JULHO/AGOSTO 2015 | ano XIII | no 86 | Jobson Brasil
universovisual.com.br
CAPA
Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB): 40 anos de combate à cegueira evitável GLAUCOMA
Consenso Global de Ceratocone e Doenças Ectásicas da Córnea definem aspectos importantes relacionados às doenças
LEIA MAIS REVISTA GLAUCOMA Nº 20
CONSELHO EDITORIAL 2015 Publisher & Editor
Flavio Mendes Bitelman Editora Executiva
Marina Almeida
Catarata
Glaucoma
Retina
Carlos Eduardo Arieta Eduardo Soriano Marcelo Ventura Miguel Padilha Paulo César Fontes
Augusto Paranhos Jr. Homero Gusmão de Almeida Marcelo Hatanaka Paulo Augusto de Arruda Mello Remo Susanna Jr. Vital P. Costa
Jacó Lavinsky Juliana Sallum Marcio Nehemy Marcos Ávila Michel Eid Farah Neto Oswaldo Moura Brasil
Lentes de Contato
Tecnologia
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Paulo Schor
Cirurgia Refrativa Editor Clínico
EDITORES COLABORADORES
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Oftalmologia Geral
Córnea e Doenças Externas
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Homero Gusmão de Almeida
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Uveíte
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Jovens Talentos
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Redação, administração, publicidade e correspondência: Publisher e editor Flavio Mendes Bitelman
Edição 86 – ano XIII – Julho/Agosto de 2015 Editora Marina Almeida Diretora de arte Ana Luiza Vilela Gerentes comerciais e de marketing Claudia Toledo
Pimenta e Silvia Queiroga Gerente administrativa Juliana Vasconcelos Colaboradores desta edição: Bruna Vieira Ventura e Bruno Pimentel
de Figueiredo (artigos); Adriana do Amaral, Flávia Lo Bello, José Vital Monteiro e Sabrina Duran (reportagem); Antônio Palma (revisão) e Regina Vicari (tradução). Foto da capa: Magdiel da Silva Vieira - divulgação IAPB Importante: A formatação e adequação dos anúncios às regras
da Anvisa são de responsabilidade exclusiva dos anunciantes.
Rua Cônego Eugênio Leite, 920 Pinheiros, São Paulo, SP, Brasil, CEP 05414-001 Tel. (11) 3061-9025 • Fax (11) 3898-1503 E-mail: marina.almeida@universovisual.com.br Assinaturas: (11) 3971-4372 Computer To Plate e Impressão: Ipsis Gráfica e Editora S.A. Tiragem: 16.000 exemplares
As opiniões expressas nos artigos são de responsabilidade dos autores. Nenhuma parte desta edição pode ser reproduzida sem a autorização da Jobson Brasil. A revista Universo Visual é publicada sete vezes por ano pela Jobson Brasil Ltda., Rua Cônego Eugênio Leite, 920 Pinheiros, São Paulo, SP, Brasil, CEP 05414-001. A Jobson Brasil Ltda. edita as revistas View, Universo Visual e Host&Travel by Auroraeco viagens.
Sumário
editoriais
Caro colega,
Edição 86 Julho/agosto 2015
Arquivo Universo Visual
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este número da Universo Visual eu os convido para a leitura dos depoimentos do atual presidente do CBO, Milton Ruiz Alves e do ex-presidente, Paulo Augusto de Arruda Mello, na Seção de Gestão. Ali, vamos ter ideia da preocupação do CBO com a qualidade da formação do oftalmologista brasileiro. As mudanças propostas pelo governo com o “Programa Mais Médicos” requerem atenção redobrada e vêm exigindo do CBO complexas negociações com o Ministério da Saúde com o objetivo maior de dotar o SUS de condições de oferecer assistência médico-oftalmológica de qualidade para a população brasileira. Nos últimos anos, o CBO vem desenvolvendo um trabalho meticuloso na formatação uma política de princípios e ações que atendam às diretrizes políticas governamentais e aos interesses da classe oftalmológica. Vivemos um momento especialmente delicado que exige de todos nós uma atuação firme e determinada na busca de soluções adequadas que preservem a qualidade da oftalmologia brasileira. Boa leitura! Homero Gusmão de Almeida Editor Clínico
Reunindo esforços para combater a cegueira
N
a matéria de capa desta edição, contamos um pouco sobre o magnífico trabalho da Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB), que há 40 anos atua no combate à cegueira evitável. Fundada em 1975 pelo advogado e sociólogo britânico John Foster Wilson − que ficou cego aos 12 anos em decorrência de um acidente químico −, pelo Conselho Internacional de Oftalmologia (ICO) e pela União Mundial de Cegos (WBU), a IAPB atua como uma organização guarda-chuva que mobiliza outras organizações, a criarem, juntas, programas nacionais de combate à cegueira evitável. É interessante observar que mesmo com o árduo trabalho realizado pelos médicos oftalmologistas, ainda há no mundo quase 40 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo que 90% das pessoas vivem em países em desenvolvimento, como o Brasil. Em setembro, de 02 a 05, teremos o XXXVIII Congresso Brasileiro de Oftalmologia, que será realizado em Florianópolis, Santa Catarina. É lá, durante este encontro, que os maiores especialistas do país estarão debatendo os inúmeros avanços da oftalmologia, como novos tratamentos, novas drogas e técnicas cirúrgicas. Mas sem dúvida nenhuma, haverá também espaço para o debate de formas de combate a cegueira através de programas nacionais de ajuda às pessoas que necessitam de cuidados visuais, especialmente aquelas mais vulneráveis ou as com mais necessidades. Boa leitura! Flavio Mendes Bitelman Publisher fbitelman@universovisual.com.br
06 Entrevista
Gerente-geral da Allergan compartilha sua experiência na indústria farmacêutica e revela os rumos da companhia para 2015
08 Capa
Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB): 40 anos de combate à cegueira evitável
14 Gestão
Cursos de especialização: o que está acontecendo com a formação do médico oftalmologista?
20 Em pauta
Consenso Global de Ceratocone define aspectos importantes relacionados à doença
26 Inovação
Arquitetura e construção. Saiba como investir corretamente durante a reforma do consultório
30 Lentes multifocais
M-flex Far e Near: uma boa opção para atingir a multifocalidade
34 Glaucoma
O glaucoma além da tonometria de Goldmann
40 Retina
Corticosteroides no edema macular diabético
50 Notícias e produtos 54 Dicas da redação 55 Agenda
entrevista Antonio Nasser
Inovação e desenvolvimento Gerente-geral da Allergan, Antonio Nasser, compartilha sua experiência na indústria farmacêutica e revela os rumos da companhia para 2015 MARINA ALMEIDA
Revista Universo Visual - Qual é atualmente a importância da oftalmologia brasileira no mundo? Isto é o que determina os investimentos da Allergan em nosso país? Antonio Nasser - O Brasil é um país que goza de muito prestígio na oftalmologia. São diversos os pesquisadores brasileiros que contam com publicações de relevância internacional em todos os segmentos da oftalmologia; esta liderança tem sido construída ao longo dos anos, e muito se deve às lideranças locais, qualidade das instituições de ensino e fomento à pesquisa. Desta forma, além do grande
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Divulgação
H
á mais de 20 anos atuando na área comercial da indústria farmacêutica, Antonio Nasser ocupa hoje o cargo de Gerente-Geral da Allergan no Brasil. Formado em Administração de Empresas pela FEA/USP, mestrado pela mesma instituição e com MBA em marketing e negócios internacionais, o executivo construiu uma sólida carreira na oftalmologia. Após ocupar cargos de direção na Roche Diagnóstica e Johnson & Johnson, juntou-se à Allergan em 2006 como Vice-Presidente LatAm para Neurociências e, em 2012, assumiu a Vice-Presidência na área de Oftalmologia, um importante passo, já que o segmento é responsável por mais de 55% das vendas da empresa. Com a aquisição da Allergan pela Actavis, em março deste ano, Nasser assumiu a Gerência-Geral da companhia combinada no Brasil, intitulada Allergan no último dia 15 de junho. Em entrevista à Universo Visual, o executivo falou sobre o cenário atual da indústria farmacêutica no país, e os desafios e superações da Allergan na área da oftalmologia. Acompanhe!
Antonio Nasser
potencial de mercado para negócios, que atualmente gira em torno de U$400M ao ano somente em medicamentos, o Brasil tem uma imagem destacada em qualidade e credibilidade na especialidade – e sem dúvida favorece a decisão de investimentos da Allergan no país. UV - Onde a oftalmologia brasileira se encontra perante o mundo, em se tratando de tecnologia, inovação e conhecimento? Nasser - A colaboração internacional entre centros de pesquisa e a agilidade e facilidade na troca de informações fazem com que muitos países detenham o mesmo conhecimento e tecnologia praticamente ao mesmo tempo. Isto
ocorre também em função de necessidades semelhantes de pacientes e oftalmologistas. Claro que os centros de tecnologia e inovação mais renomados requerem investimentos substanciais, e geralmente encontram-se fora do Brasil; por outro lado, é notória a participação crescente de oftalmologistas brasileiros em importantes projetos de pesquisa. Minha percepção, vinda de diversas reuniões internacionais, é que a oftalmologia brasileira tem tanto quanto ou até mais conhecimento que a oftalmologia de países desenvolvidos, ainda que em inovação e tecnologia nem sempre o país apresente a mesma situação. UV - Os indicadores econômicos do país demonstram uma diminuição no crescimento do PIB para 2015. Diante deste cenário, como a indústria farmacêutica, em especial a Allergan, se reinventa para sobreviver a esta crise? Nasser - Ainda com a retração econômica, o mercado farmacêutico cresce no Brasil. Este crescimento não é tão importante como foi no passado recente, porém demonstra a preocupação da população no cuidado com a saúde. Excluindo-se as vendas para governo, o segmento de medicamentos oftalmológicos cresceu mais de 4,5% em unidades nos últimos 12 meses. É bem verdade que na comparação dos primeiros cinco meses de 2015 com o mesmo período de 2014, este crescimento unitário é reduzido para cerca de 2%. Este não é um cenário animador, mas não chega a ser desesperador. Nós, na Allergan, trabalhamos com planejamento de longo prazo, e assim, mesmo em períodos adversos, seguimos com investimentos e lançamentos de produtos e serviços – o que nos traz segurança em tempos de escassez. A aprovação de Ozurdex para o tratamento de edema macular diabético, o lançamento de Frex Clean T, o lançamento do portal www.oftalmoallergan.com.br e dos aplicativos personalizados de gestão de consultórios e clínicas, são exemplos de contínuo investimento na oftalmologia, que reforçam o pioneirismo evocação da Allergan. UV - Em sua opinião, quais foram os grandes avanços da oftalmologia nos últimos anos, que modificaram a forma como os especialistas tratam seus pacientes? Nasser - A incorporação de novas tecnologias e a disseminação de conhecimento impulsionaram a oftalmologia para um padrão de excelência no Brasil. A precocidade e a assertividade no diagnóstico têm sido fatores decisivos no controle, tratamento e prevenção de condições e enfermidades. Assim, entendo que os pacientes se beneficiam cada vez mais, através de profissionais bem formados e tecnologias inovadoras. O fortalecimento das sociedades médicas
também contribui de forma significativa, assegurando o interesse das classes em várias dimensões. Todo este entorno favorece o estreitamento da relação entre o médico e seu paciente – que está cada vez mais exigente e informado sobre temas que antes não dominava, como enfermidades e opções de tratamentos, por exemplo. UV - Quais serão os principais lançamentos da Allergan no Brasil em 2015? Nasser -Na área de Retina, é importante destacar o lançamento recente do Ozurdex, primeiro implante intravítreo biodegradável de dexametasona 0,7mg, indicado para o tratamento de edema macular diabético. Já comercializado nos EUA e na Europa, Ozurdex impede o avanço da perda da visão causada por processos inflamatórios da retina. Ao ser aplicado dentro do olho, o polímero se decompõe e libera o corticosteroide de forma controlada e gradual, sendo desnecessária a remoção cirúrgica e trazendo grande comodidade e qualidade de vida aos pacientes. E na área de Superfície Ocular, o destaque é o Frex Clean T, uma espuma inovadora desenvolvida para oferecer uma opção ao médico e ao paciente para assepsia antes de procedimentos cirúrgicos nos olhos, protegendo inclusive dos sintomas de blefarite - inflamação geralmente causada por ácaros e bactérias oculares. Com rapidez e eficiência, o produto elimina impurezas que se depositam nas pálpebras e nos cílios, prevenindo infecções e inflamações na região ocular. Outros lançamentos ainda fortalecerão a oferta de produtos Allergan até o final deste ano. UV - Quais benefícios o Ozurdex trará ao paciente diabético? Nasser - A aplicação intraocular de Ozurdex é uma evolução importante para pacientes e médicos, e os resultados obtidos têm sido fantásticos. O medicamento age diretamente nas inflamações do edema macular diabético e possui tempo de ação mais prolongado do que os tratamentos disponíveis no mercado. Outro diferancial é seu mecanismo de ação, pois dá ao médico oftalmologista a possibilidade de associação com outras formas de terapia. Ao ser aplicado dentro do olho pelo oftalmologista, o medicamento libera gradualmente o corticosteroide, um potente anti-inflamatório que se decompõe completamente ao longo do tempo, sendo desnecessária a remoção cirúrgica, trazendo comodidade e qualidade de vida aos pacientes. O Ozurdex atua diretamente nos agentes inflamatórios, reduzindo o edema da retina, que causa alteração visual, especialmente em casos mais graves, e traz a melhora da visão. Q
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IAPB: 40 anos de combate à cegueira evitável Fundada em 1975, a Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB) atua como fomentadora de políticas de saúde visual em dezenas de países em cinco continentes SABRINA DURAN
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m janeiro de 2015, a Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB, na sigla em inglês) completou 40 anos. Fundada em 1975 pelo advogado e sociólogo britânico John Foster Wilson − que ficou cego aos 12 anos em decorrência de um acidente químico −, pelo Conselho Internacional de Oftalmologia (ICO) e pela União Mundial de Cegos (WBU), a IAPB atua como uma organização guarda-chuva que mobiliza outras organizações, instituições de ensino e secretarias de governos a criarem, juntas, programas nacionais de combate à cegueira evitável. Ao longo de quatro décadas, a organização passou a atuar em dezenas de países da África, América, Ásia, Europa e Oceania, além de estabelecer um vínculo oficial com a Organização Mundial da Saúde (OMS) por meio da criação de um grupo para a Prevenção da Cegueira e Deficiência Visual. De acordo com o gerente do Programa Regional da América Latina da IAPB, Luis Perez, os desafios primários enfrentados pela organização estão ligados à colaboração e ao trabalho de advocacy pela eliminação da cegueira evitável. “Vários estudos reforçam que a causa primeira da cegueira é a catarata. Por conta disso, damos apoio aos parceiros de cada região a fim de influenciar governos e organizações para ressaltar a importância do atendimento
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oftalmológico em níveis local e nacional. A meta é fazer com que em cada país se aumente a consciência sobre a prioridade da saúde visual.” Isso se faz, segundo Perez, por meio de congressos, capacitações, publicações regionais, apoio a estudos e oficinas de advocacy. De acordo com o documento “Dados globais sobre deficiência visual 2010”, publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 285 milhões de pessoas no mundo têm deficiência visual: 39 milhões são cegas e 246 milhões têm baixa visão (moderada ou severa). Desse total, 90% das pessoas vivem em países em desenvolvimento. Ainda segundo o documento, erros refrativos não corrigidos são a principal causa de deficiência visual; catarata é a primeira causa de cegueira, seguida por glaucoma e degeneração macular relacionada à idade; 65% das pessoas com deficiência visual e 82% das pessoas cegas têm mais de 50 anos de idade, embora esse grupo etário represente apenas 20% da população mundial. Um dos dados mais impactantes é o que aponta que pelo menos 80% das cegueiras do mundo poderiam ser evitadas. PROGRAMAS GLOBAIS Além dos programas nacionais que ajuda a articular em cada país onde atua, a IAPB também realiza atividades globais, como a Assembleia Geral, que desde 1978
Foto: Terry Cooper Foto: Carlos Galindo
Foto: Terry Cooper
Acima, enfermeira da ClĂnica de Olhos do Mulago Hospital em Kampala, Uganda; e abaixo, exame sendo realizado em um paciente com retinopatia diabĂŠtica, no mesmo hospital.
