo dessa ferramenta de avaliação pela administração portuária promova um ajuste de suas atividades de

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SÃO SEBASTIÃO Porto paulista investiu mais de

“O índice serve como um indicador, garantindo mais segurança ao setor” MARCOS PORTO, gerente de meio ambiente e sustentabilidade da antaq

forma sustentável”, projetou o gerente da antaq. segundo ele, o ida também serve de base de pesquisa para técnicos dos órgãos de controle de estado, como os ambientais e outros de regulação e fiscalização da atividade portuária. de acordo com o índice, referente ao segundo semestre de 2014, o primeiro lugar em qualidade de gestão ambiental ficou para o Porto de são sebastião (sP), que alcançou uma nota geral de 95,73. em seguida, está o

Porto de itajaí (sc), com 92,81; itaquí (ma), com 82,26; e Paranaguá (Pr), com 81,07. nas piores colocações ficaram, respectivamente, os portos de Porto alegre (rs), com 19,72; de Porto velho (ro), com 27,18; e de macapá (aP), com 37,16. “É uma honra para nós essa colocação. mas tivemos muito trabalho para chegar até aqui. o ida, desde a sua primeira edição, nos motivou a nos adequar ao padrão de gestão ambiental sugerido. no primeiro índice, a


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comPanhia docas de são sebastião/divulgação

Pesquisa

Transporte longitudinal de passageiros é regular

r$ 25 milhões em programas ambientais

nossa pontuação econômicooperacional, por exemplo, era de pouco mais de 70%. neste último ida, alcançamos 97,7% neste quesito, o que nos colocou em uma posição de destaque”, disse a bióloga marcela alves, que representou o Porto de são sebastião no evento de divulgação do Índice. além de medir o grau de atendimento às conformidades ambientais, o ida é uma importante ferramenta para a compreensão e comparação da dinâ-

o grau de satisfação apurado dos usuários do serviço de transporte longitudinal de passageiros foi de 6,73, índice considerado mediano, entre regular e bom. esse é um dos diversos indicadores levantados pela antaq (agência nacional de transportes aquaviários) por meio da Pesquisa de satisfação dos usuários dos serviços de transporte de Passageiros e misto (Passageiros e cargas) na navegação interior da região amazônica, regulados pela agência. adalberto tokarski, diretor da antaq, apresentou o estudo no ministério do Planejamento, orçamento e gestão, em brasília, em junho. “considerando a percepção dos usuários, existem oportunidades de melhorias na prestação dos serviços para boa parte das embarcações em operação. É importante o detalhamento desses apontamentos para nortear a atuação da agência, dentro da sua competência regulatória, de modo a afastar as práticas indesejáveis constatadas”, apontou o relatório. Para tokarski, o transporte de passageiros tem importância socioeconômica para a

região amazônica. na avaliação dele, a pesquisa mostra que houve um avanço da agência em relação à regulação desse serviço. o diretor do departamento de temas de infraestrutura da secretaria de Planejamento e investimentos estratégicos do ministério do Planejamento, andré arantes, destacou a pesquisa como importante instrumento para formulação de políticas públicas. Manaus-Tabatinga (AM) as três primeiras embarcações com melhor desempenho apurado - oliveira v, itapuranga iii e dona elba cabral - operavam na linha manaus-tabatinga (am) à época da pesquisa. essa linha se destaca como a de melhor avaliação na visão dos passageiros. o gerente de desenvolvimento e estudos da antaq, josé renato fialho, comentou que o bom desempenho apurado nas embarcações da linha manaus-tabatinga (am), por exemplo, não é resultado de um esforço unilateral dos prestadores de serviço. “além da agência, outros órgãos federais de fiscalização atuam fortemente nesta linha. a cidade de tabatinga conta com a participação atuante da anvisa, receita

federal e Polícia federal, realizando frequentes inspeções nas embarcações de passageiros e misto”, explicou. a pesquisa revela também que os itens com melhor avaliação, que apresentaram valores superiores a 7,5, referem-se à “facilidade para compra de passagem”, “gentileza e educação dos funcionários” e “segurança na condução da embarcação”. já os itens com menor avaliação, que apresentaram valores inferiores a 6, estão relacionados ao “Preço dos produtos vendidos dentro da embarcação” e às “orientações de procedimento de emergência”. foram realizadas, na pesquisa, 14.703 entrevistas em 80 embarcações na região norte do brasil. ao todo, houve a representação de 64 empresas, que operavam em 21 linhas de navegação sob a competência da antaq, entre 24 de abril e 21 de agosto de 2014. a coleta dos dados foi realizada por meio de equipamentos eletrônicos (tablets), com abordagem dos entrevistados de forma aleatória nos pontos de embarque e desembarque e/ou na embarcação durante a viagem. Com informações da Antaq

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gestão

Iniciativas para o setor desde 2013, os portos brasileiros integram o Programa de conformidade do gerenciamento de resíduos sólidos e efluentes líquidos nos Portos marítimos brasileiros, iniciativa da secretaria de Portos da Presidência da república. o programa está entre as maiores iniciativas para a melhoria ambiental no setor portuário nacional e busca dar suporte aos gestores deste setor, do público e do privado, no desenvolvimento e adoção de instrumentos modernos de gestão de sua infraestrutura, assim como apontar soluções aos desafios relacionados à geração e gestão de resí-

mica da gestão ambiental portuária. a metodologia utilizada pela antaq no Índice de desempenho ambiental Portuário considera 38 indicadores baseados na literatura técnica especializada, legislação ambiental aplicável e boas práticas observadas no setor portuário mundial. os indicadores são classificados em quatro categorias, que avaliam a capacidade econômico-operacional, sociocultural, físico-química e biológico-ecológica.

duos sólidos e efluentes líquidos e ao manejo da fauna sinantrópica nociva (composta por espécies de animais que podem causar transtornos à ordem econômica ou ambiental ou que representam riscos à saúde pública). recentemente, foi lançado um guia de boas práticas portuárias. a publicação propõe um modelo de gestão integrado dos resíduos, efluentes líquidos e medidas de manejo e controle de animais, como ratos, pombos, insetos, com indicações de boas práticas de gestão ambiental que garantam uma melhoria de eficiência das atividades portuárias.

“Nossa ideia é também levar o indicador para os terminais de uso privado” MÁRIO POVIA, diretor-geral da antaq

SANTOS maior e mais importante porto

Para o resultado final do ranking, é feita a ponderação dos valores obtidos nas categorias. as avaliações do ida são realizadas semestralmente. em sua última edição, o Porto de são sebastião foi avaliado em 2º lugar no ranking, o que permite acompanhar a evolução dos aspectos ambientais nas instalações portuárias. o diretor-geral da antaq, mário Povia, comentou que o Índice “não é uma ferramenta de

fiscalização e, sim, um indicador para colocar a questão ambiental na agenda dos gestores portuários e para contribuir com a formulação de políticas públicas”. na visão dele, esse indicador permite quantificar e simplificar informações de modo a facilitar o entendimento do público e de tomadores de decisão acerca das questões ambientais portuárias. mário Povia frisou que os gestores portuários devem ver


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arquivo/cnt

RANKING DO 2º SEMESTRE DE 2014 PORTOS

IDA 95,73 92,81 82,26 81,07 75,76 72,76 70,90 70,02 67,73 66,66 64,30 64,12 64,02 61,97 61,83 60,54 59,85 57,23 65,51 56,77 53,04 52,28 44,22 43,92 42,95 42,46 38,85 37,16 27,18 19,72

são sebastião/sP itajaí/sc itaquí/ma Paranaguá/Pr fortaleza/ce suape/Pe rio grande/rs angra dos reis/rj natal/rn niterói/rj forno/rj santos/sP santarém/Pa são francisco do sul/sc belém/Pa itaguaí/rj vila do conde/Pa cabedelo/Pb Pecém/ce imbituba/sc recife/Pe rio de janeiro/rj ilhéus/ba vitória/es salvador/ba aratu/ba maceió/al macapá/aP Porto velho/ro Porto alegre/rs Legenda

fonte: antaq

do país ficou apenas na 12ª colocação

o ida como um aliado para trabalhar pela melhoria constante das questões ambientais. “nossa ideia é também levar o indicador para os terminais de uso privado”, disse Povia, destacando que a secretaria de Portos tem no índice um importante instrumento para a formulação de políticas públicas. apesar de ter sido implementado em 2012 e estar na sua sexta verificação, o ida somente foi divulgado publi-

camente agora para estimular os gestores portuários a aprimorarem suas práticas na área. nesse sentido, mário Povia afirmou que, de 2012 para cá, houve uma melhora significativa na gestão ambiental dos portos. Excelência esse é o segundo reconhecimento ambiental conquistado pelo Porto de são sebastião somente em 2015. em março, já

“O IDA, desde a sua primeira edição, nos motivou a nos adequar ao padrão de gestão ambiental” MARCELA ALVES, bióloga e rePresentante do Porto de são sebastião

havia sido o primeiro e único porto do país a receber a iso 14001, certificação internacional que atesta a qualidade do desempenho da gestão ambiental da companhia. as conquistas ambientais do porto são frutos de constantes investimentos da companhia docas de são sebastião. no total, foram destinados mais de r$ 25 milhões de recursos nos últimos quatro anos, contemplando dez programas - de monitoramento da qualidade e educação ambiental, central de armazenamento e triagem de resíduos do Porto, aquisição de equipamentos de monitoramento de emissões atmosféricas, treinamentos e capacitações, entre outras ações. também foi implantado, em 2013, o ceate (centro de atendimento) do Porto de são sebastião, que opera 24h/dia e conta com equipes capacitadas para atender emergências ligadas a vazamentos de óleo no mar. o Porto de são sebastião é o primeiro do brasil a possuir um Plano de área, que reúne as medidas necessárias a serem tomadas em caso de acidentes com derramamento de óleo na área do Porto organizado. l


Acidentes envolvendo álcool e trânsito diminuem, mas a proibição do uso de drogas ainda necessita ser regulamentada; especialistas alertam para o perigo de dirigir sob o efeito de substâncias psicoativas

sete anos da lei seca

Risco além


júlio fernandes/cnt

DIREÇÃO PERIGOSA

Por

lei nº 11.705/08, popularmente conhecida como lei seca, completou sete anos no último dia 19 de junho. os dados do governo comprovam que, desde a edição da legislação e do endurecimento dela, em 2012, houve queda no número de acidentes de trânsito envolvendo a mistura álcool e direção. entretanto, condutores ainda ignoram a proibição e arriscam vidas dirigindo após beber. e não é apenas o uso do álcool que preocupa os órgãos e pesquisadores do assunto: o uso de substâncias psicoativas, como maconha, cocaína e anfetaminas também mata no trânsito. a lei proíbe o uso de drogas desde 2008. de acordo com o artigo 165, dirigir sob o efeito do álcool ou de qualquer substância psicoativa que determine dependência é infração gravíssima, sujeita à multa e suspensão do direito de dirigir por 12 meses. Porém, a falta de regulamentação impede a fiscalização eficiente nas ruas, o que abre margem para que motoristas conduzam veículos sob o efeito, apesar de, teoricamente, saberem os riscos que correm. estudos comprovam os efei-

