Antologia de Poetas EvangĂŠlicos
EbenĂŠzer Soares Ferreira [organizador]
Antologia de Poetas EvangĂŠlicos
ANTOLOGIA DE POETAS EVANGÉLICOS Categoria: Biografia / Poesia / Vida Cristã
Copyright © 2013, Ebenézer Soares Ferreira Primeira edição: Janeiro de 2014 Coordenação editorial: Bernadete Ribeiro Preparação e revisão: Bernadete Ribeiro e Noemí Lucília Soares Ferreira Revisão de provas: Natália Superbi Diagramação: Bruno Menezes Capa: Rick Szuecs Ilustração: Pri Sathler
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Antologia de poetas evangélicos / Ebenézer Soares Ferreira [organizador]. — Viçosa, MG: Editora Ultimato, 2014. ISBN 978-85-7779-102-6 1. Cristianismo 2. Poesia religiosa - Coletâneas I. Ferreira, Ebenézer Soares. II. Título. CDD-869.9105
13-13697 Índices para catálogo sistemático: 1. Poesia religiosa: Antologia: Literatura brasileira
869.9105
Publicado no Brasil com autorização e com todos os direitos reservados Editora Ultimato Ltda Caixa Postal 43 36570-000 Viçosa, MG Telefone: 31 3611-8500 Fax: 31 3891-1557 www.ultimato.com.br
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Introdução
Eis um ideal que se consubstancia depois de mais de trinta anos. Ele foi sendo postergado e só agora o vejo realizado. Comecei o trabalho em 1975. No passado, era mais fácil publicar uma obra como esta. As igrejas tinham muitos declamadores. Os poetas mais ouvidos eram Mário Barreto França, Jônathas Braga, Gióia Júnior e Myrtes Mathias. Amo os poetas. Admiro as musas. Extasio-me ao ler as belas poesias. Elas me falam não só do belo, mas também, da alma e da candura dos poetas. Poesia é o reflexo da alma. Poetar é sentir, quando outros são insensíveis; poetar é ver, quando outros estão como que cegos; poetar é viver, quando ao redor muitos estão vegetando ou morrendo; poetar é tirar da alma, por meio da harpa espiritual, a bela música que encanta e suaviza, que exalta e enobrece, que vivifica e enleva. Reuni nesta antologia as mais perfumadas flores tiradas do jardim poético de nossos consagrados vates. Como as flores que perfumam as mãos que as colhem, os versos de cada poesia são como perfume que cada um deles transmite à alma do leitor. Consegui reunir mais de cem poetas, desde Santos Neves, tido como o primeiro poeta evangélico brasileiro (1827–1874), até alguns que são bem jovens. Cito, aqui, os nomes de alguns declamadores que eram sempre requisitados para interpretar poesias dos mais famosos poetas do passado, e outros que hoje exercem a arte da declamação: Geny Sardenberg, Selene Furquim de Oliveira, Liberalina Rocha Sales, Talita Figueira, Audiva Barbosa Sanches, Leda de Souza Guilherme, Orquinésia de Oliveira, Isaque Pinheiro, Ismael José Ferreira, Silas Silva, Noélio Duarte, Sônia Regina Resende de Almeida, Agenora Fonseca Ayres e muitos outros.
