CALDEAMENTO Adriana Córdova Adriele Tornesi Alejandro Magnere Amanda Barretta Ana Karina Prado Bibiana Cini Camila BoNeaux Constance Pinheiro Everton Leite Hieda Oviar Joel Rocha Lívia Zafanelli Marcos dos Santos Rute Yumi Verônica Filipak
abertura quinta-feira, 26 de outubro de 2017, às 19h
visitação de 27 de outubro a 25 de novembro de 2017 terça a sábado, das 14h às 18h
Museu Guido Viaro Rua XV de novembro 1348 Curitiba, Paraná
Apresentação Caldeamento apresenta o trabalho de um grupo de artistas-pesquisadores comprometidos em criar um espaço de exposição museológica a partir de seus constantes diálogos fomentados nos últimos dois anos em decorrência do Curso de Especialização em Poéticas Visuais na Escola de Música e Belas Artes do Paraná. A inserção de artistas no campo da pesquisa em Poéticas Visuais promove um processo de caldeamento/hibridização de seus papéis. A combinação do artista e pesquisador apresenta a necessidade de se construir metodologias adequadas aos objetivos desse campo de estudos e de se marcar o progresso criativo, enquanto prática artística, um assunto a ser explorado. Com esta exposição de arte, o grupo busca avançar em conhecimento, refletindo sobre nosso tempo e gerando significados derivados de seus estudos conjuntos e de suas pesquisas particulares. Constance Pinheiro
À ação O verbo caldear tem nesta ação artística um elemento catalisador, responsável por agregar dezesseis pessoas vindas de diferentes escolas, safras e disciplinas, trazendo na bagagem diversos temperos, sabores e texturas: a busca pela própria poética. Foi ela que uniu este grupo que se viu _ não amalgamado, mas _ enlaçado pela construção do afeto, aquele que brota quando o encantamento e a vulnerabilidade são partilhados. Não sabíamos - ou sabíamos? - que na investigação da nossa própria poética mergulharíamos tão fundo em nós mesmos/as. E neste processo a vulnerabilidade foi parte da experiência. Aprenderíamos a escutar o próprio olhar, a apreender o próprio fazer e a amplificar o diálogo com o mundo e com as artes. Da pesquisa de materiais ao resgate da ancestralidade; do tátil têxtil à paisagem quase abstrata; do tridimensional ao quase invisível; do documental ao inventado; da presença nipônica em terras curitibanas; do esteticamente provocativo; das vozes silenciadas; ... das músicas dissonantes. Caminhamos juntos nessa aventura, cada um em seu trilho _ ou em seu sistema de trilhos _ trocando, escutando, recebendo um ao outro, inspirando, contaminando, mas mantendo a própria pisada. Jeito nosso foi o de ser assim. Jogando com Varela e Maturana, que definiram o conceito de autopoiesis - a capacidade de um ser em produzir a si mesmo - alcançamos aqui nossa autopoética, e, resolvemos então, desafiarmo-nos em sermos artistas-propositoresprodutores-criadores de nossas próprias pesquisas. Acreditando na Arte como um direito da existência, nos apresentamos na totalidade da poética do nosso constante vir a ser artístico, emergindo de um mergulho que agora se inaugura infinito… Amanda Barretta
ADRIANA CÓRDOVA
IMBRICAÇÕES, 2016|2017 acrílica sobre tela, 150 x 187 cm
ALEJANDRO MAGNERE
MATEM MENTIRAS TODAS, 2017 stencil em papel Vanol Zafiro Negro 230g e holofote led, dimensões variadas
AMANDA BARRETTA
SEM DIREITO A TÍTULO (SÉRIE), 2003|2017 impressão em papel algodão Photo Rag 308g, 33 x 43 cm
AMANDA BARRETTA
SEM DIREITO A TÍTULO (SÉRIE), 2003|2017 caixa de luz, impressão em papel filme backlight, 55 x 83 x 2 cm
ANA KARIDA PRADO