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Foto: Terry Cooper
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Triagem de pacientes com retinopatia diabética. Mulago Hospital, Kampala, Uganda.
A IMPORTÂNCIA DO ADVOCACY
A
definição do termo advocacy – que não conta com tradução apropriada em português – remete ao trabalho sistemático e contínuo realizado por pessoas, grupos, organizações e entidades diversas na defesa e promoção de determinadas agendas públicas. Acesso universal à saúde, defesa dos direitos da criança e do adolescente, defesa do meio ambiente e redução da emissão de poluentes são algumas das pautas possíveis de ser defendidas por ações de advocacy. O objetivo principal dessas ações é formular políticas públicas e influenciar a sociedade, além dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário na implementação dessas políticas. A Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB) atribui às suas ações de advocacy um dos principais fatores de sucesso na implementação de políticas públicas de promoção de saúde visual e na aquisição de verbas para programas de prevenção à cegueira. A organização destaca a conquista de três resoluções via Assembleia Mundial da Saúde (WHA, em inglês), em 2003, 2006 e 2009, que dizem respeito ao desenvolvimento de planos nacionais de prevenção à cegueira em diversos países. Outra conquista das ações de advocacy foi a captação de US$ 165 milhões em recursos vindos dos governos da Índia, Paquistão, China e Austrália, além de outros doadores, utilizados na implementação de programas de promoção da saúde visual e combate à cegueira. Para estender e qualificar a prática de advocacy a todos os seus membros que exercem funções de coordenação, a IAPB desenvolveu um guia nacional sobre saúde visual em nível nacional e está trabalhando em um manual e programa de treinamento sobre a prática do advocacy.
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acontece a cada quatro anos em um dos países de atuação da organização. Trata-se de um evento que congrega um amplo espectro de profissionais da saúde visual, como oftalmologistas, representantes de ONGs, indústrias e gestores de saúde pública. Ao longo do evento de três dias, os profissionais participam de atividades científicas, painéis de discussão, simpósios, cursos e eventos sociais durante os quais discutem problemas e soluções internacionais para a questão da saúde visual em nível local e internacional. O próximo acontecerá entre os dias 27 e 30 de outubro de 2016 em Durban, África do Sul. Outro programa é o Dia Mundial da Visão, realizado uma vez por ano em diversos países e cujo objetivo é atrair ampla atenção para a necessidade do cuidado com a saúde visual e sensibilizar pacientes e familiares sobre a importância de realizar exames oftalmológicos periódicos. Este ano, o Dia Mundial da Visão acontecerá em 8 de outubro. Em seu site, a organização apresenta as prioridades da campanha mundial de 2015: “este ano, a IAPB urge colocar o foco em todas as pessoas que necessitam de serviços de cuidado visual – todas as pessoas. Pense em todos os grupos de pessoas que necessitam de cuidados visuais, especialmente aquelas mais vulneráveis ou as com mais necessidades. O que podemos fazer para levar serviços de cuidados visuais a todas elas? Como podemos garantir que o acesso ao cuidado não será limitado por gênero ou localização geográfica, ou mesmo por status financeiro? Lembrar que “Saúde Visual” também inclui reabilitação e serviços de assistência àqueles com perda de visão irreversível”. Entre as ações organizadas para o Dia Mundial da Visão estão um concurso internacional de fotografia para profissionais e amadores com o tema “Saúde visual para todos”, campanhas nas redes sociais e a distribuição de material promocional para instituições que queiram promover a data localmente. Já a Vision Alliance é uma articulação entre a IAPB, a União Mundial de Cegos (WBU) e o Conselho Internacional para a Educação de Pessoas com Deficiência Visual (ICEVI, em inglês) para que os programas de cada uma dessas organizações tenham maior alcance e força em níveis regional e nacional por meio da parceria. Troca de informações e trabalho conjunto de advocacy em áreas comuns das três entidades são exemplos de como a articulação pode funcionar. Um dos frutos dessa tripla mobilização foi uma campanha da WBU com a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (WIPO) para ampliar o acesso a livros para pessoas cegas e com deficiência visual.
Foto: Yuddha Sapkota
Foto: Yasir Tofique
capa
Acima, projeto Visão para todos. A direita, exames de visão sendo realizados ao ar livre, nas montanhas. Na página ao lado, triagem para erros de refração em crianças, realizadas em partes remotas do Nepal.
JOHN FOSTER WILSON: DA CEGUEIRA À TRANSFORMAÇÃO
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ma cegueira súbita e irreversível poderia ter paralisado para sempre a vida do jovem John Foster Wilson, com 12 anos na época em que um acidente químico na escola em que estudava o privou para sempre do sentido da visão. Wilson, no entanto, trilhou o caminho contrário aos prognósticos pessimistas de um mundo pouco amigável às pessoas com deficiência. Da cegueira pessoal fez causa de luta universal, desmistificando a deficiência e requerendo a todas as pessoas com pouca ou nenhuma visão, por meio de políticas públicas, o acesso a tratamento adequado e condições de vida dignas. Em 1950, John Wilson fundou a Royal Commonwealth Society for the Blind, hoje Sightsavers, instituição de caridade internacional, com base no Reino Unido, dedicada ao combate à cegueira em países em desenvolvimento. Em 1979, com base nos dados de que a catarata é a maior causa de cegueira no mundo, Wilson conseguiu persuadir a Organização Mundial da Saúde (OMS) a reconhecer a realização de cirurgias de catarata por paramédicos, aumentando o número de procedimentos em lugares que sofriam com a falta de profissionais habilitados a realizar cirurgias oculares. Em 1982, sob influência
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de Wilson, a OMS, Nações Unidas e a UNICEF criaram a IMPACT, iniciativa internacional que implementa programas e ações de saúde em mais de uma dezena de países da África e Ásia contra deficiências evitáveis. Na Índia, John Wilson foi pioneiro na criação de campos de tratamento de catarata, com times de profissionais que operavam centenas de cataratas por dia em locais a muitos quilômetros de distância de qualquer hospital. Anualmente, são feitas cerca de 200 mil cirurgias. Também na Índia, Wilson colocou para funcionar o Lifeline Express, um hospital-trem que percorre o sistema ferroviário daquele país oferecendo cirurgias e atendimento médico em regiões remotas a pessoas com deficiência visual, auditiva e de mobilidade. O conceito de hospital-trem também foi usado na China e no Zimbábue, além de ter inspirado um hospital-barco – o Riverboat Hospital – que o próprio Wilson lançou em maio de 1999 para percorrer os rios de Bangladesh. Ele realizou um tour no hospital-barco pelo extremo oriente, que completou duas semanas antes de seu falecimento, em 25 de novembro de 1999. Wilson tinha 80 anos e um currículo imenso de luta a favor das pessoas cegas e com deficiência visual.
DO VISION 2020 AO PLANO DE AÇÃO GLOBAL Em maio de 2013, a Assembleia Geral da OMS aprovou, por unanimidade, o Plano de Ação Global (GAP, em inglês) para a Prevenção da Cegueira Evitável e Deficiência Visual 2014-2019. Trata-se de um compromisso a ser adotado por todos os países membros da OMS de, entre 2014 e 2019, melhorar as condições de saúde visual de toda a população. De acordo com a IAPB, o GAP “é o mais importante documento estratégico em saúde visual” da atualidade, foi construído com base no Vision 2020 e o substitui. A visão do GAP é a mesma defendida pela IAPB: “um mundo no qual ninguém se torne deficiente visual sem necessidade, onde aqueles com perda de visão inevitável possam alcançar seu potencial pleno e onde haja acesso universal a serviços de cuidado visual abrangentes”.
Membros, patronos e grupos de trabalho
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Agência Internacional para a Prevenção da Cegueira (IAPB, na sigla em inglês) é administrada por um corpo de 30 curadores, homens e mulheres pertencentes a outras organizações internacionais de atenção à saúde visual, instituições de ensino, empresas e associações consolidadas que se tornaram sócios da IAPB e oficiais regionais – como a Helen Keller International, a Light for the World e o Lions International. Presididos pelo economista australiano Bob McMullan, ex-ministro do governo da Austrália, os curadores se reúnem duas vezes ao ano para definir prioridades e a implementação do plano estratégico da organização. Grupos de trabalho temáticos, como o de retinopatia diabética, erro refrativo, baixa visão e recursos humanos para saúde visual são estabelecidos a fim de otimizar e canalizar os esforços em cada região em que a organização atua. A IAPB tem como patronos as transnacionais Alcon e Bayer, da indústria farmacêutica, o banco internacional de investimentos Standard Chartered e a fundação The Queen Elizabeth Diamond Jubilee Trust.
“Os governos se comprometeram a reduzir em 25% o número dos deficientes visuais que existiam em 2010 – 285 milhões de pessoas no mundo. O Brasil tem recursos humanos, oftalmologistas e pessoal auxiliar de saúde e enfermagem suficiente para fazer frente à necessidade da população. Falta organização e gerenciamento para que o acesso ao tratamento chegue às pessoas. Existem cidades distantes dos grandes centros que necessitam de atendimentos especiais, como projetos de atendimento em mutirões, ônibus de exames oftalmológicos, etc.”, informa o coordenador da sessão de Catarata do Visão 2020 América Latina. Para a maior parte da população, no entanto, ele afirma serem suficientes as estruturas públicas e privadas existentes. “Cabe ao Ministério da Saúde, Secretarias de Saúde e Conselhos Municipais de Saúde organizar esta estrutura para uso adequado. Espera-se atendimento humanizado, de qualidade, com uso correto dos recursos financeiros e uso eficiente dos serviços”, finaliza. ■
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Foto: Rajan Shrestha
VISION 2020 Entre os programas globais da IAPB, o “Vision 2020 - The right to sight” (“Visão 2020 - O direito à visão”, em tradução livre) é um dos de maior impacto internacional. Lançado em fevereiro de 1999, o programa é uma chamada global à eliminação da cegueira evitável em todo o mundo, e tem como diretrizes o aumento da atenção para o problema e suas soluções, a busca de recursos para a implementação do programa e a facilitação de planejamento e implementação de ações e projetos em nível nacional em todos os países. Até o lançamento do Vision 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) não contava com nenhum programa de prevenção e combate à cegueira evitável. Em 1999, no entanto, a entidade adotou “o programa Vision 2020 - The right to the sight’ para indicar aos governos que a representam as ações que deveriam ser tomadas para atingir seu objetivo: eliminar a cegueira evitável ou prevenível até o ano de 2020”, explica o oftalmologista Carlos Arieta, chefe da Disciplina de Oftalmologia da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) e coordenador da sessão de Catarata do Visão 2020 América Latina. De acordo com ele, com base nas diretrizes do programa da IAPB, diversas ONGs e outras entidades realizam atividades de assistência médica, cirurgias, e oferecem óculos em países que não têm recursos financeiros para prover o atendimento necessário aos pacientes. “No Brasil ocorreram atividades de algumas destas ONGs, como CBM, Helen Keller e Lions em áreas determinadas. As ações realizadas no Brasil foram importantes para mostrar as causas prevalentes de cegueira e que era possível o tratamento e recuperação com tecnologia apropriada”, explica Arieta.