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Em O Jornal Batista de 8 de março de 2009, o ilustre historiador musical Roberto Torres Hollanda, cujo pseudônimo é Rolando de Nassau, escreveu precioso artigo, transcrito no jornal Carta Aberta, sobre os “poetas de nosso tempo”, do qual extraio parte da introdução: No Brasil, na poesia cristã evangélica, encontramos duas gerações: a primeira (1938–1984), com os poetas Jônathas Braga, Manoel da Silveira Porto Filho, Mário Barreto França; a segunda (1962–2008), com os poetas Gióia Júnior, Myrtes Mathias e Joanyr de Oliveira; esses são os seis grandes poetas evangélicos do século 20; todos foram eleitos para a Academia Evangélica de Letras do Brasil (AELB); Joanyr é o único sobrevivente.*
Nesta obra, figuram filólogos do porte de Otoniel Mota e Augusto Gotardelo; membros de academias literárias, como Jerônimo Gueiros e Antenor Santos de Oliveira; escritores com mais de uma dezena de livros de poesia, como Mário Barreto França, Jônathas Braga, José Silva, Gercy Pinheiro de Souza, Ernâni de Souza Freitas e Myrtes Mathias; escritores laureados, como Affonso Romano de Sant’Anna e Carlos Nejar; líderes evangélicos de renome, como Galdino Moreira, Almir dos Santos Gonçalves, Mário Ribeiro Martins e João Falcão Sobrinho; e iniciantes, como o jovem Mateus Santiago. Os latinos diziam: Poetae nascuntur, orator fiat, isto é, “os poetas já vêm de nascença, mas o orador tem que se fazer”. Nos dois primeiros parágrafos de seu artigo A voz da poesia, publicado em O Globo de 18 de agosto de 2012, Affonso Romano de Sant’Anna declara: A poesia exige um silêncio abismal. E isto pode levar à vertigem. Ou: a poesia é quando se está à beira de si mesmo. Cair em si, sem se perder, ou achar-se de outro lado de si mesmo. Isto exige perícia. Pois há que ouvir sons, ruídos, mensagens que fluem também do lado de fora, no exterior. Certa vez, fiquei duas horas sobre as pedras do Arpoador, à toa, apenas ouvindo o mar. O marulhar do mar. O marulhar da alma. É preciso certa ousadia para se ouvir o nada. O nada é onde tudo começa. É onde surge a voz da poesia. * Joanyr já faleceu também.
Antônio José dos Santos Neves O primeiro poeta evangélico brasileiro (1827-1874)
Como gosto de pesquisar, de me aprofundar no estudo de certos temas, descobri que o primeiro poeta evangélico de nossa pátria não era aquele que eu julgava ser. O primeiro poeta evangélico brasileiro foi Antônio José dos Santos Neves, que nasceu em 1827, no Rio de Janeiro, e morreu na mesma cidade, no dia 25 de março de 1874. Santos Neves, como era mais conhecido, foi taquígrafo do Senado Federal, posição que, naquela época, era de grande prestígio. Foi figura pinacular, já como homem de letras, já como líder de sua denominação – a presbiteriana. Foi um dos fundadores do jornal Imprensa Evangélica, em 1865. Ele contribuiu bastante para a hinódia evangélica, legando-nos hinos de valor. Treze deles foram publicados pelo missionário Blackford, em Cânticos Sagrados, e treze foram publicados em Salmos e Hinos. No Cantor Cristão, aparecem seis hinos de sua autoria, a saber: 6, 96, 141, 153, 265 e 338. O hino de número 6 é intitulado “Glória ao Senhor”. Aqui transcrevemos a primeira estrofe:
A nosso Pai do Céu, tributa lábio meu glória e louvor. A quem seu Filho deu, o qual por nós morreu! A quem me prostro eu; glória ao Senhor!
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Transcrevemos também a primeira estrofe do hino 96, intitulado “Deslumbrante”:
Se nos cega o sol ardente, quando visto em seu fulgor, quem contemplará Aquele que do sol é Criador? Patriarcas nem profetas o chegaram a avistar, nem Adão chegou a vê-lo, antes mesmo de pecar. Santos Neves era um grande patriota. Em 1867, quando o Brasil guerreava contra o Paraguai, ele, para mostrar seu sentimento de patriotismo, publicou a obra Louros e Espinhos, um poema épico dedicado aos heróis da Guerra do Paraguai. Davi Gueiros Vieira comenta sobre essa obra: “Endereçado ao Imperador, conclamava-o a vencer seus inimigos não apenas os paraguaios, mas também os males brasileiros que faziam periclitar o trono pelo seu comportamento duvidoso”. Santos Neves conhecia intimamente os parlamentares da época. Foi também funcionário da diretoria geral de obras públicas. Quando morreu, em 1874, era adido à Secretaria de Estado de Negócios da Guerra. Transcrevemos aqui três estrofes do verso XVI do primeiro poema do seu livro Louros e Espinhos. É intitulado simplesmente D. Pedro Segundo:
... Que culpa tens, oh rei, que o povo escolha, para legislar-lhe, quem melhor o dorso, sorrindo, lhe ate mais pesada carga? ... Que culpa tens, oh rei, que algumas vezes o punhal assassino, violentado da liberdade a uma sacrossanta, abra passagem livre ao parlamento à mão tinta de sangue fratricida, que vai seus crimes cancelar, firmando. Intencional, sacrilégio perjúrio?
