Jornal da UNISC

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Luciano Pereira

A MÃE DA VIDA URGENTE Diza Gonzaga fala da sua dor, do trabalho na Fundação Thiago de Moraes Gonzaga e da esperança em um trânsito mais humano e menos violento PÁG. 7

JORNAL DA

AO PIOR CHEFE QUE JÁ TIVE Adriano Silva faz uma análise sobre as características de um chefe ruim. E o que fazer para fugir dele PÁG. 15

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WWW.UNISC.BR

JORNAL DA UNIVERSIDADE DE SANTA CRUZ DO SUL, ANO XV, NÚMERO 80, ABRIL DE 2008

PELA SAÚDE DO AMANHÃ

SUPERAR BARREIRAS

desempenho motor e de fatores de risco; questionários sobre estilo de vida e entrevistas com as famílias. Os resultados refletem hábitos inadequados, cada vez mais precoces no estilo de vida de crianças e jovens, marcado pelo sedentarismo e pelo aumento dos fatores de risco às doenças cardiovasculares. PÁGs. 8 e 9

Deficiência visual não impede o trabalho da professora Olga Erion Lara

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Rodrigo / Ag. Assmann

Um projeto de pesquisa da Unisc analisou por mais de quatro anos o perfil de saúde de estudantes da rede escolar pública e privada da cidade, nas zonas urbana e rural. Para chegar às alarmantes informações foram realizados testes de indicadores de saúde, de

HONRA AO MÉRITO Unisc premia 12 trabalhos de ensino, pesquisa e extensão PÁG. 11

Arquivo Pessoal

NOVO CAMPUS

AUTO-ESTIMA NO CAMPO Artesanato, feiras de saúde, oficinas, encontros... Ações desenvolvidas no meio rural por professores, bolsistas e voluntários dos departamentos de História e Geografia e de Psicologia resgatam a auto-estima de agricultores por meio da prática de assistência psíquica, possibilitando aos estudantes o aprendizado além da sala de aula PÁG. 10

Unisc oferecerá em 2009 os primeiros cursos em Montenegro PÁG. 3

UNIVERSIDADES COMUNITÁRIAS Unisc lidera movimento pelo reconhecimento das instituições comunitárias PÁG. 6


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PÁGiNA

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CARTA AO LEITOR

PALAVRA DO REITOR A Unisc está liderando, junto a órgãos federais, em especial junto ao Ministério da Justiça, um movimento visando ao reconhecimento das comunitárias como instituições públicas não-estatais. Em março, em viagem a Brasília, tratamos sobre a importância do reconhecimento e do melhor aproveitamento das instituições comunitárias na execução de políticas públicas e no projeto de desenvolvimento do país. Na ocasião, foi promovido um encontro com o diretor do Departamento de Justiça do Ministério da Justiça, José Eduardo Elias Romão, e com os representantes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ana Peliano e Luis Fernando Resende. O objetivo foi discutir e elaborar um conjunto de iniciativas capaz de incentivar um debate nacional sobre o assunto. O resultado dessa reunião está descrito nesta edição do Jornal da Unisc. O reconhecimento das instituições comunitárias também foi discutido no primeiro encontro promovido, neste mês, pela nova gestão do Programa de Avaliação Institucional das Instituições de Ensino Superior do Comung (Paiung), agora coordenado pela Unisc, tendo à frente a Assessoria de Avaliação Institucional da Universidade. O Comung, Consórcio das Universidades Comunitárias Gaú-

O Rio Grande do Sul é berço das Universidades Comunitárias, que se destacam pela qualidade do seu corpo docente e de sua infra-estrutura chas, é composto por 12 instituições de ensino superior do Estado. O Rio Grande do Sul é berço das Universidades Comunitárias no país, que se destacam pela qualidade, tanto do seu corpo docente como de sua infra-estrutura física. Daí a necessidade de transformar a nossa união e a nossa origem em nossa força, promovendo ações que destaquem esse modelo comunitário que, ao longo de mais de quatro décadas, vem prestando relevantes serviços à sociedade. Como metas do Paiung, para o período 2008-2009, ficou estabelecido o fortalecimento da auto-avaliação, vista como um processo de melhoria interna das instituições comunitárias, e a realização de atividades que garantam maior visibilidade ao Paiung/Comung e ao modelo comunitário de educação superior. Dentre as ações a serem desenvolvidas estão a realização de um evento em âmbito nacional e uma publicação comemorativa aos 15 anos do Paiung, além da criação de um grupo de estudos a respeito do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes, o Enade. O Plano de Ação do Comung está sendo encaminhado aos reitores das instituições que o compõem, com o objetivo de que as ações sejam promovidas em conjunto para sua maior eficácia. A metodologia de avaliação institucional, criada pelo Paiung em 1994, adequada às universidades comunitárias, busca sensibilizar a comunidade universitária gaúcha para a necessidade e para a importância da avaliação para o aprimoramento da qualidade universitária e para o maior engajamento de todos nessa importante tarefa. Vilmar Thomé Reitor da Unisc

Um projeto acadêmico que envolve em sua pesquisa cerca de 4 mil crianças e adolescentes já é, por si só, um trabalho de enorme relevância social. Quando o tema é a saúde dessas crianças, então, atinge uma dimensão imensurável. O projeto Perfil do estilo de vida, somatomotor e fatores de risco às doenças cardiovasculares: um estudo com escolares de Santa Cruz do Sul, desenvolvido pelas professoras Miria Suzana Burgos e Miriam Beatris Reckziegel, do curso de Educação Física, analisou o perfil da saúde de alunos da rede escolar pública e privada da cidade, na zona urbana e rural. Nas páginas centrais desta edição, é possível conferir o trabalho realizado por professores e bolsistas do curso.

Esse é o papel de uma universidade comunitária: fazer a diferença em sua região de abrangência, visando sempre ao desenvolvimento econômico, social e humano. Por isso, a Unisc está liderando um movimento junto a órgãos federais, especialmente no Ministério da Justiça, visando ao reconhecimento das comunitárias como instituições públicas não-estatais, como mostra a matéria da página 6. Outros tantos projetos e serviços desenvolvidos na Unisc consolidam esse caráter comunitário. Como o projeto de extensão apresentado na página 10, que leva qualidade de vida e auto-estima a moradores do meio rural, ou o trabalho feito pelo curso de Farmácia em um PSF do município, na página 13. Vale a pena conferir!

O desejo de aprender Agostinho conta nas Confissões que desde que lera o Hortensius de Cícero teve despertado seu interesse por um tipo de resposta definitiva às questões humanas, que ele denominava de sabedoria imortal. Já ambicionava, com incrível ardor do coração, a Sabedoria imortal. Apenas me deleitava, naquela exortação, o fato de essas palavras [de Cícero] me excitarem fortemente e acenderem em mim o desejo de amar, buscar, conquistar, reter e abraçar, não esta ou aquela seita, mas sim a mesma sabedoria, qualquer que ela fosse (Agostinho, 1991, p. 84).

Agostinho acreditou ter encontrado a verdade perfeita na filosofia cristã, na crença que afirma que o homem é infinito. Nos nossos dias, a aspiração por sabedoria imortal, pela verdade da vida, é um tema praticamente em desuso. Ninguém lembra da sabedoria imortal. Ambientados ao pensamento científico, um pensamento fundado em bases observacionais, em evidências empíricas, esquecemos que a ciência tem limites e não consegue dar um bom tratamento para as questões humanas fundamentais. Como dizia Wittgenstein, um influente filósofo contemporâneo, inspirador da atitude positivista, de valorização da ciência do Círculo de Viena, “sentimos que, mesmo que todas as questões científicas possíveis tenham obtido resposta, nossos problemas de vida não terão sido sequer tocados”. Num mundo que não deseja sabe-

doria imortal, que se tenha então ciência! Infelizmente, parece que nem isso temos. Em minha própria experiência, e conversando com colegas de trabalho nos encontros da vida acadêmica, notei que é freqüente a alegação de que um bom número de estudantes não demonstra a virtude do amor pelo conhecimento, tanto mortal (científico), quanto imortal ou eterno (filosófico-religioso), que apenas desejam “divertimentos”, “prazeres” e viver segundo a convenção do mundo. A crer nessa descrição, o homem de hoje está de tal modo ambientado à escuridão, que dela sequer deseja livrar-se. Não creio! A sensação de enigma que os problemas fundamentais da vida colocam pode ser mais ou menos aflitiva, dependendo do temperamento individual de cada um. No entanto, é certo que a alma humana deseja luz e liberdade, deseja livrar-se de seu cativeiro. A principal dificuldade da educação nos níveis médio e superior, na atualidade, consiste em encontrar uma sintonia entre professor e aluno, uma intensidade comum que permita despertar o desejo ardente pelo saber, a vontade de aprender, pois é certo que, uma vez despertada, tudo o que se quererá, como diz Agostinho, será “amar, buscar, conquistar, reter e abraçar”, não as distrações, os enganos ou hábitos convencionais, mas toda afirmação que for capaz de diminuir o mistério de nossa condição. Flavio Williges Professor do Curso de Filosofia e do Departamento de Ciências Humanas

Onde encontrar o Jornal da Unisc A Banca Aquarius Hotel Flat Residence Biblioteca Municipal Casa das Artes Colégio Luiz Dourado Escola Ernesto Alves Escola Willy Carlos Fröhlich Escola Goiás Escola Santa Cruz

Galeria Farah Hospital Santa Cruz Iluminura Livraria Café Loja do Posto do Gordo Shopping Center Santa Cruz Sine Virtua House Zaffari

Campus Venâncio Aires Campus Sobradinho Campus Capão da Canoa Campus Santa Cruz: Central de Informações Centro de Convivência Clínica de Fisioterapia Blocos 8, 12, 18 e 53 Reitoria

EXPEDIENTE Conselho Editorial: Reitor: Prof. Vilmar Thomé Vice-Reitor: Prof. José Antônio Pastoriza Fontoura Pró-Reitora de Graduação: Profª Carmen Lúcia de Lima Helfer Pró-Reitora de Pesquisa e Pós-Graduação: Profª Liane Mählmann Kipper Pró-Reitor de Extensão e Relações Comunitárias: Prof. Luiz Augusto Costa a Campis Pró-Reitor de Administração: Prof. Jaime Laufer Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional: Prof. João Pedro Schmidt Editor: Luciano Pereira, reg. prof. 9234 Reportagem e Redação: Luciano Pereira, reg. prof. 9.234; Yaskara Ferreira, reg. prof. 13.187; Bruna Ortiz Lovato; Cíntia Marchi; Poliana Pasa; e Mariane Selli Projeto Gráfico e Capa: Agência da Casa Editoração Eletrônica: Assessoria de Imprensa Revisão: Roque Neumann e Beatriz Menezes Sperb JORNAL DA UNISC: Órgão Informativo da Universidade de Santa Cruz do Sul. Entidade filiada ao Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung), ao Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub) e à Associação Brasileira das Universidades Comunitárias (Abruc) Tiragem: 8 mil exemplares Versão On-Line: Erion da Silva Lara Site: www.unisc.br/jornaldaunisc Endereço: Av. Independência, 2293, bloco 3, sala 309. Santa Cruz do Sul/RS. CEP: 96.815-900. Telefone: (51) 3717-7466. E-mails: yaskarap@unisc. br ou lpereira@ unisc.br Este material é produzido em papel reciclável.


