Especial 13 anos - 27-04-12

Page 1

www.tribunafeirense.com.br

FEIRA DE SANTANA - SEXTA-FEIRA, 27 DE ABRIL DE 2012

ANO XIII - Nº 2.373

ATENDIMENTO (75)3225-7500

R$ 1 redacao@tribunafeirense.com.br

Joias comerciais do Sertão

C

omercial na sua essência, Feira de Santana tem suas pérolas: as empresas que nasceram pequenas, enfrentaram as dificuldades, venceram o tempo, cresceram, se modernizaram e permanecem na ativa. São vários os exemplos. A mais antiga delas é a Cerqueira, que chega aos 88 anos de existência esbanjando vitalidade. A cidade tem muitas sessentonas, cinquentonas e quarentonas que, pelo o que demonstram, vão longe. Bem mais além do que se pode imaginar. E não apenas em termos cronológicos. Algumas empresas locais, como a Le Biscuit, já passaram os limites municipais para se tornarem líderes nas suas áreas de

atuações. São empresas sólidas, com um passado decente e um futuro focado na sua expansão. Todas geram, em menor ou maior número, importantes postos de trabalho na Princesa do Sertão. Num setor onde a vida dos empreendimentos duram alguns anos, apenas, chegar à fase do “enta” (quarenta, cinqüenta, sessenta ...) é um feito a ser comemorado. E homenageando, como faz a TRIBUNA, a competência, o talento e a determinação destes empreendedores, cujas sementes que plantaram viraram árvores frondosas, que já geraram ou tiveram par ticipações diretas no surgimento e ou no desenvolvimento de outras árvores. E de todas as espécies.


2

especial

Feira de Santana, sexta-feira, 27 de abril de 2012

Cheirinho de pão há 60 anos C

hega longe no centro da cidade o cheirinho gostoso de pão ou de outros derivados da farinha de trigo assando. É a Padaria da Fé em plena atividade, na rua Sales Barbosa. É assim há mais de seis décadas, como está escrito na sua fachada. Uma época que o local era chamado de Rua do Meio. Foi a única das antigas padarias que restou naquela região – já existiram outras na rua Marechal, próximo da Igreja de Nossa Senhora dos Remédios e na praça Fróes da Motta. O comerciante Jorge Mascarenhas, que foi vereador em Feira, inaugurou a Padaria da Fé em 1946, quando Feira de Santana tinha pouco mais de 200 mil habitantes. Varou os anos com desenvoltura. Muita lenha foi queimada para aquecer o forno que assa os pães que todos os dias são levados às mesas de milhares de clientes. É uma atividade que se renova a cada dia que começa já na madrugada. É uma padaria à antiga, com pouco toque de modernidade. Além dos pães em recipientes que parecem caixas, mas feitas de madeiras, suas prateleiras exibem alguns produtos que tradicionalmente são encontrados em mercearias e mercados de todos os tamanhos – do mini ao hiper. Tentou-se inserir novos conceitos comerciais. Com o tempo verificou-se que o negócio deles era vender pão e lanches, mesmo. Os outros produtos foi a tentativa de embarcar o negócio na tendência de mercado, onde o mix de uma padaria deveria

A comerciária Iranildes Pontes diz que entrar na Padaria da Fé se tornou obrigação. “Quando não compro um lanche levo o pão para a minha casa”. A vantagem para ela é que o produto está sempre fresquinho. “Quem não gosta do pão da Padaria da Fé é porque não o conhece”. Revela que é freguesa deste os anos 80, quando começou a trabalhar numa loja de confecções. Marcelo Oliveira é um dos clientes que começaram a freqüentar a Padaria da Fé ainda criança. “Meu pai, A Padaria da Fé foi a única que sobreviveu no centro, onde está há mais de seis décadas João Silvério de Oliveira, ter outros atrativos. Bem, sua família tome o leme em Feira”. Reconhece número de consumidores era cliente antigo e sempre tentou-se. Em um dos lados da empresa. “É muito que o acesso difícil, bem e que as barreiras cada me trazia para cá para do prédio foram colocadas trabalho. É um negócio como a necessidade de vez mais são erguidas para comprar pão ou um sonho. mesas e cadeiras para para quem realmente se ter uma área para este segmento no centro da Virei um dos consumidores depois de adulto e casado”. que as pessoas pudessem gosta”. Desconfiam mas estacionamento, reduz o cidade. lanchar sossegadamente. não desacredita. “Vender O problema é que quem pão, de certa forma com passa ou vive da Sales as delicatessen, voltaram Barbosa é um eterno a ser respeitadas”. atrasado. A pressa é amiga Para ele, o negócio inseparável de todos. mesmo difícil é viável. A mais tradicional Mas para que se avance padaria do centro não sempre é necessário ser embarcou por completo insistente. “Esta é uma na nova tendência, que maneira de resistir”. mudou o desenho interno Roberto disse saber que e o lay out dos novos o público das novas não estabelecimentos criados é o mesmo das antigas na cidade nos últimos padarias. Na Padaria da anos. Além de produtos de Fé pode-se observar que encher os olhos, devido a a clientela é formada sua variedade e gostosura, basicamente por pessoas a fachada dos prédios, bem das classes mais à base da como a distribuição dos pirâmide social, enquanto mobiliários internos foram que numa delicatessen projetados para agradar acontece justamente o aos clientes. Feitos para contrário. Diz que a mudança que eles não se sintam numa padaria. Mas numa no segmento inseriu novos delicatessen. Na da Fé conceitos e exigências por tudo continua quase como parte dos consumidores. Comenta que a Padaria era antes. Com o afastamento da Fé, numa rua estreita de Jorge Mascarenhas e com grande quantidade a padaria passou a ser de comerciantes de rua, é gerida pelos filhos Carlos e sempre procurada devido Roberto Mascarenhas, que a sua tradição na cidade estão à frente da empresa e a qualidade dos seus desde os anos 90. Roberto produtos. “Ao longo das disse não acreditar muito décadas nos tornamos uma que a segunda geração da referência para este setor Fundado em 10.04.1999 www.tribunafeirense.com.br / redacao@tribunafeirense.com.br Fundadores: Valdomiro Silva - João Batista Cruz - Denivaldo Santos - Gildarte Ramos Editor - Glauco Wanderley - Diretor de Planejamento - César Oliveira Diretora Financeira - Márcia de Abreu Silva Editoração eletrônica - Maria da Piedade dos Santos