gestão
Cursos de Especialização O que está acontecendo com a formação do médico oftalmologista? JOSÉ VITAL MONTEIRO
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cada três anos, o Brasil forma aproximadamente o mesmo número de médicos oftalmologistas que existe no Reino Unido, de acordo com constantes manifestações do presidente do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), Milton Ruiz Alves, em congressos e encontros. É pouco? É muito? Estamos sacrificando a qualidade no altar da quantidade? O aumento do número de profissionais reflete o amadurecimento e o aprimoramento técnico-científico e institucional da oftalmologia brasileira? Estamos preparando a especialidade para enfrentar os grandes desafios representados para cuidar da saúde ocular de um país de mais de 200 milhões de habitantes, que passa por um processo de envelhecimento? É uma forma de responder às políticas governamentais? As perguntas são inúmeras e as respostas variadas. O certo é que algo entre 600 e 900 médicos se especializam em oftalmologia anualmente e que as instituições formadoras de especialistas estão aumentando em número e sendo instaladas preferencialmente em regiões externas ao eixo Rio-São Paulo-Belo Horizonte. Nos últimos três anos e meio, o CBO credenciou 25 cursos de especialização em todo o país e atendeu às solicitações de aumento de número de vagas para inúmeros outros cursos anteriormente credenciados. Hoje, são 86 cursos de especialização credenciados pelo CBO, que fornecem 433 vagas por ano para os médicos desejosos de especialização. Esses cursos estão presentes em 21 Estados da federação e no Distrito Federal. Por outro lado, a Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), do Ministério da Educação, tem 110 Programas de Residência Médica em Oftalmologia, de acordo com a última lista que o órgão divulgou em seu site na internet, presentes
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em 20 Estados e no Distrito Federal, sendo responsáveis por 407 vagas anuais. Muitas das instituições têm duplo credenciamento; algumas cadastram os mesmos médicos como alunos do curso de especialização do CBO e como residentes da CNRM, enquanto outras têm alunos e residentes trabalhando lado a lado, mas participantes de programas diferentes no papel. Os alunos dos cursos de especialização credenciados pelo CBO só recebem o Título de Especialista em oftalmologia depois de ser aprovados na Prova Nacional de oftalmologia, realizada anualmente em janeiro. Os médicos inscritos nas residências da CNRM recebem ao término dos três anos de aprendizado monitorado o Certificado de Conclusão de Residência Médica. Os dois documentos precisam ser registrados nos respectivos conselhos regionais de Medicina para que seus portadores possam anunciar-se como Especialistas em Oftalmologia. O CBO também promove outras duas maneiras para que médicos possam obter o Título de Especialista em oftalmologia. A primeira delas é permitir que egressos de residências médicas (que a princípio não precisam do título, já que detém documento oficial equivalente) e médicos que comprovem atuação na Especialidade, mas que não passaram pelo período de três anos de aprendizado monitorado representado pelos cursos de especialização e residências, possam prestar a Prova Nacional de Oftalmologia. A segunda maneira é o Exame de Suficiência Categoria Especial, aberto a médicos formados há pelo menos dez anos que consigam comprovar pelo menos oito anos de atuação na Especialidade. O primeiro exame de suficiência, realizado em setembro de 2014, durante o XXI Congresso Brasileiro de Prevenção da Cegueira, no Recife, contou com a participação de 386 candidatos, dos quais
problema da concentração de especialistas nos principais núcleos urbanos do país, com a consequente existência de amplos vazios assistenciais em parte considerável do território nacional. Ruiz Alves afirma que pesquisas e estudos consistentes mostram que um dos principais fatores para a fixação do médico em determinada região é a especialização/residência. É neste período que suas atividades médicas perdem paulatinamente o caráter acadêmico e, em muitos casos, são estabelecidos contatos afetivos e profissionais mais duradouros. “Desta forma, o CBO estabeleceu como um critério a mais para o credenciamento de cursos de especialização sua localização geográfica em áreas carentes de médicos
Ilustração Shutterstock
235 foram aprovados e obtiveram os respectivos títulos de especialista. Um novo exame será realizado em setembro, no Congresso Brasileiro de Florianópolis. Como resultado, o número de médicos oftalmologistas cresceu em mais de 80% nos últimos dez anos: de acordo com os cadastros do CBO, eram cerca de 9.600 em 2003 e atualmente passam de 17 mil e nada indica que o ritmo de crescimento do número de novos especialistas vá diminuir a curto e médio prazos. Para o presidente do CBO, Milton Ruiz Alves, a atuação da entidade tem dois eixos básicos: 1) levar saúde ocular de qualidade, proporcionada por profissionais capacitados, a todos os cidadãos brasileiros independente de classe social ou local de moradia e 2) contribuir para reduzir o
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Fotos: Arquivo UV
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MARIO LUIZ RIBEIRO MONTEIRO: “O credenciamento de cursos localizados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste foi seguido de todas as exigências e verificações que o CBO estabelece”
MILTON RUIZ ALVES: “A oftalmologia brasileira está passando por momento de transição que merece a atuação firme e cautelosa das lideranças e das entidades representativas da Especialidade”
PAULO AUGUSTO DE ARRUDA MELO: “O constante surgimento de novas ferramentas de ensino e avaliação disponíveis aos médicos, as crescentes necessidades do mercado de trabalho e as modificações no ensino da Especialidade”
oftalmologistas, previamente mapeadas pelos Censos Oftalmológicos que a entidade realiza periodicamente. Não se trata de credenciamento indiscriminado ou facilitado, mas de levar em consideração a realidade brasileira e os desafios que a Especialidade enfrenta no momento de dar o aval do CBO a instituições de ensino”, afirma. O mesmo conceito é defendido pelo coordenador da Comissão de Ensino, Mário Luiz Ribeiro Monteiro, que esclarece que o credenciamento de cursos localizados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste foi seguido de todas as exigências e verificações que o CBO estabelece. “Não houve exceções, mas uma política de estabelecer locais prioritários para a ação da entidade”, afirma. NOVOS TEMPOS Para Milton Ruiz Alves, a oftalmologia brasileira está passando por momento de transição que merece a atuação firme e cautelosa das lideranças e das entidades representativas da Especialidade. O governo busca novos caminhos e a sociedade manifesta novas necessidades em termos de saúde ocular. Afirma que o “Programa Mais Médicos”, que apesar da oposição da maioria dos praticantes da Medicina, vem sendo implementado, estabelece que até 2019 todos os médicos formados passarão por programa de residência ou especialização e que terão que cumprir um ou dois anos em programas de residência em Saúde da Família e assemelhados, o que pode significar que o médico, depois de formado, tenha que esperar um ou dois anos antes de iniciar sua especialização/residência de mais três anos em oftalmologia. “Além disso temos o Programa Mais Especialidades, já anunciado pelas autoridades federais, que terá seu início justamente na oftalmologia e com o qual o CBO está colaborando para que atinja os seus verdadeiros objetivos. Diante desta realidade, o ensino e a titulação da especialidade têm que ser mais amplos, abranger mais regiões e ampliar as chances para a criação de especialistas convenientemente formados serem responsáveis pela saúde ocular da população”, declara Milton Ruiz Alves. OUTRAS VARIÁVEIS O ex-presidente do CBO, ex-coordenador de sua Comissão de Ensino e responsável pela graduação e da especialização em Oftalmologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Paulo Augusto de Arruda Mello, coloca variáveis adicionais nessa equação: o constante surgimento de novas ferramentas de ensino e avaliação disponíveis aos médicos,
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Pacientes a espera de atendimento em frente ao Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza. Belém, Pará. as crescentes necessidades do mercado de trabalho e as modificações no ensino da Especialidade. “Tudo muda muito rapidamente. Preparar o jovem para entrar no mercado de trabalho dentro de alguns anos é desafio muito grande, porque ninguém sabe como vai ser o mundo, a medicina e a oftalmologia. Temos que ensinar, e bem, o básico e dar condições para que ele possa continuar aprendendo a vida toda. Com a internet e a quantidade enorme de ferramentas existentes, cada uma com recursos mais espetaculares que a outra, certamente não é só com aulas expositivas de 50 minutos que conseguiremos isto. O ensino da oftalmologia tem que mudar e todos fazemos parte desta mudança”, explica Arruda Mello. Além disso, ele considera que, com a disseminação cada vez maior do conhecimento, o número de instituições nas quais se pratica medicina e oftalmologia de primeira qualidade multiplicou-se e atingiu muitas cidades e regiões. Há algumas décadas, existiam centros de excelência, geralmente nas capitais, que recebiam o referenciamento de médicos e serviços de outros locais, ao passo que atualmente existem instituições qualificadas para o ensino nas
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diferentes regiões, mesmo naquelas carentes em termos de assistência médico-oftalmológica. “As perguntas que precisam ser feitas são: o serviço que se propõe a formar oftalmologistas dispõe de pessoas comprometidas com o ensino? O corpo docente tem qualificação necessária? Existe movimento adequado de pacientes? Existe ambiente favorável? Cada uma destas questões exige exame minucioso. Nem sempre o grande especialista tem vocação para o ensino. Nem sempre a grande clínica, com excelente resolutividade no atendimento aos pacientes, é o local mais adequado para a formação do jovem oftalmologista”, explica Arruda Mello. Para ele, o CBO, ao priorizar o credenciamento de cursos em regiões que ainda não contam com programas de especialização é benéfico em todos os sentidos e os receios de que esteja havendo abandono de padrões adequados para a formação dos novos profissionais são infundados. Esclarece que o conflito entre qualidade e quantidade é permanente e também um dos motores do progresso e que a constante busca pela melhoria em todos os campos caracteriza, historicamente, a formação dos médicos oftalmologistas. “Uma coisa que poucos sabem é que o credenciamento de um curso ao CBO também implica o compromisso da entidade na manutenção da qualidade deste curso. Se alguma deficiência é detectada, logo surgem ações para que seja superada. Assim, se o ensino de algum aspecto de glaucoma, por exemplo, for deficiente em algum local, o CBO se dispõe a mecanismos para que especialistas neste ponto específico ajudem, de uma forma ou de outra, o curso a vencer a dificuldade. O Título de Especialista em Oftalmologia fornecido pelo CBO em conjunto com a Associação Médica Brasileira é muito valioso e assim vai continuar sendo”, declara. A CONCLUSÃO POSSÍVEL O crescimento do número de médicos oftalmologistas e de centros de formação da Especialidade, bem como a confluência entre a atuação do CBO e programas governamentais para ampliação do atendimento médico-oftalmológico são pontos determinantes do atual momento da Especialidade. Na avaliação do presidente do CBO, Milton Ruiz Alves, tais características trarão resultados cada vez mais positivos para a população, que será mais e melhor atendida, para as instituições, que terão que se aprimorar, e para os médicos oftalmologistas, que terão cada vez mais garantido seu espaço de atuação e, consequentemente, serão cada vez mais valorizados. ■
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Ceratocone em discussão Consenso define aspectos importantes relacionados à doença FLÁVIA LO BELLO
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Sociedade Pan-Americana de Córnea (PanCornea) e outras sociedades supranacionais mais importantes da especialidade (norte-americana, europeia e asiática) publicaram, em abril deste ano na revista Cornea, o primeiro Consenso Global de Ceratocone e Doenças Ectásicas da Córnea utilizando o método do Painel Delphi. O consenso foi dividido em três áreas: definição e diagnóstico, tratamento clínico e tratamento cirúrgico, e teve a participação de nove coordenadores e 36 painelistas com grande experiência na área. O documento final apresenta uma atualização da abordagem diagnóstica e terapêutica desse grupo de doenças e propõe um guideline para oftalmologistas gerais e especialistas. Conforme explica o professor associado da Pós-Graduação da Unifesp e PUC-RJ, Renato Ambrósio Jr., coordenador do Grupo de Estudos de Tomografia e Biomecânica de Córnea do Rio de Janeiro, e que foi um dos coordenadores do consenso, o ceratocone é uma doença muito mais comum da clássica incidência de um caso para 2.000 pessoas. “Grande parte da evolução relacionada ao ceratocone está ligada à cirurgia refrativa. Entretanto, devemos ter consciência das diferenças entre os procedimentos terapêuticos para ceratocone e a cirurgia de correção visual refrativa eletiva”, destaca, salientando que estes avanços beneficiam o paciente, tanto para o diagnóstico quanto para o tratamento. “Contudo, existe a necessidade de se tentar definir o que seria o padrão de conduta a ser adotado de uma forma mais organizada para fazer organogramas de tratamento e painel de fluxo de decisão, com a finalidade de auxiliar na decisão clínica. Dessa forma, elaboramos o Painel Delphi sobre o ceratocone”, informa o especialista. De acordo com o professor adjunto livre-docente do Departamento de Oftalmologia da Unifesp, José Álvaro Pereira Gomes, que na época era o presidente da Pan-
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Cornea e também foi um dos coordenadores do trabalho, a importância desse consenso foi demonstrar, através de uma metodologia científica fidedigna, a atual conjuntura em relação a definição, diagnóstico e tratamento do ceratocone e doenças ectásicas da córnea. “Isso porque nos últimos anos houve um avanço muito grande em relação aos conhecimentos da doença, especialmente em termos de diagnóstico, que foram incorporados à definição das ectasias corneais. Com isso, o oftalmologista agora deparase com inúmeras opções terapêuticas, como o crosslinking, excimer laser topoguiado, anel corneano, ceratoplastia a laser de femtossegundo e outros procedimentos envolvendo novas tecnologias”, afirma. Outros aspectos importantes, segundo Gomes, incluem a neutralidade e representatividade dos painelistas na realização desse projeto. “Esse consenso, é bom lembrar, não teve o patrocínio de empresas com interesse em ceratocone - todos os recursos para a sua execução partiram das sociedades de córnea e de uma fundação filantrópica de Cingapura, o que reforça a neutralidade dos resultados”, esclarece. O oftalmologista ressalta que os painelistas foram escolhidos pelas sociedades, as quais se basearam em critérios de publicação e reconhecimento internacional desses profissionais. “Em todas essas situações, os painelistas foram escolhidos pelos boards das sociedades seguindo critérios predeterminados, reforçando a seriedade com que foi realizado o consenso.” “Participei como painelista desse consenso e sinto que foi uma ótima experiência apresentar minhas ideias e ouvir a opinião de outros especialistas e perceber mudanças em conceitos que eu tinha antes de participar deste processo. Acredito que o conhecimento evolui com a experiência e, neste sentido, foi um aprendizado muito importante”, destaca o professor adjunto livre-docente da Unifesp, Mauro Campos, diretor clínico do H. Olhos – Hospital de Olhos
Oftalmologistas participantes do primeiro Consenso Global de Ceratocone e Doenças Ectásicas da Córnea
Paulista. Para ele, o avanço dos métodos diagnósticos por imagem em oftalmologia provoca uma mudança no conhecimento sobre determinadas doenças, o que implica redefini-las e adotar diferentes estratégias para seu diagnóstico e tratamento. “Creio que todos reconhecemos que a primeira contribuição de um novo método diagnóstico é poder identificar a doença mais precocemente. Além disto, como a doença ceratocone acomete todas as camadas da córnea, pois estão intimamente ligadas, métodos que avaliam esta estrutura como um todo permitem uma maior compreensão sobre a patologia”, analisa. MÉTODO DELPHI Conforme explica Campos, os métodos de imagem da córnea são todos baseados em princípios óticos, porém alguns se limitam à superfície anterior e outros permitem analisar não só a camada mais superficial como as mais
internas ou posteriores. “Com o grande número de publicações baseadas nestes novos métodos (Scheimpflug e OCT), uma revisão dos conceitos referentes à doença fez-se necessária. Nesta perspectiva, o método Delphi é uma alternativa para reunir especialistas na área e buscar definições consensuais”, opina. Baseado em etapas consecutivas, trata-se de um conjunto de técnicas que permite buscar uma resposta única para cada uma das perguntas que geram dúvidas ou discordâncias. “É fundamental entender que o questionamento gera o conhecimento. Este trabalho sobre ceratocone deve servir como um direcionamento e não inibir a discordância e criatividade futuras.” “O Painel Delphi tem uma metodologia objetiva que busca chegar a uma concordância de uma maioria. Esta concordância é feita através de questionários utilizando a Internet, o que proporciona dinamismo na capacidade
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de obter e compilar as respostas”, esclarece Ambrósio, comentando que foram feitos dois rounds, sendo o primeiro baseado em perguntas mais amplas e o segundo mais direcionado às questões que tiveram menos consistência nas concordâncias. O terceiro round foi feito com uma reunião presencial em que houve debates até chegar ou não a um consenso final. “Tiramos deste trabalho muitas conclusões, mas é importante destacar que o consenso não se propõe a definir uma verdade absoluta, ou mesmo reflete novo conhecimento. Ele reflete o que a maioria dos especialistas concorda e/ou discorda”, aponta o médico. Gomes concorda com o colega ao reforçar que o consenso não representa uma verdade única estabelecida e que o mesmo também não é baseado totalmente em evidência científica. “A evidência científica faz parte da metodologia, porém os dados do consenso se baseiam também na experiência do que se está fazendo e nas tendências em relação ao diagnóstico, tratamento clínico e tratamento cirúrgico do ceratocone.” Importante também mencionar, segundo o especialista, é a necessidade de atualização constante do consenso, porque o Delphi é um método que pressupõe uma revisão a cada cinco/ dez anos. “A informação não é estática, o conhecimento muda, se atualiza; dessa maneira, um consenso não é um documento que representa uma verdade única, mas uma fotografia tirada naquele momento, mostrando as tendências e opiniões da maioria sobre assuntos polêmicos de uma determinada área naquele momento”, enfatiza. CONTROVÉRSIAS SOBRE A DOENÇA Na opinião de Gomes, as maiores controvérsias relacionadas às ectasias da córnea são, primeiro, quanto à definição e classificação da doença. “Com o advento das novas tecnologias de imagem, verifica-se não apenas a curvatura anterior, mas também a curvatura posterior e a espessura da córnea, gerando uma série de dados que estão ainda sendo analisados para essas doenças”, diz. Além disso, o médico revela que a progressão da doença foi um tema que levantou muita discussão durante o estabelecimento do consenso. “A progressão da doença é fundamental para a indicação de procedimento cirúrgico, por isso foi um assunto muito debatido e que teve um desfecho extremamente interessante”, complementa o oftalmologista. Em relação às controvérsias diagnósticas, Ambrósio destaca a importância de aumentar a sensibilidade não apenas para se identificar os pacientes com formas subclínicas da doença, mas para avaliar o nível de suscetibilidade da córnea para evolução da ectasia. “No caso do
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Consenso Global de Ceratocone e Doenças Ectasiadas: Metodologia, objetivo e resultados
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ste projeto teve como objetivo chegar a um consenso de especialistas de oftalmologia de todo o mundo a respeito do ceratocone e outras ectasias da córnea, com foco na sua definição, diagnóstico, manejo clínico e cirúrgico. O método Delphi foi seguido com três rodadas de questionários e foi complementado com uma reunião presencial. Trinta e seis painelistas estavam envolvidos e foram alocados para 1 de 3 painéis: definição/ diagnóstico, manejo não cirúrgico ou tratamento cirúrgico. O nível de concordância considerado para o consenso foi de dois terços. Numerosos acordos foram gerados em definições, métodos de diagnóstico e manejo do ceratocone e outras ectasias. Tratamentos não cirúrgicos e cirúrgicos para estas condições, incluindo o procedimento crosslinking e transplantes de córnea, foram apresentados em uma abordagem passo a passo. Um fluxograma descrevendo uma sequência lógica do manejo do ceratocone foi criado. Este projeto resultou em definições e recomendações para o diagnóstico e tratamento das ectasias da córnea. Também fornece uma visão globalizada sobre o tratamento atual destas afecções.