A

do álcool

EVIE GONÇALVES


trânsito

Medicamentos preocupam o uso de álcool e drogas ilícitas não é o único foco dos pesquisadores que pensam soluções para o trânsito. as substâncias de uso lícito, como barbitúricos, ansiolíticos, analgésicos de ação central, remédios para diabetes, antidepressivos e antialérgicos também causam riscos para quem dirige. elas acarretam sonolência, sedação, diminuem o tempo de reação do motorista e contribuem para a falta de coordenação do condutor. a orientação do diretorcientífico da abramet (associação brasileira de medicina de tráfego), flávio adura, é que o motorista não dirija enquanto estiver sob o efeito da substância. no caso dos ansiolíticos, como diazepan e lexotam, a droga atua por uma média de oito horas na corrente sanguínea. “a preferência é para o uso no período da noite, antes de dormir. mesmo assim, no dia

tos dessas substâncias no momento da direção. a maconha, por exemplo, altera a performance cognitiva e psicomotora. o motorista tem prejuízo da coordenação, das funções visuais, do tempo de reação e, consequentemente, da capacidade para dirigir com segurança. a cocaína causa prejuízo em razão da perda de concentração e atenção e maior sensibilidade à luz, em função da dilatação pupilar provocada pela substância. além disso, causa alterações mentais, tais como nervosismo, irritabilidade, agressividade e alucinações. já as anfetaminas, como o popular rebite usado por cami-

seguinte, haverá um efeito residual. o motorista precisa prestar atenção”, explica. ele acredita que a orientação do médico é fundamental aos pacientes, pois os remédios têm uma ação mais perigosa no começo do uso, geralmente no primeiro mês, e os pacientes nem sempre sabem dessa informação. ele sugere que a anvisa (agência nacional de vigilância sanitária), informe na caixa do remédio sobre a direção perigosa. “na união europeia já existe essa medida. se adotássemos no brasil, ajudaria muito. Às vezes trata-se de um simples antialérgico, mas a pessoa que usa não imagina que o remédio pode causar algum tipo de problema”. o médico ressalta ainda que a regulamentação da lei não deve incluir esses medicamento, pois o uso é necessário em vários casos. trata-se somente de alerta e conscientização.

REMÉDIOS uso de determinadas substâncias, como ansiolíticos,

Entenda a Lei Seca O que prevê • em 2012, foi sancionada a lei nº 12.760 com nova alteração no código de trânsito brasileiro • o texto proíbe a direção sob a influência de álcool ou de qualquer outra substância psicoativa que determine dependência • também reforça os instrumentos de fiscalização em relação à primeira versão da lei seca (nº 11.705/08) • Provas testemunhais, vídeos e fotografias passaram a ser aceitos para atestar que um motorista dirigiu sob efeito de álcool Teor alcoólico • a lei prevê tolerância zero para o ato de beber e dirigir, assim como na primeira versão Penalidades • se for flagrado com até 6 decigramas de álcool por litro de sangue, o condutor comete infração administrativa • acima desse limite, responderá por crime de trânsito • quem dirigir depois de ingerir qualquer quantidade de álcool será multado em r$ 1.915,38, além de ter o direito de dirigir suspenso por um ano • se houver reincidência em até um ano, o valor dobra para r$ 3.830,80 • nos dois casos, a carteira de habilitação e os documentos do carro serão apreendidos. o veículo também será retido • o condutor perderá 7 pontos na carteira por ter cometido uma infração gravíssima • na primeira versão da lei seca, o valor da multa era r$ 957,70


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banco de dreamstime/divulgação

álcool

Motoristas estão mais conscientes

também causa riscos ao trânsito

nhoneiros para suportarem as longas jornadas de trabalho, prejudicam o desempenho do motorista, que passa a não sinalizar corretamente as manobras que pretende executar e as realiza em tempo superior ao necessário à tomada de decisões. o condutor também pode deixar de parar em semáforo vermelho e reagir com mais lentidão às habilidades exigidas para uma condução segura. de acordo com a bioquímica e farmacêutica vilma leyton, professora de medicina legal da usP (universidade federal de são Paulo), as drogas causam grandes riscos no trânsito. Por isso, a lei precisa ser regulamentada.

desde o endurecimento da lei seca, em 2012, o percentual de adultos que admitem beber e dirigir nas capitais do país teve queda de 16%, segundo dados da pesquisa do ministério da saúde - vigitel 2014. no último ano, 5,9% dos brasileiros disseram ainda manter o hábito de conduzir veículos motorizados após o consumo de qualquer quantidade de álcool. o dado indica uma queda em relação a 2012, quando 7% dos entrevistados afirmaram cometer a infração. a pesquisa também revela que, pela primeira vez em dez anos, o número de mortos no trânsito reduziu. entre 2012 e 2013, as vítimas fatais de acidentes de trânsito passaram de

Para ela, como o texto fala em substâncias psicoativas de forma genérica, várias drogas podem se encaixar na proibição. “a nicotina e a cafeína são substâncias psicoativas. se for levar ao pé da letra, quem acabou de fumar, não pode dirigir”, critica. a professora alerta para a necessidade de a lei determinar expressamente quais as drogas devem ser proibidas, assim como ocorre em outros países. nos estados unidos, a legislação prevê cinco grupos de substâncias. Para o brasil, ela sugere a maconha, a cocaína e as anfetaminas, que são as mais consumidas. segundo vilma leyton, se houvesse tal previsão, a fis-

44.812 para 42.266, queda de 5,7%. além disso, segundo a pesquisa, os homens (10,7%) assumem mais os riscos da dupla álcool e direção do que as mulheres (1,7%). os dados da Prf (Polícia rodoviária federal) indicam melhoria na conscientização dos motoristas. enquanto em 2013, 7.525 motoristas se acidentaram após a ingestão de álcool nas rodovias federais, no ano passado, o número caiu para 6.071 casos, 19,3% casos a menos. em relação às autuações pela direção sob a influência do álcool, também houve melhora nos dados: 29,5 mil, em 2014, contra 33.712 no ano anterior. “o número de ocorrências ainda é elevado. não basta so-

calização pelas polícias poderia ser mais eficaz. “atualmente, é difícil obter uma prova pericial do que a pessoa usou. nós somos o quinto país que mais mata no trânsito. Precisamos de ações mais efetivas. a lei precisa ser alterada”, acredita. a opinião é compartilhada pelo diretor-científico da abramet (associação brasileira de medicina de tráfego), flávio adura. ele ressalta que, em relação ao álcool, a legislação obteve bons resultados. entretanto, na questão das drogas, ainda há muito o que evoluir. “no brasil, existe a prevalência do uso de algumas substâncias. se estabelecermos quais serão incluí-

mente a fiscalização e o aperfeiçoamento da lei. a consciência do motorista é determinante. mesmo assim, vamos continuar flagrando”, afirma o assessor nacional de comunicação da Prf, diego fernandes brandão. a corporação possui cerca de mil etilômetros para fiscalizar o uso de álcool nas rodovias, média de um aparelho por viatura. o autor da lei seca, deputado hugo leal (Pros/rj), acredita que a medida ajudou as pessoas a refletirem sobre os riscos de dirigirem sob a influência do álcool. “o trânsito passou a ser motivo de discussão e o debate foi inserido na sociedade. Para os motoristas que insistem em burlar a legislação, defendo a punição”, ressalta.

das na lei, podem ser criados mecanismos práticos de fiscalização. além disso, a medida facilita a instrução dos fiscais para perceberem os sinais mais aparentes nas blitze”. Exame toxicológico o centro de Pesquisa em álcool e drogas, da universidade federal do rio grande do sul, estuda um novo método capaz de medir se os condutores consumiram drogas nas blitze. trata-se do exame toxicológico de abordagem. o equipamento é semelhante ao etilômetro, também conhecido como bafômetro. entretanto, ao invés de assoprar o


abramet

Estudos avaliam hábitos dos caminhoneiros responsáveis pelo transporte de cargas nas rodovias federais, os caminhoneiros enfrentam uma dura realidade: o uso de drogas para suportar a alta carga de trabalho. estudo da abramet (associação brasileira de medicina de tráfego) nas 27 capitais brasileiras demonstrou, por meio do exame toxicológico de saliva, que 2,1% dos motoristas usam cocaína, 1,5% fazem uso de maconha, 1% recorrem aos ansiolíticos, como rivotril, diazepan e lexotam, e 1,2% usam anfetaminas, como rebite. outro estudo realizado com caminhoneiros que participaram do comandos de saúde nas rodovias, ação do sest senat em parceria com a Prf (Polícia rodoviária federal), detectou que 9,3% dos motoristas entrevistados consumiram pelo menos anfetamina, cocaína ou maconha. nesse caso, foram usadas amostras de urina dos condutores. “essas são as substâncias psicoativas que mais se usa no país.

aparelho, o uso de substâncias como maconha e cocaína seria identificado por meio da saliva ou fluído oral do condutor. o aparelho constata não somente o tipo de droga consumida, mas também a dosagem utilizada. de acordo com a pesquisadora tanara souza, a técnica já é adotada de forma eficaz mundo afora e tem grande possibilidade de ser incluída na fiscalização brasileira. “o exame permite avaliar se o condutor está sob o efeito da substância no momento da blitz. a

Por isso, resolvemos testá-las”, explica a bioquímica, farmacêutica e professora de medicina legal da usP (universidade federal de são Paulo), vilma leyton. os exames não indicaram que o condutor estava dirigindo sob o efeito das drogas, mas apenas, que ele fez uso delas. Para a pesquisadora, os motoristas revelaram consumir as substâncias para aguentar o trabalho, que é exaustivo e extenso. “os que fazem jornadas muito longas usam anfetaminas. o grande problema desse tipo de substância é que a pessoa fica acordada muito tempo e depois adormece, o que gera o efeito rebote. isso pode causar graves acidentes”, alerta. Prevenção o comandos de saúde nas rodovias é uma das ações realizadas pelo sest senat para prevenir o uso de drogas e do álcool. além de receberem orientações sobre os efeitos negati-

coleta de sangue é mais precisa, mas, além de ser um método mais invasivo, requer cuidados. o teste da saliva é mais rápido e viável”, descreve. o centro de pesquisa propõe que os exames sejam realizados de forma semelhante a outros países: em caso de teste positivo, a saliva seria levada para laboratório para contraprova. na austrália são feitos dois testes in loco. depois, o exame é refeito e, em seguida, encaminhado a laboratório credenciado. “esse primeiro não seria o determinante”, argumenta.

vos da combinação álcool, drogas e volante, os motoristas passam por exames rápidos de saúde, como aferimento de pressão, verificação de peso, altura, massa corpórea, circunferência cervical e abdominal, acuidade visual e auditiva, frequência cardíaca, glicemia, triglicerídeos e colesterol. existem ainda as blitze da saúde, desenvolvidas por cada unidade em épocas diferentes em que há panfletagem sobre a lei seca. além disso, o sest senat também oferece palestras nas empresas de transporte e em escolas para conscientização sobre o tema. os psicólogos das unidades abordam os riscos do uso abusivo, os sintomas e as consequências para o trânsito. “uma vez um caminhoneiro veio nos procurar dizendo que estava tão viciado em drogas que havia perdido o emprego. É esse tipo de atitude que tentamos prevenir”, relata a psicóloga da unidade de Pelotas (rs), cibérie regina da silva santos.

tanara sousa explica que o brasil tem laboratórios credenciados em várias universidades que poderiam ser referência para a realização dos testes comprovatórios do uso de drogas na direção. “temos estrutura, mas é preciso investimento e tempo para implementação dos novos equipamentos”. segundo a pesquisadora, em vários estados, as polícias não têm sequer etilômetro. além disso, a Prf (Polícia rodoviária federal) possui apenas 50% de seu efetivo capacitado para reco-

