O caminho é verde

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ANO XXV NÚMERO 287 NOV/DEZ 2019

O caminho

é verde

A frota mundial de veículos pesados deverá triplicar até 2050, e a expansão só será sustentável com o incremento da eficiência energética. A CNT e o SEST SENAT realizam evento internacional para discutir iniciativas de frete verde



Quem sabe o que é distância também sabe o que é saudade. O transporte encurta os caminhos para que os sonhos sejam realizados. Diminui as distâncias e põe fim à saudade. E não importam quantas tecnologias sejam capazes de nos colocar em contato, nada substitui o olho no olho. Nada substitui o abraço apertado. O transporte move os encontros. O transporte move as festas.


REPORTAGEM DE CAPA Promovido pela Confederação Nacional do Transporte, o Workshop Internacional sobre Iniciativas de Frete Verde reuniu representantes de nove países. A meta é avançar rumo a um transporte rodoviário de cargas mais eficiente e menos poluente. PÁGINA 18

­­­­T R A N S P O R T E A T U A L ANO XXV | NÚMERO 287 | NOV/DEZ 2019

ENTREVISTA • O engenheiro Hugh Herr fala sobre integração entre máquinas e humanos página

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RECONHECIMENTO

Prêmio CNT valoriza o jornalismo de qualidade página

28 FERROVIÁRIO

Tecnologias de pagamento facilitam o embarque de passageiros

EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT CONSELHO EDITORIAL Bruno Batista João Victor Mendes Myriam Caetano Nicole Goulart Valter Souza edição

Gustavo T. Falleiros - MTB 3792/DF Livia Cerezoli - MTB 42700/SP Natália Pianegonda - MTB 14695/RS diagramação

FALE COM A REDAÇÃO (61) 3315-7000 SAUS, Quadra 1, Bloco J, entradas 10 e 20 Edifício Clésio Andrade • 10º andar CEP: 70070-010 • Brasília (DF) esta revista pode ser acessada via internet:

www.cnt.org.br | www.sestsenat.org.br atualização de endereço: atualizacao@cnt.org.br

Gueldon Brito Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do

revisão

Filipe Linhares

1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053.

página

AÉREO

Empresas estão preocupadas com excesso de ações na Justiça

Tiragem: 60 mil exemplares

Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual

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AQUAVIÁRIO

Armadores debatem desafios da navegação na Região Norte página

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GESTÃO

O movimento do transporte você segue

aqui

Um balanço das principais tendências vistas na HSM Expo 2019 página

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facebook

ECONOMIA

SEST SENAT

CNT lança simulador de aposentadoria

Projeto Carreira Profissional chega para impulsionar contratações página

58

página

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MERCADO

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SEST SENAT inaugura mais sete unidades no país

Duke

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Editorial

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Mais Transporte

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ITL

Tema do mês

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CIT

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Alexandre Garcia

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Uso da “reserva” de combustível em aviões pode ser otimizado

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página

agenciacnt agenciacnt

EXPANSÃO

Seções

twitter

instagram

Segunda etapa do projeto Qualificação de Cobradores página

cntbrasil

youtube

transportecnt

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www.cnt.org.br


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CNT TRANSPORTE ATUAL

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CNT TRANSPORTE ATUAL

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“A preocupação com a sustentabilidade do planeta é um tema que nunca pode ser esquecido. Buscamos sempre fazer o transporte com o menor impacto ambiental possível” VANDER COSTA

EDITORIAL

O ano passado em revista

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sta é a última edição de 2019 e traz um pouco de alguns eventos realizados pela CNT, pelo SEST SENAT e pelo ITL. A preocupação com a sustentabilidade do planeta é um tema que nunca pode ser esquecido. Buscamos sempre fazer o transporte com o menor impacto ambiental possível. Defendemos, ainda, que esse impacto deve ser compensado de alguma forma. A população brasileira precisa despertar para o assunto. Essa preocupação pode ser percebida nas novas unidades operacionais do SEST SENAT. Todas elas são equipadas com placas fotovoltaicas para a geração de energia elétrica, além de terem coletores de água de chuva para a reutilização. É nesse diapasão que precisamos refletir sobre os aplicativos de transporte. É ecologicamente correto deixar de utilizar o transporte coletivo para usar um automóvel de aplicativo? Neste fim de ano, realizamos um importante evento, o Prêmio CNT de Jornalismo, que cumpriu o objetivo de incentivar a produção jornalística de qualidade. A imprensa tem papel fundamental na divulgação dos fatos e na manutenção da democracia. Há de se ter critério: sabemos que existem tanto o jornalismo responsável quanto o tendencioso, que falta com a verdade. Contudo, acreditamos que não cabe ao Estado fazer censura prévia. Cada cidadão deve fazer suas escolhas e se informar com a fonte de sua confiança. O ano que se encerra foi de muito trabalho e aprendizado. Em janeiro, teve início um novo governo federal, com características liberais,

muito diferente de tudo o que já tínhamos vivido até então. Em fevereiro, o Congresso Nacional deu início aos trabalhos, também com grande renovação nos quadros. Foi preciso aprender a lidar com os novos governantes e congressistas. Consideramos que o resultado foi positivo. O Brasil voltou a crescer neste ano, algo próximo a 1%. E a expectativa é crescer mais que o dobro no ano que vem. Acreditamos ser possível iniciar um novo ciclo de crescimento sustentável. A reforma da Previdência foi aprovada; e a reforma trabalhista, realizada pelo governo Temer, está se consolidando e podemos dizer que avança no governo Bolsonaro. No primeiro momento, a opção foi alterar o que não precisa de lei, e a Secretaria do Trabalho está fazendo a revisão das NRs (normas regulamentadoras). Estamos, por meio da CNT, tendo uma participação ativa em todo o processo. A proposta é simplificar as normas sem abrir mão da segurança. Para usar as palavras do presidente Bolsonaro, caminhamos para “acabar com a indústria de multas”, e isso é muito positivo. O projeto para a criação de empregos, conhecido como Carteira Verde e Amarela, fez pequenas alterações na CLT. Dentre outras coisas, alterou-se a forma de se corrigirem as condenações trabalhistas – antiga reivindicação dos empregadores. Esses e outros sinais nos levam a crer que o Brasil está pronto para avançar e se desenvolver. Feliz Natal, boas festas e um ano de 2020 de crescimento pleno, pois essa é a única forma de gerar renda e emprego!


ENTREVISTA

HUGH HERR LÍDER DA ERA BIÔNICA

Super-homens

máquinas por

N

a década de 1980, Hugh Herr perdeu as duas pernas, abaixo dos joelhos, em razão de um acidente enquanto escalava. Desde então, vem se dedicando a encontrar soluções para garantir e aperfeiçoar a mobilidade de quem tem restrições de movimento no corpo. Hoje, no MIT (Massachusetts Institute of Technology), ele está à frente de um trabalho revolucionário no campo da biomecatrônica, que combina tecnologias com a fisiologia humana e a eletromecânica, e já foi classificado como o “Líder da Era Biônica” pela revista Times. Herr busca tornar natural a integração do corpo humano

NATÁLIA PIANEGONDA

com as máquinas e acredita que, no futuro, isso dará movimentos a quem não os tem e, mais do que isso, permitirá a cura de doenças e a ampliação de capacidades físicas e emocionais das pessoas. Será a “geração ciborgue”, em que humanos terão organismos dotados de partes biológicas e cibernéticas. As pesquisas e os projetos, desenvolvidos com equipes multidisciplinares no MIT, já têm gerado resultados impressionantes, como uma prótese que reproduz movimentos de um membro natural apenas com comandos do cérebro. O cérebro, por sua vez, recebe uma “resposta” desse movimento, de modo que o indiví-

duo passa a perceber o membro sintético como parte do próprio corpo. O experimento foi feito em Jim Ewing, alpinista que também teve uma perna amputada em razão de um acidente. “O dispositivo não tem qualquer algoritmo importante ou inteligência artificial para controlar o movimento, porque está ligado ao cérebro da pessoa. É ele que tem informação suficiente sobre o dispositivo e sabe exatamente como controlar. A humanidade se reflete na parte sintética”, explica. Para Herr, no futuro, as pessoas poderão utilizar a tecnologia para decidirem como desejam ser e quais capacidades querem ampliar. Isso terá

FOTOS | ARQUIVO SISTEMA CNT

impactos sobre a identidade e a diversidade. Se a ideia parece produto da imaginação, Herr destaca ser ele próprio um exemplo disso: “Minhas pernas foram amputadas, e eu comecei a projetar meus membros para


escalar. Dois meses depois, eu estava escalando melhor do que quando tinha membros biológicos”. As próteses que usa têm funções diferentes para ocasiões distintas. “Posso ter até três metros de altura.” Durante a HSM Expo 2019 - evento sobre gestão, inovação e tecnologia realizado em novembro, em São Paulo -, em uma palestra e em um painel realizados no auditório do Sistema CNT (leia mais na página 54), ele falou sobre o trabalho que desenvolve e os desafios que ainda quer superar. Esta entrevista traz os principais momentos dessa participação. O que é a biomecatrônica e como ela pode expandir as potencialidades humanas? A biomecatrônica, genericamente referida como biônica, é o negócio de construir tecnologia que pode ser anexada ao corpo ou implantada dentro do nosso organismo para expandir o potencial humano: como nós pensamos, como nós sentimos, a energia e a força do nosso corpo. Então, é um renascimento, utilizando tecnologia para expandirmos o que significa ser humano, não apenas fisicamente mas

também cognitivamente, em termos de experiência sensorial ou inteligência emocional. Qual você acredita que é o futuro para membros robóticos no corpo humano? Meu grupo no MIT está, atualmente, estendendo o sistema nervoso para dentro dos membros sintéticos. A pessoa pode pensar e mover esse membro biônico e senti-lo mexendo, como se fosse parte do próprio corpo. Nosso corpo está preparado para toda essa integração com a máquina? Quais são os maiores desafios? Se o corpo acha que a tecnologia é estranha, então, ela não está correta. Tem que ser algo intuitivo. Qualquer tecnologia estranha e que não dê apoio a nossa humanidade é ruim. A nossa meta é que a gente nem perceba que tem algo entre o corpo e esse projeto. Algumas tecnologias são problemáticas. Se um computador não funciona, por exemplo, você sente vontade de esmurrar. Nós ficamos frustrados porque o computador não entende as emoções humanas e não entende o jeito que queremos que ele funcione. Mas esse é um

“A biomecatrônica utiliza tecnologia para expandir o que significa ser humano, não apenas fisicamente mas também cognitivamente” problema de projeto. Nós precisamos compreender melhor como funcionamos para melhorarmos o projeto.

para trabalhadores locais, a fim de que construam sua própria tecnologia para sua própria condição.

Estamos muito longe de termos soluções biônicas acessíveis para os consumidores? O dispositivo que estou usando (as próteses nas pernas) está disponível para 15% das pessoas dos Estados Unidos que precisam dessa tecnologia. A tecnologia avançada leva tempo, pesquisa e recursos. Mas, uma vez que a pesquisa já foi paga, precisamos pensar em um modelo global, no qual todos os humanos, independentemente de onde nasceram, possam ter acesso a tratamentos e dispositivos médicos incríveis. Precisamos criar soluções para que as comunidades locais possam fazer isso. Se você envolver trabalhadores locais, não terá custos elevados de distribuição. Podemos pensar em levar esses recursos

Até agora, ao falarmos em inovação, pensamos em mudanças muito práticas. Mas você fala de uma mudança mais profunda, de uma perspectiva cultural. Quais, você acredita, podem ser os impactos do desenvolvimento dessas tecnologias integradas ao corpo humano? Vivemos em um mundo que aceita qualquer tipo de incapacidade ou doença. De certa forma, no futuro, não vamos precisar aceitar isso. Teremos uma compreensão bem profunda disso e capacidade de curar muitas doenças. Problemas como ansiedade e depressão desaparecerão. Em 50 anos, vamos deixar de ter deficiências físicas. Isso é animador. E a mesma ciência que vai dar um fim a essas deficiências


“Eu vejo que os jogos paralímpicos, em duas décadas, superarão os convencionais. Tenho a certeza de que serão muito mais interessantes”

também poderá ser utilizada para aumentar e aprimorar a fisiologia humana, a maneira como sentimos a nossa precisão física. A questão é como podemos compreendê-la e utilizá-la, não apenas para curar mas também para expandir a nossa fisiologia. Pode explicar a ideia de que, com o avanço da biônica, será possível aumentar a diversidade? A sociedade tem uma visão estreita sobre o que é inteligência, o que é beleza. E minha esperança é que, com os avan-

ços na biônica e o acréscimo na tecnologia, nós poderemos expandir significativamente o que é ser bonito, o que é ser inteligente. Haverá uma grande expansão na concepção do sucesso e do potencial humano. Você fala do conceito de biomimética, uma maneira interessante de utilizar estruturas biológicas para aplicar à ciência. O inverso também é possível, utilizando soluções tecnológicas e o design para melhorar estruturas biológicas? Na biônica, você adota princípios biológicos e os utiliza

para informar o design não biológico. Também é possível fazer o inverso: utilizar o design para criar nova biologia. A biônica vai nos dois sentidos. Buscamos como projetar as células e os tecidos humanos de forma que eles possam se comunicar melhor com seu próprio sistema neurológico. Existe toda uma escala, toda uma gama de tecidos que podemos pensar em um redesign para fazer funcionarem melhor. Quais podem ser as consequências de conectar os membros sintéticos ao cérebro para aumentar as capacidades humanas? Já temos muitos eventos que celebram a máquina humana em interação com a máquina mecânica. O esporte mais popular nos Estados Unidos é a corrida de carro. Se há essa grande animação com carros, imagine o que serão esportes com pessoas que terão partes mecânicas. Teremos esportes de interação de homem com máquina. Eu vejo que os jogos paralímpicos, em duas décadas,

superarão os convencionais. Tenho a certeza de que serão muito mais interessantes. As pessoas assistirão aos paralímpicos por conta desse maquinário. Eu acho que a gente consegue explorar os dois mundos. Eu gostaria de ver alguém que tem um corpo diferente. Seria ótimo estar em um mundo em que, se eu quiser ter um talento atlético, eu posso tê-lo. Como tudo isso pode afetar o transporte? Hoje, existe uma grande caixa metálica para transportar pessoas, que se chama carro. Se estou no engarrafamento, eu me pergunto por que um espaço tão grande é utilizado para transportar uma só pessoa. No futuro, teremos uma classe de aparatos médicos e a capacidade de ampliar braços e pernas, especialmente para ambientes urbanos. Imagine você correr bem rápido sem perder o fôlego. Será uma nova classe de transporte humano. Qual é a importância da educação para vermos essa


revolução biônica florescer e ganhar mais força? Do que precisamos? A biônica é tão interessante porque envolve todas as disciplinas imagináveis: artistas, designers físicos, engenheiros. Quando você está realmente fazendo uma arquitetura de partes humanas, tudo é importante. Toda engenharia e todas disciplinas são importantes. O que se requer é que mentes individuais pensem além das barreiras educacionais. É claro que algumas pessoas ainda inventam. A invenção surge em um ou em pouquíssimos cérebros. Para gerar inovação, é preciso treinar os jovens para irem além das barreiras. Os problemas e as soluções mais interessantes que surgem são nessas interações interdisciplinares. O que acontece quando se combinam biologia, engenharia genética e mecânica? Surgem descobertas fantásticas. Com o sistema educacional de hoje, a que direção você acredita que estamos indo? Hoje, nós vamos para ambientes escolares até os 24 anos e, aí, geralmente, paramos de estudar. Mas você aprende até morrer. Quando eu penso em coisas sobre as quais eu não sei nada, eu penso que preciso ler, aprender, estudar. Existe tanta informação na sociedade,

e você não consegue aprender tudo. A única coisa que podemos fazer é ensinar as pessoas a aprenderem, a estudarem. Aprender em um nível muito profundo. Falar da biônica significa falar de pesquisas que demandam um certo volume de investimento por algo que não tem retorno no curto prazo. As universidades são importantes nesse sentido e, também, é necessária a cooperação de órgãos públicos e agências. Como você vê a articulação entre todos esses atores? Tem que ser de ponta a ponta, desde quem cria o protótipo, até quem vai colocar isso no mercado de forma segura. Deve haver uma comunicação ampla, uma colaboração forte entre todos os participantes. Isso é necessário para que essa comunicação de ponta a ponta seja feita de maneira eficiente. É importante compartilhar conhecimentos nessa área? Às vezes, fontes abertas de conhecimento são apropriadas, às vezes não. Para desenvolver as próteses que estou usando, foram necessários US$ 60 milhões. É muito dinheiro. Os investidores precisam de algum suporte. Não temos como fazer disso uma fonte aberta. Precisamos ter algum tipo de

proteção para que investidores tenham parte desse recurso de volta. Quando a tecnologia se torna madura e aí se torna aberta ao público, então, tudo bem. Deve-se ter livre acesso para design, tecnologia e todo esse know-how. Para alguma tecnologia, pelo menos de aparatos médicos, que leva tempo e investimento, é preciso haver proteção para o investidor. Desenvolver um medicamento pode custar US$ 1 bilhão. Qual é a sua visão de futuro? Eu tenho uma perspectiva, como usuário, que é bastante poderosa. Em 1982, quando as minhas duas pernas foram amputadas, as minhas próteses

eram terríveis. E eu pensei: não pode ser isso. Naquela época, eu percebi a responsabilidade gigantesca da tecnologia de criar tecnologia eficiente para minimizar o sofrimento. Minha meta é ter uma sociedade em que as coisas funcionem e dar aos seres humanos o direito de ter partes dos seus corpos ou próteses que funcionem. Para mim, é inaceitável que uma pessoa tenha paralisia e queira dançar, mas não possa porque não tem tecnologia. Devemos continuar investindo até darmos aos seres humanos o direito de ir e vir e de viver a vida em toda a sua integridade; de viver a vida com o corpo que eles têm. l