ENSiNO

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Unisc e prefeitura assinaram o convênio definitivo e deram início às obras do campus O campus da Unisc em Montenegro estará em funcionamento a partir de 2009. O convênio oficial foi assinado no dia 20 de março entre a Associação Pró-Ensino em Santa Cruz do Sul (Apesc), mantenedora da Universidade, e o Município de Montenegro, representados pelo reitor Vilmar Thomé e pelo prefeito Percival de Oliveira. A cerimônia ocorreu na sede da prefeitura e contou ainda com a presença de diversas autoridades do município. Pela Unisc estiveram presentes ainda o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional, João Pedro Schmidt; o pró-reitor de Extensão e Relações Comunitárias, Luiz Augusto Costa a Campis; a pró-reitora de Graduação, Carmen Lúcia de Lima Helfer; e o assessor jurídico da Instituição, Neimar Santos da Silva. “Em maio deverá ser enviado ao Ministério da Educação o projeto de implantação do campus em Montenegro, que já inclui os projetos pedagógicos de quatro cursos”, adianta a pró-reitora Carmen Lúcia. A escolha dos cursos foi feita com base em uma pesquisa de opinião realizada pela Unisc

no município, na análise das necessidades locais em termos de formação superior e na escuta de representantes do Poder Público e da comunidade. As graduações iniciais irão contemplar as áreas de gestão e informática, incluindo cursos superiores de tecnologia, com menor duração. Num segundo momento, estão previstos cursos da área empresarial, ambiental e licenciaturas. O terreno repassado pelo Estado ao município tem uma área de 59.238,09 metros quadrados, localizada no bairro Zootecnia. No local deverá ser construído um prédio de aproximadamente 1,7 mil metros quadrados, divididos em dois pisos. A previsão de término da primeira etapa da obra é final de 2008, o que possibilitará a oferta dos primeiros cursos já a partir de 2009. Para o início dos cursos, o MEC exige previamente a conclusão de todas as instalações, como salas de aula, biblioteca, laboratórios, salas de professores e secretaria. A segunda etapa será edificada até o final de 2010. “Hoje é um dia extremamente importante para Montenegro”, comemorou o prefeito após a assina-

Luciano Pereira

MONTENEGRO TERÁ CURSOS A PARTIR DE 2009

Equipes da Unisc e da Prefeitura de Montenegro firmaram o convênio e trataram de detalhes da construção do primeiro prédio do campus em Montenegro

tura do convênio. “Temos priorizado o setor de educação em nossa comunidade e a Unisc será um marco na história do município”, expressou Oliveira. Os valores gastos pelo município com a construção do pré-

A professora Wanderléia Elizabeth Brinckmann, do curso de Geografia da Unisc, participou recentemente da 5ª Conferência Internacional de Geografia Crítica, na cidade de Mumbai, Índia. A viagem foi subsidiada com recursos da Capes e da Unisc. Ela foi a única brasileira presente no evento, realizado no Tata Institute of Social Sciences. “É um evento de grande importância porque permite a construção e o debate de instrumentos úteis para avançar na criação de geografias críticas. Também é uma forma de fortalecer os laços entre geógrafos de todo o mundo”, afirma. Na ocasião, Wanderléia conheceu de perto a realidade indiana e apresentou o trabalho intitulado Comitês de bacias hidrográficas e investigação/ação participativa: ferramentas na resolução de conflitos pelo uso das águas no Rio Grande do Sul. “Eles acharam muito interessante a idéia do trabalho”, comenta. Esse projeto relata a experiência prática da professora, atuante em projetos e ações que resultaram na organiza-

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Professora vai a conferência na Índia

Professora Wanderléia, do curso de Geografia, apresentou trabalho e conheceu de perto a realidade indiana

ção dos comitês estaduais e locais de bacias hidrográficas. A proposta do encontro foi repensar os instrumentos, os modos e as formas de organização do mundo, norteada pelo tema O imperialismo e a desordem resultante: desafios para a justiça social. A conferência também tratou de assuntos pertinentes ao mundo moderno como valorização das

regiões, justiça ambiental e lutas pela terra. “A organização de uma estrutura global solidária exige a construção de uma cultura global, com respeito à multiplicidade e soluções para os impactos dos processos de deslocalização e desterritorialização”, aponta a professora. A conferência ocorre a cada dois anos. A próxima edição será na África do Sul.

dio serão restituídos pela Unisc, no prazo de 10 anos, por meio da prestação de serviços e/ou bolsas de estudo destinadas a estudantes locais, selecionados por uma comissão formada por integrantes da prefeitura e da Universidade.

“Vamos trazer para Montenegro a qualidade dos cursos e serviços da Unisc, comprovada pelas avaliações do MEC e dos próprios estudantes”, garantiu o reitor Vilmar Thomé. A pedra fundamental foi lançada no dia 25 de março.

Unisc marca presença na Expoagro Afubra 2008 A Unisc apresentou alguns de seus projetos na Feira Agrícola do Brasil – Expoagro Afubra, que ocorreu nos dias 27, 28 e 29 de fevereiro em Rincão Del Rey, Rio Pardo. A Instituição esteve presente com o curso de Engenharia Agrícola, com a Central Analítica, com o Pólo de Modernização Tecnológica do Vale do Rio Pardo e com a Incubadora Tecnológica da Unisc, além de oficinas e minipalestras. O curso de Engenharia Agrícola participou na seção de Dinâmica de Máquinas Agrícolas. Lá o curso divulgou suas áreas de atuação com a participação de doze acadêmicos, além dos professores Marcelino Hoppe e Mauro Fernando Ferreira. O espaço promoveu a exposição das máquinas agrícolas em condições reais de campo. A idéia é fazer com que os agricultores acompanhem o desempenho dos equipamentos. Em outro espaço, profissionais da Central Analítica da Unisc

orientaram sobre como coletar adequadamente amostras de solo para análise. Com experiência de mais de 16 anos, a Central Analítica da Unisc já realizou mais de 1,7 milhão de análises para a sociedade. A partir de seus 10 laboratórios, milhares de laudos são expedidos para centenas de clientes de várias regiões do Brasil. O Pólo de Modernização Tecnológica apresentou o Projeto Biodiesel e o curso de Especialização em Biocombustível. Também a Incubadora Tecnológica da Unisc esteve presente no espaço Bovino de Leite. Lá a equipe realizou a demonstração do Tropeiro, um software de gestão da produção bovina, integrada às necessidades da rastreabilidade, unindo tecnologia de informação ao agronegócio. A Tecniagro, empresa incubada na Unidade de Vera Cruz e que trabalha com o software de rastreabilidade bovina, foi selecionada pelo Sebrae no edital de prospecção de mercados.


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OS 46 ANOS DA APESC A Associação Pró-Ensino em Santa Cruz do Sul (Apesc) completou, no dia 17 de março, 46 anos de atuação. Criada em 1962, a Apesc foi a responsável pela abertura dos primeiros cursos superiores em Santa Cruz do Sul, como em 1964, quando houve a criação da Faculdade de Ciências Contábeis, com o Curso de Ciências Contábeis. Hoje a Apesc, por meio da mantida Unisc, conta com mais de 40 cursos superiores e tem ainda como mantidas a Escola Educar-se, o Hospital Santa Cruz e o Centro de Educação Profissional (Cepro). Sua estrutura administrativa é constituída pela Assembléia Geral Comunitária, pelo Conselho Superior e pela Diretoria, sendo que a Assembléia é composta por mais de 60 entidades representativas de Santa Cruz do Sul. O Conselho Superior da Apesc conta com onze membros: seis eleitos pela Assembléia Geral Comunitária, o presidente da Apesc e seu vice, o reitor da Unisc, o pró-reitor de Administração e o presidente da Associação dos Docentes da Universidade. A diretoria tem como presidente o reitor da Unisc, Vilmar Thomé, e como vice o empresário Jacob Braun.

RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL Preocupada em ajudar na preservação do meio ambiente, a Unisc foi contemplada com um Selo de Responsabilidade Socioambiental pela empresa Incoplast Papéis por ter usado papéis 100% reciclados pósconsumo, durante o período de janeiro a dezembro de 2007. Ao usar os papéis Incopy Clear e Aquatro Clear durante todo o ano passado, a Universidade alcançou marcas significantes para a proteção do meio ambiente, bem como de espécies e para a melhoria na

qualidade de vida. Essa atitude fez com que a Unisc economizasse recursos naturais, além de conscientizar e educar para a preservação ambiental. A Unisc utilizou 475 mil folhas 100% recicladas durante todo o ano de 2007. Essa quantidade é equivalente a 8.740 kwh de energia ou 214.130 litros de água economizados. Além disso, deixaram de ser abatidas 131,1 árvores e houve a redução na emissão de 5.463 quilos de CO² (dióxido de carbono) na atmosfera.

DIA DO RACIOCÍCIO No dia 6 de maio é o Dia Nacional da Matemática. Para marcar a data, o programa Unisc-Escola, em parceria com o curso de Matemática, promoverá o Dia do Raciocínio. O objetivo é proporcionar a integração de alunos de 3º ano do Ensino Médio visando descobrir e valorizar talentos matemáticos. A abertura será às 9h no anfiteatro do bloco 18. Serão realizadas atividades culturais, show do conhecimento, gincana e outros desafios. Apenas uma equipe por escola poderá se inscrever. Ela terá que ser formada por seis alunos e deve ser identificada com o nome de um matemático. Haverá premiação para a equipe vencedora e para a escola a que ela pertence. As inscrições podem ser feitas até o dia 25 de abril pelo telefone (51) 3717-7686 ou pelo site www.unisc.br/uniscescola.

ERAD 2008 NA UNISC A Universidade de Santa Cruz do Sul foi sede, de 11 a 14 de março, da Escola Regional de Alto Desempenho (Erad), evento anual promovido pela Sociedade Brasileira de Computação (SBC). Também se envolveram na organização a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e a Universidade de Caxias do Sul (UCS). A programação da ERAD 2008 foi elaborada de forma a seguir o mesmo modelo das edições anteriores. A audiência contou com os cursos permanentes, nos quais apresentam-se os fundamentos de arquiteturas paralelas e programação concorrente, e com três cursos específicos. Complementaram a grade de

atividades palestra e painéis, envolvendo tópicos ligados ao Processamento de Alto Desempenho (PAD). Os tradicionais fóruns de pós-graduação e de iniciação científica também tiveram seu espaço. O principal objetivo da Escola é a formação de recursos humanos por meio da apresentação de cinco cursos focados em PAD. Dois desses cursos são ditos permanentes e abordam fundamentos do PAD: arquitetura de computadores e ferramentas de programação. Os demais cursos variam a cada ano, abordando temas ligados a PAD, como por exemplo, aplicações, linguagens, arquiteturas, banco de dados, redes etc.

