ENGENHARIA DO PAPEL PRODUÇÃO DE UM NO MERCADO EDITORIAL LIVRO POP-UP
Orientando Uibirá Barelli dos Santos Orientador Prof. Dr. Vicente Gil Filho
ENGENHARIA DO PAPEL PRODUÇÃO DE UM NO MERCADO EDITORIAL LIVRO POP-UP
Universidade de São Paulo Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Curso de Design 10º semestre Trabalho de Conclusão de Curso II Engenharia do Papel no Mercado Editorial: Produção de um livro Pop-Up
7 9 11 13 19 27 37 45 49 51 53 57 77 93 95 97 99
AGRADECIMENTOS OBJETO DA PESQUISA METODOLOGIA ENGENHARIA DE PAPEL E O LIVRO POP-UP CATALOGAÇÃO DE TÉCNICAS REVISTA VISIONAIRE 55 – SURPRISE ENTREVISTA COM BRUCE FOSTER ABC3D
SUMÁRIO
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SUMÁRIO
POPVILLE CONSIDERAÇÕES FINAIS DA FASE DE PESQUISA DEFINIÇÕES PARA O PROJETO PROJETO BICHOS ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS CONSIDERAÇÕES FINAIS DO PROJETO ANEXO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CRÉDITOS
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AGRADECIMENTOS
Agradeรงo, Aos meus pais por me proverem com habilidades que nem mesmo acreditava ter. Aos meus amigos justamente por estarem ao meu lado me fazendo acreditar. A Vicente e Nasha Gil por acreditarem em mim, inspirando e moldando essas habilidades.
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OBJETIVO DA PESQUISA O foco central da pesquisa realizada na primeira etapa do projeto é o estudo da engenharia do papel e suas aplicações. Trata-se de uma técnica que utiliza cortes, dobras e vincos para criar estruturas, mecanismos e formas tridimensionais a partir de planos propiciados pelo material. Uma de suas principais aplicações ocorre em um segmento do design editorial denominado livro pop-up — tridimensional ou móvel. A engenharia do papel também é aplicada de forma generalizada a cartões animados, origamis, kirigamis, cartões-bandeira e afins. A pesquisa inclui um levantamento em livros e revistas especializadas, aplicações em livros, cartões e objetos, e, por fim, a catalogação de sistemas que foram adotados como procedimento de projeto. Esta primeira etapa orientou o que viria na etapa seguinte: o desenvolvimento de um livro pop-up. Foram estabelecidos pré-requisitos formais e conceituais que norteariam o projeto e que sofreram mudanças e acréscimos ao longo do desenvolvimento.
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METODOLOGIA A parte teórica inicial deste trabalho consiste na introdução do problema a ser estudado, sua definição e relevância histórica. Buscou-se mostrar como se deu a inserção da técnica no mercado editorial no decorrer dos anos, selecionar e analisar algumas obras que se utilizaram dela com primazia — não somente para apresentar exemplos mas, principalmente, elucidar os títulos que cumprem com os pré-requisitos e predileções advindas da proposta do trabalho. Um detalhado registro fotográfico servirá de apoio para ilustrar esse procedimento. Textos de autores especializados em pop-up, além de guiarem a pesquisa esclarecendo questões primordiais a respeito do tema, são apresentados como as principais referências para o embasamento técnico exigido na fase projetual.
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ENGENHARIA DO PAPEL E O LIVRO POP-UP
O interesse inicial neste trabalho final de graduação surgiu da busca por um objeto de pesquisa que abarcasse tanto o design gráfico quanto o design de produtos em sua concepção. Pensar a transformação entre bidimensional e tridimensional ocorrendo simultaneamente, o processo industrial dependente do processo manufaturado e a possibilidade experimental vieram corroborar com o desenvolvimento deste projeto. A Engenharia do Papel pode ser definida como um segmento do design que utiliza estruturas e recortes para dar movimento ao papel, trabalhando com mecanismos tridimencionais, móveis, retráteis ou qualquer outros elementos de cunho interativo. Uma das principais aplicações dessas técnicas acontece em um ramo do mercado editorial de grande importância, dos chamados livros pop-up. O termo pop-up, hoje amplamente difundido, foi registrado como marca nos EUA no período entreguerras pela Blue Ribbon Books Inc., de Nova Iorque. No catálogo da exposição Ideas in motion, de abril de 2005, Ellen G.K. Rubin relata que os elementos mecânicos foram utilizados originalmente como ferramentas auxiliares de ensino voltadas para o público adulto devido à participação ativa do leitor e à imposição da interação, o que tornava a experiência ainda mais memorável. Rubin, membro-fundadora da Movable Book Society, descobriu os livros móveis e o pop-up nos anos 1980 e desde então tornou-se ávida colecionadora: possui cerca de 7000 livros e outros milhares de livros móveis não catalogados. Visando uma compreensão histórica a respeito do pop-up este capítulo se baseará no catálogo escrito por Rubin, elencando os principais acontecimentos. Segundo a autora, as primeiras aparições desses elementos em livros datam do século XIII. O que acredita-se ser o primeiro dispositível móvel foi inventado por um monge beneditino inglês chamado Matthew Paris, que incluiu em seu manuscrito Chronica Majorca (1236-1253) uma volvelle para calcular as datas de feriados cristãos para os próximos anos. Volvelle são construções em papel com elementos rotativos, círculos ou ponteiros presos a um eixo central que permitem a interação entre as partes.
