ANO VI • Nº 52
JORNAL DO CENTRO UNIVERSITÁRIO VILA VELHA • UVV • MAI/JUN/JUL 2011
O Destino dos Refugiados:
SAIBA COMO VIVE UM REFUGIADO PALESTINO EM VITÓRIA Cuidados com o coração para uma vida mais saudável
O projeto de Extensão que revela a identidade das mulheres da limpeza
Em cena o projeto Quartas Dramáticas
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EM PAUTA
Um clique Foto de Ignez Capovilla para o editorial Maria Antonieta, com produção das alunas do curso de Moda. A aula, Fotografia para Moda, é ministrada pela professora Márcia Capovilla.
Segurança Internacional
Jornal Saber “Saber” é uma publicação interna do Centro Universitário Vila Velha (UVV) Ano VI – Número 52 Mai/Jun/Jul 2011 Conselho Editorial: Luciana Dantas, Marlene Elias Pozzatto, Marcelo da Silva Moretti, Renata Borlolini Rezende Huber, Joao Vicente Franquini, Francisca Selidonha, Therezina Abranches, Maria da Penha Smarzaro Siqueira e Eduardo Roberto Cole.
Mais bonita na Gravidez A Clínica de Estética oferece cuidados especiais e gratuitos para as gestantes. Os alunos dos últimos períodos, com supervisão da professora Tatiane Moura, realizam diversos tratamentos para evitar ou minimizar alguns probleminhas típicos da gravidez,
como as temidas estrias. Drenagem linfática, massagem relaxante, esfoliação e hidratação corporal e facial estão entre os tratamentos que proporcionam conforto e beleza para as mamães. Mais informações na Policlínica de Referência ou pelo telefone 3421-2191.
O professor Helvécio de Jesus Júnior, do curso de Relações Internacionais, lançou o livro “Segurança Internacional: temas regi onai s c ontemporâneos” , pela Editora CRV. A publicação é o primeiro estudo amplo sobre segurança internacional em língua portuguesa. O livro busca suprir a carência de estudos regionais na área de segurança internacional.
Jornalista responsável: Natasha Siviero Edição: Natasha Siviero Textos: Natasha Siviero, Paula Maria, Simone Patrocínio e Izabella Altoé Revisão: Roberto Ferreira Fotografias: Janille Silvestre, Simone Patrocínio e Felipe Maurício Foto da capa: ACNUR Colaboração: Felipe Maurício Projeto gráfico e editoração: Bios Ltda Impressão: Grafitusa Tiragem: 2.000 exemplares Pontos de retirada: Bibliotecas da UVV, Núcleo de Atendimento ao Aluno e Centro de Vivência
Centro Universitário Vila Velha (UVV) Reitor: Manoel Ceciliano Salles de Almeida Vice-reitora: Luciana Dantas da S. Pinheiro Pró-reitor acadêmico: Paulo Régis Vescovi
Jornal Saber
Pró-reitor administrativo: Edson Franco Immaginário Pró-reitora de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão: Danièlle Bresciani Leuthner Rua Comissário José Dantas de Melo, 21 Boa Vista, Vila Velha, 29.102-770 www.uvv.br • jornal@uvv.br Tel.: (27) 3421.2001
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Nas Escolas A professora do curso de Farmácia, Alessandra Tesch, ministrou um curso sobre Cosmetologia para alunos de Ensino Médio da Escola Múltipla, na Serra. Já o técnico de audiovisual, Geovany Wandekoken, envolveu a garotada na produção para rádio. Também participaram de feiras de orientação profissional Andressa Nathanailidis, Daniel Donadello, Flávia Varejão, Robison Garcia, Rodrigo Cerqueira, Rodrigo Salgado, Susete Dresch e Mário Vasconcelos, que deu uma verdadeira aula sobre mercado de trabalho. Um bate-papo sobre profissões e ensino superior com alunos de ensino médio levou os alunos de Engenharia de Petróleo Thiago Ramos, João Bosser, Yago Zocoli e José Antônio Santos ao Darwin de Colatina.
O prefeito de Vila Velha, Neucimar Fraga, foi um dos visitantes do estande da UVV
Feira da Terra A participação da UVV na 9ª edição da Feira da Terra, realizada na Prainha, em Vila Velha, em maio, permitiu que crianças e adolescentes tivessem contato com pesquisas e projetos científicos desenvolvidos por alunos e professores da Instituição. Alunos e
professores dos cursos de Medicina Veterinária, Ciências Biológicas e dos mestrados em Ecologia de Ecossistemas, Ciência Animal e Ciências Farmacêuticas esclareceram dúvidas dos visitantes e forneceram informações para despertar a sustentabilidade.