NOVOS CHEFES E COORDENADORES A Unisc empossou, na tarde do dia 17 de março, os novos chefes e subchefes de departamento e coordenadores e subcoordenadores de curso. Também tomaram posse os coordenadores e coordenadores adjuntos dos seis programas de pós-graduação stricto sensu da Universidade. Foram empossadas 17 chefias de departamento e 36 coordenações de curso de graduação. A cerimônia foi realizada no anfiteatro do bloco 18, no campus de Santa Cruz do Sul, e contou com a presença do reitor Vilmar Thomé, do vice José Antônio Pastoriza Fontoura e dos pró-reitores Carmen Lúcia de Lima Helfer, Jaime Laufer, João Pedro Schmidt, Liane Mählmann Kipper e Luiz Augusto Costa a Campis.

PROJETO APROVADO A Unisc aprovou recentemente o projeto intitulado Produção, extração, caracterização e transformação de óleo vegetal de canola com ênfase na obtenção de biodiesel e aproveitamento da torta para alimentação animal, encaminhado à Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs). O projeto, que é vinculado ao Pólo de Modernização Tecnológica do Vale do Rio Pardo, será coordenado pelo professor Luciano Dornelles, do Departamento de Química e Física. A Fapergs vai financiar o valor total de R$ 227.900,00 para o desenvolvimento da pesquisa.

O objetivo do trabalho é desenvolver e avaliar produtos obtidos da transformação de óleos vegetais, como alternativas para a agricultura da região do Vale do Rio Pardo. A proposta é que, por meio da diversificação e do aumento da produtividade, obtenha-se matériaprima para a produção de biodiesel e também aproveite-se a torta para a alimentação animal. A idéia é interagir com o setor produtivo, buscando a transferência de novas tecnologias e de novos materiais e o incentivo para a formação de recursos humanos especializados para atuar no setor agroindustrial da região do Vale do Rio Pardo.

MEDICINA ADQUIRE NOVO EQUIPAMENTO O curso de Medicina da Unisc adquiriu recentemente um equipamento de alto custo, denominado Colposcópio, para uso na sua Unidade de Atendimento Ambulatorial junto ao Hospital Santa Cruz. De atendimento exclusivo ao SUS, o aparelho tem por objetivo esclarecer as características microscópicas das lesões da vulva, vagina e do colo do útero, avaliando principalmente a extensão, se benigna, pré-maligna ou maligna. O valor do equipamento foi de R$ 24.500,00. Segundo o professor Leandro Assmann, essas lesões não são visíveis a olho nu e precisam ser procuradas por meio de aumento ótico, o que é feito pelo Colposcópio. “Além dos alunos, quem terá grandes benefícios será a comunidade, que receberá atendimento especializado em prevenção e tratamento das doenças do colo uterino”, garante. A longo prazo, explica o professor, haverá impacto na diminuição das doenças relacionadas ao colo uterino, como câncer e complicações de doenças sexualmente transmissíveis.

Homenagem A Apesc, por meio da Unisc, inaugurou em março uma placa em homenagem ao falecido professor Wilson Kniphoff da Cruz, ex-reitor da Universidade. A cerimônia de descerramento da placa ocorreu na entrada sul do prédio da reitoria. Nascido em 14 de março de 1945, Wilson Kniphoff foi o primeiro reitor da Unisc, atuando posteriormente como pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação. Na política, concorreu para a Câmara dos Deputados, pelo PSDB, e foi vereador pelo partido. Também foi secretário da administração em Santa Cruz do Sul.

Escola Educar-se A Escola Educar-se completou em março 24 anos de atuação. Para comemorar a data foi realizado, no dia 15, um almoço de confraternização; além disso, ocorreram atividades de descontração entre os alunos, pais e funcionários da instituição de ensino. A Educar-se tem hoje cerca de 280 alunos, distribuídos em turmas do pré-escolar até o Ensino Médio. A Educar-se ocupa os blocos 7 e 8 da Unisc, além da estrutura universitária disponibilizada aos estudantes.


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Assessoria Dep. Henrique Fontana

PAZ NO TRÂNSITO

Thomé, Temporão, Campis, Fontana e Schmidt em Brasília: consolidação do Pólo Regional de Saúde

RECURSOS PARA A SAÚDE Acompanhados pelo deputado federal Henrique Fontana (PT-RS), atual líder do governo na Câmara dos Deputados, o ministro da saúde José Gomes Temporão recebeu, no dia 19 de março, o reitor da Unisc, Vilmar Thomé, e os próreitores Luiz Augusto Costa a Campis, de Extensão e Relações Comunitárias, e João Pedro Schmidt, de Planejamento e Desenvolvimento Institucional. No encontro foram apresentados quatro projetos da Unisc e da Apesc para a consolidação do Pólo Regional de Saúde. O ministro comprometeuse em apoiar um importante projeto voltado à qualificação do Hospital Santa Cruz, com

destinação de recursos para equipamentos e hotelaria. A previsão é que a liberação dos recursos ocorra nos próximos meses. Os outros projetos também podem vir a ser apoiados, mas ainda dependem de análise da área técnica do ministério. O reitor Vilmar Thomé aproveitou para convidar o ministro a vir a Santa Cruz do Sul, dentro das comemorações dos 100 anos do Hospital Santa Cruz. Segundo Thomé, o ministro, que já esteve na Unisc em dezembro de 2004, na audiência promovida por uma comissão do Senado Federal sobre a Convenção-Quadro de Controle do Tabaco, prometeu vir ao município ao longo do ano.

UNISC E GOOGLE A Unisc estreou, no dia 7 de abril, um novo sistema para o uso do e-mail MX2, destinado aos alunos da Instituição. A novidade é a parceria com o Google, uma das maiores empresas de tecnologia do mundo. O objetivo da Unisc é melhorar os serviços oferecendo um novo serviço de e-mail com características semelhantes ao Gmail. Entre as vantagens da mudança estão a caixa postal com mais de 6GB de espaço, disponibilidade de calendário e agenda, possibilidade de acesso pelo celular, possibilidade de acesso POP, entre outras. Quem já utiliza o MX2 na Unisc será migrado automaticamente para o Google, de forma transparente. Alunos que ainda não o utilizam podem realizar a solicitação por meio da página da Unisc, no endereço http://www.unisc.br. O MX2 é disponibilizado para todos os alunos da Instituição. O sistema é utilizado como um meio de a Universidade divulgar suas informações institucionais, assim como uma forma de proporcionar mais um canal de interação com os alunos.

Em sintonia com as trágicas estimativas do trânsito nacional, que crescem a cada ano, a Unisc realizou em março uma campanha em prol do trânsito seguro. A idéia é mobilizar e sensibilizar a comunidade regional para a causa, a fim de não somente melhorar os índices, mas, também, formar cidadãos mais conscientes. As atividades de conscientização da campanha se estenderam por toda a semana de retorno às aulas na Universidade, com ações dentro e fora do campus, em horários diversos. A palestra de Diza

Gonzaga, presidente da Fundação Thiago Gonzaga, foi um dos destaques da programação (Ver entrevista na página 7). O encerramento da campanha foi realizado com uma caminhada simbólica seguida por um passeio motociclístico no Centro de Santa Cruz do Sul. Ambas as atividades eram focadas na paz no trânsito. A iniciativa da campanha foi da Unisc, com o apoio da Polícia Rodoviária Estadual, da Fundação Thiago Gonzaga, da RBSTV, da Santa Cruz Rodovias e da Kopp. A Pioneer Sementes foi a patrocinadora da ação.

20 ANOS DE QUÍMICA INDUSTRIAL Com o intuito de comemorar os 20 anos do Curso de Química Industrial da Unisc, foi organizado um encontro na noite de 28 de março. A programação contou com um coquetel, seguido de baile animado pela Banda Essência, no Salão Rosa do Clube União. O curso de Química Industrial da Unisc tem atualmente cerca de 160 alunos. Desde a sua implantação, já foram formados 312 profissionais. O curso conta com infra-estrutura laboratorial, acervo bibliográfico atualizado e professores qualificados.

VIAGEM DE ESTUDOS A 8ª Viagem de Estudos da Unisc, promovida pela Assessoria para Assuntos Internacionais e Interinstitucionais (AAII), ocorrerá entre os dias 22 e 31 de julho. Ela oferece aos alunos, professores e funcionários da Universidade um curso de espanhol, em nível básico ou

intermediário, na Universidade de Buenos Aires. As inscrições ficam abertas até 22 de abril e podem ser feitas na sala 206-A, ou nos protocolos dos campi da Unisc. Serão oferecidas 18 vagas. Mais informações podem ser obtidas na própria AAII ou pelo telefone (51) 3717-7314.

Aulas Inaugurais na Graduação Os cursos de Turismo e Gastronomia realizaram a sua aula inaugural no dia 1º de abril. O evento ocorreu na sede da Adunisc e teve como palestrante a professora Marla Rejane Fontoura Hansen, diretora do Turismo da Secretaria do Turismo, Esporte e Lazer do Estado do Rio Grande do Sul.

Com o objetivo de discutir o mercado de trabalho para os licenciados em informática, o curso de Licenciatura em Computação fez sua aula inaugural no dia 9 de abril, com a participação da empresa Costaneira Móveis e Construção e da Escola Estadual de Educação Básica Cônego Albino Juchem, empregadoras de profissionais da área.

Atenção e cuidados ao amputado

Dia 16 de abril - das 12h15 às 13h Doal Hoots - Violão e voz Dia 23 de abril - das 12h15 às 13h Nataniel Piva - Violão e voz Dia 30 de abril - das 12h15 às 13h Emerson Vogt - Violão e voz Música Dia 26 de abril - 20h Concerto Orquestra Jovem Unisc Participação: Rodrigo Calveyra Local: Auditório Central Dia 29 de abril - 20h30 Miguel Proença Recital de Piano Projeto Piano Brasil IV Local: Auditório Central Apoio: Aquarius Hotel e Restaurante Centenário Todos os sábados - 13h30 às 17h30 Ensaios da Orquestra Jovem Unisc Abertos ao público Local: Anfiteatro do bloco 18 Exposições Exposição permanente Telas e estudos de Regina Simonis Local: Casa das Artes Regina Simonis, 2º piso Visitação: Sexta - das 13h30 às 17h30 / Sábados - das 9h às 12h Agendamento para grupos: telefone (51) 3056-2086 Até 21 de abril A maçã Exposição do Programa Uniarte 7ª Femaçã - Veranópolis Local: Sala do Café Colonial Orientação: Profª. Eliana Baumhardt

O curso de Arquitetura e Urbanismo da Unisc realizou, no dia 3 de abril, sua aula inaugural. O encontro foi ministrado por Rodrigo Allgayer e tratou do tema Arquitetura e Projeto. Allgayer é graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Ufrgs e mestrando do Curso de Pós-Graduação em Design na mesma universidade.