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ENGENHARIA DO PAPEL E O LIVRO POP-UP
Em 1439 tem-se o marco da invenção dos tipos móveis por Johannes Gutenberg, que permitiu a impressão de livros economicamente viáveis e a maior proliferação do conhecimento. De acordo com Rubin, já em 1543, Andreas Vesalius publica seu livro de referência, De humani corporis fabrica libri Septem. O livro foi impresso com ilustrações em xilogravura de músculos, ossos e vísceras, dispostas em camadas, usando abas de papel como dispositivos móveis. Cada aba ilustrada poderia ser levantada, revelando a camada inferior. Dessa forma, a anatomia se tornou aparente. Pela primeira vez, possibilitou à cirurgiões, estudantes de medicina, e até mesmo leigos a experiência prática de investigação do corpo humano. Em seu texto Rubin introduz a época em que os livros pop-up começam a mudar de público. Em 1765, o editor Robert Sayer produziu o primeiro de uma série de livros móveis especialmente para crianças. Tornou-se aceitável o aprendizado ser uma experiência agradável, com ilustrações de apoio ao texto, e os livros também serem lidos apenas por diversão, o que não acontecia até então. Esses livros eram como panfletos e tinham ilustrações divididas na página — ao abrir parte da ilustração para cima ou para baixo uma nova ilustração era formada, avançando história adentro. Logo após é apresentado o fato de que nesta mesma época promovia-se na Inglaterra a leitura para crianças, que progressivamente se proliferava. Com a Revolução Industrial a pleno vapor, criou-se uma classe média com fundos para investir em itens que não fossem de necessidade básica, como os livros pop-up. Como exemplos históricos que colaboraram com a consolidação de uma cultura da leitura a autora cita o Sunday School Movement de 1780, o Primeiro Ato das Bibliotecas Públicas de 1850, e o Ato Educacional de 1879, que estabelecia o ensino compulsório na Inglaterra. A vasta produção literária infanto-juvenil que se estendeu até o século XX inicia seu crescimento no final do século XVIII com o sucesso de alguns títulos, como as estórias dos irmãos Grimm e Robinson Crusoé.
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ENGENHARIA DO PAPEL E O LIVRO POP-UP
Nesse momento em que os jovens se tornam público-alvo das editoras, muitos livros tridimensionais são criados, como The History of Little Fanny, em 1810, o primeiro livro que trazia bonecas e roupas de papel. A editora Dean & Sons foi creditada pelo primeiro livro tridimensional da história, e criaram mais de 50 títulos diferentes. Os livros infantis, perdem um pouco seu caráter puritano e didático, e são traduzidos em muitas línguas. Rubin expõe que a Alemanha se tornou o centro da impressão, da fabricação de brinquedos e da manufatura no período. Nos Estados Unidos, os irmãos McLoughlin começaram a produzir seus próprios livros móveis. Cartões comemorativos também começam a ser criados com dispositivos que interagiam com o leitor. Uma técnica que se utilizava de um papel mais barato e força de trabalho organizada para a manufatura chamada cromolitografia, impulsiona o crescimento da produção desses materiais ilustrados com elementos interativos. No final do século XIX, os livros móveis foram impressos em uma escala nunca antes vista. No mundo vitoriano, esses livros se tornavam uma forma de entretenimento para toda a família. Refere-se a este momento como “A Idade Áurea dos Livros Móveis”. Lothar Meggendorfer (1847-1925) de Munique, Alemanha, foi o engenheiro de papel mais renomado dessa época. A autora afirma que ele era capaz de criar múltiplos movimentos com apenas um ato de interação apenas refinando o uso dos rebites. Prolífico, bem-humorado e inventivo, seus livros eram apreciados por adultos e crianças por todo o mundo. Meggendorfer também produziu livros pop-up cenário, como circos, casas de boneca e parques. Sua apresentação satírica dos pequenos momentos da vida se contrastava com a representação açucarada dos garotos e garotas vitorianos das ilustrações de Ernest Nister. Após isso a autora apresenta o baque causado pela Primeira Guerra Mundial que destruiu os centros de produção da Alemanha. Tornou-se difícil concentrar os recursos necessários para a produção de livros móveis cuja mão-de-obra deveria ser intensiva. A fabricação de papéis, assim como a demanda por passatempos frívolos, decaiu. Apenas 50 anos depois estas criações seriam retomadas e publicadas em larga escala.
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Seguindo tem-se Stephan Louis Giraud (1879 - 1950) da Inglaterra que patenteou uma estrutura de papel com várias denominações: stand-up life-like, living models, e pictures that spring to life e criou uma editora de livros mecânicos. De 1929 a 1949, publicou a série Bookano e o Daily Express Annual, considerados os primeiros pop-ups da história. Nessa fase percebe-se uma diminuição brusca no uso de elementos móveis em livros, porém esse uso não se extinguiu por completo. Editores norteamericanos e artistas continuavam a usar os dispositivos em livros, propagandas e cartões. Rubin introduz que em 1932, durante a inércia da Grande Depressão, a novaiorquina a Blue Ribbon Press produziu uma série de livros pop-up de clássicos contos-de-fadas e desenhos animados, como Popeye, Dick Tracy e Little Orphan Annie. Um painel que se posicionava atrás da página e que permitia múltiplos movimentos com apenas uma aba — semelhante ao mecanismo de Meggendorfer, porém sem o uso do rebite — foi patenteado durante a Segunda Guerra Mundial pelo novaiorquino Julian Wehr. Geraldine Clyne, também de Nova Iorque, produziu a série Jump-up dos anos 30 aos anos 50 que utilizou de ilustrações cortadas e dobradas em zig-zag com temática variada. A segunda “Idade Áurea dos livros pop-up”, relatada por Rubin, foi de responsabilidade do empresário americano Waldo Hunt, da Graphics International que alavancou o percurso dos livros pop-up. Enquanto esteve na Europa, Hunt se interessou pelas obras do autor tcheco Vojtˇech Kubašta de Praga. Os inventivos pop-ups de Kubašta, de cores brilhantes e ilustrações em um falso estilo naif, estavam sendo traduzidos em 37 idiomas e distribuidos pela Westminster Books da Inglaterra com grande sucesso por toda Europa, Ásia e Oriente Médio. A proposta da distribuição nos Estados Unidos, feita por Hunt, foi negada pela produtora soviética Artia por questões políticas. Hunt voltou à América e uniu uma memorável equipe de pioneiros da engenharia do papel: Ib Penick, Tor Lokvig e John Strejan. Junto à Random House, ele publicou o livro pop-up Riddle Book (1965), de Bennett Cerf. Random House produziu séries de livros pop-up nos anos 60 e 70, assim como a Hallmark Cards, que posteriormente assumiu a Graphics International. Hunt, em 1976, criou a companhia de embalagens Intervisual Books, que produziu muitos dos livros considerados clássicos da área.