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MAIS TRANSPORTE

Funset: por que remediar se podemos prevenir? Entre 2005 e 2018, o Brasil deixou de utilizar R$ 9,31 bilhões, disponíveis por meio do Funset (Fundo Nacional de Segurança e Educação de Trânsito), para custear ações de segurança e educação de trânsito no Brasil. O levantamento feito pela CNT (Confederação Nacional do Transporte) foi publicado no boletim Economia em Foco “Funset: por que remediar se podemos prevenir?”, divulgado em novembro. As verbas do Funset provêm, dentre outras fontes, de multas administrativas, contratuais e judiciais. Seus recursos devem ser utilizados para financiar ações com potencial de tornar as rodovias brasileiras mais seguras, ao esti-

mular maior respeito às leis de trânsito e, consequentemente, colaborar para a redução da quantidade e da gravidade dos acidentes. Na análise, a CNT aponta que a arrecadação do Fundo cresceu 2.039,6% entre 2005 e 2018, passando de R$ 45,59 milhões para R$ 975,43 milhões. “Houve um aumento dos valores disponíveis para despesas do fundo, tanto em termos de recursos arrecadados como de autorizados, mas sem um acréscimo expressivo do valor utilizado”, aponta a Confederação. Para a CNT, o baixo uso de recursos do Funset favorece a continuidade dos acidentes, que geram prejuízos para o Brasil. “Isso evidencia um comportamento pouco estratégico por parte do governo federal, que compromete os recursos públicos mais com despesas associadas a acidentes rodoviários do que com ações preventivas.” Para se ter uma ideia sobre isso, entre 2007 e 2018, o valor gasto com os acidentes de trânsito nas rodovias federais policiadas foi quase 58 vezes maior que o valor desembolsado pelo Fundo no mesmo período. Assim, a Confederação Nacional do Transporte sustenta a necessidade de uma mudança na gestão do orçamento público que priorize os desembolsos do Funset e a utilização de parte dos recursos para financiar operações da PRF (Polícia Rodoviária Federal). Além disso, recomenda a inclusão, no dispositivo legal do Funset, da possibilidade de uso desses recursos para o financiamento dos investimentos em infraestrutura de transporte, sobretudo em locais com grande ocorrência de acidentes.


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Tarifa zerada para embarcações

A Camex (Câmara de Comércio Exterior) zerou a alíquota do imposto de importação sobre embarcações utilizadas para cabotagem. Antes da aprovação da medida, a taxa era de 14%. Isso significa, conforme o Ministério da Infraestrutura, uma diminuição de cerca de 40% no custo de aquisição de navios. A medida tem como objetivo fomentar a cabotagem no país. “É um aceno imenso para quem está disposto a investir no setor, gerar empregos, movimentar toda a cadeia produtiva e contribuir para ampliar a participação da cabotagem na matriz de transporte do Brasil”, disse o titular da pasta, Tarcísio Gomes de Freitas.

Fusão de estatais

O Ministério de Infraestrutura deu início a um estudo sobre a possibilidade de unir três estatais: a Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), a EPL (Empresa de Planejamento em Logística) e a Valec Engenharia, Construções e Ferrovias S.A. De acordo com o ministério, a análise pode durar entre seis e oito meses para ser concluída. A fusão aproveitaria o quadro de empregados das três companhias, não geraria demissões e teria como objetivos reduzir gastos e aumentar a eficiência.

Primeira estatal do governo

O governo federal criou sua primeira estatal na gestão do presidente Jair Bolsonaro. A NAV Brasil (Serviços de Navegação Aérea) vai assumir as atribuições relacionadas à navegação aérea no país, que estavam a cargo da Infraero. A nova empresa ficará vinculada ao Ministério da Defesa, por meio do Comando da Aeronáutica, e terá aproximadamente dois mil empregados da Infraero que já atuavam em serviços ligados à navegação aérea.

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MAIS TRANSPORTE Porquinha acalma passageiros

DIVULGAÇÃO | REUTERS

Uma porquinha passeando pelo saguão do aeroporto para acalmar e distrair os passageiros. Isso parece filme para crianças, mas não é. Lilou, com cinco anos de idade, faz parte de um programa do aeroporto internacional de San Francisco (nos Estados Unidos) que leva animais de terapia ao terminal para alegrar passageiros e aliviar a ansiedade antes das viagens. Vestida de quepe de aviador e com as unhas dos pés pintadas de vermelho, a porquinha tem, entre os seus dons, a possibilidade de levantar a pata como saudação, posar para selfies e tocar música em um piano de brinquedo. Os animais de terapia do aeroporto de San Francisco participam de um programa de treinamento e, para se juntarem à Lilou, devem ter temperamento estável, boas maneiras e ser amigáveis.

Computador quântico em ônibus

A Volkswagen testou em Lisboa, Portugal, um projeto-piloto para aprimorar o trajeto de ônibus a partir de computadores quânticos. Para o experimento, realizado em novembro, nove ônibus MAN foram equipados com a tecnologia, capaz de avaliar a rota mais breve nos trechos pelos quais os veículos trafegam. O sistema auxilia a reduzir o tempo de viagem, mesmo durante períodos de grande trânsito. A ideia é que as operadoras de transporte adicionem links temporários aos serviços programados para atender a paradas com o maior número de passageiros. A VW planeja que o sistema possa ser utilizado em qualquer cidade e em frotas de qualquer tamanho.

Radar com inteligência artificial

O governo de Nova Gales do Sul, na Austrália, está implantando um programa de inteligência artificial para conferir se os motoristas estão usando o celular enquanto dirigem. O sistema analisa as imagens durante o dia e a noite, em qualquer condição climática. Os casos suspeitos são encaminhados para um analista humano, que dá o veredito sobre a multa. Para realizar a ação, câmeras instaladas nas vias capturam imagens do interior dos carros. A decisão de implementar o programa veio após seis meses de testes. Nesse período, o sistema foi capaz de checar 8,5 milhões de veículos e flagrar mais de 100 mil condutores mexendo no celular ao dirigir.


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Holanda reduz velocidade máxima a 100 km/h

O governo da Holanda anunciou, em novembro, que o limite de velocidade para os automóveis em todo o país será reduzido para 100 km/h. A medida, que faz parte de um pacote para reduzir a poluição do ar (já que dirigir a velocidades mais altas aumenta o consumo de combustível), entrará em vigor em 2020 e valerá apenas durante o dia. No período noturno, o limite atual, de até 130 km/h, será mantido. Com a redução, o país terá o menor limite de velocidade da Europa ao lado do Chipre. A média no continente é de 130 km/h.

DIVULGAÇÃO | EMBRAER

Boeing + Embraer = Defense

Embraer e a Boeing anunciaram que a joint venture criada pelas companhias para promover e desenvolver novos mercados para a aeronave C-390 Millennium se chamará Defense. A parceria ainda está sob análise de órgãos internacionais e irá operar somente depois que a joint venture das empresas receber as aprovações dos órgãos regulatórios e cumprir as condições para a conclusão das negociações. O C-390 Millennium é um cargueiro militar e, até então, era chamado de KC-390. Esse é o maior avião já produzido no Brasil, e a companhia tem um acordo para a produção seriada de 28 aeronaves para a FAB (Força Aérea Brasileira).

Moto controlada por gestos

DIVULGAÇÃO | YAMAHA

Já pensou em controlar uma moto por gestos? Isso já é possível. A novidade foi apresentada no Salão Duas Rodas, que aconteceu em novembro, em São Paulo, e responde pelo nome de Motoroid, da Yamaha. Elétrica e semiautônoma, a moto possui duas câmeras na dianteira, que detectam o rosto do piloto. Quatro pequenos LEDs azuis indicam que ela está pronta para ser conduzida. Com inteligência artificial, ela ainda se desloca até o dono sozinha, obedecendo a diferentes comandos: um gesto de chamar alguém faz com que ela avance; para fazer ela parar, basta espalmar a mão; e se quiser que ela volte, é só movimentar a mão em direção à moto. O veículo também se equilibra automaticamente quando existe um movimento de queda. Em meio a tanta tecnologia, também dá para pilotar a moto da forma convencional.


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MAIS TRANSPORTE ARQUIVO SISTEMA CNT

David Lopes de Oliveira ✩ 25.02.1944 05.11.2019

CNT lamenta morte de representantes do setor

No fim do ano, o setor de transporte perdeu dois de seus grandes representantes: David Lopes de Oliveira, ex-presidente do Conselho Regional Nordeste I do SEST SENAT, fundador e ex-presidente da Fetrans (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Ceará, Piauí e Maranhão); e Newton Jerônimo Gibson

Newton Jerônimo Gibson Duarte ✩ 20.05.1931 06.10.2019

Duarte, ex-vice-presidente da Confederação Nacional do Transporte, ex-presidente da ABTC (Associação Brasileira de Logística e Transporte e Cargas) e da Fetracan (Federação das Empresas de Transporte de Cargas e Logística do Nordeste). David Lopes dedicou sua vida ao movimento associativista no setor transportador. Participou das principais entidades no Ceará, seu estado de origem, e em âmbitos regional e nacional. Sua atuação foi marcada pela humanidade e pela dignidade que sempre demonstrou no trabalho e no trato com as pessoas.

Já Gibson foi um incansável batalhador e personalidade de extrema relevância na defesa do desenvolvimento do transporte no Brasil por mais de 40 anos. Iniciou suas atividades classistas em 1977 e, desde então, esteve à frente de diversas entidades representativas do transporte. Presidiu o Conselho Regional do Nordeste III do SEST SENAT quando foram inauguradas as unidades operacionais de Maceió e Arapiraca, em Alagoas, e de Recife, Petrolina, Caruaru e Cabo de Santo Agostinho, no estado de Pernambuco.


SUAS DÚVIDAS SOBRE VIAGEM DE AVIÃO RESPONDIDAS

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CAPA

Aliança pelo transporte sustentável Com participantes de oito países, workshop promovido pela CNT e pelo SEST SENAT alinha práticas internacionais em prol do frete verde por

GUSTAVO T. FALLEIROS


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ransportar com o máximo de eficiência energética e o mínimo de emissão de poluentes não é uma opção, mas, sim, um imperativo, dado o atual comprometimento dos países em impedir que se confirme o quadro de emergência climática previsto pelos cientistas. Quando se fala de transporte rodoviário de cargas, esse conjunto de esforços é chamado de frete verde. Não é

de hoje que a CNT (Confederação Nacional do Transporte) e o SEST SENAT trabalham em prol dessa causa. E o esforço mais recente foi grandioso: a realização do Workshop Internacional sobre Iniciativas de Frete Verde, evento que reuniu especialistas e autoridades da Argentina, Peru, Uruguai, Chile, EUA, Canadá e México, além do Brasil. O encontro, realizado em novembro, na sede da CNT, em

Brasília, formou um verdadeiro mosaico de experiências locais e regionais. Divididos em 11 painéis, os diferentes debates convergiram em uma constatação: embora em diferentes estágios, cada país tem sua contribuição em termos de tecnologia, capital humano e boas práticas, de modo que a coordenação de esforços daria oportunidade para um salto global rumo à descarbonização.

Outro dado importante é que todas as projeções trabalham com um transporte de cargas cada vez mais requisitado. Falase na triplicação da frota até 2050. Como a matriz transportadora do Brasil é essencialmente rodoviária, o país precisa de empenho extra se quiser se adequar às metas traçadas pelo Acordo de Paris. “Temos como grande desafio cumprir as metas estabelecidas. Para isso,


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é fundamental unir esforços em busca de tecnologias inovadoras e melhorias de gestão e de consumo”, afirmou o presidente da CNT, Vander Costa, na abertura do workshop. Na ocasião, Vander Costa recordou o pioneirismo do Despoluir, o maior programa ambiental do transporte no Brasil, lançado pelo Sistema CNT em 2007 (veja box). O presidente também defendeu o

investimento público em infraestrutura rodoviária e a implantação de um programa nacional de renovação da frota de caminhões. “No Brasil, a idade média dos caminhões é de 12 anos, mas esse número cresce muito entre os caminhoneiros autônomos, chegando a 17 anos. Algumas categorias de caminhão ultrapassam os 24 anos de uso”, observou. “Com os avanços da indústria automo-

bilística, e quando já falamos em veículos autônomos, não é razoável permitir que caminhões tão antigos ainda circulem e poluam o país”, ponderou. O workshop internacional foi resultado de um acordo internacional firmado pela CNT e pelo SEST SENAT com o NRCan (Natural Resources Canada, o Ministério dos Recursos Naturais do Canadá) e o ICCT (International Council on Clean

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Transportation, o Conselho Internacional de Transporte Limpo). O evento também contou com o apoio da U.S. EPA SmartWay (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos). No âmbito do acordo de cooperação, há iniciativas para reduzir o impacto ambiental da atividade transportadora, como cursos com certificação internacional, que já estão sendo ofertados pelo SEST SENAT.


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UMA PROPOSTA PARA A AMÉRICA LATINA

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alamos de colaboração regional e de colaboração internacional. É importante que isso não signifique replicar, mas, sim, aproveitar o existente. A partir daí, nós nos entenderemos e potencializaremos muito melhor as iniciativas. Colaboração significa que todos somos vulneráveis e que expressamos nossas fraquezas e virtudes. Com isso na mesa, devemos amparar as fragilidades de cada um. Não podemos saber tudo no mundo, abarcar todo o conhecimento, mas aquilo que não sabemos poderá ser preenchido pelos nossos companheiros. Tratemos de alcançar o melhor de nós mesmos por meio da colaboração com o outro.”

Com essas palavras fortes, Damiana Serafini, consultora sênior do Programa de Frete Verde da América Latina da US EPA Smartway/Eastern Research Group, acolheu a proposta de uma união latino-americana em torno do frete verde, lançada pela diretora-executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart, quando moderava a mesa “Treinamento de motoristas e construção de capacidades na América Latina”. “Temos muita sinergia e muitos achados a compartilhar; e prevejo que essa parceria será muito profícua”, instigou a diretora. “De fato, estudamos ‘nivelar’ (o treinamento dos) os moto-


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ristas que transitam entre a Argentina e o Uruguai. Podemos pensar no mesmo com o Brasil. Em comum, temos a mesma tecnologia veicular e os mesmos combustíveis. Temos muito a fazer juntos”, concordou Julio Velázquez, gerente da Fadeeac (Federação Argentina de Entidades Empresariais do Autotransporte de Cargas). Em sua palestra, Velázquez apresentou as ações em eficiência energética da iniciativa Rango Verde, o ambicioso programa argentino que abarca projetos em tecnologia veicular, estudos sobre viabilidade econômica e assessoria em compliance. “Vamos ter de formar alianças”, afirmou o diretor-exe-

cutivo da CNT, Bruno Batista. “Esses apoios podem se dar em vários níveis, seja em tecnologia, seja em compartilhamento de experiências”, continuou. O diretor ponderou, ainda, que programas de aplicação local podem ser estendidos para além das fronteiras de origem. Para isso, seria estratégico ter o apoio do Estado. “Nós entendemos que as mudanças pretendidas não podem prescindir dos governos. Eles são atores importantíssimos e, por outro lado, não farão a mudança sozinhos.” Quatro programas regionais extremamente relevantes foram apresentados: Transporte Limpo, do México;

Transporte Inteligente, da Argentina; Giro Limpo, do Chile; e Programa de Logística Sustentável, do Uruguai. Todos eles em atividade e consolidados. Uma contribuição interessante veio do Ministério dos Transportes e Comunicações do Peru, que apresentou os primeiros resultados de um programa-piloto de smart driving, iniciado em 2018. Com a ajuda de simuladores, eles treinaram uma geração de motoristas que, agora, está nas rodovias. Na primeira sondagem, a redução do consumo de combustível foi na ordem de 7%. “Sobre os próximos passos”, ponderou Damiana

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Serafini, “creio que devemos confiar mais no trabalho que já realizamos”. Moderadora do painel sobre o futuro do frete verde, a consultora da EPA acredita que o aperfeiçoamento dos diversos programas passa por uma aproximação maior com os profissionais na ponta da cadeia logística. “Comecemos a convidar a outra parte desse trabalho, que são aqueles que trabalham todos os dias em logística, dirigem os caminhões e lidam com a carga. Isso ajudaria a conciliar as descobertas teóricas com os afazeres práticos. Assim, encontraremos soluções que possam ser implementadas”, sugeriu.

