Revista Uzzo

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Ano I


uzzo Editor | Idealizador Rodolfo Capuzzo

Ilustrações

Rodolfo Capuzzo

Jornalista responsável Rodolfo Capuzzo

Revisão

Guilherme Leite Fabiana Reis

Conselho Editorial Patrícia Amorim

Direção de Arte Patrícia Amorim

Agradecimentos:

Cibele Perillo, Godiva, Manoela Bianchi, Rafa Ferrugem, Fábio Guedes, Mila Naves, Ju Maiden, Soraya Diniz, Cristina Pereira, Américo Filho, Fabiana Reis, Guilherme Leite, Tássio Paiva, Ricardo Capuzzo, Tainã, Raquel Temporal, Philipe Camarão, Catarina e principalmente; Patrícia Amorim

Ano I Dezembro 2009



conteúdo Editorial Design e Emoção O homem do século Exposição Vertigem - Os gêmeos Niemeyer - O gênio da emoção Entrevista Fábio Guedes Intervenções Literatura & Emoção Expediente

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editorial Foi com grande alegria, e porque não receio, que aceitei o convite para escrever este editorial. Todas as emoções se dão pelo mesmo motivo: primeira edição! Alegria porque tive a oportunidade de acompanhar a gestação deste projeto, e agora assisto ao seu esperado nascimento. Receio, devido à grande responsabilidade de abrir uma revista elegante como a uzzo. Nesta primeira edição, a revista nos presenteia com uma série de matérias que nos transporta para uma prazerosa atmosfera cultural na qual desejamos nos manter imersos. Para abrir a edição, apresenta-nos o designer, professor, mestre e doutor Alexandre Amorim sob um novo ângulo, abordando a “estreita” relação entre emoção e design. A seguir, nos deparamos com o importante trabalho desenvolvido pelo japonês Issey Miyake, onde este recorre à reciclagem de modo criativo para propagar consciência ecológica. Mais adiante, assistimos ao percurso do editor Rodolfo Capuzzo, que nos apresenta uma série de matérias interessantes, tais como: a vertigem dos irmãos, artistas plásticos e grafiteiros “osgêmeos”, que com tamanha sensibilidade conseguem emocionar e divertir visitantes dos renomados museus pelo mundo a fora através de suas obras primas; o gênio da arquitetura contemporânea Oscar Niemeyer e uma interessante entrevista com Fábio Guedes, artista plástico e estudante de arquitetura & urbanismo, que opina acerca do tema Arquitetura e Emoção e fala a respeito da sua participação na Mostra de interiores AMBIENTAR 2009, a qual foi destaque. E para finalizar, temos um momento Literatura & Emoção para imaginações férteis. Enfim, leitor; regozije da revista tudo o que ela pode lhe proporcionar, porque tenho a consciência de que ela foi feita com muito carinho, dedicação, suor e afinco pela equipe de um só membro, Rodolfo Capuzzo, que, por completo dedicou todo o seu talento como jornalista, editor, designer e ilustrador para você se divertir e, acima de tudo; adquirir conhecimento...Bom uzzo! Fabiana Reis


DESIGN E EMOÇÃO

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Uma fronteira que nunca existiu


por Alexandre Amorim

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s máquinas que nos levaram à revolução das comunicações e interatividade representam um desafio à compreensão do que é forma e do que é função. A função em um microcomputador não está em sua configuração física. Sua forma não passa de uma intencional ponte entre nossa mente abstrata e um software também abstrato. Nossos organismos sensoriais (analógicos) relacionam-se com os periféricos analógicos da máquina, possibilitando uma relação final muito mais proveitosa e direta em um meio “digital”: o da mente e dos softwares. Nesse meio de ampla abstração, nem o mais cartesiano raciocínio poderá negar a função de elementos como a semântica e a simbologia.Portanto, integrar conceitos abstratos ao mundo funcional faz muito sentido. Nós, como designers, já sabíamos disso desde os tempos das máquinas de escrever, mas infelizmente tínhamos alguma dificuldade de expressar estas relações. Muito se tem estudado a respeito do relacionamento humano com os objetos, tema de especial interesse para o setor do design industrial, em assunto onde a psicologia tem efetuado grandes conquistas. A gestalt, por exemplo, foi e é muito aplicada no momento em que são necessárias definições morfológicas em artefatos. Mas, e quanto aos materiais de que os objetos são feitos?