Na conclusão de seu texto a autora afirma que nos últimos anos o número de livros pop-up impressos diminuiu. Livros móveis ainda são manufaturados, e as editoras buscam a força de trabalho de custo mais baixo, principalmente na Ásia. Rubin conclui que é difícil dizer se a recessão dos títulos é uma consequência das tendências do mercado, do encolhimento do número de editoras ou do contínuo crescimento dos custos, baseados essencialmente no trabalho e nos tipos de material. Entretando, o que não mudou em 700 anos é que os livros móveis ainda são obras de artistas inspirados, que tem uma habilidade única de ensinar, e ainda são amados por adultos e crianças. As três publicações que serão analisadas neste trabalho são posteriores ao texto de Ellen G. K. Rubin. A revista Visionaire e os livros ABC3D e Popville são respectivamente de 2008, 2009 e 2010, mostrando que a inventividade e o interesse nesse tipo de material ainda estão em voga. Grande exemplo disso é o sucesso da edição da revista Visionaire realizada por Bruce Foster, o prêmio Meggendorfer dado a Marion Bataile por ABC3D e a excelente recepção mundial do livro Popville dos iniciantes Anouck Boisrobert e Louis Rigaud.
ENGENHARIA DO PAPEL E O LIVRO POP-UP
Ao fim de seu relato a autora declara que as inovações continuaram a surgir na engenharia do papel. Na história recente, em 1992, Ron Van der Meer iniciou uma série multimídia com The Art Pack, enfatizando a singularidade do pop-up de ensinar recorrendo à participação ativa do leitor. Cada livro continha fitas k7, livretos removíveis e encartes. Robert Sabuda, utilizando apenas de papéis brancos em seu primeiro livro pop-up, The Christmas Alphabet (1996), destacou o aspecto escultural da tridimensionalidade do papel e continua a deslumbrar os leitores com surpresas cada vez mais complexas. Kees Moerbeek, após 25 anos de pesquisa, fundou um formato para seus pop-ups rechonchudos. O vencedor do prêmio Caldecott de ilustração, Paul O. Zelinsky, uniu-se a Andrew Baron, vencedor do prêmio de engenharia do papel Meggendorfer, para criar o mais complexo livro móvel já visto, Knick-Knack Paddywhack (2003), com mais de 200 partes móveis.
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CATALOGAÇÃO DE TÉCNICAS O professor da Universidade do Oeste da Inglaterra, Duncan Birmingham, autor do livro Pop-up! A Manual of Paper Mechanisms, afirma que os verdadeiros pop-ups são baseados em apenas três ideias simples: o mecanismo “dobra em V”, o “paralelogramo” e o “dobra em 45º”. Ele diz que é o desenvolvimento dessas três ideias basais que possibilita explorar a grande riqueza e variedade que o universo do pop-up pode oferecer. O manual apresenta essas elementares técnicas que podem ser modificadas e combinadas para produzir uma escultura sofisticada com potencial para ilustrar uma ampla gama de histórias, assuntos e conceitos. Embora o título do manual seja “Pop-up!”, ele trata também de outros mecanismos móveis, como por exemplo os discos rotativos presentes em livros infantis. Todos esses mecanismos, por serem desenvolvidos em papel, são compreendidos pelo termo geral “engenharia do papel”. O autor sugere que o livro seja visto como um compêndio de ideias aplicaveis à engenharia do papel para ser consultado ou trabalhado sistematicamente, oferecendo ao leitor uma compreensão geral do assunto.
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CATALOGAÇÃO DE TÉCNICAS
A seleção desse manual como suporte do trabalho deve-se a maneira com que Duncan aborda o assunto. A lista apresentada a seguir, retirada e traduzida livremente do manual, exibe uma série de mecanismos que mostram possibilidades de relacionamentos entre si. Ele enumera cada um dos mecanismos para referência e esses são agrupados sob títulos gerais que indicam como uma ideia central pode ser desmembrada, desenvolvida. Espera-se de tal modo que a execução do primeiro mecanismo de cada grupo dará uma noção básica de cada técnica e suas principais características. Os “parentes distantes” de cada mecanismo também estão listados. Segundo o autor, isso será útil tanto para a solução de problemas específicos de um nível mais avançado da engenharia do papel, quanto para estudantes que pretendem maior aprofundamento no conhecimento das possibilidades do pop-up e da engenharia do papel.
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CATALOGAÇÃO DE TÉCNICAS LISTA DE MECANISMOS Para explorar um mecanismo específico e ver como ele pode ser adaptado, consideram-se outros mecanismos do mesmo subgrupo. Se mecanismos são mencionados, novas ideias e desenvolvimentos posteriores podem ser encontrados. O manual ainda conta com esclarecimentos específicos da fase de pré-projeto como: os materiais necessários, o vocabulário básico, os símbolos que serão empregados e a melhor ordem para execução. Há também nessa fase uma parte dedicada a resoluções de problemas, já prevendo eventuais erros de percurso, apontando as causas mais comuns desses problemas em potencial e explicitando a importância de se começar com esboços antes de se partir para execução.