QUASE MEMÓRIA, 2017 pigmentação mineral sobre papel japonês Umryu 29g, 90 x 48 cm
BIBIANA CINI
DO ALIMENTO CRU E BRUTO II, 2017 performance / trufas negras, vegetais, derivados de leite, farinha de trigo, carne bovina, ossos e sal grosso, dimensĂľes variadas
CONSTANCE PINHEIRO
AFINAÇÃO DO MUNDO, 2017 letraset e acrílica sobre parede sobre papel Michelangelo, 51 x 64 cm
CAMILA BONEAUX
REST IN PIECES Nยบ 1, 2017 porcelana vitrificada a 1200ยบC e vitrine de vidro, 20 x 30 x 20 cm
CAMILA BONEAUX & EVERTON LEITE
DIÁRIO DE PERCURSO - SÉRIE: PERDOA ESTE EXCESSO DE PAIXÃO, 2017 impressões fineart sobre papel Canson Edition 31, 310 g, 80 x 140 cm
EVERTON LEITE
DIÁRIO I - DA SÉRIE: O QUE CABE DENTRO DE MIM QUE CABE DENTRO DE VOCÊ?, 2017 livro de artista, técnica mista, 42,5 x 26,5 cm cada telha
HIEDA OVIAR
[RE] FRAGMENTOS, 2017 acrÃlica sobre papel, sobre papel, 40 x 30 cm cada
JOEL ROCHA
TEMPORALIDADE, 2015 pigmento mineral sobre papel fineart Hahnemuhle Matt Fibre 200g, 80 x 60 cm cada
LÍVIA ZAFANELLI
REISEN UND ABENTEUER, 2017 colagem, técnica mista, impressão fineart sobre papel Rag Photografique 310g, 45 x 33 cm
LÍVIA ZAFANELLI
TOUGH SPECIES, 2016 litografia, A3 cada
LÍVIA ZAFANELLI
CORE OF REVELATION, 2016 notas de calculadora eletrônica impressora, 33,3 x 5,5 cm cada
LÍVIA ZAFANELLI WHIRLPOOLS, 2017 video/cor, 1’00”
ADRIELE TORNESI
EM UM LUGAR HABITADO, 2017 pasta de modelagem, acrílica, conchas e crochê sobre tela, 165 x 310 cm
MARCOS DOS SANTOS
AÇÃO EDUCATIVA, 2017 método Cartografias Sentimentais, dimensões variadas
RUTE YUMI
MATSUSHIMA, 2017, acrílica e óleo sobre tela, 101 x 73 cm KITA Oo, 2017, óleo sobre tela, 20 x 20 cm
RUTE YUMI
MAKKA I, 2017 acrílica sobre tela, 98 x 71 cm
VERÔNICA FILIPAK
CALDEAMENTO, 2017 fibras animais, vegetais e minerais e manta feltrada de poliéster, 42 x 128 cm
VERÔNICA FILIPAK
HORIZONTE VERDE OU OLHOS MORENOS MOLHADOS DE MAR, 2017 fibras animais e vegetais e manta feltrada de poliéster, 97 x 133 cm
Textos de Artistas
Adriana Córdova Curitiba/PR, 1974 Sou artista plástica, bacharel em Pintura pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná – EMBAP – Curitiba/PR (2009) e atualmente concluindo a pós-graduação em Poéticas Visuais na Universidade Estadual do Paraná (Unespar/ Embap). Trabalho com pintura, colagem, fotografia e desenho, além de dar aulas particulares em meu ateliê. Em minha pesquisa olho para os espaços internos: móveis, objetos, cores e formas. Trago essas imagens para a pintura, reformulando-as através da colagem, onde o processo de criação se inicia. Trato a pintura como uma nova possibilidade para reconstruir essas colagens a partir das relações cromáticas, formadas lado a lado. Reorganizo buscando levar ao observador a impressão de que esses espaços são criados por essas imbricações1. Trabalhar a pintura como se fosse uma colagem com certeza constitui as relações às quais pretendo desenvolver. Discuto analogias entre pintura e colagem. Formas orgânicas e geométricas. Decorativo e conceitual. Espaço plano e espaço ilusionista. Design e arte. Imbricar: dispor os objetos uns sobre os outros, empilhar, sobrepor. 1