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A IMPORTÂNCIA DO FATOR HUMANO Quando o chileno Julio Villalobos compartilhou o histórico do Programa Giro Limpo, deixou de lado os dados técnicos por um instante para dar um depoimento emocionado. “Eu vim falar do impacto da adoção de uma tecnologia, mas preciso dizer que nós, no Chile, esquecemos a dimensão social. Ver o trabalho desenvolvido pelo SEST SENAT me tocou profundamente. Precisamos despertar para a situação trabalhista, saber das horas

de direção e de espera enfrentadas pelos motoristas, combater o descaso nas rodovias. São desafios na mesma altura das questões ambientais”, disse o diretor do Centro de Transporte e Logística da Universidade Andrés Bello, em Santiago. A excelência do serviço prestado pelo SEST SENAT em capacitação profissional e atendimento de saúde chamou a atenção dos participantes do Workshop Internacional sobre Iniciativas de Frete Verde. Em visita técnica à unidade operacional de Brasília (DF), eles puderam conhecer de perto as instalações e o zelo dos técnicos. “É realmente incrível

contar com estruturas como essa em todo o país. Essa é, sem dúvida, uma grande conquista para o setor e para a sociedade”, elogiou Josh Silverblatt, especialista em proteção ambiental da U.S. EPA SmartWay. “Percebemos que o SEST SENAT desenvolve um trabalho muito importante não apenas oferecendo serviços incríveis de treinamento, tornando o transporte mais eficiente e seguro, mas também importantes serviços sociais aos trabalhadores e às suas famílias”, acrescentou Buddy Polovick, representante da U.S. EPA SmartWay, durante a excursão.


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EFICIÊNCIA É COM A GENTE Treinar 55 mil profissionais, entre motoristas de caminhão e de ônibus, gestores de frotas e transportadores autônomos, até 2020. Essa é a meta do Programa de Aperfeiçoamento para Eficiência Energética, promovido pelo SEST SENAT. A iniciativa é fruto de um acordo de cooperação técnica firmado em 2017, que conta com o know-how do NRCan e do ICCT, o Conselho Internacional de Transporte Limpo. Esse “exército” de ecocondutores é valioso para o transporte. Eles são capacitados em melhores práticas de direção para diminuir o consumo de combustível e o desgaste dos veículos, reduzindo o impacto ambiental da atividade e aumentando a produtividade do negócio. Essas competências são adquiridas em três cursos: SmartDriver para Transporte de Cargas ou de Passageiros (12 horas cada); Inclusão Digital (quatro horas); e Gestão de Combustível – Fuel Management (oito horas, na modalidade EaD). Além de benéfico ao meio ambiente, o programa proporciona uma economia significativa para as empresas que o adotam. Sabe-se que combustível representa entre 30% e 40% do custo operacional das transportadoras, ao passo que a adoção de boas práticas reduz, em média, 12% do consumo. “Essa é uma estimativa conservadora”, acredita Vinícius Ladeira, diretor-adjunto do SEST SENAT. Segundo ele, a entidade tem sido muito bem-sucedida ao “tropicalizar” os conhecimentos da América do Norte. “Com as adaptações ao nosso contexto, o material didático do Canadá ficou bem mais próximo da realidade dos países latino-americanos”, comemora.

Conheça o Programa de Aperfeiçoamento para Eficiência Energética

DESPOLUIR SEMPRE O pioneirismo no incentivo da adoção de práticas socioambientais tem um marco: o lançamento do Despoluir – Programa Ambiental do Transporte – 12 anos atrás. Nesse período, o programa já realizou mais de 2,8 milhões de avaliações veiculares e atendeu mais de 51 mil transportadores. Em novembro, o programa realizou mais uma edição do Encontro Técnico Nacional, que reuniu cerca de 150 par-

ticipantes e foi uma oportunidade para as 24 federações conveniadas debaterem temas caros ao transporte rodoviário de cargas e de passageiros. Tecnologia, saúde, mecânica e segurança no trabalho foram alguns dos assuntos abordados. Na ocasião, foi anunciada a substituição de 92 equipamentos, incluindo tacômetros e opacímetros, que serão colocados em uso em 2020, além da ampliação da frota de veículos. Também foi apresentado o novo sistema informatizado de prestação de contas, que promete eliminar o uso de papel nas atividades.

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RECONHECIMENTO INTERNACIONAL A experiência exitosa do Despoluir – Programa Ambiental do Transporte – tem potencial para inspirar iniciativas mundo afora. Um importante passo nesse sentido foi o reconhecimento conferido pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe das Nações Unidas). No início de dezembro, a comissão da ONU elegeu o estudo “Programa Despoluir: Liderando o Transporte Brasileiro na Rota do Desenvolvimento Sustentável” como caso “Big Push (Grande Impulso) para a Sustentabilidade”. Pelos critérios da Cepal, casos de grande impulso são aqueles aptos a alavancar “investimentos (nacionais e estrangeiros) para produzir um ciclo virtuoso de crescimento econômico, gerador de emprego e renda, redutor de desigualdades e de brechas estruturais e promotor de sustentabilidade ambiental, social e econômica”. Para identificá-los, o escritório da Cepal em Brasília lançou uma chamada pública. Os estudos selecionados passam a fazer parte do Repositório Digital da Cepal, plataforma eletrônica que proporciona a divulgação ampla dos conteúdos. Atualmente, o repositório conta com um acervo de mais de 37 mil documentos publicados no âmbito das Nações Unidas com temática relacionada ao desenvolvimento da América Latina e do Caribe.


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BENEFÍCIOS DOS PROGRAMAS DE TECNOLOGIA • Ajudam os donos de frota a escolherem a tecnologia mais apropriada para suas necessidades; • Proporcionam testes não enviesados, realizados por uma parte neutra; • Aceleram a adoção de tecnologias indispensáveis; • Reduzem as emissões de CO2 e de poluentes (material particulado e NOX), com benefícios para a saúde pública; • Encorajam a inovação técnica e a transferência de tecnologia; • Aperfeiçoam a segurança energética ao reduzir a demanda por combustível fóssil; • Melhoram a reputação do setor transportador. (Fonte: SmartWay, U.S. Environmental Protection Agency)

Saiba mais sobre o Despoluir

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RECONHECIMENTO

Celebrando o bom

jornalismo Entrega do 26º Prêmio CNT de Jornalismo mostra o melhor do jornalismo sobre o transporte por

FOTOS / ARQUIVO SISTEMA CNT

CARLOS TEIXEIRA


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transporte é um indutor do desenvolvimento. É o transporte que move a economia, move as pessoas, move o Brasil. E o setor precisa do jornalismo para que não fiquem sem voz os problemas e, principalmente, as soluções relacionadas às rodovias, às ferrovias, às hidrovias, aos portos e aos aeroportos, tão fundamentais para o país. O objetivo do Prêmio CNT de Jornalismo, que, em 2019, chegou a sua 26ª edição, é este: reconhecer o bom jornalismo e os trabalhos que lançam luz sobre o transporte em todas as suas particularidades. Em uma noite de celebração, tradicionalmente realizada em Brasília (DF), foram entregues os troféus e os certificados aos ven-

cedores. A cerimônia foi conduzida pela experiente jornalista da TV Globo Sônia Bridi. “O Prêmio CNT tem a importância de apontar caminhos e novos horizontes e debater sobre questões essenciais da sociedade, principalmente neste momento que vivemos no país”, afirma o vencedor do Grande Prêmio, Guilherme Ramalho de Melo, da GloboNews. Para o presidente da CNT, Vander Costa, o prêmio mostra como a instituição, ao longo da sua história, tem valorizado e apoiado o crescimento do setor de transporte e o bom jornalismo. “As reportagens discutem o transporte na sua essência, mostrando como é fundamental investir em todos os segmentos para garantir desenvolvimento

ao país. Temos a convicção de que é por meio do bom jornalismo que conseguimos despertar a atenção para os problemas urgentes do nosso setor.” O Grande Prêmio foi agraciado com R$ 60 mil. Já os demais ganhadores receberam, cada um, R$ 35 mil. Em 2019, foram registradas 272 inscrições. Na etapa inicial, as reportagens e fotografias passaram pela análise da Comissão Organizadora e foram avaliadas por um grupo de pré-selecionadores, formado por cinco jornalistas com atuação acadêmica. Depois, os 30 finalistas passaram pela avaliação da Comissão Julgadora formada, neste ano, por André Luiz Costa, diretor-geral de Mídias Digitais do Grupo Bandeirantes;

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Alexandre Calais, editor de economia do jornal O Estado de São Paulo; Eduardo Costa, jornalista e apresentador da Rádio Itatiaia e da TV Record Minas; Lilian Tahan, diretora-executiva do Portal Metrópoles; e Amir Mattar Valente, professor titular da Universidade Federal de Santa Catarina e coordenador-geral do Labtrans (Laboratório de Transporte e Logística). As reportagens são analisadas em critérios como relevância para o setor de transporte, para o transportador e para a sociedade; qualidade editorial; criatividade/originalidade; e atualidade dos temas. Além da premiação em dinheiro, os vencedores receberam um troféu criado pelo artista plástico mineiro Omar Franco.

Conheça os trabalhos vencedores do 26º Prêmio CNT de Jornalismo


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GloboNews em Movimento GloboNews

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alar de mobilidade, neste momento do país, é muito importante porque tem uma relação direta com a desigualdade social. São os mais pobres que realmente sofrem com a falta de mobilidade”, destaca o jornalista Guilherme Ramalho de Melo, do especial “GloboNews em Movimento”, um dos profissionais que produziram a matéria vencedora do Grande Prêmio CNT 2019. A equipe percorreu seis capitais do Brasil e revelou as dificuldades diárias das pessoas que passam duas ou três horas para chegar ao trabalho todos

Vander Costa, presidente da CNT, dos Conselhos Nacionais do SEST e do SENAT, e do ITL e a equipe da GloboNews

os dias, além de apontar soluções para problemas da mobilidade. “O país perde todos os anos mais de R$ 200 milhões do PIB com esse problema. É dinheiro jogado fora que poderia estar sendo usado para infraestrutura e tempo que as pessoas deixam de usufruir com a família, se divertirem ou descansarem. A falta de mobilidade agrava a exclusão e a pobreza, tirando das pessoas o direito de ir e vir e de acessar serviços básicos, como a saúde.” O trabalho da GloboNews contou com a participação de

mais de 50 profissionais e abordou diferentes temas voltados à mobilidade em 12 episódios.

Ainda contou com a participação de correspondentes internacionais em Nova York, Londres e Tóquio, todos com foco na mobilidade sustentável. “Gravamos perto de 200 horas de material para colocarmos os episódios no ar. Partimos do zero com temas sobre mobilidade e, a partir disso, fomos desenvolvendo os episódios”, destaca Melo.


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Descaminhos do Brasil TV Globo

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reportagem vencedora da categoria Televisão — “Descaminhos do Brasil”, da TV Globo — usou como matéria-prima para sua produção a 22ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias que, entre outras informações, mostra que 57% dos trechos avaliados têm estado geral com classificação regular, ruim ou péssima. Esse é um problema antigo que afeta o transporte e a economia e coloca em risco a vida de quem utiliza as rodovias do país. “A série foi feita durante um mês. O roteiro foi definido com base em um ranking da Pesquisa CNT de Rodovias e em informações do TCU (Tribunal de Contas da União) e do Ministério Público Federal, sobre investi-

Eudo Laranjeiras, presidente da seção de transporte rodoviário de passageiros da CNT e presidente da Fetronor e os vencedores da TV Globo

gações de superfaturamento e corrupção nas rodovias”, destaca Renato Ferezim, um dos jornalistas da equipe.

De acordo com ele, a reportagem também conseguiu mostrar que o descaso e a péssima qualidade das rodovias estão diretamente relacionados à falta de planejamento, o que traz prejuízos para a sociedade e para as empresas. Para mostrar os problemas atuais da infraestrutura rodoviária do país, a equipe de reportagem percorreu uma rota de

13 mil quilômetros, cruzando 13 estados em busca dos trechos mais críticos. Foram 29 dias de viagem, partindo de São Paulo e com alguns trechos percorridos em cabines de caminhões, em ônibus e até na carroceria de um caminhão pau de arara. Mostrando que a melhoria da infraestrutura rodoviária brasileira ainda precisa percorrer um longo caminho.


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O esquecido caminho das águas Correio Braziliense

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ual o rumo a ser seguido para o desenvolvimento do modal hidroviário em um país onde a matriz de transporte se mostra tão desigual? Foi esse questionamento que baseou todo o trabalho da série vencedora da categoria Meio Ambiente e Transporte. “O esquecido caminho das águas”, do jornal Correio Braziliense, mostrou como as hidrovias brasileiras são desconsideradas pelo poder público, deixando a população sem um modal mais sustentável e barato. Uma das principais causas disso é a falta de investimento nessa modalidade do transporte. Para a produção, os jornalistas cruzaram dados ambientais e financeiros, além de entrevistarem passageiros, marinheiros, empresários e acadêmicos para mostrar o que o Brasil perde. “Pensamos na pauta porque o momento era certo para falar sobre o transporte pelos rios sob o ponto de vista ambiental. Era inevitável falar sobre hidrovias”, destaca Leonardo Cavalcante, um dos jornalistas da equipe vencedora.

Ele, que já acumula quatro troféus da CNT ao longo da sua carreira, destaca a qualidade e os critérios adotados pela premiação. “Hoje, o Prêmio CNT é o mais importante do jornalismo brasileiro pelos critérios adotados para a escolha das matérias, pela organização e por um júri altamente capacitado. As reportagens são sempre de alto nível. Ganhar o Prêmio CNT é um orgulho e uma honra muito grande.”

Raimundo Holanda, vice-presidente de Transporte Aquaviário de Cargas e de Passageiros da CNT e presidente da Fenavega e a equipe do Correio Braziliense


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Crianças vítimas de acidentes de trânsito em Porto Alegre Rádio Gaúcha

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m pai preocupado com a segurança no transporte escolar dos alunos do colégio dos filhos. Para quem tem o jornalismo como profissão, essa não é apenas uma preocupação comum, mas, sim, um tema a ser discutido na mídia. Essa foi a centelha que despertou o jornalista Cid Martins, da Rádio Gaúcha, a produzir a matéria vencedora da categoria Rádio. A reportagem apresenta números exclusivos da Empresa de Transporte de Porto Alegre sobre acidentes de trânsito e irregularidades no transporte de crianças e adolescentes. E aponta um dado alarmante: quatro em cada dez crianças vítimas de acidentes de trânsito na capital gaúcha foram atropeladas. “Com a matéria, foi possível alertar os órgãos responsáveis pela fiscalização sobre o grande número de acidentes na periferia da cidade. Além disso, revelamos o transporte clandestino de crianças por meio de aplicativos.” Sobre a relevância de conquistar, pela quinta vez, o Prêmio CNT de Jornalismo,

Martins destaca não só a importância da premiação mas também como ela traz o transporte, tão essencial para o país, para o debate nacional. “O jornalismo pode (e deve) proporcionar essa transformação na sociedade. Quem teve a oportunidade de ouvir a matéria deve ter a consciência de que é preciso mudar a forma de dirigir. Esperamos que todos possam ter mais atenção no trânsito e cuidado com as crianças.”

Afrânio Kieling, presidente da Fetransul e o vencedor da Rádio Gaúcha

“Com a matéria, foi possível alertar os órgãos responsáveis pela fiscalização sobre o grande número de acidentes na periferia da cidade” Cid Martins, Rádio Gaúcha


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Para onde vamos?