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CATALOGAÇÃO DE TÉCNICAS
1e2 3e4 5 6 7e8 9 a 12 13 a 17 18 a 20
DOBRAS EM V A dobra em V simples A dobra em V apontando para frente Adição de cortes e dobras Dobra em V com projeções Bicos, narizes e bocas DOBRAS EM V MODIFICADAS Maxila Esculpindo a dobra em V As dobras em V distantes da lombada
MÚLTIPLAS DOBRAS EM V Dobras em V no topo de Dobras em V 21 a 27 A Dobra em M 28 a 29 30 31 32 33
DOBRAS EM V ASSIMÉTRICAS Bocas e bicos assimétricos Planos inclinados assimétricos Maxila giratória Extensões Assimétricas
34 e 35 36 37 38
O PARALELOGRAMO O paralelogramo básico Múltiplos paralelogramos Paralelogramos cortados na base Paralelogramos que levantam
39 e 40 41 a 44 45 a 48 49 50
COMBINANDO PARALELOGRAMOS E DOBRAS EM V O paralelogramo elevando dobras em V Dobras em V elevando paralelogramos Dobras em zig-zag Casa pop-up Pirâmide pop-up
DUAS TIRAS DE ELEVAÇÃO PARALELAS 51 a 53 Formas sólidas 54 a 58 Quadriláteros
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59 a 63 64 a 66
EXTENSÕES QUE SAEM Articulações com trilho Dobras em V com braços que saem
73 74 75 76
A DOBRA A 45º – BRAÇOS MÓVEIS Braços móveis simples Dobras a 45º sobre paralelogramo Braços móveis escondidos Disco giratório
77 78 80 e 81 82 e 83
PARES DE DOBRAS A 45º Mecanismos de giro “Jack na caixa” Mecanismo de ponte Fundo de caixa
84 a 86 87 e 88 89 a 91 92 e 93
DESLIZANTES Tiras de puxar e deslizantes Extendendo a imagem Trilho de deslizamento guiado Dissolvendo imagens
94 a 96 97 e 98 99 e 100 101 e 102
ABAS Abas simples Abas duplas Abas que levantam pop-ups Abas duplas de ação atrasada
103 104 105 a 107 108 109 101 11 1 e 112 113
PIVÔS E EIXOS O eixo Rotação com janela Pivôs deslizantes Pivô fixo Braços móveis múltiplos Movimento de balanço Imagens articuladas Movimento repentino
114 e 115 116 117 118 119 120
MECANISMOS DIVERSOS Espirais Tiras de ação automática Formas abauladas Cenário Disparador de cena Barulho de serra
CATALOGAÇÃO DE TÉCNICAS
MÚLTIPLAS TIRAS DE JUNÇÃO PARALELAS 67 a 69 Caixa e cilindros básicos 70 a 72 Avião, barco e cavalo
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VISIONAIRE 55 – SURPRISE ENTREVISTA BRUCE FOSTER A revista Visionaire é uma publicação multímidia novaiorquina de moda e de arte, que teve sua primeira edição na primavera de 1991. Desde então, é publicada três vezes ao ano com tiragens limitadas e numeradas — variam de 400 a seis mil exemplares — abordando diferentes temas e em diferentes formatos a cada edição. Além do caráter inovador e exclusivo que a Visionaire possui, ela funciona como plataforma para exposicão de obras de artistas famosos e emergentes do mundo inteiro, tais como estilistas, diretores de arte, fotógrafos e personalidades do meio. Estes artistas trabalham em colaboração com a revista para produzir suas interpretações pessoais acerca de um tema e contam com grande liberdade criativa e projetual quanto às técnicas e materiais empregados. Isto leva, muitas vezes, à criação de formatos originais que elevam o status da edição para além de uma galeria impressa, tornando-a o próprio objeto de arte. A diversidade temática e formal, bem como as embalagens extremamente elaboradas, resultam em constantes e inúmeras parcerias com a moda e a indústria de artigos de luxo, podendo ressaltar Louis Vuitton, Hermès, Comme des Garçons, Prada, Tiffany & Co., Veuve Clicquot, Swarowski dentre outras.
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A edição Visionaire 55 Surprise, lançada em 2008 em parceria com a prestigiada casa de champagne Krug, apresenta as obras dos artistas Andreas Gursky, Cai Guo-Qiang, Steven Klein, Sophie Calle, Mario Testino, Yayoi Kusama, Alasdair McLellan, Sølve Sundsbø, Gareth Pugh with Gary Card & Nicola Formichetti, Steven Meisel e Guido Mocafico, transformadas em pop-up pelo renomado engenheiro de papel Bruce Foster. São 11 livretos independentes, acondicionados em uma caixa recoberta de tecido violeta — que também apresenta um mecanismo pop-up — com fechamento magnético e uma placa de metal com gravação numérica do exemplar. Foram produzidas apenas 4000 unidades dessa edição, vendidas por cerca de 250 dólares.
VISIONAIRE 55 – SURPRISE ENTREVISTA BRUCE FOSTER A análise desse exemplar tem um interesse primordial pelas especificidades projetuais contidas em tal publicação. Trata-se de um artigo de luxo, direcionado a um público específico e que mesmo com tiragem reduzida e envolvendo um alto teor de exclusividade, acontece na escala industrial de produção. Envolve uma adaptação das obras de outros artistas para a linguagem do pop-up que também tem suas próprias limitações. Então quais seriam as principais questões envolvidas no projeto? Quais os verdadeiros desafios a serem enfrentados pelo engenheiro do papel nesta espetacular edição da Visionaire? Buscando aprofundar essas e outras questões foi indispensável o contato com engenheiro de papel Bruce Foster que cedeu uma breve entrevista sobre sua carreira, sobre essa edição e sobre a produção gráfica de livros pop-up. Bruce Foster é um designer norte-americano atuante no ramo da engenharia do papel e projetou mais de 40 livros pop-up para editoras, museus e empresas. (Segue a tradução livre da entrevista, realizada por correio eletrônico em maio/2011)
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VISIONAIRE 55 – SURPRISE ENTREVISTA BRUCE FOSTER
Você estudou Artes na Universidade do Tennessee. Como a sua educação superior colaborou com a sua carreira? Sim, eu estudei. Eu completei o meu bacharelado e fiz dois anos do programa de Mestrado de lá. Toda a minha carreira tem uma base de apreciação da arte que eu ganhei na Universidade. Eu não estaria nessa área se eu não tivesse estudado arte lá. Na verdade, eu comecei minha formação de graduação como um estudante de medicina! Quais habilidades técnicas são necessárias para a concepção de um livro pop-up? Muitas habilidades são necessárias: a capacidade de visualização em três dimensões e em movimento, paciência, perseverança, e habilidades em informática, especificamente em Adobe Illustrator e Photoshop. E quais são suas ferramentas de trabalho diário? Anexei uma foto das minhas ferramentas diárias: cola acid-free, lapiseira, estilete de precisão, uma faca para vincar, um esquadro regulável, uma escala para o cálculo da proporção, e minha régua favorita que tenho desde 1974. Está faltando na foto um rolo de fita dupla face. Você trabalha com uma equipe? Não na minha etapa. Eu faço todas as fases da engenharia de papel: comunicação, visualização, experimentação, construção do boneco e protótipo, e os arquivos de computador. Alguns engenheiros de papel contam com um assistente ou até mesmo uma equipe. Eu não sou um deles, prefiro controlar toda a operação do meu trabalho.
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Visionaire é uma publicação de arte e moda de edições limitadas. Você foi convidado para fazer uma edição dela. Quanto tempo você levou para desenvolvê-la? Sim, foi uma grande honra... E desafio! Essa coleção levou cerca de cinco meses para se desenvolver. Além dos 11 pop-ups finais da coleção, foram explorados os trabalhos de vários artistas, que infelizmente acabaram excluídos do livro. Acho que alguns deles eram tão ou mais interessantes que a seleção final.