Adriele Tornesi Curitiba/PR. 1990 Adriele Tornesi é pintora, desenhista e caricaturista. Formada em Bacharelado em Pintura na Universidade Estadual do Paraná e Escola de Música e Belas Artes do Paraná (UNESPAR/EMBAP) em 2015. Sua pesquisa é a busca incessante do figurativo ao abstracionismo na pintura por meio do processo de criação. Neste período, fez um apanhado de séries de pinturas elaboradas de 2013 a 2016 que representam imagens apropriadas de células vegetais, animais, elementos internos do corpo humano, fazendo uso da vibração da cor, criando acúmulos de matéria e de camadas de tinta, através de interferências de linhas e elementos orgânicos. “A poética do espaço” de Gaston Bachelard direcionou sua poética e foi seu ponto de contato primordial em certas imagens das memórias e experiências que marcaram sua vida, no qual, a sua produção autoral, apresenta nas diversas texturas transfiguradas em objetos moles, flácidos e gelatinosos. Esse projeto segue adiante na pós-graduação em especialização em poéticas visuais na Universidade Estadual do Paraná e Escola de Música e Belas Artes do Paraná (UNESPAR/EMBAP).
Alejandro Magnere São Paulo/SP, 1985 Quando vejo na penumbra uma sombra projetada no ambiente, seja em uma parede na rua, ou dentro de casa, me desperta uma sensação especial. É isso que quero que seja visível no meu trabalho. Minha formação em design gráfico me aproximou com experimentações em stencil, serigrafia e tipografia. Sendo luz e sombra um tema especial e forte para mim, meu segundo nome tem origem em japonês, Akira e seu significado pode ser descrito como “iluminado”. Na minha pesquisa artística procuro encontrar as sombras que a iluminação pode provocar, com simplicidade. Envolvo-me na parte quase caótica, no acaso, e me agrada a junção desses temas opostos. O recorte que faço no papel, de maneira manual, é um resultado da criação de um manuscrito próprio, um alfabeto completo. As letras foram desenhadas a partir da caligrafia com canetas paralelas, e que cada letra se sobrepõe a outra. Apresento na exposição Caldeamento o primeiro trabalho desta pesquisa, que junta luz & sombra, e minha caligrafia. Espero encontrar futuramente mais chaves para meu trabalho e mostrar às pessoas o que considero um elogio à sombra.
Amanda Barretta São Paulo/SP, 1978 Sou bacharel em Geografia, neta de caixeiro viajante e de famílias imigrantes. A viagem sempre foi para mim um modo de conhecer e experienciar diferentes modos de vida. Dessa alteridade, atravessei algumas fronteiras da cultura de origem: branca, urbana, classe média. Passei a viver em comunidade, trafegar nas margens, incorporar o rural, acreditar nas “alternativas”. O olhar de cientista humana e pesquisadora, que se dedicou a estudar e trabalhar com as comunidades rurais, passou a buscar outras linguagens quando o pensamento crítico e a palavra não deram mais conta de sozinhos traduzir a experiência que pulsava em significados e incertezas. Realizei exposições fotográficas de caráter documental e colaborei na curadoria de outros projetos artísticos. Atualmente minha pesquisa está em torno do real e também do intangível, do invisível, do vir-a-ser da artista e das narrativas envolvidas. O trabalho que trago para o Caldeamento chama-se “Sem Direito a Título”; são duas fotografias de uma mesma família quilombola que vive às margens do Rio Ribeira de Iguape, na fronteira entre Paraná e São Paulo. Acompanho desde 1999 a luta desta população pelos seus direitos de existência. Neste ano de 2017, 166 Quilombos podem perder os títulos de suas terras e outras mais de 4mil podem nunca virem a ver este direito se consagrar, que até então está garantido pelo artigo 68 da Constituição de 1988 e pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho. Estas fotografias não pretendem contar como é a vida dos quilombolas, sua história, seu território. Elas apenas pretendem dizer: estão ameaçados de desaparecer. Enquanto cultura e enquanto pessoas.
