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Segunda-feira 21 de Setembro de 2015
Jornal do Comércio - Porto Alegre
Economia TRABALHO
Setor energético segue com demanda de profissionais
FERNANDO C. VIEIRA/GRUPO CEEE/DIVULGAÇÃO/JC
Oferta de vagas mantém-se maior que a busca, e novos cursos são criados para qualificar mão de obra Jefferson Klein jefferson.klein@jornaldocomercio.com.br
Apesar da crise econômica que afeta o País, não são todos os mercados de trabalho que estão sendo atingidos pelas dificuldades. Um desses exemplos está no segmento de energia. Os cursos voltados para essa área, principalmente os de engenharia, prosseguem apresentando boa procura e há um grande número de vagas para serem ocupadas pelos profissionais recém-formados. Além disso, outras funções, como a de operador do mercado de energia, começam a ganhar destaque e se consolidar. O professor do curso de Engenharia Elétrica da Ulbra Luis Fernando Espinosa Cocian comenta que a escolha por faculdades ligadas ao setor de energia é algo constante. Ele acrescenta que quando há uma crise econômica diminui-se o consumo de eletricidade, mas em contrapartida as empresas aumentam o interesse por processos de eficientização para reduzir os custos. Cocian diz que não se observa decréscimo na procura de cursos relacionados com o segmento, como as engenharias Elétrica e Mecânica. Além dessas faculdades, ele recorda que a Engenharia Civil trabalha com a infraestrutura de projetos de energia e a Ambiental, o licenciamento dos empreendi-
mentos. “Dificilmente alguma engenharia não abrange esse assunto”, ressalta. Conforme o professor, o mercado continua atrativo e buscando mão de obra, pois ainda há falta de profissionais qualificados para a demanda apresentada. Com isso, os recém formados, normalmente, em pouco tempo conseguem emprego. Cocian salienta ainda que, na área da engenharia em geral, o piso-salarial é de aproximadamente oito salários-mínimos e meio (em 2015, R$ 6.698,00), tornando-se outro fator que desperta a atração dos jovens. A coordenadora da Engenharia de Energia da Unisinos, Maria Luiza Indrusiak, argumenta que sempre haverá demanda por energia e por isso os investimentos precisam continuar para atender às necessidades futuras. Um dos campos que ainda pode ser muito explorado, aponta Maria Luiza, é o da energia solar. Apesar de se dominar essa tecnologia, ela ressalta que há muito espaço para desenvolver soluções para baratear os equipamentos. Segundo a coordenadora da Engenharia de Energia da Unisinos, um obstáculo que precisa ser superado é que, muitas vezes, os alunos vêm do ensino médio com uma preparação insuficiente e têm problemas para acompanhar os cursos. Maria Luiza destaca que um engenheiro, bem preparado, sem-
Em períodos de crise, empresas apostam na eficientização para reduzir custos
pre terá mercado. “Energia é tão necessária quanto à comida”, compara. Formada na década de 1970 em Engenharia Mecânica, Maria Luiza era a única mulher entre 80 estudantes do curso. Ela informa que, no momento, em algumas áreas, como a própria Engenharia Mecânica, esse cenário predominantemente masculino não se alterou. “Ao invés de uma em 80, agora são três ou quatro e até hoje não entendo muito bem por quê”, observa. Contudo, na Engenharia de Energia, Maria Luiza revela que há um equilíbrio, com cerca da metade dos alunos sendo mulheres. Já nas engenharias Civil e Ambiental, ela já aponta mais mulheres do que homens. Sobre a Engenharia de Energia, um curso ainda novo no Rio Grande do Sul, Maria Luiza explica que o profissional dessa área agrega funções do engenheiro mecânico e do eletricista, lidando com transformações térmicas, biocombustíveis, entre outros temas. Pela Unisinos, a primeira turma dessa faculdade será formada em um ano. O coordenador do laboratório de eficiência energética da Pucrs, Odilon Duarte, atesta que o mercado continua aquecido para os profissionais do setor de energia.