Até 30 de abril Ecologia Alunos do Colégio Estadual Barro Vermelho Local: Bloco 1

A nova Lei das Sociedades Anônimas (Lei 11.638/07) foi o tema da aula inaugural do curso de Ciências Contábeis da Unisc, no dia 18 de março. O palestrante, Antônio Carlos de Castro Palácios, abordou as atualizações introduzidas à Lei das Sociedades Anônimas.

Até 30 de abril Um olhar: janela para o mundo Junio Nunes Local: Biblioteca

O curso de Secretariado Executivo promoveu uma mesa-redonda com alunas egressas do curso. O objetivo foi discutir tópicos referentes à carreira do profissional de secretariado. Os trabalhos foram coordenados pela professora Cláudia Anita Guerra.

Cursos e ateliês Programa Dançar Cursos: dança de salão, dança do ventre, dançar na terceira idade, escola de circo, ginástica e dança Inscrições: Secretaria de Pós-Graduação e Extensão - Bloco 1 Informações: (51) 3717-7346 ou 7343 - MSN: centralinfo@unisc.br Site: www.unisc.br/cultura

A Unisc retomou as atividades do projeto Atenção e cuidados integrais ao amputado e portador de necessidades especiais. O primeiro encontro, realizado em março, serviu para que pacientes, professores e voluntários se reunissem e planejassem os horários e as ações a serem desenvolvidas a partir de abril. Na ocasião participaram mais de 15 pacientes amputados e os cerca de 20 alunos que trabalham no projeto. Assim que iniciarem os encontros, os pacientes vão ser encaminhados para as áreas de habilitação, de acordo com as necessidades apresentadas. As atividades se estendem até o final do ano. O amputado que tiver interesse em se inscrever para participar do projeto deve entrar em contato com a Clínica FisioUnisc, pelo telefone (51) 3717-7538.

Espaço Aberto Apoio: Charrua Hotel Local: Centro de Convivência

Dois jornalistas palestraram em dias diferentes aos acadêmicos do curso de Comunicação Social da Unisc. No dia 17 de março, Adriano Silva abordou o tema O fim do mundo está próximo! A crise na indústria da mídia e como sobreviver a ela. Adriano é colunista do Jornal da Unisc há cinco anos. No dia 25 de março, Ivo Stigger falou sobre o tema Comunicação integrada: a experiência da Santa Casa.


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INSTITUCIONAL

Ministério da Justiça promove discussão sobre as instituições comunitárias As instituições comunitárias podem ser melhor aproveitadas pelo Estado na execução de políticas públicas e no projeto de desenvolvimento do país. Esse é o mote central da iniciativa que a Unisc está promovendo junto a órgãos federais, especialmente no Ministério da Justiça, visando ao reconhecimento das comunitárias como instituições públicas não-estatais. O assunto começou a ser tratado em 2007, em Brasília, com ações concretas previstas para 2008. Com o objetivo de discutir um conjunto de iniciativas capaz de incentivar um debate nacional sobre o assunto, o pró-reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional da Unisc, João Pedro Schmidt, esteve participando de uma reunião de trabalho em Brasília, no dia 6 de março, com o diretor do Departamento de Justiça do Ministério da Justiça, José Eduardo Elias Romão, e os representantes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Ana Peliano e Luis Fernando Resende. Na reunião, ficou estabelecida a realização de um colóquio em Brasília, com previsão para o

final de abril, envolvendo autores, intelectuais e representantes de instituições comunitárias. Na seqüência, será formatado um livro com textos dos participantes do colóquio, contendo análises sobre o significado para o país de as instituições públicas não-estatais serem reconhecidas como tal e com relatos da experiência das universidades comunitárias do Sul do Brasil. A previsão de publicação do livro é para setembro. O lançamento oficial deverá ocorrer em outubro, quando está previsto um seminário nacional em Brasília para discutir as medidas políticas e legais visando ao reconhecimento das instituições comunitárias como públicas não-estatais. Assembléia No dia 10 de março, segunda-feira, Schmidt e o pró-reitor de Extensão e Relações Comunitárias da Unisc, Luiz Augusto Costa a Campis, participaram em Florianópolis de uma Assembléia da Associação Catarinense de Fundações Educacionais (Acafe). A Acafe é o órgão que congrega as instituições

Arquivo AI

Universidade de Santa Cruz do Sul é uma das 10 instituições de ensino superior comunitárias no Estado do Rio Grande do Sul

comunitárias de Santa Catarina. Os pró-reitores da Unisc apresentaram a proposta dos eventos na Assembléia e convidaram a Acafe a participar do processo. Conforme Schmidt, o apoio dos reitores presentes foi unânime. O reitor da Unisc, que esteve participando nas últimas semanas de reuniões do Consórcio das Universidades Comunitárias Gaúchas (Comung) e da Associação Brasileira das Universidades Comunitárias (Abruc), afirma que a mobilização será apoiada também por essas entidades. “Essas entidades

congregam o conjunto das comunitárias do país e uma mobilização conjunta tem boas possibilidades de conseguir a repercussão política desejada”, avalia Thomé. “O nosso propósito é que o debate não fique restrito à educação superior, envolvendo outras organizações comunitárias, como os hospitais”, diz o pró-reitor de Planejamento. “Mas, sendo as universidades comunitárias do Sul do Brasil a experiência mais forte no País, serão o foco central desse debate”, aponta. O objetivo, segundo Schmidt, é analisar o po-

tencial das diferentes instituições comunitárias para a prestação de serviços públicos. Para Campis, o reconhecimento do caráter público não-estatal é uma meta difícil e complexa, que já teve iniciativas importantes desde a Constituinte, em 1986 e 1987, mas dada a visão estatista que predomina em grande parte dos órgãos governamentais os resultados atingidos ainda são poucos. “O importante é que estamos retomando a mobilização e o início deste processo se mostra bastante promissor”, comemora.


ENTREViSTA

Diza Gonzaga palestrou na manhã de 13 de março para um Auditório Central lotado. O tema tratado no encontro, Desmistificando a cultura do herói, alertou jovens e adultos sobre a necessidade de uma nova atitude perante a violência no trânsito. Diza é fundadora e presidente da Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, que leva o nome do seu filho. Thiago perdeu a vida em um acidente de trânsito em 1995, aos 18 anos, voltando de uma festa. A palestra fez parte da campanha Não deixe um acidente manchar a sua vida, que marcou a volta às aulas da Universidade. Confira a conversa de Diza com o Jornal da Unisc, uma prova que o sucesso da Fundação tem, sim, muito da sua atitude e do seu empenho como mãe e militante da causa. Jornal da Unisc – Quais são as estratégias da Fundação para falar aos diferentes públicos? Diza Gonzaga – A nossa proposta é falar a linguagem das pessoas. Quando nós falamos com crianças, por exemplo, nós falamos a linguagem delas. Criança não se deve ensinar que tem que atravessar em sinal verde e parar em sinal vermelho. Tem que ensinar a dar a mão pro papai e pra mamãe, ir no banco de trás. Para cada público tem que falar uma linguagem específica. Mas com quem eu pego pesado mesmo é com os pais, porque são pessoas que nem eu, eu também sou mãe. A família é muito importante nesta formação da vida menos violenta no trânsito. JU – Como funcionam as ações da Vida Urgente nas festas? É verdade que existe até uma carona para quem bebeu? Diza – Na verdade a gente

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{ { Eu não fico me achando, não perco o porquê que eu tô nessa. Eu queria ser uma arquiteta conhecida só no meio lá dos meus colegas e estar com o meu filhão

Luciano Pereira

YASKARA FERREIRA

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A DOR QUE ENSINA AOS OUTROS quer mudar esta cultura, a gente quer que vá à festa, mas que volte para a casa. Então, quem vai dirigir não pode beber. Os amigos precisam se conscientizar e se dividir nos finais de semana, cada vez um levando para casa. É essa mudança de cultura que a gente quer. Ninguém é contra festa, contra alegria, mas a gente quer que as pessoas vão e voltem porque ainda tem muita festa pela frente e tem que viver pra isso. O Buzoom é a carona segura da Vida Urgente, a gurizada até chama de tele-entrega de bebum. Mas na verdade ele é feito em grandes eventos como Carnaval, Festival de Cinema de Gramado e quem sabe na próxima Oktoberfest? Eu acho importante porque aqui tem esta festa do chopp e se

Meu sonho é fechar a Fundação. Veja que loucura isso. Vai ser o dia que não existir mais crimes de trânsito

perdendo a vida. Mas, na medida em que eu me expus e comecei a aparecer no rádio, na televisão e nos jornais, muitos pais começaram a me procurar. Então eu me senti como um cego tentando ajudar o outro. Aí eu criei os grupos de apoio, que hoje contam com mais de 200 famílias. Infelizmente toda segunda-feira chegam na Fundação pais que perderam filhos no final de semana. Mas em um dia, há uns dois ou três anos, uma mãe convidou os pais do grupo para homenagear o filho. Fazia um ano que ele tinha perdido a vida em um acidente na Avenida Goethe, em Porto Alegre, e eles iriam até o local. Então eu perguntei o que ela ia colocar lá e ela disse que ia colocar uma cruz. Eu disse: Deus me livre! Colocar uma cruz para um jovem? Não tem nada a ver. Se fosse para mim ou para ti, pessoas mais velhas. Aí ela disse: Mas o que tu faria? E eu respondi: Põe uma borboleta. Foi uma coisa natural. Aconteceu. Hoje nós sinalizamos os locais onde perderam a vida jovens que os pais freqüentam a Fundação. A gente sinaliza com uma borboleta branca. Esta é a única borboleta que não é colorida.

JU – Quem bola as ações da Vida Urgente, como a de pintar uma borboleta no local do acidente? Diza – Essa, em especial, não foi bolada. Ela partiu de uma mãe, que faz parte do grupo de apoio da Fundação. Porque eu criei a Fundação para não ver mais jovens perdendo a vida, pessoas

De repente vamos ter um núcleo aqui. Mas não vai ser a Diza que vai abrir, é a gurizada que tem que se mobilizar

{ {

{ { vai tomar, volta de Buzzom e chega em casa com segurança.

