VIGOR DE UMA VARIEDADE DE CAFÉ É ESSENCIAL

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VIGOR DE UMA VARIEDADE DE CAFÉ É ESSENCIAL J.B. Matiello e S.R. Almeida – Engs Agrs Mapa e Fundação Procafé e Salvio Gonçalves – Eng Agr Consultor em cafeicultura

A escolha de uma variedade ou cultivar de café para plantio deve, sempre, considerar duas características essenciais - sua boa capacidade produtiva e o vigor das plantas. O vigor dos cafeeiros define, como um todo, a capacidade deles de vegetar bem, dando condições para que a planta estruture a ramagem e para que suporte a carga de frutos. Com bom vigor, a planta pode, ainda, aguentar adversidades climáticas, falhas nos tratos e o ataque de pragas e doenças, mostrando recuperação normal da folhagem após o “stress” ou desgaste provocado por esses fenômenos. Plantas com bom vigor apresentam, igualmente, boa recuperação após a realização de podas, respondendo com uma brotação vigorosa. O bom vigor de um material genético é prioritário, ainda mais para as condições da cafeicultura brasileira, onde os cafezais são cultivados em terras fracas e a pleno sol, sobrevindo um “stress” natural pela carga. Assim, somente plantas com vigor adequado apresentam boa recuperação, permitindo reduzir o efeito de ciclo bienal de produção. Recentemente nos deparamos com problemas de baixo vigor, demonstrados pela cultivar IAPAR 59, em plantação feita no município de Machado-MG, sob adensamento, em espaçamento de 1,75 X 0,5 m, neste caso, propositadamente usada, de forma intercalar, com a cultivar Catucai amarelo 2SL, visando a abertura futura com sua eliminação para a abertura da lavoura. Ocorre que a plantação, após 4 safras, foi recepada, visando sua retomada ainda com adensamento. Porém, como pode ser visto nas fotos, aqui incluídas, a rebrota da cultivar Iapar 59 foi muito ruim, com plantas morrendo e outras com brotação lenta e sem futuro. Sabe-se que a cultivar Iapar 59 é um Sarchimor, introduzido de cruzamento feito em Portugal, sendo a geração F2 recebida pelo IAC- Campinas, denominando-o LC-l669 e a F3 foi introduzida no IAPAR, ali a progênie recebendo a denominação final da cultivar. Ela apresenta boa resistência à ferrugem e ao nematoide exígua, sendo bem produtiva nas safras iniciais, mas logo perde o vigor. Essa situação de falhas após recepa, mesmo em plantio adensado, onde a poda já é uma prática prevista, já foi quantificada em trabalho realizado em Mal Floriano-ES, conforme dados incluídos na figura 1, onde se pode observar a menor percentagem de rebrota da cultivar IAPAR 59 (50%), em relação ao Catuai(97%). 100

% de rebrota

90 80

% Rebrota

70 60 50 40 30 20 10 0 Catuaí V. IAC-44

IAPAR-59

Figura 1 – Capacidade de rebrota entre cafeeiros das cultivares Catuaí Vermelho IAC-44 e IAPAR-59.

Deste modo, as duas informações concordantes, sob diferentes ambientes, mesmo favoráveis, com clima frio e chuvoso, o que favoreceria plantas de menor vigor, desaconselham o plantio da cultivar Iapar 59, a menos, como foi previsto inicialmente, para servir apenas como Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 – Varginha, MG – CEP: 37026-400 35 – 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br


cultivo intercalar do café definitivo, neste caso sendo uma linha arrancada após 3-4 safras iniciais, antes do fechamento.

Linha central de cafeeiros da cultivar Iapar 59 e nas laterais de Catucai amarelo 2Sl, recepadas, podendo-se ver o contraste entre as plantas que não brotaram e outras com brotação e retorno muito fracos no Iapar e boa brotação no Catucai. Machado-MG, jan-2013

Detalhe da brotação diferencial das 2 cultivares, à esquerda a Iapar 59 sem vigor e sem safra no 2º ano pós-recepa e a Catucai amarelo, à direita, com boa recuperação mostrando carga de 5-6 l por planta.Machado-MG

Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 – Varginha, MG – CEP: 37026-400 35 – 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br


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