TEXTOS E FOTOS DESTA EDIÇÃO BATISTA CRUZ

Rua Quintino Bocaiuva - 701 - Ponto Central CEP 44075-002 - Feira de Santana - PABX (75)3225.7500/3223.6180


especial

Feira de Santana, sexta-feira, 27 de abril de 2012

Moinho Tabajara: marca feirense para a Bahia

H

á 65 anos o mascate Celestino Correia Gomes abriu um novo negócio e lá colocou seus filhos para trabalhar. Criou, assim, o Moinho Tabajara que ao longo das últimas seis décadas e meia se tornou uma das marcas feirenses mais conhecidas no interior baiano. A empresa, que sempre manteve o perfil familiar, agora é comandada por netos do seu fundador. O Moinho Tabajara desde 1974 pertence a Isaac Suzart, um dos quatro filhos de Celestino Correia – os outros são Francisco (que depois fundou o Moinho Carajara), Celestino e Denivaldo. Ele comprou as cotas da sociedade que pertenciam aos irmãos e que estavam à frente dos negócios desde 1963, ano da morte do fundador. A sua primeira sede foi na rua Sales Barbosa, que à época ainda era conhecida como Rua do Meio. O prédio localizado na rua Visconde do Rio Branco é da mesma época. Mas a empresa ampliou o seu prédio na praça do Tropeiro, que está mais moderno. Isaac Suzart, que já passou dos 80 anos, entregou os destinos da empresa aos filhos. Mas sempre está presente. Como um guardião

João Marcelo pertence à terceira geração da família que está no comando da empresa nascida na Sales Barbosa

de um tesouro, vai três vezes à empresa, semanalmente. Atua como um fiscal ou passa o tempo em animados bate-papos com os amigos. Varar décadas não é para qualquer empresa. O Moinho Tabajara se tornou referência no mercado nos derivados de milho. Para tanto, diz João Marcelo, que com suas irmãs Rosa e Sílvia, está há 12 anos à

frente do Tabajara, o foco foi mantido na qualidade dos produtos com sua logomarca que são levados à mesa dos consumidores. “Tivemos que trabalhar muito para nos mantermos no mercado competitivo com este. Não podemos vacilar, mesmo ostentando uma marca consolidada”, diz o empresário. Outro p o n t o ev i d en ci ad o fo i

buscar a excelência nos seus principais produtos, o fubá e o creme de milho, “que se mantém o nosso carro chefe até hoje”. A empresa também tem marca própria de café. Mas tem como estratégia de vendas deste produto voltada apenas para a região, ao contrário dos outros produtos que fabrica. João Marcelo argumenta que a

competitividade no setor da torrefação é grande e que cada região do estado existe uma marca forte de café. Por isso optou-se por não enfrentar a concorrência no mercado delas. Mas, diz, ao longo dos anos foi alargando as fronteiras comerciais. “Estamos presentes, com nossos derivados de milho, em praticamente toda a

3

Bahia”. A empresa é uma senhora sessentona que não perdeu o apetite da expansão dos negócios. O próximo passo, revela João Marcelo, levar às prateleiras feijão e arroz com marcas própria. De acordo com ele, a empresa ainda não entrou neste setor devido a cláusulas do contrato social que não constavam este viés comercial. Mas o problema já foi resolvido e dentro de mais alguns meses os dois produtos com a logomarca vão estar à disposição dos clientes. Outro passo será dado rumo ao mercado de flocos de milho. Ele diz que a empresa já fabricou o produto, mas que não encontrou boa receptividade entre a sua clientela, que sempre associou o Moinho Tabajara ao creme de milho. “Mas agora vivemos uma nova realidade e acredito que mais uma vez vamos emplacar um novo produto neste mercado”. As cinco mil sacas de milho que são beneficiadas mensalmente – 250 toneladas, são levadas para o mercado na forma de fubá, xerém, canjica, entre outros produtos que enriquecem a culinária regional. O milho é comprado em várias regiões e vem até de outros estados, como Goiás.

Marca do Tabajara foi Empresa estimula contratação de familiares “visão” de terreiro

A logomarca da empresa é um índio paramentado para a guerra. Mas a imagem não foi criada pensando numa aldeia. Mas no terreiro de candomblé, afirma João Marcelo. E conta parte da história. “Quem deu a idéia de colocar o nome Tabajara foi a segunda mulher do meu avô, que foi a um terreiro de candomblé e voltou para a casa deles com esta orientação”. A orientação da entidade, para que a nova empresa fosse registrada com o nome de Tabajara foi plenamente acatada por Celestino Correia Gomes. E, sem dúvidas, deu certo. A aldeia dos índios tabajara fica na serra de Ibiapaba, no município cearense de Tianguá, na divisa com o Piauí.

O milho é beneficiado na unidade da rua Visconde do Rio Branco

A Moinho Tabajara é uma empresa familiar, desde o seu nascimento, e continuou com a mesma filosofia de trabalho a partir da aquisição de todas as cotas, em 1974, por Isaac Suzart. E isto reflete na contratação dos funcionários. Alguns são netos de pessoas que trabalharam no Tabajara. João Marcelo diz que Cristina, que trabalha no caixa da loja da praça do Tropeiro, é neta de uma ex-funcionária. “Aqui também trabalharam o seu pai, um tio e um primo”. De acordo com ele, outros funcionários tem familiares como colega de empresa. São funcionários que apresentam parentes para ocupar uma vaga de trabalho, quando surge. E a empresa não faz objeção no momento da contratação. Ao contrário: estimula a entrada.

Há 13 anos a Tribuna Feirense veste as notícias com sua melhor roupa : a verdade!

Parabéns ao Jornal Tribuna Feirense!

Kammys Modas Rei Nelsinho, o Nº 1, é claro.