Mobilidade x Modernidade Estado de Minas

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primeiro aplicativo de transporte a chegar ao Brasil foi o Uber, em 2014. Dados de 2018 da empresa mostram que, hoje, rodam no país mais de 500 mil motoristas e mais de 20 milhões de usuários. Somados ao Uber, vários outros aplicativos voltados para a mobilidade inundaram o mercado de transporte em vários segmentos, sempre com a promessa de facilitar a vida das pessoas. Cinco anos depois, a série especial “Para onde vamos? Mobilidade x Modernidade”, do jornalista Guilherme Paranaíba, do jornal Correio Braziliense, vencedora da categoria Impresso, debateu os impactos da massificação da tecnologia para a mobilidade urbana das cidades. Essa é uma nova realidade, que provou ser um caminho sem volta e que vem mudando a configuração de sistemas, como táxis e ônibus, e

afetando a rotina nas ruas e avenidas das grandes cidades brasileiras. “Pensamos na pauta a partir da reorganização da mobilidade da cidade com a chegada dos aplicativos e de como essa grande quantidade de novos veículos circulando diariamente impacta o trânsito”, revela Paranaíba. Sobre vencer o prêmio, ele é enfático: “o Prêmio CNT é, hoje, o maior do setor no país. É uma satisfação muito grande vencer”.

Rubens Lessa, diretor da seção de transporte rodoviário de passageiros da CNT e presidente da Fetram e os vencedores do Estado de Minas


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Carros-fortes, homens indefesos Portal Metrópoles

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om certeza, todo mundo já viu no noticiário um ataque a carros-fortes. E o destaque acaba sendo para o valor que foi roubado. Infelizmente, por trás do prejuízo financeiro, estão os trabalhadores que conduzem e cuidam da segurança desses veículos e que, nos ataques, sofrem mutilações, perdem a vida ou carregam traumas psicológicos. Essa triste realidade foi apresentada pela reportagem do Portal Metrópoles “Carrosfortes, homens indefesos”, do jornalista Saulo Araújo e equipe. O especial mergulhou no cotidiano dos cerca de 30 mil trabalhadores de empresas de transporte de valores para revelar a verdadeira guerra às margens das rodovias. Foram mais de 300 assaltos a carros-fortes nos últimos três anos, um número alarmante que mostra que, apesar da “armadura” que reveste esses veículos, seres humanos estão lá dentro. “Na reportagem, tentamos mostrar o cotidiano de uma categoria pequena, mas muito importante para o país, que, além de exercer uma atividade muito complexa, é também

muito vulnerável. Focamos no lado humano, pois, além do dinheiro saqueado, existe um exército de vigilantes que ficam mutilados”, afirma Araújo. Na visão dele, é importante valorizar temas como esse na produção jornalística do país. “O Prêmio CNT prova que, mesmo diante das transformações no jornalismo, ainda existe espaço para matérias mais aprofundadas.”

Flávio Benatti, vice-presidente de Transporte Rodoviário de Cargas da CNT e a equipe do Metrópoles

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Carros-fortes, homens indefesos Portal Metrópoles

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fotografia não é apenas um mero registro de um momento. Ela é uma forma de contar a realidade, denunciar problemas e relatar histórias. E foi exatamente isso que fez a equipe de fotógrafos do Portal Metrópoles, que venceu a categoria Fotografia. As imagens registradas durante a apuração do especial “Carros-fortes, homens indefesos”, vencedor da categoria Internet, mostram a dor estam-

pada em rostos até então anônimos dos trabalhadores que foram vítimas dos ataques a esses veículos. Para o fotógrafo Igo Estrela, um dos autores das imagens, o olhar das lentes esteve o tempo todo no lado humano. “O nosso trabalho foi além dos prejuízos financeiros. O especial foi pensado com base nos valores humanos. Queríamos contar as fortes e doloridas histórias que estão impressas nas imagens.” l

Joubert Flores, vice-presidente de Transporte Ferroviário de Cargas e de Passageiros da CNT e presidente da ANPTrilhos e os fotógrafos do Metrópoles


] ESTATÍSTICO ] AMBIENTAL ] ECONÔMICO ] VEÍCULOS ] ACIDENTES ac e s s e aq u i

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FERROVIÁRIO

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“Minutinhos”

preciosos Novas tecnologias de pagamento agilizam a vida dos usuários e levam produtividade ao transporte de passageiros sobre trilhos por

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correria das pessoas nos grandes centros urbanos gera desgastes diários quando a questão é o tempo dispendido nos deslocamentos, principalmente se o usuário necessita usar mais do que um modal. Por isso, sair do ônibus e correr para pegar um metrô sem ter que enfrentar fila ou contar dinheiro pode fazer a diferença entre chegar, ou não, no horário certo, à labuta diária. Para reduzir a pressão do tempo e facilitar a movimentação nas cidades, o sistema de transporte de passageiros sobre trilhos está investindo em novas tecnologias. Pagamentos por aproximação de cartões de crédito, QR Code e sistemas de reconhecimento facial estão entre as novidades implantadas. Tudo isso para que o passageiro ganhe “minutinhos” preciosos em sua rotina.

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O MetrôRio, desde abril de 2019, utiliza o pagamento por aproximação direta de cartão ou dispositivos eletrônicos em suas catracas. E o número de usuários tem aumentado. O crescimento na média de utilização da tecnologia foi de 320% em seis meses, até chegar a 411 mil no mês de outubro. Atualmente, cerca de 4,2 mil passagens são pagas diariamente por meio do novo serviço. A maior parte das transações (52%) é feita com dispositivos como celular, pulseiras ou relógios; e 48%, por cartões com a tecnologia NFC (Near Field Communication) implantada. Guilherme Ramalho, presidente do MetrôRio, destaca que a novidade permite mais economia de tempo para o cliente e maior fluidez no embarque. “Buscamos oferecer conveniência e praticidade. A aceitação de pagamento por aproxima-

ção, permitindo o ingresso no sistema com o uso do cartão de crédito ou celular do próprio cliente, é um passo fundamental nessa direção, pois elimina filas e torna a viagem mais rápida e simples. Acreditamos que a mobilidade urbana deve ser cada vez mais integrada e de fácil utilização. Estamos empolgados em oferecer essa inovação de forma pioneira para os cariocas e turistas que visitam a nossa cidade”, ressalta. A nova forma de pagamento é aceita em todas as 41 estações do MetrôRio; e o horário mais utilizado é na volta para casa, entre 18h e 19h, seguido do período entre 8h e 9h. A maioria dos passageiros (61%) utiliza o pagamento direto nas catracas duas ou três vezes ao dia, 36% utilizam somente uma vez por dia e 3% usam quatro vezes ou mais, diariamente. Os passageiros ainda poderão adquirir, em

breve, cartões por aproximação na estação central do metrô e em caixas automáticos da Saque e Pague. Pesquisas mostram que os pagamentos por aproximação estão substituindo o dinheiro gradativamente. Segundo levantamento da operadora de cartão de crédito Visa do Brasil, no país, desde o final do ano passado, o número de pagamentos por aproximação chega a mais de um milhão por mês. Já no Rio de Janeiro, o crescimento anotou uma alta de 2.000% em um ano. O presidente da ANPTrilhos (Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos), Joubert Flores, frisa que o transporte de passageiros sobre trilhos sempre teve, em sua essência, o uso de tecnologias para garantir viagens seguras, rápidas e confiáveis. “É uma maneira de


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diminuir o tempo de viagem do usuário. Do contrário, se você chega ao metrô e tem uma fila de 20 minutos, acaba desistindo ou pegando outro tipo de condução. Além disso, estamos usando essas ferramentas para diminuir o custo operacional”, explica. Flores ainda cita que os novos tipos de pagamento são uma tendência e que, em um futuro próximo, podem refletir no preço das passagens. “Em Londres, começaram a utilizar o pagamento com QR Code e, hoje, mais de 30% das operações já são feitas assim. No futuro, poderemos diminuir a tarifa, pois existe a possibilidade de termos menos infraestrutura para venda e menos interface, ganhando no tempo da viagem e de espera.” Nessa esteira, também segue o Metrô de Salvador (BA). Com a utilização de apenas um cartão de integração, que pode ser o CCR Metrô Bahia, SalvadorCARD

ou Metropasse, o passageiro paga apenas uma tarifa. Para integrar metrô com ônibus urbanos, o prazo é de até duas horas e podem ser feitas as seguintes combinações: metrô/ônibus/ônibus ou metrô/metrô/ônibus. A tarifa paga para a integração é de R$ 4, mesmo valor dos ônibus. O metrô tem tarifa de R$ 3,70. A integração também é feita com os ônibus metropolitanos em um prazo de até três horas, e o passageiro paga apenas o valor cheio da tarifa do ônibus, já que cada linha tem um preço diferenciado. O gestor de arrecadação do metrô de Salvador, Júlio Freitas, cita que, com o cartão, o usuário pode se deslocar por toda a região metropolitana de Salvador de metrô ou de ônibus. “Estamos investindo em novas formas de carregamento do cartão. Também implantamos débito e crédito, com uma

adesão muito grande, chegando a um quarto das vendas. Além disso, há máquinas de autoatendimento, que já respondem por 40% da venda total.” Freitas também destaca que os custos operacionais vêm caindo e cita que as novidades não param por aí. “Devemos lançar uma rede credenciada de três mil pontos para a compra do crédito para o metrô. Também em breve, teremos um aplicativo que servirá para fazer recarga usando o débito na conta corrente do usuário, de acordo com o banco que ele utiliza. A redução de custos durante o processo de vendas de passagens caiu de 4% para 2,5%. Estamos investindo em velocidade, agilidade e qualidade, agregando com novas tecnologias”. No Metrô de São Paulo, o pagamento de tarifa com QR Code foi iniciado em setembro deste ano e está em fase de

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avaliação. O usuário pode fazer a aquisição no aplicativo de celular VouD, que aceita cartão de crédito como forma de pagamento. Para validar o bilhete, basta aproximar da catraca o código gerado pelo app no celular. Outra opção é fazer a compra com cartão de débito em máquinas de autoatendimento. O bilhete também é emitido com um QR Code. Por meio de nota, a STM (Secretaria dos Transportes Metropolitanos) informou que esse projeto-piloto faz parte do plano de modernização dos sistemas de pagamento de tarifas. Conforme a Secretaria, “a medida reduz os custos com a operação e possibilita que os passageiros transitem com menos dinheiro e antecipem a compra de seus bilhetes antes de cada viagem, o que otimiza o seu tempo e traz mais segurança no dia a dia”. l


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A era da reclamação Impulsionado por sites, volume desproporcional de ações judiciais movidas por passageiros impacta custo operacional das empresas aéreas por

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m novembro, uma nota publicada pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) chamou a atenção das companhias de aviação. No texto, a entidade comunicava a criação de um órgão de fiscalização da atividade profissional. O elo entre essa notícia aparentemente banal para o meio jurídico e o transporte aéreo aparece neste comentário, feito pelo secretário-geral adjunto da OAB Nacional, Raghiant Neto: “A ideia é [...] coibir o exercício ilegal (do Direito), o abuso, bem como a captação mediante interposta pessoa ou por meio de ferramentas digitais que estimulem o litígio em massa, com o propósito mercantilista”. O litígio em massa preocupa as empresas do setor. O volume

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de ações movidas por passageiros insatisfeitos com o serviço disparou nos últimos meses a ponto de desequilibrar o custo da operação. O gasto não programado já pressiona o valor da tarifa, reconhecem as aéreas. Apenas entre janeiro e julho deste ano, houve o ingresso de mais de 109 mil ações, segundo o Ibaer (Instituto Brasileiro de Direito Aeronáutico). Ao passo que, ao longo de 2018, o total de reclamações não passou de 64 mil. “O grande impacto é muito recente”, confirma a diretora jurídica da Gol, Carla Coelho. “O que era um número previsível virou uma conta que, hoje, tem de ser tratada como uma contingência de alerta, porque a gente teve uma base aumentada muito grande, de quase

50%”, relata. A diretora se refere aos processos encaminhados – o chamado estoque vivo. A porcentagem leva em conta as ações analisadas até o mês de setembro, ou seja, esse crescimento pode ser ainda maior. Como explicar esse ponto fora da curva? “A indústria da aviação civil no Brasil é, de longe, a que apresenta o maior índice de judicialização do mundo, e isso não é saudável para o setor ou para a economia como um todo, sendo uma barreira para a entrada de novas companhias aéreas, inclusive estrangeiras. Neste ano, particularmente, houve um aumento abrupto na quantidade de ações cíveis na Azul, e esse crescimento se dá muito pelo estímulo que as novas ferramentas de judicia-

lização provocam em nossos clientes, que os abordam sem terem sido solicitados” avalia Joana Portella, diretora jurídica da Azul. A mecânica dessas ferramentas não está completamente desvendada. Sabe-se que, com a ajuda de robôs e algoritmos, algumas empresas atuam na internet para angariar causas com potencial para gerar indenizações. “Essas startups identificaram uma falha no sistema e estão lucrando em cima dela”, crava o advogado Ricardo Bernardi, um dos fundadores do Ibaer. “O que elas fazem, muitas vezes, é comprar o crédito dos passageiros e entrar, elas mesmas, com as ações. Criaram um mercado, uma indústria de indenizações, sob o argumento de que estariam ajudando os


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passageiros a exercerem um direito”, protesta o especialista. A litigância anormal não passou despercebida pela Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), que levou o problema ao conhecimento do órgão regulador do setor, a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), e da própria OAB, além de ter alertado autoridades do Governo Federal. “Esses sites voltados a pescar clientes estão criando um impacto no custo operacional da aviação que vai na contramão de tudo o que a gente vem trabalhando há mais de uma década”, alerta o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz. “Os nossos índices operacionais, nossos níveis de pontualidade e de atendimento à bagagem, são semelhantes e, em alguns aspectos, superiores

à média europeia e à americana. Então, não se trata de uma operação de menor qualidade”, enfatiza Sanovicz. Para ele, o fenômeno decorre de uma distorção maior, que diz respeito ao não alinhamento do Brasil ao panorama regulatório internacional. Proteção ao consumidor De fato, o Brasil destoa do padrão internacional em vários aspectos. Em tese, nossas companhias podem ser responsabilizadas até por voos cancelados em decorrência de condições climáticas adversas. “Isso é incompatível com o que acontece em outros países”, aponta Ricardo Bernardi. “O maior dever da companhia aérea é transportar o passageiro com segurança. Então, não faz sen-

tido ter indenização para esse tipo de evento. É até incompatível com os objetivos da aviação civil”, complementa. Para entender a crítica de Bernardi quanto ao uso excessivamente amplo da indenização, é necessário conhecer algumas características do nosso Judiciário. Em primeiro lugar, as relações de consumo são reguladas pelo Código de Defesa do Consumidor. Todo consumidor que se sentir lesado em seus direitos pode “entrar” na Justiça, ou seja, pedir o que considera justo. Em geral, essas ações são ingressadas nos Juizados Especiais Cíveis, instância voltada para causas de menor complexidade. Se o valor pretendido não exceder 20 salários mínimos, pode-se, inclusive, abrir mão da assistência de um advogado.

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“O Juizado Especial é uma instância simples, que não requer grandes formalidades. Lá mesmo, o autor tem a sua reclamação reduzida a termo escrito, e isso vira uma ação. Não são cobradas taxas e não se recolhem custas (processuais) para o Estado. Então, esse consumidor não tem nenhum desembolso”, explica Carla Coelho. Essa facilidade de acesso à Justiça ajuda a explicar a popularidade dos “sites de captura”, que utilizam formulários online para recolher os dados dos consumidores e fazer uma triagem quanto à viabilidade da reclamação. A reportagem navegou em um desses sítios que prometia “98% de taxa de sucesso”. A agressividade dessa abordagem enfraquece as


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TRÊS PERGUNTAS PARA A LATAM (A empresa respondeu via assessoria de comunicação)

No Brasil, há um excesso de processos judiciais movidos por passageiros? Atualmente, existe uma cultura excessiva de judicialização no país, e as companhias aéreas são obrigadas a prestar assistência aos passageiros mesmo em eventos que são totalmente alheios ao seu controle, como, por exemplo, em questões meteorológicas. Essa excessiva judicialização, além de prejudicar a competitividade e o crescimento de todo o setor aéreo, afastando investimentos do Brasil, ainda acaba impactando negativamente todo o sistema judiciário, gerando morosidade à Justiça e comprometendo recursos que

propostas extrajudiciais de resolução de conflito. “Tal atuação afasta a possibilidade de conciliação entre empresas e consumidores, bem como do uso de plataformas de mediação, a exemplo do site consumidor.gov, ao qual o setor aderiu de forma integral e pioneira desde o seu lançamento em 2014”, registra a Abear em nota oficial. A associação acredita que o consumidor está sendo “pescado” antes mesmo de ligar para o SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor) das empresas.

poderiam ser investidos em melhorias de produtos e serviços.

dificultando o desenvolvimento e crescimento do setor aéreo.