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A Evolução Tecnológica Neste campo, historicamente, os mais significativos esforços científicos e tecnológicos provêm da química e da física, estudados amplamente pela ciência dos materiais, responsável pelo desenvolvimento de mais e melhores materiais, impulsionadores de invenções e revoluções tecnológi


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cas. Ressalta-se que esses estudos são concentrados nos materiais em si, suas estruturas e propriedades. Entretanto, o relacionamento cognitivo humano com a matéria não tem sido objeto de estudo, talvez pelo caráter de obviedade com o qual o homem se entenda cotidianamente com a matéria. Assim, a ciência talvez tenha deixado escapar elementos significativos para o melhor entendimento do meio em que vivemos e nos desenvolvemos. Não fossem a Filosofia e as Artes, pouco teríamos a falar sobre a relação entre o homem e a matéria. A forma como a espécie humana se desenvolveu levou a um momento evolutivo que se caracteriza por seu maior atributo: a inteligência. E essa inteligência não está em uma determinada capacidade imaterial, abstrata,

divina ou espiritual, mas na capacidade cerebral do processamento de informações. Porém, para que haja o ato de processar, é necessário que inicialmente estejam disponíveis informações passíveis de processamento. E, na medida em que nossos ancestrais hominídeos desenvolviam-se, o faziam por relacionarem-se com o meio, com objetos naturais e com materiais de origem mineral, vegetal e animal, onde encontravam informações para processar, evoluir e pensar. A proposta de Charles Darwin - a teoria da seleção natural - não deixa margem a dúvidas de que a espécie humana moderna evoluiu a partir de outras espécies, nos últimos três milhões de anos, trilhando um caminho iniciado por um primata, passando por primatas antropóides e chegando aos hominídeos. Desde então, observa-se o aumento do

volume do cérebro, o uso de ferramentas e tecnologias como o fogo, a construção de abrigos e a cultura simbólica. Surgem a linguagem falada complexa, a construção de ferramentas e as vestimentas. Com o Homo sapiens sapiens (homem moderno) surgem as representações simbólicas, as artes, os adornos corporais, as armas de guerra, a medicina, o ato de domesticar animais, a agricultura, as crenças espirituais, os ritos funerais e as superstições. Atualmente, a realidade consiste em comunicações e mensagens que, em boa parte, se apresentam de um modo imaterial. A informação versus a matéria representa a autêntica troca paradigmática ocasionada pela micro-eletrônica. A transição da matéria à linguagem e também, em conseqüência, sua visualização, caracteriza a evolução aqui exposta pelas reflexões teóricas do design, como, por exemplo, a


meio de programas diversos. No âmbito da construção de máquinas, cresce constantemente a importância do software para controlá-las. Disso resulta que, a cada dia, é mais natural dotar as máquinas com processos de controle ou operação efetuados por computador. Deste modo, a capacidade da máquina reside cada vez mais em seu programa, ou seja, no software. Pense diferente A desmaterialização significa, de qualquer modo, a atual sucessiva redução do volume dos aparelhos eletrônicos em razão do desenvolvimento tecnológico, além da inquestionável transferência da “alma” destes produtos ao software. Em design industrial, qualquer outra acepção à imaterialidade é meramente utópica. O lema da Apple, fabricante dos micro-

computadores Macintosh - “não tente você converter-se em máquina” - redirecionou o design de hardware para o design de interface, fato que, por muitos anos, lhe garantiu a preferência dos consumidores. Atualmente, não se pode estranhar o fato de um fabricante de softwares específicos para microcomputadores, a Microsoft, faturar mais do que qualquer fabricante de hardwares no mesmo segmento mercadológico. Não se pode, contudo, apesar de toda a importância dos softwares, prescindir do hardware. Todos os sentidos humanos, responsáveis pela iniciação de todas as espécies de interações, são de natureza física e química, portanto materiais. E vemos a mesma Apple inovar no uso de materiais no design de hardware quando do lançamento da linha “iMac”, inserindo um novo lema: “pense diferente”. uzzo uzzo| |99