4

especial

Feira de Santana, sexta-feira, 27 de abril de 2012

Casa do Fazendeiro é uma marca há 54 anos

N

um mercado competitivo, a Casa do Fazendeiro sobrevive há 54 anos e vem esbanjando saúde nos últimos anos. Foi fundada em 1958 por Carlos Trindade. Em 2000 trocou de dono pela primeira vez. Há cinco anos pertence a Antônio Raimundo Santana Lins, que em 1979 entrou na empresa como vendedor. Foi a segunda troca de comando. “Comprei o nome de fantasia e a razão social”, enfatiza. De quebra levou a tradição e o bom conceito que a empresa conquistou no mercado regional, que tem valor agregado muito significativo. A Casa do Fazendeiro é uma das primeiras lojas especializadas fundadas em Feira de Santana. É a empresa deste setor mais lembrada pelos feirenses, de acordo com pesquisa realizada por um jornal de circulação estadual. Para o empresário, a Casa do Fazendeiro está presente no inconsciente coletivo dos moradores da região. “Viramos sinônimo de vendedores de produtos veterinário”, afirma. E explica: “não são poucas as pessoas que vêm aqui para trocar um produto,

A data da fundação da Casa do Fazendeiro, em 1958, está na fachada da única loja que restou do grupo

mas quando a gente vê a nota fiscal observamos que a compra foi efetuada em outra empresa. “Geralmente quando perguntado onde comprou o produto, a pessoa responde que foi aqui e o interessado nos procura para fazer a troca”. Esclarecido o equívoco, ele vai procurar a loja onde a compra foi feita. E as vezes adquire produtos na

loja comandada por Antônio Raimundo. Ele diz que é assim que o bom atendimento aliado a um preço convidativo é a fórmula para cativar a clientela. E isto a Casa do Fazendeiro faz com maestria. A grande maioria dos seus clientes, de acordo com o empresário, é antiga. “São pessoas que compram com a gente há mais de trinta

Antônio Raimundo entrou na empresa como balconista; comprou a marca anos depois

anos. Que começaram vir aqui com os pais e hoje são acompanhados por seus filhos durante suas compras”. A loja tem um mix grande. São mais de quatro mil produtos espalhados na sua área interna e em parte do passeio. Vende de medicamentos veterinários a aves, passando por rações para animais de todos os

portes e peixes ornamentais e gaiolas. Todos os espaços são ocupados. Um cliente se mostrou interessado em comprar um gato persa. O preço, cerca de R$ 150, parece que não o agradou muito - ao contrário do bichano. Ficou de voltar. O empresário sabe que se no pasto o olho do dono engorda o gado, no comércio

é a sua participação ativa que mantém os negócios na rota do crescimento. Ele mesmo é um dos balconistas – a mudança de status dentro da empresa não mudou o seu comportamento frente à clientela, diverte-se. Ao seu lado trabalham dois filhos. É a continuidade do negócio da família sendo treinada. O jovem Linsmar Oliveira Lins trabalha com o pai, de olho no futuro. “Estou sendo preparado para continuar o negócio, que é da família inteira”, afirma. Planos de expansão existem. Crescer, sem repetir os erros do passado, é sinal de plena maturidade. A empresa tem apenas uma loja, hoje localizada na rua Recife, que é mais conhecido como ladeira do Centro de Abastecimento – que começa na rua Conselheiro Franco e vai até a entrada do entreposto. Antes, foram criadas filiais, que foram fechadas. Por muitos anos uma das unidades ficou na praça Bernardino Bahia – as outras na Conselheiro Franco e na rua Edelvira Oliveira, em frente ao Hospital Dom Pedro de Alcântara, na Kalilândia.

Parabéns ao Jornal Tribuna Feirense pela importante data. Parabéns por mais um ano de vida. Durante os 13 anos a divulgar, promover e defender os interesses de Feira de Santana e região, com lealdade, idoneidade, honestidade e simplicidade. Edmilson Cerqueira (dir. de Imprensa e Comunicação)

Linsmar Lins está sendo preparado para continuar no comando da empresa da família

SINDICATO DOS BANCÁRIOS DE FEIRA DE SANTANA.


especial

Feira de Santana, sexta-feira, 27 de abril de 2012

5


6

Feira de Santana, sexta-feira, 27 de abril de 2012

especial


especial

Feira de Santana, sexta-feira, 27 de abril de 2012

7

A pioneira Oficina Pernambucana Túnel do tempo

São máquinas que parecem gastas pelo uso contínuo ao longo das últimas décadas. Entrar na oficina é fazer uma viagem ao passado, ao observar fresadoras e tornos com décadas de história e trabalho. Todo maquinário é antigo. Mas, diz o dono, todos funcionam perfeitamente. É a linha de produção de peças que saíram do catálogo das distribuidoras ou que não são encontradas no mercado. “Vem para cá e a gente tem que fazer. É muito bom ver um pedaço de ferro ser transformado numa peça”. A demanda já foi maior, mas, diz, ainda tem mercado para a Oficina Pernambucana. Com a popularização das autopeças, a procura pelo serviço diminuiu muito. A pavimentação das estradas contribuiu para tornar as peças dos caminhões mais resistentes. Hoje, de acordo com Israel, a procura maior está com o embuchamento do eixo direito e a engrenagem do cilindro das masseiras das padarias.

Israel Júnior e Israel Francisco: o filho herdou o gosto para transformar pedaços de ferro em peças

O

m e c â n i c o Temístocles Teixeira chegou em Feira de Santana no final da década de 40. Empreendedor, tratou logo de abrir um negócio próprio para ganhar a vida. A oficina que se tornou tornearia foi inaugurada no primeiro trimestre de 1948, e batizada de Oficina Pernambucana, homenagem ao estado de origem. Há 64 anos funciona no mesmo prédio, na esquina das ruas Castro Alves e Geminiano Costa – que à época da sua fundação certamente ainda não tinham estas denominações. Observou que era grande a quantidade de caminhões que passava pela cidade. Os veículos cruzavam as estradas nas direções norte e sul. E eles precisavam de peças de reposição – à época eram raras as autopeças. “A gente tirava muitos motoristas do prego”, lembra Israel Francisco, um dos herdeiros do negócio – o outro é um primo, Jurandir Teixeira. Temístocles, tio de ambos, não deixou filhos.

