Catálogo pelo avesso

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PELO VESSO E

valéria scornaienchi

Museu de Arte Contemporânea de Campinas 'José Pancetti'

9.11 à 31.12.18 terça à sábado | 10h - 18h quintas | 10h - 21h

15.03 à 27.04.19 segunda à sexta | 10h - 21h sábados | 10h - 16h [ recorte da exposição 'pelo avesso' ]

peloavessovs oipeloavesso@gmail.com

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG)

S423p

Scornaienchi, Valéria Menezes, 1970-. Pelo avesso / Valéria Menezes Scornaienchi; texto crítico Sylvia Helena Furegatti; organizadora Fabiana Pacola Ius. – Campinas (SP): MACC, 2018. 16p. :foto.color. ; 14,8 x 42 cm “Catálogo da mostra homônima realizada de 9 de novembro a 31 de dezembro de 2018 no Museu de Arte Contemporânea de Campinas” ISBN 978-85-93661-72-3 1. Exposição – Catálogos. 2. Scornaienchi, Valéria Menezes, 1970-. Exposições. I. Furegatti, Sylvia Helena, 1968-. II. Ius, Fabiana Pacola, 1968-. III. Título.

CDD 709.8 Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422


Ficha Técnica Projeto Expositivo 'pelo avesso' Projeto realizado com o apoio da Prefeitura Municipal de Campinas, Secretaria de Cultura, FICC - Fundo de Investimentos Culturais de Campinas - 2015/2016 - realização 2018. MACC | Museu de Arte Contemporânea de Campinas 8 de novembro à 31 de dezembro | 2018 Rua Benjamin Constant, 1633, Centro, Campinas, SP Centro Histórico Cultural Mackenzie 15 de março à 27 de abril | 2019 Rua Itambé, 143, Higienópolis, São Paulo, SP Concepção e realização | Valéria Scornaienchi Produção executiva | Marcela Pacola Identidade visual | Fabiana Pacola Ius Comunicação e assessoria de imprensa | Fabiana Pacola Ius Fotograa | Tácito Maquetes e marcenaria | Denilson Corsi Produção audiovisual | Kauê Garcia Assistentes | Tamires Ghazzaoui Torres e Thiago Scornaienchi Jorge Agradecimentos | Museu de Arte Contemporânea de Campinas MACC, Biblioteca Pública Municipal 'Professor Ernesto Manoel Zink', Centro Histórico Cultural Mackenzie, Sylvia Furegatti, Luciene Aranha, José Alexandre de Moraes Salles Côrtes, Daniel Gallo, Daniel Von, Carlos Marien, Marisa Martins Carvalho, Lícia Chaves, Vane Barini, Vani Caruso, Camilo Renato Costa e Zezinho Sena Borges.

PATROCÍNIO

FICC Fundo de Investimentos

Culturais de Campinas

Projeto realizado com o apoio da Prefeitura Municipal de Campinas, Secretaria de Cultura, FICC - Fundo de Investimentos Culturais de Campinas - 2015/2016 realização 2018