ceratocone, a confirmação do diagnóstico é fundamental para definir o tratamento, avaliar se a ectasia está em progressão e o risco que este paciente tem de perda visual”, explica. Ele salienta que em cirurgia refrativa, o paradigma é não só diagnosticar o ceratocone, mas diagnosticar a predisposição para a progressão ectásica, considerada como uma das complicações mais graves após a cirurgia, que invariavelmente irá enfraquecer a córnea. “Entre-
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tanto, devemos entender que procedimentos diferentes terão impactos diferentes na estrutura da córnea, sendo possível escolher um procedimento mais seguro para cada caso”, pondera. Para isso, continua o médico, é necessário considerar os aspectos propedêuticos, ou seja, os exames que são feitos. Ele diz que a topografia avalia a superfície da córnea e a tomografia faz avaliação tridimensional da córnea com reconstrução do mapa de espessura, elevação anterior e elevação posterior. “Temos ainda a tomografia segmentar, que seria uma evolução para avaliar o epitélio e o estroma de forma individualizada, com mapa de espessura epitelial. Além disso, temos o estudo das características da óptica do olho com a aberrometria. Todo este conhecimento permite aumentar a nossa capacidade de identificar e estadiar a doença, bem como planejar o melhor tratamento”, acrescenta o especialista. Quanto ao tratamento, Gomes diz que mesmo anos após a introdução do crosslinking, ainda existem divergências sobre quando indicar este procedimento, e se é aconselhável, por exemplo, realizá-lo em crianças. Além disso, discutiu-se extensivamente quando colocar o anel estromal, quando optar pelo transplante e que tipo de transplante de córnea deve ser realizado. Ainda, se é possível utilizar outros tipos de técnicas e quando utilizá-las. “Daí se observa que existe muita controvérsia em termos de tratamento do ceratocone. Só para ilustrar esse fato, percebemos uma grande dificuldade do grupo que discutiu tratamento cirúrgico para chegar num documento final, demonstrando realmente a disparidade de opiniões sobre o assunto e diferenças regionais”, enfatiza. Ambrósio destaca dois pontos que considera de maior relevância nas controvérsias a respeito do tratamento do ceratocone. O primeiro é em relação às lentes de contato. “Sabemos que as lentes de contato possibilitam uma melhor visão para o paciente com ceratocone quando bem adaptadas. Embora não haja evidências de que as lentes de contato tragam algum benefício para a estabilização da doença, este argumento seria utilizado por muitos especialistas em contactologia”, ressalta. Sendo assim, ele diz que alguns pacientes podem acreditar nisso e se sentirem obrigados a usar lentes de contato para interromper a progressão da doença, e eventualmente o que se vê na prática é que o contrário pode acontecer: se o paciente tiver uma má adaptação da lente, a lente pode causar a progressão e isso pode ser extremamente complexo para lidar com o paciente. “Entretanto, é sabido hoje que a lente de contato não trabalha a favor da estabilização do ceratocone. Neste
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aspecto, termos um consenso que é suportado por literatura, realmente ajuda do ponto de vista da relação médico-paciente”, reforça Ambrósio. Um outro aspecto importante é em relação à indicação do crosslinking, tratamento para aumentar a resistência do colágeno da córnea e, com isso, estabilizar a doença. “O crosslinking não é um procedimento isento de risco, por isso o grande ponto de controvérsia é quando indicar, principalmente para um paciente que tem a doença muito leve, ainda com boa função visual. É preciso, então, definir quando vale a pena fazer a cirurgia. Na minha opinião, devemos esperar pela progressão da doença, ou mesmo caracterizar o risco de perda de visão.” CHEGANDO A UM CONSENSO A questão da progressão, segundo Ambrósio, pode ser identificada por exames clínicos, como a topografia e a tomografia ou até mesmo pela própria história clínica do paciente. “Mas creio que estigmatizar que todo paciente abaixo de alguma idade precisa fazer o crosslinking se tiver algum sinal de ceratocone, estaríamos condenando muitos pacientes a fazer um tratamento que tem mais riscos do que benefícios”, opina. Por fim, ele diz que o tratamento do ceratocone sempre tem como última opção o transplante e, em casos avançados, é necessário pensar até que ponto vale a pena indicar o anel intracorneano ou outra cirurgia. “E, obviamente, o paciente tem que ser orientado sobre os riscos e benefícios de cada tratamento.” Como definições mais importantes no que diz respeito ao diagnóstico, o oftalmologista destaca a tomografia, com avaliação mais completa da face anterior e posterior, e a paquimetria, que se mostrou mais importante que a avaliação da topografia de superfície. “É bom lembrar que a topografia ainda é importante, mas para o diagnóstico de maneira mais sensível e específica de formas mais precoces da doença, a tomografia é fundamental.” Quanto ao tratamento cirúrgico, existem várias opções antes do transplante, que será sempre a última opção. “O crosslinking, o implante de anel intracorneano, a ablação personalizada com excimer laser e a termoceratoplastia condutiva podem ser considerados de forma terapêutica”, revela. O implante de lente intraocular fácica pode ser usado no tratamento refrativo dos componentes regulares ou aberrações de baixa ordem (miopia e astigmatismo). “Entretanto, deve ser bem estabelecido que a cirurgia é terapêutica e não tem objetivo primariamente refrativo”, alerta. Para Campos, os avanços em relação ao ceratocone foram bastante abordados nesse trabalho. De acordo com o especialista, métodos de imagem e tratamentos
Conclusões gerais
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ntre as principais conclusões do Consenso Global de Ceratocone, o oftalmologista Mauro Campos destaca que houve uma expansão do conceito, agregando informações trazidas por novos métodos diagnósticos, como o aumento da curvatura (encurvamento) da face posterior e afinamento patológico da córnea. “Existem detalhes no trabalho que são importantes, como o reconhecimento de que ceratocone pode ocorrer em córneas com espessura normal. Isto pode ser verdadeiro naquelas situações em que o disco de Plácido revela um aumento patológico da curvatura anterior da córnea, mas o mapa paquimétrico é normal.” De acordo com o médico, é importante destacar que os equipamentos disponíveis hoje ainda apresentam falhas e, portanto, leituras inadequadas destes valores de curvatura e espessura podem acontecer, principalmente em córneas bastante curvas, muito irregulares ou com diminuição de transparência. Também houve uma distinção entre ceratoglobo e ceratocone, bem como ceratocone unilateral (que não existe). “Este último aspecto é fundamental para cirurgia refrativa, pois os pacientes que possuem ceratocone clinicamente detectável em um olho precisam saber que a doença existe no outro olho”, esclarece. Em relação ao tratamento clínico, ele alerta que seria importante denotar que o uso de lentes de contato pode acelerar a doença e não diminuir sua progressão. “Sempre os pacientes devem ser orientados a não coçar os olhos”, afirma. Na parte cirúrgica, muitas situações clínicas foram discutidas e sugestões de conduta foram apresentadas. “Sem dúvida, a discussão sobre terapêutica é a mais difícil, pois cada paciente é único e o doente é mais importante que a doença. Cada caso é um caso. Mas o trabalho adota novas opções terapêuticas, analisa criticamente algumas delas e as coloca em perspectiva bem atual como opção para cada cenário”, finaliza o especialista. Os dados completos sobre as conclusões do painel devem ser obtidos na publicação original.
Lista de participantes cirúrgicos como crosslinking, anel, transplantes lamelares e associações de técnicas estão surgindo e sendo adotados por diferentes especialistas. “Sinto falta de mais estudos e conhecimento sobre a fisiopatologia da doença, sua verdadeira etiologia e a implantação de políticas públicas para diminuir a sua prevalência e progressão”, avalia. Na opinião de Ambrósio, ainda é preciso definir os critérios objetivos para confirmar a progressão da doença, pois trata-se de uma das questões mais relevantes para serem respondidas atualmente. “Motivados pelos resultados deste trabalho, já estamos trabalhando com uma proposta para uma avaliação que seria possivelmente utilizada universalmente por aparelhos de diagnose complementar de empresas diferentes, e até com metodologias diferentes.” “Posso dizer que me sinto honrado de ter feito parte deste projeto pioneiro, pois foi a primeira vez que as sociedades de córnea se uniram para realizar uma atividade desse tipo. Falar sobre ceratocone foi muito importante, porque esta é uma doença que tem alta prevalência e representa realmente um problema de saúde pública”, enfatiza Gomes, concluindo que o grande trunfo do consenso foi tê-lo realizado com uma metodologia séria, democrática e o mais neutra possível, como é o método Delphi. Uma separata do trabalho foi distribuída para todos os congressistas durante o Congresso Mundial de Córnea, realizado em San Diego (EUA) nos dias 15 a 17 de abril, reforçando ainda mais a importância desse trabalho, que tem sido traduzido em diversos idiomas e apresentado pelos participantes em vários países. ■
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Arquitetura e construção Saber como investir num consultório não é tarefa fácil. Exige conhecimento e racionalidade, pois apesar do retorno pessoal imediato, o financeiro só virá em longo prazo ADRIANA DO AMARAL
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omprar um terreno, imóvel novo, usado? Dividir espaços? Priorizar a necessidade atual ou projetar para o crescimento futuro? As perguntas são inúmeras e não há respostas prontas. Por isso, como a especialidade dos oftalmologistas é o trato da saúde e doenças oculares, vale apostar na contratação de um especialista em projetos antes de assumir o desafio da reforma ou construção do consultório. A PARCERIA DE UM ARQUITETO Com sua visão ampla, o arquiteto é capaz de adequar as questões legais à concepção global da obra, atendendo ao mesmo tempo as necessidades e os desejos individuais. Também faz a interface entre os profissionais que tocarão a “obra”, propriamente dita. Heloisa Herkenhoff, sóciadiretora da Bloch Arquitetos Associados, aconselha que tão logo surja o desejo de comprar, construir ou reformar um consultório (clínica ou hospital), o ideal é ouvir um arquiteto. Afinal, é essencial otimizar os recursos. Explica que cada cidade tem exigências específicas e é preciso antecipar os erros. Muitas vezes, atrás de um local perfeito existem restrições, como a irregularidade do imóvel ou proibição de uso para fins comerciais. Com a bagagem de quem tem em seu currículo trabalhos importantes, como obras na Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp e o Hospital do Rim e Hipertensão da Fundação Oswaldo Ramos e Unifesp, Heloisa ressalta que um projeto bem planejado pode antecipar necessidades como ampliações, adequações e reformas. Assim, economizar hoje o dinheiro que será investido amanhã. É PRECISO TER FOCO NOS OBJETIVOS E INTERESSES Com a bagagem de quem já formou a quarta geração de oftalmologistas, o diretor da Clínica de Olhos Dr. Moacir
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Cunha, Marcelo Cunha, ressalta que apesar de o consultório ser “a cara do médico”, o que faz um bom ambiente de trabalho, mais do que o seu espaço físico, é como ele é gerido. “A tecnologia é uma excelente ferramenta em nossa área, mas nada como uma explicação detalhada ao paciente. É preciso tentar estar atrasado o menor tempo possível, demonstrar mais através de comportamento do que com palavras a maneira ética, profissional, focada, comprometida com o bem-estar de seu paciente, que todos os funcionários virão atrás”, defende. PROGRAMA DE NECESSIDADES É preciso saber o que se quer para decidir pelo ideal. A elaboração de um programa de necessidades, realizado pelo arquiteto em conjunto com o oftalmologista, permitirá antecipar problemas e buscar soluções até o projeto ideal. “Alguns médicos preferem trabalhar sozinhos, outros precisam do suporte de uma secretária, ainda há aqueles que fazem questão dos arquivos digitais e quem opte pelas ferramentas digitais”, explica. Além disso, ressalta ser importante planejar bem os espaços e adequá-los às exigências da prefeitura, vigilância sanitária e também à norma ABNT (NBR, de 30/06/2004), que regula a acessibilidade a edificações e mobiliários. As necessidades e desejos individuais que têm de ser contemplados, mas existem regras legais que precisam ser cumpridas. Já Heloisa adverte que a legislação brasileira para a área de saúde está entre as mais rigorosas do mundo. Há regras específicas para atender às necessidades das pessoas com deficiência e indivíduos com restrições de mobilidade que nem sempre são exigidas no exterior. “O primeiro passo é checar com as prefeituras a lei do zoneamento e suas restrições, em seguida avaliar a parte física, tanto do terreno ou imóvel pronto”, lembrando ser preciso atenção à
legislação, se o local escolhido permite o funcionamento de um consultório ou clínica, as condições do terreno ou imóvel a ser modificado, se o bem está regularizado, etc. Por exemplo: um imóvel antigo pode não suportar equipamentos, mas por outro lado, a reforma, em muitos casos, pode garantir aspectos positivos de uma construção aprovada e legalizada. Às vezes vale a pena comprar um imóvel, demolir tudo e construir novamente; em outros, a construção será tão cara para adequar as condições do solo que será proibitivo. “É preciso avaliar com critério o custo-benefício, o que é bom e o que é adequado”, revela a arquiteta.” CONSULTÓRIOS OFTALMOLÓGICOS REQUEREM ESPAÇOS MAIORES Especialista em oftalmologia pela Associação Médica Brasileira e pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia, além de membro da Associação Brasileira de Banco de Olhos, da ContactLenses American Association e da American Society of Cataract and Refractive Surgery, Cunha entende que o consultório ideal garante, como primeira impressão, um ambiente agradável ao paciente. “Deve ter iluminação, móveis, cores, odor, sinalização, música relaxante, boas revistas e espaço para circulação adequado”, diz. A Clínica de Olhos Dr. Moacir Cunha impressiona pela classe e conforto. Um misto de simplicidade com sofisticação, onde a tradição e a história da família Cunha remetem ao passado transformado em presente de sucesso. Heloi-
sa, entretanto, lembra que os espaços comerciais mais modernos, prontos para comercialização, têm em média sete metros quadrados. Um espaço muito reduzido para consultórios oftalmológicos. “A oftalmologia costuma exigir o dobro de tamanho”, pois necessita de pelo menos dois equipamentos. Explica ainda que é preciso avaliar o perfil da clientela, contemplando as necessidades individuais. Especificamente em oftalmologia, é necessário redobrar a atenção às distâncias entre os mobiliários, preferir cadeiras fixas (sem rodinhas) e com apoio, facilitando o uso e garantindo a segurança dos pacientes com visão reduzida ou que passem por procedimentos. “Um consultório muito bonito e moderno pode inibir alguns pacientes ou agregar valor a outros, assim como atendimento compartilhado para a família pode constranger adultos, caso o ambiente infantil seja priorizado”, adverte. Por outro lado, consultórios que dispõem de pré-atendimento ou pós-operatórios requerem recepção e salas de apoio maiores. Inclusive para garantir conforto aos acompanhantes. PRATICIDADE E HIGIENE SÃO FUNDAMENTAIS A arquiteta lembra que por mais que seja confortável, um ambiente de consultório médico é sempre estressante. Também recomenda cores claras e higiene total. Preferencialmente construídos e decorados por materiais e objetos de fácil limpeza. Sobretudo porque quanto maior e mais sofisticado em detalhes for o consultório, maior será a necessidade de equipes de apoio.