Diza – Pra mim é um pouco misturado. A Fundação é um pouco do Thiago pra mim. Sabe como é mãe, né? Para os outros filhos

JU – Esta é também uma forma de alerta? Diza - Com o tempo eu comecei a receber centenas de emails dizendo que quando passam na borboleta automaticamente tiram o pé do acelerador. Porque as pessoas têm a mania de achar que acidente só acontece em rua terrível, em uma curva perigosa. E não; é no trajeto que tu faz todo dia muitas vezes. E a borboleta ajudou a chamar a atenção para isso. O cuidado vai redobrando. JU – O que significa a Fundação Thiago Gonzaga pra ti?

eu posso dar carinho, toda a atenção. Então a Fundação não deixa de ser um pouco do Thiago. Mas eu te diria que meu sonho é fechar a Fundação. Veja que loucura isso. Porque o dia que eu puder fechar vai ser o dia que não existir mais crimes de trânsito. Meu sonho é fechar aquilo que hoje é uma coisa muito importante na minha vida. JU – Como é o teu dia-adia? A Fundação ocupa a tua agenda com muitas viagens e compromissos? Como tu encaras isso? Diza – Talvez o que me incomode um pouco é a perda da privacidade. Não achando que eu sou alguma coisa. Até porque eu não tiro o pezinho do chão, nunca. Eu não fico me achando, não perco o porquê que eu tô nessa. Eu queria ser uma arquiteta conhecida só no meio lá dos meus colegas e estar com o meu filhão. Então não me deslumbra essa coisa de aparecer. Mas é complicado porque a gente passa a ser uma pessoa pública e a minha vida tem sido assim. Muitas vezes eu gostaria de

ficar mais em casa, com os meus outros filhos, com o meu neto. Mas estou viajando o Brasil inteiro, temos núcleos em todo o País: Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e até em Rondônia. Tem sido complicado. JU – A idéia é difundir a paz no trânsito até que as pessoas se conscientizem, então. Diza – É isso aí: água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. É assim que a gente vai mudar esse País e ter um trânsito mais humano e não essa violência. Mas eu tenho uma notícia boa para dar sobre Porto Alegre. A gente sempre acha que está aumentando a violência, parece que não adianta. Mas, quando nós iniciamos o nosso trabalho, Porto Alegre estava em 11º lugar no ranking das mortes no Estado. O ano passado a cidade foi na contramão das capitais brasileiras e perdeu sete posições. JU – Como tu vês a receptividade dos jovens? Muitas pessoas comentam que os jovens não querem saber dessas coisas, não querem escutar. Como tu enxergas isso? Diza – O jovem é complicado. É que nem peça teatral: ou tem pra adulto, ou pra criança. Porque o jovem é exigente, ele não vai atrás de conversa fiada. Então é difícil, ele acreditar em coisas verdadeiras. E eu acho que eles sentiram na Vida Urgente uma mensagem verdadeira e não uma conversa fiada. Se hoje a gente tem este exército, não é por causa da Diza. Não é por isso que a borboleta tem voado. Tenho certeza que o pessoal da Unisc não convidou por causa da Diza. Mas a gurizada ouve. De repente vamos ter um núcleo aqui. Mas não vai ser a Diza que vai vir aqui abrir um núcleo, é a gurizada que tem que se mobilizar. Quem sabe a gente vem pra cá de mala e cuia?


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CENTRAL

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EXERCÍCIOS E ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL: NÃO DÁ PARA DISPENSAR Projeto da Unisc avalia o perfil de saúde de mais de 4 mil alunos da rede escolar pública e privada do município YASKARA FERREIRA POLIANA PASA É na infância que se constroem hábitos saudáveis para toda a vida. Mas é também nessa idade que aparecem os primeiros sinais de risco para o organismo, principalmente em relação a doenças cardiovasculares. Um perigo que deve ser prevenido desde cedo e que motivou uma pesquisa de grandes dimensões na Unisc. As professoras Miria Suzana Burgos e Miriam Beatris Reckziegel, do curso de Educação Física, juntamente com um grupo de professores e bolsistas, iniciaram em 2004 um projeto para analisar o perfil da saúde de alunos da rede escolar pública e privada da cidade, na zona urbana e rural, intitulado Perfil do estilo de vida, somatomotor e fatores de risco às doenças cardiovasculares: um estudo com escolares de Santa Cruz do Sul. Naquele ano, foram avaliados 3.700 jovens, de 7 a 17 anos,

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com testes de indicadores de saúde (índice de massa corporal, flexibilidades, força abdominal e resistência orgânica); de indicadores de desempenho motor (força dos músculos, agilidade e velocidade) e de fatores de risco (pressão arterial, perímetro ósseo, circunferência da cintura e do quadril e dobras cutâneas). Em 2005, a pesquisa foi ampliada, com o levantamento de dados referentes ao estilo de vida e à prática de exercícios físicos, em uma amostra de 2.900 crianças e adolescentes. Nesse ano, a professora Silvia Rech Franke, do curso de Nutrição, integrou-se à pesquisa e também participou de projetos de extensão, divulgando os resultados até então obtidos nas escolas, com palestras educativas. Já em 2006, foram selecionadas cerca de 600 crianças para aplicação de questionários sobre estilo de vida, alimentação e prática de exercícios físicos, além da

realização de exames bioquímicos (colesterol, triglicerídeos e glicemia). Em 2007, o trabalho seguiu com o levantamento de resultados e contou com 460 novos alunos e uma ampliação: 50 entrevistas envolveram as famílias das crianças. A meta para esse ano é a realização de mais 100 entrevistas com os pais, para, a partir daí, complementar o panorama da saúde nas escolas com a avaliação de hábitos do ambiente familiar. Por isso, em 2008, o projeto passa a se chamar Saúde e estilo de vida na escola e na família: indicadores de saúde de escolares e sua relação com a saúde familiar no meio urbano e rural de Santa Cruz do Sul. Hoje, além das três coordenadoras, a iniciativa (projetos de pesquisa e de extensão) conta com professores dos cursos de Educação Física, Nutrição, Pedagogia, Enfermagem, Biologia e Fisioterapia. A pesquisa já deu origem a dois livros, um folder e também a quatro projetos de exten-

são, que ocorrem desde 2005 nos colégios, com palestras, dicas de boa alimentação e incentivos à atividade física. “A pesquisa nos possibilita conhecer a realidade, e a extensão faz o acolhimento dos indivíduos e de suas necessidades e realiza intervenções nas escolas e nas comunidades”, comenta Míria. O objetivo é, aos poucos, mudar a realidade alarmante dos dados levantados na investigação. Os resultados refletem hábitos inadequados, cada vez mais precoces no estilo de vida dos jovens, marcado pelo sedentarismo e pelo aumento dos fatores de risco às doenças cardiovasculares. Resultados As conclusões do projeto da Unisc confirmam o alerta de estudiosos sobre o futuro da saúde pública. “Certamente o que ocasionou esses dados alarmantes foi

uma combinação de dois fatores: alimentação inadequada e falta de atividade física”, diz Miriam. As previsões sugerem que, nos próximos anos, a incidência de doenças causadas pelo sedentarismo será maior que a de males infectocontagiosos, também nos países em desenvolvimento, seguindo algo que já se constata em países desenvolvidos, principalmente, pela inserção na cultura do consumo e pela inatividade física. Os problemas detectados na pesquisa estimularam projetos de extensão que promovem a orientação de hábitos saudáveis. Mas nada de restrições drásticas para as crianças. “Não se inicia uma mudança alimentar tirando coisas, mas acrescentando coisas saudáveis. Primeiro é importante introduzir alimentos, para depois retirar. A reeducação é gradativa”, diz Silvia. O que os jovens devem começar de imediato são os exercícios físicos.


CENTRAL Exercitar é preciso De início, os dados já contrariam uma suposição comum: as crianças da zona rural não apresentam melhores índices de atividade física do que as da zona urbana. “Eles já não ajudam nas tarefas domésticas e da lida rural; ficam bastante tempo na frente da televisão, tornam-se sedentários, obesos e desanimados para a ação”, comenta Míria. Porém, o mais assustador é que todos os testes de saúde e de desempenho motor, tanto no interior quanto na cidade, revelaram níveis abaixo da Zona Saudável de Aptidão Física, conforme normas do Projeto Esporte Brasil (Proep-BR). A flexibilidade, por exemplo, que seria uma característica feminina, teve apenas a faixa dos 16 anos dentro do esperado. Os meninos tiveram melhores índices na pesquisa: de 7 a 9 anos e dos 15 aos 17, eles se mantêm na zona saudável. “Elas têm brincadeiras com menos movimento e os meninos são bem mais ativos”, aponta Miriam. A resistência abdominal é outra desvantagem para as gurias. Estão todas abaixo do nível benéfico, enquanto os guris de 7 e 12 anos têm performance aceitável. Em outros exames, como de resistência muscular e de membros su-

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Entenda a pesquisa Poliana Pasa

O projeto baseia-se num conjunto de conceitos para estudar a saúde de crianças e adolescentes. Um deles é o estilo de vida, que inclui dados sobre a família, a casa, as atividades, o esporte e o lazer da criança. Os fatores de risco e o perfil nutricional tratam de indicadores antropométricos, bioquímicos e clínicos obtidos através de exames, e buscam a adequação do consumo calórico na alimentação dos jovens. A quarta parte da análise é o somatomotor (indicadores de saúde e desempenho motor). Todas essas dimensões se aliam também ao complexo desenvolvimento integrado do ser humano, por meio de características intelectuais, psicológicas e socioafetivas dos indivíduos. Fotos: Rodrigo / Ag. Assmann

Professora Miria: “Existe um novo perfil das crianças e adolescentes da zona rural”

periores, elas também perdem para eles. A obesidade e o sobrepeso, de uma forma geral, espantaram as pesquisadoras. “Não pensamos que iríamos encontrar esses dados aqui, no interior. Eles se aproximam dos altíssimos índices de São Paulo e dos Estados Unidos”, diz Miriam. O índice de massa corporal, que não teve alterações significativas entre os gêneros, apontou sobrepeso em 15,67% das crianças e obesidade em 10,74%. No percentual de gordura,

os dados assustam mais. Entre moderada alta, alta e muito alta, as taxas somam mais de 40% dos estudantes. As meninas, mais uma vez, ultrapassam os meninos no índice e são ainda as campeãs de triglicerídeos elevados. Entre 13 e 17 anos, 23,35% estão na faixa limítrofe e mais de 38% delas têm a substância aumentada. Os números indicam, não só uma geração de obesos, mas também de futuros hipertensos, diabéticos e muito propensos a doenças cardiovasculares.