O que a judicialização representa de gasto anual para a empresa? Na LATAM, aproximadamente, 50% dos processos recebidos são somente por danos morais, e a companhia tem, em média, cinco mil ações judiciais por mês, com custo aproximado de R$ 5 mil cada. Isso representa, ao longo do ano, entre R$ 200 e R$ 300 milhões de gastos, algo que impacta não só a companhia mas também todo o setor. Como fator de comparação com os demais países onde o Grupo LATAM opera, 50% de toda a operação parte do Brasil ou chega ao Brasil, ao passo que 99% dos custos da empresa com ações judiciais acontecem no país. Esses números denunciam, infelizmente, o quanto a judicialização ganha força no Brasil,

O que pode ser feito para diminuir a litigância? O Brasil precisa avançar nas regulamentações sobre o consumidor. Muitas vezes, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) é utilizado de forma equivocada e prevalece em detrimento da legislação estabelecida pelos órgãos reguladores do setor no Brasil e no exterior, contribuindo para o alto índice de processos na Justiça. Nesse cenário, a LATAM acredita que é essencial existirem mecanismos que corroborem para que essa judicialização não se torne uma indústria paralela e que o poder público, junto com as entidades de classe e as empresas, contribua para que o Brasil se torne um player global da aviação mundial, seguindo as melhores práticas internacionais e em busca de uma economia saudável.

O segundo aspecto que precisa ser compreendido é que a indenização por dano moral tem como objetivo primordial compensar uma ofensa à personalidade. Em outras palavras, ela busca minimizar materialmente um sofrimento de natureza subjetiva. “Mas, no Brasil, o dano moral tem um outro aspecto, que é o punitivo ou educativo. Além de compensar o consumidor por uma dor sofrida, ele é também um desestímulo àquele que praticou o ato para que este não se repita. No caso do atraso de voo, o que a gente

enxerga é que, na realidade, não há uma dor”, argumenta Ricardo Bernardi, do Ibaer. No entendimento do advogado, não há o que se discutir se o passageiro é destratado ou ofendido – é caso para dano moral. Já as situações de atraso (indesejáveis também para as companhias) deveriam ser analisadas com mais cautela pelos juízes – até porque o atraso pode ter sido ocasionado por manutenção técnica da aeronave. Contudo, prevalece atualmente, na jurisprudência, o entendimento de que a dor e o

sofrimento do passageiro estão subentendidos e não precisam ser demonstrados em juízo. Outras peculiaridades A sobreposição entre o Código de Defesa do Consumidor e a legislação específica da atividade aérea é outra chave para entender a judicialização recorde no Brasil. “Na prática, acontece uma bisanção, porque, do mesmo fato gerador, há duas consequências negativas possíveis para as empresas.” Uma advém do compromisso da aérea de assistência material


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ao passageiro por determinação da regulação do setor, feita pela Anac. A outra é a decorrente da condenação na Justiça. “O consumidor continua tendo o direito de petição quando achar que não teve o devido tratamento”, esclarece a diretora jurídica da Gol, Carla Coelho. Isso ocorre sem que o Código Brasileiro de Aeronáutica, de 1986, tenha sido revogado. Apesar de antigo, o CBA tem um forte alinhamento com as práticas internacionais – padronização desde sempre buscada pelo setor. “O excesso de ações

de indenização mostra o quanto o sistema regulatório brasileiro tem diferenças em relação ao mundial. Por isso, nós defendemos o alinhamento com o ambiente regulatório internacional. Isso é fundamental, inclusive, para melhorar o ingresso de empresas aqui”, aponta Eduardo Sanovicz, da Abear. Acredita-se que a relutância das low cost em investir no país esteja relacionada ao boom de processos. “O ponto nevrálgico desse problema está no Judiciário brasileiro, que tem demonstrado resistência em aplicar as

leis oriundas de homologação de tratados internacionais e regras específicas do setor, além de conferir danos morais aos autores, o que é destoante das regras internacionais, além de aumentar bastante o valor das condenações”, concorda Joana Portella, diretora jurídica da Azul. Com isso, ela chama atenção para o fato de que o Brasil é signatário, desde 2006, da Convenção de Montreal de 1999. “No transporte internacional, aplica-se essa convenção. Inclusive, o STF (Supremo Tribunal Federal) já entendeu

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que esse texto, naquilo que for mais específico, até prevalece sobre o Código de Defesa do Consumidor”, acrescenta Ricardo Bernardi. “Lá, existe um artigo que proíbe a concessão de indenização por dano punitivo, justamente porque todos os países do mundo entenderam que conceder indenização por danos punitivos em situações de atraso, na verdade, é incompatível com a segurança que se espera da aviação civil, o que cria uma insegurança jurídica muito grande para as empresas que operam internacionalmente”, pondera. l


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AQUAVIÁRIO

Madeira abaixo Evento “Capital da Navegação” debate os desafios do transporte aquaviário no rio Madeira e no Norte do Brasil

por

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CARLOS TEIXEIRA


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s armadores são heróis, e nossos profissionais mais ainda, pois navegam nessa hidrovia precária que é o Madeira.” O desabafo do presidente da Fetramar (Federação das Empresas de Transporte Rodoviário de Passageiros dos Estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia), Irani Bertolini, expõe a realidade da navegação no rio Madeira, uma das principais passagens logísticas do país, que integra o Arco Norte e se estende pelos estados de Rondônia, Amazonas, Amapá, Pará e segue até o Maranhão.

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Em um cenário que registra grandes volumes transportados – 15 bilhões de toneladas de produtos (o equivalente a 600 mil carretas) e 3 bilhões de litros de derivados de petróleo ao ano –, a navegação no rio Madeira enfrenta grandes dificuldades. São acessos aos terminais cheios de buracos, longas filas de caminhões, falta de segurança e de infraestrutura, assoreamento do rio e o convívio diário com a atividade do garimpo, entre outros problemas. Somada a isso está a falta de perspectiva para novos investimentos na região. Os desafios foram temas do evento “Capital da Navegação”,

realizado em novembro, em Porto Velho (RO). Organizado pela Fenavega (Federação Nacional de Empresas de Navegação Aquaviária), o encontro reuniu transportadores e representantes dos governos federal e estadual e discutiu os principais problemas que impedem o desenvolvimento da navegação na região Norte do país. Para o vice-presidente de transporte aquaviário da CNT e presidente da Fenavega, Raimundo Holanda, é necessário ter união para que o governo ouça as reivindicações. “Precisamos mudar essa

situação devido à importância do modal”, diz, ao lembrar que, por meio do Madeira, é feito o escoamento da produção agrícola, especialmente soja e milho, de Mato Grosso e Rondônia, além de combustíveis e fertilizantes, com destino a Porto Velho e Manaus. Também são transportados alimentos e produtos produzidos na Zona Franca de Manaus. “Tudo é feito na marra”, diz o presidente da Fenavega, em referência às dificuldades operacionais enfrentadas pelas empresas que operam o serviço decorrentes das deficiências na infraestrutura.


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Para Holanda, faltam apoio governamental para a atividade e investimentos. “O que é da iniciativa privada está pronto. A navegação aqui só existe porque não desistimos. Já investimos mais de R$ 4 bilhões nos portos privados, em Porto Velho.” Rildo Oliveira, presidente da CNA (Companhia de Navegação da Amazônia), concorda: “Navegamos porque os rios nos deixam navegar. Não temos infraestrutura para chamarmos o Madeira de hidrovia. Não existem sinalização, balizamento e dragagens. Vivemos uma

batalha diária para navegar nesses rios.” Nem mesmo a relevância econômica das empresas que atuam na região parece suficiente para convencer os governos a executar obras que melhorem as condições do transporte. Para se ter uma ideia, na Estrada do Belmont, via que margeia os portos de Porto Velho, estão instaladas 26 empresas que arrecadam cerca de 12% do orçamento de Rondônia. O estudo Aspectos Gerais da Navegação Interior no Brasil, divulgado pela Confederação Nacional do

Transporte em outubro, confirma o fraco investimento. Segundo o levantamento, entre 2001 e 2018, os recursos representaram apenas 10,6% do valor previsto nos principais planos de governo para o setor (no âmbito federal), tais como o PNLT (Plano Nacional de Logística e Transportes) e o PHE (Plano Hidroviário Estratégico). O valor efetivamente aplicado é baixo também quando comparado ao montante autorizado: apenas 52,9%, em média, do orçamento autorizado para a navegação interior foi executado de 2001 a 2018.

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Desafio da dragagem O diretor-geral da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), Adalberto Tokarski, considera que um dos primeiros pontos para melhorar a navegabilidade do Madeira diz respeito à dragagem. Para ele, esse processo necessita de aprimoramento devido à complexidade do rio. “Foi feito um contrato de dragagem utilizando dragas muito pequenas. Deveríamos ter trazido dragas mais estruturadas e com maior potência. Devemos avançar para um processo de autodragagem. Isso já foi feito no rio Mississipi, nos


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Estados Unidos, e o governo federal já tem um contrato com o Exército norte-americano para aprender sobre a questão. Mas falta celeridade”, diz. Outro problema, cita Tokarski, são os troncos que descem o rio. “Eles afetam a navegação, podem matar pessoas e ficam acumulados. No passado, oficiamos a ANA (Agência Nacional das Águas), que atribuiu a responsabilidade ao Ministério do Meio Ambiente. Precisamos de uma atuação conjunta da ANA, do Ministério do Meio Ambiente e de todos os atores envolvidos.”

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Conforme o Dnit, a dragagem do Madeira, em 2019, iniciou-se no dia 18 de junho e foi encerrada no dia 31 de outubro. O volume retirado foi de, aproximadamente, 1,5 milhão de m3 em três locais: Cojubim, Curicacas e Miriti, todos em Rondônia. Por meio de nota, o Departamento também disse que, para 2020, estuda aumentar a capacidade dos equipamentos de dragagem. Além disso, afirmou que “está em andamento o estudo de um novo dimensionamento do canal de navegação, com um novo projeto que demandará um novo licenciamento

ambiental, nova metodologia de dragagem e nova contratação, ainda sem prazo definido”. Em relação aos troncos no Madeira, a ANA, procurada pela reportagem, afirmou que as ações “são de responsabilidade do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e de operadores das hidrelétricas do rio Madeira”. O Ibama, por sua vez, falou que a questão apresentada, “por se tratar de segurança da navegação no rio Madeira, deve ser dirigida ao Dnit”. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes informou que con-

tratou uma consultoria para elaborar estudos e projetos de dispositivos de proteção contra detritos sobrenadantes (toras e galhadas) e sistema de sinalização de alerta para embarcação para uso em IP4 (Instalações Portuárias Públicas de Pequeno Porte) da Bacia Amazônica. Pirataria: quem vai tomar providências? “A gente já não diz mais nada, pois nunca se pega ninguém. A Marinha diz que não tem poder de polícia, a polícia diz que não tem embarcação. E quando há uma ocorrência, ainda temos que parar a embar-


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cação por mais ou menos dez dias, para a tripulação prestar depoimentos, o que gera prejuízos ainda maiores.” As palavras de resignação de Raimundo Holanda são a constatação da realidade dos furtos e roubos de cargas enfrentados pelos empresários que atuam nos rios que banham os estados do Amazonas, Pará e Rondônia. No Amazonas, os combustíveis são os principais alvos das quadrilhas. Trata-se de produtos fáceis de desviar e de comercializar na ilegalidade. No estado, o Sindarma (Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado

do Amazonas) estima que os prejuízos com furtos e roubos desses produtos somem R$ 100 milhões por ano. Os principais trechos onde têm ocorrido ataques piratas são: rio Solimões, nas proximidades de Coari (AM); rio Negro, na orla de Manaus (AM); rio Amazonas, no Estreito de Breves (PA), trecho utilizado por embarcações que seguem de Manaus (AM) para Belém (PA) com cargas da Zona Franca de Manaus, entre outras; e o rio Madeira, entre Itacoatiara (AM) e Porto Velho (RO). Para se prevenirem, as empresas vêm investindo em

equipamentos, instalando câmeras nas embarcações para fazer monitoramento e também navegado em trechos mais vulneráveis somente durante o dia, para evitar os riscos à noite. “Precisamos de que os governos estaduais e federal promovam a segurança nos nossos rios. Não há sentido em os rios serem federais, e nós não termos a presença de uma polícia exclusiva para eles. O governo federal precisa compreender a necessidade de termos uma polícia fluvial ou hidroviária e de os governos estaduais dotarem suas polícias e batalhões fluviais

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de estrutura para combater os piratas, principalmente no Madeira. Essa é uma necessidade urgente”, afirma Jéssica Sabbá, presidente do Sindarma. A Polícia Federal em Rondônia justifica que, em relação aos furtos e roubos no Madeira, sua atuação se restringe a interesses da União e de empresas públicas federais e que roubos ou furtos de combustíveis de empresas privadas estão sob a alçadas das polícias Militar e Civil. A Polícia Civil de Rondônia, procurada pela reportagem, não se manifestou até o fechamento desta edição. l


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GESTÃO

Transição

para o futuro Sistema CNT promove debates sobre os desafios de líderes no setor de transporte para garantir sustentabilidade e competitividade dos negócios; atividades fizeram parte da programação da HSM Expo 2019, maior evento de gestão da América Latina por

NATÁLIA PIANEGONDA


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aior evento de gestão da América Latina, a HSM Expo foi, em 2019, palco de uma série de painéis e palestras sobre o futuro do transporte no Brasil. Os debates foram promovidos pelo Sistema CNT – Confederação Nacional do Transporte, SEST SENAT e ITL –, que reuniu especialistas reconhecidos mundial e nacionalmente, além de empreendedores. O objetivo foi projetar cenários para o setor, com a discussão de temas como transporte 4.0, integração modal, planejamento estratégico em tempos de crise, transformação digital e educação corporativa. Todas as atividades ocorreram no auditório do estande do Sistema CNT no evento, realizado entre os dias 4 e 6 de novembro, no São Paulo Expo, na capital paulista.

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“No Brasil, existem muitas oportunidades, unindo o que temos de modais tradicionais – como ônibus, caminhão, aviões e trens – com a tecnologia. E, neste evento, buscamos provocar a reflexão sobre o futuro que queremos alcançar e sobre como iremos chegar até ele”, diz Vander Costa, presidente do Sistema CNT. Além disso, o evento foi uma oportunidade para empresários e lideranças do setor imergirem em um ambiente de intensa reflexão sobre os desafios para negócios sustentáveis e competitivos. “Buscamos construir juntos uma transição para o amanhã”, complementa Vander Costa. Essa transição é inevitável. “O transporte está passando por uma enorme mudança, porque temos veículos autônomos, condução autônoma e também

Quem passou pelo estande do Sistema CNT na HSM Expo 2019 teve a oportunidade de experimentar o simulador de direção do SEST SENAT, tecnologia de ponta utilizada no aperfeiçoamento de motoristas de caminhão, carreta e ônibus. Também pôde conhecer o trabalho desenvolvido pela Confederação Nacional do Transporte, pelo SEST SENAT e pelo ITL em favor do desenvolvimento do transporte brasileiro.

muitos dados que estão chegando e mudando nosso conhecimento sobre como estamos movendo pessoas e mercadorias. E tudo isso exigirá que as organizações façam disrupções nesse setor”, afirmou Charlene Li, renomada especialista em mídias sociais e tecnologia. Considerada uma das 50 pessoas mais influentes do Vale do Silício e uma das mentes mais criativas do planeta, ela foi palestrante do auditório principal da HSM Expo 2019 e participou de um encontro privativo com empresários e representantes do setor transportador brasileiro, também promovido pelo Sistema CNT. Para Charlene Li, entre os primeiros passos para uma estratégia de mudança, está a possibilidade de os líderes identificarem, hoje, quais serão as demandas dos

clientes do futuro, pois é aí onde estão as oportunidades. Para Gustavo Kornitz, diretor de marketing da Fedex – gigante mundial no segmento de logística –, já existem novas necessidades para as quais as empresas ainda buscam as melhores respostas. “Os clientes querem produtos que cheguem mais rapidamente; envio barato ou gratuito; flexibilidade; e controle sobre a experiência. Esse ambiente é novo, assim como suas soluções”, disse no painel em que debateu sobre estratégias de intermodalidade. Segundo ele, a empresa enfrenta o desafio buscando formas de dar ao consumidor visibilidade para o seu produto. Essa preocupação também está presente em jovens empresas. Com esse olhar, o norteamericano Parker Treacy fundou,


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Em novembro, o Sistema CNT também marcou presença na WTW 19, evento que se tornou referência em mobilidade na América Latina e que é considerado um dos mais relevantes do planeta. Realizada no Transamérica Expo, em São Paulo, entre os dias 6 e 10, a Welcome Tomorrow reuniu empresas, startups e profissionais em um ambiente que estimula a inovação tecnológica e humana.

no Brasil, a Cobli – empresa que utiliza inteligência artificial para melhorar a gestão da frota. “As melhores startups não são as que se baseiam unicamente na visão do fundador, mas, sim, as que atendem às necessidades dos usuários”, disse, durante o painel sobre transporte 4.0 e as tecnologias que estão revolucionando a logística no Brasil. Na mesma conversa, o argentino Federico Vega ressaltou o uso da tecnologia para integrar empresas a transportadores de maneira segura e bem-sucedida. Fundador da CargoX, maior marketplace de fretes, afirmou que a ideia é conectar as partes para um transporte efetivo, e não reinventar a roda: “Precisamos de uma equipe de vendas que entenda o cliente e saiba o que ele quer e, a partir disso, crie uma logística de

rotas para os transportadores, além de garantir a segurança deles”. A transição para novos modelos de operações, negócios e serviços requer uma cultura organizacional que seja transformadora. “A tecnologia tem que ir além de automatizar as coisas. Precisa melhorar a vida do ser humano. Isso inclui o cliente final, o colaborador e a gestão da empresa, com impactos na comodidade e na economia de tempo”, disse Roberto Madruga, CEO da ConQuist Consultoria, na conversa em que abordou a transformação digital e os desafios para gestão de pessoas no setor de transporte. Ele salientou que a velocidade das inovações tecnológicas é maior do que a capacidade de adaptação das pessoas. Por isso, não adianta

imposição; é necessário haver um trabalho em conjunto, com líderes preparados, metodologia e colaboradores engajados. Para Renê de Paula, que há mais de duas décadas lidera projetos de inovação em grandes empresas, é desafiador implementar metodologias que se tornem consistentes e transformações que sejam perenes. Ele ressaltou, também, que, no Brasil, o setor transportador enfrenta o desafio adicional das deficiências na infraestrutura. “A questão é como aterrissar, no negócio, as ideias que pairam no mundo ideal. Como compatibilizar a expectativa de todo mundo com o que efetivamente temos em recursos humanos, líderes, potencial da empresa e caixa. No mapa, é bonito. Enfrentar a estrada esburacada é outra coisa.”