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Fotos: Divulgação
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HELOISA HERKENHOFF: “É preciso saber o que se quer para decidir pelo ideal. A elaboração de um programa de necessidades, realizado pelo arquiteto em conjunto com o oftalmologista, permitirá antecipar problemas e buscar soluções até o projeto ideal”
Dicas preciosas Antes de comprar ou reformar um imóvel: Acessar as informações legais e checar legislação específica; Cuidado na escolha do terreno e compra de imóvel usado; Consultar um arquiteto e fazer um plano de necessidades; Manter um orçamento desejável e factível. O
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MARCELO CUNHA: “Apesar de o consultório ser “a cara do médico”, o que faz um bom ambiente de trabalho, mais do que o seu espaço físico, é como ele é gerido”
Durante as obras: Sol é bom, mas cobertura solar demasiada requer atenção à decoração, através de coberturas, persianas e cortinas; Vidros são opções bonitas, mas costumam exigir ar condicionado; Limpeza é fundamental. Priorizar materiais de fácil higienização e manuseio pela equipe de apoio; Há soluções tecnológicas para todas as necessidades, das mais caras às acessíveis. O
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O oftalmologista Marcelo Cunha enfatiza a importância de uma equipe treinada e sinérgica: “Os funcionários devem usar uniforme e portar crachá com identificação. As mulheres, preferencialmente, manter os cabelos presos e maquiagem leve. O treinamento é essencial, recomenda: português o melhor possível, nunca conversar sobre vida pessoal com colega durante o trabalho, saber o seu serviço, estar solícito e atento aos pacientes e finalmente sempre com um sorriso no rosto”.
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Decoração básica ideal: Iluminação requer cuidado especial. Priorizar a luz natural, mesclando com iluminação indireta nos detalhes e direta na recepção e pontos de leitura; Preferir cores e ambientes claros: verde e branco em detrimento do amarelo e vermelho; Os pisos, principalmente em consultórios médicos oftalmológicos, devem ser antiderrapantes. Também evitar juntas nos assoalhos; Preferir móveis resistentes e ergonomicamente bem desenhados, evitando encostos baixos nas poltronas e cadeiras sem rodas; Elementos como mármores, porcelanatos e pisos vinílicos são bonitos e fáceis de limpar; Cuidado com flores, podem provocar alergias; Quadros, esculturas e revisteiros são bem-vindos; Paredes decorativas são opções interessantes de decoração; Os banheiros devem ser claros, com bancadas e espelhos. O
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MENOS É MAIS Conhecer a clientela é a melhor maneira de adequar os espaços, aconselha Heloisa. “Às vezes o melhor é optar pelo menos, atingindo o básico e garantindo a sensação de limpeza, de sobriedade. Como a primeira impressão é a que fica, é comum a clientela fazer analogias e associações entre a decoração, o tamanho do consultório e os médicos. Por isso, certificados, diplomas e documentos podem agregar valor, podendo influenciar positivamente o paciente. “O arquiteto pode tirar partido dessas informações, para criar elementos visuais”, afirma. Sobretudo, orienta que o oftalmologista é um prestador de serviços como outro qualquer. Ele tem de obter lucro com o seu negócio, a partir de um espaço de trabalho funcional. “A responsabilidade de um arquiteto vai muito além da decoração. É um profissional capacitado para unir vários aspectos do presente, com visão do futuro, questionando, orientando e apresentando as melhores alternativas para o médico”, finaliza Heloisa. ■
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M-flex Far e Near: uma boa opção para atingir a multifocalidade
Bruna Vieira Ventura Coordenadora do Departamento de Catarata da Fundação Altino Ventura (FAV), Recife, Pernambuco; Oftalmologista da FAV e do Hospital de Olhos de Pernambuco (HOPE), Recife, Pernambuco; Mestrado pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL); Doutoranda da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP); Postdoctor al Research Fellowship em Catarata e Cirurgia Refrativa, Baylor College of Medicine, Houston, USA
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cirurgia de catarata é o procedimento cirúrgico mais realizado no mundo. Anualmente, 19 milhões de cirurgias são feitas e a Organização Mundial da Saúde estima que esse número será de 32 milhõesem 2020. Nas últimas décadas, avanços na oftalmologia melhoraram os resultados da cirurgia de catarata, aumentando a expectativa do médico e do paciente quanto ao resultado visual final. É cada vez mais comum recebermos em nosso consultório um paciente com catarata, com um estilo de vida ativo e que deseja se tornar independente dos óculos após a facectomia, tendo uma boa qualidade visual nas distâncias de perto, intermediária e longe. Nessa busca da independência dos óculos, o médico pode recorrer a algumas estratégias, incluindo o implante de lentes intraoculares (LIOs) multifocais. Há várias LIOs multifocais disponíveis no mercado, com cada uma tendo características específicas. Nos últimos anos tenho visto uma grande satisfação dos pacientes ao usar as lentes M-flex (RaynerIntraocular Lenses Ltd., Hove,
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Inglaterra) (Figura 1). Abaixo vamos discorrer sobre alguns cuidados essenciais para o sucesso na indicação de lentes multifocais e sobre as características das LIOs M-flex. CUIDADOS NO PRÉ-OPERATÓRIO As cirurgias com lentes premium requerem alguns cuidados no pré-operatório. É imprescindível uma avaliação do filme lacrimal e da superfície ocular, buscando identificar pacientes com olho seco e com outras alterações que possam influenciar a precisão dos cálculos biométricos e a qualidade visual no pós-operatório. Caso presente, o olho seco deve ser tratado adequadamente antes da cirurgia. A avaliação pré-operatória também é útil na identificação de distrofias e degenerações da córnea. A topografia corneana é uma peça-chave, mensurando o astigmatismo e fornecendo dados quanto à sua regularidade e simetria. A microscopia especular e a paquimetria devem ser usadas para avaliar a córnea, sendo a paquimetria ainda mais sensível do que a microscopia especular quanto ao funcionamento do endotélio. A presença deGuttata
é uma contraindicação relativa para o implante de LIOs multifocais. A tomografia de coerência óptica (OCT) da região macular deve ser incluída na rotina de exames pré-operatórios, pois inúmeras vezes identifica membranas epirretinianas (MER) e até buracos maculares que passam despercebidos mesmo aos olhos dos melhores retinólogos. Um estudo recente em pacientes no pré-operatório para cirurgia de catarata mostrou que quase 40% das MER só foram identificadas com o OCT de mácula, passando despercebidas à biomicroscopia de fundo. Além da avaliação completa do olho, é essencial investir em tempo da consulta pré-operatória, conversando com o paciente, explicando-lhe os possíveis benefícios da lente e as limitações da tecnologia, para que o paciente vá para a cirurgia com expectativas reais. CARACTERÍSTICAS DAS LIOS M-FLEX As LIOs M-flex são lentes multifocais refrativas. Diferentemente das LIOs difrativas, elas não dividem a luz para obter a multifocalidade. Suas principais vantagens são: 1) Anel central maior; 2) Fácil centralização; 3) Eficácia da estratégia M-flex Far + Near, e 4) Disponibilidade da M-flex tórica.
Figura 1: Lentes M-flex e M-flex Far tórica
ANEL CENTRAL MAIOR É cada vez mais comum ouvirmos sobre a importância do ângulo kappa, o ângulo entre o eixo visual e o eixo pupilar. Esse ângulo vai repercutir no local da lente em que passará o eixo visual. Como as LIOs multifocais têm anéis em sua óptica para prover a multifocalidade, um ângulo kappa grande pode resultar no eixo visual incidindo perto da borda do anel central ou até mesmo entre o anel central e o segundo anel, diminuindo a qualidade e possivelmente a quantidade de visão obtida com a lente. O ângulo kappa deve ser menor do que metade do anel centralda LIO para a luz não incidir perto da borda do primeiro anel. As lentes M-flex têm um anel central de 1,75 mm (Figura 2), enquanto as outras lentes multifocais disponíveis no mercado têm um anel central variando de 0,74 a 1,3 mm. Esse anel central maior faz com que as lentes M-flex sejam mais tolerantes a ângulos kappa grandes. FÁCIL CENTRALIZAÇÃO Rotineiramente eu centralizo o anel central das lentes multifocais no eixo visual do paciente, usando oceratoscópio da Mastel (Mastel Precision, Rapid City, EUA). Devido ao formato de suas alças e ao seu material, a
Figura 2: O anel central das lentes M-flex tem 1,75 mm de diâmetro
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lentes multifocais
Figura 3: Caso em que o laser de femtossegundo foi usado para fazer uma incisão relaxante intraestromal para diminuir o astigmatismo do paciente
LIO M-flex é de fácil centralização. O ceratoscópio da Mastel acopla-se ao microscópio cirúrgico e emite uma luz vermelha que pisca, facilmente identificada pelo paciente. No final da cirurgia, quando o paciente fixa o olhar na luz vermelha, o cirurgião consegue definir com exatidão o eixo visual do paciente e onde o anel central deve estar centralizado. Em alguns olhos, o tamanho ou a disposição anatômica do saco capsular impedem a perfeita centralização do anel central no eixo visual. Devido ao tamanho do seu anel central, as LIOs M-flex são mais tolerantes a essas descentrações. ESTRATÉGIA M-FLEX FAR + NEAR Existem dois tipos de LIO M-flex: a M-flex Far e a M-flex Near. Como o próprio nome diz, o anel central da M-flex Far tem o foco para longe, enquanto o anel central da M-flex Near tem o foco para perto. O conjunto de anéis
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da M-flex Far faz com que ela seja uma lente que prioriza a visão de longe e intermediária, enquanto a M-flex Near prioriza a visão de perto e intermediária. Há alguns anos, Dr. Marcelo Ventura vem defendendo um mix and match: o implante da M-flex Far no primeiro olho a ser operado e da M-flex Near no segundo olho. Dessa forma, o paciente tem uma boa visão de perto, intermediária e longe, não dependendo dos óculos para as atividades do seu dia a dia. Independentemente da dominância ocular, sempre implantamos a M-flex Far no primeiro olho a ser operado e temos obtido bons resultados. Foi interessante ver em meados de 2014 um trabalho no Journal of Cataract and Refractive Surgery mostrando que a dominância ocular muda em até metade dos pacientes após a cirurgia de catarata. Dessa forma, basear a escolha da LIO na dominância ocular pré-operatória pode não trazer benefício real ao paciente. Como as M-flex tem um anel central para visão de perto ou de longe, elas são pupilo-dependentes, significando que durante a miosea M-flex Far prioriza a visão de longe, enquanto a M-flex Near prioriza a visão de perto. Quando se implanta a M-flex Far em ambos os olhos do paciente ou a Near, essa pupilo-dependência é uma desvantagem, pois o paciente perde certo grau de sua multifocalidade quando em miose, passando a depender de óculos em algumas situações. Quando se faz o mix and match (M-flex Far em um olho e a Near no outro), ao fechar a pupila o paciente simula uma monovisão. Esse cenário torna essa pupilo-dependência uma vantagem. Como? Aproximadamente 30% dos pacientes se queixam de halos em ambientes externos nos primeiros meses de pós-operatório. A maioria melhora sem tratamento. Uma minoria requer o uso de mióticos por um período curto. Essa pupilo-dependência associada ao mix and match permite que a miose elimine os halos, ao mesmo tempo em que o paciente não perde a capacidade de ver de perto e de longe devido à pseudomonovisão criada. M-FLEX FAR TÓRICA Aproximadamente 35% dos pacientes com catarata têm astigmatismo maior do que 1,00 dioptria (D). Para esses pacientes, a M-flex Far tórica é uma boa alternativa para atingir a multifocalidade, com o implante de M-flex Near não tórica no olho contralateral. É importante lembrar que o cilindro final no olho da M-flex Near não deve ser maior do que 0,50 D para não repercutir negativamente na visão. A versão tórica da M-flex tem
todas as vantagens da M-flex não tórica, com a vantagem adicional de compensar o astigmatismo corneano. Nos 60% dos pacientes que têm entre 0,50 e 1,00 D de cilindro na córnea, tenho usado de rotina o laser de femtossegundo para fazer incisões relaxantes intraestromais, diminuir o astigmatismo corneano e prover uma melhor qualidade visual no pós-operatório (Figura 3). As incisões relaxantes permitiram que mais pacientes pudessem se beneficiarcom o implante de LIOs multifocais. Adicionalmente, as incisões intraestromais têm a vantagem de não gerar sensação de corpo estranho e ter um risco mínimo de infecção. Apesar dos estudos para definir qual melhor nomograma a ser usado ainda estarem em andamento, tenho usado de rotina uma modificação pessoal do Nomograma de Donnenfeld e obtido resultados previsíveis com a programação do laser (energia e distância entre os disparos) que uso. RESULTADOS RETROSPECTIVOS DA LIO M-FLEX Em uma análise preliminar retrospectiva de 300 olhos em que implantamos a M-flex com a estratégia Far + Near, vimos que 78% dos pacientes obtiveram uma visão de longe de 20/20 e 100% tiveram visão de longe melhor que 20/30. Quanto à visão a 50 cm, todos eram J1. Na visão para perto, 89% dos pacientes eram J1 e 100%, J2. Quando avaliamos retrospectivamente 40 olhos com a M-flex Far tórica, vimos que além do benefício na multifocalidade ter sido semelhante ao da M-flex não tórica, a lente foi efetiva em diminuir o astigmatismo. Usamos análise vetorial para avaliar os resultados nesses olhos, comparando o astigmatismo topográfico pré-operatório com o refracional pós-operatório. Nos olhos com astigmatismo pré-operatório a favor da regra, o astigmatismo vetorial médio diminuiu de -1,09 D a 3o para -0,16 D a 17o. Nos olhos com astigmatismo contra a regra, o astigmatismo diminuiu de -1,05 a 95o para -0,18 a 94o. Por todos esses motivos discorridos acima, as lentes M-flex são ótimas opções para obter a multifocalidade e a independência de óculos buscadas por muitos dos nossos pacientes. Além dos benefícios em olhos com astigmatismo corneano mínimo, as novas tecnologias - com o surgimento da M-flex tórica e o uso do laser de femtossegundo para confeccionar incisões relaxantes intraestromais - têm permitido que ainda mais pacientes sejam beneficiados com a multifocalidade atingida com o implante das LIOs M-flex. ■
*Não tenho conflitos de interesse quanto ao tema deste artigo.
glaucoma
Arquivo pessoal
O glaucoma além da tonometria de Goldmann
Bruno Pimentel de Figueiredo Doutor em oftalmologia pela UFMG; Preceptor do Centro de Referência de Glaucoma e Catarata da Santa Casa de Belo Horizonte
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ma das mudanças conceituais mais marcantes na oftalmologia moderna foi o entendimento de que o glaucoma é uma doença do nervo óptico e não da pressão intraocular (PIO). A associação entre glaucoma e aumento da pressão ocular começou a seresboçada por diferentes autores desde o século XVII, porém a sua descrição definitiva foi feita por Mackenzie em 1833.1 Mesmo após esta data, vários oftalmologistas da época mantiveram-se céticos por mais de 100 anos, discordando de tal associação. O conceito de glaucoma como sendo a PIO elevada perdurou por décadas graças ao entendimento de que ao se reduzir a mesma, atingia-se, na maioria dos casos, o controle da doença. Sendo assim, o estudo do comportamento da pressão intraocular era o pilar principal da propedêutica do glaucoma.
