NO PÓS-PLANTIO DE CAFÉ A MOLHAÇÃO É MUITO IMPORTANTE J.B. Matiello e A.W. R. Garcia– Engs Agrs Mapa e Fundação Procafé
As mudas de café foram plantadas. Agora é só esperar, para São Pedro mandar chuva e tudo bem, elas vão formar uma boa lavoura. Ledo engano. Os que pensam assim acabam tendo muito trabalho e gastos com o replantio, sem falar nas falhas e na desuniformidade da futura lavoura. A muda de café, quando levada ao campo, fica totalmente exposta à insolação e sua transpiração aumenta. Por outro lado, seu sistema radicular ainda está muito pequeno, restrito ao torrão, assim qualquer falta de água, mesmo em curtos períodos, prejudica o pegamento e desenvolvimento inicial das plantas. Sob stress hídrico as mudas no campo começam a murchar, em seguida aparecem escaldaduras e queimas nas folhas e elas acabam caindo. Com isso, a planta deixa de bombear água e começa a seca da haste, iniciando pelo ponteiro. Quando a muda não chega a morrer, o desenvolvimento inicial da planta fica muito prejudicado. As situações onde as mudas recém plantadas sofrem mais são: a) Nos plantios efetuados no período quente, de dezembro a fevereiro, sujeitos a veranicos. b) Nas mudas com substratos pouco volumosos e muito porosos, como nas mudas de tubete, de bandeja ou de sacolas de TNT. c) Nas mudas com torrões muito argilosos. d) Quando as mudas foram mal aclimatadas. e) Em plantios com mudas de estacas (de conillon), as quais apresentam menor numero de raízes finas.
A prática para suprir água para as mudas no campo é conhecida como molhação, a qual deve dar prioridade para as aplicações de água de forma localizada, bem junto às plantas, para molhar o torrão. Água de aspersão só se for com boa vazão e continuada, senão molha superficialmente o solo e deixa o torrão, abaixo, seco, e, assim, as raízes tem dificuldade de sair dele. Na molhação aplica-se, normalmente, 3-5 litros de água por muda. Existem 3 maneiras principais de molhação de plantas novas no campo. A primeira, mais efetiva, consiste na colocação de um sistema de bomba e tubulação provisórias, terminando em mangueiras, comuns ou perfuradas, estas sendo operadas manualmente, para distribuição da água junto às linhas de cafeeiros. O segundo modo de molhação utiliza tanques tracionados por tratores, molhando as plantas diretamente, através de terminais perfurados (como chuveiros), isto em áreas mecanizáveis, ou, em áreas declivosas, com o tanque ficando nos carreadores ou onde mais próximo o trator consiga chegar e daí, por mangueiras ou vasilhames, a água é distribuída junto às plantas. Outras práticas que reduzem a perda de água pelas plantas jovens podem ser utilizadas de forma auxiliar, citando-se a cobertura do solo com palhas ou estercos, a cobertura da muda com palha de coqueiro ou gomos de bambu (usada em áreas de conilon) e o uso de gel no plantio, este sempre acoplado com molhações. Os resultados da molhação inicial bem feita, de modo a desenvolver as plantas, é muito evidente na produção da catação e na 1ª safra dos cafeeiros. Plantas com desenvolvimento inicial ruim podem produzir 2-3 litros de frutos, enquanto outras, que tiveram desenvolvimento ideal podem produzir de 4-6 litros por pé. Pode-se ver isso no exemplo do trabalho de pesquisa realizado no Sul de Minas, onde foi estudada a irrigação temporária, efetuada apenas nos 2 primeiros anos da lavoura, em comparação com parcelas sem irrigar. Os resultados de produção na 1ª safra mostram um grande diferencial produtivo, de 41 scs por ha ou 133 % em favor dos cafeeiros irrigados (quadro 1), sendo que só este diferencial inicial já cobriria todos os custos de implantação do sistema de irrigação. Fundação Procafé Alameda do Café, 1000 – Varginha, MG – CEP: 37026-400 35 – 3214 1411 www.fundacaoprocafe.com.br
Quadro 1 – Produtividade em cafeeiros irrigados ou não, na fase de formação do cafezal, safra 2000 / 2001, Baependi-MG, 2001 Produção em 2000-01 Tratamentos Litros por planta Scs benef / ha % Sem irrigação 2,1 31,30 100 Com Irrigação 4,9 72,58 233 Diferença 2,8 41,48 133 Fonte - Garcia, A.W.R. et alli. – Anais do 26º CBPC, Procafé
Recomenda-se, portanto, que , ao primeiro sinal de falta de água, quando a muda começa a sofrer, deve-se socorrer com molhações, não se devendo esperar, pois os efeitos severos de falta dagua podem ser irreversíveis.
Trator com tanque andando na rua e molhando as mudas,na linha, através de terminal de cano furado, em Bonito-BA, Faz VB4
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Colocação de cobertura(fina) de palha de café junto à linha de cafeeiros, para economia de água do solo, na Fda VB 4, Bonito-BA.
Mudas bem formadas, com desenvolvimento uniforme, através de molhações sempre que necessárias.
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Mudas no campo sofrendo, murcha, com escaldadura ou morrendo, por falta de molhação, sendo facilitado o ataque de bicho mineiro nesse tipo de muda
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