VISIONAIRE 55 – SURPRISE ENTREVISTA BRUCE FOSTER
Existem fornecedores especializados e empresas de impressão nesta área? A montagem parece ser muito complexa, você precisa acompanhar todo o progresso, do início até o fim? Minhas gráficas estão localizadas em Hong Kong e na Tailândia. No entanto, meu contato com eles é mínimo. Eu solicito orçamentos, mas uma vez que os meus arquivos e bonecos foram enviados, confio nas gráficas para levar o trabalho adiante. Ocasionalmente haverá uma pergunta ou sugestão, mas não é frequente.
Quais foram os desafios de trazer obras de artistas para sua linguagem pop-up? Bem, o primeiro objetivo foi tentar entender a filosofia e a história de cada artista. Não apenas para traduzir uma obra específica, mas também para capturar os seus processos de pensamento. No início, a seleção foi voltada a artistas plásticos, foi um ótimo e interessante desafio. Mais tarde, as seleções começaram a introduzir fotografias específicas de alguns fotógrafos. Afinal a Visionaire é uma revista de moda, que começou com artistas plásticos e suas filosofias conceituais e progressivamente começou a trabalhar com os fotógrafos que hoje fazem parte da história da Visionaire. O trabalho em si era mais uma tradução do bidimensional para o tridimensional.
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VISIONAIRE 55 – SURPRISE ENTREVISTA BRUCE FOSTER
Quais as técnicas de impressão e tipos de papel foram usados? As técnicas de impressão foram as mesmas de um processo tradicional de quadricromia, com reserva de verniz. Em algumas das soluções rejeitadas houve a utilização de acetato impresso e até papel espelhado, mas, infelizmente, como eu já disse, eles foram retirados da coleção final. Por favor, sinta-se livre para falar sobre qualquer coisa relacionada, ou coisas que você achar interessante, além de conselhos que daria para alguém que está começando agora. O conselho que eu daria aos aspirantes a engenheiros do papel é observar, copiar e experimentar. Há tantas técnicas de engenharia de papel para aprender, mas, acima de tudo, é preciso desenvolver um senso de direção e ação para contar uma história em três dimensões e movimento limitado. Não há muitos cursos em engenharia de papel, mas existem muitos livros com instruções, incluindo o livro de David Diaz e Jim Carter, “The Elements of Pop-Up”, e o de Carol Barton, da série de livros “The Pocket Paper Engineer”.
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VISIONAIRE 55 – SURPRISE ENTREVISTA BRUCE FOSTER
ANDREAS GURSKY PYONGYANG PYONGYANG II, Diptychon ©Andreas Gursky / VG Bild-Kunst Courtesy Monika Sprüth/ Philomene Magers, Cologne Munich London Digital Imaging SHOOT DIGITAL Retouching and CGI IMPACT DIGITAL
CAI GUO-QIANG HEAD ON Doutsche Bank Collection, Commissioned by Deutsche Bank AG ©2008 Cai Guo-Qiang
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VISIONAIRE 55 – SURPRISE ENTREVISTA BRUCE FOSTER
STEVEN KLEIN Director of Photography SHARIF HAMZA Photo Assistant SEBASTIAN MADER Production Coordinator LUIS VINER www.stevenkleinstudio.com Retouching and CGI IMPACT DIGITAL
SOPHIE CALLE LES SEINS MIRACULEUX Photography JEAN-BAPTISTE MONDINO Courtesy Galerie Emmanuel Perrotin, Paris/ Miami; Arndt & Partner, Berlin/ Zurich,
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Paula Cooper, New York, Koyanagi, Tokyo Digital Imaging SHOOT DIGITAL
VISIONAIRE 55 – SURPRISE ENTREVISTA BRUCE FOSTER
MARIO TESTINO Digital Imaging SHOOT DIGITAL
YAYOI KUSAMA THE PASSING WINTER
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VISIONAIRE 55 – SURPRISE ENTREVISTA BRUCE FOSTER
GARETH PUGH WITH GARY CARD & NICOLA FORMICHETTI Thanks to SØLVE SUNDSBØ Photography courtesy Firstview.com Retouching and CGI IMPACT DIGITAL
STEVEN MEISEL Fashion Editor GRACE CODDINGTON Makeup PAT MCGRATH for Max Factor Hair GUIDO for Redken Set Designer MARY HOWARD Models AGYNESS DEYN, SASHA PIVOVAROVA, COCO ROCHA, CAROLINE TRENTINE, AND GUINEVERE VAN SEENUS Digital Imaging SHOOT DIGITAL
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Styling KIM JONES Hair LUKE HERSHESON Makeup SALLY BRANKA Models LUKE, JESPER, AND RAPHAEL
VISIONAIRE 55 – SURPRISE ENTREVISTA BRUCE FOSTER
ALASDAIR MCLELLAN
SØLVE SUNDSBØ NAOMI Styling NICOLA FORMICHETTI Hair TOMO JIDAI at jedroot Makeup by ALEX BABSKY at www.frankagency.co.uk using Lancôme Retouching DIGITAL LIGHT LTD
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Digital Post Production MARIE ZACCHI Retouching and CGI IMPACT DIGITAL
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VISIONAIRE 55 – SURPRISE ENTREVISTA BRUCE FOSTER
GUIDO MOCAFICO
ABC3D O alfabeto latino é o partido projetual no livro sugestivamente entitulado ABC3D. O livro de Marion Bataille — designer, ilustradora e fotógrafa formada pela Escola Superior de Artes Gráficas Penninghen em Paris — surpreende logo de início por sua bela capa lenticular na qual as letras que o entitulam se revezam de acordo com o ângulo de visão. A partir disso cada página torna-se suporte para apresentação de uma das 26 letras do alfabeto, recebendo um tratamento exclusivo nas diversas técnicas utilizadas para a narrativa. As transformações obtidas pelos diferentes mecanismos em pop-up desmembrariam o livro em acontecimentos desconexos não fosse pela paleta cromática restrita em preto, branco e vermelho e por sua inventividade que prende e guia o leitor até o fim. Apesar da ideia central simples sua abertura à diferentes interpretações o torna um livro educativo, permitindo múltiplos usos, renovando-o a cada leitura.