PENALIDADE quem é flagrado pelo

nhecimento de álcool e drogas nas rodovias. o assessor nacional de comunicação da Prf, diego fernandes brandão, acredita que qualquer ferramenta prevista em legislação pode favorecer a atuação dos agentes nas rodovias. atualmente, o papel da corporação se limita ao encaminhamento do condutor alterado à polícia judiciária. “a Prf não faz nenhum tipo de exame para detecção de drogas. nosso único recurso é o etilômetro. enquanto não houver dispositivo legal, não


Drogas e o efeito no trânsito

tonY winston/agência brasília/divulgação

Maconha • altera a performance cognitiva e psicomotora • o motorista tem prejuízo da coordenação, funções visuais e tempo de reação • os efeitos nocivos se concentram nas primeiras duas horas, diminuindo consideravelmente ao longo da terceira e quarta hora • o declínio no desempenho do motorista pode chegar a 35% Cocaína • Perda de concentração e atenção, maior sensibilidade à luz, em função da dilatação pupilar provocada pela substância • alterações mentais devido aos efeitos psicoativos, tais como nervosismo, irritabilidade, agressividade, paranoia e alucinações • o uso está associado à condução em excesso de velocidade, perda do controle do veículo, colisões, direção agressiva e desatenta, com execução de manobras de alto risco Anfetaminas • drogas como o rebite estimulam as funções cognitivas e psicomotoras e podem aumentar perigosamente a autoconfiança do motorista • o condutor não sinaliza corretamente as manobras que pretende executar e as realiza em tempo superior ao necessário, deixando de parar em semáforo vermelho • o efeito da droga pode durar de três a cinco horas • os sinais mais comumente observados são olhos vermelhos e vidrados, agitação, reflexos exagerados e fala arrastada Opiáceos • drogas como endorfinas induzem a sedação, indiferença a estímulos externos e aumento do tempo de reação • Perda da capacidade de manter a atenção concentrada, condução lenta, controle inadequado do veículo e possibilidade de adormecer enquanto o motorista dirige Alucinógenos • drogas como o lsd comprometem o desempenho psicomotor, produzem tremores, distúrbios do pensamento, psicose temporária, ilusões e distorções da imagem corporal • alteram a percepção de cores e reduzem a intensidade visual por até quatro horas fonte: abramet

etilômetro com mais de 6 decigramas de álcool por litro de sangue comete crime

há como fiscalizar as substâncias psicoativas”, diz. Congresso Nacional a lei nº 13.103/15, conhecida como lei do motorista, prevê exames toxicológicos, a partir de janeiro do ano que vem, para motoristas profissionais das categorias c, d e e nos casos de obtenção e renovação da carteira. o texto assegura ainda o exame antes da admissão e por ocasião do desligamento dos condutores, com direito de contraprova em caso de resultado positivo e confidencialidade dos resultados. se-

gundo a legislação, o método identifica o uso de substâncias, como rebite, cocaína e maconha por um período de até 90 dias. a professora vilma leyton faz críticas ao texto. a primeira é que a resolução nº 460 do contran (conselho nacional de trânsito), que regulamenta a lei, diz que somente laboratórios americanos podem realizar o exame, que é feito a partir de amostras do cabelo e da unha dos condutores. a segunda é que ela é ineficaz para a segurança viária. “temos que constatar se o motorista está sob o efeito de drogas na hora em

que ele está dirigindo, e não a cada cinco anos. o que resolve é a educação e a fiscalização feita pela polícia”, acredita. Para o autor da lei seca e relator da legislação antidrogas no congresso nacional, deputado hugo leal (Pros/rj), o uso da substância psicoativa é uma questão de saúde pública. ele acredita que a droga é como uma válvula de escape. “o ideal é que os profissionais não consumam. o exame é excelente para a prevenção da saúde do trabalhador. É uma categoria que demanda responsabilidade grande. Por isso a avaliação prévia”.

segundo o parlamentar, a regulamentação é um estímulo para que os laboratórios brasileiros passem a fazer os testes. “quando houve a discussão do uso de airbag nos veículos, todos falavam que não ia ser possível, que ia encarecer, que era inseguro. desde 2014, os equipamentos são obrigatórios. com a produção em série, os produtos se tornaram até mais barato. o mesmo vai acontecer com os laboratórios. eles também vão passar a fazer o exame de maneira menos onerosa. não se trata de reserva de mercado”, finaliza o parlamentar. l


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BALANÇAS

Tecnologia de pesagem dnit prevê investir r$ 750 milhões em 35 postos para melhorar as fiscalizações de excesso de peso nas rodovias Por

m novo modelo de posto de pesagem desenvolvido pelo dnit (departamento nacional de infraestrutura de transporte), em parceria com o labtrans (laboratório de transportes e logística) da ufsc (universidade federal de santa catarina), será implementado nas rodovias federais das cinco regiões do brasil. a expectativa é que os 35 primeiros Piafs (Postos integrados automatizados de fiscalização) entrem em operação no início de 2017. as obras de construção dos postos começam em julho de 2016. de acordo com o dnit, serão investidos r$ 750 milhões nas

U

ULTRAPASSADOS os 73 postos de

JANE ROCHA

35 primeiras unidades. atualmente, há 73 Postos de Pesagem veicular (as balanças) em funcionamento no país, que foram construídos na década de 1970 e fazem o controle de pesagem manualmente por agentes de trânsito. destes, 41 são fixos e 32 móveis. os 35 Piafs licitados serão instalados em rodovias administradas pelo governo federal em 14 estados: goiás, mato grosso, mato grosso do sul, rondônia, Pará, Piauí, maranhão, rio grande do norte, bahia, minas gerais, espírito santo, Paraná, santa catarina e rio grande do sul. Para definir a localização dos postos

de fiscalização foi necessário mapear as rotas das mercadorias. os Piafs serão instalados o mais próximo possível das regiões geradoras de carga, minimizando o impacto na infraestrutura causado por possível excesso de carga. além disso, foram priorizadas, entre outros aspectos, rodovias não concessionadas à iniciativa privada e aquelas que apresentaram vmd (volume médio diário) de circulação superior a 500 veículos por dia. os quatro editais de licitação pelo rdc (regime diferenciado de contratações), que contrata desde a elaboração dos projetos, a

construção, a instalação até a operação e a manutenção dos postos foram abertos pelo dnit em dezembro do ano passado. além dos 35 postos licitados, outras 27 unidades já foram validadas e 64 potenciais locais foram identificados pelo dnit. um estudo realizado pelo labtrans/ufsc contempla ainda o monitoramento das novas rotas que surgirão ao longo do tempo, direcionando os investimentos futuros que deverão ser realizados nesta área. de acordo com o coordenadorgeral de operações rodoviárias do dnit, alexandre castro fernandes, o objetivo da instalação dos pos-


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júlio fernandes/cnt

pesagem veicular em funcionamento no brasil foram construídos na década de 1970

tos é otimizar a fiscalização do excesso de peso em veículos de carga. “a tecnologia envolvida garante mais agilidade no controle do excesso de peso ao fiscalizar os veículos enquanto trafegam na rodovia na velocidade normal da via”, afirmou fernandes, durante o workshop controle de sobrepeso: Políticas e soluções tecnológicas, realizado nos dias 24 e 25 de junho, no auditório do dnit. segundo o gerente de Planejamento e transportes do labtrans da ufsc, valter zanela tani, o projeto está em estudo desde 2009. “uma pista de testes foi instalada na br-101, nas proximidades de

araranguá (sc), para mostrar o funcionamento da nova tecnologia. todas as variáveis foram avaliadas, como pista e características do veículo. além disso, avaliamos também a aplicação da tecnologia em três tipos diferentes de pisos: quartzo, polímeros e cerâmicos e a aplicação do sensor em cada um deles”, explicou tani. o novo modelo de fiscalização dos Piafs poupa tempo dos caminhoneiros que transportam a quantidade de carga correta e possibilita a operação sem a presença física do agente de trânsito, que passa a exercer suas atividades em centros de controle operacionais.

a tecnologia do sistema de pesagem em movimento, por meio de sensores de escâner a laser e as câmeras instaladas nas rodovias, garantem mais agilidade no controle do excesso de peso ao fiscalizar os veículos enquanto trafegam sem a necessidade de reduzir a velocidade dos caminhões. além disso, os postos diminuem o tempo de parada dos veículos nas balanças, pois os agentes da estação de controle selecionam, previamente, os caminhões com indicativo de excesso de peso, de dimensões ou outras irregularidades, que serão orientados por meio de painéis eletrônicos a reduzir a velocidade e passar pela balança de precisão no posto de fiscalização. o sistema conta ainda com unidade de controle de fuga em pista para garantir que os motoristas com excesso de carga passem pela balança. Pesquisa francesa a iniciativa do governo francês para a fiscalização direta de peso também foi tema do workshop. segundo o engenheiro do ifsttar (instituto francês de ciência e tecnologia de transportes, desenvolvimento e redes), bernard jacob, uma tecnologia parecida já é aplicada em algumas cidades da europa, não apenas em rodovias locais, mas em ruas onde circulam mais de 1.500 caminhões por dia. “dos 20 milhões de cami-

nhões pesados na europa, por ano, 95% estão realmente com excesso de peso. isso demonstra a confiabilidade do sistema. além disso, o modelo adotado reduziu a quantidade de acidentes com mortes nos últimos dez anos, caindo de 8.000 para 3.000 vítimas”, disse jacob. Para o engenheiro civil gustavo garcia otto, do labtrans, o grande diferencial da tecnologia brasileira para a europeia são as condições das rodovias em que são aplicadas. “não é possível adquirir a tecnologia importada e aplicar no brasil. aqui, nossas rodovias são diferentes e necessitam de outro modelo de sistema. além disso, o limite de peso das cargas não é idêntico nos dois lugares”, explicou. o risco que o excesso de peso nos veículos de carga pode trazer para os motoristas dos caminhões e aos que utilizam as rodovias, as pontes e os viadutos foi outro tema abordado durante o workshop. caminhões que trafegam com o peso acima do permitido podem gerar desde desgaste no pavimento até queda de pontes, dafinicação dos viadutos e acidentes, como a queda de produtos na rodovia. além dos prejuízos gerados na estrutura viária das rodovias, transportar cargas acima do permitido reduz a vida útil do caminhão e aumenta o tempo da viagem. o sobrepeso aumenta os custos com manutenção do veículo. l


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GESTÃO DE NEGÓCIOS

ITL forma segunda turma Parceria com a fundação dom cabral garante o diploma de pós-graduação a 37 participantes Por

itl (instituto de transporte e logística) e a fdc (fundação dom cabral) formaram, em junho, a segunda turma do curso especialização em gestão de negócios para profissionais do setor de transporte. os certificados foram entregues aos 37 novos pós-graduados em cerimônia realizada no auditório da cnt (confederação nacional do transporte). Participaram do curso representantes dos setores aéreo, ferroviário, rodoviário de cargas e de passageiros. “a importância da realização