de uma teoria comunicativa do produto. A função dos produtos, a cada dia mais imaterial, é definida pelo software. O mannejo dos produtos poderia ser muito evidente na era da mecânica e da eletricidade. A ergonomia ocupava-se especialmente das interações físicas entre homem e máquina e, assim, estabelecia as dimensões dos produtos. A forma nascia da visualização da função. Este procedimento em design perdeu parte de seu destaque com a introdução da microeletrônica em muitas classes de produtos, dado que a verdadeira “forma de trabalhar” já não pode mais ser tão aparente em muitos artefatos industrializados. Os micro computadores representam, por exemplo, uma nova geração de máquinas que não foram produzidas para um fim específico. Pelo contrário, estão em situação de executar atividades diversas por


A forma material é determinada não apenas pelas propriedades físicas do material, mas também pelo estilo de representação de uma cultura. Entretanto, valores semânticos e simbólicos passam pela escolha adequada dos materiais. Com relação à indústria automobilística, é interessante notar que todos os logotipos de carros alemães (Audi, BMW, Mercedes-Benz e Volkswagen) possuem anéis de aço como forma característica. O anel de aço representa integridade, força e qualidade, refletindo as qualidades funcionais deste setor industrial alemão.É importante salientar, segundo consenso de vários autores, que o design, como área de conhecimento, tem como seu principal objeto de estudo o homem e suas relações perceptivas, estando - pela peculiar abstração da mente e dos sentimentos humanos - além da quantificação objetiva de seus elementos de análise para a proposição de soluções a problemas produtivos dados, e muito mais aproximado das questões subjetivas e abstratas que envolvem todas as interações humanas.

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Saiba diferenciar Portanto, em design não se pode tratar os materiais apenas por suas propriedades

quantitativas físico-químicas. Tal procedimento não considera aspectos importantes das relações usuário/produto. Propriedades dos materiais que satisfaçam adequadamente requisitos subjetivos de projeto, e por isso qualitativos, podem ser encontradas em áreas como a estética, a semiótica, a psicologia da arte e a ergonomia cognitiva. Postulando ser muito difícil determinar um ramo da ciência que possua referenciais que o dotem de um privilégio da certeza, é preciso considerar no design sua natureza de “complexidade organizada”, incluindo incontáveis fatores variáveis relacionados em um conjunto orgânico. É preciso contar com a subjetividade das idéias, do conhecimento e da criação. Homem,Produto e Você Atualmente, crescem as relações virtuais humanas. Mas se são virtuais, as são por serem potenciais, suscetíveis de realização, e isto se dá pela materialidade dos meios perceptíveis utilizados. Qualquer novo pressuposto filosófico acerca da interface homem/produto que possa ter surgido com a difusão da tecnologia micro-eletrônica, não capacita, mesmo metaforicamente, a imaterialidade como

mantenedora das relações do homem com seu ambiente. O desconhecimento de aspectos menos objetivos que permeiem as relações entre o homem e os materiais, não pode ser utilizado para descartar sua existência ou, pior, para evitar seu estudo ou abandonar sua consideração. Não se deve creditar as práticas bem sucedidas em design ao mero talento criativo, mas, conscientemente, ao acaso ou ao conhecimento de todos os fatores que possam interferir nas interações com o objeto. Assim, mesmo ainda não tendo sido ampla e seriamente estudado o estabelecimento de propriedades subjetivas para os materiais - apesar de algumas equivocadas tentativas do passado recente -, a não quantificação destas propriedades não implica em sua inexistência; melhor, nos direciona para outros campos do conhecimento que evoluem e tomam corpo teórico substancialmente capaz de nos desvelar os novos rumos para tal compreensão.