A oficina é pioneira. Foi a primeira da região a ter um torno mecânico. Mas o negócio começou noutro setor: enrolando dínamo de motor – a peça que gera energia. E não mais parou de crescer. O veterano torneiro mecânico lembra que o tio investia praticamente tudo que lhe sobrava na compra de novos equipamentos. Perseguia a modernização e eficiência no serviço. “Nunca comprou uma máquina fiado e sempre colocava aqui uma diferente”, orgulha-se. “Ele tinha visão de modernidade”. O seu cadastro de clientes era invejável e vinham de vários estados da região. Os anos não apagaram o seu pioneirismo. Uma das suas máquinas, uma fresna interna – que sulca a parte interna de um cano de ferro, ainda é a única em todo interior baiano. Foi comprada em 1957. E existem apenas duas em todo estado. A outra está em Salvador. Israel trabalha na Oficina Pernambucana há 54

anos. Diz que não sabe fazer outra coisa a não ser operar as máquinas. “Até 1958 nunca tinha entrado numa oficina”, brinca ele. “Morava numa roça e ele me chamou para vir para cá. Vim e não me arrependo”. Lembra que em três meses já dominava o ofício. “Nestas cinco décadas aprendi tudo em tornearia”. Revela-seum apaixonado pela profissão e pela oficina. Confidencia que é uma relação pontuada de muito carinho. “Venho aqui todos os dias, aos domingos e feriados”, comenta. “Quando não está funcionando, abro e observo as máquinas”. E quando a sua mulher pergunta onde ele estava, responde que foi ver as suas namoradas. Destas ela não tem motivos para sentir ciúmes. A continuação da presença familiar está garantida. Um dos seus filhos, Israel Júnior, se tornou torneiro mecânico. “Fui o único que não quis estudar”, brinca. Os outros filhos são uma professora e um geólogo.

Israel Francisco trabalha na Oficina Pernambucana há 54 anos: diz que as máquinas sao suas namoradas. No detalhe, Temístocles Teixeira

A chegada de um torno, na década de 50, foi motivo de festa na oficina


8

especial

Feira de Santana, sexta-feira, 27 de abril de 2012

60 anos dedicados ao esporte A

os 88 anos, o empresário Gerson Bullos, dono da Casa Esportiva, dá uma lição importante aos mais novos que desejam abrir seus negócios próprios. “Ainda preciso trabalhar muito. Não posso parar, não”, afirma com uma convicção de iniciante em um negócio que já tem mais de seis décadas de existência, e que durante anos foi a única loja deste segmento na cidade. Mostra uma disposição muito grande para o trabalho, mesmo já não mais estando à frente dos negócios da família – há alguns anos passou o bastão para os quatro filhos. “Para crescer a pessoa tem que enfrentar o batente todos os dias”, prega. “No fim tudo tem que dar certo”, diz, com convicção. E como já disseram: se não deu certo é porque ainda não chegou ao final. Passou o comando, mas diariamente está na loja da rua Conselheiro Franco. “Gosto de ver como as coisas estão andando e às vezes dando a minha opinião sobre o que devemos fazer. Mas confio na competência dos meus filhos”. Ainda

O empresário Gerson Bullos, aos 88 anos, trabalha todos os dias e não pensa em parar tão cedo, e quer crescer mais: seis décadas no batente

não pensa em se aposentar de fato. O trabalho diário funciona como uma terapia. A empresa nasceu e cresceu. Abriu e fechou filiais na cidade. Levou a sua logomarca para

Alagoinhas e Salvador. E sempre se manteve fiel à venda de material esportivo. Para atender a demanda, montou confecção própria, onde emprega centenas de pessoas. Ainda estudante, o empresário

nutria o sonho de abrir a sua loja. E a chance apareceu quando veio estudar em Feira de Santana, lá pelos anos 40, no lendário Colégio Santanópolis. Morava em Salvador e tinha familiares na cidade.

Foi a primeira loja do ramo em Feira de Santana, uma cidade que à época pulsava firme e forte o amor pelo futebol amador. Vender camisas de clubes de futebol, bolas, chuteiras foi como se

a cidade conquistasse um título neste esporte, que cada vez mais se popularizava no país. Era um negócio que se mostrava promissor. E continua até hoje. Uma das maneiras do torcedor mostrar sua paixão pelo time é usar a sua camisa.

MATERIAIS ELÉTRICOS, HIDRÁULICOS, FERRAMENTAS

3322-8830 / 3623-1738

Rua J.J. Seabra, 159 – Centro – Feira de Santana-BA - Tel: (75) 3322-8813 / 3623-1738 Av. Sampaio, 44 – Centro – Feira de Santana-BA - Tel: (75) 3614-1712 / 3322-8830 Rua Leonardo Pereira Borges, 75 – Centro – Feira de Santana-BA - Tel: (75) 3225-9505


especial

Feira de Santana, sexta-feira, 27 de abril de 2012

9


10

Feira de Santana, sexta-feira, 27 de abril de 2012

especial


especial

Feira de Santana, sexta-feira, 27 de abril de 2012

11

De secos e molhados para construção E

m seis décadas, a Casa Dórea passou de uma pequena mercearia para uma das maiores empresas do setor de material de construção de Feira de Santana. Mas para crescer enfrentou e venceu fases distintas, como lembra o empresário Hugo Dórea, que, com o irmão, Moisés Dórea, dirige a empresa fundada pelo pai deles, Antônio Dórea, que era mais conhecido como Liu Dórea, em 1952. Mas para chegar ao estágio atual, diz Hugo, a empresa passou por três etapas distintas. A primeira foi o período no qual vendia secos e molhados. O segundo, quando incorporou no seu mix ferragens e ferramentas. “Passamos a vender para toda Bahia, sul do Pará, no Maranhão, Alagoas e parte de Sergipe”. Este período foi iniciado na década de 70 e foi até os anos 2000. “A partir daí nos centramos apenas na revenda de material de construção”, diz Hugo. A Casa Dórea deu uma importante parcela de contribuição na modernização do setor: foi a primeira do ramo a colocar terminais de computadores no balcão. Eis a terceira etapa. As máquinas, além do toque de modernidade, contribuíram para tornar o atendimento e o relacionamento com os clientes mais rápido e eficiente e verificar num click o estoque. Os irmãos Dórea estão à frente da empresa desde 1983. A chegada deu novo impulso aos negócios. “Tínhamos nova visão de mercado, estratégia de marketing e novas técnicas de vendas”, lembra Hugo.