O

PATRÍCIA PINHEIRO

desse curso é a formação de profissionais com maior capacidade gerencial, o que é fundamental para a melhoria dos processos e para o aumento da eficiência gerencial das empresas de transportes”, afirmou o diretor-executivo da cnt, bruno batista. o evento contou com as palestras dos professores mauro sayar, doutor em economia pela universidade de illinois, e Paulo renato de sousa, mestre em administração, com foco em logística empresarial. com a meta de capacitar gerentes e executivos das empresas

de transporte e logística nas mais modernas técnicas de gestão de negócios, o conteúdo da pós-graduação lato sensu serviu, principalmente, de ferramenta para imediata aplicabilidade no dia a dia dos profissionais. “desde a primeira aula, já apliquei o conteúdo do curso para aprimorar as ferramentas utilizadas na empresa na aplicação do nosso controle operacional, por exemplo”, contou o empresário fábio turra, da expresso vitória transporte ltda, de são jerônimo (rs). o proprietário da marlim azul turismo ltda, heber gui-

marães, também utilizou os conhecimentos adquiridos na pósgraduação em sua empresa no espírito santo. “não esperei terminar o curso para implantar o que aprendi, principalmente no referente à gestão de pessoas. e já indiquei a especialização para os executivos da minha região, que fazem parte da fetransporte”, salientou. Resultados imediatos grande parte dos projetos de conclusão da especialização em gestão de negócios já está trazendo resultados eco-


sergio alberto/cnt

CONQUISTA formandos da segunda turma do curso especialização em gestão de negócios

nômicos às empresas por meio de melhorias de processos e da gestão, como é o caso do projeto do grupo formado por cynthia castro, edmilson viana, greice Pesenti, myriam caetano, Poliana de sousa leite, sóstenes bernardes e vinícius ladeira. “como trabalhamos em nosso projeto a eficiência energética relacionada a consumo de combustível, conseguimos reduzir os custos relacionados ao diesel”, contou Poliana. segundo ela, o aprendizado foi adaptado à ferrovia transnordesti-

na. a outra conquista citada por Poliana foi o fato de o projeto ter rendido um resumo de artigo aceito por um congresso internacional, na china, e também um convite para publicá-lo em um livro de uma universidade norte-americana. o grupo formado por afonso celson, arthur oliveira, fábio braga, silvio feitoza e talita castanheira utilizou o projeto de conclusão de curso em uma empresa de ônibus do distrito federal. “buscamos as melhores práticas de benchmarking para aplicabilidade nessa empresa

de brasília. em cima disso, foi feita uma mensuração do retorno do investimento e impacto financeiro, e na comunidade.” Parceria de sucesso em parceria com a fundação dom cabral, um centro internacional de desenvolvimento de empresas e executivos, classificado como a melhor escola de negócios da américa latina pelo ranking 2014/2015 e 16ª do mundo do jornal inglês “financial times”, o currículo da especialização foi idealizado considerando a relevância do pensamento prático do mundo

dos negócios. dessa forma, buscou-se avaliar práticas de gestão dos transportes nas organizações, balanceando a teoria com a prática e desenvolvendo nos participantes uma visão empreendedora e criativa. “o empenho, de todos os profissionais, aqui alunos, tornou o programa um sucesso. já lançamos dez turmas, com mais de 400 profissionais de todos os modais de transporte a serem especializados em diversas regiões do país”, destacou a diretora-executiva do itl, lucimar coutinho. conforme lucimar coutinho, o relacionamento do itl com essa turma não acaba aqui. “temos o projeto de acompanhar o desenvolvimento profissional dos egressos desse curso, tornando o itl um centro integrador de profissionais com diferentes competências e múltiplas habilidades, possibilitando a criação de uma rede profissional de altíssimo valor.” a especialização em gestão de negócios tem carga horária total de 360 horas, sendo 20% ministradas a distância e o restante em oito encontros presenciais, com duração de uma semana cada. as próximas turmas concluirão o curso em são Paulo (sP), em 21 de agosto; belo horizonte (mg), em 9 de outubro; rio de janeiro (rj), em 19 de fevereiro de 2016; e recife (Pe), em 26 de agosto de 2016. l


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Passeio ciclístico

pelo país evento do sest senat apoia o uso contínuo da bicicleta, conscientiza a sociedade dos benefícios que ela proporciona à saúde e contribui com a sustentabilidade Por

ara difundir o hábito de andar de bicicleta aos trabalhadores do setor de transporte, o sest senat realizará, pela primeira vez, o Pedalando - Passeio ciclístico. o evento acontecerá simultaneamente no dia 4 de outubro em 27

P

JANE ROCHA

cidades dos 26 estados brasileiros e do distrito federal. o intuito do encontro é incentivar o uso da magrela ou camelo, como são conhecidas as bicicletas em alguns centros urbanos, promover um trânsito harmônico entre veículos automotivos, pedestres e bici-

cletas, incentivar a prática de atividade física ao ar livre, melhorar a qualidade de vida da população e confraternizar com os amigos. a expectativa é que 25 mil pessoas participem do evento. o Pedalando também visa apoiar o uso contínuo da bicicleta

e conscientizar a sociedade dos grandes benefícios que ela proporciona à saúde, além de contribuir com a sustentabilidade. o evento de lazer oferecerá orientações sobre o uso correto da bicicleta e os equipamentos de proteção exigidos por lei, discutirá o respeito ao meio ambiente e a educação no trânsito, promoverá práticas para se ter qualidade de vida e incentivará o combate ao sedentarismo. as inscrições deverão ser feitas até 27 de setembro exclusivamente no site oficial do Pedalando – Passeio ciclístico do sest senat (http://pedalando.sestsenat.org.br), mediante preenchimento da ficha de inscrição. É necessário doar 1 kg de alimento não perecível, excluindo o sal. os alimentos arrecadados serão doados à instituições de caridade. a entrega do kit será realizada no dia 3 de outubro, das 9h às 17h. a distância do percurso do passeio varia de acordo com a cidade. o encontro contará com guarda-volume, espaço kids e oficina para pequenos ajustes nas bikes. em abril do ano passado, o sest senat de sobral (ce) realizou um passeio ciclístico de 10 quilômetros pela cidade. o evento que atraiu 400 pessoas foi realizado para comemorar o dia mundial da atividade física, celebrado 6 de abril. após o passeio


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rodas da Paz/divulgação

BENEFÍCIOS Pedalar melhora o condicionamento físico e alivia o estresse

foram distribuídas frutas, sucos e sanduíches naturais aos participantes. Para o diretor da unidade, josé carlos alves, eventos esportivos estimulam a prática de atividade física. “além de melhorar a qualidade de vida das pessoas, praticar esportes me-

lhora a saúde e traz bem-estar mental”, afirma. Benefícios de pedalar eleita pela onu (organização das nações unidas) como o meio de transporte mais ecologicamente sustentável do planeta, a bicicleta

tem sido cada vez mais usada, tanto na prática de exercícios físicos quanto como forma de deslocamento ou ainda apenas por diversão. além de não consumir combustível, pedalar facilita a locomoção e colabora para a diminuição da emissão de poluentes na atmosfera.

andar de magrela proporciona uma série de benefícios ao nosso corpo, mais qualidade de vida e combate o sedentarismo. Pedalar reduz o mau colesterol e o risco de infarto em cerca de 50% das pessoas. também estimula os pequenos músculos das vértebras


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LOCAIS Cidades que recebem o Pedalando • brasília/df • são gonçalo/ rj • Porto velho/ro • salvador/ba • manaus/am • são luís/ma • maceió/al • teresina/Pi • florianópolis/sc • natal/rn • belém/Pa • rio branco/ac • uberlândia/mg • aracaju/se • Pelotas/rs • boa vista/rr

INVESTIMENTO Yuri Prestes (ao centro), lucas souza (dir.) e mateus baruci (esq.) montaram a bsb courier, empresa

• campina grande/Pb • cabo de santo agostinho/Pe • Palmas/to • macapá/aP • rondonópolis/mt • rio claro/sP • foz do iguaçu/Pr • três lagoas/ms • são mateus/es • anápolis/go • sobral/ce

dorsais e o sistema imunitário, e aumenta o número de glóbulos brancos, ajudando o organismo a se defender de vírus e bactérias. ainda desenvolve a massa muscular, reduz a pressão arterial, queima calorias e melhora a capacidade respiratória. segundo o doutorando em educação física da usP (universidade de são Paulo), vitor Painelli, a prática, por mais simples que seja, pode trazer melhorias incríveis para a vida diária. de acordo com Painelli, uti-

lizar o meio de transporte mais saudável, econômico e democrático do mundo melhora o condicionamento físico, equilibra e alivia o estresse. “as pedaladas geram efeitos positivos sobre a saúde mental e física dos praticantes. além disso, o esporte assegura bem-estar e auxilia na interação social”, explicou Painelli. usar a bicicleta é bom para o cérebro. estudos científicos comprovam que a prática melhora a velocidade do raciocí-

nio e amplia a memória. segundo pesquisa da universidade de illinois, em chicago (eua), após seis meses de pedaladas diárias, as habilidades de memorização dos participantes melhoraram 15% e a disposição para resolução de problemas cresceu 20%. os ciclistas que participaram do estudo relataram uma maior capacidade de se concentrar. além disso, a pedalada frequente evita a perda da função cerebral, normalmente associada ao envelheci-


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fotos sergio alberto/cnt

SEGURANÇA NA BICICLETA Equipamentos recomendados • capacete ventilado, com ajustes e proteção de nuca acolchoada • óculos de proteção • colete refletor • luvas • tênis ou calçado de solado que não escorregue no pedal • suporte para garrafa d’água Equipamentos obrigatórios • buzina ou campainha • espelho retrovisor esquerdo • sinalização noturna dianteira • sinalização noturna traseira • sinalização noturna lateral • sinalização noturna nos pedais fonte: conforme art. 105 do código de trânsito brasileiro

especializada em entrega usando a bicicleta

mento. os cientistas observaram que o cérebro de quem pedala aparenta ser dois anos mais jovem do que o de quem não usa a bicicleta. Pedaladas frequentes aumentam a sensação de felicidade, conforme apontam cientistas holandeses em uma pesquisa recente. depois de pedalar por 12 semanas, diz a pesquisa, os participantes tiveram um aumento no fator neurotrófico, derivado do cérebro que atua no controle do estresse, humor e memória. Por isso, pessoas

INOVAÇÃO jorge vendeu o veículo e utiliza a bicicleta como transporte

que utilizam a bicicleta com frequência têm baixos níveis de depressão e ansiedade. a prática do ciclismo também deixa as conexões neurais mais fortes, melhorando o humor, a saúde do coração, reduzindo o risco de diabetes e a incidência de câncer. Pedalar contribui para as relações pessoais e profissionais. de acordo com pesquisa da campanha cycle to work day (dia de andar de bicicleta até o trabalho), do reino unido, andar de bike melhora o relacionamento e a carreira. o

estudo destaca que 89% dos 2.500 ciclistas que participaram do levantamento acreditam que fazer o trajeto de casa ao escritório permite que se desliguem dos afazeres do trabalho e tenham melhor estado de espírito para conviver com parceiros, amigos e familiares. quase metade dos entrevistados disse que agora pode gerenciar um grande volume de trabalho mais facilmente e 82% se sentem menos estressados. a pesquisa apontou ainda que um terço dos participantes se

considera mais criativo depois que começou a pedalar e que as melhores ideias surgem enquanto andam de bicicleta. outros 15% acreditam que o progresso profissional está mais rápido do que o dos colegas que não praticam o esporte. jorge henrique farias leal, 37 anos, é um exemplo de quem utiliza a bicicleta para o transporte, o lazer e a prática de atividades físicas. ele conta que vendeu o carro quando, há cinco anos, percebeu uma série de desvantagens. “não me preocupo com o trânsito e com estacionamentos e economizo o valor que seria gasto com gasolina e academia. além disso, vejo a cidade de vários ângulos, pois circulo por lugares onde os carros não passam”, disse leal, que ainda costuma utilizar a bicicleta para passeio com amigos, trilhas nos fins de semana e competições. Yuri Prestes, 26 anos, foi além e investiu em uma empresa especializada em transporte de encomendas, documentos e realização de serviços bancários usando a bicicleta como veículo. há dois anos no mercado, a bsb courier é formada por quatro amigos que fazem o trabalho. “utilizava a bicicleta para fugir do estresse, mas agora a vejo como uma alternativa de ganho de renda”, afirmou Prestes, que há três anos participa de competições de ciclismo. l