Do Pantanal via twitter
Cuidados com o Coração
As atividades e os deslocamentos da última edição do curso de Ecologia de Campo no Pantanal puderam ser acompanhados via mídias sociais, por meio do sistema de localização SPOT, que é novidade no Brasil. Quem ficou por aqui, recebeu notícia dos professores Charles Duca, Fabrício Saleme, Levy Gomes, Marcelo Renan, João Rossi e Werther Krohling e dos alunos dos cursos de Ciências Biológicas e Medicina Veterinária que participaram da expedição.
Exercício aeróbico pelos menos três vezes na semana, alimentação balanceada e qualidade de vida. O professor do curso de Farmácia João Vicente Franquini dá dicas de cuidados indispensáveis com o coração. Aliás, ele garante que a consciência de hábitos saudáveis deve começar cada vez mais cedo. Preocupado com os altos índices de obesidade na infância e adolescência, o coordenador do curso de Farmácia prepara um Projeto de Extensão que vai levar informação às crianças em escolas de Ensinos Fundamental e Médio. Ele garante que os pequenos se tornam agentes educadores e levam o que foi aprendido na escola para dentro de casa.
Cidadania O NEP vai fazer gratuitamente, o projeto arquitetônico de todas as Associações de Moradores de Vila Velha que necessitarem. Atendendo a um pedido do Conselho Comunitário Vila Velha (CCVV), que reúne as associações e movimentos populares da cidade, a arquiteta Roberta Toledo vai coordenar a iniciativa, que visa transformar as sedes em espaços agradáveis população.
Direito e Literatura Há três anos, o Projeto de Extensão Café, Direito e Literatura, coordenado pelo professor Nelson Camatta Moreira, faz uma abordagem interpretativa para a compreensão da realidade a partir de uma obra literária. Em encontros informais, numa livraria, Moreira já conversou com alunos sobre clássicos como “O Processo”, de Franz Kafka; “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, e “Macunaíma”, de Mário de Andrade. O trabalho já produz bons frutos: a aluna Silvana Queiroz, que apresenta um artigo no Conselho Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Direito, em coautoria com o professor, considera que os encontros preparam-na para enfrentar questões éticas e morais não retratadas nos manuais de Direito.
Lá Lorena Moreno, em Nuremberg, na região da Bavaria. A aluna de Administração está em intercâmbio na Alemanha, aproveitando a parceria que a UVV tem com a Universidade de Deggendorf.
A propósito A delegação norueguesa em visita à UVV para participar do 3º Workshop em Tecnologia de Petróleo e Gás, realizado pelo curso de Engenharia de Petróleo, era composta por 30 alunos e três professores da Bergen University.
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Cá Os noruegueses da Bergen University College cursam um semestre acadêmico no curso de Engenharia de Petróleo da UVV. Camilla Saelle, Helena Jazwik Tveraabak, Henrik Nygaard e Roar Liseth Færø.
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CAPA ESPE
Em busca de
Todos os anos, milhares de pessoas são obrigadas a deixar o país de orig Natasha Siviero
“Estou preso no Brasil. Queria ver minha família. Minha mãe morreu sem que eu pudesse vê-la, meu pai também. Agora temo nunca mais ver meus irmãos”, refugiado palestino.
Tom Hanks, no filme “O Terminal”, viveu Viktor Navorski, preso no Aeroporto John F. Kennedy, em Nova Iorque, quando uma revolução que extinguiu seu país o deixou sem passaporte e sem pátria. O morador de Vitória, X – que não pode ter seu nome divulgado por questões de segurança – vive uma situação bem semelhante. Ex-integrante da Organização pela Libertação da Palestina (OLP), ele foi expulso do territótio quando as forças militares israelenses ocuparam o local, aos 23 anos. Ele deveria voltar em cinco anos. “Mas eu não ia voltar podendo ser preso ou morto. Na ocupação militar, podem prender a qualquer hora, podem matar por engano”, conta. A professora do curso de Relações Internacionais da UVV, Viviane Mozine, explica que a Palestina não é considerada um Estado por estar em ocupação militar sem leis definidas, por isso, X é considerado um apátrida. Hoje, aos 50, sem país para retornar, ele também não pode viver no Brasil. X fala mais de quatro idiomas, tem curso superior e um currículo invejável, mas não exerce a profissão, pois seus documentos estão retidos na Polícia Federal. “Ele pode ser preso a qualquer momento. A legislação brasileira não prevê os direitos de apátridas. Ele está no limbo”, comenta a professora Viviane Mozine, coordenadora do Núcleo de Refugiados da UVV (Nuares). O Nuares é o único Núcleo que atende a refugiados no Espírito Santo e hoje ajuda mais de 20 pessoas em situação de refúgio. No Brasil, existem cerca de 4 mil pessoas que não podem voltar aos seus países por diferentes motivos. São refugiados de 75 nacionalidades diferentes, sendo que 65% deles vêm de países africanos.