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...Que culpa tens, que súditos tão livres tutelados, se façam curvilíneos, e íntimo foro até das consciências deleguem, nas recônditas aldeias, aos algozes da lei, que os escravizam? ...Que culpa tens, oh rei, que os teus vassalos a iniciativa própria desconheçam e, a simples tributários reconduzidos, os responsáveis vejam o futuro, impunes, lhes rasgar nas próprias faces a magna lei jurada, que lhes outorgou soberanos, grandíloquos direitos? Me haja a mão profana que não treme antes de erguer-te a irresponsável c’roa? O historiador Vicente Themudo Lessa denominou Santos Neves de “O cisne presbiteriano” (Anais da Igreja Presbiteriana, p. 118). Num poema publicado em O Pelicano de 11 de setembro de 1872, Santos Neves clama pela completa abolição da escravatura.
O PREÇO DA FELICIDADE Senhor, em busca de auras bonançosas, segui, na vida os plácidos caminhos, mas eu só pude conhecer as rosas ferindo a mão na ponta dos espinhos. (Deus, que derrama bênçãos dadivosas, diluindo a aridez dos meus caminhos, não fez brotar espinhos entre as rosas, mas rosas fez florir entre os espinhos.) Hoje a vida são flores primorosas que encobriram os cardos nos caminhos; se tenho na alma a maciez das rosas tive antes as picadas dos espinhos.
A. B. Christianini Jornalista. Membro do Clube de Poesia de Santo André, da Associação Brasileira de Escritores e da Associação Paulista de Imprensa. Escreveu: Migalhas (poesias); A Tua Liberdade; Radiografia do Jeovismo; Rosa de Saron.
Traduziu: Como Vencer a Depressão; A Arte Cristã de Vencer; Meditações Matinais (cotradutor). Foi diretor de redação da Casa Publicadora Brasileira.
Na glória viverei entre calmosas plagas de luz, de amor e de carinhos; Senhor, minha coroa feita só de rosas custou a tua feita só de espinhos...
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EU CREIO EM TI Se vejo o céu azul, a terra em salmodia e a natureza em flor que bela me sorri, eu fico a meditar e digo com alegria: Meu Deus, eu creio em ti! A pétala formosa, olente e multicor, beijada pelo sol, a brisa e o colibri, tudo me infunde na alma um canto de louvor: Meu Deus, eu creio em ti!
Abigail Braga Nasceu em Areias, Recife, PE. Membro da Igreja Metodista Wesleyana no Rio. Fez os cursos de medicina, na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Pernambuco, em 1945; história natural, na Faculdade de Filosofia da Universidade do Recife, em 1952; e direito, na Faculdade Nacional de Direito do Rio de Janeiro, em 1964. Especialista em ginecologia, obteve bolsas de estudo no Rio de Janeiro e em Portugal, e serviu vários anos em Moçambique, na África. Suas obras: Voos (1941); e Cânticos de Sião (1945).
Da aragem que transporta o aroma dos vergéis ao mar sempre bravio, a debater-se em si, eu, comovida, escuto as vozes dos fiéis dizendo: Eu creio em ti! À tarde, ao pôr do sol, o sabiá nas palmas, as pombas nos pombais, na moita, o juriti, ouvindo-os a cantar enchendo as horas calmas, eu digo: Eu creio em ti! E à noite, em solidão, na treva que me afaga, o pensamento é leve e o sonho me sorri e eu sinto do infinito o bafejar da vaga e clamo: Eu creio em ti! Nos versos que componho e as bagas que derramo, nos bens que já provei, na dor que já sofri, em tudo eu sinto Deus a quem adoro e amo e canto sem cessar: Meu Deus, eu creio em ti!
A IMPLOSÃO DA MENTIRA Fragmentos 1 Mentiram-me. Mentiram-me ontem e hoje mentem novamente. Mentem de corpo e alma, completamente. E mentem de maneira tão pungente que acho que mentem sinceramente.
Affonso Romano de Sant’anna Escritor de grande mérito, já publicou mais de quarenta obras. Leciona em várias universidades no Brasil e no exterior. Nascido em Belo Horizonte, em 1937, desde a década de 1960 teve participação ativa nos movimentos que transformaram a poesia brasileira, interagindo com os grupos de vanguarda e constituindo a própria linguagem e trajetória. É também jornalista, tendo colaborado nos principais jornais e revistas brasileiros. O melhor trabalho já escrito sobre Carlos Drummond de Andrade é a sua tese de doutoramento, intitulada Drummond, um Gauche no Tempo. Na juventude, teve forte influência no meio da mocidade da Igreja Metodista. Ficaram bem marcados seus trabalhos publicados na Revista Cruz de Malta.