Ana Karina Prado Londrina/PR, 1984 A minha paixão pela Fotografia é antiga, mas se firmou em 2011 com as aulas no Foto Cine Clube Bandeirantes, em São Paulo. Em meio à paulicéia desvairada, entre carros e pessoas, um mundo inteiro se abriu. Descobri, então, aquilo que me possibilitaria mostrar aos outros o que sentia do mundo e das coisas. Ao retornar a Curitiba, como aluna do curso de Tecnologia em Fotografia da Universidade Tuiuti, entrei em contato com amadores, profissionais e pensadores da arte fotográfica, o que possibilitou que a minha relação com a fotografia se desenvolvesse de diversas formas. Realizei trabalhos comerciais, como eventos, ensaios, palco, e também documentais, mas é na expressão artística da fotografia e no estudo dessa arte que realmente me encontrei. Fotografar é poder transformar em imagem aquilo que sinto. Muitas vezes uma simples reprodução visual da realidade não é suficiente para expressar a essência do que está sendo fotografado. Gosto de alterar essa representação utilizando recursos da técnica fotográfica na tentativa de passar para a imagem a aura do momento. Desfoque, movimento, textura, abstração. Já o desenvolvimento da minha atual pesquisa tem mostrado o papel da fotografia na constituição de memória e na reconstituição de uma realidade passada. Trata-se da construção de uma memória familiar que eu não tive. O que era para ser uma simples sessão fotográfica daquela ameixeira em flor transformou-se no resgate de uma memória que a mim não pertence, porque não vivi aqueles fatos e não conheci aquelas pessoas. Mas os familiares queridos que se foram permanecem na lembrança daqueles que ainda estão. Resgatar essas memórias se torna, então, a construção da minha própria memória familiar. O ato fotográfico passou de um momento de criação para um transe nostálgico mergulhado num passado que não vivi. Como eles eram? O que faziam? Do que gostavam? “Quase Memória” é o trabalho que marca o início dessa busca em reviver (e viver) momentos que passaram, pessoas que se foram e sentimentos que ficaram.
Bibiana Cini Curitiba/PR, 1987 Curitibana, 30 anos. Inquieta e criativa. Vive a gastronomia em tempo integral. Para ela, viajar em busca de ingredientes e das origens dos insumos são parte da fusão entre a arte, a cultura e a gastronomia. Suas experiências dentro da cozinha são baseadas em um universo criativo em que ela imerge para que seus trabalhos possam estender de suas mãos e criar vida. O objetivo de suas performances é criar uma atmosfera entre a simplicidade do objeto servido e as conexões entre os sabores servindo de impulso para viajar sem sair do lugar e se reconectar com a sua própria essência.
Camila BoNeaux Curitiba/PR, 1982 Curitibana “nhanha” formada em Artes Visuais (UFPR 2010) e Designer de Moda (UTP 2004); Pós graduanda em Poéticas Visuais pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná (turma 2016); Já foi professora de Arte de miúdos e adolescentes. É Ceramista e Barbie Maker. Minha poética passa pelas brincadeiras de menina para a catarse de todas as mulheres. Quando criança projetamos nossos anseios nos brinquedos, aqueles que achamos que constituem uma vida adulta. A intenção desta pesquisa é fazer o jogo inverso: coletar histórias já vividas pelas mulheres, histórias significativas de suas vidas, suas dores, desejos, amores, que serão representadas em uma boneca escultura que foi destituída da função de brinquedo. A proposta é coletar e moldar/modelar histórias de mulheres explorando a plasticidade da argila e da porcelana, é transformar a dureza de suas histórias em leveza material, translucidez, tirando o pesar das coisas do mundo, criando uma catarse. Cada escultura representará uma única mulher e ao mesmo tempo todas elas. O ícone utilizado como suporte para modelagem destas histórias será o corpo modelado da boneca Barbie através da desconstrução do que ela representa como brinquedo, como ícone atrelado à beleza e a um comportamento jovem e consumista, aqui ela é destituída de sua matéria plástica e ressignificada através da argila, substantivo feminino.