Para o professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Marco Mondaini, a população brasileira, apesar de ser reconhecida mundialmente como acolhedora, desconhece os conceitos envolvidos na situação de refúgio. Ele comenta que há um sentimento de medo e isso pode ser mudado através da educação e da produção de conteúdo informativo. O refugiado colombiano, Davi Facundo, disse que, mesmo com todo o desconhecimento da situação, foi muito bem recebido no Brasil e aprendeu a amar o povo brasileiro. “É triste ter de abandonar o nosso país, deixar para trás uma vida. E a recepção no Brasil amenizou esse sentimento. Isso é fantástico”, comenta. O jornalista Fernando Gabeira, que esteve na UVV para participar do II Seminário Nacional Cátedra Sérgio Vieira de Melo, destacou a importância do Brasil entre os países que recebem refugiados. Para ele, o acolhimento do povo brasileiro favorece a política internacional do país. “Somos uma potência em acolhimento de imigrantes voluntários ou não. Nosso país tem um potencial maior do que todos os outros países e isso nos deixa em uma posição importante perante o mundo”, ressaltou o jornalista, que viveu dez anos como refugiado, retornando ao Brasil em 1979 com a anistia política.
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A Vida de um Apátrida X conta que foi enganado diversas vezes quando chegou ao Brasil, expulso da Palestina. Sem falar português, ele contratou um advogado para regularizar sua situação, mas o que recebeu foi uma falsa certidão, como se ele fosse brasileiro. “Como é que
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eu ia encontrar alguém que falasse inglês no interior do Rio Grande do Sul, naquela época?”, comenta. Ele vive no Brasil há 26 anos, é casado com uma brasileira e se viu de novo em uma situação crítica quando foi tirar passaporte. “Pelas digitais, a Polícia Federal percebeu que o X brasileiro, na verdade, é palestino. Agora estou de novo sem país”, comenta. Com a carteira de trabalho retida, X vive de economias e do salário da esposa. “Estou vivendo e não vivendo”, desabafa. “Corro o risco de não receber aposentadoria depois de ter contribuído por quase 30 anos”, conta. O coordenador do Núcleo de Práticas Jurídicas da UVV (Nuprajur), Rodrigo Aurélio, que atendeu o apátrida, comenta que há uma carência na legislação quanto à tutela jurídica do apátrida. “Ele não pode se naturalizar, pois viveu com documentos falsos. A situação dele é muito peculiar e ele pode ser preso a qualquer momento”, revela. “Estou preso no Brasil. Queria ver minha família. Minha mãe morreu sem que eu pudesse vê-la, meu pai também. Agora temo nunca mais ver meus irmãos”, desabafa. “Essa situação está me consumindo, recebo ofertas de trabalho fora do Brasil e não posso aceitar. Estou vivendo como uma pessoa sem presente e sem futuro. Como faço para começar de novo aos 50?”, questiona-se. A coordenadora do Nuares, Viviane Mozine, conta que, nos oito anos de funcionamento, o Núcleo nunca atendeu a um caso tão difícil quanto o dele. “Estamos estudando o caso dele, que é uma situação de angústia muito grande. Não tem país para voltar, não pode ficar no Brasil, e também não tem direito a nada. O ideal
CIAL
e uma pátria
gem e se refugiarem em outras nações em busca de perspectivas de vida
Refúgio no Brasil e no Mundo No mundo, existem cerca de 15 milhões de refugiados, segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU). Todos os anos, milhares de pessoas são forçadas a abandonar seus países de origem, devido a guerras, conflitos armados, perseguições religiosas ou por motivo de nacionalidade, raça, grupo social ou opinião política. Aproximadamente 80% vivem em países em desenvolvimento. Há 60 anos, a ONU criou um órgão responsável pelos refugiados no mundo.