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Com o reconhecimento da importância da PIO no glaucoma, tornou-se necessário buscar um método de medição menos subjetivo que a tonometria bidigital, proposta por Bowman em 1862. O primeiro instrumento de medir a PIO amplamente utilizado na prática oftalmológica foi o tonômetro desenvolvido por Schiøtz em 1905.2 Este método de indentação manteve-se como padrão ouro até 1955, quando Hans Goldmann apresentou o seu tonômetro de aplanação corneana.3 É importante frisar que um método padrão ouro não está imune ao erro. O não reconhecimento das limitações do tonômetro de aplanação de Goldmann (TAG) pode fazer com que, por exemplo, o oftalmologista considere um glaucoma crônico de ângulo aberto como sendo glaucoma de pressão normal, pelo simples fato de o mesmo apresentar a córnea fina. Neste caso, a PIO tende a estar hipoestimada pela mensuração com o TAG, o que faz com que a pressão
elevada seja erroneamente classificada como “normal”. Goldmann ao erro. Outros fatores, como baixa contagem O mesmo acontece com indivíduos de córnea espessa, endotelial, astigmatismo, ectasiascorneanas, histerese e que são rotulados como hipertensos oculares quando, na demais propriedades biomecânicas da córnea também verdade, a PIO pode estar hiperestimada pelo tonômetro podem confundir este método de aferição da PIO.6 Mesmo a tonometria de Goldmann sendo o padrão ouro, é fato de aplanação. quedevemos analisar o resultado deste aparelho com O próprio Hans Goldmann demonstrou em 1957 que os algumas ressalvas em determinados pacientes. cálculos utilizados para a elaboração de seu tonômetro A colocação da PIO elevada como conceito do glaucoforam feitos a partir de uma córnea de 520µm e, segundo ma auxiliou muito a oftalmologia, principalmente nesta ele, córneas com espessuras superior ou inferior a esta última metade de século, quando o tratamento através poderiam resultar em medidas imprecisas na pressão da redução da PIO fez com que grande parte dos portaintraocular.4 Esta limitação do TAG não foi considerada relevante até o advento da cirurgia dores do glaucoma tivesse a sua refrativa, quando ficou comproenfermidade ocular controlada. vado que a redução da espessura Em contrapartida, alguns indivícorneana causa a hipoestimação duos portadores de glaucoma com da PIO.5 A medida da espessura a PIO dentro da normalidade não corneana pela paquimetria ultraseram diagnosticados e corriam o sônicatornou-se desde então uma risco da doença evoluir, uma vez importante ferramenta na investique a atenção do oftalmologista Uma das mudanças gação do glaucoma. estava voltada para o comportaÉ comum na nossa prática somento da PIO e não tanto para o conceituais mais licitar exames como curva diária nervo óptico. marcantes na de pressão e testes provocativos Outro fato importante é que o oftalmologia moderna para avaliar a flutuação da PIO. Letratamento clínico do glaucoma vando em consideração que todos até 1978 restringia-se praticamenfoi o entendimento estes testes são realizados com o te ao uso da pilocarpina, que pelo de que o glaucoma tonômetro de Goldmann, é imporseu efeito miópicodificultava muito é uma doença do nervo tante questionarmos a acurácia do a observação do disco óptico e, valor da PIO que estamos medinconsequentemente, a investigaóptico e não da pressão do, principalmente quando estes ção de uma possível progressão intraocular (PIO) pacientes possuem a córnea fina. do dano glaucomatoso. De toda forma, considerando que Na última década, a avaliação a influência dos fatores corneanos do dano estrutural no glaucoma na tonometria de Goldmann não tem evoluído bastante, permitinoscilade acordo com o valor da PIO, do uma melhor documentação da o uso destes métodos para estudar a flutuação pressórica camada de fibras nervosas da retina (CFNR) e do disco e identificar picos permanece bem indicado, mesmo que óptico. Os aparelhos de OCT com tecnologia de domínio o valor medido esteja impreciso. espectral possuem ferramentas cada vez mais especíOutro problema, ainda considerando a influência da ficas, visando à detecção do glaucoma em fases mais espessura corneana na medida da PIO, está nos indivíduos precoces. Já nos indivíduos que apenas possuem a PIO com córnea espessa. Neste caso, a PIO pode estar falsaelevada sem qualquer outra evidência da doença, estes mente elevada,o que simula uma situação dehipertensão exames ajudam na diferenciação do suspeito para o ocular. O resultado disto pode ser o tratamento de um glaucomatoso. A decisão de tratar ou não o hipertenso pseudofator de risco, e pior, o estigma para o paciente de ocular sem nenhuma evidência de dano glaucomatoso uma doença que possivelmente ele nunca terá. fica sendo uma escolha muitas vezes conjunta entre o Atualmente, nós sabemos que não só a espessura médico e o paciente. Já nos hipertensos com exames corneana pode ser capaz de induzir a tonometria de computadorizados que apontam para um dano estrutural,
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glaucoma
o início do tratamento do glaucoma torna-se algo mais fundamentado do que o tratamento de apenas um fator de risco isolado. A maior dificuldade está no acompanhamento de pacientes que, mesmo na vigência da PIO reduzida pelo tratamento clínico e/ou cirúrgico, progridem com o dano glaucomatoso. Nestes casos, precisamos considerar duas causas distintas: A pressão de Goldmann pode estar imprecisa ou; Fatores vasculares podem estar atuando. A paquimetria, como já mencionado, identifica pacientes com córneas finas e levanta a hipótese de uma possível hipoestimação da PIO pelo tonômetro de Goldmann. Existem tonômetros que foram elaborados com o intuito de auxiliar o oftalmologista na identificação da PIO em três situações em que o tonômetro de Goldmann não é tão acurado:pacientes com córnea fina, pós-operados de procedimentos refrativos e/ou pacientes com glaucoma de pressão normal. Os aparelhos mais utilizados atualmente para este fim são: Tonômetro dinâmico de contorno (PASCAL); Analisador de resposta ocular (ORA); Visualizador corneano por Scheimpflug (CORVIS ST). A acurácia destes aparelhos mostra-se bastante discutível na literatura, principalmente nos estudos que comparam indivíduos com córneas de espessuras diferentes. Quando separamos os indivíduos com córnea de espessura normal dos que têm córnea fina, notase que quanto maior a espessura da córnea, maior é a concordância da PIO pelo tonômetro de Goldmann e PASCAL. Já nos indivíduos com córnea fina, há uma baixa concordância entre estes dois aparelhos, muito provavelmente por causa do tonômetro de Goldmann estar hipoestimando a PIO e o PASCAL não sofrer tanta influência pela baixa espessura da córnea.7,8 Devemos lembrar que em alguns casos, a PIO pode estar verdadeiramente baixa e, mesmo assim, o paciente pode progredir com o glaucoma. Como se trata de uma neuropatia óptica, a sensibilidade do nervo e a predisposição genética do indivíduo podem fazer com que a doença se manifeste e progrida a despeito de valores pressóricos normais ou baixos. Nestes casos, fatores vasculares podem desencadear uma cascata de eventos que levam à aceleração da apoptose e, consequentemente, ao glaucoma. Agentes neuroprotetores orais podem ser utilizados nestes casos, porém ainda não temos métodos O
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eficazes de determinar o quão benéfica esta neuroproteção está sendo para conter o avanço da doença. Sendo assim, a documentação quantitativa do dano funcional e estrutural nos pacientes suspeitos ou portadores de glaucoma, assim como a procura de métodos mais fiéis de aferição da PIO nos casos em que a mesma tende a estar hipoestimada, parece ser uma forma interessante de individualizar a conduta e entender de forma mais concreta as razões para tratarmos ou não os nossos pacientes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Mackenzie W. Practical treatise on the diseases of the eye. 1833. 580-591. 2. Schiøtz HJ. EinneuesTonometer. ArchAugenheilkd 1905;52:401–424. 3. Goldmann H, Schmidt T. Über applanationstonometrie. Ophthalmologica 1957;134:221-242. 4. Goldmann H. Factorsinfluencing intraocular pressure. BibliothecaOphthalmologica: Supplementa ad Ophthalmologica 1970;81:97-105. 5. Bayraktar S, Bayraktar Z. Central cornealthicknessand intraocular pressurerelationship in eyeswithandwithoutprevious LASIK: comparisonof Goldmann applanation tonometerwithpneumatonometer. EuropeanJournalofOphthalmology 2005;15:81-8. 6. Francis BA, Hsieh A, Lai MYet al. Effectsofcornealthickness, cornealcurvature, and intraocular pressurelevelon Goldmann applanation tonometryand dynamics contourtonometry. Ophthalmology 2007;114:20-6. 7. Doyle A,Lachkar Y. Comparison of dynamic contour tonometry with Goldmann applanation tonometry over a wide range of central corneal thickness. J Glaucoma 2005;14:288-292. 8. Figueiredo BP, Cronemberger S, Kanadani F. Correlationbetween ocular perfusionpressureand ocular pulse amplitude in glaucoma, ocular hypertension, and normal eyes. ClinOphthalmology2013;7:1615–1621. ■
retina
Corticosteroides no edema macular diabético À medida que o diabetes vai se tornando uma condição mais comum, surge uma grande necessidade não atendida de implantes de corticosteroides de longa ação para o tratamento desse distúrbio Thomas A. Ciulla, MD
Adaptado do artigo “Corticosteroids for Diabetic Macular Edema”, da Review of Ophthalmology, edição de fevereiro de 2015.
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edema macular diabético (EMD) é uma das principais causas de cegueira no mundo industrializado. Recentemente, o implante de dexametasona (ver Figura 1; Ozurdex, Allergan) e o implante de fluocinolona (ver Figura 2; Iluvien, AlimeraSciences) foram aprovados nos Estados Unidos para o tratamento do EMD, aumentando o interesse no uso de implantes de corticosteroides de longa ação para o tratamento desse distúrbio. Há uma grande necessidade não atendida desses tratamentos, à medida que o diabetes vai se tornando um distúrbio cada vez mais comum em uma população idosa e cada vez mais obesa; a incidência de EMD aumenta com a duração do diabetes, a gravidade da retinopatia diabética e os níveis elevados de hemoglobina glicosilada. Na verdade, o Estudo Epidemiológico de Retinopatia Diabética de Wisconsin revelou que a taxa de desenvolvimento de edema macular diabético em 10 anos nos Estados Unidos foi de 20,1% entre pacientes com diabetes tipo I, 25,4% entre pacientes com diabetes tipo II fazem uso de insulina e 13,9% em pacientes com diabetes tipo II que não fazem uso de
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insulina.1 Quase metade dos pacientes que desenvolvem EMD irá perder duas ou mais linhas de acuidade visual dentro de dois anos.2 FISIOPATOLOGIA DO EMD No início da RD ocorrem alterações na estrutura e composição celular da microvasculatura. O dano às células endoteliais que são responsáveis pela manutenção da barreira hematorretiniana (BHR) leva ao aumento da permeabilidade vascular. No EMD, a decomposição da BHR interna permite o acúmulo de líquido extracelular na mácula (ver Figura 3). O dano aos pericitos que são componentes celulares essenciais para a regulação da perfusão capilar na retina leva à alteração da hemodinâmica retiniana, incluindo a autorregulação anormal do fluxo sanguíneo retiniano.3 A perda de pericitos retinianos ocorre no início da RD e se correlaciona com a formação de micro aneurismas.4,5 Em indivíduos com diabetes, a membrana capilar basal torna-se espessada e componentes aumentados da matriz extracelular são depositados, podendo constituir fatores contribuintes parao desenvol-
Imagens: cortesia de Thomas Steele, CRA
Figura 1: Insersor de implante de dexametasona Ozurdex 2.
Figura 2: Dispositivo de inserção de implante de fluocinolona Iluvien
Figura 3: Fotografia colorida (A) e angiogramas com fluoresceína na fase média e tardia mostrando alterações típicas de edema macular diabético. É também evidente um pequeno fico de neovascularização em outro local (NVE)
vimento de hemodinâmica retiniana anormal, incluindo a autorregulação anormal do fluxo sanguíneo retiniano. Muitas vias inter-relacionadas estão associadas a dano celular resultante de hiperglicemia e hipóxia que afetam a BHR, incluindo fatores de crescimento angiogênico e citocinas inflamatórias. Os corticosteroides modulam essas vias para exercer um efeito terapêutico no EMD. O fator de crescimento endotelial vascular desempenha uma função importante na angiogênese e permeabilidade vascular.6 Há pelo menos nove isoformas diferentes de VEGF, devido ao “splicing” alternativo que inclui VEGF-A, VEGF-B, VEGF-C, VEGF-D e VEGF-E. As ações dos membros da família do VEGF são mediadas pela ativação dos receptores de tirosina quinase. Os receptores de VEGF (VEGFR) podem sinalizar, através da via de sinalização da proteína quinase ativada por mitógenos (MAPK) ou através da elevação da concentração de cálcio intracelular nas células endoteliais formando as paredes vasculares. Foi sugerido que a ativação dessas duas vias aumenta a permeabilidade vascular. O VEGF-A é um regulador essencial da angiogênese ocular e permeabilidade vascular. O
VEGF-A age nos VEGFR 1 e 2. O VEGF medeia aangiogênese promovendo a migração, proliferação e sobrevida das células endoteliais. O VEGF também propicia propriedades inflamatórias através de sua capacidade de mediar a permeabilidade microvascular e aumentar a adesão dos leucócitos, desta forma incorporando a cascata inflamatória, iniciando a adesão inicial de leucócitos à retina dos diabéticos e ajudando no desenvolvimento de vasculopatia diabética. A inflamação também desempenha um papel importante na retinopatia diabética e no edema macular diabético. Leucostasia, moléculas de adesão, aumento da expressão de prostaglandinas e acúmulo de macrófagos na retina ocorrem no diabetes. A leucostasia retiniana, em particular, pode desempenhar um papel fundamental na patogênese da RD. Os leucócitos possuem um grande volumede células, alta rigidez citoplasmática, uma tendência naturalde aderir ao endotélio vascular e uma capacidade de gerar radicais superóxidos tóxicos e enzimas proteolíticas.7-9 No diabetes, o aumento da leucostasia afeta a função endotelial retiniana, a perfusão retiniana, a angio-
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gênese e a permeabilidade vascular. Em pacientes com diabetes, os leucócitos são também anormais. São menos deformáveis; uma proporção maior do que o normal é ativada; e eles parecem estar envolvidos na não perfusão capilar, dano às células endoteliais e escoamento vascular na microcirculação retiniana. Vários mediadores inflamatórios têm estado envolvidos na retinopatia diabética, incluindo o fatorde necrose tumoral-Į (TNF-Į), uma citocina pró-inflamatória e interleucina-6.