Mentem, sobretudo impune/mente. Não mentem tristes. Alegremente mentem. Mentem tão nacional/mente que acham que mentindo história afora vão enganar a morte eterna/mente. Mentem. Mentem e calam. Mas suas frases falam. E desfilam de tal modo nuas que mesmo um cego pode ver a verdade em trapos pelas ruas. Sei que a verdade é difícil e para alguns é cara e escura. Mas não se chega à verdade pela mentira, nem à democracia pela ditadura.
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DESALENTO Paro às vezes a olhar o calendário rude que lembra da ampulheta o amplo ciclo da areia. E os anos vão e vêm, sem que nunca se mude o roteiro fatal, que o término alardeia. Tem dois gumes o tempo: ilude e desilude; mas, sem parar, a marcha estugada não freia... Quando sereno, tem a placidez do açude e indócil, da procela o rugir que estadeia... Assim, num turbilhão de planos e incertezas, vim, tendo a fé por sólio, através da jornada, por vergéis e sarçais, por escarpa e devesas...
Alarico Napoleão Portieri Nasceu em Itaipu (antiga Bica da Pedra), Jaú, SP, no dia 10 de abril de 1907. Autodidata. São de sua autoria Brasileiros Dentro e Fora do Anedotário, prefaciado pelo professor e historiador brasileiro Tito Lívio Ferreira, e Soluços e Sorrisos (versos). Foi redator de jornais de Santos, Araraquara, Bauru e São Paulo (capital). Por duas vezes foi prefeito de sua terra natal. Durante quarenta anos foi juiz de casamentos, sendo considerado o mais antigo do Brasil. Foi também secretário da prefeitura e da câmara de Itaipu.
E hoje, este desalento acerbo como o espinho: – muito pranto verti, em minha longa estrada, pouco pranto enxuguei neste imenso caminho!
CARTAS NO ALTAR Senaqueribe, vaidoso rei da Assíria, muito orgulhoso, arrogante e insolente, tremendas cartas mandou a Ezequias, de Judá, rei piedoso, a Deus temente. – Quem és tu, que deste modo desafias o Deus uno, Senhor forte, onipresente? – (Deus lhe falou na palavra de Isaías.)
Almir dos Santos Gonçalves Nasceu no dia 18 de outubro de 1893, em Cachoeiro de Itapemirim, ES. Bacharel em ciências jurídicas e sociais. Pastoreou, por muitos anos, a Primeira Igreja Batista de Vitória, ES, e, mais tarde, a Primeira Igreja Batista de Piedade, no Rio de Janeiro, até a sua aposentadoria. Foi redator de O Jornal Batista e da Revista da Escola Dominical. Foi membro fundador da Academia Evangélica de Letras do Brasil, sendo patrono da cadeira 31 dessa academia, e membro da Academia Vitoriense de Letras. Traduziu do inglês: A Pessoa de Cristo, de Felipe Schaf; A Oração, de James Mc Kinckey; e O Lar Cristão, de Martha B. Clavell. É autor das seguintes obras: A Era Elisabetana de Literatura Inglesa (tese); História sobre os Batistas do Estado do Espírito Santo; Meditações sobre a Vida Cristã; e Antes de Atravessar o Rio.
O santo rei, em perplexidade, subiu até a Casa do Senhor, e com pura e singela piedade orou com muita unção e com fervor depondo aquelas cartas no altar, ficando, confiante, a aguardar. E Deus lhe deu uma cabal vitória notável que ficou na voz da história. Nós também recebemos dessas cartas na forma de ferinas tentações. Que possamos, em dias tão cruéis, elevar-te as nossas petições, mantendo-nos contritos e fiéis. Quando assim formos provados com as cartas do inimigo, desejamos, confiados, comunhão manter contigo e sair vitoriosos em tais tempos trabalhosos. Então em teu altar, Senhor, as cartas que depomos, tranquilos, confiantes: de bênçãos nos cumulas e nos fartas, pois és o mesmo Deus que eras antes!
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RESISTE, PROFESSOR, RESISTE! Sei que às vezes ficas triste, mas sei também que sempre persistes em ensinar, em teu amar, em teu instruir, em teu educar. Resiste, professor, resiste!