Outro ponto a ser superado é a burocracia, na avaliação de Maurício Coelho, diretor de Carga Aérea da DHL Global Forwarding Brazil, que falou sobre estratégias de intermodalidade. O impacto desses entraves, lembrou, reflete-se na agilidade da prestação do serviço – com entregas mais demoradas – e no encarecimento dos produtos para os consumidores finais. “Você precisa se preparar melhor, ter mais veículos, ter estrutura maior para atender às demandas, o que não seria necessário se houvesse uma infraestrutura melhor.” Nesse cenário, a empresa busca otimizar rotas e utilizar informação e tecnologia que garantam mais eficiência na prestação do serviço. A inovação, assim, torna-se meio para atender, cada vez melhor, às demandas dos clientes do presente. l


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ECONOMIA

De olho na

aposentadoria CNT lança simulador previdenciário. Ferramenta permite calcular o tempo que falta para o trabalhador se aposentar e o percentual do benefício com as novas regras da Previdência Social por

DIEGO GOMES


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om a promulgação da reforma da Previdência, as novas regras de aposentadoria começaram a valer e impactam a vida dos trabalhadores brasileiros, inclusive os do transporte. Entre as alterações, estão a alíquota de contribuição previdenciária, a idade mínima de aposentadoria, o tempo de contribuição e o valor do benefício. Para quem já está no mercado de trabalho, existem regras de transição do antigo para o novo regime. Cada trabalhador deve escolher aquela que lhe for mais benéfica. Pensando em auxiliar

os brasileiros na escolha da melhor opção de aposentadoria, a Confederação Nacional do Transporte lança o Simulador CNT de Aposentadoria. A ferramenta permite calcular quanto tempo falta para o trabalhador se aposentar e o percentual médio do seu salário de contribuição, que resultará no valor da aposentadoria. Também é possível consultar as novas alíquotas de contribuição que devem ser pagas durante os anos em que estiver na ativa. Disponibiliza, ainda, explicações didáticas sobre as principais mudanças na Regra Geral da

Previdência, incluindo a regra permanente e as opções de transição para quem já trabalha e contribui para o sistema previdenciário. O presidente da CNT, Vander Costa, destaca que essas informações ajudarão os trabalhadores do setor a fazerem a melhor opção de aposentadoria. “Com o Simulador CNT de Aposentadoria, buscamos ampliar e democratizar o entendimento dessa nova e moderna realidade previdenciária no Brasil e, assim, contribuímos para o desenvolvimento do país e do transporte.”

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ACESSE AQUI O SIMULADOR

CONHEÇA AS REGRAS DE TRANSIÇÃO

VANTAGENS DE CADA REGRA

Os trabalhadores que já contribuem para o sistema previdenciário podem escolher uma entre cinco regras: • Nova Previdência • Transição da aposentadoria por idade • Transição da aposentadoria por tempo de contribuição com idade mínima • Transição da aposentadoria por tempo de contribuição com pontos • Transição da aposentadoria por tempo de contribuição com pedágio – apenas para pessoas que faltam dois anos ou menos para se aposentar

Por idade: mais vantajosa para quem tem idade avançada e pouco tempo de contribuição

O QUE MUDOU NO REGIME GERAL DE PREVIDÊNCIA SOCIAL (RGPS)?

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Por pontos: atende melhor quem começou a trabalhar cedo e tem muito tempo de contribuição Por tempo de contribuição com idade mínima: para quem tem muito tempo de contribuição, mas não alcançou a pontuação mínima da regra de pontos Com pedágio: indicada para quem está a dois anos de cumprir 30/35 anos de contribuição

Pelas regras antigas, para se aposentarem, as mulheres precisavam atingir 60 anos de idade e 15 ou 30 anos de contribuição, independentemente da idade. Já os homens precisavam atingir 65 anos de idade e 15 ou 35 anos de contribuição, independentemente da idade. Agora, na regra geral, as mulheres devem atingir 62 anos de idade e 15 anos de contribuição; e os homens, 65 anos de idade e 20 anos de contribuição.


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SEST SENAT

Carreira para quem

precisa

Ao lançar o Projeto Carreira Profissional, que vai qualificar jovens em busca do primeiro emprego ou de reinserção no mercado de trabalho, o SEST SENAT mostra que está em sintonia com as prioridades do país por

RENATA RAMALHO


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mbora a taxa de desemprego no Brasil tenha caído para 11,8%, o mercado de trabalho ainda vive um cenário bastante desafiador diante das 12,5 milhões de pessoas que terminam o mês sem a garantia de um salário que pague suas contas. Na contramão dos dados mais recentes do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) - relativos ao período de julho a setembro de 2019 -, há outra realidade igualmente desafiadora: mesmo com o alto nível de desemprego, 34% dos empre-

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gadores brasileiros relatam dificuldade de contratar profissionais qualificados para suas vagas em aberto. O dado é da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Resolver essa equação, que mescla um grande contingente de desempregados e vagas que não se consegue preencher, tornou-se uma missão não apenas do governo federal mas também de todas as instituições comprometidas em colaborar para o crescimento do país. É o caso do SEST SENAT que, para contribuir com o aumento dos índices de empregabilidade, lançou o Projeto Carreira Profissional no início de novembro.

“O SEST SENAT mostra que está em sintonia com as prioridades do Brasil, já que o Projeto Carreira Profissional vai qualificar os jovens que estão em busca do primeiro emprego ou de reinserção no mercado de trabalho”, explica Vander Costa, presidente dos Conselhos Nacionais do SEST e do SENAT. Para ele, o projeto tem grande relevância social: “Para muitos jovens, a instituição será a primeira referência profissional ou a oportunidade de se aperfeiçoarem com perfis compatíveis às necessidades das organizações”. Ao capacitar pessoas de 14 a 24 anos de idade para enfrentar os desafios do mercado de trabalho, o Carreira Profissional contribuirá, também, com as empresas que buscam colaboradores mais bem preparados. Além de capacitações voltadas à empregabilidade, o projeto qualificará os jovens pela valorização de suas competências socioemocionais. “A educação precisa estar alinhada às demais exigências das empresas, o que inclui a capacidade de lidar com as próprias emoções para se relacionar com os demais profissionais, de modo a colaborar, mediar conflitos e solucionar problemas”, explica a diretora-executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart. Essa é a mesma visão do presidente da ABRH (Associação Brasileira de Recursos

Humanos), Paulo Sardinha. Para ele, a vida organizacional demanda, além de habilidades técnicas, habilidades de relacionamento. “O fato é simples: o mercado de trabalho é sempre mais favorável a quem tem mais maturidade e experiência. Por isso, posturas inadequadas pela falta de experiência profissional e capacidade crítica fazem com que os jovens acabem desperdiçando oportunidades”, afirma. Segundo Sardinha, esse é um dos motivos pelos quais eles apresentam um nível maior de desemprego, comparado a outros perfis e idades. De acordo com a última PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), do IBGE, a taxa de desemprego de pessoas entre 14 e 24 anos é de 66,3%, o que representa quase 5 milhões de indivíduos. Esse número representa 39,9% do total de brasileiros (12,5 milhões) que estão à procura de um posto de trabalho. Reverter essa realidade é o motivo que levou o SEST SENAT a disponibilizar outras iniciativas de qualificação profissional, anteriores ao lançamento do novo projeto. É o caso do Jovem Aprendiz. Na cidade mineira de Poços de Caldas, por exemplo, a instituição qualifica jovens para a Minas Sul Transportes há pelo menos oito anos. “O programa não leva em consideração apenas a mão de obra em si (ou seja, os aspectos técnicos


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do profissional) mas também questões ligadas à educação, responsabilidade, pontualidade e aprendizado para o convívio social. Estamos com o SEST SENAT desde 2011 e, desde então, já efetivamos mais de cinco colaboradores, alguns ainda atuando na empresa. Estamos extremamente satisfeitos com a parceria”, revela Cristiane Preto, gerente administrativo com 25 anos de empresa. Experiência semelhante é vivenciada pela Auto Omnibus Circullare, que, hoje, tem 38 aprendizes capacitados pelo SEST SENAT. “Atualmente, temos profissionais efetivados que vieram do projeto; alguns chegaram, inclusive, a cargo de liderança. Também temos conhecimento de outros que já estão no mercado de trabalho, aplicando tudo o que foi aprendido na teoria e na prática. Esse tipo de iniciativa permite adaptar os jovens às estratégias empresariais, estimulando-os à criatividade e à inovação”, afirma Diego Barbosa Dias, gerente de Recursos Humanos com 16 anos de atuação na empresa. Dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e

Acesse o site do SEST SENAT para saber mais sobre o projeto

Desempregados), divulgados pelo Ministério da Economia, mostram que o Brasil criou mais de 70,8 mil novos postos de trabalho com carteira assinada em outubro, sétimo mês consecutivo em que as contratações superaram as demissões no país. “O Projeto Carreira Profissional deverá contribuir para que esse cenário continue a evoluir de forma positiva, pois o SEST SENAT já comprovou que suas capacitações aumentam a empregabilidade por meio da qualificação profissional”, finaliza a diretora-executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart. Ranking dos melhores O Carreira Profissional vai qualificar jovens de 14 a 24 anos nas seguintes áreas: gestão do tempo; ética profissional; desenvolvimento motivacional e trabalho em equipe; e qualidade e produtividade (5S). No total, são duas horas de palestra e 16 horas de curso presencial na unidade do SEST SENAT. Aos interessados também serão disponibilizados cursos livres a distância pela plataforma ead.sestsenat.org.br

No final do curso, os alunos serão avaliados, considerando aspectos técnicos e comportamentais. Os melhores serão ranqueados em uma lista de acordo com a pontuação obtida. Em seguida, serão cadastrados no banco de talentos da instituição, que consta no site empregatransporte.sestsenat.org.br, para posterior indicação às empresas com processos seletivos para vagas em aberto. Como participar Os jovens precisam fazer o pré-cadastro no site portaldocliente.sestsenat.org.br ou se dirigir pessoalmente às unidades operacionais do SEST SENAT participantes do projeto. Em seguida, devem efetivar a matrícula com a apresentação pessoal dos documen-

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tos originais e o pagamento da taxa. Os detalhes devem ser buscados na unidade em que a capacitação vai acontecer. Já as empresas precisam apenas aderir ao projeto e, para isso, o SEST SENAT enviará um formulário para verificação de interesse. As interessadas devem preencher o documento e encaminhá-lo de volta à unidade operacional da região. Para os dependentes dos trabalhadores do transporte a capacitação será gratuita. Para a comunidade haverá a cobrança de um valor simbólico, variável de acordo com a realidade do mercado onde estão instaladas as unidades operacionais do SEST SENAT. l


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MERCADO

Nova oportunidade SEST SENAT disponibiliza mais 1.340 vagas para o treinamento de cobradores de ônibus que queiram atuar como motoristas de ônibus por

ARQUIVO SISTEMA CNT

RENATA RAMALHO


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O

SEST SENAT abriu inscrições para a segunda etapa do projeto Qualificação de Cobradores. Direcionada aos profissionais que já atuam no setor de transporte e buscam uma nova carreira como motoristas de ônibus, a iniciativa possibilita aos participantes mudar a categoria da CNH (Carteira Nacional de Habilitação) da tipologia B para a D, além de participar de cursos de capacitação. Ao todo, são 1.340 novas vagas disponíveis em 15 unidades operacionais, em todo o país. Os cobradores têm até o dia 6 de janeiro de 2020 para se inscreverem.

Além da troca da habilitação, o projeto oferece, de maneira gratuita, os cursos Especializado para Condutores de Veículos de Transporte Coletivo de Passageiros (resolução n.º 168/2004) e Aperfeiçoamento de Motorista para o Transporte de Passageiros (Simulador de Direção). Desde o início deste ano, mais de 3.700 cobradores já foram contemplados pelo projeto. “A primeira etapa foi um grande sucesso e, diante da demanda crescente, estamos ofertando novas vagas”, destaca a diretora-executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart.

De acordo com ela, esse projeto acompanha as transformações pelas quais passam o setor de transporte. “Sabemos que a tecnologia tem ressignificado inúmeros setores e funções no mercado de trabalho, e a automação é um caminho irreversível. O SEST SENAT está qualificando a força de trabalho para o futuro. Além disso, é importante destacar que a atuação como motorista garante uma remuneração média 40% superior à dos cobradores. A gente está oferecendo a esse profissional uma possibilidade de se recolocar no mercado de trabalho, financiando uma habilitação que custa, em média, R$ 2 mil.”

SERVIÇO Como o projeto funciona?

• A iniciativa viabiliza a mudança da CNH da categoria B para a D e a oferta de cursos específicos para o transporte de passageiros. • Na segunda etapa do projeto, a formação será oferecida gratuitamente em 15 unidades operacionais do SEST SENAT. Quem pode participar?

• Cobradores de ônibus devidamente empregados. • O candidato deve comprovar vínculo empregatício na função de cobrador; possuir CPF; e enquadrar-se nas regras do Contran quanto aos requisitos de tempo de CNH para realizar a mudança de categoria. • A empresa tem que ser contribuinte do SEST SENAT. Como posso saber se a empresa está regularizada?