Hora de reeducar Entre os maus hábitos dos jovens, o que mais chama a atenção é o consumo excessivo de refrigerantes. Um entre três entrevistados ingere a bebida todos os dias. “Muitos tomam refri mais de uma vez por dia”, comenta Silvia. Essa é a realidade de 38% dos meninos e de 24% das meninas. O índice aumenta ainda mais na periferia e, surpreendentemente, na zona rural, onde 42% das crianças e jovens têm esse hábito. O alto consumo de guloseimas - principalmente pelas meninas da zona urbana central - que têm índice de 60% de ingestão diária, aliado ao reduzido consumo de frutas e verduras, significa uma alimentação errada. Silvia diz que os jovens até comem frutas, mas não na quantidade certa. Apenas metade dos pesquisados as consome diariamente. “O ideal, para prevenir doenças e ter uma boa alimentação, é a ingestão de cinco porções de diferentes frutas ou saladas ao dia”, afirma Silvia. O problema da nutrição, no entanto, vai além da má escolha de alimentos. O hábito de comer em frente à

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A piscina da Universidade é um espaço para exercitar o físico e a socialização

Calcule seu IMC A prática da natação é incentivada e orientada por estudantes e profissionais

O índice de massa corporal, usado para detectar o sobrepeso e a obesidade, é calculado pela proporção do peso do corpo sobre a altura ao quadrado. IMC = peso (kg)/altura² (m)

Exercícios na Universidade Os alunos pesquisados que possuem fatores de risco indicados nos exames foram convidados a participar de atividades físicas duas vezes por semana nas dependências da Universidade e nas próprias escolas. Foram, em média anual, 500 escolares, de 2004 a 2007, praticando vôlei, basquete, natação, handebol e assistindo a palestras educativas. Em 2008, quatro bolsistas da Unisc trabalham no projeto que teve o primeiro encontro no dia 29 de março. televisão, ao computador ou ao video game também é um grande vilão da obesidade. Mais de 30% das crianças, número similar ao índice de São Paulo, costumam fazer isso. Mas pelo menos um dado positivo foi encontrado na pesquisa. Felizmente, a maioria dos entrevistados (96% das meninas

e 98% dos meninos) disse nunca ter usado remédios para emagrecer. E, apesar da preocupação intensa com o corpo, mais de 50% querem perder peso, pouquíssimas meninas disseram provocar vômito após as refeições. Um pouco de alívio para tantos sustos encontrados pelo projeto.

Bolsistas auxiliam os escolares nas atividades físicas propostas


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EXTENSÃO

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Fotos: Arquivo Pessoal

AÇÕES REVERTEM EM SAÚDE MENTAL NO MEIO RURAL Projeto do curso de Psicologia da Unisc leva qualidade de vida e auto-estima a agricultores do interior de Santa Cruz do Sul A prática de assistência psíquica às pessoas está além das salas de aula na Unisc. Um grupo de professores, bolsistas e voluntários dos departamentos de Psicologia e de História e Geografia trabalham, desde 2005, com grupos criados em comunidades santa-cruzenses. O projeto Cuidando a saúde mental dos agricultores tem auxiliado moradores de dois distritos do município, Boa Vista e São Martinho, ao desenvolver atividades que promovem a qualidade de vida e a auto-estima. Neste ano, o projeto foi reiniciado no mês de março. O projeto teve sua origem pautada por estudos realizados pelo Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional da Unisc, o qual revelou que agricultores do interior de Santa Cruz do Sul apresentavam sofrimentos psíquicos originados por diversos fatores. Com isso, a Universidade disponibilizou profissionais, bolsistas e voluntários para formar grupos e trabalhar com os moradores por meio de atendimentos domiciliares, grupos de vivência e de artes manuais, formas encontradas para auxiliar as pessoas no seu cotidiano. Enquanto se reúnem e obtêm novos aprendizados,

Grupos de artesanato desenvolvem atividades com produtos reciclados nas localidades de Alto Linha Santa Cruz e de Linha Andrade Neves

Projeto desenvolve a auto-estima no meio rural

as relações entre as pessoas propiciam bem-estar, o que interfere na saúde de cada participante. O pastor Gerson Echelmeier, que auxiliou os trabalhos nas comunidades de Linha Andrade Neves e Alta Linha Santa Cruz, diz que os encontros são fundamentais para as comunidades. “O trabalho feito pelas professoras e alunas da Unisc ajuda a resgatar a auto-estima das agricultoras, pois mostra que, além de trabalhar na roça, elas são capazes de fazer muitas outras coisas”, aponta. “As mulheres do interior têm que lutar por seus direitos e devem se valo-

Sacolas, objetos de decoração e bolsas foram resultado da produção dos grupos de artesanato

rizar”, ressalta o pastor, que se mostra interessado na continuidade dos encontros nos lugares em que trabalha. As comunidades são visitadas pelos profissionais e voluntários, conforme agendamento ou cronograma dos grupos. No ano de 2007, segundo a psicóloga e coordenadora do projeto, professora Rita Basso, foram obtidos resultados significativos com o desenvolvimento do trabalho. Ao todo foram beneficiadas 214 pessoas com os atendimentos domiciliares e os grupos tiveram a presença de 412 agricultores, em sua maioria mulheres. As comunidades atendidas são Alta Linha Santa Cruz, Boa Vista, Alto Boa Vista, Linha Andrade Neves, Linha Felipe Nery e Linha São Martinho, além de moradores vizinhos a essas comunidades. Ceci Lia Muller, moradora de Alto Boa Vista, é uma das participantes do projeto e diz que é importante essa iniciativa da Unisc, que coloca os profissionais em contato com a realidade do interior do município. “As pessoas gostam muito das visitas domiciliares, pois facilitam o acesso aos recursos de saúde”, conta Ceci. “Notase, na minha comunidade, que depois dos encontros as pessoas começaram a se sentir melhor”. A mesma opinião é compartilhada por Irse Frantz, de Linha Felipe Nery, que diz que o projeto presta uma grande ajuda aos agricultores. “A nossa comunidade espera que os encontros voltem logo a acontecer, pois nos sentimos bem estando envolvidos com o projeto”, argumenta Irse.

Além de usar as técnicas de artes manuais, como o artesanato, e acompanhamento de eventos nas comunidades, os profissionais fazem encaminhamentos de pessoas para ajudas de ordem psíquica, quando necessário. Outra ação realizada em 2007 foi a Feira de Saúde, ocorrida em setembro na comunidade de Alto Boa Vista. No final do ano passado, o reitor da Unisc, professor Vilmar Thomé, participou do encerramento das atividades de 2007, na localidade de Boa Vista. Para ser desenvolvido, o projeto conta com os serviços de saúde oferecidos pela Universidade e com parcerias como agentes de saúde comunitária de Boa

Vista e Alto Boa Vista; líderes comunitárias de Alto Boa Vista e de Felipe Nery; a voluntária Iraci Bender, de Alta Linha Santa Cruz; Sindicato dos Trabalhadores Rurais; pastor Gerson Echelmeier, de Monte Alverne; secretarias municipais de saúde; Centro de Atenção Psicossocial (Caps); Unidade Municipal de Referência em Saúde do Trabalhador (Umrest); e postos de saúde de Monte Alverne e de Boa Vista freqüentados pelos agricultores. “Uma estratégia importante em nosso trabalho é a formação de rede com outros profissionais, além das parcerias com órgãos competentes no município”, salienta a professora Rita. (C.M.)

Feira da saúde realizada em setembro de 2007 em Alto Boa Vista, interior de Santa Cruz do Sul


PESQUiSA

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Dimas Russo

Lista dos Vencedores ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS Categoria Trabalhos de Iniciação Científica Trabalho do Professor: o que dizem as tradições? Paulo Roberto Corrêa Glasorester, Profa. Rosa Maria Filipozzi Martini Categoria Trabalhos de Extensão UNISCRIANÇA: a inclusão digital através de softwares educacionais Lisnara Pra Zandonato, Profa. Adriana da Silva Thoma Categoria Trabalhos de Graduação É precário mas é digno: os significados de trabalhar na safra de fumo de Santa Cruz do Sul Mariana Silva Carlos, Profa. Paula Camboim Silva de Almeida ÁREA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Categoria Trabalhos de Iniciação Científica O impacto da Reforma da Previdência Social Rural Brasileira nos Arranjos Familiares: uma proposta para entender a composição dos domicílios dado o aumento da renda dos idosos Cristiano Stoelben e Fabiana Post, Professores Silvio Cezar Arend e Marilia Patta Ramos Trabalhos premiados foram apresentados durante o 13o Seminário de Iniciação Científica e a 12a Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade

Unisc premia trabalhos de ensino, pesquisa e extensão No total foram premiados 12 trabalhos de diversas áreas de atuação No dia 25 de março, a Unisc realizou a entrega do Prêmio Honra ao Mérito, referente aos trabalhos apresentados durante o 13o Seminário de Iniciação Científica e a 12a Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão. Foram premiados 12 trabalhos das áreas de Ciências Humanas, Ciências Sociais Aplicadas, Ciências Exatas, da Terra e Engenharias, e ainda Ciências Biológicas e da Saúde (ver lista ao lado). Quatro pôsteres destaque também receberam a distinção. Cada aluno vencedor terá direito à inscrição e ao transporte para um evento acadêmico, pagos pela Universidade. O reitor Vilmar Thomé, presente na solenidade, destacou a importância dos estudantes como produtores de conhecimento para além da sala de aula e da estrutura

do campus. O vínculo com a comunidade, desenvolvido pelos projetos de pesquisa e extensão, é, segundo o reitor, o carimbo de uma universidade comunitária. E essa ligação também marcou presença no Prêmio Honra ao Mérito. Algumas meninas que participaram do projeto Uniscriança: a inclusão digital através de softwares educacionais, vieram à Unisc para assistir, orgulhosas, à cerimônia. O trabalho, um dos ganhadores da categoria Extensão, foi coordenado pela professora Adriana da Silva Thoma e realizado pela aluna Lisnara Pra Zandonato, do curso de Pedagogia. A iniciativa envolveu turmas de surdos da escola estadual Gaspar Bartholomay. Durante o ano passado, mais de 20 crianças tiveram aulas ministradas pela própria Lisnara,

que também é surda. As atividades com softwares envolveram principalmente conteúdos de matemática e escrita da linguagem de sinais. Seminário e Jornada O 13o Seminário de Iniciação Científica e a 12a Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão ocorreram de 1o a 5 de outubro de 2007. No total, os dois eventos tiveram 519 trabalhos selecionados para apresentação. Desses, 150 foram de iniciação científica, 187 de graduação, 87 de extensão e 95 de investigação científica, em nível de mestrado e doutorado. Também foram realizadas palestras, oficinas e debates. Em 2008, os eventos, que visam ao intercâmbio entre pesquisadores e extensionistas, devem ocorrer novamente em outubro. (P.P.)