As Nações Unidas atribuíram ao ACNUR (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) o mandato de conduzir e coordenar ações internacionais para proteção dos refugiados e a busca por soluções duradouras para seus problemas. A principal missão do ACNUR é assegurar os direitos e o bem-estar dos refugiados. Para discutir ações relacionadas ao acolhimento dos refugiados no Brasil, foi realizado, pelo Núcleo de Apoio aos Refugiados no Espírito Santo (Nuares), nos dias 13 e 14 de Junho, o II Seminário Nacional Cátedra Sérgio Vieira de Mello. A proposta do evento foi fomentar a discussão e a produção de conteúdos sobre a situação de refúgio. Durante a programação do evento, foram realizadas mesas redondas com pesquisadores e representantes de órgãos de direitos humanos, além de Campanhas que trouxeram para UVV uma tenda como as usadas em acampamentos de refugiados e a iniciativa “Calce os sapatos dos refugiados”, que é
realizada em todo o mundo, convidando os participantes à imersão na causa. Entre os convidados, o seminário recebeu o jornalista Fernando Gabeira, que falou sobre a relação da mídia e o refugiado no Brasil e no mundo. “O jornalismo é hoje o grande fator para pressionar o governo e mobilizar a sociedade, justamente porque a imprensa está nos lugares de guerra. Os fotógrafos têm um papel de cronista de guerra. Eles apresentam a situação do conflito de forma impactante”, ressaltou Gabeira. Pelas experiências relatadas pelas universidades participantes da mesa, é possível verificar que a questão dos refugiados tem sido pauta frequente nas instituições de ensino superior. Através de ações afirmativas, as instituições colocam à disposição dos estrangeiros, com título de refúgio, instrumentos de integração social como projetos e programas voltados à integração social dos refugiados. E, cada vez mais, as instituições sentem a necessidade de pensar formas de acolher os refugiados.
Quem é considerado refugiado?
Que órgão concede o título de refugiado?
Toda pessoa que – com medo de sofrer perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, por pertencer a determinado grupo social e por suas opiniões políticas – encontre-se fora do seu país de origem e não possa ou, por causa do medo, não queira recorrer à proteção de seu país. Ou que – carecendo de nacionalidade e estando em consequência de tais acontecimentos, fora do país onde teve sua residência habitual – não possa ou, por causa do medo, não queira retornar ao país de origem.
O Comitê Nacional para Refugiados (Conare). É o organismo público responsável por receber as solicitações de refúgio, e determinar se os solicitantes reúnem as condições necessárias para serem reconhecidos como refugiados. É uma comissão interministerial sob o âmbito do Ministério da Justiça. O Conare libera para as pessoas que conhece como refugiados a documentação que lhes permite residir legalmente no país, trabalhar e ter acesso a serviços públicos, tais como saúde, educação, etc.
“Somos uma potência em acolhimento de imigrantes voluntários ou não. E isso nos coloca em uma posição importante perante o mundo”, Fernando Gabeira.
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seria que conseguíssemos recuperar os anos de trabalho dele, mas ele trabalhou como um falso brasileiro”, explica. A professora explica ainda que, neste caso, X só teria seus direitos reconhecidos se o presidente o concedesse asilo político. “Ainda estamos em estudo para saber como será a melhor forma para encaminhar ao Ministério da Justiça; se como solicitação de refúgio ou apátrida”, afirma.
Fonte: www.nuares.wordpress.com
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DE BEM COM A VIDA INTERAÇÃO
Transformadas nelas mesmas “Fim do Expediente” é o nome do Projeto de Extensão que valoriza a beleza e a identidade das mulheres da equipe de limpeza Paula Maria “Certo dia, encontrei Valdirene aqui na UVV e não a reconheci. Com uma roupa bem diferente do uniforme da equipe de limpeza e toda produzida, nem parecia a Valdirene que conheço. Ela disse que estava transformada nela mesma, o que me fez refletir: como fotógrafa, como eu poderia contribuir para valorizar a beleza e a autoestima das mulheres?”, conta a professora de fotografia Elizabeth Nader. O resultado da indagação de Beth é o Projeto de Extensão “Fim do Expediente”. A equipe do ComunicaComFoto produz e fotografa as funcionárias da equipe de limpeza que presta serviços à UVV, como Valdirene Reis e Olga da Silva Santana. As fotos serão transformadas em um book e depois em uma
A pose de Valdirene Reis
exposição. Usando uma calça jeans, blusa preta, cinto e colar como acessórios, batom, blush e sombra, Olga se
Olga Santana de bem com a vida
dedica nas poses para o seu book. “Quando estou aqui, me sinto relaxada. Esqueço o trabalho, problemas e tudo mais”, conta Olga, toda sorridente. Quem também está feliz com a experiência é a estudante do 5° período de Publicidade e Propaganda Camila Côrrea. “Desde que a
Making of do projeto
professora Beth me convidou, toda empolgada, gostei muito da ideia. É gratificante saber que estamos ajudando as pessoas a se sentirem melhor, mais valorizadas”, comenta. Cerca de 30 funcionárias serão clicadas por alunos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda. “Aqui a gente faz um pouquinho de cada coisa: montamos o cenário, fazemos a maquiagem, damos as dicas para poses, e claro, fotografamos.”, conta Karen Mazzoli, do 7° período de Jornalismo.