Constance Pinheiro Curitiba/PR, 1982 O trabalho “Afinação do Mundo”, apresentado nesta exposição, é resultado de uma experiência de escuta coletiva pela cidade de Curitiba em um momento delicado para a cidade, quando a XXXV Oficina de Música é cancelada, em janeiro de 2017. A experiência foi intercalada por períodos de reuniões e discussões sobre o tema da Escuta no âmbito da Autonomia. Realizamos, em grupo, escutas ativas de 10 minutos de duração em locais públicos da cidade, sendo eles: o jardim frontal da casa de reuniões, os halls de entrada do Palácio Iguaçu e da Prefeitura, o calçadão na Boca Maldita ao redor da escultura de Elvo Benito Damo e Abrão Assad e por último a sala de concertos da Capela Santa Maria. O trabalho que apresento é resultado de experimentações com as letras e as palavras, fazendo uso de cartelas de Letraset antigas e craqueladas devido ao tempo, junto a imagens “abstratas” resultado de pedaços de pintura acrílica sobre parede retiradas com espátulas. De modo geral minha poética busca uma perspectiva do desconhecido, onde camadas espaço-temporais são exploradas na concepção dos trabalhos a fim de gerar ao espectador sensações superiores.
Everton Leite Curitiba/PR, 1994 Artista visual e ilustrador, pós-graduando em Poéticas Visuais pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Formado em Licenciatura em Artes Visuais pela Faculdade de Artes do Paraná (2016). Seus trabalhos partem de um arquivo criado pelo artista, em um primeiro momento composto por memórias, objetos e narrativas relacionadas a sua família, principalmente a relação das pessoas com a memória da casa da infância. Em um segundo momento, o artista adiciona ao arquivo, a relação do tempo no espaço, as mudanças, as ausências e presenças encontradas na casa da infância, também o lugar das pessoas dentro do espaço. Em sua pesquisa mais recente, são adicionadas ao arquivo memórias sentimentais e afetivas, poéticas de si. São diários íntimos, retratos e autorretratos, cartas enviadas e recebidas, mentiras, textos da literatura e trabalhos de outros artistas.
Hieda Oviar Jundiaí do Sul/PR, 1982 Formada em Desenho Industrial – Programação Visual e pós-graduanda em Poéticas Visuais pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná. A minha pesquisa em artes neste momento está em analisar e perceber qual é seu próprio fio condutor, pois venho estudando diferentes técnicas, materiais e meios de se produzir arte contemporânea. Em fotografia me interessa explorar as possibilidades e os possíveis desdobramentos no processo da pós-produção da imagem dando ênfase ao fazer manual nesta segunda etapa da construção fotográfica. Para a exposição coletiva Caldeamento trago um trabalho que combina as técnicas de desenho, colagem e pintura.
Joel Rocha Curitiba/PR, 1960 Fotógrafo profissional e artista com longa trajetória no fotojornalismo, nasceu em Curitiba em 1960 e começou a atuar na área da fotografia nos anos 1980. Durante este período, suas referências foram os fotógrafos humanistas e artistas, Cartier Bresson, Doisneau, André Kertész, Eugene Smith, Edward Weston, Elliott Erwitt e outros. Já fez algumas exposições individuais na cidade de Curitiba e uma em Florianópolis e também participou de diversas mostras coletivas. Além das revistas nacionais para as quais trabalhou, teve também seu trabalho publicado na revista francesa Photo, Time Magazine e na Forbes Brasil. Graduado em Tecnologia em Fotografia pela Universidade Positivo e depois de ter cursado alguns módulos do curso de Poéticas Visuais da Embap, vem desenvolvendo um trabalho mais autoral e artístico dentro do campo da fotografia contemporânea. Seu projeto “Temporalidade” traz à luz questões relativas ao tempo físico e a percepção do tempo pelo homem. Este trabalho também faz parte deste novo período de sua trajetória e será apresentado na exposição coletiva “Caldeamento”.