A Casa Dórea se destaca numa das esquinas da praça dos Remédios com a Copnsae

Os negócios se expandiram. Como se sabe, Feira de Santana é uma das cidades que mais crescem no estado. Mas as empresas do setor não foram inseridas no boom imobiliário dos últimos anos - a cidade ganhou novos bairros e milhares de novas casas. As construtoras fazem suas compras diretamente nas fábricas. As vendas nestas empresas são aquecidas pelo varejo. O fato de Feira ter característica de urbanização horizontal facilita a venda de material de construção. São as famílias que procuram os balcões das casas de material de construção quando do momento da reforma de um imóvel ou da construção da casa própria. O mercado local do material de construção é extremamente forte e em franca expansão. E que nos últimos anos atraiu gigantes do setor, como a Tend Tudo, a Comercial

Ramos e a Dismel, que teve pouco tempo de vida na cidade. Todas ávidas para disputar a clientela. Mas, ao contrário do que campeia no inconsciente coletivo, a chegada da concorrência, na opinião de Hugo Dórea, deve ser vista como um fator de estímulo a vencer os novos desafios que surgem e não de desespero para quem já estava estabelecido. “É claro que a chegada destas gigantes mexeu com o mercado local”, afirma o empresário. Mas, diz, não pode ser vista como o fim de tudo, mas uma oportunidade para o recomeço. “No primeiro momento a gente pensa que elas ficarão com maior parte da divisão do bolo. Depois, vê que não é bem assim. O mercado oferece oportunidade para todos. Ademais, as empresas locais podem absorver os efeitos pedagógicos que estas novas empresas trazem”.

A credibilidade é o motor da Tribuna Feirense Parabéns pelos 13 anos de informação! Roquinho do Carburador Injeção eletrônica

Os efeitos pedagógicos é a adoção de novas técnicas de vendas e de gestão no sentido de se manter competitiva em um mercado cada vez mais seletivo para, dessa forma, conseguir novos clientes, além de ter a capacidade administrativa de manter atraente aos olhos dos antigos parceiros. “O maior patrimônio de uma empresa comercial são os seus clientes, que são o motivo da sua existência, e não o seu estoque”, comenta o empresário. Para ele, o mercado tem e sempre terá espaço para todos. Mas as empresas devem trabalhar com competência e eficiência. São armas que bem usadas podem enfrentar a concorrência.

Hugo Dórea destaca o pioneirismo da empresa na informatização e o lado pedagógico da chegada das grandes do setor na cidade


12

Feira de Santana, sexta-feira, 27 de abril de 2012

DELINEARE MAIS UMA VEZ INOVA EM SEUS TRATAMENTOS TRAZENDO REVOLUCIONÁRIO METÓDO

ORTOMOLECULAR

GERNETIC

INTERNACIONAL

especial


especial

13

Feira de Santana, sexta-feira, 27 de abril de 2012

A Le Biscuit cresce e aparece A

inauguração loja da Mouraria, e m S a l v a d o r, em 1992, foi o ponto de partida para expansão e consolidação da marca da Le Biscuit, empresa feirense criada em 1968. Desde 2009, ao passar por uma reformulação no conceito de lojas e atuação, a rede está em processo de expansão contínua, tendo inaugurado novas lojas na Bahia, Sergipe, São Paulo e Pernambuco. Atualmente já são 21 unidades e o êxito desta etapa da expansão reforçou a oportunidade de investimentos em novos mercados. A previsão é inaugurar mais 12 estabelecimentos em neste ano e mais 20 em 2013. A maior rede varejista nascida em Feira de Santana mantém forte presença na cidade – mesmo já tendo ganhado outros importantes mercados. Mantém uma âncora no Boulevard Shopping e uma grande loja na rua Tertuliano Carneiro. Administração ética e responsável somada a uma gestão moderna são os principais fatores que fazem da rede Le Biscuit uma das marcas mais lembradas no segmento de varejo no Brasil. Para potencializar ainda mais seu processo acelerado de profissionalização e crescimento, atualmente a empresa é associada à Vinci Partners, uma das maiores empresas independentes de investimento do Brasil, com mais de R$ 10 bilhões sob gestão. Para viabilizar a expansão, a Le Biscuit investiu cerca de R$ 30 milhões na abertura de novas lojas em 2011. A rede aposta em estratégias de vendas diferenciadas e numa linha diversa de produtos para conquistar os clientes nos novos mercados em que passa a atuar. No total, o mix contempla mais de 60 mil produtos disponíveis em seções que vão desde decoração, utilidades para o lar, brinquedos, papelaria, festa,

A Le Biscuit é a maior rede varejista nascida em Feira de Santana e já está presente em cinco estados e está em franca expansão

armarinho e bazar. A abrangência do mix é a base do posicionamento da rede, que se coloca como referência para cliente encontrar tudo o que procura. A estratégia está presente na comunicação institucional e até na gestão da rede, voltada para a renovação contínua dos produtos disponíveis, a oferta de itens exclusivos e diferenciados, além de promoções com rebaixas reais nos preços. As ações customizadas são apontadas como um diferencial da Le Biscuit para crescer no setor de lojas de departamento. “Somos uma empresa de varejo com posicionamento único. O mix de produtos, as lojas e os serviços são trabalhados de forma a surpreender e encantar nossos clientes”, destaca Álvaro Sant´Anna, diretor presidente da empresa. Diante de tanto potencial, a Le Biscuit chamou a atenção da Vinci Partners, que se tornou investidor primário da rede varejista. “Identificamos uma imensa capacidade de gestão e expansão e a qualidade dos produtos e serviços oferecidos. “O compromisso da Vinci Partners é com a expansão da empresa, que poderá adquirir r elev ân cia cr es ce n te

no mercado nacional”, afirma Alessandro Horta, sócio da Vinci Partners. A gestão dos negócios desta associação acontece por meio de um Comitê Executivo e do Conselho de Administração, ambos com participação ativa da Vinci Partners. A família Santana se mantém no controle da empresa. A participação na Le Biscuit se integra ao fundo de private equity da Vinci Partners, que também conta com participações no Grupo Austral, na Unidas Rent a Car e na Burger King do Brasil. Atualmente, a Le Biscuit tem cerca de 1300 funcionários espalhados em 14 lojas nas cidades baianas de C a m a ç a r i , S a l v a d o r, Feira de Santana, Santo Antônio de Jesus, Vitória da Conquista e Itabuna. Em Sergipe, conta com uma unidade em Aracaju e uma em Nossa Senhora do Socorro, já em São Paulo possui três lojas nas cidades de Campinas, Indaiatuba e Mooca. “Em 43 anos, muita coisa mudou. A Le Biscuit cresceu e se modernizou graças a uma administração empreendedora e constantes investimentos em setores como tecnologia, marketing e recursos humanos, que a transformaram

em exemplo de profissionalização para o mercado”, pontua o diretor-presidente, Álvaro Sant´Anna. A Le Biscuit é uma rede de lojas de departamento, que possui

um mix variado de mais de 60 mil itens de decoração, utilidades para o lar, papelaria, brinquedos, festa, armarinho, bazar e bomboniére. É líder de mercado na região. Atualmente, a Le

Biscuit possui lojas em cinco estados (Bahia, Maranhão, Sergipe, São Paulo e, agora, Pernambuco). A loja pernambucana foi inaugurada na semana passada.