Symbology and dialogue in the work of Valéria Scornaienchi Crows, house, studio/model, sound collages and other pieces to come congure the set of work of art project "pelo avesso" (inside out) presented in this exhibition selected by the FICC (Foundation of cultural investment of Campinas) of the City Department of Culture of Campinas. In this particular case a brief description that introduces us to the exposition becomes fortuitous only as far as we perceive it as incomplete, as symptom of a project under way and under construction, seeking for interaction. The real, the symbolic and the imaginary are the triad that can guide us to the reading of the project, thus admitting the risks of articulation between art and unconsciousness, a risk that is taken by the artist in the process of creating such works. The thickness of each of the elds and characters involved and or estimated for the proposition, signals us that the task is worth it. Projected in (over) ight, the elements worked by Valéria in the origin of the project: the crows, the house, as well as the studio/model built with the possible ambivalence between place-fordialogue-with-different publics and object-work play multiple plastic and poetic roles densied by their modulation in space, either on the sheet of paper or in the exhibition space where they are installed, which are subtly under the axes of the exhibition platform where they establish different forms of gravitation. In this direction, the treatment applied here to the element of weight with which Valeria constructs the works (a priori) or multiplies them constituting_ what could be understood as kind of guest objects_ calls our attention by oscillating between the real and the imaginary inviting us to recover our memories of imagery that generally inhabit our cultural references. No coincidence, this project expands the presence of known cultural gures which are involved in narratives created by the artist in her projects. First Alice; then the series of animals, now the crows. In this current project, the crow is an animate protagonist of a nonlinear narrative that evidences its presence in diverse forms, beyond visuality. It is an opportunistic visitor who seems to support the weight of the house, while revealing and materializing it in the landscape. Sometimes it is real, others it is memory. The artist presents it in a multiple way: schematic as a shadow; extremely delineated as in a photographic image record. They are birds that take as many forms as the looping employed in part of the exposed pieces (video and installation). Hence they either condense into image or sound, or they are symbology. The structure of the house and the studio/model occupy the leading role of inanimate things that also build the narrative imagined by the artist. As shelters, they indicate different temporalities; they are in the present time serving as real elements, but in so many different ways: the house consolidates the intersection between the symbolic and the imaginary of visitations to other lands and ancestors and does not presuppose its use. The studio/model articulates inviting participation that can guarantee the maintenance of the work process, under construction, even during the exhibition period, thus reiterating its transitivity. Along the process, the dialogue of the “inside out” project is established by to the other listening as a clear sign of submission of the real by the imaginary, as Freud would indicate in his studies of the need for distance psychoanalysis from associationalist theories. Far from mimesis, the elements represented by the artistic, as Valeria performs, examine the force of remembrance as much as they evoke the cultural symbolic capital shared by many. The concrete or imaginary gravitational aspect of these elements, worked by the artist, is elaborated in a fragmented and sophisticated manner as in a never ending story into which we plunge for endless hours in order to somehow participate in its outcome. As in a story to be invented, the participative activity in the workshop created by her inside the exhibition, invites in real time for its extended continuity in the space. In proposing the opening of the reconstructed studio in the form of a model that receives the active visit of the others, the artist indicates at least two premises about herself: the rst demonstrates her rhythm of work, her commitment and allegiance; the second one, points out her desire of participating, listening and sharing availability to other nuclei, systems and circuits as the such offered by contemporary art.

Sylvia Furegatti | October, 2018


Simbologia e diálogo no trabalho de Valéria Scornaienchi

C

Corvos, uma casa, o ateliê-maquete, colagens sonoras e outras peças por vir conguram o conjunto de trabalhos do projeto artístico “pelo avesso” que Valéria Scornaienchi nos apresenta nesta mostra selecionada pelo Fundo de Investimentos à Cultura (FICC) da Secretaria Municipal de Cultura de Campinas. Neste caso em particular, a breve descrição que nos introduz a exposição torna-se fortuita apenas na medida em que a percebemos como incompleta, como sintoma de projeto em curso e em construção, à busca de interação.

O real, o simbólico e o imaginário constituem aqui a tríade que bem pode nos orientar para a leitura do projeto, admitindo-se para tanto, o risco das articulações entre arte e inconsciente, risco este tal qual o empenhado pela artista em seu processo de criação desses trabalhos. A espessura de cada um desses campos e personagens envolvidos e ou estimados para a proposta, por si, nos sinaliza que a tarefa vale a pena.