TRIANCINOLONA ACETONIDA A triancinolona acetonida tem sido investigada em vários estudos clínicos para o edema macular diabéticodesde o final dos anos 90.14-21 Mais recentemente, a Rede de Pesquisa Clínica paraRetinopatia Diabética (DRCR) estudou a injeção subtenonianaposterior e intravítrea de TA para o EMD. O protocolo I da DRCR representou um estudo clínico pivotal que avaliou três diferentes esquemas terapêuticos: 0,5 mg de ranibizumabepor via intravítrea mais aplicação imediata ou adiada de laser focal/grid; ou a aplicação intravítrea de 4 mg FARMACOTERAPIA DO EMD de TA combinada com laser focal/ Recentemente, agentes intragrid, em comparação com laser vítreos anti-VEGF, bevacizumabe, focal/grid isoladamente.22 ranubizumabe e aflibercepte têm Na visita de dois anos, em comsido usados para tratar o EMD. Esparação com o grupo do placebo + tes três agentes intravítreos ligamNo início da RD laser imediato, a alteração média se ao VEGF, desta forma reduzindo ocorrem alterações em relação à fase basal no escore a angiogênese e a permeabilidade na estrutura e de optotipos no teste de acuidade vascular, causando regressão da visual foi de 3,7 optotipos maior neovascularização diabética e recomposição celular da no grupo de ranibizumabe + laser dução do EMD, respectivamente. microvasculatura. O dano imediato; 5,8 optotipos maior no Vários estudos clínicos recentes às células endoteliais grupo de ranibizumabe + laser sugerem que as terapias antiadiado; e 1,5 optotipos pior no VEGF são mais eficientes do que que são responsáveis pela grupo da TA + laser imediato. a terapia a laser.10 Entretanto, a manutenção da barreira terapia anti-VEGF requer injeção Quando a análise foi confinada ao hematorretiniana (BHR) intravítrea repetida, por vezes grupo de pacientespseudofácicos, mensalmente ou mesmo indefiTA mostrou resultados na AV simileva ao aumento da nidamente. Além disso, a terapia lares ao ranibizumabe, indicando permeabilidade vascular anti-VEGF não é eficaz em todos os que a reduçãoda acuidade poderia pacientes, possivelmente porque, ser pelomenos em parte atribuída uma vez que visa o VEGF não suà formação de catarata. Na visita prime todas as citocinas inflamatórias envolvidas no EMD. de dois anos, a porcentagem de olhos com espessura do Os corticosteroides podem ser utilizados nas formas de subcampo central 250 µm foi de 59% no grupo do plaliberação mantida para tratar o EMD. Os corticosteroides cebo + laser imediato; 43% no grupo de ranibizumabe + inibem os macrófagos que liberam os fatores de crescilaser imediato; 42% no grupo de ranibizumabe + laser mento angiogênicos e diminuem a expressão de ICAM-1, adiado; e 52% no grupo de TA + laser imediato. Esses que medeia a adesão e a transmigração de leucócitos; foi resultados mostram o potencial da TA de atuar como uma observado que eles reduzem a expressão do complexo de terapia menos dispendiosa, porém comparávelà terapia histocompatibilidade maior (CHM)-II na subretina, onde com injeções de anti-VEGF. Entretanto, a terapia anti-VEse formam os neovasos associados à DMRI (Degeneração GF tornou-se a terapia de primeira linha em pacientes Macular Relacionada à Idade).11-13 Além deste mecanismo com EMD, especialmente pacientes com afaquia, mas a anti-inflamatório, os corticosteroides alteram a composiTA intravítrea é frequentemente utilizada em pacientes ção da membrana basal endotelial alterando a proporção fácicos que não têm acesso a ranibizumabe. local de duas isoformas delaminina, suprimindo a dissoA TA por injeção intravítrea possui uma meia-vida de lução da membrana basal e reforçando firmemente as 18,6 dias e pode persistir a níveis suficientes para exercer junções a fim de limitar a permeabilidade e o escoamento um efeito clínico por até três meses.23 No entanto, inje11,13 ções repetidas são necessárias e podem aumentar o risco que causam o edema macular.
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de catarata e glaucoma. Ao invés da terapia em bolus intermitente, acredita-se que a liberação mantida de um corticosteroide em baixa dose possa levar a maior eficácia com menos complicações de catarataou glaucoma. Isto levou ao desenvolvimento de implantes de DEX e FA.
ções injetadas de forma intermitente por via intravítrea em comparação com os olhos não vitrectomizados. Um estudo clínico conhecido como Estudo CHAMPLAIN avaliou 55 pacientes com EMD resistente a tratamento e um histórico de vitrectomiapars plana anterior. Os olhos em estudo receberam um implante intravítreo único de 0,7 mg de DEX e foram acompanhados durante 26 semanas. Esses olhos mostraram melhora estatistica e clinicamente significativa na acuidade visual e no escoamento vascular decorrente do EMD em 26 semanas. Na semana oito, 30,4% dos pacientes ganharam 10 optotipos na BCVA.25
IMPLANTE DE DEXAMETASONA Em junho de 2009, o Food and Drug Administration aprovou um implante de 0,7 mg de DEX contido em um polímero sólido biodegradável para o tratamento do edema macular após oclusão da veia retiniana. Ele pode exercer um efeito clínico durante três a seis meses. IMPLANTE DE FLUOCINOLONA Em setembro de 2010, foi aprovaACETONIDA do o implante de 0,7 mg para o traO implante intravítreo de FA é tamento da uveíte intermediária e administrado usando um insersorposterior não infecciosa. Em junho de 25-ga. e leva a uma liberação de 2014, foi aprovado para uso no Recentemente, mantida da medicação por até 36 EMD em pacientes pseudofácicos agentes intravítreos meses. Ao contrário do implanteou pacientes fácicos programados anti-VEGF, de DEX, não é biodegradável. Em para cirurgia de catarata. Em se2005, um implante intravítreo tembro de 2014, a aprovação foi bevacizumabe, de FA contendo 0,59 mg de FA ampliada para uso em pacientes ranubizumabe foi aprovado nos Estados Unidos com EMD geral, tanto pseudofácie aflibercepte têm para o tratamento de uveíte não cos como fácicos. infecciosa. Em um estudo clínico Em um estudo clínico conhesido usados para conhecido como Estudo FAMOUS, cido como o Estudo MEAD, 1.048 tratar o EMD 37 pacientes com EMD persistente pacientes com EMD com acuidade apesar da terapia prévia com lavisual melhor corrigida de 34 opser focal/grid foram randomizados totipos (20/200) para 68 optotipos numa proporção 1:1 para receber (20/50) e espessura >300 µm do uma injeção intravítrea experisubcampo da mácula central fomental de 0,2 ou 0,5 µg/dia.26 Após a administração de ram randomizados numa proporção 1:1:1 para implante uma inserção de 0,2µg/dia, a alteração média em relação de 0,7 mg de DEX, implante de 0,35 mg de DEX ou procedià fase basal na BCVA foi de 5,1, 2,7 e 1,3 optotipos nos mento com placebo e acompanhados durante três anos.24 Os participantes eram elegíveis para retratamento a cada meses três, seis e 12, respectivamente. A alteração média seis meses com base em critérios OCT predefinidos. A em relação à fase basal após a administração de uma porcentagem de pacientes com melhora 15 optotipos na inserção de 0,5 µg/dia foi de 7,5, 6,9 e 5,7 optotipos nos BCVA em relação à fase basal ao final do estudo foi maior meses três, seis e 12, respectivamente. A amostragem de com o implante de 0,7 mg de DEX (22,2%) e implante de humor aquoso revelou liberação intraocular mantida de 0,35 mg de DEX (18,4%) do que o placebo (12%; p 0,018). FA durante mais de um ano. A redução média na CRT em relação à fase basal foi maior Os estudos envolvendo Fluocinolona Acetonida para com o implante de 0,7 mg de DEX (-111,6 µm) e o implante o Edema Macular Diabético (FAME) avaliaram 953 olhos de 0,35 mg de DEX (-107,9 µm) do que com o procedimento de pacientes com EMDpersistente após tratamento com com placebo (-41,9 µm; p< 0,001). uma aplicação de laser, randomizados numa proporção O implante de DEX pode ser particularmente adequa1:2:2 para injeção de placebo (n=185), inserção de FA em do para o tratamento do EMD de olhos vitrectomizados; baixa dose (0,2 µg/dia, n=375) ou inserção de FA em dose esses olhos podem eliminar mais rapidamente medicaalta (0,5 µg/dia, n=393).27,28 Em 36 meses, 27,8% (dose
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alta) e 28,7% (dose baixa) de olhos tratados com implante de 0,59 e 2,1 mg de FA, respectivamente, e 11% e 15% dos versus 18,9% de olhos de controle demonstraram uma pacientes após implantes de 0,35 e 0,7 mg de DEX, resmelhora de 15 ou mais optotipos (p=0,018). Uma análise pectivamente. Em pacientes com EMD, 15,7% e 14,9% dede subgrupo mostrou benefício particular entre pacientes senvolveram OHT após implantes intravítreos de 0,35 mg com EMD durante três ou mais anos. Foram observados e 0,7 mg de DEX. A análise mostrou que a prevalência de efeitos colaterais relacionados aos corticosteroides; até OHT foi mais alta nos grupos submetidos a implantes de 8,1% requereram cirurgia incisionalde glaucoma e as FA do que nos grupos com implantes de DEX. O histórico cataratas progrediram em quase todos os olhos fácicos. preexistente ou familiar de glaucoma pareceu aumentar Em setembro de 2014, o FDA aprovou o implante de o risco de desenvolvimento de OHT após a aplicação intraFA contendo 0,19 mg de fluocinolona para o tratamento vítrea de corticosteroides. No entanto, várias definições do EMD em pacientes que haviam de OHT limitaram as comparações sido anteriormente tratados com precisas entre os estudos.31 No que se refere ao tratamento do glaucoum ciclo de corticosteroides e ma secundário induzido por cortinão apresentavam elevação clinicosteroides, o Dr. Kiddee e colabocamente significativada pressão radores relataram que a terapia é intraocular. No entanto, este ciclo Para o EMD com similar ao glaucoma primário de anterior de corticosteroides não foi envolvimento do centro ângulo aberto. A PIO elevada foi especificado. Os médicos poderiam que é persistente, apesar principalmente tratada com meconcebivelmente tentar um cortidicação tópica. Trabeculectomia costeroide tópico, terapia intravída terapia foi o procedimento cirúrgico mais trea em bolus com triancinolona ou anti-VEGF periódica, comum na OHT.31 implante de DEX. a ação duradoura A terapia ocular com corticosteroides é conhecida por causar COMPLICAÇÕES dos implantes de a formação secundária de cataO mecanismo exato de elevação corticosteroides, ratas, uma complicação também da pressão intraocular secundária especialmente o implante associada à administração de induzida pelo uso de corticosteroicorticosteroides sistêmicos. O Esdes não é conhecido; no entanto, de FA, facilita a terapia tudo FAME relatou que as taxas de um fator contribuinte estabelede combinação desenvolvimento de catarata focido é o aumento da resistência rammais altas nos pacientes que de escoamento dentro da rede receberam aplicação de FA; eles trabecular.29,30 No Estudo FAME, houve uma maior necessidade de intervenção cirúrgica relataram que 42,7% do grupo tratado com dose baixa, no glaucoma aos três anos no grupo de pacientes que 51,7% do grupo tratado com dose alta e 9,7% do grupo recebiam injeção de FA; 2,5% do grupo com dose alta, que recebeu injeção de placebo desenvolveram catara1,3% do grupo com dose baixa e 0% do grupo que recebeu tas. Esses números representam 81,7%, 88,7% e 50,7%, injeção de placebo requereram trabeculoplastia a laser. respectivamente, dos pacientes em cada grupo com olhos Foi necessária cirurgia incisionaldo glaucoma em 8,1% do fácicos no início do estudo.27 No Estudo MEAD, as taxas de formação de cataratanos olhos fácicos foram de 67,9%, grupo de dose alta, 4,8% do grupo de dose baixa e 0,5% 64,1% e 20,4% nos grupos que receberam implantes de do grupo que recebeu a injeção de placebo.27 No Estudo MEAD, a hipertensão ocular foi em geral controlada com 0,7 mg de DEX, implantes de 0,35 mg de DEX e grupos de medicação ou nenhuma terapia; apenas dois pacientes controle, respectivamente.24 Resumindo, embora a terapia anti-VEGF esteja se (0,6%) no grupo que recebeu implante de 0,7 mg de DEX tornando o tratamento de escolha para o EMD com ene um (0,3%) no grupo que recebeu implante de 0,35 mg volvimento do centro, o implante de DEX de liberação de DEX requereram trabeculectomia.24 Uma meta-análise realizada pelo Dr. Weerawat Kiddee mantida em baixa dose recentemente aprovado e o ime colaboradores observou que 66% e 79% dos indivíduos plante de FA contribuem grandemente para as opções desenvolveram hipertensão ocular (OHT) após implantes terapêuticas. Em particular, esses implantes irão limitar
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a injeção intravítrea, frequentemente requerida com a terapia anti-VEGF intravítrea. Os implantes de corticosteroides podem também limitar o custo do tratamento repetido com terapias anti-VEGF caras, tais como ranibizumabe ou aflibercepte e podem minimizar o risco de endoftalmite, dado o baixo número de injeções. Embora o implante deFA tenha uma duração maior do que o implante de DEX, diminuindo potencialmente o ônus das visitase dos tratamentos para os pacientes e suas famílias, o implante de FA parece acarretar um risco maior de hipertensão ocular e catarata. No entanto, essas modalidades não foram diretamente comparadas em um estudo clínico. Há evidência insuficiente para tirar conclusões mais elaboradas, especialmente para determinar se injeções múltiplas com o implante de DEX acarretam os mesmos riscos do implante de FA de maior duração. Como observado acima, a aprovação do implante de FA requer tratamento prévio com um ciclo de corticosteroides para descartar uma elevação clinicamente significativada pressão intraocular. Entretanto, este ciclo prévio de corticosteroides poderia concebivelmente ser um corticosteroide tópico, terapia intravítrea em bolus com triancinolona, ou implante de DEX. Não há grandes estudos clínicos prospectivos, randomizados, comparando a terapia com corticosteroides de liberação mantida à terapia anti-VEGF como terapia de primeira linha no EMD com envolvimento do centro, mas os implantes de DEX e FA podem tornar-se o tratamento inicial para pacientes pseudofácicos. Para o EMD sem envolvimento do centro, o tratamento a laser poderia continuar sendo o tratamento de primeira linha, uma vez que os riscos de fotocoagulação a laser são mínimos nesses casos, em comparação com os riscos, o desconforto e o custo das terapias intravítreas. Os implantes de DEX ou de FA podem ser especialmente atraentes como terapias iniciais para o EMD com envolvimento do centro em olhos que foram submetidos a vitrectomia, uma vez que se acredita que os agentes anti-VEGF apresentem meia-vida mais curta e, presumivelmente, menor eficácia nesses casos. Para o EMD com envolvimento do centro que é persistente, apesar da terapia anti-VEGF periódica, a ação duradoura dos implantes de corticosteroides, especialmente o implante de FA, facilita a terapia de combinação. No futuro, os pacientes poderiam receber esses implantes como terapia de base e, a seguir, receber tratamento adicional com laser ou agentes anti-VEGF intravítreos ou terapia combinada, que pode concebivelmente propiciar algum benefício
sinérgico. FA pode ser particularmente atraente para este uso em pacientes pseudofácicos sem risco significativo de glaucoma, dada sua longa duração de ação. Finalmente, os implantes de corticosteroides podem desempenhar um papel especial no tratamento do EMD crônico. Um estudo recente comparou a eficácia do implante de FA no EMD crônico ( três anos) versus não crônico (< três anos) em uma análise de subgrupo pré-planejada do Estudo FAME.32 No mês 36, a diferença entre implante de FA e controle com placebo na porcentagem de participantes que ganharam 15 optotipos ou mais foi significativamente maior em 536 pacientes com EMD crônico (34% vs.placebo, 13,4%; p<0,001), em comparação com 416 pacientes com EMD não crônico (22,3% vs.placebo, 27,8%; p=0,275). As diferenças não poderiam ser explicadas pelas características oculares na fase basal, alterações nas características anatômicas ou diferenças no retratamento ou terapias auxiliares. Os autores supõem que o EMD inicial é principalmente direcionado pelo VEGF, ao passo que o EMD crônico pode ser direcionado mais pelas citocinas inflamatórias além de alterações anatômicas. Os autores concluem que o implante de FA pode ser uma opção para pacientes que não respondem a outra terapia. Este relatório pode também explicar em parte as observações clínicas do efeito benéfico usando o implante de DEX quando os agentes anti-VEGF exercem efeito mínimo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Klein R, Klein BE, Moss SE, Cruickshanks KJ. The Wisconsin Epidemiologic Study of Diabetic Retinopathy. XV. The long-term incidence of macular edema. Ophthalmology 1995;102:7-16. 2. Ferris FL, 3rd, Patz A. Macular edema. A complication of diabetic retinopathy. Surv Ophthalmol 1984;28 Suppl:452-61. 3. Ciulla TA, Harris A, Latkany P, Piper HC, Arend O, Garzozi H, et al. Ocular perfusionabnormalities in diabetes. Acta Ophthalmol Scand 2002;80(5):468-77. 4. Ciulla TA, Amador AG, Zinman B. Diabetic retinopathy and diabetic macular edema: Pathophysiology, screening, and novel therapies. Diabetes Care 2003;26(9):2653-64. 5. Ehrlich R, Harris A, Ciulla TA, Kheradiya N, Winston DM, Wirostko B. Diabetic macular oedema: Physical, physiological and molecular factorscontributetothispathologicalprocess. Acta Ophthalmologica. 2010;88(3):279-91. 6. Miller JW, Le Couter J, Strauss EC, Ferrara N. Vascular endothelialgrowthfactor a in intraocular vascular disease. Ophthalmology 2013;120:106-14. 7. Miyamoto K, Ogura Y. Pathogeneticpotential of leukocytes in
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notícias e produtos
Allergan e Prof. Remo Susanna Junior lançam guia sobre Pressão Alvo A Allergan, em parceria com o Prof. Dr. Remo Susanna Jr, Prof. Titular de Oftalmologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, lançam o Guia Pressão Alvo – O cenário nunca fica parado. Um guia importante para a condução do tratamento de pacientes com glaucoma, oferecendo orientações práticas ao médico oftalmologista, para a determinação da pressão intraocular ideal para cada paciente (pressão alvo). A determinação da pressão alvo é fundamental para evitar a progressão da doença e desta forma, a piora da qualidade de visão e a cegueira do paciente. O guia destaca o novo estudo clínico “Bimatoprost Outcomes of Switch Therapy from Latanoprost on patients with primary open-angle glaucoma who had reduction of the hypotensive effect during treatment (The Boost Study)”, submetido recentemente a publicação no Journal of Glaucoma, já apresentado no congresso da Sociedade Americana de Oftalmologia no ano passado e no Brasileiro deste ano. Os resultados da pesquisa revelam que 41 pacientes que estavam bem controlados com a medicação em uso passaram a apresentar escapes pressóricos muito acima da pressão alvo estimada para cada um deles, causando lesão adicional ao nervo óptico ou que poderiam potencialmente levar a progressão da doença. Prof. Remo ainda reuniu no livro os parâmetros essenciais para a estimativa da pressão alvo, ou seja, o intervalo de
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Air Optix® Colors no Brasil A Alcon® acaba de lançar no Brasil a primeira linha de lentes de contato de silicone hidrogel colorida, a Air Optix® Colors. Este produto possui uma superfície de plasma que protege as lentes, diminuindo o depósito de sujeira e lipídios, o que proporciona mais conforto ao usuário. A tecnologia de impressão de 3 cores em 1 aplicada nas lentes ainda ajuda a realçar o olhar de uma forma natural. Outro diferencial do produto está no fato de não haver contato da cor direto com o olho, uma vez que a coloração fica entre as camadas da lente.
