O que é o que é que cresce na beirada da calçada na rachada do cimento quebra o piso do quintal e do estacionamento incomoda todo mundo sem pedir consentimento?
Não se vende no mercado não tem na loja grã-fina nem ninguém quer ter por perto que nem febre escarlatina mas não liga pro aperto nasce sem certificado e em todo canto germina Naquela planta ordinária você pisa e nem percebe ela morre e renasce no alto da casa e no esgoto você acha ela precária feia e até desnecessária e ela nasce o tempo todo
Você arranca com as mãos enche a terra de veneno xinga a mãe de Satanás pede pra Deus um remendo só que a sua fúria assassina não mata nem extermina essa irrupção divina Você planta uma florzinha do pacote de semente no vaso bem cuidado com esterco inteligente mas vai ver e a plantinha sucumbiu à erva daninha ficou a praga somente Você planta uma mudinha de árvore bastante esbelta pensa nas folhas bonitas e nas frutas, que delícia mas vai ver e a mudinha sufocou, não tem colheita no lugar, só a estrupícia Você morre e pensa “agora fico livre dessa história valei-me Nossa Senhora me livrai dessas imundas” mas lá debaixo da terra vira almoço da ordinária ela nasce na sua bunda
Essas plantas, que são muitas têm folhagens bem diversas cada uma tem sua flor sua preferência perversa cada uma, um inimigo mas crescendo todas juntas são uma só coisa adversa Pra quem vê com atenção elas são até bonitas mesmo sendo vagabundas e não tendo pedigree cada planta tem seu jeito e quem não tenha defeito jogue a primeira pedra aqui Umas têm nome de santa como é oaborrecimento caso da Luzia São um uma santa italiana que não quer aborrecer assassinada rei elas ajudam pelo a gente que queajudar ela fizesse e nãoqueria querem só ele quisesse sãooasque plantas ordinárias mas a Luzia não não desejam serfez lembradas só viver, e nada mais O rei, ficando irritado ordenou queassassinadas os soldados Mas se são tacassem fogo moça pelas mãos do na jardineiro pra elapés servir exemplo pelos do de transeunte mas fogo não ou o oveneno do pegou empresário ea terra Luziafaz iluminada elas brotar: apagou queimada quando sem você ser mata uma nasce outra em seu lugar
Pois assim são essas plantas ordinárias, vagabundas resistentes, lutadoras essas plantas são senhoras da vontade delas próprias empesteiam o planalto brotam no meio do asfalto Plantas feias ou bonitas dependendo de quem vê que não querem ter um nome nem programa na TV não querem fama nem dinheiro nem ter carro importado nem ser parte de um buquê
O rei ficou furibundo e ordenou que os soldados arrancassem os dois olhos da donzela iluminados e levassem pra ele ver mas ao chegar a encomenda os olhos já eram lenda: Tinham voltado pra moça que via tudo destemida pois sabia que ninguém podia com ela, nem o rei ele ficou mais bravo ainda e ordenou que os soldados decepassem a moça linda Aí não teve mais jeito e a cabeça de Luzia rolou pra muito longe - no lugar, cheio de sangue nasceu a erva daninha de flor linda e azulzinha: erva-de-santa-luzia Mas não é toda ordinária que tem história assim marcante a maioria não deseja nem ter nome, que dirá ter um passado assim pesado só de sangue e sofrimento escondido no cimento
É bom ser planta ordinária e passar despercebida entre as plantas convencidas que têm fama de importante elas vão pro ramalhete são servidas num banquete e nas mesas elegantes A ordinária, no relento passa as noites no sossego e faz só o que dá na telha: nasce dentro do bueiro cresce da sua maneira sem ninguém na sua rabeira poliniza o mundo inteiro Porque ninguém gosta dela a ordinária aprendeu a viver mais do que a rosa: ela dá em toda parte não tem casa definida ela é muito talentosa faz o show da poderosa Ela é o pesadelo do empresário endinheirado que só pensa no dinheiro e planta milho envenenado mata bichos e floresta no Brasil e em todo lado manda o milho pro mercado
Uma planta ordinária (buva ou rabo-de-foguete) é resistente ao glifosato um veneno bem potente que é jogado na lavoura pra matar todas as pragas e que também mata a gente A buva cresce no milho e na soja transgênica que o empresário criou e que é anti-higiênica deixa o povo sem trabalho dá doença nas pessoas é um safado esse empresário Mas a buva é a vingança da natureza muito sábia ela resiste ao veneno e à soja modificada destrói aquilo que o empresário ia vender como comida, essa buva é nossa amiga O empresário fica louco de perder tanto dinheiro e tenta matar a buva de tudo quanto é jeito mas se ele conseguir outra ordinária vai nascer pra combater esse açougueiro
Essas plantas, que são muitas têm folhagens bem diversas cada uma tem sua flor sua preferência perversa cada uma, um inimigo mas crescendo todas juntas são uma só coisa adversa Pra quem vê com atenção elas são até bonitas mesmo sendo vagabundas e não tendo pedigree cada planta tem seu jeito e quem não tenha defeito jogue a primeira pedra aqui Umas têm nome de santa como é oaborrecimento caso da Luzia São um uma santa italiana que não quer aborrecer assassinada rei elas ajudam pelo a gente que queajudar ela fizesse e nãoqueria querem só ele quisesse sãooasque plantas ordinárias mas a Luzia não não desejam serfez lembradas só viver, e nada mais O rei, ficando irritado ordenou queassassinadas os soldados Mas se são tacassem fogo moça pelas mãos do na jardineiro pra elapés servir exemplo pelos do de transeunte mas fogo não ou o oveneno do pegou empresário ea terra Luziafaz iluminada elas brotar: apagou queimada quando sem você ser mata uma nasce outra em seu lugar
Pois assim são essas plantas ordinárias, vagabundas resistentes, lutadoras essas plantas são senhoras da vontade delas próprias empesteiam o planalto brotam no meio do asfalto Plantas feias ou bonitas dependendo de quem vê que não querem ter um nome nem programa na TV não querem fama nem dinheiro nem ter carro importado nem ser parte de um buquê
Se a gente tiver sorte vai virar planta ordinária vagabunda, resistente não vai ter nome nem parente só amigas desconhecidas que passam despercebidas pelas ruas da cidade E um dia toda a Terra vai virar um só jardim só de plantas ordinárias que serão sobreviventes onde o homem destruiu (se a gente tiver sorte também vai ser ordinária) Este é o fim deste cordel sobre as plantas ordinárias quem quiser que conte outro e invente outra história: jogue as folhas de papel para o alto, e do céu vai brotar outra memória.
O que é o que é que cresce na beirada da calçada na rachada do cimento quebra o piso do quintal e do estacionamento incomoda todo mundo sem pedir consentimento?
Não se vende no mercado não tem na loja grã-fina nem ninguém quer ter por perto que nem febre escarlatina mas não liga pro aperto nasce sem certificado e em todo canto germina Naquela planta ordinária você pisa e nem percebe ela morre e renasce no alto da casa e no esgoto você acha ela precária feia e até desnecessária e ela nasce o tempo todo