Projetados em (sobre)voo, os elementos trabalhados por Valéria na origem do projeto: os corvos, a casa, bem como o próprio ateliêmaquete construído com a ambivalência possível entre lugar-paradiálogo-com-outros-públicos e objeto-obra desempenham múltiplos papéis plásticos e poéticos adensados por sua modulação no espaço, seja ele dentro da própria folha de papel, seja no lugar expositivo em que são instalados, deitados que estão, sutilmente, sob os eixos da plataforma expositiva onde estabelecem distintas formas de gravitação. Nesta direção, o tratamento aqui aplicado para o elemento do peso com o qual Valéria constrói os trabalhos (à priori) ou os multiplica_ constituindo o que poderia ser entendido como espécie de objetos visitantes_ nos chama a atenção por oscilarem entre o real e o imaginário convidando-nos a recobrar nossas memórias sobre guras imagéticas que de maneira geral habitam nossos referenciais culturais. Não por acaso, este projeto da artista expande a presença de guras culturais conhecidas que são envolvidas em narrativas criadas por ela, em seus projetos artísticos, de modo subjetivado. Antes, a Alice; a série de bichos, agora os corvos. Neste projeto atual, o corvo é protagonista animado de uma narrativa nada linear que evidencia sua presença de diversas formas, para além da visualidade. É visitante oportunista que parece sustentar o peso da casa, ao mesmo tempo em que a revela e concretiza na paisagem. Ora é real, ora é lembrança. A artista o apresenta de modo múltiplo: esquemático como uma sombra; extremamente delineado como numa imagem de registro fotográco. São pássaros que assumem tantas formas quanto o próprio looping empregado em parte das peças expostas (vídeo e instalação). Assim, ora eles se condensam em imagem ou som, ora são simbologia. Por sua vez, a estrutura da casa e o ateliê-maquete ocupam o protagonismo das coisas inanimadas que igualmente constroem a narrativa imaginada pela artista. Como abrigos, indicam temporalidades distintas; estão, no tempo presente, a servir como elementos reais, mas o fazem de modos também diferentes: a casa consolida o cruzamento entre o simbólico e o imaginário de visitas a outras terras e antepassados e não pressupõe o seu uso. O ateliêmaquete articula e assim convida à participação que pode garantir a manutenção do processo do trabalho, em construção, mesmo durante o período expositivo, reiterando assim, sua transitividade. Em processo é que se instaura o diálogo do projeto “às avessas” pela escuta do outro como sinal claro de submissão do real pelo imaginário, tal qual nos indicaria Freud em seus estudos sobre a necessidade de distanciamento da psicanálise em relação às teorias associacionistas. Muito distante da mimese, os elementos representados pelo artístico, como executa Valéria, perscrutam o vigor da lembrança, tanto quanto evocam o capital cultural simbólico partilhado por muitos. O dado gravitacional desses elementos concretos ou imaginários burilados por ela é elaborado de modo sosticado e fragmentado, tal qual nos demanda a estória delongada à qual nos entregamos por bom tempo a m de participar, de algum modo, de seu desfecho. Como numa estória a ser inventada, a atividade participativa desse espaço de trabalho criado dentro da exposição convida, no tempo real, à sua continuidade estendida no espaço, nos arranjos possíveis para as peças que dela fazem parte. Ao propor a abertura do ateliê reconstruído sob a forma de uma maquete que recebe a visita ativa dos outros, a artista indica pelo menos duas premissas sobre si: a primeira demonstra seu ritmo de trabalho, seu empenho e entrega; já a segunda, nos aponta para seu desejo de participação, disponibilidade de escuta e compartilhamento para outros núcleos, sistemas e circuitos como os que a contemporaneidade artística pode nos ofertar.

Sylvia Furegatti | Outubro, 2018


entre. fotograas digitais feitas com celular a partir de experimentações e impressas em neart. manipulação de papéis e o gesto congelado na ação delicada de suspender. suspender a folha, o momento,

SUSPENDER O TEMPO dentro e fora vistos de um só lugar.

eu e ele. colagens digitais impressas em neart. um corvo, muitos corvos, uma casa, o que está dentro, o que está fora, e algumas das suas correlações.

poesia. livro de artista.

pelo avesso. uma casa de madeira, um tapete de corvos de borracha e um vídeo. a discussão desse trabalho está no desenho, na metáfora, na relação com o espaço, em todas as possibilidades de pensar o que se parece certo e O QU

PRO -CES -SO

E PARECE ESTAR DO AVESSO

no mundo contemporâneo. lugar de contemplação, de reexão e de incertezas.

maquete/ateliê. diálogo, processo, exposição em movimento. trazer o ateliê para dentro do museu alarga as fronteiras dos dois lados. pensar o trabalho no lugar de exposição através da relação do processo de ateliê e dos trabalhos expostos. estender o limite da exposição para dentro do processo de criação, diálogos e trocas. reexão expandida. experimentação. a maquete tem a mesma conguração do ateliê e traz assim uma intimidade ao processo.