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pressão na qual um paciente deverá ter para que a possibilidade de progressão da doença seja mínima ou ausente (target peak pressure range) e para a importância da determinação do estágio em que se encontra o Glaucoma. “O pico de pressão é o fator mais importante para a progressão da doença juntamente com a média pressórica, sendo esta mais difícil de se calcular pois necessita de várias medidas da pressão ocular durante um dia ou em vários dias em horários diferentes. A forma mais prática e acurada de se estimar o pico pressórico é o Teste de Sobrecarga Hídrica”, diz. Segundo ele, para se estabelecer a pressão alvo é também necessário determinar-se o estágio da doença (inicial, moderado, severo). Para isto pode-se utilizar a classificação de Hodapp-Parish-Anderson ou a classificação USP Glaucoma Staging System. Outros fatores a serem levados em consideração na determinação da pressão alvo são a velocidade de progressão da doença, o estágio do glaucoma no olho contralateral, antecedentes familiares cegos por glaucoma e a expectativa de vida do paciente.
Com os mesmos recursos das lentes Air Optix® claras, as coloridas assinadas pela Alcon proporcionam mais saúde para os olhos, além de maior umectação e alta oxigenação. O produto está disponível nas melhores óticas do Brasil nas cores azul, azul brilhante, cinza, cinza intenso, verde, verde esmeralda, pure hazel, mel e café, com ou sem grau, para miopia ou hipermetropia. Para facilitar a escolha das tonalidades, a Alcon disponibiliza o Color Studio, ferramenta no site oficial das lentes Air Optix® (www.airoptix. com.br) onde é possível aplicar as diferentes cores em uma foto do interessado.
SYSTANE®UL TEM NOVA EMBALAGEM A partir deste mês a embalagem da lágrima artificial Systane® UL na versão de 15 ml será atualizada com a inserção de uma tarja amarela na parte superior da embalagem. A alteração tem como objetivo destacar o conteúdo e ajudar o consumidor a diferenciar as duas apresentações do produto no ponto de vendas, que pode ser de 10 ml ou 15 ml. Lançado no Brasil em 2009, o Systane® UL é uma das lágrimas artificiais mais modernas do mercado e um dos produtos mais vendidos da Alcon®. O produto promove alívio imediato e prolongado através da formação de uma matriz protetora entre o HP Guar e o Borato, que mantém ativos os demulcentes Polietilenoglicol e Propilenoglicol, agindo por mais tempo sobre a superfície ocular. O Systane® UL é indicado para o alívio temporário do desconforto ocular, ressecamento, irritação, ardor, sensação de areia e corpo estranho, provocados por fatores ambientais como poeira, fumaça, raios ultravioleta, calor seco (sauna), ar condicionado, vento, cosméticos, exposição prolongada a computadores e/ou aparelhos de televisão.
JOHNSON & JOHNSON MEDICAL AMPLIA INVESTIMENTOS EM EDUCAÇÃO MÉDICA A Johnson & Johnson Medical está aumentando seus investimentos em educação médica profissional em toda a América Latina. Por meio de um novo programa, intitulado C.A.R.E., a capacidade de atendimento nos dois centros de treinamento que a empresa mantém no Brasil aumentará em cerca de 40%, subindo de 3.500 profissionais treinados em 2014 para 5.000 este ano. Com este avanço, o número de vagas em treinamentos avançados também será ampliado e 700 profissionais a mais poderão ser beneficiados. Além disso, serão incluídos 25 novos treinamentos, completando um portfólio de 175 cursos. O crescente investimento tem o objetivo de fomentar ainda mais o desenvolvimento das diversas técnicas cirúrgicas para melhorar o cuidado com os pacientes. Além de desenvolver produtos inovadores, a Johnson & Johnson Medical entende que indústria de equipamentos médicos tem um papel fundamental em prover acesso às novas tecnologias e o uso adequado e seguro dessas inovações. “É também nossa missão prover acesso à educação médica continuada de qualidade para que profissionais de saúde realmente possam tirar o melhor proveito de cada inovação, manusear os instrumentos de forma adequada e desenvolver ainda mais suas habilidades cirúrgicas. Assim, eles podem compartilhar seu conhecimento com outros colegas da área, além de oferecer soluções mais seguras e efetivas a seus pacientes”, explica o presidente da Johnson & Johnson Medical Brasil, Marcio Coelho.
O acesso à saúde de qualidade é hoje o grande desafio que mobiliza governos, iniciativa privada, planos de saúde e hospitais. Dessa forma, as empresas do setor têm o compromisso de trabalhar e investir para o desenvolvimento de tecnologias que melhorem a vida dos pacientes e garantam cada vez mais o diagnóstico precoce das doenças, contribuindo assim para a redução das filas nos hospitais e desafogando o sistema. “A Johnson & Johnson busca constantemente inovar tanto no conteúdo quanto na metodologia de seus treinamentos. Por meio do compromisso com acesso e inovação, a empresa continuará a fazer da educação profissional uma ferramenta estratégica para desenvolvimento das habilidades profissionais, para o acesso a novas tecnologias e para o desenvolvimento da saúde no Brasil”, afirma o diretor médico para a América Latina do Johnson & Johnson Medical Innovation Institute, Abner Lobão. O fortalecimento dos investimentos nessa área atende a uma necessidade apontada pelos próprios profissionais de saúde. Uma pesquisa[1] mundial realizada com cerca de 662 profissionais de saúde, sendo 114 da América Latina, mostrou que 95,7% dos cirurgiões da região consideram muito importante a presença em programas de treinamento para novos produtos e procedimentos. Além disso, 97,7% acreditam que treinamentos proporcionam menor chance de erros nos procedimentos cirúrgicos.
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BELEZA ALÉM DO OLHAR
ALCON® LANÇA NEVANAC® UNO PARA O CUIDADO PÓS-OPERATÓRIO DE CATARATA A partir deste mês, chega ao mercado brasileiro mais uma opção de medicamento para os cuidados pós-operatórios de catarata. O Nevanac® UNO Suspensão Oftámica Estéril (MS - .0068.1105.003-8) traz uma nova concentração, que permite que o paciente use o produto somente uma vez ao dia. Além disso, a nova fórmula mantém o PH neutro, como na versão anterior com adição do goma guar, que dá mais viscosidade ao medicamento, aumentando o conforto para o paciente. “Depois de uma cirurgia de catarata, o paciente volta para casa com uma série de medicamentos que auxiliam na cicatrização, ajudam a evitar inflamações e outras complicações. Com o Nevanac® UNO, o paciente só precisa se preocupar em usar ou instilar o colírio uma vez ao dia. Desta forma é possível aumentar a adesão ao tratamento e melhorar os resultados pós-cirurgia”, diz Jorge Freitas, Diretor da Unidade Farma, da Alcon Brasil. O Nevanac®, em sua formulação tradicional, com aplicação de 3 vezes por dia, continuará sendo comercializado normalmente.
Errata Ao contrário do que foi publicada na edição anterior (nº 85), na matéria da página 63, intitulada “Sintonia perfeita”, o evento de lançamento promovido pela Abbott em São Paulo, ocorreu na noite de 08 de abril para mais 180 médicos.
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A correção visual ainda é um assunto muito importante e que precisa de mais conscientização. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), 90% dos problemas visuais ocorrem nos países em desenvolvimento e quase metade desses problemas são por causas comuns como miopia, hipermetropia e astigmatismo não corrigidos, por exemplo. Além disso, 80% dessas deficiências visuais poderiam ser evitadas com a orientação médica necessária ou a correção óptica adequada. Reafirmando o compromisso de ouvir os profissionais e pacientes que utilizam seus produtos, entender suas necessidades e trazer soluções inovadoras, a equipe de pesquisa e desenvolvimento da Johnson & Johnson Vision Care conversou com milhares de consumidores, especialmente mulheres, para compreender o que mais eles buscavam em uma lente de contato. Essas abordagens evidenciaram a necessidade de um produto que, além de entregar uma correção visual de qualidade, saúde, conforto e praticidade, pudesse intensificar a beleza dos olhos mantendo sua aparência natural. Ao pesquisar sobre aparência natural, identificou-se um estudo clínico independente, realizado pela Universidade da Califórnia, em Irvine, que mostrou que pessoas com maior definição do anel limbar, área de intersecção entre a íris – a parte colorida do olho - e a esclera - a parte branca, foram avaliadas como sendo mais jovens e atraentes. De fato, com a idade e por outros fatores internos e externos individuais, o anel limbar pode ficar menos definido, com o passar do tempo. Iniciou-se, então, o projeto de desenvolvimento das novas lentes de contato. Os pesquisadores avaliaram as formas, variações, cores e nuances da íris humana para criar um desenho único e inovador. O resultado deste projeto deu origem a 1-DAY ACUVUE DEFINE®, a primeira lente de contato no Brasil que agrega todos os benefícios de correção visual com qualidade, saúde, conforto e praticidade, além de realçar a beleza natural dos olhos. As lentes de contato 1-DAY ACUVUE DEFINE® são de descarte diário e unem a saúde ocular com o benefício estético. São confortáveis graças à exclusiva tecnologia LACREON® que preserva a umidade e a suavidade durante todo o uso. Como todas as lentes ACUVUE®, a 1-DAY ACUVUE DEFINE® oferece proteção contra os raios UV. Esta lente, especificamente, oferece bloqueio de aproximadamente 99% da radiação UV-B e 85% da radiação UV-A, considerado como Classe 2 segundo normas ISO e ANSI.
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The Peninsula Hotels
O
Peninsula Hotels é complexo que reúne 10 hotéis de luxo espalhados pela Ásia, Estados Unidos e Europa, num total de 3.212 quartos. Sob a liderança do Sr. Clement Kwok, Managing Director e Chief Executive Officer da The Hong kong and Shanghai Hotels, Limited, proprietária do The Peninsula Hotels, a reputação da marca em todo o mundo reflete o sucesso da empresa em estabelecer os mais elevados padrões de serviço e hospitalidade, uma vez que continua a realizar a visão começou com o lançamento de seu carro-chefe Hong Kong há mais de oito décadas. PENINSULA HONG KONG O lendário Peninsula Hong Kong, inaugurado em dezembro de 1928, é constantemente classificado como um dos melhores hotéis do mundo. Inaugurando uma nova era de personalização, os quartos recém-aprimorados brindam uma sensação residencial sob medida com a última tecnologia e o melhor no que diz respeito a design e artesanato. Com vista para o Victoria Harbour, no coração do distrito comercial, de negócios e de entretenimento do Kowloon, o hotel fica a uma pequena distância do sistema de metro ferroviário (MTR) e de outros pontos de referência tais como o Centro Cultural Hong Kong e o Museu de arte Hong Kong.
THE PENINSULA HOTELS www.peninsula.com
54 universovisual JULHO/AGOSTO 2015
LOCAL
INFORMAÇÕES
04 a 08
Bogotá – Colômbia
www.panamericano2015.socoftal.com.br
XXXVIII Congresso Brasileiro de Oftalmologia
02 a 05
Florianópolis/SC
www.cbo2015.com.br
XXXIII Congress of the ESCRS
05 a 09
Barcelona – Espanha
www.escrs.org/barcelona2015
19º Curso Cleber Godinho de Lentes de Contato
09 a 14
Belo Horizonte/MG
www.cursoclebergodinho.com.br
Simpósio Internacional do Banco de Olhos de Sorocaba – SINBOS 2015
22 a 24
Sorocaba/SP
simbos@bos.org.br
NOVEMBRO
EVENTO
2º Congresso de Oftalmologia da Universidade Federal de Goiás
06 e 07
Goiânia/GO
congressos@brturbo.com.br
18º Congresso de Oftalmologia da USP
04 e 05
São Paulo/SP
www.oftalmologiausp.com.br
XXXI Congresso Pan-Americano de Oftalmologia
OUTUBRO
SETEMBRO
AGOSTO
DATA
DEZEMBRO
agenda 2015
JULHO/AGOSTO 2015 universovisual 55
anunciantes desta edição
Abbott Tel. 0800 55 86 89 Página 29
Alcon SAC 0800 707 7993 Fax (11) 3732 4004 Páginas 5, 11, 45 e 49
Allergan Tel. 0800 174 077 Página 23
Bausch & Lomb Tel. 0800 702 6464 Páginas 19 e 43
56 universovisual JULHO/AGOSTO 2015
Congresso CBO www.cbo2015.com.br Página 53
Coopervision Tel. (11) 3527 4100 Fax (11) 3527 4113 Página 17
Johnson & Johnson Tel. 0800 728 8281 Páginas 36 e 37
Latinofarma Tel. (11) 4612-0338 2ª capa
Look Vision Tel. (11) 5565 4233 Página 33
Ophthalmos Tel./Fax (11) 3488 3788 Página 39
Optolentes Tel. (51) 3358 1700 Fax (51) 3358 1701 3ª capa
Zeiss Tel. 0800 770 5556 4ª capa