14

especial

Feira de Santana, sexta-feira, 27 de abril de 2012

Um sonho chamado João Paulo I

As salas e outros ambientes da Escola João Paulo I ocupam quase um quarteirão, na Kalilândia. Mas há 40 anos as suas primeiras salas foram construídas no quintal de duas casas no mesmo bairro. E era chamada de “Meu Doce Lar”. Tinha apenas 64 alunos. A escola nasceu do sonho da professora Enedite Braz da Silva, que antes exercitava suas habilidades no reforço escolar para alunos da Escola Rui Barbosa. Ao longo das última quatro décadas se tornou uma referência na educação de Feira de Santana. No início dos anos 80, o “Meu Doce Lar” foi trocado pelo nome atual. O anterior já parecia infantil demais para uma escola que dava os primeiros sinais de que o futuro lhe reservada local de destaque na educação feirense e que oferecia o ensino fundamental. E ela não estava errada. A alegria e o trato do papa João Paulo I com as crianças a encantou. “As fotografias dele sempre sorrindo tinham muitos significados”. E o “Papa Sorriso” foi homenageado. A demanda, sempre crescente, pedia novos espaços. As duas casas, localizadas na rua Sabino Silva, deram lugar a novas salas de aula. Com o passar dos anos, já não dava mais para derrubar p ared e s n o p r imeiro prédio. Novos espaços foram incorporados. Duas casas, na mesma rua, ganharam nas suas

A Escola João Paulo I é uma das mais tradicionais de todo interior baiano

fachadas a logomarca da escola. A transferência para a rua Paulo VI consolidou o sonho. “Tive a certeza de que a nossa história seria longa quando as minhas filhas se juntaram ao projeto”, diz a primeira professora e diretora. Rita de Cássia Braz e Judinara Braz estão à frente da escola, que passou 38 anos da sua existência voltada apenas para a educação infantil e ao ensino fundamental I. A partir de 2011 abriu a primeira turma do ensino fundamental II, que em 2014 vai terminar esta etapa escolar. Muitos destes alunos terão passado toda sua vida escolar na João Paulo I. Se o ensino médio não for implantado novembro e dezembro serão os meses do corte do “cordão umbilical” entre a instituição e estes estudantes. Um ciclo das suas vidas se encerra e

outro começa no ano seguinte. A decisão de oferecer o fundamental II levou anos – cerca de dez, para ser maturado. Rita de Cássia lembra que foram muitos os pais que pediram a extensão do projeto da escola às séries seguintes. “As crianças também se manifestaram e pediram o fundamental II”. Elas inclusive participaram de movimentos pró sexto ano. Implantado, inicialmente teve como objetivo atender a demanda interna. Por enquanto ela não vê possibilidade da implantação do ensino médio. A relação entre a escola e seus alunos e ex-alunos é forte. Rita de Cássia afirma que o reconhecimento por parte deles é a sua maior recompensa. Lembra que um ex-aluno visitou a unidade e foi profundo nas suas observações.

Enedite Braz: certeza que escola cresceria

“Pró, você cresceu, mas o cheiro continua o mesmo”, disse ele. Os laços com os antigos alunos são fortes. E as matrículas confirmam. Cerca de 45% das vagas são ocupadas por filhos de ex-alunos. Ao longo destes quarenta anos milhares de crianças aprenderam a ler, escrever e a ser cidadãos nas salas da Escola João Paulo. Outros milhares a freqüentarão nos próximos anos. Inclusivista, a João Paulo I abre suas portas para crianças portadoras da Síndrome de Down, autista ou com problemas de audição. Para a escola, a convivência leva ao respeito. Elas também passam a perceber que nem todas as pessoas são iguais. As crianças também recebem educação financeira, com foco na sustentabilidade. “Elas são levadas a pensar se realmente precisam do que desejam comprar ou se querem o produto”, explica Rita de Cássia.

O comércio de Feira encontra na Tribuna Feirense um parceiro na defesa dos avanços e do incentivo ao seu crescimento. Parabéns pelos 13 Anos

SECOFS

Enedite Braz: certeza que escola cresceria


Feira de Santana, sexta-feira, 27 de abril de 2012

15

A mãe de todas empresas feirenses Maior varejista do interior

A loja da rua Conselheiro Franco atrai novos e antigos clientes

A

Cerqueira Gonçalves é uma das poucas empresas que nasceram e crescram em Feira de Santana – se não a única, que testemunhou quase tudo no século passado. Enfrentou os tsunames econômicos e terremotos político que sacudiram o país nas últimas nove décadas. Viu e sentiu várias trocas de moedas, passou por planos econômicos mirabolantes e testemunhou o milagre econômico. Presenciou o golpe que criou o Estado Novo, uma grande guerra mundial, ao golpe de 64, a redemocratização, a inflação que corroia a moeda e a estabilização da economia, em meados da década de 90. Aos 88 anos esta senhora, que não apresenta as marcas da passagem do tempo – ao contrário está cada vez mais rejuvenescida, merece todas as deferências dos feirenses. Foi em julho de 1923 que os irmãos Avelino Cerqueira e Felinto