Itunisc tem consultoria em marketing A Incubadora Tecnológica da Unisc foi beneficiada com consultoria/assessoria, conforme Edital de Chamada Pública MCT/FINEP/Ação Transversal PNI 09/ 2006. O objetivo é a formação de núcleos de competência para consolidação de incubadoras. Os trabalhos já iniciaram em março. O projeto foi encaminhado pelo Centro de Empreendimentos em Informática (CEI-Faurgs), em parceria com incubadoras de Porto Alegre, Caxias do Sul, Canoas, São

Leopoldo, Novo Hamburgo, Lajeado e Santa Cruz do Sul. O recurso recebido e repassado para as empresas incubadas da Itunisc foi em Consultoria em Marketing e Comercialização em Tecnologia de Informação. Estão sendo beneficiadas as empresas SC Solutions, Idealogic Software, Tekann Tecnologia, Tecniagro Certificações e Sistemas e Supernova Playware. A empresa contratada para a consultoria/assessoria foi a Soluzzione - Expan-

são de Negócios, de Porto Alegre. “Esse é um dos diferenciais que o processo de incubação de empresas traz para o desenvolvimento de novas empresas tecnologicamente inovadoras”, avalia a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Liane Mählmann Kipper. “Além dessa consultoria para formação do núcleo de competência, a Unisc tem oferecido aos incubados várias assessorias e diversos cursos via Núcleo de Empreendedorismo”, finaliza.

Categoria Trabalhos de Extensão Microphonia Online – Núcleo de Ação Digicultural Elisangela da Silva, Marcia Ceci Melz, Renato Cezar Prauchner, Prof. Militão de Maya Ricardo Categoria Trabalhos de Graduação Mapeamento da rede socioassistencial de Santa Cruz do Sul Juliane Neumann, Profa. Rosana Jardim Candeloro, Profa. Tatiana Reidel ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS, DA TERRA E ENGENHARIAS Categoria Trabalhos de Iniciação Científica Construção de protótipo de habitação popular e ensaios de desempenho Leila Copelo Bremm, Kamila Kappaun, Milene Carvalho, Rafael José Schuck Ellwanger, Ana Lúcia Köhler e Egon Vettorazzi, Prof. Marcus Daniel Friederich dos Santos Categoria Trabalhos de Extensão Educar para a pesquisa: desenvolvendo atividades de iniciação científica na educação básica Patrícia Kuester, Prof. Wolmar Alipio Severo Filho Categoria Trabalhos de Graduação Avaliação da atividade lipase de carica papaya l bruta Denise Inês Puhl, Prof. Valeriano Antônio Corbellini ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE Categoria Trabalhos de Iniciação Científica Reabilitação pulmonar: capacidade funcional e qualidade de vida em portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica Mariza Machado e Paula Beckenkamp, Professoras Tânia Fleig e Andrea Gonçalves da Silva Categoria Trabalhos de Extensão Acadêmicos de Enfermagem e Comunidade: vivências e trocas de saberes no VEPOP/SUS Aline Fleck Barrozo e Tatiana Battisti, Profa. Rosylaine Moura Categoria Trabalhos de Graduação Efeitos do treinamento muscular inspiratório com o Manovacuômetro na função pulmonar e força muscular respiratória em sujeitos Daiane Marconato, Elise Nunes, Laura Weber, Prof. Antonio Marcos Vargas da Silva PÔSTER DESTAQUE ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS Roda, roda o balaio! Que o santo é de Candomblé! Ritos que envolvem os batuques negros no período imperial do Brasil Priscila Maria Franco Weber, Prof. Mozart Linhares da Silva ÁREA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Estudo da teoria dos Direitos Fundamentais de Alexy e sua aplicação em casos concretos Luciana Blazejuk Saldanha, Prof. Rogério Gesta Leal ÁREA DE CIÊNCIAS EXATAS, DA TERRA E ENGENHARIAS Concepção de sistema de tratamento utilizando processos oxidativos avançados Cássio Henn e Jorge Hoeltz, Professores Lourdes Teresinha Kist e Ênio Leandro Machado ÁREA DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE Lâminas permanentes de Histologia Vegetal facilitando o aprendizado da Botânica Estrutural Gabriela Haas Sa, Márcia Goetze, Professores Juarez Schmidt e Marisa Lopes Putzke


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PESQUiSA

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Matemático Rodney Bassanezi ministrou a aula inaugural do Mestrado em Sistemas e Processos Industriais da Unisc É possível fazer previsões usando equações matemáticas? Segundo o professor Rodney Bassanezi, da Unicamp e da Universidade Federal do ABC, sim. O alcance de uma epidemia, por exemplo, pode ser previsto por meio da modelagem matemática, técnica que estuda maneiras de desenvolver e implementar modelos matemáticos de sistemas reais. Bassanezi foi o palestrante da aula inaugural do Programa de Pós-Graduação em Sistemas e Processos Industriais - Mestrado da Unisc. O tema abordado pelo professor da Unicamp foi a Modelagem com sistemas dinâmicos fuzzy. A lógica fuzzy representa uma forma inovadora de traduzir informações vagas, imprecisas, em valores numéricos, juntando diversos fatores físicos (variáveis) no mesmo modelo matemático. Essa lógica possibilita a inclusão da experiência humana em controle computadorizado, tornando possíveis

decisões em problemas complexos. Um outro exemplo citado por Bassanezi é a utilização do método para prever o tempo de extinção de uma raça animal. “Utilizando os fatores que determinam a relação entre presa e predador é possível fazer essa previsão por meio da modelagem matemática”, apontou o professor. “O sistema pode ser utilizado, inclusive, no próprio ensino da matemática”. O modelo pode ser agregado ainda a sistemas de redes neurais, aumentando o aprendizado e a interface com dados numéricos. O sucesso mundial de sistemas de modelagem e controle em lógica fuzzy, aplicados na indústria, recomenda o modelo como uma ferramenta eficiente na engenharia de controle industrial, manufatura, comunicação homem-máquina e sistemas de tomadas de decisão. Antes da palestra, à tarde, Bassanezi participou de uma banca de defesa de dissertação do

Luciano Pereira

AULA ABORDA A MODELAGEM MATEMÁTICA

Professor Bassanezi apresentou exemplos de aplicação da modelagem matemática para alunos de graduação e de pós-graduação da Universidade

Mestrado em Sistemas e Processos Industriais, sobre rastreabilidade animal. “O trabalho apresen-

tado é excelente, muito acima da média”, elogiou. “O curso da Unisc tem uma proposta inovado-

ra, atual e multidisciplinar, muito semelhante à que existe na Universidade Federal do ABC”, disse.


GERAL

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Luciano Pereira

PSF recebe produtos desenvolvidos no curso de Farmácia O Posto de Saúde da Família do bairro Margarida Aurora, de Santa Cruz do Sul, recebeu no dia 27 de março a doação de dois tipos de produtos farmacêuticos desenvolvidos por estudantes do curso de Farmácia da Unisc. As pastas d’água e as pomadas para assaduras foram produzidas na disciplina de Tecnologia Farmacêutica II e envolveram 12 alunas do curso. O projeto Tecnologia Farmacêutica a serviço da comunidade foi um projeto inédito desenvolvido nos laboratórios do curso de Farmácia, durante o segundo semestre de 2007. As aulas práticas da disciplina, onde os produtos foram produzidos, são realizadas em laboratórios modernos e qualificados com a utilização de equipamentos semi-industriais e com operações de produção adequadas às práticas vigentes na legislação. As 12 alunas foram supervi-

sionadas no projeto pelas professoras Lisoni Morsh e Lisianne Brittes, das disciplinas de Controle de Qualidade Físico-Química e Microbiológica, o que promoveu a integração das disciplinas e possibilitou a verificação da qualidade dos medicamentos por meio das análises de controle de qualidade farmacopeicos. O PSF Margarida Aurora foi escolhido pois o curso de Farmácia já desenvolve outros trabalhos de extensão junto àquela comunidade. “A disciplina ocorre no 7º semestre e o projeto só foi possível porque as alunas tiveram, durante a graduação, toda a formação necessária para a realização desse projeto de extensão”, salientou a professora coordenadora do projeto, Arlete Teresinha Klafke. Também estiveram presentes na entrega o pró-reitor de Extensão e Relações Comunitárias da

Legenda Um grupo de 12 alunas, orientadas por professores do curso de Farmácia, produziu dois tipos de medicamentos para o PSF Margarida Aurora

Unisc, Luiz Augusto Costa a Campis, e a professora Maria Salette Sartori, que representou a próreitoria de Graduação. “O curso de Farmácia da Unisc está exercendo um papel fundamental na integração Universidade – Comunidade, pois está proporcionando o acesso gratuito aos medicamentos e formando profissionais farmacêuticos preocupados e sensibilizados com

os problemas e as dificuldades de sua comunidade”, elogiou Campis. Produtos A pasta d´água tem indicações de uso como antisséptico, secativo e cicatrizante e a pomada de assaduras é uma pomada secativa, cicatrizante, utilizada na prevenção e no tratamento de assaduras e brotoejas. Os medicamen-

tos doados foram eleitos pela enfermeira e pelo médico do PSF, a partir de uma lista de produtos estudados dentro da disciplina com viabilidade tecnológica e operacional para a produção. Os produtos doados não constam na lista de produtos da farmácia básica fornecidos pelo SUS e foram identificados como necessários para complementar a linha de prescrição médica da região.


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Erion Lara

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Além das dificuldades da vida Professora com deficiência visual dá aulas com o auxílio de cão-guia

Olga ministra aulas no campus de Capão da Canoa com o auxílio de seu cão-guia Misty

Olga Solange Herval Souza, 48 anos, é, acima de tudo, uma pessoa vocacionada. Desde pequena, quando ainda era aluna do Instituto Santa Luzia, em Porto Alegre, já demonstrava a aptidão para ensinar e ajudar os outros. Apesar de ser deficiente visual desde o nascimento, Olga sempre se destacou nos estudos, história que perdura até os dias de hoje. Ela foi a primeira aluna cega formada em Pedagogia pela PUCRS; é pósgraduada em deficiência mental, orientação educacional e em deficiência múltipla e visual. Ainda possui os títulos de mestre e doutora em Educação. Atualmente ela dá aulas na Unisc campus Capão da Canoa, instituição na qual já havia ministrado aulas entre 1998 e 1999. Também leciona na faculdade La Salle, em Canoas, e aguarda a posse como professora da Ufrgs. “As pessoas costumam dizer que devo agradecer as oportunidades que tive. Mas ninguém me deu nada,

todas as provas e seleções que fiz foram iguais às das outras pessoas”, alerta. Ela tem 10 anos de experiência como funcionária da Fundação de Atendimento ao Deficiente de Porto Alegre e também traz no currículo o auxílio na implantação da linha de pesquisa em inclusão, do mestrado em Educação da Ufrgs. Acompanhada da inseparável Misty – um cão-guia de três anos, da raça labrador - Olga esbanja simpatia e manejo com a turma. Ela conta com a ajuda das alunas para saber se a classe está lotada e se pode iniciar a explanação. “Hoje já soube que vão interromper a aula em função do show de volta às aulas, mas eu estou com todo o gás”, avisa. Como didática, a professora elegeu indicações de leituras e filmes para auxiliar no processo de aprendizagem e também mostrar às alunas que é possível transcender a deficiência. Olga traz para a sala de aula recursos audiovisuais, debates e seminá-

rios, tudo para romper barreiras e possíveis preconceitos. Para a aluna Maria Rosalina da Silva, a proposta é interessante. “É uma preparação para mostrar às crianças que, mesmo com dificuldades, é possível ir adiante”, afirma. Já Jaqueline Gassen, colega de Maria, diz que é mais difícil a turma se adaptar do que a professora. “Acho que a experiência é muito boa. Mas cada um recebe de um jeito. Os alunos dos outros cursos vêm nos perguntar como é ter aula com ela, entre outras coisas”, comenta. Docentes A professora Olga faz parte de um universo seleto dentro do contexto dos deficientes. Mas essa diferenciação contribuiu para que ela fizesse parte de um grande grupo da Unisc. A professora engrossa um percentual alto, aproximadamente 90%, que indica o percentual de professores da Unisc que possuem doutorado.