Alexandre Amorim dos Reis Designer Industrial FUMA/UEMG Mestre em Engenharia de Materiais UFOP/UEMG/CETEC Doutor em Engenharia de Produção UFSC Professor do Curso de Desenho Industrial UDESC alexandre@udesc.br


www.vivara.com.br

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VIVARA


capa

O homem do século O grande Issey Miyake é quem dirige a exposição “XXIST CENTURY MAN”, na galeria do museu 21_21 DESIGN SIGHT. Junto com artistas convidados, ele se arrisca a antever o homem deste século e o que vem se delineando no mundo

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Por Gustavo Inafuku


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a década de 1910, Maiakóvski e seus companheiros futuristas cantavam odes ao futuro sob o som das máquinas e dos roncos dos motores. Imaginavam que a nova era que então se iniciava com violentas transformações no modo de produção mudaria o mundo. O que de fato aconteceu, mas não do modo como sonhavam. Um século depois do fim desse movimento de arte (e vida), surgem em Tóquio as 11 obras reunidas por Issey Miyake que demonstram claras preocupações ecológicas: aludem a problemas de desgaste dos recursos naturais, utilizando materiais descartados pela indústria. Cada obra discute como o homem se relaciona, hoje e amanhã, com a natureza, com a sociedade e consigo mesmo. O porvir, aliás, é de importância vital não apenas para essa mostra, mas também para as concepções da galeria em que ocorre. A 21_21 DSIGN SIGHT foi inicialmente planejada como espaço museológico mutante, para permitir troca de informações e idéias acerca do design em toda sua abrangência, envolvendo criadores, produtores e consumidores nessa reflexão. Assim, o local desenvolve novas formas de pensamento em direção ao futuro. A proposta foi incorporada de imediato por Issey Miyake. O estilista contatou o arquiteto Tadao Ando para projetar o prédio que hoje abriga a instituição. Entre empenas de concreto e panos de vidro, a geometria se materializa. Ali se reúnem indivíduos e suas criações de posicionamento crítico diante da indústria, numa visão bastante distinta daquela vislumbrada pelos futuristas do começo do século XX. A mostra é signficativa para também propor questionamentos sobre o futuro, em um momento histórico tão imediatista. Certamente será lembrada daqui a cem anos como um dos marcos do período histórico que agora se inicia.


Arte & Emoção

Exposição

VERTIGEM

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A exposição “Vertigem”, dos artistas plásticos e grafiteiros Os Gêmeos, que já aconteceu no Rio de Janeiro e Curitiba, estreiou em São Paulo no dia 25 de Outubro e vai até 13 de Dezembro no MAB - Museu de Arte Brasileira da FAAP


Gêmeos idênticos, aos 35 anos, única instalação, na qual OsGemeos Gustavo e Otavio têm o hábito de mostram por que são hoje reconhecifalar quase ao mesmo tempo, um dos como importantes nomes da arte completando a frase contemporânea brasileira. do outro. Registrar Ao redor de toda a parede do espaço circular do Museu da “Com o tempo, quem diz o quê duFAAP, OsGemeos colocaram a gente viu que rante uma entrevista é um exercício comdiferentes trabalhos, de distinpodia juntar plicado, que eles tas fases, um ao lado do outro, tudo, como se próprios consideram formando um grande e caótico desnecessário. “Colopainel. Há telas de todos os ta- fossem janelas. ca que foi OsGemeos manhos, algumas fotos, além de Uma vertigem que falou”, dizem. uma pintura feita diretamente mesmo” O conhecido na parede do espaço. O ambitraço dos Gêmeos, ente se completa com quatro esboçado inicialmente nas paredes grandes esculturas em madeira, pendas ruas de São Paulo e hoje em etráveis, espalhadas pela sala. exibição em galerias e museus do “Com o tempo, a gente viu que mundo todo, reproduz muito do podia juntar tudo”, diz um deles. olhar sensível dos artistas para per“Como se fossem janelas”, comenta o sonagens “invisíveis” que trafegam outro. “Uma vertigem mesmo”.