Operador do mercado de energia é nova carreira no Brasil A Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel), em parceria com a Universidade de São Paulo (USP), está com as inscrições abertas para a prova de certificação dos operadores do mercado de energia. Trata-
-se de uma nova carreira no Brasil, com salário inicial de R$ 8 mil. O teste de certificação está marcado para o dia 24 de outubro, no campus da USP e as inscrições, que podem ser feitas no próprio site da Abraceel, vão até o ABRACEEL/DIVULGAÇÃO/JC
Lopes detalha processo de certificação da Abraceel em parceria com USP
dia 2 de outubro. O diretor-técnico da Abraceel, Alexandre Lopes, informa que o mercado livre representa cerca de 25% do consumo nacional de eletricidade. O dirigente acrescenta que nesse mercado atuam hoje cerca de 160 comercializadoras. “O objetivo da parceria é certificar os profissionais que trabalham nessas empresas, tanto nas comercializadoras como nas geradoras”, detalha. A certificação existe desde 2011. Para serem certificados, os interessados são submetidos a uma prova com questões de legislação, economia, matemática financeira, conhecimento sobre o funcionamento do sistema elétrico etc. Lopes ressalta que a meta é qualificar o profissional. Qualquer pessoa com curso superior pode se submeter ao teste, mas a maior procura é constituída por engenheiros, economistas e administradores.
Duarte salienta que muitas companhias, que antes não tinham preocupação com o custo da energia, querem agora ter análises detalhadas sobre o consumo de eletricidade e porque estão pagando determinados valores. Além disso, o coordenador do laboratório de eficiência energética da Pucrs acrescenta que outras oportunidades estão sendo abertas como o aproveitamento da energia solar por pequenos empreendedores através da chamada geração distribuída. A iniciativa consiste em um consumidor instalar, por exemplo, um painel fotovoltaico em sua casa ou empresa, gerar energia, atender sua demanda e, por vezes, jogar energia na rede elétrica e obter créditos com a distribuidora para diminuir sua conta de luz. Duarte enfatiza que para treinar adequadamente os futuros profissionais que vão atuar no segmento de energia, o ideal é ter ferramentas adequadas para isso. Nesse sentido, no mês passado, foi inaugurado o Centro de Demonstração em Energias Renováveis (Ceder), que fica situado na faculdade de Engenharia da Pucrs, em Porto Alegre. O objetivo da unidade é estimular estudantes e profissionais a serem multiplicadores de conhecimento na área de fontes renováveis.
Empregos na indústria recuam e alcançam sétima queda seguida A indústria brasileira perdeu 0,7% de seus postos de trabalho de junho para julho deste ano, segundo a Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário, divulgada pelo IBGE. Esta é a sétima queda consecutiva do emprego industrial, que acumula perdas de 4,8% no período. O total de pessoal ocupado na indústria em julho deste ano é 6,4% inferior ao total de julho de 2014. Essa é a 46ª queda neste tipo de comparação e a mais intensa desde julho de 2009, quando atingiu -6,7%. O emprego na indústria tem queda acumulada de 5,4% no ano. A queda de 6,4% na comparação com julho de 2014 pode ser explicada por perdas de
postos de trabalho em 17 dos 18 setores pesquisados pelo IBGE, com destaque para meios de transporte (-11,9%), máquinas e aparelhos eletroeletrônicos e de comunicações (-15,1%), máquinas e equipamentos (-9,1%), produtos de metal (-10,7%) e alimentos e bebidas (-2,8%). O IBGE também registrou resultados negativos em todos os tipos de comparação temporal, em outros dois indicadores: o número de horas pagas e a folha de pagamento real. O número de horas pagas caiu 1,2% na comparação com junho deste ano, 7,2% em relação a julho de 2014, 6% no acumulado do ano e 5,5% no acumulado de 12 meses.