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SEST SENAT

Novos horizontes sest senat certifica 58 mecânicos de aeronaves para atender às demandas do mercado Por

setor de aviação civil tem exigido cada vez mais profissionais capacitados para atuar no segmento e uma das áreas que mais requer mão de obra especializada é a de manutenção aeronáutica. atento às demandas do mercado, o sest senat realizou a certificação de 46 mecânicos em manutenção de aeronaves em célula – todos pelo Pronatec (Programa nacional de acesso ao ensino técnico e emprego) –

O

FORMATURA no

PRISCILA MENDES

e 12 mecânicos de manutenção aeronáutica, na especialidade aviônicos. a solenidade foi realizada no dia 26 de junho, na unidade de samambaia (df). “nossos cursos vão atender às necessidades de um mercado que cresce, em média, 30% ao ano por meio de profissionais altamente qualificados”, destacou o coordenador de desenvolvimento profissional da unidade, haroldo willuweit. além de brasília, os cursos também

são oferecidos em belo horizonte (mg) e, em breve, haverá novas turmas em jacareí (sP). essa é a primeira vez que o sest senat certifica técnicos em manutenção de aeronaves. de acordo com as exigências da anac (agência nacional de aviação civil), os especialistas em células (que é o corpo principal do avião) são responsáveis por cuidar da manutenção preventiva e corretiva de aeronaves em relação aos materiais e componen-

tes estruturais, além das partes externas, interiores de aeronaves, cabines e compartimentos pressurizados, controle e integração com sistema de controle. tudo isso com o objetivo de garantir a segurança de voo. já os mecânicos em manutenção aeronáutica – especialidade aviônicos – cuidam dos componentes elétricos e eletrônicos da aeronave. tanto os técnicos quanto os mecânicos precisam, ainda, realizar um exame da


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sergio alberto/cnt

gilbert botelho/sest senat/divulgação

total, 58 alunos receberam o diploma durante solenidade de colação de grau

anac para adquirir o certificado de conhecimento teórico. com ele, os novos profissionais estarão aptos a atuarem no mercado. “os formandos poderão atuar em várias áreas, como assessoria aeronáutica, em empresas aéreas e até nas forças armadas”, disse o técnico de formação aeroviário profissional da unidade, gilbert silva botelho. boas oportunidades no mercado não faltam. É o que garante o diretor comercial da empresa he-

listar - manutenção de aeronave, francisco agamenon nery galvão. “todo mundo sai ganhando. devido à parceria com o sest senat, o mercado vai receber profissionais altamente capacitados, que podem atuar imediatamente e construir uma longa carreira no setor da aviação.” o mais novo mecânico de manutenção aeronáutica, joão antônio nascimento de souza, afirma estar preparado para encarar os novos desafios. “graças à estrutu-

OFICINAS visita técnica dos formandos ao centro tecnológico da tam

ra do curso do sest senat, vou conseguir realizar o meu sonho. aqui, eu encontrei uma boa estrutura, com laboratórios que nos permitiram unir a teoria à prática.” Em campo o curso oferece inclusive experiência e integração entre alunos e o mercado de trabalho por meio de visitas técnicas. no dia 3 de julho, estudantes do curso de manutenção de aeronaves estiveram no centro tecnológico da

tam e no museu de aviação em são carlos (sP) acompanhados pelo técnico de formação aeroviário profissional da unidade, gilbert botelho, pelo técnico de formação profissional da unidade, carlos augusto, e pelo auxiliar administrativo, gilmar ferreira. eles tiveram a oportunidade de conhecer, de perto, as oficinas e os hangares de manutenção de equipamentos aeronáuticos e de aeronaves da unidade de negócios da tam. l



FERROVIÁRIO malha ferroviária - eXtensão em km total nacional total concedida concessionárias malhas concedidas

30.499 28.996 11 12

BOLETIM ESTATÍSTICO

RODOVIÁRIO malha rodoviária - eXtensão em km TIPO

PAVIMENTADA

NÃO PAVIMENTADA

TOTAL

66.712 119.691 26.827 213.230

12.666 105.601 1.234.918 1.353.185

79.378 225.292 1.261.745 154.192 1.720.607

federal estadual municipal rede Planejada Total

malha rodoviária concessionada - eXtensão em km adminstrada por concessionárias privadas administrada por operadoras estaduais frota de veÍculos caminhão cavalo mecânico reboque semi-reboque Ônibus interestaduais Ônibus intermunicipais Ônibus fretamento Ônibus urbanos nº de terminais rodoviários

19.463 1.195

2.595.165 580.264 1.193.567 845.638 19.923 57.000 25.834 107.000 173

AQUAVIÁRIO infraestrutura - unidades terminais de uso privativo misto Portos

35

material rodante - unidades vagões locomotivas

103.517 3.472

Passagens de nÍvel - unidades total críticas

12.289 2.659

velocidade mÉdia oPeracional brasil eua

25 km/h 80 km/h

AEROVIÁRIO aeródromos - unidades aeroportos internacionais aeroportos domésticos outros aeródromos - públicos e privados

34 29 2.387

aeronaves registradas no brasil - unidades transporte regular, doméstico ou internacional transporte não regular: táxi aéreo Privado outros Total

669 1.579 8.825 8.328 19.401

MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS MODAL

163

hidrovia - eXtensão em km e frota vias navegáveis vias economicamente navegadas embarcações próprias

12.021 7.854 1.800 7.321 28.996

122

frota mercante - unidades embarcações de cabotagem e longo curso

malha Por concessionária - eXtensão em km all do brasil s.a. fca - ferrovia centro-atlântica s.a. mrs logística s.a. outras Total

41.635 20.956 2.055

MILHÕES

(TKU)

PARTICIPAÇÃO

(%)

rodoviário

485.625

61,1

ferroviário

164.809

20,7

aquaviário

108.000

13,6

dutoviário

33.300

4,2

aéreo

3.169

0,4

Total

794.903

100


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CNT TRANSPORTE ATUAL

JULHO 2015

BOLETIM ECONÔMICO

INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE* Investimentos em transporte da União por Modal (Total Pago acumulado até junho/2015 (R$ 4,59 bilhões)

Investimentos em Transporte da União (Orçamento Fiscal) (dados acumulados até junho/2015)

0,73 (15,9%)

25

R$ bilhões

20 15,46

15

0,14 (3,1%)

2,98 (65,1%)

0,72 (15,8%)

10 4,22

5

4,59

0,36

0 autorizado

valores Pagos do exercício

rodoviário restos a Pagar Pagos

aquaviário

ferroviário

aéreo

total Pago

obs.: o total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos de anos anteriores.

CONJUNTURA MACROECONÔMICA - JULHO/2015

RECURSOS DISPONÍVEIS E INVESTIMENTO FEDERAL ORÇAMENTO FISCAL E ESTATAIS (INFRAERO E CIA DOCAS) (r$ milhões correntes - acumulados até junho de 2015) Recursos Disponíveis autorizado união dotação das estatais (infraero e cia docas) Total de Recursos Disponíveis Investimento Realizado rodoviário ferroviário aquaviário (união + cia docas) aéreo (união + infraero) Investimento Total (Total Pago)

15.467,99 2.390,80 17.858,79 2.987,56 733,56 267,66 1.091,03 5.079,81

2014 Pib (% cresc a.a.)1 selic (% a.a.)2 iPca (%)3 balança comercial6 reservas internacionais4 câmbio (r$/us$)5

Acumulado Expectativa Expectativa em 2015 para 2015 para 2016

0,1* 11,75 6,41 -3,96

-1,56 13,75 6,17 2,22

363,55

372,16

2,65

3,10

-1,49 14,50 9,00 4,00

1,00 12,00 5,50 12,00

-

-

3,20

3,37

Fontes: receita federal, siga brasil - senado federal, ibge e focus (relatório de mercado 26/06/15), banco central do brasil. Observações: (1) expectativa de crescimento do Pib para 2014 e 2015. (2) taxa selic conforme copom 03/06/2015 e boletim focus. (3) inflação acumulada no ano e expectativas segundo o boletim focus.

Fonte: orçamento fiscal da união e orçamento de investimentos das empresas estatais (siga brasil - senado federal);

(4) Posição dezembro/2014 e junho/2015 em us$ bilhões. (5) câmbio de fim de período, média entre compra e venda.

Notas: (A) atualizado em 07.07.2015 com dados acumulados (siga brasil) até 29.06.2015.

(6) saldo da balança comercial até junho/2015.

(B) Para fins de cálculo do investimento realizado, utilizou-se o filtro gnd = 4 (investimento). (C) os investimentos em transporte aéreo passaram a incorporar os desembolsos realizados para melhoria e adequação dos sistemas de controle de tráfego aéreo e de navegação, descrito nas ações 20Xv, 118t,3133, e 2923.

* a taxa de crescimento do Pib para 2014 diz respeito ao desempenho econômico entre janeiro e dezembro de 2014, os valores de 2015 referem-se ao valor acumulado no 1º trimestre de 2015 a preços de mercado.

EVOLUÇÃO DO INVESTIMENTO FEDERAL EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE 18,0 16,0 14,0 12,0 10,0 8,0 6,0 4,0 2,0 0 2010 investimento total

ORÇAMENTO FISCAL DA UNIÃO E ORÇAMENTO DAS ESTATAIS (INFRAERO E CIA DOCAS) (valores em r$ bilhões correntes) 2010 2011 2012 2013 10,3 11,2 9,4 8,4 rodoviário 2,5 1,6 1,1 2,3 ferroviário 1,0 0,8 0,6 aquaviário (união + cia docas) 1,3 0,7 1,2 1,4 1,8 aéreo (união + infraero) 14,8 15,0 12,7 13,1 Investimento Total

2011

2012 rodoviário

ferroviário

2013 aquaviário

2014 aéreo

2014 9,1 2,7 0,8 3,3 15,8

Fonte: orçamento fiscal da união e orçamento de investimentos das empresas estatais (siga brasil - senado federal)

8

R$ bilhões correntes

Orçamento Fiscal da União e Orçamento das Estatais (Infraero e Cia Docas)

* veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br


REGIÕES3

Estados

INVESTIMENTO PÚBLICO FEDERAL EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTE POR ESTADOS E REGIÕES (valores em r$ milhões correntes)1 orçamento fiscal (total Pago2 por modal de transporte) acre alagoas amazonas amapá bahia ceará distrito federal espírito santo goiás maranhão minas gerais mato grosso do sul mato grosso Pará Paraíba Pernambuco Piauí Paraná rio de janeiro rio grande do norte rondônia roraima rio grande do sul santa catarina sergipe são Paulo tocantins centro oeste nordeste norte sudeste sul não aplícavel Total

Rodoviário 36,75 68,49 0,02 47,15 226,04 25,07 0,00 19,39 45,41 81,23 242,30 29,44 74,10 90,70 5,24 114,40 1,00 46,23 62,20 3,56 1,43 14,43 165,66 224,56 41,27 0,99 45,81 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1.274,70 2.987,56