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om uma agenda repleta de atividades, o que inclui exibições programadas para Milão e Lisboa no início de 2010, OsGemeos inauguraram dia 25 de outubro esta importante exposição individual “Vertigem” no Museu da FAAP, em São Paulo. Trata-se de uma versão da mostra que teve início em outubro do ano passado, em Curitiba, no Museu Oscar Niemeyer, e de lá seguiu, em março deste ano, para o CCBB, no Rio de Janeiro. Quem viu as duas primeiras versões terá dificuldades em reconhecer a que abre agora em São Paulo. Neste período de um ano, “Vertigem” foi incorporando novos elementos até se transformar numa

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por Mauricio Stycer


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Arte & Emoção

crianças, isso é normal. Tomara que seja legal também para os adultos”. “Vertigem” fica em exibição em São Paulo até o próximo dia 13 de dezembro. Nas próximas duas semanas, um outro trabalho da dupla, o cartaz e a vinheta de abertura da 33ª Mostra de Cinema de São Paulo, estará à vista de todos os paulistanos. E nos dias 12 e 13 de novembro, Gustavo e Otavio Pandolfo vão participar de uma performance no Vale do Anhangabaú, na fase de encerramento das atividades do Ano da França no Brasil.

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Museu de Arte Brasileira da FAAP (R. Alagoas, 903 Higienópolis SP) Horários: de 3ª a 6ª feira, das 10h às 20h Sábados e domingos, das 10h às 17h Entrada Gratuita Mais informações: (11) 3662-7198 www.faap.br

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pelas grandes cidades, desenhados com a arte. “Todo mundo tem isso com um humor quase juvenil. dentro, mas não conhece a portinha, “A rua é uma escola”, diz um. que abre. Entende?” “A gente vem da rua”, diz o outro. falam da função do sonho nos tra“Muita gente se identifica balhos mais recentes. com o que a gente faz. Inter- “Muita gente se Ambos contam que fere, brinca com os personatem desenhado ao identifica com amanhecer, logo degens, dá nomes a eles”. O nome da exposição, o que a gente pois de acordarem, “Vertigem”, explicam, fala faz. Interfere, para registrar as lemda ambição de OsGemeos de brinca com os branças e sensações provocar esse tipo de sensação personagens, dá da noite. no público, dentro de um muUma das esculturas nomes a eles” seu. “Sonhar, sorrir, se as pesna FAAP é um busto soas puderem ficar bem, pra gigante montado sogente já está legal”, dizem. “Mexer bre um Citroen, com a cabeça e o com os sentidos das pessoas: essa peito abertos. “Abra o seu peito para é a função da arte. Se a gente conas pessoas. Abra a cabeça”, dizem Ossegue isso, já vale a pena”. Gemeos. Os artistas não têm dúvida Na visão dos artistas, todo munque as crianças vão se divertir na exdo precisa, e pode, se emocionar posição, mas querem mais. “Para as


Arquitetura & Emoção

Niemeyer o gênio da emoção

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por Rodolfo Capuzzo

ão há quem duvide que o arquiteto Oscar Niemeyer seja um dos únicos, senão o único brasileiro ainda lembrado no século 30. Gênio na forma e na proporção, seus projetos trazem emoção, beleza e suavidade. A função, tão criticada, talvez peque em seus projetos pelos avanços que a tecnologia para ambientes não acompanhava à época. Recursos como refrigeração e ventilação, por exemplo eram escassos. Mas não foi e não é apenas um mestre da plástica, é um memorável arquiteto que transmite emoção em cada espaço que habita suas obras. Trabalhou com o conceituado arquiteto Suíço, Le Corbusier, no revolucionário desenho do edifício dos Ministérios da Saúde e da Educação brasileira, que ficou terminado em 1936. Entre muitos edifícios que

Niemeyer desenhou estão a Igreja de São Francisco, com uma estrutura tão radical que a sua consagração foi atrasada até 1959, embora a Igreja tivesse sido terminada em 1943. A originalidade e a imaginação que revelou nos seus trabalhos valeram-lhe uma reputação de líder da arquitetura moderna. Embora altamente variado, o seu trabalho inclui sempre um enorme espaço vazio integrado em formas muito invulgares. Altos edifícios suportados por pilares de betão ou aço caracterizam a obra do arquiteto. Niemeyer foi o mais importante desenhador dos edifícios do Estado de Brasília, a capital do Brasil. Os arquitetos da nova capital, Oscar Niemeyer e Lúcio Costa pretendiam construir uma cidade utópica. O desejo era “construir um urbanismo com luz, ar e sol, com a transparência do cristal e a lógica de uma equação”. A Catedral Metropolitana, ou Catedral de Brasília, é um dos imensos edifícios públicos desenhados pelo arquiteto nos anos 60 para a capital de Brasília.