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POPVILLE
A grande diversidade inerente à técnica pop-up leva muitas vezes à criação de projetos grandiosos ao extremo. Muitas das adaptações literárias cativam o leitor pelo inesperado obtido na engenhosidade de suas construções. Na contracorrente dessas publicações surge Popville, o livro de estreia de Anouck Boisrobert e Louis Rigaud, graduados pela Escola Superior de Artes Decorativas de Estrasburgo na França. Partindo de uma ideia trivial e mecanismos relativamente simples, a narrativa se desenvolve com maestria. Utilizam-se elementos básicos que não disputam espaço entre si — cores, volumes e formas vão aos poucos construindo a história e se completando até o desfecho final. A singularidade desse projeto se apoia na atitude somatória de seus personagens que ocorre de maneira independente das páginas, a documentação da formação de uma comunidade ocorre diante dos olhos do leitor tornando-o cúmplice, tal qual a Igreja, ponto de partida da narrativa. Popville tem postura poética e bem desenhada. A passagem do tempo é retratada com habilidade atemporal e sem distinção de público, a leitura principal feita pela ausência de texto permitirá descobertas de novas leituras, resultando em um prolongado encantamento.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS DA FASE DE PESQUISA
Através dessa pesquisa foi possível identificar e reafirmar a relevância deste tipo de publicação no campo do design. Sua diversidade projetual, exemplificada nas análises de referências, tornam-se campo fértil e fonte de inspiração para a produção do livro pop-up pretendida na segunda fase do trabalho. Os pré-requisitos para essa foram se moldando ao longo do processo, podendo ressaltar a capacidade de abarcar diferentes leitores, a multiplicidade de técnicas, a atemporalidade e a linguagem poética calcada principalmente na própria técnica do pop-up, dentre outras motivações. A primeira fase foi norteada como estudo teórico e referencial, que estabeleceu as bases de conhecimento para o desenvolvimento das atividades pretendidas na segunda etapa.
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DEFINIÇÕES PARA O PROJETO
As principais características observadas nos livros analisados que se destacaram e influenciaram o projeto podem ser divididas em formais e conceituais. No livro ABC3D, pode ser observado que a própria estrutura compõe a forma sem se restringir a recursos ilustrativos. A paleta cromática reduzida, tanto nele quanto no Popville, é uma limitação interessante que enriquece o projeto. As formas não usuais de representação de ambos se contrastam com a edição de Visionaire pois esta foi pensada como um transporte do trabalho de diferentes artistas para um novo suporte. Um dos conceitos trazidos pelos três livros é a universalidade de seus temas: arte, cidade e linguagem, abordando a narrativa de uma forma não infantilizada. Cabe ressaltar também que a narrativa não é condicionada a uma história verbal e sua leitura se dá de diferentes maneiras, ABC3D permite leituras variadas, Popville apresenta uma narrativa com somatórias e a Visionaire com seus fascículos permite a aleatoreidade, se tornando não linear.
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PROJETO
O universo da Engenharia do Papel — particularmente os livros pop-up — em que me inseri no decorrer do tempo só fez aumentar a vontade de projetar tendo o papel como principal ferramenta de trabalho. Porém, a pluralidade de uso e as diversas possibilidades de abordagem que tanto me fascinaram no início, tornaram-se um empecilho para a fase projetual. Eram claros os contornos delimitados para a fase de projetação, mas a infinidade de temas acabou gerando impasses que tornaram longo o processo de escolha: definições conceituais muitas vezes se contrastaram com as definições formais. Percebi que a produção de um livro pop-up requeriria que eu executasse as funções de autor, editor, ilustrador, designer e engenheiro do papel. Como autor e editor, defini um tema contundente: a fauna brasileira. Como ilustrador e designer, busquei uma interpretação nova em que o figurativo e o abstrato cambiassem na interpretação do usuário. Como engenheiro do papel, utilizei técnicas existentes adaptando para as necessidades que surgiam, propondo um novo formato: partir o livro ao meio, compondo diferentes leituras. A ideia surgiu da mistura de duas das principais ramificações da Engenharia de Papel, os livros pop-up e os chamados Turn-up books. Nos Turnup books as páginas são cortadas na horizontal (normalmente em três partes) possibilitando que essas partes combinem-se umas as outras, de modo que um simples livro de poucas páginas gere diferentes composições. Nesse projeto obtém-se 25 diferentes combinações a partir dos 5 animais escolhidos: tucano-toco, macaco-aranha, peixe-boi, boto-cor-de-rosa e lobo-guará. O livro foi intitulado Bichos.
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PROJETO
Para facilitar a logística e viabilidade do projeto, decidi centralizar também a etapa de produção gráfica, dessa forma ao invés da impressão, criei os pop-ups utilizando papéis já coloridos, em que as estruturas obtidas já gerassem a forma do animal. Com essas escolhas adquiri novos pré-requisitos projetuais, o corte do livro ao meio modificou a maneira de pensar e executar as técnicas pop-up, pois a ruptura das páginas teria que ser pensada também tridimensionalmente. A escolha da divisão obrigou que as partes superiores e inferiores da página funcionassem completamente independentes: os pop-ups deveriam se restringir a área delimitada pelo livro e pela ruptura, caso contrário a leitura não seria possível. A princípio os animais foram sendo pensados e construídos em papel sulfite 90 g/m², sem medidas exatas, como modelos preliminares. Quando ganhavam formas mais definidas eram executados em papel canson 200 g/m² e se iniciava o cálculo das medidas, os desenhos geométricos e quando finalizados eram feitos os respectivos desenhos técnicos. Na produção final do livro os modelos obtidos em papel canson eram refeitos com o auxílio da transposição dos desenhos técnicos para os papéis coloridos. Foram escolhidos os papéis especiais Color Plus® da Linha Plus® do fabricante Arjowiggins. Esses papéis apresentam textura lisa, cores vivas e uniformes, tanto na frente quanto no verso de suas folhas, por serem coloridos já na massa. A gramatura adotada foi a 180 g/m² e se mostrou ideal para a execução dos mecanismos. A página ao lado apresenta uma pequena amostra dos papéis e as cores estão agrupadas com a escala tonal escolhida para cada animal.
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Obs.: Tabela apenas para referência de cor pois a gramatura é diferente da utilizada.