Ferroviário 0,00 0,00 0,00 0,00 0,51 0,00 0,00 0,00 20,60 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 53,82 0,48 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 658,15 733,56

Aquaviário 0,00 0,00 22,09 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 10,16 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 7,26 49,75 0,00 1,10 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 50,40 140,75

Aéreo 0,42 0,00 2,23 0,00 8,25 0,00 0,00 0,01 4,77 0,16 0,48 0,00 1,49 0,00 0,14 3,34 0,00 0,31 0,54 0,00 0,46 0,14 0,36 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 705,18 728,27

Total 37,17 68,49 24,33 47,15 234,80 25,07 0,00 19,40 70,78 91,55 242,78 29,44 75,59 90,70 5,38 117,74 1,00 46,54 62,74 3,56 1,89 14,57 173,27 274,31 41,27 55,90 46,29 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 2.688,43 4.590,14

Ranking

maiores desembolsos4 (total Pago acumulado até junho de 2015)5 Ordem 1º 2º 3º 4º 5º 6º 7º 8º 9º 10º

Ações orçamentárias7 manutenção de trecho rodoviário na região nordeste manutenção de trecho rodoviário na região sul manutenção de trecho rodoviário na região norte construção da ferrovia de integração oeste-leste - lhéus - ba manutenção de trechos rodoviário na região sudeste manutenção de trechos rodoviários na região sudeste controle de velocidade na malha rodoviária federal adequação de trecho rodoviário - Porto alegre - Pelotas - rs construção da ferrovia de integração norte-sul ouroverde de goiás - sP construção de trecho rodoviário - divisa Pi/ba - divisa ba/se Total Part. (%) no Total Pago do Orçamento Fiscal da União até junho - 2015

R$ milhões6 429,73 325,94 296,18 289,50 221,49 184,66 148,36 142,35 135,44 95,97 2.269,63 49,4%

Elaboração: elaboração: confederação nacional do transporte *orçamento fiscal da união, atualizado em 07.07.2015 com dados acumulados (siga brasil) até 29.06.2015.

Notas: (1) foram utilizados os seguintes filtros: função (26), subfunção (781=aéreo, 782=rodoviário, 783=ferroviário, 784=aquaviário), gnd (4=investimentos). Para a subfunção 781 (aéreo), não foi aplicado nenhum filtro para a função. fonte: siga brasil (execução do orçamento fiscal da união). (2) o total Pago é igual ao valor pago no exercício acrescido de restos a Pagar Pagos. (3) o valor investido em cada região não é igual ao somatório do valor gasto nos respectivos estados. as obras classificadas por região são aquelas que atendem a mais de um estado e por isso não foram desagregadas. algumas obras atendem a mais de uma região, por isso recebem a classificação nacional. (4) as obras foram classificadas pelo critério de maior desembolso (valor Pago + restos a Pagar Pagos) em 2015. (5) ações de infraestrutura de transporte contempladas com os maiores desembolsos do orçamento fiscal da união no acumulado de janeiro a junho de 2015. (6) os valores expressos na tabela dizem respeito apenas ao total Pago pela união no período em análise. não foram incluídos os desembolsos realizados pelas empresas estatais. (7) as ações orçamentárias são definidas como operações das quais resultam produtos (bens ou serviços) que contribuem para atender o objetivo de um programa segundo o manual de técnico de orçamento 2015.

Para consultar a execução detalhada, acesse o link http://www.cnt.org.br/Paginas/Boletim-economico.aspx


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CNT TRANSPORTE ATUAL

JULHO 2015

BOLETIM DO DESPOLUIR DESPOLUIR

PROJETOS

a confederação nacional do transporte (cnt) e o sest senat lançaram em 2007 o Programa ambiental do transporte - desPoluir, com o objetivo de promover o engajamento de empresários, caminhoneiros autônomos, taxistas, trabalhadores em transporte e da sociedade na construção de um desenvolvimento verdadeiramente sustentável.

• redução da emissão de poluentes pelos veículos • incentivo ao uso de energia limpa pelo setor transportador • aprimoramento da gestão ambiental nas empresas, garagens e terminais de transporte • cidadania para o meio ambiente

RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DAS EMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS* ESTRUTURA

AVALIAÇÕES AMBIENTAIS PERÍODO

2007 A 2014

aferições

1.235.589

aprovação no período

87,69%

2015

TOTAL

federações participantes

27

117.106

1.352.695

unidades de atendimento

92

76,79%

86,75%

empresas atendidas

11.856

caminhoneiros autônomos atendidos

13.323

ATÉ JUNHO

* dados preliminares sujeitos a alterações.

PUBLICAÇÕES DO DESPOLUIR

INSTITUIÇÕES PARTICIPANTES Para participar do Projeto redução da emissão de Poluentes pelos veículos, entre em contato com a federação que atende o seu estado. SETOR

Carga (empresas)

Carga (autônomos)

Passageiros

FEDERAÇÃO fetramaz fetracan fetrabase fenatac fetransPortes fetcemg fetransPar fetranscarga fetransul fetrancesc fetcesP fecam-sP fecam-sc fecam-rs fecam-rj fetac-Pr fetac-mg fetranorte fetronor fetrabase fetrans* fetrasul fetransPortes fetram fetramar fePasc fetransPor fetergs

UFs ATENDIDAS ac, am, aP, Pa, ro e rr al, ce, ma, Pb, Pe, Pi e rn ba e se df, go, ms, mt e to es mg Pr rj rs sc sP sP sc rs rj Pr mg ac, am, aP, Pa e rr al, Pb, Pe e rn ba e se ce, ma e Pi df, go, sP e to es mg ms, mt e ro Pr e sc rj rs

conheça abaixo duas das diversas publicações ambientais que estão disponíveis para download no site do DESPOLUIR:

TELEFONE (92) 3658-6080 (81) 3441-3614 (71) 3341-6238 (61) 3361-5295 (27) 2125-7643 (31) 3490-0330 (41) 3333-2900 (21) 3869-8073 (51) 3374-8080 (48) 3248-1104 (11) 2632-1010 (19) 3585-3345 (49) 3222-4681 (51) 3232-3407 (21) 3495-2726 (42) 3027-1314 (31) 3271-9837 (92) 3584-6504 (84) 3234-2493 (71) 3341-6238 (85) 3261-7066 (62) 3233-0977 (27) 2125-7643 (31) 3274-2727 (65) 3027-2978 (41) 3244-6844 (21) 3221-6300 (51) 3228-0622

a pesquisa “caminhoneiros no brasil - relatório síntese de informações ambientais” apresenta a realidade e as necessidades de um dos principais agentes do setor de transporte. informações econômicas, financeiras, sociais e ambientais, além de dados relacionados à frota, como distribuição e idade média; características dos veículos e dos deslocamentos; intensidade de uso e autonomia (km/l) da frota permitem aprofundar os conhecimentos relativos ao setor de transporte rodoviário.

8

* a fetrans corresponde à antiga cePimar, conforme atualização em julho de 2015.

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br

o governo brasileiro adotou o biodiesel na matriz energética nacional, através da criação do Programa nacional de Produção e uso de biodiesel e da aprovação da lei n. 11.097. atualmente, todo o óleo diesel veicular comercializado ao consumidor final possui biodiesel. essa mistura é denominada óleo diesel b e apresenta uma série de benefícios ambientais, estratégicos e qualitativos. o objetivo desta publicação é auxiliar na rotina operacional dos transportadores, apresentando subsídios para a efetiva adoção de procedimentos que garantam a qualidade do óleo diesel b, trazendo benefícios ao transportador e, sobretudo, ao meio ambiente.


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JULHO 2015

CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL

BOLETIM AMBIENTAL

CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE (em milhões de m3)

EMISSÕES DE CO2 POR SETOR CO2 t/ANO 1.202,13 140,05 136,15 48,45 47,76 1.574,54

SETOR

mudança no uso da terra industrial* transporte geração de energia outros setores Total

2009

2010

2011

2012

2013

2014

VOLUME

VOLUME

VOLUME

VOLUME

VOLUME

VOLUME

rodoviário

31,68

34,46

36,38

38,60

40,60

41,40

ferroviário

0,96

1,08

1,18

1,21

1,20

1,18

hidroviário

0,12

0,13

0,14

0,16

0,18

0,18

32,76

35,68

37,71

39,97

41,99

42,77

MODAL

EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL (EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA) (%) 76,35 8,90 8,65 3,07 3,03 100,00

PARTICIPAÇÃO

Total

CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões de m3)* TIPO 2010 2011 2012 2013 2014 2015**

*Inclui processos industriais e uso de energia

(maio)

EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE CO2 t/ANO 123,17 7,68 5,29 136,15

MODAL

rodoviário aéreo outros meios Total

diesel

(%) 90,46 5,65 3,88 100,00

49,23

52,26

55,90

58,57

60,03

23,19

gasolina 29,84

35,49

39,69

41,42

44,36

17,08

etanol

10,89

9,85

11,75

12,99

6,89

PARTICIPAÇÃO

EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO OTTO*

EMISSÕES DE POLUENTES - VEÍCULOS CICLO DIESEL

80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0%

co2 nox nmhc co ch4

15,07

* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc). ** Dados atualizados em 25 de junho de 2015.

60% 50% 40%

co2 nox co nmhc mP

30% 20% 10% 0%

automóveis gnv comerciais leves (otto) motocicletas * inclui veículos movidos a gasolina, etanol e gnv dados de 2009 fornecidos pelo último inventário nacional de emissões atmosféricas por veículos automotores rodoviários – mma,2011.

Ônibus urbanos

caminhões Pesados

10 15 10 a 50

CE: fortaleza, aquiraz, horizonte, caucaia, itaitinga, chorozinho, maracanaú, euzébio, maranguape, Pacajus, guaiúba, Pacatuba, são gonçalo do amarante, Pindoretama e cascavel. PA: belém, ananindeua, marituba, santa bárbara do Pará, benevides e santa isabel do Pará. PE: recife, abreu e lima, itapissuma, araçoiaba, jaboatão dos guararapes, cabo de santo agostinho, moreno, camaragibe, olinda, igarassu, Paulista, ipojuca, itamaracá e são lourenço da mata. Frotas cativas de ônibus dos municípios: belo horizonte, rio de janeiro, curitiba, salvador, Porto alegre e são Paulo. RJ: rio de janeiro, belford roxo, nilópolis, duque de caxias, niterói, guapimirim, nova iguaçu, itaboraí, Paracambi, itaguaí, queimados, japeri, são gonçalo, magé, são joão de meriti, mangaratiba, seropédica, maricá, tanguá e mesquita. 10** brasil SP: são Paulo, americana, mairiporã, artur nogueira, mauá, arujá, mogi das cruzes, barueri, mongaguá, bertioga, monte mor, biritibamirim, nova odessa, caçapava, osasco, caieiras, Paulínia, cajamar, Pedreira, campinas, Peruíbe, carapicuíba, Pindamonhangaba, cosmópolis, Pirapora do bom jesus, cotia, Poá, cubatão, Praia grande, diadema, ribeirão Pires, embu, rio grande da serra, embuguaçu, salesópolis, engenheiro coelho, santa bárbara d’ oeste, ferraz de vasconcelos, santa branca, francisco morato, santa isabel, franco da rocha, santana de Parnaíba, guararema, santo andré, guarujá, santo antônio da Posse, guarulhos, santos, holambra, são bernardo do campo, hortolândia, são caetano do sul, igaratá, são josé dos campos, indaiatuba, são lourenço da serra, itanhaém, são vicente, itapecerica da serra, sumaré, itapevi, suzano, itaquaquecetuba, taboão da serra, itatiba, taubaté, jacareí, tremembé, jaguariúna, valinhos, jandira, vargem grande Paulista, juquitiba e vinhedo. demais estados e cidades 500*** * em partes por milhão de s - ppm de s ** municípios com venda exclusiva de s10. Para ver a lista dos postos que ofertam o diesel s10, consulte o site do desPoluir: www.cntdespoluir.org.br *** a partir de janeiro de 2014, o diesel interiorano passou a ser s500. Para mais informações, consulte a seção legislação no site do desPoluir: www.cntdespoluir.org.br

4,9%

6,7%

% nc

0,0%*

30,1%

19,0%

39,3% Pt. fulgor 19,0% enxofre 39,3%

corante 4,9% aspecto 0,0%*

teor de biodiesel 30,1% outros 6,7%

(*) resultados respectivos por região, número total de amostras e percentual de reprovação: norte, 135 (1,5%); nordeste, 671 (0,0%); centro-oeste, 521 (3,3%); sudeste, 2.397 (1,0%) e sul, 654 (0,6%).

ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - MAIO 2015 33 30 27 24 21 18 15 12 9 6 3 0

caminhões leves

NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - MAIO 2015

QUALIDADE DO ÓLEO DIESEL TEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL (em ppm de S)* japão eua europa

Ônibus caminhões comerciais leves rodoviários (diesel) médios

trimestre anterior trimestre atual

9,4 0,0

0,5

5,0

0,0

1,1

0,0

3,9

2,5

6,8

1,9

4,7 0,0

0,0

0,0

ac al am aP ba ce df es go ma mg ms mt Pa Pb 0 9,4 0,5 0 5 1,1 0 3,9 2,5 6,8 1,9 0 4,7 0 0 8,8 0,5 0 5,4 0 4,2 3,6 6,2 2,5 0 4,7 11,1 14,4 0 1,2 Percentual relativo ao número de não-conformidades encontradas no total de amostras coletadas. cada amostra analisada pode conter uma ou mais não-conformidades. unidades federativas para as quais não houve monitoramento nos períodos considerados: ac, df, ms, Pi, ro e rr. trimestre atual: mar a mai/2015; trimestre anterior: fev a abr/2015.

3,6 Pe 3,6 3,2

6,6 0,0

1,5

Pi 0 0

Pr 1,5 1,2

rj 6,6 4,6

0,0 rn 0 0

0,0

0,0

1,3

1,0

0,9

ro 0 0

rr 0 0

rs 1,3 1,6

sc 1 0,9

se 0,9 0,7

3,2

2,1

3,0

sP 3,2 3,5

to 2,1 3,1

brasil 3 3,3


EFEITOS DOS PRINCIPAIS POLUENTES ATMOSFÉRICOS DO TRANSPORTE EFEITOS POLUENTES

PRINCIPAIS FONTES

CARACTERÍSTICAS

1

SAÚDE HUMANA

MEIO AMBIENTE

monóxido de carbono (co)

resultado do processo de combustão de fonte móveis2 e de fontes fixas industriais3.

gás incolor, inodoro e tóxico.

diminui a capacidade do sangue em transportar oxigênio. aspirado em grandes quantidades pode causar a morte.

dióxido de carbono (co2)

resultado do processo de combustão de fonte móveis2 e de fontes fixas industriais3.

gás tóxico, sem cor e sem odor.

Provoca confusão mental, prejuízo dos reflexos, inconsciência, parada das funções cerebrais.

metano (ch4)

resultado do processo de combustão de fontes móveis2 e fixas3, atividades agrícolas e pecuárias, aterros sanitários e processos industriais4.

gás tóxico, sem cor, sem odor. quando adicionado a água torna-se altamente explosivo.

causa asfixia, parada cardíaca, inconsciência e até mesmo danos no sistema nervoso central, se inalado.

compostos orgânicos voláteis (covs)

resultado do processo de combustão de fonte móveis2 e processos industriais4.

composto por uma grande variedade de moléculas a base de carbono, como aldeídos, cetonas e outros hidrocarbonetos leves.

causa irritação da membrana mucosa, conjuntivite, danos na pele e nos canais respiratórios. em contato com a pele pode deixar a pele sensível e enrugada e quando ingeridos ou inalados em quantidades elevadas causam lesões no esôfago, traqueia, trato gastro-intestinal, vômitos, perda de consciência e desmaios.

óxidos de nitrogênio (nox)

formado pela reação do óxido de nitrogênio e do oxigênio reativo presentes na atmosfera e queima de biomassa e combustíveis fósseis.

o no é um gás incolor, solúvel. o no2 é um gás de cor acastanhada ou castanho avermelhada, de cheiro forte e irritante, muito tóxico. o n2o é um gás incolor, conhecido popularmente como gás do riso.

o no2 é irritante para os pulmões e causam o aquecimento global, diminui a resistência às infecções por serem gases de efeito estufa. respiratórias. a exposição continuada ou frequente a níveis elevados pode provocar causadores da chuva ácida5. tendência para problemas respiratórios.

ozônio (o3)

formado pela quebra das moléculas dos hidrocarbonetos liberados por alguns poluentes, como combustão de gasolina e diesel. sua formação é favorecida pela incidência de luz solar e ausência de vento.

gás azulado à temperatura ambiente, instável, altamente reativo e oxidante.

dióxido de enxofre (so2)

resultado do processo de combustão de fontes móveis2 e processos industriais4.

Provoca irritação e aumento na produção de muco, desconforto na gás denso, incolor, não inflamável respiração e agravamento de e altamente tóxico. problemas respiratórios e cardiovasculares.

causa o aquecimento global, por ser um gás de efeito estufa. causador da chuva ácida5, que deteriora diversos materiais, acidifica corpos d'água e provoca destruição de florestas.

resultado da queima incompleta de combustíveis e de seus aditivos, de processos industriais e do desgaste de pneus e freios.

conjunto de poluentes constituído de poeira, fumaça e todo tipo de material sólido e líquido que se mantém suspenso. Possuem diversos tamanhos em suspensão na atmosfera. o tamanho das partículas está diretamente associado ao seu potencial para causar problemas à saúde, quanto menores, maiores os efeitos provocados.

altera o ph, os níveis de pigmentação e a fotossíntese das plantas, devido a poeira depositada nas folhas.

material particulado (mP)

Provoca problemas respiratórios, irritação aos olhos, nariz e garganta.

incômodo e irritação no nariz e garganta são causados pelas partículas mais grossas. Poeiras mais finas causam danos ao aparelho respiratório e carregam outros poluentes para os alvéolos pulmonares, provocando efeitos crônicos como doenças respiratórias, cardíacas e câncer.

causam o aquecimento global, por serem gases de efeito estufa.

causa destruição e afeta o desenvolvimento de plantas e animais, devido a sua natureza corrosiva. além de causar o aquecimento global, por ser um gás de efeito estufa.

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1. conforme o comunicado nº 213/2012 do centro internacional de Pesquisas sobre o câncer (iarc), vinculado à organização mundial da saúde (oms), a fumaça do diesel é classificada como substância cancerígena, na mesma categoria em que se encontram o amianto, o álcool e o cigarro. 2. fontes móveis: motores a gasolina, diesel, álcool ou gnv. 3. fontes fixas: centrais elétricas e termelétricas, instalações de produção, incineradores, fornos industriais e domésticos, aparelhos de queima e fontes naturais como vulcões, incêndios florestais ou pântanos. 4. Processos industriais: procedimentos químicos ou mecânicos que fazem parte da fabricação de um ou vários itens, usualmente em grande escala. 5. chuva ácida: provocada por emissões de dióxido de enxofre (so2) e óxidos de nitrogênio (nox) a partir de usinas de energia, carros e fábricas.

Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br



“nossa realidade hoje, não fosse o agrobusiness, que ainda se mantém positivo, poderia ser ainda mais complicada” TEMA DO MÊS

A crise na produção e na venda de caminhões e ônibus

Carga, financiamento, produto: o tripé está manco ALARICO ASSUMPÇÃO JÚNIOR

odos os empresários e profissionais que atuam no setor de transportes sabem que, para que o segmento de caminhões possa apresentar um bom desempenho, é preciso ter o tripé carga, financiamento, produto (caminhão) em perfeita sintonia. quando um ou mais desses apoios falha, todo o segmento sofre. e é isso o que vem ocorrendo no setor que, em função da baixa atividade econômica, sofre com a drástica redução da carga no brasil. hoje, temos uma indústria moderna e com capacidade instalada para produzir de acordo com uma demanda muito maior do que a atual. Posso dizer, com total conhecimento, que a nossa indústria está entre as melhores do mundo. contamos com uma rede de concessionárias preparada e capacitada para prestar atendimento aos transportadores, garantindo que seus caminhões continuem rodando em perfeitas condições a partir de uma manutenção de Primeiro mundo. temos, ainda que em menor volume, os recursos do bndes liberados para o Psi, o que garante o fomento de financiamentos desses caminhões em condições

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ALARICO ASSUMPÇÃO JÚNIOR Presidente da fenabrave (federação nacional da distribuição de veículos automotores)

e taxas subsidiadas. o que falta é ter o que transportar. nossa realidade hoje, não fosse o agrobusiness, poderia ser mais complicada. temos uma safra 20152016 estimada em r$ 187,7 bilhões, contra r$ 156,1 bilhões em 2014. apesar da nova equipe econômica e do anúncio dos ajustes que seriam feitos, necessários ainda que drásticos, a economia brasileira não teve o impulso adequado para movimentar as estradas em 2015. graças aos esforços da fenabrave e de outras entidades do setor, o bndes renovou o Psi. as montadoras e as redes estavam prontas a atender a um aumento de demanda, mas isso não aconteceu. e, como um Pib que se projeta negativo em mais de 1,5%, este ano anuncia uma queda que pode chegar a 41% sobre o ano de 2014, que já foi pior que o anterior. apenas no acumulado de janeiro a maio deste ano, o setor de caminhões sofreu queda de 42,2% sobre o mesmo período do ano passado, passando de 53.984 unidades para 31.181 caminhões emplacados. retroceder uma década em resultados, estamos agora num patamar abaixo de um mercado que tivemos em 2005, é bastante

difícil, pois as estruturas e os custos das empresas cresceram e agora estamos tendo que nos readequar, o que significa comprometer empregos e a geração de riquezas para o país. muitos questionam se sairemos desta crise. a questão não é “se”, mas “quando”, pois, certamente, nosso país reúne todas as condições e potencial para crescer e se desenvolver, mas é preciso passar por esta ponte chamada crise que deve permanecer até 2016, quando estimamos uma moderada recuperação. Projetos existem e podem ser implantados para que impulsionem a comercialização de caminhões. o Programa de renovação da frota, que foi apresentado ao governo, é um bom exemplo. ele não apenas estimularia a comercialização de caminhões, como reduziria os gastos com acidentes provocados por uma frota envelhecida. o projeto ainda depende da decisão do governo para ser implantado. até lá, devemos nos manter em pé, mesmo sem um dos apoios do tripé que sustenta o mercado. Podemos estar mancos, mas estamos lutando para nos manter ativos até que o país volte a rodar.