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Catedral de BrasĂ­lia


Entrevista com

Fabio Guedes

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Destaque na Mostra de Interiores AMBIENTAR 2009, Fabio Guedes é estudante de Arquitetura & Urbanismo e nos conta quais são seus preceitos diante à Arquitetura & Emoção


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por Rodolfo Capuzzo Fabio Guedes Carvalho tem 23 anos, é artista plástico, graduando último período de Arquitetura e Urbanismo, e teve destaque na Mostra de interiores AMBIENTAR 2009 com um projeto inovador proposto para a ‘’Sala do jovem advogado’’. Para que nossos leitores entendam, conte-nos um pouco sobre do que se trata a Mostra AMBIENTAR 2009. Fabio Guedes: A Mostra de Interiores Ambientar ­ 2009 é um evento de Arquitetura, Design de Interiores, Decoração e Paisagismo que apresenta soluções inteligentes para quem quer morar bem, expõe produtos de uma diversidade de empresas, além de divulgar o talento de profissionais e estudantes. UZZO:

UZZO: Qual

foi o conceito do seu projeto? Estilos se mesclam propondo um espaço moderno com cores neutras e elementos clássicos, criando um ambiente sofisticado, aconchegante e funcional. A otimização do espaço ocorreu através da integração dos

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FG:

ambientes de estar, jantar e leitura onde foi disposta uma cadeira Luiz XV, exclusivo de antiquário.

home theater, apenas com um toque, agregando valores a automação, além de conforto e praticidade.

UZZO: Existem

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outros detalhes que gostaria de citar? FG: O projeto luminotécnico integra modernidade e tecnologia através da automação, criando vários cenários de iluminação, que podem ser controlados através de uma interface inusitada (cubo metálico com leds), responsável pelo controle de acionamento de iluminação e persiana. Com uma tela de tela touch screen temos uma central de armazenamento de dados, sons e imagens, na qual pode-se controlar toda os aparelhos de

Concorda que a arquitetura está ligada à emoção? FG: Como toda arte está ligada à emoção, a arquitetura não ficaria para trás, além de criar ambientes confortáveis, sustentáveis e de usabilidade, tem como objetivo provocar sensações únicas de emoção individual. Cada projeto tem que corresponder á expectativa de seu proprietário e causar essa emoção.


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UZZO: Quando o cliente entra no seu amExiste arquitetura sem emoção? FG: Sim. Assim como existe casamento sem biente decorado, o que ele deve sentir? FG: Em primeiro lugar a emoção, de estar amor... observando ambiente e objetos diferentes UZZO: Você pensa uma obra arquitetônide seu cotidiano, porém coisas normais, que ca ligando conforto e emoção? unem o conforto e a beleza. FG: Sim. Uma obra bem estruturada, bem A principal característica é a sutileza; saber criativa, que leve a cara do cliente, que o usar e misturar os estilos sem interferir no faça sentir bem em um lugar que sempre conforto. sonhou, aproveitando aquele espaço projetado como sempre quis, uma obra que UZZO: O que é preciso fazer para que as atenda as exigências de toda família e tam- pessoas se “sintam bem”? FG: Projetando de acordo com seu gosto e bém das visitas e amigos. também apresentando propostas diferenciaUZZO: Um ambiente simples pode tocar das. emocionalmente o ser humano? FG: A simplicidade às vezes é a peça chave! UZZO: Com relação à preservação ambienO tamanho e a simplicidade da estru- tal e desenvolvimento sustentável, como tura ou da decoração não interferem na seus projetos seguem esses conceitos? emoção, no conforto e na usabilidade se FG: Por enquanto em partes, o custo para for bem projetado.