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Para Beth Nader, esse projeto, que tem apoio da UVV e da empresa que presta o serviço de limpeza terceirizado, é uma boa forma de integração, além de ser uma oportunidade para os alunos exercitarem a produção fotográfica em estúdio.
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Alunos de fotografia produzem Jocilane Rubert
TALENTOS TEATRO
“Essas trocas de impressões possibilitam um momento oportuno de compreensão e valorização do texto teatral”, Ivana Esteves.
Quartas Dramáticas
Curso de Artes Cênicas sobe ao palco para leituras e debate de obras clássicas
O primeiro semestre do curso de Artes Cênicas foi muito produtivo. E uma das atividades que tem atraído a atenção de quem gosta de teatro é o projeto “Quartas Dramáticas”, realizado às quartas-feiras, no Anfiteatro da UVV. É o primeiro projeto de interação do curso com a sociedade capixaba. As Quartas Dramáticas acontecem em datas específicas e a divulgação do calendário é feito no site www.uvv.br. A entrada é gratuita. O evento consiste na leitura encenada de textos de autores diversos da história da dramaturgia, envolvendo cenário, luz, som e elenco. As leituras são realizadas por alunos do curso de Artes Cênicas, que já são profissionais de referências do teatro no Espírito Santo: Maurício Silva, Inácia Freitas, Mauro Pinheiro, Anderson Lima, Tadeu Schneider e Adalgisa Rosa, que dividem o palco com iniciantes. Artistas cênicos capixabas foram convidados para apresentar a obra do ator e mediar o debate. Nomes como Luiz Tadeu Teixeira, Colette Dantas, Renato Saudino, Erlon Paschoal, Fernando Marques, José Augusto Loureiro, Marcelo Ferreira e Leandro Bacelar participaram do projeto. Ao final de cada apresentação, é realizado um debate sobre o texto e também sobre a realização de uma leitura teatral em público. “O objetivo é promover uma integração do curso com o mercado numa proposta de suscitar debates sobre as artes cênicas (teatro, dança, ópera e circo) e abarcar as outras formas de expressão artística,
já que, ao final de cada leitura cênica, há um momento de troca de experiência com a plateia, envolvendo ator, diretor, iluminador, figurinista, produtor”, comenta a produtora cultural e coordenadora do curso de Artes Cênicas da UVV, Ivana Esteves “Essas trocas de impressões possibilitam um momento oportuno de compreensão e valorização do texto teatral”, ressalta Ivana. Obras como “A casa de Bernarda Alba”, de Frederico Garcia Lorca; “Qual é a sua canção”, de Luciano Lippi; “O rinoceronte”, de Eugène Ionesco; “Viúva, porém honesta”, de Nelson Rodrigues; “Quando as máquinas param”, de Plínio Marcos; “O santo inquérito”, de Dias Gomes; e “Ubu Rei”, de Alfred Jarry, foram lidas e debatidas na primeira fase do projeto. “No segundo semestre, o projeto retorna com mais obras interessantes e de autores consagrados”, destaca a coordenadora do curso, Ivana Esteves.
Experiência Uma das obras da leitura dramática foi “Qual é a sua canção”, de Luciano Lippi. A direção da leitura ficou por conta do aluno Mauro Pinheiro e a interpretação foi feita pelos alunos Anderson Lima, Gabriela Saadi e Tadeu Schneider. O texto trata dos três poderes sociais – religioso, bélico e mídia – em um momento de reflexão sobre suas condutas. Em consenso, os poderes – personificados em um padre, uma jornalista e um dono de terras – acreditam que a solução para amenizar seus erros é encontrar, cada um, sua própria identidade, sua própria canção.