• Acesse: https://www.sestsenat.org.br/qualificacao-cobradores

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É importante destacar que a participação no projeto está diretamente relacionada à regularidade do cadastro da empresa onde o candidato trabalha junto ao SEST SENAT. A empresa deve ter como atividade econômica principal o transporte e atuar no setor coletivo de passageiros. O candidato deve, ainda, comprovar o vínculo empregatício na função de cobrador de ônibus; possuir CPF; e enquadrar-se nas regras do Contran quanto aos requisitos de tempo de CNH para realizar a mudança de categoria. Outro requisito importante é a empresa estar com o cadastro regularizado junto ao SEST SENAT. l

DISTRIBUIÇÃO DAS VAGAS Cariacica (ES): 350 vagas Manaus (AM): 150 vagas Maceió (AL): 120 vagas Simões Filho (BA): 100 vagas São Luís (MA): 100 vagas Florianópolis (SC): 100 vagas Curitiba (PR): 100 vagas Belo Horizonte - Serra Verde (MG): 50 vagas Vale do Aço (MG): 50 vagas Montes Claros (MG): 50 vagas Taubaté (SP): 50 vagas Foz do Iguaçu (PR): 40 vagas Teresina (PI): 30 vagas Luziânia (GO): 30 vagas Blumenau (SC): 20 vagas


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EXPANSÃO

Mais de uma

unidade por mês

SEST SENAT fecha o ano de 2019 com 13 unidades operacionais inauguradas; a ampliação da rede de atendimentos vai garantir mais qualidade de vida aos trabalhadores e mais produtividade às empresas por

RENATA RAMALHO


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A

s 13 novas unidades do SEST SENAT inauguradas no Brasil em 2019 dão um panorama geral do plano de expansão e melhoria de infraestrutura que vem sendo implementado: a instituição finalizou o ano com a média de mais de uma nova unidade aberta a cada mês e alcançou a marca de 152 estruturas em funcionamento. Somente em novembro e dezembro, foram entregues sete novos espaços localizados em municípios considerados estratégicos para o setor de transporte, o que contribui para o desenvolvimento socioeconômico do país. O estado do Paraná assistiu à abertura de duas novas unidades do SEST SENAT nas cidades de Toledo e Umuarama. Na Paraíba, o município contemplado foi

Cajazeiras; em Minas Gerais, Ituiutaba; em Sergipe, Itabaiana; em Santa Catarina, Concórdia; e em Alagoas, Arapiraca. Todas com infraestrutura moderna e tecnologia de ponta para atendimentos nas áreas de saúde e qualificação profissional, direcionados aos trabalhadores do transporte e à comunidade em geral. Veja box com as estruturas das unidades. “O SEST SENAT está em franca expansão por conta da demanda do setor transportador brasileiro, que também vem se recuperando e crescendo. Para atender às demandas regionais, nossa instituição está adequando a infraestrutura com melhorias direcionadas ao aperfeiçoamento profissional, à saúde e à qualidade de vida do trabalhador do transporte e dos seus dependen-

tes, para quem nossos serviços são gratuitos”, afirma o presidente da CNT e dos Conselhos Nacionais do SEST e do SENAT, Vander Costa. Para o presidente, que marcou presença em todas as inaugurações, o SEST SENAT atua para transformar em resultados a contribuição paga pelos transportadores. “Ao longo dos 26 anos da instituição, as nossas unidades já prestaram mais de 135 milhões de atendimentos. Com a oferta de serviços de educação profissional e de assistência à saúde, o SEST SENAT contribui para melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e aumentar a produtividade e a competitividade do setor transportador brasileiro”, ressaltou. Desde que o plano de expansão e melhoria de infraestrutura

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do SEST SENAT teve início, em 2017, 26 novas unidades operacionais foram inauguradas: Porto Ferreira (SP), Paragominas (PA), Duque de Caxias (RJ), Limeira (SP), Mossoró (RN), Picos (PI), Carazinho (RS), Teotônio Vilela (AL), Serra Talhada (PE), Lages (RS), Sobral (CE), Itumbiara (GO), Guarujá (SP), Maringá (PR), Vilhena (RO), Ourinhos (SP), Votuporanga (SP), Serra (ES), João Câmara (RN), Concórdia (SC), Toledo (PR), Arapiraca (AL), Cajazeiras (PB), Umuarama (PR), Itabaiana (SE) e Ituiutaba (MG). Em 2020, o ritmo de inaugurações será o mesmo: está prevista a abertura de 28 novas unidades operacionais em todo o país. (Com Diego Gomes, Natália Pianegonda e Livia Cerezoli)

CONHEÇA AS ESTRUTURAS Tipologia DN (Toledo, Umuarama, Cajazeiras, Ituiutaba, Itabaiana e Arapiraca) • Sala de treinamento no simulador de direção: 15 alunos • 3 salas de aula: 25 alunos cada • 1 laboratório de informática: 18 alunos • 4 clínicas odontológicas • 1 clínica de fisioterapia • 1 clínica de nutrição • 1 clínica de psicologia • 1 centro multifunções • Placas fotovoltaicas, sistema de captação da água da chuva e reúso de água

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Tipologia C (Concórdia) • Sala de treinamento no simulador de direção: 15 alunos • 9 salas de aula: 25 alunos cada • Sala de treinamento de MOPP (Movimentação de Produtos Perigosos): 40 alunos • 3 salas de atividades práticas da Oficina Pedagógica • 2 laboratórios de informática: 18 alunos cada • 8 clínicas odontológicas • 1 clínica de fisioterapia • 1 clínica de nutrição • 1 clínica de psicologia • 1 quadra poliesportiva


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CONCÓRDIA/SC Concórdia é o oitavo município catarinense a receber uma unidade operacional do SEST SENAT. Inaugurada em novembro, a nova estrutura está diretamente ligada à economia da cidade, concentrada na agroindústria e na agropecuária. Ari Rabaiolli, presidente do Conselho Regional de Santa Catarina e da Fetrancesc (Federação das Empresas de Transporte de Carga do Estado de Santa Catarina), destaca a ampliação da capacidade de atendimento. “A nova estrutura é dez vezes maior que a anterior, instalada na cidade em 1998; e isso vai beneficiar ainda mais os trabalhadores e seus familiares, os empresários e a comunidade.” Para o prefeito Rogério Pacheco, o SEST SENAT é importante para a cidade “não apenas pelos investimentos realizados mas também pelo que representa para o transportador e a sociedade. Estamos recebendo o que há de melhor em tecnologia”, ressaltou.

CAJAZEIRAS/PB O SEST SENAT está presente em três municípios da Paraíba. Um deles é Cajazeiras, que recebeu a mais nova unidade operacional do estado, em função de sua localização estratégica. Cortada pela BR-230, a Transamazônica, a cidade é um dos maiores entroncamentos de passagem do transporte do Nordeste. Para Eudo Laranjeiras, presidente do Conselho Regional Nordeste II e da Fetronor (Federação das Empresas de Transporte

de Passageiros do Nordeste), o novo SEST SENAT Cajazeiras é mais um exemplo do retorno que os transportadores dão para a sociedade. “Com a nova unidade, estamos escrevendo, juntos, um novo capítulo na história do sertão paraibano”, afirma. Segundo o prefeito de Cazajeiras, José Aldemir Meireles de Almeida, além do município, outras 15 cidades das imediações também serão beneficiadas. ”Estou certo de que a nova estrutura do SEST SENAT vai preparar a população para o mercado de trabalho com equipamentos de última geração, como o simulador de direção”, disse.


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TOLEDO E UMUARAMA/PR O Paraná recebeu duas novas unidades em cidades consideradas estratégicas para o desenvolvimento econômico do estado: Toledo, conhecida como a “capital do agronegócio”, e Umuarama, que concentra um grande número de indústrias e tem a agropecuária de corte como destaque. Para o presidente do Conselho Regional do Paraná e da Fetranspar (Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná), Sérgio Malucelli, “equipes com acesso facilitado à saúde em diferentes especialidades e o privilégio de se atualizarem em inúmeras frentes tendem a ser vencedoras. É desse processo de conquista que o SEST SENAT está participando

no Paraná com as inaugurações das novas unidades, contribuindo para o bem-estar dos colaboradores e para o sucesso das empresas do setor de transporte”, afirmou. De acordo com o prefeito de Umuarama, César Luiz Pozzobom, a presença do SEST SENAT na cidade vai garantir a ampliação de benefícios para a população. “O volume de serviços oferecidos pela instituição na área de educação profissional e assistência à saúde é impressionante. Essa é uma parceria muito importante.”, afirmou o prefeito. “O SEST SENAT vem se somar ao trabalho do município voltado à educação e à saúde do cidadão. Além disso, os recursos grandiosos disponibilizados traduzem a importância econômica que Toledo vem demonstrando para o Paraná e para o Brasil”, comemora o prefeito de Toledo, Lúcio de Marchi.

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ARAPIRACA (AL) E ITABAIANA (SE) As novas unidades de Arapiraca (AL) e Itabaiana (SE), que integram o Conselho Regional Nordeste III, foram inauguradas entre novembro e dezembro. As duas novas estruturas substituem as sedes anteriores e ampliam a capacidade de atendimentos em Alagoas e em Sergipe. “A escolha dessas duas cidades para receber as novas unidades tem relação direta com o crescimento econômico e as características dos municípios. Arapiraca, além de ter o maior crescimento, desenvolvimento e importância do interior alagoano, é um polo regional, com influência relevante na região. Itabaiana é a capital nacional do caminhão e tem uma posição estratégica para o transporte rodoviário de cargas na região, sendo rota obrigatória para boa parte das mercadorias que

saem e entram no Nordeste”, afirma Alberto Almeida do Nascimento, presidente do Conselho Regional Nordeste III e da Fetralse (Federação das Empresas de Transporte de Passageiros de Alagoas e Sergipe). Na cerimônia de inauguração de Arapiraca, o prefeito da cidade, Rogério Teófilo, reconheceu a importância do SEST SENAT. “Arapiraca só tem a agradecer ao SEST SENAT. Nada melhor para o setor transportador, já que o nosso município é uma rota extremamente importante para o país”, afirmou. Em Itabaiana, o prefeito Almir dos Santos Costa, destacou a parceria da unidade com o município. “Nós, itabaianenses, só temos a agradecer a essa instituição grandiosa que é SEST SENAT pelos anos de amizade e cooperação. Agora, com essa nova unidade, poderemos continuar valorizando os profissionais da capital nacional do caminhão”, disse, durante a solenidade inauguração.


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ITUIUTABA (MG) Minas Gerais também recebeu uma nova estrutura do SEST SENAT. A unidade de Ituiutaba, localizada no Triângulo Mineiro, uma região de grande relevância para o transporte de cargas e de passageiros e elo entre o Sul e o Nordeste do país, agora tem sede própria e ampliou o número de atendimentos. O presidente do Conselho Regional de Minas Gerais e da Fetram (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros de Minas Gerais), Rubens Lessa Carvalho, destacou a vocação do SEST SENAT para cuidar das pessoas: “a unidade vem tra-

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zer ainda mais educação, ensino, lazer, profissionalismo. Vai treinar as pessoas e trazer condições para desenvolver os profissionais”. Para o vice-prefeito de Ituiutaba, Gilberto Bernal, que na solenidade representou o prefeito, Fued Dib, a nova estrutura é relevante para o Triângulo Mineiro. “Ituiutaba é uma cidade-polo, e a nova unidade do SEST SENAT vai preparar o trabalhador do transporte da região. Muitos empreendimentos estão vindo para cá, e essa nova unidade será um facilitador para que as empresas se sintam atraídas a virem para Ituiutaba. É um estrutura fantástica.”

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ITL

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Competitividade e

segurança

Projeto final de alunos do curso da Embry-Riddle propõe mudanças na quantidade de combustível de contingência na aviação brasileira por

CARLOS TEIXEIRA

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ocê sabe o que é a reserva de contingência de combustível dos aviões? Por normas da aviação, as aeronaves precisam voar com uma quantidade extra de QAV (querosene de aviação) além do necessário para a rota planejada. O objetivo é garantir a segurança do voo em caso, por exemplo, de dificuldades na navegação ou em condições meteorológicas adversas ou não previstas. Tudo isso para que um avião, se houver imprevistos, não fique sem combustível no ar. No Brasil, a regulamentação que trata do tema é o RBAC (Regulamento Brasileiro da Aviação Civil) n.º 121. Conforme a norma, o avião deve estar abastecido com a quantidade de combustível suficiente para ir da origem ao destino programado, mais o necessário para voar até um aeródromo alternativo. A isso se soma a reserva de contingência. Atualmente, o regulamento fixa que ela deve ser equivalente ao necessário para 10% do tempo de voo da origem ao destino programado. Mas será que é preciso levar tanto combustível excedente?

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Afinal, quanto mais peso transportado, maior é o consumo de QAV e, com isso, maiores são as emissões de gases poluentes. Pensando nisso, alunos da terceira turma da Certificação Internacional Aviation Management desenvolveram um estudo que sugere a redução da porcentagem da reserva de contingência de 10% para 5%, sem riscos à segurança. “Percebemos que havia a necessidade de um estudo acadêmico robusto para que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) tivesse mais subsídios para tomar a decisão de se adequar ou não a regras internacionais”, diz o comandante da LATAM Airlines Brasil, Luciano Oliveira, aluno da turma e um dos autores da pesquisa. A Icao (Organização da Aviação Civil Internacional, na sigla em inglês) indica que a reserva seja de 5%. Nos Estados Unidos, a FAA (Federação Americana de Aviação) permite às companhias aéreas definirem o combustível de contingência. A Austrália, o Chile, a Colômbia, o Panamá e países da Comunidade Europeia usam o índice de 5%.

Dessa forma, uma companhia aérea brasileira precisa transportar mais combustível do que as americanas ou estrangeiras. Por essa razão, o coordenador de inteligência operacional da Azul Linhas Aéreas Brasileiras, Diogo Youssef, outro autor do trabalho, defende que “a redução traria mais igualdade nos custos operacionais e vantagem competitiva das empresas brasileiras frente às estrangeiras”. Os cálculos indicam que a mudança nas normas brasileiras poderia gerar economia de US$ 6,5 milhões por ano em combustível para a aviação nacional. Tal economia torna-se ainda mais relevante diante do fato de que o combustível representa até 40% dos custos operacionais das empresas aéreas. Outra vantagem esperada seria a diminuição do consumo de QAV, decorrente da redução do peso transportado, e, consequentemente, das emissões de poluentes e de gases causadores do efeito estufa, que são resultado da queima do querosene. A fim de comprovar a viabilidade da redução, o trabalho

utilizou duas metodologias. A primeira analisou bancos de dados históricos de voo, fornecidos por companhias aéreas. Foi feita a substituição do combustível de contingência real na partida por 5%, a fim de averiguar a quantidade restante na aterrissagem e os impactos gerais dessa mudança. Nessa análise, o resultado indicou que apenas um voo, entre quase trezentos mil, pousou utilizando a reserva. Na segunda metodologia, foi desenvolvido um modelo de cálculo para simular diferentes condições de planejamento de combustível (de táxi, de viagem, adicional etc.), com a regra de 5% de reserva de contingência. Após o uso de entradas aleatórias, dentro de 800 mil valores possíveis de consumo de combustível, em nenhum voo, o modelo indicou a situação de emergência, reforçando a conclusão alcançada no primeiro estudo. Os resultados da pesquisa foram enviados à Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas) e apresentados à Anac, juntamente com os dados de combustível de


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todas as principais companhias aéreas brasileiras. A Agência Nacional de Aviação Civil realizou, em 2019, audiência pública para debater o assunto e, atualmente, analisa as propostas apresentadas. Diogo Youssef explica que as simulações foram feitas com modelos matemáticos amplamente utilizados. Além disso, foram usados como base dados de 12 meses de operação de duas das três maiores empresas aéreas do país. “Construiuse uma base com representatividade de 99,2% de todos os voos executados no Brasil. Os resultados que encontramos nas simulações são similares a valores encontrados no dia a dia, o que também nos passa a segurança de que o modelo matemático é capaz de gerar cenários que representam a realidade.” O diretor-executivo do ITL, João Victor Mendes, destaca que o projeto vai ao encontro do que é feito em outros países e busca um avanço competitivo para o mercado aéreo brasileiro. “O projeto é muito bem detalhado e alicerçado em dados científicos das próprias

empresas. Mostra que é possível que as companhias tenham uma operação com menor custo e melhores resultados, sem perder a missão da segurança dos passageiros.” O curso A Certificação Internacional Aviation Management é voltada para executivos e gestores do transporte aéreo. O curso é promovido pelo SEST SENAT, coordenado pelo ITL (Instituto de Transporte e Logística) e

ministrado pela Embry-Riddle Aeronautical University, a mais tradicional escola de aviação do mundo. Ao todo, o programa já capacitou 90 profissionais do setor, incluindo executivos, gerentes e pilotos de empresas associadas à Abear. O comandante de Flight Standards da Gol Linhas Aéreas, João Centeno, outro integrante do grupo que desenvolveu a pesquisa sobre a reserva de contingência, considera o curso extremamente relevante para o

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crescimento profissional e para a formação especializada em aviação no Brasil. “A EmbryRiddle é uma universidade conceituadíssima no mercado internacional, o que proporciona aos alunos um contato direto com as mais avançadas técnicas e práticas utilizadas no meio aeronáutico.” A quarta turma da Certificação Internacional está em andamento e deve encerrar a capacitação em novembro de 2020. l


TRANSFORMAR VIDAS, ESSA É A NOSSA MISSÃO. O SEST SENAT tem a missão de transformar a realidade do transporte brasileiro e contribuir para elevar a competitividade dos transportadores por meio da educação profissional, da promoção da saúde e da melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores do setor. Acesse o site www.sestsenat.org.br e encontre a Unidade mais próxima a você!