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UZZO:

um projeto sustentável ainda é altíssimo, e nem todos clientes estão interessados nessa proposta. Mas creio que num futuro próximo esses projetos serão prioritários e obrigatórios.

Está faltando ou sobrando emoção na Arquitetura atual ? FG: Estamos em uma boa fase. Existe um interesse grande pela sofisticação. As obras públicas estão atendendo a necessidade da população e facilitando o lazer, a acessibilidade, coisas que há pouco tempo não se viam. As obras atuais estão bem estruturadas e seguras. Porém, é necessário que a forma sempre ande junto com a função para que a emoção seja sempre a melhor possível. UZZO:


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Intervenção I

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NADADOR DA GRAMA Escultura na grama à margem do rio tamisa é encomendada pelo Reality Show “London Ink.”


Intervenção II

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CAMINHÃO DUPLO Big Rig Jig, escultura criativa desenhada por Mike Ross, é construída a partir de dois caminhões-tanque


Literatura & Emoção

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Mila Naves é atriz, escritora, graduada em Letras e Publicidade pela PUC de Goiás. Recém lançando seu livro: “Bodega Fantástica”, que, segundo a autora “será o best-seller mais underground dos últimos tempos”

ua 13, sinuosa, casa 21, a aventura, a Cidade de Pedras. Um pingo colorido de chuva e uma lágrima que escorreu da puberdade das nuvens que se desenhavam no céu. Naquela sextafeira de um inverno cheio de traços rigorosos que contornavam teus sentidos, até te levar às almofadas vermelhas, o tapete colorido e a uma xícara de café. Logo ali, aonde o gramofone em sua redoma de vidro gigante nunca parava de tocar o vinil dos sonhos... Holanda, Istambul, Brasil, México, Índia, Guatemala ou Estados Unidos. Não se importe com porta retrato que harmoniza o cantinho da tua sala de jantar, pois, em todos esses lugares mágicos as cortinas vermelhas escondiam um espetáculo por detrás de paredes de vidro. E isso, nem mesmo o John Lennon com toda a sua sensibilidade musical poderia explicar, se ali o Gato Preto miava para que o gramofone nunca parasse de tocar... Nebulosas, céu em trevas, tempestade e muitos guarda-chuvas coloridos passeando de um lado para outro pelas ladeiras de pedras por onde pequeninos riachos escorriam por entre todos aqueles paralelepípedos. E para longe um desses guarda-chuvas o vento levou e aos pulinhos rápidos uma bela garota encharcada pela chuva o recuperou... E de repente, seus olhos começaram a brilhar como estrelas de um céu de primavera, ao verem entre as cortinas vermelhas uma latinha prateada que fazia a tua sede descansar por breves segundos dentro de um barril colorido cheio de gelo. Ali, no tapete

colorido, envolto por almofadas vermelhas de veludo. E envolta estivesse frio, fresco, um dia de tempestade, a tua garganta arranhava como o vinil no gramofone a tocar algo sobre um submarino amarelo. Assim, aos poucos a latinha de cor prata se afundava lentamente por entre as inúmeras pedrinhas de gelo e pela sua embalagem escorria gotículas de água. Ah, as mesmas que contornavam a glote da garota encharcada anunciando-lhe a sede. Guarda chuva fechado, cachecol desenrolado, botas batidas ao chão para secar excessos d’água e um sorriso leve como se ela estivesse saído de um banho quente, se enfeitado com um vestido seco e de carro levado o guarda chuva pra passear. Isso, após abrir a geladeira naquela noite de tempestade e não ter encontrado nenhuma Coca-Cola Light para que com o seu Gato Preto, a garota pudesse ver nas estrelas do céu os sonhos a realizar... No dia chuvoso em que o tempo parou, a sede de desejar o amor se aflorou, o bem estar acordou e todas as cores saíram para passear sem se preocupar com as pedras do caminho. Ou isso, não valeria a pena buscar na vitrine mágica do Gato Preto, uma latinha prateada, muito gelada, com um líquido encantado que relaxa a alma para o encontro sinestésico com a emoção? Coca-Cola, as latinhas, as garrafinhas, a leveza do sabor light, o design, o produto, a imagem, a sinuosidade de suas gotículas escorrendo e a vitrine que em dias de chuva ou de sol colore todas as ladeiras e anuncia com o miado de um gato, qual a melhor sensação de como é bom viver a todo instante o lado Coca-Cola da vida!