Rio de Janeiro Jamaica Cartagena T贸quio Tahiti
Brasil Santiago Madrid Fidji
PROJETO
Buenos Aires
Cancun Pequim Paris Nice Toronto Porto Seguro Marfim Sahara Havana Marrocos
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O mecanismo utilizado para seu bico e barriga foi a dobra a 45º – braços móveis com adaptação de outros mecanismos do seu grupo, principalmente o de número 75 da lista, braços móveis escondidos. Para a asa utilizou-se os mecanismo 34 e 35, o paralelogramo básico. Para o rabo utilizou-se os números 3 e 4 , A dobra em V apontando para frente, do grupo dobra em V.
BICHOS
TUCANO-TOCO O Tucano-toco foi o primeiro animal escolhido. É o maior animal entre sua família, sua beleza exuberante e o grande bico amarelo-alaranjado foram os principais motivos da escolha, mas esse também foi o maior desafio o pois a área disponível para o acondicionamento do bico se restringia a parte superior da página. Depois de diversas tentativas optou-se por construir seu perfil.
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BICHOS
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BICHOS
A parte superior foi pensada tendo como suporte o mecanismo 77, mecanismos de giro, do grupo pares de dobras a 45º. A ele foi adicionado o número 66, dobras em V com braços que saem para formar os braços e o número 59, articulações com trilho para formar o maxilar, ambos do mesmo grupo, extensões que saem. Na parte inferior o mecanismo base foi o 5, adição de cortes e dobras, do grupo dobras em V que serviu de suporte para as pernas e a ele foi adicionado o número 114, espirais do grupo movimentos diversos.
BICHOS
MACACO-ARANHA Macaco-aranha é um mamífero primata que tem uma capacidade descomunal com a cauda. Possui longos membros, mas sua cauda funciona com a mesma força e a agilidade, sendo considerada como uma quinta mão. Foi escolhido exatamente por esses motivos possibilitarem formas interessantes.
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BICHOS
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BICHOS
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BICHOS
Na parte superior, o tronco que sai do papel foi feito utilizando-se do número 13, esculpindo a dobra em V, do grupo dobras em V modificadas e as nadadeiras foram feitas a partir do número 27, dobras em V no topo de dobras em V, do grupo múltiplas dobras em V. A parte inferior também utilizou o número 21, dobras em V no topo de dobras em V, também do mesmo grupo.
BICHOS
BOTO-COR-DE-ROSA O boto-cor-de-rosa, presente na bacia amazônica, teve a princípio sua escolha pela relevância na cultura brasileira como personagem do folclore popular, mas sua cor marcante,ligada à irrigação sanguínea, influenciou graficamente. Tanto os mecanismos da parte superior, quanto os da parte inferior foram pensados em grupos que partem das dobras em V.
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BICHOS
BICHOS
PEIXE-BOI A escolha do peixe-boi se deu principalmente pelas interessantes características gráficas que poderiam ser obtidas. Eles possuem um grande corpo arredondado, a cabeça bem junto ao corpo, quase sem pescoço, focinho com uma grande boca e cauda larga e achatada. A parte superior foi feita com sucessivas combinações do mecanismo de número 13, esculpindo a dobra em V, do grupo dobras em V modificadas e as nadadeiras foram feitas adaptando o mecanismos de número 78, “Jack na caixa” do grupo pares de dobras a 45 º. A parte inferior foi obtida apenas um com uma peça obtida a partir no número 4, a dobra em V apontando para frente, do grupo dobras em V.
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BICHOS
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BICHOS
Na parte superior foi feita uma grande peça que já combinava o número 31, planos inclinados assimétricos, do grupo dobras em V assimétricas, com número 36, múltiplos paralelogramos, do grupo o paralelogramo utilizado em diferentes lugares. A essa grande peça foram adicionado planos e também o número 59, articulações com trilho do grupo extensões que saem. A parte inferior também foi baseada no número 36, múltiplos paralelogramos, do grupo o paralelogramo, servindo de suporte a diferentes planos.
BICHOS
LOBO-GUARÁ O Lobo-guará é o maior canídeo nativo da América do Sul, e foi escolhido pela dificuldade que sua tridimencionalização apresentava. Suas características físicas interessavam muito formalmente e desafiavam a transposição das linguagens, do animal para o desenho e do desenho para o pop-up.
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BICHOS
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BICHOS
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS Como explicado anteriormente, a medida em que os projetos de pop-up iam sendo definidos eles eram executados em papel Canson 200 g/m², calculando suas medidas e registrando suas peças, uma a uma, em desenhos técnicos. As páginas a seguir apresentam o desenhos de todas as peças, divididas por animal e por parte superior e inferior da página, em escala 1:2.. Para facilitar a compreensão foi adicionada uma foto de cada animal correspondente. Na sequência serão apresentados os desenhos técnicos referentes a capa e a encadernação, bem como será relatado o processo de montagem do livro, confecção do miolo e encadernação em capa dura. Parte dos desenhos técnicos da capa estão em escala 1:3 e parte em escala 1:4.
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ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
corte dobra 21 peças
escala 1:2
Color Plus®
Rio de Janeiro, Jamaica, Cartagena,e Tóquio
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
TUCANO-TOCO
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ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
corte dobra 26 peças
escala 1:2
Color Plus®
Tahiti, Buenos Aires, Brasil e Santiago
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
MACACO-ARANHA
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ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
corte dobra 12 peças
escala 1:2
Color Plus®
Madrid, Fidji, Cancun e Pequim
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
BOTO-COR-DE-ROSA
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ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
corte dobra 14 peças
escala 1:2
Color Plus®
Paris, Nice, Toronto, Porto Seguro
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
PEIXE-BOI
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ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
corte dobra 26 peças
escala 1:2
Color Plus®
Marfim, Sahara, Havana, Marrocos
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
LOBO-GUARÁ
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ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
TIPOGRAFIA A tipografia utilizada na capa foi a DIN Condensed Bold, da família FF DIN, do designer Albert-Jan Pool.
BICHOS
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DIN Cond ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ abcdefghijklmnopqrstuvwxyz 1234567890!@#$%^&*()
corte dobra 1 peça
escala 1:3
impressão
Papel Couché 115 g/m²
acabamento laminação fosca
ESTRUTURA CAPA DURA corte dobra 5 peças
escala 1:3
Papel Holler 1,5 mm
Color Plus® Tóquio 180 g/m²
Com todos os pop-ups já montados as páginas foram unidas uma a uma, colando o lado sem aba, com o lado sem aba, de outra página. Em seguida as áreas centrais dessas páginas também também eram unidas com cola.