Sérgio Reis

Amigo do trabalhador do transporte


Lilian Viviane Aux. adm. do setor de transporte

Vim para o SEST SENAT por causa da fisioterapia. Agora faço acompanhamento nutricional e já perdi 12 kg graças à ajuda da instituição e à minha determinação.

0800 728 2891

www.sestsenat.org.br

/SestSenatBrasil


TEMA DO MÊS

Mobilidade sustentável: o que deve mudar no ensino superior de engenharia?

Jovens engenheiros para um mundo sustentável CAMILO ADAS

N

CAMILO ADAS Conselheiro de Tecnologia e Inovação da SAE BRASIL

os anos 1960, São Paulo tinha por volta de 3,8 milhões de habitantes, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). As crianças, como eu, brincavam de carrinho de rolimã. Na rua Apeninos, na Aclimação, em São Paulo, poucos carros passavam. A fábrica da Cervejaria Brahma era um marco do progresso industrial. A rua ampla, com poucas casas operárias, tinha sentido de mão dupla; e era permitido estacionar em ambos os lados. Mover-se era um ato inconsciente que envolvia definir uma direção e seguir seu caminho, sem planejar. Transitar pela rua Apeninos hoje é bem mais complexo. A rua continua com mão dupla, e os carros ainda podem estacionar em ambos os lados. A fábrica da Brahma deu lugar a um condomínio de prédios. Uma fábrica no coração da cidade não condizia com o paisagismo urbano ou a sustentabilidade. As pequenas casas operárias viraram altos edifícios comerciais, o que inclui um centro universitário com cursos de engenharia. Em 2018, São Paulo já abrigava cerca de 12,2 milhões de habitantes. Os patinetes são hoje

meio de transporte de adultos, assim como as bicicletas, que interagem com motos, carros e ônibus no meio das ruas. Há linhas de metrô operadas remotamente. A cidade busca alternativas para o entupimento das vias de tráfego. Como planejar melhor esse crescimento? Como fazê-lo de forma realmente sustentável? Como formar engenheiros da mobilidade urbana? As novas modalidades de transporte têm atropelado nossa habilidade de regular e legislar o transporte. Da mesma forma, a lentidão para inovar uma grade universitária que capacite os aprendizes das áreas exatas só faz aumentar a defasagem entre as soluções disruptivas de transporte e a formação acadêmica. Estudantes de engenharia são malabares operando drones em competições oficiais, ou seja, não há limitação na capacidade para a aprendizagem. Mesmo sendo possível vermos esses equipamentos voando entre prédios, mesmo nos maravilhando diariamente com o avanço no desenvolvimento da VTOL (sigla, em inglês, para Decolagem e Aterragem Vertical), somos inertes em preparar currículos transversais e multidisciplinares

que promovam a interação entre os conhecimentos de aeronavegação, gestão de logística tridimensional e planejamento imobiliário. Afinal, onde serão as garagens para estacionarmos nossos veículos aéreos de uso pessoal? A possibilidade de direção autônoma é cada vez mais iminente, e a interdependência entre a conectividade 5G e a Internet das Coisas é discutida de forma corriqueira. Mas as escolas têm docentes atentos e preparados para esses desafios? Temos formado profissionais de telecomunicações, ciência de dados ou gestão integrada de forma adequada? Os conceitos de economia circular estão na pauta da formação de engenheiros que irão projetar os veículos com baterias elétricas? Como vamos integrar as estações de recarga e seus transformadores ao paisagismo urbano? Ora, se Hanna e Barbera previram esse futuro ao criarem o desenho animado dos Jetsons ainda quando andávamos de carrinhos de rolimã, não é a falta de visão de futuro que pode justificar nossa inércia em inovar como educamos os jovens que irão projetar nosso amanhã.


a r i e r r a C Projeto

l a on i ss i Prof

Pro-álcool: um marco para a engenharia nacional HENRY JOSEPH JUNIOR

O

, o i r á s e r p Em

o Projeto Carreira Profissional vai capacitar

jovens para os processos produzir açúcar para exportaseletivos da sua empresa. ção, e não para combustível.

dia 19 de setembro tantes no sistema de alimentade 1979 é uma data ção, devido à corrosão causada Esses fatores somados levaram que nunca deve ser e aos depósitos formados. Em 1979, foi, então, assinado à falta de etanol para os veíesquecida por nós da Etapas: culos e, consequentemente, ao indústria automobilística bra- pelo governo e pela Anfavea sileira. Nesse dia, foi assinado o protocolo com o objetivo desinteresse dos consumidores. um documento que mudou para de estimular os fabricantes a Esse momento foi crucial para sempre a frota brasileira de produzirem veículos de série a engenharia nacional, que foi veículos: o protocolo de plena já preparados para rodar com induzida a encontrar uma nova vagassem haver necessidade solução economicamente viável. Informe, no adesão ao ProgramaLevante Nacional asetanol, formulário de oferta do Álcool, o Pró-álcool. em aberto 2003, de da conversões posteriores de A partir disso, em março de Preencha o termo Na fase anterior a essa, entre surge o veículo flex, que possibimotores. sua empresa de vagas, os perfis de adesão 1975 e 1979, os veículos passavam O protocolo foi assinado por lita o uso de etanol ou gasolina desejáveis por modificações feitas pelos todas as associadas da enti- em qualquer proporção. Foi um consumidores para se tornarem dade, e a imagem ruim que o marco histórico ter um veículo movidos a etanol, mas os resulta- veículo a álcool passava para habilitado para os dois combusdos não eram muito satisfatórios. os clientes mudou quando pro- tíveis. De lá para cá, quase 35 A imagem inicial do uso de etanol dutos com tecnologia agrega- milhões de veículos leves foram Noções de Gestão do Tempo O SEST SENAT de fábrica foram comercializados hidratado puro como combustível da e garantia com a tecnolode Ética Profissional jovens por gia. ÉNoções impensável imaginar o país à sociedade. não era muito positiva juntoconvocará aos entreguesos Desenvolvimento Motivacional e Trabalho em Equipe meio Mais de um de 5edital milhõesedeosuni- hoje sem veículos flex. consumidores. De um lado, tínha5S – Qualidade e Produtividade mos veículos malconvertidos, dades foram comercializadas Enquanto o mundo discute Como manter sua empregabilidade com desempenho ruim e com entre 1979 e 1993. Porém, nos alternativas para o combustível componentes inadequados ao anos seguintes, o interesse do fóssil e de redução das emiscontato com o etanol. De outro, consumidor diminuiu. Em 1996, sões de CO2, o Brasil possui tínhamos um combustível com somente 40,7 mil unidades uma solução sustentável, limpa, renovável e SENAT economicamente qualidade muito irregular e bas- foram vendidas, uma enorme No fi nal do curso o SEST enviará para sua empresa um ranking dos problema, jovens aprovados tante agressivo aos componentes queda comparando-se para esse há aos viável do motor. quase 20 anos, que permitiu quase 700 mil veículos comerCom a lista em mãos, convoque os jovens para o O resultado eram veículos cializados em 1986. o processo seletivo desenvolvimento de novas tec- HENRY JOSEPH JUNIOR da sua empresa. Diretor técnico da Anfavea A diminuição do preço inter- nologias, como o híbrido flex. com alto consumo; péssima É verdade que teremos veí- (Associação Nacional dos dirigibilidade; com dificuldades nacional do petróleo reduziu o Fabricantes de Veículos gritantes de partida, especial- valor da gasolina nos postos de culos elétricos no Brasil, mas Automotores) e integra o Conselho mente a frio; que emitiam um abastecimento; e o aumento do não podemos esquecer do gran- Diretor da AEA (Associação forte cheiro de álcool; e que preço internacional do açúcar de potencial de biocombustí- Brasileira de Engenharia Automotiva) necessitavam de reparos levoupara o agronegócio Serviçoconsgratuito empresasa preferir veis que possuímos.

capacitará em:

do setor de transportes.


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DR. MARCELO AUGUSTO DE FELIPPES CIT realizaPROF.Assembleia Ordinária na América Central PROF. MARCELO AUGUSTO DE FELIPPES ARQUIVO CIT

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epresentantes de 17 países-membros da CIT (Câmara Interamericana de Transportes), incluindo autoridades governamentais e diplomáticas, reuniram-se entre os dias 4 e 6 de novembro, no Copantl Hotel & Convention Center, em San Pedro Sula, Honduras. Durante o encontro, novas entidades passaram a integrar o quadro de afiliados da CIT: ABTP (Associação Brasileira de Terminais Portuários) — capítulo Brasil; Coel (Conselho Empresarial Logístico) e a Atracapa (Associação de Transportadores de Carga do Panamá) – capítulo Panamá. Por último, com a aprovação da entrada da Câmara de Comércio de Puerto Rico, os Estados Unidos passam a ser o 19º país-membro da CIT. Sediado em Washington, o Global Federation of Competitiveness Councils (GFCC) celebrou acordo de cooperação com a CIT em novembro e passa a ser parte do quadro de associados participantes. Como resultado inicial, receberá a 34ª Assembleia Geral Ordinária da CIT no âmbito do grande evento internacional The 2020 Global Innovation Summit (GIS 2020), em Melbourne, Austrália, nos dias 14 a 16 de novembro de 2020. O Conselho oficializou ainda o reconhecimento do presidente interino legítimo da Venezuela, Juan Guaidó, seguindo a posição de mais de 50 países. Na prática, o Capítulo Venezuela passa a ser conformado por representantes diplomáticos nos países em que a CIT se encontra, com direito a voz e voto nas assembleias da CIT. O evento contou com participação de altas autoridades do governo de Honduras, entre elas, destaca-se María Antonia Rivera, primeira designada presidencial e secretária de Estado de Honduras, que foi condecorada com a Medalha de Ordem do Mérito Interamericano de Transportes (OMITrans). Também foram condecorados os senhores Paulo Gaba Junior, vice-presidente de infraestrutura e logística da CNT; Hector Orlando Fajardo Reyes,

presidente do Capítulo Guatemala; José Daniel Ramirez Cabrera, vice-presidente do Capítulo Guatemala; e Raúl Antonio Alfaro Arce, presidente do Capítulo El Salvador. Para a Comissão de Jovens CIT (J-CIT), a Assembleia contou com a participação de numerosos alunos das universidades locais: UNITEC, USAP, UNAH, UTH e UCENM. Por último, a Operadora Portuária Centroamericana (OPC) recebeu os membros da CIT no Porto Cortés para uma produtiva e instrutiva visita técnica, que muito conhecimento agregado trouxe a todos os participantes.


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CIT realiza Asamblea Ordinaria en Centroamérica PROF. MARCELO AUGUSTO DE FELIPPES

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epresentantes de 17 países miembros de la Cámara Interamericana de Transportes – CIT, incluyendo autoridades gubernamentales y diplomáticos, se reunieron en los días 4, 5 y 6 de noviembre de 2019, en el Copantl Hotel & Convention Center, en San Pedro Sula, Honduras. Nuevas entidades pasaron a conformar el cuadro de afiliados de la CIT: Asociación Brasileña de Terminales Portuarios (ABTP) Capítulo Brasil; Consejo Empresarial Logístico (COEL) y la Asociación de Transportadores de Carga de Panamá (ATRACAPA) – Capítulo Panamá; por último, con la aprobación del ingreso de la Cámara

de Comercio de Puerto Rico, los Estados Unidos pasaron a ser el 19º país miembro de la CIT. Con sede en Washington, el Global Federation of Competitiveness Councils (GFCC) celebró acuerdo de cooperación con la CIT en noviembre, y pasa a ser parte del cuadro de asociados participantes y como resultado inicial, recibirán la 34ª Asamblea Geral Ordinaria de la CIT en el marco del grande evento internacional The 2020 Global Innovation Summit (GIS 2020), en Melbourne, Australia, en la fecha del 14 al 16 de noviembre de 2020. Referente a los países miembros, el Consejo oficializó el reconocimiento del presidente interino legítimo de Venezuela, Juan Guaidó, siguiendo la posición de más de 50 países. En efecto, el Capítulo Venezuela pasa a ser conformado por representantes diplomáticos en los países en que la CIT se encuentra, con derecho a voz y voto en las asambleas de la CIT. El evento contó con la participación de autoridades del gobierno de Honduras, entre ellas, se destaca María Antonia Rivera, primera designada presidencial y secretaria de Estado de Honduras (equivalente a vicepresidente), quién fue condecorada con la Medalla del Orden del Mérito Interamericano de Transportes (OMITrans). También fueron condecorados los señores: Paulo Gaba Junior, vicepresidente de infraestructura y logística de la CNT; Hector Orlando Fajardo Reyes, presidente del Capítulo Guatemala; José Daniel Ramírez Cabrera, vicepresidente del Capítulo Guatemala; y Raúl Antonio Alfaro Arce, presidente del Capítulo El Salvador. Para la Comisión de Jóvenes CIT (J-CIT), la Asamblea contó con la participación de numerosos alumnos de las universidades locales: UNITEC, USAP, UNAH, UTH y UCENM. Por último, la Operadora Portuaria Centroamericana (OPC) recibió a los miembros de la CIT en el Puerto Cortés para una productiva e instructiva visita técnica, que bastante conocimiento agregado trajo a todos los participantes. CONTEÚDO DE RESPONSABILIDADE DA CIT (CÂMARA INTERAMERICANA DE TRANSPORTES)

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CNT TRANSPORTE ATUAL

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ALEXANDRE GARCIA

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Voltar aos trilhos

olto aos trilhos. Talvez seja a nostalgia da infância, quando o apito das locomotivas a vapor me acordava de madrugada; talvez seja saudade dos tempos em que ia de trem a Porto Alegre para ver Grenais. Despertou-me a saudade uma declaração do Ministro da Infraestrutura, prevendo que, em oito anos, o modal ferroviário terá dobrado sua participação no transporte nacional. No Dia da República, além disso, veio a lembrança de que, depois de Deodoro ter derrubado o governo, o imperador desceu de Petrópolis de trem. Faz 130 anos, e já não temos trem em um continente de 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Ponha-se burrice estratégica nisso! Agora voltei a ver comboios imensos, como a imagem que circulou nas redes sociais, na ligação entre o porto de Santos e Rondonópolis, em Mato Grosso. Não deu para contar o número de vagões; pareciam que estavam substituindo uns 300 caminhões. Em breve, Anápolis (GO) a Santos; a Norte-Sul se ampliando; e a Transnordestina recebendo sangue novo. Nos tempos de Dom Pedro II, já estava construída quase metade das estradas de ferro hoje existentes. Washington Luís, com o “governar é abrir estradas”, considerou como estradas apenas as rodovias. Já Juscelino considerou estímulo à indústria dar prioridade às montadoras de veículos. E prefeitos, a cada vez que Geisel sugeria programas de ferrovias, torciam o nariz, porque asfalto e viadutos são mais visíveis para atrair votos.

Na Europa, o lugar mais movimentado das cidades é a estação ferroviária. Nos Estados Unidos, caminhões e trens se complementam. Para passageiros, esse é o transporte mais seguro; para cargas, mais barato. Ferrovias são mais duradouras e mais fáceis de se conservar do que rodovias. A agricultura brasileira está entre as mais modernas e mais produtivas do mundo, mas não entre as mais competitivas, por causa do escoamento das safras e do transporte aos portos e aos centros consumidores. Uma pesquisa da CNT constatou que só 41% das rodovias estão em boas condições. Rodovia ruim resulta em quebra de carga, sem falar em perda de vidas. Dobrar a participação da ferrovia, como anunciou o ministro Tarcísio Gomes de Freitas, não é apenas uma esperança mas também uma necessidade tão urgente que não dá para esperar oito anos. Os chineses quase triplicaram o PIB do país em dez anos e mostram que prazos podem ser reduzidos. No Brasil, a União não tem recursos para isso. As últimas décadas de social-democracia incharam o Estado, que se tornou ineficiente para prestar bons serviços e investir. O que o Estado arrecada mal dá para sustentar as próprias despesas e pagar os juros do que tomou emprestado por gastar demais. O Estado está esgotado como condutor do crescimento. A política liberal atual sabe que o investimento só será possível se buscá-lo na iniciativa privada, nacional ou estrangeira. Isso é o que os trilhos do amanhã esperam. São eles o transporte do próprio país de uma era medíocre para a Estação Futuro.


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Natal é tempo de

renascimento. É tempo de estar na companhia de quem se ama e agradecer pelos frutos do trabalho. É tempo de compartilhar o pão e retribuir pelo que a vida trouxe. É tempo de imaginar o futuro com olhos de criança. Desejamos um Natal encantado e que o ano de 2020 seja repleto de realizações!


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