A Unisc iniciou, na manhã do dia 1º de abril, o ciclo de palestras e debates do Programa de Pedagogia Universitária para os Docentes. O evento é vinculado à Coordenação Pedagógica da PróReitoria de Graduação e busca promover a qualificação dos professores da Instituição. Até o final de maio, estão programados dez encontros voltados à reflexão sobre a docência em sala de aula e à prática pedagógica na e para a Universidade. De acordo com Giana Diesel Sebastiany, coordenadora pedagógica da Unisc, os diferentes assuntos abordados na jornada foram retirados da Avaliação do Desempenho na Docência da Graduação, realizada com os estudantes entre os meses de outubro e novembro de 2007. Na pesquisa, numa escala de 0 a 4, os professores ficaram com média de 3,40. Para o reitor Vilmar Thomé, é fundamental qualificar ainda mais o corpo docente, considerado o diferencial da Unisc. Na abertura do ciclo de palestras, a professora Márcia Regina de Brito Dias, da Unicamp, falou sobre Projetos Político-Pedagógicos adotados em Instituições de Ensino e ressaltou a contribuição de universidades comunitárias para a implantação de sistemas de avaliação. Segundo a

Luciano Pereira

Unisc promove qualificação de professores Vera Cruz e Unisc assinam contrato para concurso No dia 28 de março, o reitor da Unisc, Vilmar Thomé, e o prefeito de Vera Cruz, Guido Hoff, assinaram contrato para a elaboração e aplicação de concurso público do município de Vera Cruz. Na ocasião, o prefeito salientou a importância dessa parceria com a Unisc. “A Universidade foi escolhida por ser qualificada para cumprir esta tarefa importante”, afirmou. O concurso terá seu edital publicado no dia 22 de abril e abrirá seleção para as áreas de Saúde, Administrativa e Educação. As Giana, professora Nadir Helfer, Thomé, Márcia e a assessora de avaliação institucional da Unisc, Ana Karin Nunes

professora, o resultado de provas como o Exame Nacional de Desempenho do Estudante (Enade) não pode ser visto como o valor de uma instituição, mas como um meio capaz de mostrar os pequenos elementos que constituem o todo e, assim, ajudar na adequação dos mesmos. O ciclo de palestras do Pro-

inscrições poderão ser feitas no site www.unisc.br. A Unisc desde 1993 realiza concursos públicos na região e no Estado sob a coordenação da Assessoria Técnico-Pedagógica (ATP), vinculada à Pró-Reitoria de Extensão e Relações Comunitárias. Segundo a assessora Santa Terezinha da Silveira, o trabalho com concurso público é realizado dentro das normas do Tribunal de Contas do Estado, tendo a aprovação técnica favorável dos órgãos públicos. (B.L.) Bruna Ortiz Lovato

grama de Pedagogia Universitária conta também com uma semana de intensivo no turno da tarde, entre os dias 2 e 5 de junho. Nela, serão repetidos alguns encontros para os professores que não conseguiram participar da jornada durante o semestre. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (51) 3717-7330. (M.S.)

Agenda do Ciclo de Palestras Abril: dias 1º, 3, 14, 17, 23, 29 Maio: dias 5, 8, 20, 28 Semana de Intensivo: de 2 a 5 de junho Inscrições: podem ser feitas no site www.unisc.br

Santa, Thomé e o prefeito de Vera Cruz, Guido Hoff, na assinatura do convênio, na Unisc


E AGORA

REFLEXÕES SOBRE CARREIRA E PROFISSÃO

AO PIOR CHEFE QUE JÁ TIVE Fui contratado pelo seu chefe para trabalhar com você, para ser o seu segundo. Aprendi uma dura lição com você, no curto período em que convivemos. Não dá para um profissional ser contratado por outra pessoa que não seja aquela com quem ele vai trabalhar diretamente. Ou o sujeito é escolhido pelo seu superior imediato, pela pessoa a quem ele vai se reportar no diaa-dia, ou a vida dele tem tudo para se transformar rapidinho num inferno. Mesmo que, como no meu caso, a escolha tenha sido feita pelo chefe do chefe. Não funciona. Costuma dar errado. Você nunca me aceitou. Teve que me engolir, porque você é um submisso, um homem temente à hierarquia, e lhe faltou coragem para questionar a imposição do meu nome pelo seu chefe. Mas você nunca me digeriu. Me guardou intacto em seu estômago para regurgitar aquele corpo estranho, incômodo, inteiro, assim que fosse possível. A sua covardia em silenciar diante da sugestão do meu nome pelo seu superior se transformou, com o tempo, em nossa relação profissional, numa estratégia pusilânime de me minar aos poucos, sorrateiramente, de me tirar os espaços, de me negar os acessos, de me induzir a erro, de me expor sempre, de dilapidar aos poucos, sibilinamente, a minha presença, a minha influência, as minhas possibilidades de sucesso. Você me sabotou religiosamente. Não apenas não abriu nenhuma porta para mim como fez questão de selar todas as passagens que pudessem me levar a algum lugar.

Você se sentiu ameaçado com a minha chegada. Eu representava um grande desconforto na sua vida. Eu era o intruso. E sua vingança foi realizada à sua imagem e semelhança: de modo silencioso, subterrâneo, perverso. E contra mim, lógico, e não contra o seu chefe. Quantas vezes lhe pedi que me mostrasse o caminho. Quantas vezes lhe pedi que me dissesse de que modo eu deveria lhe ajudar. Quantas vezes me pus

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Adriano Silva é executivo numa grande empresa de mídia brasileira doceoficio@uol.com.br

completamente a sua disposição. Quantas vezes me apequenei para caber naquilo que eu imaginava que fosse o tamanho da função que você talvez se dispusesse a me dar. Você dissimulava. Você omitia. Você dizia o oposto do que estava sentindo, sinalizava o contrário do que estava pensando. Apontava para o Sul e dizia que aquele era o Norte para mim. Eu confiei tempo demais em você. Demorei demais a visualizar o seu jogo torpe.

www.osfiguras.com.br

Sua estratégia, percebi muito tempo depois, era clara: me imobilizar completamente. Me amarrar na cadeira, no metro quadrado de baia que lhe obrigaram a me destinar, e esvaziar ao máximo a minha atuação. Até que seu chefe percebesse meu imobilismo, entendesse aquilo, com a sua ajuda obsequiosa, como inadaptação ou improdutividade mesmo, e revisse a sua decisão de ter-me trazido.

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Com você, perdi minha autoestima. Você me causou o maior malefício que pode ser imposto a um profissional: o abalo da confiança no próprio trabalho, na própria capacidade. Sua desaprovação velada – às vezes explícita — a qualquer iniciativa que partisse de mim gerou uma senha para que a equipe toda também montasse diante de mim hostis barricadas da oposição. Aquele time, que trabalhava com você há mais de uma década, e que eu deveria chefiar sob a sua orientação, entendeu instantaneamente que não havia qualquer cumplicidade entre nós e que a sua intenção era expelir aquele corpo estranho, era mandar o recém-chegado de volta para casa o quanto antes. A turma se esbaldou: nada mais divertido do que espezinhar um chefe com a aquiescência de um chefe maior.

Quando finalmente compreendi como estava montado o tabuleiro ao meu redor, e percebi que eu era o único interessado em que aquela movimentação profissional desse certo, e que era apenas eu a me esforçar para que meu trabalho ali pudesse gerar algum resultado e ir adiante; quando finalmente decidi desistir de suportar aquele martírio que você me impôs, tive uma sensação de liberdade muito grande e intensa. Percebi que eu não precisava de você. Que, afinal, você não era o parâmetro absoluto. Que aquele emprego era péssimo. E que trabalhar com você era horrível. Quando consegui admitir isso tudo, e também que eu precisava cuidar um pouquinho mais de mim, me respeitar mais, me preservar daquela moenda que você me oferecia, e cair fora daquela arapuca o mais rápido possível, fui invadido por uma deliciosa sensação de euforia. Você me provou que há empregos que a gente precisa perder urgentemente. E, apesar de tudo, eu lhe agradeço por isso.

DICAS PARA LER... Livraria da Unisc O propósito deste maravilhoso livro, resultado de dez anos de investigação jornalística, é resgatar e contar de forma acessível a história da corte lusitana no Brasil e tentar devolver seus protagonistas à dimensão mais correta possível dos papéis que desempenharam há duzentos anos. 1808 é o relato 1808, de Laurentino real e definitivo sobre um Gomes dos principais momentos da Editora: Planeta história brasileira. Preço: R$ 39,90 (à vista 10%)

Biblioteca

Os fios da fortuna, de Anita Amirrezvani, 382 p. Editora: Nova Fronteira Localização: 891.53A517f 2007

Assim como tecer um tapete, a jornalista Anita Amirrezvani, iraniana, radicada na Califórnia, nos Estados Unidos, descreve o Irã do século XVII, por meio de Os fios da fortuna. O retrato feminino e todas as questões ligadas à tradição religiosa do oriente médio estão entrelaçados, como os fios de um tapete. Um romance histórico imperdível.

Edunisc

A administração pública compartida no Brasil e na Itália, de Rogério Leal (Org.) Preço: R$ 43 (Na Livraria 40%)

É de suma importância realçar o papel da Administração Pública e sua participação social. A busca de um equilíbrio adequado entre o Estado e a sociedade depende em grande parte da atuação da Administração Pública e do esforço que desenvolve para a implementação das políticas públicas que a Constituição Federal faz espargir.



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