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
CAPA
A capa foi impressa em papel couché fosco 115 g/m², no formato 315 x 290 mm (com 15 mm de sangria) e acabamento em laminação fosca. Os cantos da capa impressa impressa no papel couché foram cortados em ângulo de 45º, distando 1,5 mm das marcas de dobra, para compensar a espessura do papel Holler, utilizado para encadernação em capa dura.
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ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS 91
Para a capa dura foi utilizado o papel Holler de 1,5 mm de espessura. Esse papel foi cortado em 3 pedaços: dois pedaços medindo 132 x 290 mm para as capas e um com 20 x 290 mm para a lombada (cálculo da lombada: altura da capa x espessura do miolo + 1 mm de cada lado). Os três pedaços de papel Holler foram unidos com cola branca por uma tira de papel Kraft de mesmo tamanho da capa dura, de forma cruzada e deixando 15 mm de distância entre eles. Um papel Color Plus® da cor Pequim de 90 mm de largura por 29 de altura foi colado na parte interna da capa para forrar a lombada de papel Holler.
corte dobra 2 peças
escala 1:5
Color Plus® Milano 180 g/m²
ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
GUARDAS
Foram coladas duas guardas de papel Color Plus® Milano ao miolo, deixando 3 mm de distância entre o miolo superior e o miolo inferior. Em seguida as guardas foram coladas a capa, finalizando o livro.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS DO PROJETO
Com o livro finalizado, em mãos, pude sentir a satisfação de superar as expectativas geradas durante o processo projetual. O objeto cumpre as funções estabelecidas, apresenta um carater lúdico, sem ser especificamente infantil, transmitindo a atmosfera desejada. O campo temático fértil impulsionou a liberdade criativa de maneira abrangente e justificou-se nos diferentes cumprimentos de pré-requisito. Os partidos demonstraram-se condizentes com o resultado obtido, as cores escolhidas responderam à integração desejada do animal com o fundo — a paleta tonal uniu o animal a seu habitat e agregou formalmente ao universo dos livros pop-up. O desejo da interação com o usuário também foi satisfeito, as partes propositalmente deslocadas provocaram essa interação e foram o diferencial que acredito ter sido essencial para sucesso do projeto. Mais do que apenas um produto editorial resultado deste Trabalho Final de Graduação, o livro foi um incalculável aprendizado de design que abrangeu seus os mais diversos campos e confirmou positivamente o sucesso da metodologia adotada para finalização dos objetivos iniciais desejados nesse estudo.
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ANEXO
O DVD anexo ao trabalho contém um vídeo produzido com o intuito de apresentar o livro final em movimento para uma melhor percepção e conhecimento do projeto desenvolvido.
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LIVROS AVELLA, Natalie. Paper Engineering: 3D Design Techniques for a 2D Material. United Kingdom: Rotovision UK BATAILLE, Marion. ABC3D. New York: Roaring Brook Press, 2009.
BOISROBERT, Anouck; RIGAUD, Louis. Popville. New York: Roaring Brook Press, 2010. Paris, Hélium, 2009. . Na Floresta do Bicho-Preguiça. Brasil, Cosac &Naify,2011. Paris, Hélium, 2011. BROCKMANN, Josef Müller. Sistemas de grelhas: um manual para desenhistas gráficos. Barcelona: Gustavo Gili, 1982 CARTER, David A. and DIAZ, James The Elements of a Pop-Up: A Pop-up Book for Aspiring Paper Engineers. New York: Little Simon, 1999 CARTER, David A. 600 Black Spots: A Pop-up Book for Children of All Ages. New York: Little Simon, 2005
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIRMINGHAM, Duncan. POP-UP! A Manual of Paper Mechanisms. United Kingdom: Tarquin Publications, 1997
. Blue 2: A Pop-up Book for Children of All Ages. New York: Little Simon, 2005 . One Red Dot: A Pop-up Book for Children of All Ages. New York: Little Simon, 2005 GIL, Vicente. A Revolução dos Tipos. Tese de Doutorado FAUUSP. São Paulo, 1999 HELLER, Steven. Linguagens do design: Compreendendo o design gráfico. Trad. Geraldo Gerson de Souza e Lúcio Manfredi. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003 HENDEL, Richard. O Design do Livro. Trad. Juliana Saad. São Paulo: Ateliê Editorial. 2003 HOLLIS, Richard. Design Gráfico: Uma História Concisa. São Paulo: Martins Fontes. 2001 MUNARI, Bruno. Na noite escura. São Paulo: Cosac&Naify, 2007.
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MCFADDE, David Revere. Slash: Paper Under The Knife. Milan: 5 continents editions
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PIENKOWSKI, Jan. A casa mal-assombrada. Trad. Rosa Amanda Strausz. São Paulo: Editora Moderna, 2006 SABUDA, Robert. Alice’s Adventure in Wonderland: a pop adaptation of Lewis Carrol’s original tale. New York: Simon & Schuster Children’s Publishing Div, 2003 SAINT-EXUPERY, Antoine de. O Pequeno Príncipe – O livro Pop-up. São Paulo: Agir, 2009 SLOMAN, Paul. Paper: Tear, Fold, Rip, Crease, Cut. London: Black dog publishing, 2009 VISIONAIRE. Visionaire. New York: Visionaire Publishing, LLC, n.55, nov. 2008 LINKS E PERIÓDICOS http://www.markhiner.co.uk/ http://www.movablebooksociety.org/ http://www.paperform.wordpress.com/ http://www.paperpops.com/ http://www.popuplady.com/ http://www.popupbooks.com/ http://www.robertsabuda.com/ http://www.visionaireworld.com/ ENTREVISTAS Entrevista feita por Luana Graciano e Uibirá Barelli, com o Engenheiro de Papel Bruce Foster, via correio eletrônico em maio/2011.
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IMAGENS
CRÉDITOS
A imagem da pág. 28 foi enviada via correio eletrônico por Bruce Foster em maio/2011. As demais imagens utilizadas foram produzidas pelo autor deste trabalho. VÍDEO: ANEXO O vídeo presente do DVD anexo ao trabalho foi produzido e editado por Paulo Bueno. Trilha Sonora: Nino Nardini/Roger Roger – Jungle Obsession, Label – CML/Dare-Dare, Released –1971/2000
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