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Rações ambientalmente sutentáveis para aquacultura
Para o investigador, que se define como “teimoso, resiliente e com grande capacidade de adaptação a novas situações”, a hipótese de fazer o doutoramento surgiu já no seio da própria empresa: “sempre quis prosseguir os estudos e quando surgiu a oportunidade de fazer o doutoramento decidi avançar”.
Os resultados da sua investigação, esses, estão também em sintonia com a sua atividade profissional. “Estamos focados em selecionar e melhorar o medronheiro a fim de obter clones que possam ser utilizados como plantas ornamentais ou de alta produção de fruta, como tal as atividades do meu doutoramento acabam por estar perfeitamente alinhadas com os objetivos da empresa”.
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Num ‘casamento’ que se define como quase perfeito, Ricardo Pereira destaca o carácter vanguardista da empresa que, desde 2007, decidiu assumir a investigação e desenvolvimento como pilar fundamental da sua estratégia de negócio.
Atualmente, com mais de 6 milhões de euros dedicados a esta área, a Corte Velada conta ainda com a criação de um robusto e diversificado banco genético do medronheiro que se afirma hoje como um passo decisivo para o melhoramento da espécie.
A seleção de clones específicos melhorados de medronheiro para a produção de aguardente e fruta fresca, possibilitando a produção massificada desta planta, é atualmente um dos grandes resultados que sobressai do trabalho levado a cabo por Ricardo Pereira.
No entanto, no que toca ao diálogo entre academia e empresas, o investigador é perentório em afirmar que:
o dever de uma universidade não é tanto transmitir os conhecimentos necessários para o meio empresarial, mas sim preparar o aluno para conseguir adquirir os conhecimentos que precisa para se adaptar a novas situações que possam surgir. Isto porque é impossível para uma universidade ensinar aos alunos todos os conhecimentos que eles precisam para um mercado de trabalho tão vasto como existe hoje em dia.
Cozinheiro nos tempos livres, Ricardo Pereira, acredita que a receita para o sucesso dos doutorados em Portugal ainda está para chegar. “Acredito que Portugal não é o melhor país para se fazer um doutoramento, não porque não se encontre trabalho, mas porque os empregadores não estão a valorizar as vantagens de ter um trabalhador com muitos conhecimentos na área versus ter um trabalhador que trabalha por um salário baixo”.
Recorda que a situação é agravada pelos impostos que, “à medida que o salário se torna mais elevado, implicam custos muito maiores para as entidades empregadoras, o que vai estimular uma filosofia de contratar pessoas com menos formação e salários mais baixos”.
Neste panorama, a Corte Velada assumese como exemplar exceção, apostando no desenvolvimento alicerçado em investigação de ponta, com recurso a trabalhadores altamente qualificados que, à semelhança de Ricardo, vão apontando novos caminhos e novas soluções.
Para que o medronheiro seja mais rentável é necessário que exista uma estandardização das plantas utilizadas.
Doutoramentos / ZINE UALG Doutoramento Ciências Biológicas
Área: Ciências Naturais e do Ambiente Unidade Orgânica: Faculdade de Ciências e Tecnologia
Palavras-chave Biomoléculas Células Organismo Ecossistema
63%
estudantes feminino*
38% 41%
estudantes masculino* estudantes estrangeiros*
47%
Inscritos com bolsa de investigação *
*últimos 5 anos letivos
Porque escolher este doutoramento?
L Detém uma forte rede de parcerias internacionais (ERASMUS, de investigação e outros programas);
L Possui o apoio de diversas infraestruturas biológicas do roteiro nacional e europeu (EMBRC, Biodata, Instruct);
L Colaborações ativas com os setores público e empresarial, contribuindo para o desenvolvimento de investigação e tecnologias;
L Contribui para a formação de cientistas com elevada capacidade de rigor e análise crítica em diversas vertentes das Ciências Biológicas;
L Desenvolvimento de projetos em áreas de pendor económico desde a piscicultura ao isolamento de substâncias bioativas, terapêutica de agentes virais em plantas ou desenvolvimento de biomarcadores de diagnóstico da osteoartrite;
L Contribui para a criação de spin-offs nas áreas da produção de espécies marinhas ornamentais como o cavalo marinho, consultoria e desenvolvimento em aquacultura, biotecnologia e produção de macroalgas e desenvolvimento de novos produtos de nutrição em aquacultura;
L Ambiente de investigação de excelência e em articulação direta com o ecossistema de I&D da UAlg: centros, pólos, laboratórios associados e colaborativos.
O seu percurso profissional resultou de uma série de acasos. Rita Teodósio licenciou-se em Biotecnologia, no Reino Unido, esteve num instituto ligado à agricultura e fez investigação biomédica. Regressou a Portugal, onde durante um ano concorreu a bolsas de investigação em todas as áreas, e atualmente encontrase a terminar o doutoramento em CIÊNCIAS BIOLÓGICAS.
Em 2003, conseguiu uma bolsa no Centro de Ciências do Mar (CCMAR) onde descobriu novos interesses de investigação. Mais tarde, em 2010, passou a integrar o grupo de investigação em Aquacultura e encontrou, finalmente, a área de investigação que procurava. Em jeito de retrospetiva recorda, “nem sempre aquilo que imaginamos para nós se concretiza, o que não é necessariamente mau, pois muitas vezes encontramos o nosso caminho onde menos esperávamos”.
Depois de ter encontrado o seu “rumo científico” não teve dúvidas de que, logo que possível, seguiria para doutoramento. “Para mim é o início de um caminho, onde se começa a ter alguma autonomia. Aprende-se a estruturar pensamentos e ideias, a ter sentido crítico (que não é igual a ser crítico).”
O seu doutoramento enquadra-se na área da Aquacultura e nutrição de peixes. Foi realizado no Grupo de Aquacultura do CCMAR, em colaboração com duas empresas na área da nutrição – a Evonik e a SPAROS Lda.
A sua investigação centrou-se no desenvolvimento de rações mais económicas e ambientalmente sustentáveis para duas espécies de peixes, relevantes no panorama mundial e europeu na indústria da aquacultura: a tilápia do Nilo e a dourada.