“linhas de financiamento, definição de regras e renovação da frota são fundamentais para superar desafios”

Futuro desafiador: expectativa positiva a médio e longo prazo LUIZ MOAN YABIKU JUNIOR

segmento dos veículos pesados é um dos que mais tem sofrido, este ano, com a atual conjuntura econômica do brasil. o licenciamento de caminhões caiu 42,3% no primeiro semestre de 2015 quando comparado com igual período de 2014, o que significa um retorno ao mesmo patamar de 2006. nos ônibus, a queda foi de 27,7% na comparação entre os primeiros seis meses de 2015 com os de 2014. esse cenário reflete-se em uma redução da produção superior ao inicialmente previsto. a fabricação de caminhões voltou ao nível de 2003 e apresentou baixa de 45,2% no acumulado deste ano contra o mesmo período do ano passado, enquanto a produção de chassis de ônibus recuou 27,8%. isto fez com que a anfavea revisasse suas projeções para 2015 dos veículos pesados: retração de 41% nas vendas e de 32% na produção. dentre os motivos para tais reduções, é possível apontar a queda na confiança dos investidores como um dos principais. agrega-se, nestes fatores, a insegurança provocada pela expectativa das medidas do ajuste fiscal, as dificuldades na aprova-

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ção dos financiamentos, o desaquecimento da economia – com queda no volume de cargas – e o nível de confiança do consumidor, que interferem negativamente na decisão de compra de empresários, frotistas e autônomos. É neste sentido que o segmento de veículos pesados é, de fato, mais prejudicado, pois caminhões e ônibus são considerados bens de capital. e por ser um investimento, responsável pelo transporte de mercadorias e pessoas, demandam ferramentas que possibilitem sua aquisição, como as linhas de financiamento do bndes. um exemplo claro foram as medidas anticíclicas adotadas pelo bndes, em 2009, com a implantação do Psi (Programa de sustentação do investimento), cujo principal objetivo era impedir que o brasil entrasse na crise mundial por meio de incentivo ao consumo interno. o sucesso foi enorme, com resultados expressivos no aumento das vendas e das compras de insumos, recolhimento de impostos, geração de empregos etc. É uma prova da importância desta instituição tanto para a industrialização, modernização e implantação de pro-

cessos produtivos quanto para a construção e aperfeiçoamento da nossa infraestrutura. e no atual cenário, a anfavea busca alternativas para recuperação do mercado. uma delas é o Programa de renovação da frota de caminhões, desenvolvido em conjunto com outras nove entidades, que visa à retirada de veículos antigos de circulação. atualmente, a frota de caminhões com idade média acima de 30 anos é de quase 228 mil unidades e é visível a necessidade de troca desses veículos. afinal, os caminhões antigos poluem mais e impactam diretamente a sociedade pelo alto índice de acidentes, além de provocar transtornos nos centros urbanos pelas contínuas quebras provocadas pela falta de manutenção. mesmo diante desse quadro de múltiplos desafios, a expectativa a médio e longo prazo é positiva. nosso setor precisa, agora, de mecanismos que estimulem o mercado e aumentem a competitividade. o brasil tem vontade e necessidade de crescer e eventuais solavancos são comuns no decorrer do desenvolvimento. são as dores do crescimento, que somente em conjunto vamos minorá-las.

LUIZ MOAN YABIKU JUNIOR Presidente da anfavea (associação nacional dos fabricantes de veículos automotores)



CNT TRANSPORTE ATUAL

JULHO 2015

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“como a circulação da maioria da produção é feita sobre rodas, é de se supor que menos cargas signifiquem que a crise atinge também o transporte rodoviário” ALEXANDRE GARCIA

Sobreviver à crise esmo sem recorrer à bola de cristal, economistas, operadores de mercado, investidores e empresários concordam em que este ano não está tão ruim quando vai estar o ano que vem. e, aí sim, com bola de cristal, fazem rezas para que 2017 comece a dar sinais de recuperação da economia brasileira. tudo por causa de desajustes desgovernamentais nas contas públicas, que agora exigem um programa de ajuste que, quanto mais enfraquecido for, mais tempo vai demorar para tirar o paciente do hospital. ainda não é caso de uti, mas não dá para facilitar nos cuidados e remédios. rezar também para que o avalista disso, o ministro joaquim levy não canse da pouca ajuda e desista de tirar esse caminhão pesado do atoleiro. como a circulação da maioria da produção é feita sobre rodas, é de se supor que menos cargas fatalmente signifiquem que a crise atinge ainda o transporte rodoviário. se a indústria automobilística teve uma queda de 20% no primeiro semestre, é óbvio que o transporte de sua produção entre as montadoras e os revendedores tenha caído em percentual semelhante. o mesmo acontece com o transporte da produção industrial em geral. a indústria é quem mais está sofrendo. o comércio também foi atingido, porque a inflação está comendo o poder aquisitivo dos consumidores. e os juros comendo os salários dos que tomaram financiamentos e estão endividados. a salvação, ainda neste ano, é a lavoura. vai crescer de novo e aliviar um pouco o vexame do Pib. a salvação do brasil, o setor rural, no entanto, é o que mais apanha neste país masoquista. Por décadas, tenho ouvido esta nação orgulhar-se por deixar de ser um país essencialmente agrícola. ora bolas! e por anos ouço vozes orquestradas quase fanatizadas contra os agricultores e pecuaristas. são xingados pelo mst, pelos ambientalistas, pelos esquerdistas, pelos indige-

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nistas. no entanto, os que trabalham a terra são os que põem a comida na mesa e os que garantem a balança comercial e, por consequência, também o balanço de pagamentos. aí vem o ponto, para este ano de crise: como o setor rural vai produzir mais, vai precisar de mais transporte e pode ajudar a reequilibrar a redução da demanda de cargas no comércio e da indústria. aí, entra de novo o masoquismo deste país: será que nos preparamos para isso? em grandes produtores, goiás, mato grosso, mato grosso do sul, tocantins, oeste baiano, sul do Pará e do Piauí, está a malha rodoviária preparada? está fácil tirar cargas por estradas vicinais nesse imenso novo brasilzão? a lavoura, nossa salvação, está mas irrigada de vasos capilares, veias e artérias que levem o sangue da terra para o coração dos portos e dos mercados consumidores. a esclerose ainda atrapalha. não sei se os políticos e os planejadores não entendem do que se trata, ou nunca ouviram falar em estratégia. Peguem fotos de um século atrás da região produtora rural dos estados unidos e verão sempre impecáveis estradas asfaltadas. há um século! nós ainda estamos no tempo das diligências. há 90 anos, eles já tinham estrada asfaltada atravessando o país, de chicago a los angeles. hoje, lá, o asfalto vai até o portão das fazendas. aqui, tem sido um desafio tirar a produção de muitas fazendas. acabamos tirando, sim, mas a que custo? o tempo que se perde, carga que se perde, material rodante que se desgasta, homem que perde a saúde ou a vida num trabalho ainda escravo do dever. Posso estar sugerindo o lugar-comum, mas, como ensina o ideograma chinês: crise gera oportunidade. e a oportunidade é perceber que o investimento essencial tem que ser em transporte. se quiser crescer. governar ainda é fazer e melhorar estradas.


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CNT TRANSPORTE ATUAL

JULHO 2015

CNT CONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE PRESIDENTE clésio soares de andrade VICE-PRESIDENTES DA CNT TRANSPORTE DE CARGAS

newton jerônimo gibson duarte rodrigues

eudo laranjeiras costa antônio carlos melgaço knittel eurico galhardi josé luís santolin francisco saldanha bezerra jerson antonio Pícoli joão rezende filho dante josé gulin mário martins

escreva para CNT TRANSPORTE ATUAL as mensagens devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes

DOS LEITORES REPORTAGEM DE CAPA

SUCATAS

são lamentáveis os prejuízos no escoamento de soja e milho causados pelas más condições das rodovias. felizmente, a Pesquisa cnt transporte & desenvolvimento - entraves logísticos ao escoamento de soja e milho trouxe dados importantes que nos alertam para a falta de investimentos no modal rodoviário. ou investimos no segmento ou nossos grãos ficarão pelas estradas brasileiras.

bem interessante a matéria sobre o uso criativo de sucatas de aviões. usá-las como escola de formação, centro de eventos, lanchonetes ou restaurantes prova que o brasileiro tem criatividade para reutilizar carcaças e transformá-las em espaços bem produtivos. Parabéns para quem investiu na reutilização das sucatas.

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

meton soares júnior TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

jacob barata filho TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

josé da fonseca lopes PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS

marco antonio gulin otávio vieira da cunha filho TRANSPORTE DE CARGAS

flávio benatti Pedro josé de oliveira lopes TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

edgar ferreira de sousa

TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS

luiz anselmo trombini urubatan helou irani bertolini Paulo sergio ribeiro da silva eduardo ferreira rebuzzi oswaldo dias de castro daniel luís carvalho augusto emilio dalçóquio geraldo aguiar brito vianna augusto dalçóquio neto euclides haiss Paulo vicente caleffi francisco Pelúcio

TRANSPORTE AQUAVIÁRIO

glen gordon findlay lúis ivan janaú barbosa TRANSPORTE FERROVIÁRIO

rodrigo vilaça joubert fortes flores filho TRANSPORTE AÉREO

josé afonso assumpção wolner josé Pereira de aguiar CONSELHO FISCAL (TITULARES) david lopes de oliveira Éder dal’lago luiz maldonado marthos josé hélio fernandes CONSELHO FISCAL (SUPLENTES) jerson antonio Pícoli andré luiz zanin de oliveira josé veronez eduardo ferreira rebuzzi DIRETORIA TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS

luiz wagner chieppe alfredo josé bezerra leite lelis marcos teixeira josé augusto Pinheiro victorino aldo saccol

TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS

moacir da silva sergio antonio oliveira josé alexandrino ferreira neto josé Percides rodrigues luiz maldonado marthos sandoval geraldino dos santos renato ramos Pereira Éder dal’lago andré luiz costa getúlio vargas de moura braatz nilton noel da rocha neirman moreira da silva TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO

marco machado soares claudomiro Picanço carvalho filho andré luiz zanin de oliveira moacyr bonelli george alberto takahashi josé carlos ribeiro gomes aloisio sobreira josé rebello iii josé roque fernando ferreira becker raimundo holanda cavalcante filho jorge afonso quagliani Pereira eclésio da silva andré macena de lima

Rodrigo Antunes goiânia (go)

Maria Carolina Almeida florianópolis (sc) CARGA MONITORADA

NAVEGAÇÃO NA TIETÊ- PARANÁ o aumento do movimento de caminhões nas rodovias e a perda de 1,2 mil empregos diretos mostram o quão necessárias são as obras de intervenção na hidrovia tietê-Paraná. a falta de planejamento de longo prazo na tietê-Paraná, que é o mais importante corredor hidroviário brasileiro de transporte de grãos, celulose e outros granéis, permitiu o fechamento da hidrovia por mais de um ano por causa de um único trecho de 8 quilômetros. Renato Amorim rio de janeiro (rj)

É bom saber que o trabalho realizado pelos centros de controle e monitoramento aumentam a segurança e a produtividade da malha ferroviária brasileira. a modernização desses sistemas, com os avanços tecnológicos, só tende a melhorar o monitoramento do transporte realizado por este modal. Larissa Lima são Paulo (sP)

Cartas: saus, quadra 1, bloco j edifício cnt, entradas 10 e 20, 11º andar 70070-010 - brasília (df) e-mail: imprensa@cnt.org.br Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes




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