Lívia Zafanelli Curitiba/PR, 1993 Nos útimos anos me dedico à pesquisa sobre técnicas de apropriação, métodos de impressão em geral e produção de áudio e videoarte. O estudo e a produção de livros, fotolivros e publicações independentes também é matéria de grande interesse. Trabalhar com imagem e texto é, para mim, uma forma muito poderosa de entender o mundo em que vivemos e, portanto, gosto de experimentar os mais diversos métodos de criação artística e estou sempre interessada em aprender coisas novas. De maneira especial, a apropriação de conteúdos está presente em meus trabalhos desde meu primeiro experimento artístico. Tenho gosto pela prática por vários aspectos. Gosto de procurar, explorar. A busca pelo tesouro. Ao usar uma fotografia de outro sujeito, o faço como uma singela homenagem. Acredito que ressignificar conteúdos, inserílos em outros contextos particulares significa enriquecê-los. Por fim, posso dizer que busco criar uma espécie de espelho para o mundo, onde as pessoas possam se ver através dele e, dessa maneira, encontrar a possibilidade de fazer novas conexões que as ajudem a se entender melhor.
Marcos dos Santos Curitiba/PR, 1983 Graduado em Educação Artística – Artes Plásticas (2013-UFPR) e Produção Multimídia (2011-Faculdade Opet); Pós-graduando em Poéticas Visuais pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná e mestrando em educação pela UFPR. Trabalhando desde 2009 como professor de artes na educação básica, a minha pesquisa atualmente consiste em explorar e tensionar os limites do tripé experiência/objeto-estético/ ensino em busca de uma convergência poética. Para a exposição Caldeamento proponho uma ação-educativa que converse com o tema e as obras expostas, e também articule uma experiência estética para os participantes.
Rute Yumi São Paulo/SP, 1970 Moro em Ponta Grossa/PR desde 1975. Trabalho com ilustração e ensino de desenho. Em 2014 participei do segundo Salão de Arte Contemporânea de Ponta Grossa, no qual recebi o Prêmio Lagoa Dourada pelos trabalhos “O Anjo da História” e “O Anjo da Guarda” - ambos em Sumi sobre papel. Em 2015 participei da exposição coletiva “Guenzai”, em Paranaguá, junto a outros artistas de origem japonesa. Por volta de 2011, ainda estudante do curso de licenciatura de Artes Visuais pela Universidade Estadual de Ponta Grossa, comecei a pesquisar o “Sumi”, uma tinta que no Brasil é conhecida como “nanquim em barra”. A pesquisa do Sumi, tradicional à cultura japonesa, me ajudou a resgatar minha história familiar e trazê-la para minha prática artística. Durante a pós-graduação em Artes Visuais, 2016, pude compreender e expressar com mais clareza o meu processo de criação. Basicamente entendi o “lugar da minha fala”: a forte influência ancestral existente no meu modo de ser, que mesmo sem nunca ter ido fisicamente ao Japão, manifesta o Japão emocional, cuja influência é evidente não só nas escolhas de materiais, como no modo de manifestar minha arte. De lá pra cá venho também experimentando outros materiais, não tão conectados com a cultura tradicional japonesa, mas que me permitem seguir manifestando estas influências e pesquisando variações estéticas. Na exposição Caldeamento, escolhi apresentar o resultado desta nova experiência, onde mudo o material e mantenho o processo.
Verônica Filipak Curitiba/PR, 1973 Nascida e criada em uma loja de brinquedos, técnica em Desenho Industrial, formada em Design Gráfico. Marceneira por compaixão, costureira por paixão. Encontrei nas mais diferentes técnicas têxteis, conforto, acolhimento, e cor. Cadência. Perfuração. Destruição. Construção. Laçadas. Tramas. Fibras. Técnica. Na organização e catalogação, minha pesquisa. Na desconstrução e reencontro através da linha, da fibra, da agulha, surge emaranhado em cor e textura, o trabalho. Conhecimento e domínio das técnicas e obsessão por materiais, misturando o fazer manual, com o que existe de mais antigo e mais moderno em tecnologia têxtil. O resultado não poderia ser mais instigante. Te convido. A casa atelier está sempre aberta.