MUSEU

= LUGA

R DE EX

pelo avesso, a obra sonora que ocupa a entrada do macc tem a intenção de criar uma relação entre DENTRO E FORA .

PERIME NTAÇÃO

DO MUSEU

a estrutura da peça sonora foi pensada de maneira que há momentos em que o som se confunde com o som da própria rua, com alguns passarinhos ao redor e, de repente ca ensurdecedor, como se houvesse um ataque de corvos. atravessamentos sonoros para o cotidiano.

UMA RELAÇÃO ENTRE

ESPECTADOR E OBRA

, DE MANEIRA A

o museu como espaço livre para caminhar e perceber a que lugar pertencem as coisas. espaço de diálogos.

ES ÃO LIVR S S O X OS FLU e as membranas semipermeáveis permitem a passagem das trocas reexivas, das palavras que fazem pensar e sentir. diálogos profundos. um mergulho para dentro a partir do que está fora.


a revoada. esse trabalho foi concebido a partir do pensamento de ligar arte e literatura, incluindo também a ligação física entre o macc e a biblioteca que ocupam o mesmo prédio. a relação entre a arte e a literatura é relevante e está alinhada pela dinâmica que existe entre a palavra e a imagem. de que maneira a palavra vira imagem? e a imagem vira palavra? que tipo de relação pode ser criada entre a arte e a literatura? como a imagem transcende o pensamento? e como o pensamento vira imagem ou palavra? esse lugar de pensar a imagem, a palavra e o espaço instiga a criar relações lineares e não lineares que ajudam a conceber trabalhos que dialogam com a imagem, com a palavra e com o espaço. no caso dessa intervenção, uma imagem se repete e cria um voo coletivo, uma unidade, um organismo. como se quisesse dizer algo muitas vezes, ou talvez pensar até encontrar a palavra certa. Frames do vídeo 'nunca mais'

PE PERM RMITI ITIR R UM UM TE TEM MP PO O DE DE CO CONT NTEM EMPL PLAÇ AÇÃO ÃO EE UM UM TE TEM MP O DE DE RE REFL FLEX PO EXÃO ÃO

sobrevoo. o desenho e o objeto. três corvos e uma pilha de elementos metálicos, pequenos objetos (cavacos) residuais do processo de um torno. trazer para o museu o que faz parte de outro circuito, do que é

SOBRA, RESTO, VESTÍGIO do trabalho do outro. esse tipo de relação que a arte contemporânea propõe transforma o outro que está em outro lugar. reverbera para fora das instituições e ateliês de artistas. os vestígios são arte?


nunca mais, 2018 tela de lcd, vídeo vídeo 3'

sobrevoo, 2018 tinta acrílica, caneta posca, alumínio 300 x 1220 x 180 cm


pelo avesso, 2018 madeira, prego, lençol de borracha 300 x 300 x 300 cm

revoada, 2018 adesivo vinílico 700 x 500 x 400 cm [instalação na fachada do prédio que comporta a biblioteca pública municipal 'professor ernesto manoel zink' e o macc]

pelo avesso, 2018 som, caixas de som e amplicador 10'


EX -PO SI -ÇÃO


eu e ele, 2018 impressão neart, papel algodão, madeira 141 x 104 cm ateliê/maquete, 2018 madeira, prego, papel 220 x 322 x 220 cm

entre, 2018 impressão neart, madeira 19 x 46 cm cada







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