Marques Cerqueira se associaram e fundaram a Cerqueira Gonçalves e Cia Ltda, que atuaria na revenda de material de construção. Entre as de capital local, é a mais longeva. Está pronta para prosseguir a sua peculiar história. A família, como majoritária, controla a empresa. Mas mantém uma sociedade há mais de seis décadas como o empresário Geraldo Portugal, que ainda, como um guardião do templo, vai diariamente à unidade localizada na rua Conselheiro Franco. Ao longo da sua história sócios entraram e deixaram a empresa. É lá que trabalha outra jóia da Cerqueira: o vendedor Simões, que está na empresa há mais de cinqüenta anos. Ele é exemplo da valorização e reconhecimento da Cerqueira para com seus colaboradores. A Cerqueira é uma empresa familiar. A terceira geração de Avelino, que com o passar dos anos se tornou majoritário – o irmão deixou

a sociedade e fundou a Casa das Lâmpadas, chegou ao seu comando. E já vê a chegada da quarta geração. Hoje o leme esta nas mãos dos irmãos Patrícia, Mônica, Avelino e Daniel. Dois jovens herdeiros, da quarta geração do fundador, já participam da sua gestão. O novo é visto como situação natural. E é sempre bem vindo. É uma empresa onde formalmente não existe organograma. Não existe a figura do presidente. O comando é dividido em diretorias, ocupadas pela terceira geração. Mas, enfatiza Patrícia Cerqueira, a liderança é exercida, sem traumas, naturalmente por Daniel, o mais jovem dos quatro. Outro ponto evidenciado pela empresária é a profissionalização. Alguns foram contratados e passaram a fazer parte da gestão do negócio. Foram incorporados gestores de logística e de vendas.

O Sindifeira sempre encontrou na Tribuna um parceiro na luta por uma cidade melhor e uma vida digna. Parabéns ao

Jornal Tribuna Feirense

A Cerqueira tem cinco lojas em Feira de Santana – mas não partiu para a conquista do mercado regional. Mesmo concentrada na cidade, detém a privilegiada posição de maior empresa varejista deste setor em todo interior e a quinta maior do estado, de acordo com o ranking nacional das lojas de Material de Construção, divulgado na edição 160 da revista Anamaco. De acordo com Patrícia Cerqueira, projetos expansionistas não estão nos planos da Cerqueira. A empresa, diz, ao contrário de criar novas lojas, está aumentando as áreas úteis das que já possui. A unidade da Presidente Dutra, por exemplo, passou de 1,1 mil metros quadrados para 2 mil metros quadrados. “A ampliação dos seus pontos de vendas é a tendência que está sendo seguida pela Cerqueira”. As outras lojas ficam na Conselheiro Franco, na Cidade Nova, na avenida de Contorno, no SIM e a Cerqueira Stylo, na Contorno, na Santa Mônica II. Espaço novo será a Central de Distribuição que está sendo construída as margens da rodovia que liga Feira de Santana a São Gonçalo dos Campos. A unidade, diz a empresária,

vai oferecer suporte para que as lojas se tornem ainda mais eficientes no relacionamento com os clientes. “Aliás, o comércio local tem suas peculiaridades no trato com os clientes”, enfatiza. O importante detalhe da fidelização dos feirenses às empresas locais as levam a investir na qualificação dos seus vendedores. Bem atendidos, os clientes tornam esta relação longeva. Esta relação é das mais saudáveis. A empresária enfatiza que os feirenses nutrem uma deferência especial pelas empresas que nasceram e cresceram na Princesa do Sertão. “Eles são bairristas”, define. A Cerqueira está no inconsciente dos consumidores. A conquista do 8º Top Of Mind, realizado pelo jornal A Tarde, em Feira, mostra que esta relação é das mais fortes. E s t e b o m relacionamento, na opinião de Patrícia Cerqueira, é reflexo direto no bom desempenho no balcão. A empresa é líder de vendas no mercado local, mesmo enfrentando a concorrência de grandes do setor, que chegaram na cidade nos últimos anos. Mas para enfrentar as gigantes, foi necessário se preparar para a nova realidade do mercado. Diz que grupos empresariais observaram o bom potencial do mercado local. “Feira é

uma cidade que não para de crescer”. Para ela, o boom imobiliário registrado na cidade nos últimos anos foi extremamente positivo para o setor. Entretanto, diz que dentro de cinco ou dez anos o mercado local poderá passar por mudanças. “E as empresas deverão estar preparadas para esta nova realidade. É o que está sendo feito aqui na Cerqueira”. O setor pode não crescer tanto quanto agora, mas a Cerqueira vai continuar trabalhando exclusivamente com o atacado. E s ã o o s compradores de casas e apartamentos que movimentam o mercado local. Geralmente antes de entrar estes novos moradores sempre encontram algo a ser complementado nas suas casas – às vezes a primeira das suas vidas. E vão às casas de material de construção em busca do que necessitam para a complementação dos seus sonhos. É uma demanda que deixa a empresa na liderança isolada deste setor, em termos de vendas, na Princesa do Sertão. Afinal, a Cerqueira é uma das suas jóias mais raras que as décadas tratou de lapidar.

Aos 83 anos e ainda na ativa Aos 83 anos, Geraldo Portugal vê o trabalho diário mais do que uma terapia. É uma maneira de manter-se sadio. Longe das doenças. Começou na Cerqueira como balconista – caixeiro, como se dizia à época. Isto em 1947. Oito anos depois, virou um dos sócios da empresa. “Me deram uma oportunidade”. Ao longo destas mais de cinco décadas viu a entrada e a saída de sócios. Todos os dias vai à loja da rua Conselheiro Franco. Lembra que um dia perguntou ao ex-patrão, Avelino, por que ele, com idade avançada trabalhava todos os dias. “Ele me respondeu que quando eu chegasse à idade dele iria saber. Iria saber porque uma pessoa idosa precisava trabalhar. Hoje eu compreendo, porque se

Geraldo Portugal: 70 anos de trabalho e muita disposição

não trabalhar posso adoecer. Com esta idade não posso ficar em casa”. Está no batente há quase 70 anos. É uma das memórias vivas do comércio de Feira de Santana. Lembra que passou quarenta anos tomando conta dos depósitos da empresa, que eram grandes e sortidos e que antes ficavam nas imediações do SAC – foram desapropriados para que a rua Olímpio Vital

ganhasse a estrutura atual. Se emociona ao lembrar alguns fatos que aconteceram na empresa, como no dia que encontrou um maço de dinheiro – que equivalia a anos de serviço - e o devolveu ao patrão. Chama os sócios majoritários de meninos. “A Cerqueira está neste estágio porque eles são competentes. Tem os pés no chão”, elogia.