No decorrer do texto, os personagens confessam desvios de conduta e querem a redenção, pois não desejam mais continuar com aquele tipo de vida. As indagações do texto são: será que a sociedade sobreviveria sem os três poderes? E o que a sociedade espera de cada um deles? No final do texto, os personagens encontram suas canções e, assim, podem se libertar da tortura interna em que viviam. Para a coordenadora do curso de Artes Cênicas da UVV, Ivana Esteves, o exercício, além de aproximar o aluno dos textos clássicos, leva ao público belas obras que talvez não sejam trabalhadas como espetáculo. O aluno Anderson Lima – um dos atores da dramatização – aprovou a dinâmica do projeto. “Esse tipo de exercício é fundamental para o ator e nos aproxima cada vez mais do público e dos autores”, comenta Anderson.
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(Simone Patrocínio)
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OPINIÃO BIBLIOTECA
Leitura: atividade fundamental a todos os indivíduos
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comunicação, mas também o uso mais efetivo dos Ler é reconhecer palavras, decodificá-las, em outro materiais da unidade de informação; [...] ele realmente sentido, construir uma concepção de mundo através estará contribuindo para a divulgação de materiais que da leitura. Numa visão mais ampla, essa atividade levam ao conhecimento”. é essencial a qualquer área do conhecimento, pois Nesse sentido, preocupada em fomentar o incentivo amplia novos horizontes e nos transporta ao mundo da à leitura de forma ampla a seus usuários, a biblioteca imaginação, trazendo diferentes sensibilidades, valores realizou uma pesquisa sobre o hábito da leitura com os e comportamentos quando mergulhamos em universos calouros dos 1º e 2º semestres de 2010. desconhecidos como o da literatura. Esse estudo foi realizado durante as A leitura que, em suas origens, “Ninguém nasce visitas orientadas oferecidas pela era individual e reflexiva, passou Biblioteca Central nos meses de a ser dinâmica e lucrativa. Com sabendo ler: março e agosto, onde distribuímos as tecnologias da informação, o aprende-se a ler um questionário constituído de três interesse pela leitura de livros tem perguntas que buscavam identificar, sido substituído por outras mídias e à medida que se vive.” principalmente, quem tinha o hábito recursos que incentivam, sobretudo, Marisa Lajolo de leitura, quantos livros costumavam o consumo, resultando nos jovens ler durante o ano e que tipo de um vocabulário cada vez mais pobre. literatura era de seu interesse. No entanto, nossa experiência como Do total de 886 questionários distribuídos, 72,5% profissionais da informação demonstra que, muitas vezes, responderam que têm o hábito de ler; 25,5% não leem é possível ultrapassar esses obstáculos e fomentar, junto nenhum tipo de literatura e 2% não responderam ao aos nossos usuários, um clima de frequente busca pelo questionário. No que se refere à quantidade de livros livro e uma relação agradável e prazerosa com a leitura. que costumam ler por ano, 35% leem de 1 a 2 livros por Segundo Barros (2003, p.45) “o bibliotecário deve ano; 31% de 3 a 5 livros; 16,5% costumam ler de 5 a estar empenhado em estimular não só as possibilidades 10 livros e 17,5% não leem nenhuma literatura durante geradas pelas novas tecnologias de informação e de
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o ano. Quanto ao tipo de literatura que costumam ler, observamos que os calouros possuem estilos literários bem variados, tais como: romance, ficção, jornais, revistas, áreas específicas de estudo, autoajuda e outros. Essas informações demonstram que, há demanda por parte dos alunos na busca pela leitura, seja ela literária ou não, por isso a Biblioteca Central continua a trabalhar no incentivo à leitura, disseminando a cultura literária de forma abrangente a nossos usuários com o Programa de Incentivo à leitura “Ler é Lazer”, projeto criado em 2007 cujo objetivo é divulgar os livros existentes no acervo da Biblioteca e incentivar o hábito da leitura. Atualmente, o Programa “Ler é Lazer” aborda temas diversos, tais como mulher, livros, homossexualidade, trabalhadores, negros, entre outros, no intuito de despertar nos usuários um senso crítico mais apurado. O importante é frisar que a prática da leitura deve ocorrer num espaço de liberdade e de prazer, sem obrigação, pois essa imposição cria no leitor uma aversão em relação à leitura. Sabemos que a leitura literária é fundamental, não apenas para aqueles que almejam participar de uma produção cultural, mas para todos os indivíduos. Danielly Crystine Peixoto Bibliotecária