Almir Pinto de Azevedo Advogado, escritor, poeta e trovador, foi diretor e professor dos colégios de Portela, Jaguarembé e Condé, nos municípios de Itaocara e Cambuci, RJ. Autor do consagrado livro Cambuci – 200 Anos, além dos livros Notáveis Poetas; Jogos Florais de Cambuci; e Memórias Trovadorescas. Seu livro Portela, Quanta Saudade!... recebeu o medalhão e diploma de Melhor Livro de Prosa de 2007, da Sociedade de Cultura Latina – seção Brasil, Mogi das Cruzes, SP – em parceria com a Câmara Municipal de Niterói, RJ. Foi agraciado com a medalha e diploma de Hors Concours, pela Sociedade de Cultura Latina, seção Brasil. No dia 1º de janeiro de 2012, foi batizado na Igreja Batista de Portela, pelo pastor Luís Fernando R. de Moraes, tendo sido esta a sua maior conquista e alegria.
O teu aluno, segue o teu passo, à procura de um caminho, necessita do teu amor e do teu carinho, da tua compreensão, e só o teu conselho o conforta. Resiste, professor, resiste! Lembra-te da alegria na escola, do verbo conjugado e da tabuada, a felicidade no aprender da criançada, que enche o teu ego e te acalma. Eventos como este que acontece agora, num lamento da alma, onde até se perde a calma, pois a tua voz sempre foi silenciada. Há dias que pensas, não resistir, Mas resiste, professor, resiste! As inúmeras provas e diários para corrigir, o planejamento, as cobranças, as reuniões, a burocracia, os baixos salários e as incompreensões. A rotina é dura, mas tu persistes e não desistes, e nunca perdes as esperanças. Resiste, professor, resiste!
Que encontres paciência e saber, para que o aluno que ensinares, também te ensine a viver. Lembra da tua vocação e das amizades, da felicidade do teu coração. Tuas lições permanecerão na vida do teu aluno. Assim, assim, resistes na mais bela e nobre profissão... Existe um Deus que te ama e te respeita, que guarnece o teto onde tu deitas, cansado, preocupado e às vezes decepcionado. E à noite tens o sono da integridade, a consciência tranquila do dever cumprido, a dignidade de teres vencido. Tu és grande professor, tu és mais do que um brilhante professor, És um eterno educador. Mais uma vez, resiste, professor, resiste!...
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AH! SE EU DEIXASSE... Ah! se eu deixasse o Espírito Santo completar a obra que ele quer fazer!... Ah! se eu deixasse o óleo precioso sobre a cabeça correr... E descer, e descer, como descia para a barba, a barba de Arão, como descia e descia para a gola das vestes do ancião!... Ah! se eu deixasse que o Espírito Santo fosse o orvalho de minha madrugada, como o orvalho de Hermon que, em fresca matinada, descia sobre os montes, os montes de Sião!
Amaury Jardim Formado em direito e oficial da Aeronáutica, já aposentado, Amaury Jardim é pastor congregacional e foi, por muitos anos, deão do Seminário Teológico Betel, Rio de Janeiro, RJ. Foi presidente da Academia Evangélica de Letras do Brasil. É autor das seguintes obras: Administrando a Igreja (3a edição); 2025, Um Mundo Emergente; Primeiras Flores (10a edição); Filho do Homem, Põe-te em Pé; Ternamente (livro de poesias, 3a edição); Sotaques da Igreja; e O Rio da Vida.
Ah! se eu deixasse cumprir-se integralmente em mim a promessa de Jesus, para os tempos sem fim, de eu receber poder, e de eu ser testemunha, tanto em Jerusalém, por todo mundo além, aos longínquos confins de toda a terra!... Ah! se eu deixasse meu ego amortecer e ver em mim crescer o poder!...
Ah! se eu deixasse... Já não seria eu... O Espírito faria aquilo que, sozinho, eu nunca poderia... Meu ministério fraco, de pouca luz, opaco, seria transformado... Haveria poder... Eu veria crescer a obra que eu prezo e tanto amo! Minha igreja seria abalada nos próprios fundamentos, a terra tremeria, a porta se abriria e a plena liberdade atingiria a todos os cativos do Diabo pelo poder cruz! Minha igreja seria transformada, num lapso de tempo, num momento! Minha igreja teria intimidade com a Verdade, com o Senhor Jesus. Ah! se eu deixasse O Espírito Santo realizar esta obra sem par de me fazer crescer de minha igreja encher do seu poder!...
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