16

especial

Feira de Santana, sexta-feira, 27 de abril de 2012

O jornal Tribuna Feirense é um veículo comprometido com o jornalismo de qualidade, com a ética e a defesa incondicional do desenvolvimento da cidade comercial de Feira de Santana. Há 13 anos a Tribuna registra a história de nossa cidade para que possamos intervir no presente e, no futuro, possamos nos rever em suas páginas. A Associação Comercial e Empresarial congratula-se com a empresa Tribuna e deseja-lhe sucesso nesta nova etapa.

13 ANOS DE DEFESA INTELIGENTE DOS INTERESSES DA NOSSA CIDADE. A todos que fizeram e fazem a história do

Tribuna Feirense , nosso sincero PARABÉNS!

AUTO-ESCOLA MUNDIAL Av. Senhor dos Passos, 1260 – Centro

Tel: 3221-4176

FEIRA DE SANTANA-BA

GUARDIÃO DA SOCIEDADE Há uma conta muito difícil de ser feita: quantas notícias, em 13 anos, o Jornal Tribuna Feirense publicou? São quase 3 mil edições, em todo esse tempo. Que os números não parem de crescer.


especial

Feira de Santana, sexta-feira, 27 de abril de 2012

17


18

Feira de Santana, sexta-feira, 27 de abril de 2012

especial

Uma história de 133 anos C

inquenta anos tem o Colégio Padre Ovídio. Mas a história do Asilo de Nossa Senhora de Lourdes, que o originou, tem 133 anos. A sua semente na verdade foi plantada em 1879. O orfanato que abrigava órfãs e desamparadas foi criado pelo padre Ovídio Alves de São Boaventura e sua irmã, dona Teolinda Alves com a providencial ajuda dos feirenses. Católicos locais participaram ativamente, com doações, na construção e manutenção do espaço destinado a instruir e a proteger meninas pobres ou desvalidas. Antes de se fixar definitivamente na avenida Senhor dos Passos, funcionou em um casarão que existiu onde foi construído o centro empresarial e comercial Mandacaru, na Conselheiro Franco, entre outros endereços. O terreno foi doado pelos casal de comerciantes Úrsula e Bernardo Martins Catarino. A sua construção durou de 1925 a 1929. No orfanato

que milhares de meninas pobres aprenderam a ler e a escrever. Foi a partir deles que muitas jovens formaram-se professoras primária. O diploma mudou as suas vidas para melhor, bem melhor, com certeza. Uma das instituições de ensino mais tradicionais da Bahia, apenas a partir de 1991 o Padre Ovídio abriu as suas portas para o sexo masculino. A direção observou que na sociedade a mulher andava ao lado o homem e que o colégio não poderia ficar à margem deste processo. A sede do Asilo Nossa Senhora de Lourdes levou cinco anos para ser concluída; ajuda providencial dos feirenses “Mulheres e homens a s m e n i n a s e r a m ocupou a direção até 1903, a precursora em ações além do assistencialismo vivem em harmonia”, preparadas para a vida quando aqui chegaram de assistência social na puro e simples. Através diz a professora Juraçiara – principalmente para o as freiras São Felix cidade. A partir da chegada d a e d u c a ç ã o e d o Lima, que está há 23 anos matrimônio. Para serem Baudet, Marie Hermann das religiosas, as meninas conhecimento deu um na instituição. A chegada boas esposas e excelentes Colombet,Santa Rosalie passaram a aprender uma norte para quem não tinha d o s m e n i n o s m u d o u mães. Aprendiam a bordar, Roche, S. François Catiaux segunda língua, o francês. para onde seguir. Um ofício o uniforme. Até o ano A instituição abriu para quem não tinha futuro anterior, a saia fez parte fazer tricô e crochê, e Felicité Jachetti, da cozinhar. Para tanto, ordem das Sacramentinas, assuas portas para a nenhum – isto em termos do conjunto das meninas. ajudaram o Grupo de que assumiram os destinos comunidade em geral. de sustentação digna. Em 1991 elas passaram a A f i n a l , a s c r i a n ç a s Foram nos seus bancos usar calça comprida. Senhora Pia União Filhas do orfanato. E l a s f u g i a m d a pobres precisavam de de Maria. Padre Ovídio ficou à perseguição religiosa conhecimento. Então frente do orfanato até 1886 na França. A ordem está foi criada a Escola SS quando foi substituído há 107 anos à frente da Sacramento, que atendia por dona Teolinda, que instituição, seguramente a d e m a n d a d o q u e é hoje conhecido como as séries iniciais do ensino fundamental, embrião do Ginásio Padre Ovídio, criado em 1962. Pobres e desvalidas, 32 no total, viram aumentar as possibilidades de mudança de vida através da educação, porque naquela época quem tinha o curso ginasial era muito valorizado no mercado de trabalho. O ginásio foi bem Padre Ovídio: vida voltada para ajudar os necessitados

Turma de concluintes do curso de datilografia, realizado em 1936, no Orfanato

Colégio ainda mantém internas Há muitas décadas a instituição não é mais considerada um asilo. Mas continua sendo um porto seguro para jovens cujas famílias não tem condições financeiras para garantir-lhes educação. As irmãs sacramentinas ainda oferecem abrigo para jovens que buscam, por meio da educação, melhorar as suas vidas. Atualmente 48 moram no Colégio Padre Ovídio. Parte delas estuda na

instituição, que é uma das mais tradicionais do interior baiano. Quem opta por um curso técnico – muitas estudam nestas escolas – são incentivadas a fazêlo e recebem todo apoio necessário à sua conclusão. Depois, são orientadas para que cheguem bem ao mercado de trabalho. E lá recebem toda atenção dispensada por suas famílias. Cada uma delas tem uma madrinha, que ajuda na

sua preparação espiritual e pessoal. São acompanhadas por uma freira, destacada especialmente para esta finalidade e recebem atendimento médico. Apenas seguem a vida religiosa quem assim desejar. O internato mantém o perfil da secular instituição, que tem no colégio um pilar para que as suas características iniciais sejam mantidas com a mesma intensidade do seu início.

Meninas apresentam os resultados do curso de artesanato oferecido pela entidade


especial

Feira de Santana, sexta-feira, 27 de abril de 2012

19


20

Feira de Santana, sexta-feira, 27 de abril de 2012

especial


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.