Convidamos Mila Naves para escrever um conto referindo-se ao tema Design e Emoção, carinhosamente a autora de “Bodega Fantástica” aceitou e o resultado é exclusivo pra você


Literatura & Emoção

Com seus textos provocantes, Fabiana Reis também aceitou o convite da e, com todo o respeito, vai conquistar você. Bom gozo!

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MUSA OU ARTISTA seriam animadas: meu corpo assim, tão fêmea inclinado sobre as garras estiradas, o seu alinhado sobre o meu no desalinho dos nossos movimentos. O odor, o tato, a visão, a audição, tudo conjugado na dinâmica da nossa imaginação.

Inter-Lecto A racionalização e o acesso a ti não me afetam, não me “efeitam” O único caminho é me deixar atravessar pelos teus ditos Lendo, ouvindo, observando ou assistindo A tua expressão é a representação de cada fragmento que me compõe Mas que eu não sei falar, só sentir E sentindo eu sou Porque sentir é o único modo de transcender da existência para a vida Sim, ARTE Fora, eu te leio, ouço, observo ou assisto Mas quando me atravessas Sentindo-te, é a mim que descubro enquanto continente de cada fragmento meu

“Um insight é o orgasmo do pensamento, e a arte o deleite das emoções”

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Fabiana Reis é psicanalista, mestre em Psicologia Clínica pela ISMT/Portugal, tem a escrita como hobby e tende ao lado picante da literatura. “Psicanálise, erotismo e arte são as minhas paixões”

Sinto que há muito em mim para expressar, mas falta talento para fazê-lo. Eu queria ter um dom para poder te retratar. Fotografar o seu rosto, e se os meus olhos fossem as lentes, num pestanejar eu poderia te memorizar. Que bom seria ter a crença indígena de que as almas, podem ser capturadas em fotografias, pois a sua nunca mais vagaria por lugares distantes, pois todo o seu percurso já estaria destinado: as minhas artérias, transportando sangue para a minha vulva vermelha e quente, escorregadia entre as minhas coxas que cruzo e aperto para sentir vibrar, que ao clicar, assistiríamos a uma sucessão de flashes que e corpo. Se você fosse pintor, eu não queria ser a sua musa porque estas nunca podem ser tocadas. Quero apenas a inspiração para as suas fantasias. Pois não fui feita para posar, mas para ser desposada: colorida, brilhante, molhada e vibrante – é assim que me coloco como obra inacabada. Perfeita em suas imperfeições, inquietante. Você não resiste e vem ao meu encontro. Mas eu sou só a sua fantasia. Você quer me tocar, mas eu sou intangível. Quer me penetrar, mas a única coisa que pode ter, são os meus sussurros e gemidos ecoando em você. Os seus dedos desenham os meus lábios entre abertos enquanto os seus procuram a minha língua macia, mas é um vão. Se fôssemos escultores, nossas obras


expediente

tripulação moçôilos Rodolfo Capuzzo é goiano, pseudo jornalista pela PUC de Goiás, pseudo designer e pseudo ilustrador pela AESO Barros Melo em Olinda e sócio da agência Canal Direto Brasil

Guilherme Leite é paulista, publicitário, graduado pela UNIFEV/SP e sócio da agência publicitária Vicente Leite


tripulação moçôilas Fabiana Reis é carioca, psicanalista, mestre em Psicologia Clínica pela ISMT/Portugal e escritora quente nas horas vagas

Mila Naves é goiana, atriz, escritora, graduada em Letras e Publicidade pela PUC de Goiás. Recém lançando seu livro: “Bodega Fantástica”


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